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Teoria da Personalidade para Carl Jung e a Psicologia Analítica

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Teorias da Personalidade
Carl Jung e a Psicologia Analítica
1. A História pessoa de Carl Jung e seus antecedentes intelectuais
Carl Gustav Jung, nasceu em Kesswyl e cresceu em Brasília, na Suiça. Formou-se em medicina na Universidade da Basiléia, voltando os seus estudos a área da Psiquiatria. Durante anos dedicou-se a analisar os processos vastos e profundos da personalidade humana. Embora a sua teoria da personalidade seja identificada como psicanalítica devido à ênfase aos processos inconscientes, ele se difere notavelmente da teoria de Freud. A sua insistência no papel do destino ou do propósito no desenvolvimento humano separa Jung de Freud. 
Ele sondou a história humana para descobrir o máximo possível das origens e das evoluções raciais da personalidade. Dentre as áreas exploradas por Jung estão: a mitologia, a religião, os símbolos e rituais, os costumes e crenças, assim como os sonhos, visões, sintomas dos neuróticos e os delírios psicóticos. 
2. A Estrutura da Personalidade
	A personalidade total, ou a psique, conforme chamada por Jung, consiste em vários sistemas diferenciados, mas interatuantes. A característica principal do sistema psíquico é o dinamismo, uma vez que todos estes subsistemas interagem o tempo todo. Os principais são o ego, o inconsciente pessoal, e seus complexos, o inconsciente coletivo e seus arquétipos. Além desses sistemas interdependentes existem as atitudes e as funções, além do self que é o centro de toda a personalidade.
2.1. O Ego
	Jung tem o ego como centro da consciência e não da personalidade como defendia Freud.
	O ego é a mente consciente, a parte da psique onde nossa consciência reside, o nosso sentido de identidade e existência. Ele é constituído por percepções, memórias, pensamentos e sentimentos conscientes. É a parte que liga os mundos internos e externos, formando como nos relacionamos com aquilo que é externo a nós.
A origem do ego reside no arquétipo self, onde se forma ao longo do desenvolvimento precoce com o cérebro tentando adicionar sentido e valor à suas várias experiências. O ego é apenas uma pequena porção do self, no entanto, Jung acreditava que a consciência é seletiva, e o ego é a parte do self que seleciona as informações mais relevantes do ambiente e escolhe que direção tomar com base nelas, enquanto o resto da informação afunda no inconsciente. Pode, portanto, aparecer mais tarde na forma de sonhos ou visões, entrando assim para a mente consciente.
2.2. O Inconsciente Pessoal
	O inconsciente pessoal é uma região adjacente ao ego. Ele consiste em experiências que outrora foram conscientes, mas que agora estão reprimidas, suprimidas e ignoradas, e em experiências que foram fracas demais para deixar uma impressão consciente na pessoa.
O inconsciente pessoal surge da interação entre o inconsciente coletivo e crescimento pessoal de cada um, e foi definido por Jung como se segue:
“Tudo o que eu sei, mas no qual eu não estou pensando no momento; tudo de que eu era uma vez consciente, mas agora tenho esquecido; tudo percebido pelos meus sentidos, mas que não foi observado por minha mente consciente; tudo o que, involuntariamente e sem prestar atenção, sinto, acho, lembro, quero, e faço; todas as futuras coisas que estão tomando forma em mim e vão em algum momento chegar à consciência; tudo isso é o conteúdo do inconsciente … Além destes, devemos incluir todas as repressões mais ou menos intencionais de pensamentos e sentimentos dolorosos. Eu chamo a soma destes conteúdos do ‘inconsciente pessoal’”
2.2.1. Os Complexos
Um complexo é um grupo organizado ou uma constelação de sentimentos, pensamentos, percepções e memórias que existem no inconsciente pessoal. Ele tem um núcleo que age como uma espécie de magneto que atrai ou “constela” várias experiências. Complexos muitas vezes se comportam de uma forma bastante automática, o que pode levar uma pessoa a sentir que o comportamento que surge a partir dela está fora de seu controle. 
