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ENEM – FILOSOFIA HISTÓRIA DA FILOSOFIA – Sócrates II Sócrates recebeu a notícia de que para o Oráculo de Delfos não havia outro homem mais sábio que ele. Seguindo a tradição de que um enigma do Oráculo deveria ser decifrado, ele então, sabendo de que nada sabia para ser considerado o homem mais sábio, tratou de sair pelas ruas de Atenas para talvez comprovar que nada sabia conversando com as pessoas. E o que Sócrates demonstrou foi algo surpreendente: as pessoas que diziam saber de algo, na realidade, não sabiam do que falavam e ele, ao menos tinha algo em mãos, pois sabia que nada sabia. Sócrates foi o primeiro e o último filósofo das ruas. Saberemos em breve o motivo. Cito a professora Marilena Chauí: “Diferentemente dos sofistas, Sócrates não se apresenta como professor. Pergunta, não responde, indaga, não ensina. Não faz preleções, mas introduz o diálogo como forma da busca pela verdade. […] mantém a separação entre opinião e verdade, entre aparência e realidade, entre percepção sensorial e pensamento”. Nada poderia ser mais distinto da tarefa dos sofistas, a quem a moral e a diversidade de opiniões não eram um problema. Esse modo de filosofar tem o nome de elenkhós (ou elenchus e suas variações) e consistia em convidar um ou mais interlocutores para investigar em uma conversação as definições, por exemplo, da justiça, da coragem, da beleza e de tudo o que fosse comum no falar das pessoas. Para a professora, “o diálogo como método para separar, distinguir e escolher os elementos que constituem a definição verdadeira de uma coisa (sua essência ou ideia); partindo de opiniões contrárias, a dialética vai separando opinião (doxa) e conhecimento ou ciência (epistéme) para permitir a intuição intelectual de uma ideia ou a definição de uma essência”. Essa dialética levava o interlocutor, ou não, a perceber a sua ignorância no assunto e assim purificar a sua alma e caminhar para a virtude. Sócrates então se considerava, semelhante à sua mãe, um parteiro, mas de almas (uma arte chamada de maiêutica). Porém, ele poderia saber se essa alma será de quimeras ou de frutos verdadeiros. Temos portanto completamente unidos a virtude do conhecimento e da evolução da alma como um aperfeiçoamento moral. Disse ele que “uma alma não examinada não vale a pena ser vivida”, o nos leva ao coroamento de sua Filosofia: o Conhece-te a ti mesmo que significa que antes de qualquer pretensão de excelência, a pessoa, o cidadão naquele momento, deve desenvolver a virtude de sua alma na busca pelo conhecimento com senso crítico e prudência sem colocar qualquer outro interesse na frente. Por não ter sido entendido, foi condenado a beber veneno na sua própria cidade.
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