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APOSTILA 1 
Fundamentos da Administração 
 
 
 
 
Não há nada tão inútil quanto fazer com grande 
eficiência algo que não deveria ser 
feito. Administração é fazer as coisas direito. 
Liderança é fazer as coisas certas. Quando você vê 
um negócio bem-sucedido é porque alguém, algum 
dia, tomou uma decisão corajosa. 
 Peter Drucker 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS SOCIAS APLICADAS 
 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO 
 PROFESSOR: ADM. ALEXANDRE NASCIMENTO 
 
JUARA - 2021 
 
Campus Universitário de Juara 
 
 
Administração – evolução, situação atual e perspectivas 
 
1 – Introdução 
 
O ensino de Administração e, a sua prática no mundo das organizações sempre 
esteve associado a ideia-força de melhorar o desempenho através do treinamento 
sistemático. 
 Nada mais simples de entender e nada mais complexo para ser colocado em 
prática efetiva. 
 Simples, porque as organizações – grandes ou pequenas, públicas ou privadas, 
lucrativas ou não lucrativas – são na essência associações de pessoas, agindo 
predominantemente de acordo com suas experiências, percepções e motivações, que 
carecem por isso de uma certa identidade de propósitos e intenções para que seus 
esforços produzam resultados previsíveis e desejáveis. O que pode ser obtido através de 
treinamento, nas suas mais variadas formas. 
 Complexo, no entanto, porque é meio vaga a ideia do que seja uma organização 
eficiente, dotado das características positivas, resultantes de consenso e aprovação. 
 
Adicionalmente, é necessário considerar que as profissões como forma 
operacional de atuação no contexto de uma sociedade, aparecem e se desenvolvem em 
consequência de sua utilidade social. O Administrador é ou, deve ser para as 
organizações, o que representa o Médico para a saúde de cada um de nós. 
Nesse particular, qual seria o respaldo e a proposta profissional da 
Administração? Qual o grau de internalização pela sociedade brasileira em particular e 
outras em escala global que passarão a incorporar novas demandas face a novos e 
complexos cenários emergentes? De valores como eficiência, inovação, ética, 
racionalidade na aplicação de recursos e na obtenção de resultados que formam a base 
valorativa da Administração? Qual a importância e a receptividade dadas, em nossa 
sociedade, ao Administrador como especialista na promoção daqueles valores 
maximizantes de recursos naturais, humanos e especializados? 
Essas questões e indagações encerram, a um só tempo, as dificuldades e o 
destaque da Administração, como uma das mais importantes áreas de estudos que foi no 
final do século passado recente e neste novo século e milênio que se inicia. Tanto, pelo 
número cada vez maior de pessoas, em todos os países, que com a Administração vem 
se envolvendo, como pelo ritmo crescente e constante com que se vai descobrindo e 
constatando que, em qualquer forma de associação humana, só existe um talento 
capaz de transformar propostas em fatos concretos, países e regiões 
subdesenvolvidas em sociedades afluentes, ideais de liberdade, em instituições 
permanentes: o talento de natureza empreendedora e gerencial próprio do 
administrador. 
 É natural, portanto que, a preocupação com o ensino de Administração tenha 
aparecido muito cedo na história de quase todos os países. Embora, cada um tenha 
cumprido uma evolução própria, até alcançar as soluções compatíveis com suas 
necessidades. Algumas soluções mundialmente conhecidas, seguidas e celebradas. 
 
As Três Eras da Administração do Século XX 
 Era Clássica 
1900 – 1950 
. Inicio da Industrialização 
. Estabilidade 
. Pouca mudança 
. Previsibilidade 
. Regularidade e certeza 
. Administração Científica 
. Teoria Clássica 
. Relações Humanas 
. Teoria da Burocracia 
Era Neoclássica 
1950 – 1990 
. Desenvolvimento 
Industrial 
. Aumento da mudança 
. Fim da previsibilidade 
. Necessidade de inovação 
. Teoria Neoclássica 
. Teoria Estruturalista 
. Teoria Comportamental 
. Teoria de Sistemas 
. Teoria da Contingência 
Era da Informação 
Após 1990 
. Tecnologia da Informação 
. Globalização 
. Ênfase nos serviços 
. Aceleração da mudança 
. Imprevisibilidade 
. Instabilidade e incerteza 
Ênfase na: 
Produtividade 
Qualidade 
Competitividade 
Cliente 
Globalização 
Fonte: CHIAVENATO, 2000. 
 