Complexos são fortemente influenciados pelo inconsciente coletivo, e como tal, tendem a ter elementos arquetípicos. Em um indivíduo saudável, complexos raramente são um problema. Se a pessoa é mentalmente doente, no entanto, e incapaz de se regular, os complexos podem tornar-se evidentes e mais um problema. Nestes casos, o ego está danificado e, portanto, não é forte o suficiente para fazer uso dos complexos através de reflexão, concedendo-lhes uma vida plena e indisciplinada de sua própria.
2.4. O Inconsciente Coletivo
O inconsciente coletivo é a camada mais profunda da psique e constitui-se dos materiais que foram herdados da humanidade. Herdados do nosso passado ancestral, um passado que inclui não apenas a história racial dos seres humanos como uma espécie separada, mas também seus ancestrais pré-humanos, ou animais. O inconsciente coletivo é o resíduo psíquico do desenvolvimento evolutivo humano, um resíduo que se acumula em consequência de repetidas experiências ao longo de muitas gerações. Ele é quase totalmente separado de tudo o que é pessoal na vida do indivíduo e aparentemente é universal. Todos os seres humanos têm mais ou menos o mesmo inconsciente coletivo. Herdamos pré-disposições que nos fazem reagir ao mundo de uma maneira seletiva. Elas são projetadas no mundo. Exemplo: uma vez que os seres humanos sempre tiveram mães, todo bebê nasce predisposto a perceber e a reagir a uma mãe. O conhecimento da mãe, individualmente adquirido. É a realização de uma potencialidade herdada que foi inserida no cérebro humano pelas experiências passadas da raça.
2.5. Os Arquétipos
 Carl Gustav Jung, aprofundou suas pesquisas até chegar à conclusão de que os fenômenos que ocorreram com nossos antepassados, a um nível coletivo e em diferentes culturas e sociedades, moldam a nossa maneira de ser. Ele fez isso através de um conceito chamado “arquétipo”, que segundo o pensamento Junguiano seria:
 
“Elementos formadores de estrutura dentro do inconsciente. Esses elementos dão origem as imagens arquetípicas que denominam tanto a vida de fantasias individual quanto as mitologias de uma cultura inteira. Os arquétipos apresentam uma espécie de prontidão para reproduzir repetidas vezes as mesmas, ou semelhantes, ideias míticas” (1917, p. 69)
 A partir desta teoria, entende-se “inconsciente” como uma composição de aspectos individuais e coletivos. Esta parte secreta da nossa mente é, por assim dizer, um componente herdado culturalmente, uma matriz mental que dá forma à nossa maneira de perceber e interpretar os acontecimentos e as experiências. Por conseguinte, segundo Jung são formas dadas a algumas experiências e memórias de nossos antepassados. Isso significa que nós não nos desenvolvemos de forma isolada do resto da sociedade, sem que o contexto cultural e histórico nos influencie intimamente, transmitindo padrões de pensamento e de experimentação da realidade.
 No entanto, se nos concentrarmos na perspectiva individual, os arquétipos passam a ser padrões emocionais e comportamentais que moldam nossa maneira de processar sensações, imagens e percepções como um todo, passando a ser um “sentido”.  Os arquétipos se acumulam no fundo do nosso inconsciente coletivo formando um molde que, de alguma maneira, dá sentido ao que acontece conosco. 
 Os símbolos e mitos que parecem estar em todas as culturas conhecidas são sinais de que todas as sociedades humanas pensam e agem a partir de uma base cognitiva e emocional que independe das experiências individuais de cada pessoa nem de suas diferenças, mas vêm com elas desde o nascimento. Assim, a própria existência dos arquétipos seria uma evidência de que existe um inconsciente coletivo que atua sobre os indivíduos, enquanto parte do inconsciente, que é pessoal.
2.5.1. A Persona
     Persona originalmente significa máscara usada por um ator que lhe permite compor um personagem numa peça. O arquétipo da Persona permite à pessoa a possibilidade de compor um personagem. Refere-se ao que é esperado socialmente da pessoa e como ela acredita que deva parecer. Alémde um acordo entre a pessoa e a sociedade, indica como ela deseja ser vista. É importante na relação social, pois é por meio dele que convivemos com as outras pessoas. Tudo o que fazemos voltado para o exterior diz respeito ao arquétipo da Persona. Nossa postura, a forma de nos vestirmos, as nossas marcas registradas. É a maneira como absorvemos a regra social e como lidamos com ela. É a grande preocupação de querer mais “parecer” do que “ser”. A necessidade de segurança, de afeto, de reconhecimento, são as razões que nos fazem agir assim. Selecionamos traços e trejeitos que nos pareçam melhores, mais adequados e mais aceitos no grupo social com o qual vivemos ou queremos viver. Com isso, parte de nossa verdadeira personalidade fica posta de lado, quando o nosso Ego passa a se identificar unicamente com o arquétipo da Persona que queremos viver, deixando de lado os demais aspectos da verdadeira personalidade. O indivíduo torna-se alheio à sua real natureza, passando a viver tensamente uma situação de conflito entre a sua Persona muitas vezes mais desenvolvida que a sua natureza interior propriamente dita, e as partes subdesenvolvidas de sua verdadeira personalidade. Essas partes rejeitadas irão compor outro Arquétipo no indivíduo chamado Sombra.
2.5.2. A Anima e o Animus
     O arquétipo da Anima constitui o lado feminino da psique masculina, que agrega as experiências que o homem teve relacionando-se com a mulher ao longo de sua vida atual. Como se trata de uma imagem inconsciente, inicialmente ela é projetada em sua mãe, depois na irmã, na professora, em uma modelo, atriz, cantora, e finalmente na namorada e esposa. A Anima pode se manifestar de forma negativa como na alteração de humor, vaidade exagerada, explosões emocionais, caprichos, ou de forma positiva por meio da sensibilidade, ternura, paciência, capacidade de amar, intuições, criatividade. O arquétipo do Animus constitui o lado masculino da psique feminina. Representa toda a experiência da mulher com o homem na sua vida atual. Esse Arquétipo modela o homem que a mulher quer encontrar. Como também se trata de uma imagem inconsciente, inicialmente é projetada no pai, no irmão, em outros homens (até em Deus), chegando no namorado e esposo. A sua forma negativa de se manifestar pode ser através da retórica, intelectualidade, rigidez, autoritarismo, e positiva na criatividade, autoconfiança, determinação e força intelectual.
2.5.3. A Sombra
    A Sombra é o Arquétipo que maior influência exerce sobre o Ego. Ela se desenvolve em oposição ao arquétipo da Persona. Normalmente escondemos e afastamos de nossa Consciência e também das outras pessoas, tudo o que consideramos negativos em nós. Sentimentos e ideias cruéis, ânsia de poder, impulsos violentos, ações moralmente reprováveis, tudo aquilo que a sociedade ou meio em que vivemos considera negativo ou inadequado, além de nossas fraquezas, vícios, medos, erros, etc. A Sombra é tudo aquilo que precisa ser melhorado em nós, quando buscamos o desejo de nos tornarmos mais conscientes, mais lúcidos, incorporando o que há de melhor e de pior em nós. Não desaparece à nossa súplica e nem se dilui com a nossa vontade de fazer o bem. Ela penetra em nossa vida quanto mais estejamos alheios à sua existência.  A Sombra é também tudo o que se encontra no nosso Inconsciente. Sempre que reprimimos conteúdos inconscientes, esses reagem de maneira destrutiva através das emoções negativas. Segundo alertava Jung, ninguém pode, impunemente, desembaraçar-se de si mesmo em troca de uma personalidade artificial. Ao invés de reconhecermos nossas mazelas e deficiências, tentamos preservar a nossa imagem através da Persona. O resultado disso nós já conhecemos, como sendo transtornos e doenças. Enquanto o indivíduo não descobre a realidade de si mesmo (o seu Inconsciente), permanecerá na condição de vítima de transtornos de todo tipo, decorrentes do vazio existencial, da falta de sentido psicológico, por identificar apenas parte da sua realidade.
2.5.4. O Self
     Principal Arquétipo do Inconsciente Coletivo, o Self é o arquétipo da ordem, da organização e da unificação. Principal organizador da Personalidade é um fator de orientação íntima, dependendo da capacidade do Ego de ouvir suas mensagens. Quando o nosso Ego o ouve, tornamo-nos seres humanos mais completos. Qualquer talento que tenhamos que não seja consciente, não se desenvolverá e será tratado pelo Ego como se não existisse. Ele só poderá ser real, se o nosso Ego o reconhecê-lo.
     Necessário se faz realizar e vivenciar nossos talentos, tornando-os cada vez mais conscientes e vivos, passaremos a viver em harmonia com a nossa própria natureza, possibilitando assim a expansão constante da nossa Consciência. Quando fazemos um autoexame honesto conosco mesmo, e nos propomos a melhorar uma realidade interna destoante, o nosso Ego encontra a força interior necessária que possibilita a realização da nossa renovação interior, de modo que o eixo Ego-Self se fortalece e se une, de modo que o Ego passa a assumir a administração da intermediação das realidades externa e interna, trabalhando para torna-las única e lúcida na nossa Consciência.
     É na nossa escuridão íntima (Inconsciente) que encontraremos o que nos está faltando para sermos um ser de Consciência Plena, plenamente conectada com o nosso Self (Espírito) e com o objetivo da nossa vida.
3. Tipologia da Personalidade
3.1. As Atitudes
Para Jung “a pessoa vive por metas, assim como por causas”. Tanto o passado como realidade quanto o futuro como potencialidade orientam o nosso comportamento presente. Os seres humanos nascem com muitas predisposições legadas de seus ancestrais, as quais orientam sua conduta e determinam em parte aquilo que se torna consciente, isso é denominado por Jung como origens raciais da personalidade. 
A personalidade do indivíduo resulta de forças internas agindo sobre e influenciada por forças externas. A caracterização de Jung das atitudes e das funções permitiu-lhe explicar a orientação e os processos caraterísticos do ego. Ele descobriu que as pessoas podem ser predominantemente orientadas ao interior ou predominantemente orientadas ao exterior. 
Essas duas atitudes opostas estão ambos presentes na personalidade, mas habitualmente uma delas é dominante e consciente, enquanto a outra é subordinada e inconsciente. Não há exclusividade entre ambas atitudes e nem podem manter uma atitude tanto introvertida quanto extrovertida ao mesmo tempo. O ideal é ser flexível e adotar a atitude que se mais apropria em uma dada situação. Nenhuma atitude é melhor que a outra, ambas possuem importância e riscos perante o seu uso explorativo. 
3.1.1. Introversão
A pessoa introvertida se sente mais confortável com o mundo interior de pensamentos e sentimentos. Ela vê o mundo em termos de como este o afeta. Um dos perigos para pessoas introvertidas é que, à medida que ficam dentro do seu mundo, perdem o contato com o mundo a sua volta.
3.1.2. Extroversão
O extrovertido se sente mais à vontade com o mundo dos objetos e das outras pessoas. Ele está mais interessado em seu impacto sobre o mundo, tendem a ser mais sociáveis e mais conscientes do que está acontecendo a sua volta. Há uma necessidade prevenir-se de se tornar dominados pelos eventos externos e alienados de seu mundo interior. 
3.2. As Funções
Jung percebeu que a psique além de possuir duas disposições psíquicas (extroversão e introversão) também possui quatro funções psíquicas: sensação e intuição (funções de percepção ou irracionais) e pensamento e sentimento (funções de julgamento ou racionais) que também são mecanismos de adaptação do indivíduo à sua realidade subjetiva e objetiva. Originalmente Jung classificou as funções em racionais e irracionais. Cada função pode ser experienciada de uma maneira introvertida quanto extrovertida.
As quatro funções mentais são recursos por meio das quais a consciência processa as informações e interage com o mundo. O pensamento e o sentimento são chamados de funções racionais, porqueutilizam o processamento de informações e o julgamento. A sensação e a intuição são denominadas funções irracionais porque se baseiam na percepção do concreto, do particular.
3.2.1. Sensação e Intuição
Definem as duas maneiras possíveis de receber informações sobre algo interno ou externo ao sujeito: sensação e intuição. 
Sensação: é uma função baseada nas percepções sensoriais, constatando a presença sensorial das coisas que nos cercam no contexto do “aqui e agora”.
Intuição: essa função vai além da sensação, buscando os significados, relações e possibilidades futuras das informações recebidas. É a percepção por meio de processos inconscientes e de conteúdos subliminares. A intuição busca os significados, as relações e as possibilidades futuras da informação recebida. Os fatos são apreendidos no seu conjunto e a apreensão do ambiente geralmente acontece por meio de “pressentimentos”, “palpites” ou “inspiração”.
3.2.2. Sentimento e Pensamento
Definem as duas maneiras possíveis de se avaliar as informações recebidas e de tomar decisões: pensamento e sentimento. 
Pensamento: consiste em associar ideias umas às outras para chegar a um conceito geral ou solução de um problema. É uma função intelectual que procura compreender as coisas. Essa função discrimina, julga e classifica os fenômenos a partir da lógica da razão, buscando avaliar objetivamente os “prós” e “contras” da natureza desses fenômenos. 
Sentimento: essa função faz a avaliação dos fenômenos a partir de uma dimensão valorativa - eles são agradáveis ou não. Tal como o pensamento, julga, porém, não pela lógica da razão, mas pela lógica de valores pessoais - que, por sua vez, recebe influências dos valores sociais. O conceito de sentimento não deve ser confundido com os conceitos de emoção e afeto.
 Os sentimentos estão associados a uma dimensão valorativa de julgamento, já a emoção é um afeto de grande intensidade de energia chegando a alterar funções orgânicas, tais como batimento cardíaco e ritmo respiratório alterado por afetos de amor, ódio, ciúme, entre outros.
As funções psíquicas formam dois pares de funções opostas, entretanto, complementares:
• o pensamento é oposto, porém, complementar ao sentimento.
 • a sensação é oposta, porém, complementar à intuição.
Assim como todas as pessoas possuem as duas disposições psíquicas - extroversão e introversão, uma predominando sobre a outra - também possuem as quatro funções psíquicas, contudo, em graus diferentes de potencialidades.
4. O processo de Individuação
A individuação é um tema central no pensamento Junguiano. 
Individuação significa tornar-se um ser único, na medida em que por “individualidade” entenderemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si mesmo. Podemos, pois, traduzir “individuação” como “tornar-se si mesmo” (Verselbstung) ou “o realizar-se do si mesmo” (Selbstwerwirklichung) – (Jung, 1978, p.49).
Individuação é o processo de formação e particularização do ser, onde o indivíduo se torna distinto do conjunto: um processo de diferenciação para um desenvolvimento da personalidade individual. Tida como uma necessidade natural, que não deve ser impedida, pois traria prejuízos, como uma deformação artificial, é algo intato do ser humano. Ele nasce destinado ao processo de individuação, seja no aspecto físico e fisiológico no primeiro momento, e no aspecto psicológico posteriormente.
Como se desenvolve a Individuação
Antes da individuação ocorre a alienação. As várias possibilidades de desenvolvimento do indivíduo podem ser denominadas “alienações do si-mesmo” (JUNG, 1978). Essas alienações são “modos de despojar o si-mesmo de sua realidade, em benefício de um papel exterior ou de um significado imaginário”, que “em ambos os casos, verifica-se uma preponderância do coletivo” (JUNG, 1978, P.49). No entanto a individuação é um movimento para a realização, ou melhor, para a autor realização.
A individuação possui algumas fases, sendo que a primeira é a retirada da máscara, ou do que Jung denomina Persona. Ao superar o papel social que constitui a persona, que cumpre a função de um sistema de defesa, o indivíduo se defronta com o lado obscuro da psique humana: a sombra. Ela faz parte da personalidade total do indivíduo e é aquilo que não aceitamos em nós, o que consideramos repugnante, o que reprimimos e projetamos sobre os outros. O reconhecimento da própria sombra, a dissolução de complexos, liquidação de projeções, assimilação de aspectos parciais do psiquismo, a descida ao fundo dos abismos, em suma, o confronto entre consciente e inconsciente, produz um alargamento do mundo interior.
O processo de individuação é um processo conflituoso e por isso não é linear. O indivíduo para se tornar específico e inteiro, precisa passar pelo confronto entre inconsciente e consciência, através do conflito e da colaboração, que gera o amadurecimento através dos diversos componentes da personalidade (SILVEIRA, 1983). Ele significa a tendência instintiva no sentido de realizar sob forma plena as potencialidades humanas inatas. 
Finalidade da Individuação
A consequência da individuação é a totalização do ser, sua esferificação (abrundung). O indivíduo não estará mais fragmentado interiormente. O homem torna-se ele mesmo, um ser completo, composto de consciente e inconsciente incluindo aspectos claros e escuros, masculinos e femininos, ordenado segundo o plano de base que lhe for peculiar (SILVEIRA, 1983, P. 99-100).
É nesse momento que se conclui o processo de individuação. Caso não ocorra, o estágio anterior fixado pode gerar neuroses e outros processos limitativos do desenvolvimento da personalidade. O encontro com o self, o núcleo da personalidade, possibilita a integração da totalidade da personalidade.
Há no humano uma potencialidade inata para a completude, para se tornar um ser total. O caminho para se buscar essa totalidade é a ampliação da consciência e a união dos opostos: consciente e inconsciente, não necessariamente união, mas uma harmonia, um alinhamento.
É um processo de diferenciação, tornar-se específico, singular, e o processo de desenvolvimento psicológico passa pelo desenvolvimento de sua personalidade individual.
“Trazemos em nós uma semente do que podemos ser” – Walter Boechat. A individuação é o processo de realização do todo de si-mesmo, é a constante atualização de si-mesmo, e é resultado de intensos e profundos processos internos, dados por momentos de sincronicidade de eventos psíquicos internos que coincidem com eventos externos, marcando passagens importantes.
	
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS:
FADIMAN, James; Frager, ROBERT. Teorias da Personalidade. São Paulo: Habra, 1986.
HALL, C.S.; LINDSEY, G.; CAMPBELL, J.B. Teorias da personalidade. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008.
DEPARTAMENTO de Psicologia da Universidade de Houston. Entrevista – Carl Gustav Jung em agosto de 1957. 2015. Disponível em: <htps://www.youtube.com/watch?v=c6VpU5FfqT0&t=260s>. Acesso em 24 de mar. 2019. 
ROCHA. C. A. da. Processo de individuação de Jung- A projeção como barreiras ao altodesenvolvimento. 2017. 46 f. Trabalho de conclusão de curso – Faculdade de Educação e Meio Ambiente. Ariquemes, 2017.
VIANA, Nildo. Jung e a individuação. Fragmentos da Cultura. v.27, n. 4, p. 486-494, out./dez. 2017.
MOTTA, Paulo Rogério da. “Dicionário Junguiano”. 2019. Disponível em: https://paulorogeriodamotta.com.br/dicionario-junguiano/ Acesso em 24/03/2019.
 
Teorias da Personalidade
Carl Jung e a Psicologia Analítica
Dicionário Junguiano:
Anima: É uma presença feminina inconsciente presente em todo ser humano do sexo masculino.
Animus: Este vocábulo significa razão ou espírito. Ponte para as relações com os homens e com o inconsciente.
Arquétipos: São protótipos do conteúdo psíquico, padrões de comportamento que se expressam como tendências.
Atitudes: Há uma nota predominante no caráter humano para direcionar sua energia ao mundo externoou interno.
Complexos: Conteúdos ou ideias carregadas de emoção que interferem na vontade e no desempenho da psique.
Ego: É um complexo que permite ao ser humano a ideia de identidade e continuidade.
Extroversão: Atitude Psicológica que se caracteriza mais pela objetivação e relação com o mundo externo.
Função Intuição: Sua atuação se dá através do inconsciente e capta o objeto em sua história e movimento.
Função Pensamento: Faculdade que interpreta o que foi percebido, estabelece conceitos e busca soluções.
Funções Psicológicas: Determinam como os estímulos externos e internos são percebidos pela consciência.
Função Sensação: O indivíduo se expressa na vida de acordo com os estímulos que percebe.
Função Sentimento: Função que avalia e faz uma valoração do objeto. Atua na vida pela lógica do coração.
Inconsciente Coletivo: É a herança psíquica humana. Responsável pela produção espontânea de mitos, ideias religiosas e sonhos.
Inconsciente Pessoal: Consiste em experiências que foram conscientes. É a camada superficial do inconsciente.
Individuação: Processo psíquico de desenvolvimento de toda a personalidade, tornar-se um ser único, buscar a si-mesmo.
Introversão: Atitude Psicológica que prima pela subjetivação e relação com o mundo interno
Persona: papel ou máscara do indivíduo perante a sociedade e instrumento precioso para a comunicação.
Personalidade ou Psique: É a totalidade de todos os processos psicológicos e visa equilíbrio e desenvolvimento.
Self: Arquétipo central, da ordem e totalidade da personalidade. Tudo o que é psíquico está contido no Self.
Sombra: Nela vive tudo o que o ego não quer, conteúdos reprimidos ou não reconhecidos que podem ser bons ou mau.
A estrutura da personalidade para Jung
Ego: Centro da Consciência
1
Self: Centro da Personalidade
Os Complexos:
“Os complexos são fragmentos psíquicos cuja divisão se deve a influências traumáticas ou a tendências incompatíveis. Como no-lo mostra a experiência das associações, eles interferem na intenção da vontade e perturbam o desempenho da consciência; produzem perturbações na memória e bloqueios das associações. Aparecem e desaparecem, de acordo com as próprias leis; obsidiam temporariamente a consciência ou influenciam a fala e a ação de maneira inconsciente. Em resumo, comportam-se como organismos independentes, fato particularmente manifesto em estados anormais” (Carl Gustav Jung; A natureza da psique - § 253)
Consciência:
“[...] a função da consciência não é só a de reconhecer e assumir o mundo exterior através da porta dos sentidos, mas traduzir criativamente o mundo exterior para a realidade visível” (Carl Gustav Jung; A natureza da psique - § 342)
Inconsciente Pessoal:
“Tudo o que eu sei, mas no qual eu não estou pensando no momento; tudo de que eu era uma vez consciente, mas agora tenho esquecido; tudo percebido pelos meus sentidos, mas que não foi observado por minha mente consciente; tudo o que, involuntariamente e sem prestar atenção, sinto, acho, lembro, quero, e faço; todas as futuras coisas que estão tomando forma em mim e vão em algum momento chegar à consciência; tudo isso é o conteúdo do inconsciente… Além destes, devemos incluir todas as repressões mais ou menos intencionais de pensamentos e sentimentos dolorosos. Eu chamo a soma destes conteúdos de inconsciente pessoal” (Carl Gustav Jung; A natureza da psique - § 370)
Inconsciente Coletivo:
“Os instintos e os arquétipos formam conjuntamente o Inconsciente Coletivo. Chamo-o de “coletivo”, porque, ao contrário do inconsciente acima definido, não é constituído de conteúdos individuais, isto é, mais ou menos únicos, mas de conteúdos universais e uniformes onde quer que ocorram. O instinto é essencialmente um fenômeno da natureza coletiva, isto é, universal e uniforme, que nada tem a ver com a individualidade do ser humano.” (Carl Gustav Jung; A natureza da psique - § 270)
 
Funções
de Percepção (inrracionais)
Sensação
Intuição
de Julgamento (racionais)
Pensamento
Sentimento

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