2 – O Ensino da Administração no Brasil 
 
No Brasil, as preocupações com o ensino de Administração chegaram muito 
tarde. Muitos autores indicam que a instalação de cursos de Administração no Brasil é 
contemporânea à instalação da grande empresa multinacional (a partir da década de 
1940). Realmente, há uma coincidência histórica no período de ocorrência desses 
eventos. Por exemplo, é da época da implantação da grande empresa multinacional no 
país que datam experiências como “a contribuição pioneira do Pe. Sabóia de Medeiros, 
ao criar em São Paulo, ao final da década de 1940, a Escola Superior de Administração 
de Negócios (ESAN)”. Mais ou menos a mesma época a iniciativa de Armando Salles 
de Oliveira, ao criar o Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT). Em 
1946, a criação do Instituto de Administração da USP. Hoje, seguramente, um dos 
principais centros sul-americanos, junto com a COPPEAD/UFRJ; EAESP/FGV e 
PPGA/UFRGS, de vanguarda na área do estudo, desenvolvimento e disseminação da 
ciência administrativa. 
 Em 1952, a criação da Escola de Administração Pública (EBAP), no Rio de 
Janeiro e, em 1954, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP), 
ambas pertencentes a Fundação Getúlio Vargas (FGV) com o apoio da ONU e outros 
organismos dos USA. Assim, se dos USA nos veio o problema – a necessidade do 
ensino da administração – também nos chegaram as medidas tendentes à resolve-lo. 
Buscou-se junto aos USA, todo o conjunto de informações que possibilitassem a 
formação da categoria necessária. Trouxeram-se professores americanos, produziram-se 
textos, casos e material de ensino de Administração para o Brasil. Conservando-se 
grande parte das conclusões americanas, sem a necessária adaptação as especificidades 
brasileiras do ponto de vista social, cultural e econômica. 
A profissão de “Técnico em Administração”, como espaço legal e profissional 
tem no Brasil, 36 anos (Lei N. 4.769/65) e o especialista da área só venceu sua crise de 
identidade, ganhando um nome certo – ADMINISTRADOR - a pouco menos de 16 
anos (Lei N. 7.321/85). 
 
3 – As organizações em nosso tempo 
 
Ao se estudar gestão de organizações, é necessário fazer delimitações, 
selecionando e priorizando características e dimensões que determinam a complexidade 
do contexto organizacional. No presente manual didático, Introdução à gestão de 
organizações, serão abordadas as dimensões interna e externa das organizações, ou seja, 
respectivamente, a estrutura organizacional e o ambiente organizacional, conforme 
esquematiza a figura 1. 
 
Figura 1 – Dimensões interna e externa das organizações 
 
 
Fonte: CHIAVENATO, 2000. 
 
A análise interna de uma organização contempla sua estrutura organizacional, 
formada por seus principais componentes: as tecnologias, as pessoas e as tarefas. A 
inter-relação entre esses componentes e as posições que eles ocupam internamente na 
organização definem a hierarquia, o fluxo de informações, as funções e os níveis de 
tomada de decisão, entre outros elementos do desenho organizacional. A estrutura, isto 
é, a configuração interna de uma organização é influenciada, por sua vez, pelas 
características do ambiente organizacional. Assim, as organizações refletem 
internamente a realidade externa a que estão expostas. Utiliza-se, portanto, uma 
concepção sociológica da teoria das organizações e da administração. 
 
 
 
3.1 Conceitos, características e dimensões de análise 
 
Quando pensamos em organizações de qualquer tipo, parece difícil conceber 
atividades que não estejamvinculadas a esta forma de construir relações sociais e de 
produção. As organizações estão presentes em diferentes setores vitais e fazem parte das 
mais diversas atividades do nosso dia a dia, uma vez que “afetam fortemente cada 
aspecto da existência humana – nascimento, crescimento, desenvolvimento, educação, 
trabalho, relacionamento social, saúde, e até mesmo a morte” (SILVA, 2013, p. 43). 
Pode-se, pois, afirmar que “o homem moderno é o homem dentro de 
organizações”, que “a vida contemporânea [...] é dominada por organizações grandes, 
complexas, formais” (BLAU; SCOTT, 1970, p. 11) e que “a sociedade moderna é uma 
sociedade de organizações” (ETZIONI, 1967a, p. 173). As nossas vidas, portanto, são 
“construídas” em contextos organizacionais e somos influenciados constantemente pelas 
organizações e pelas relações que se estabelecem entre elas. As organizações são 
importantes, segundo Simon (1965, p. 16), primeiro, porque somos “moldados” por 
organizações em que atuamos como profissionais, criando “qualidades e hábitos 
pessoais” e, segundo, porque elas proporcionam “os meios para exercer autoridade e 
influenciar os demais”. 
Essas condições organizacionais dividem-se em sociais, políticas, cognitivas, 
culturais e ambientais, conforme explicita Souza (2012, p. 23): 
 
[...] vivemos em uma sociedade organizacional: as organizações estão em 
toda a parte; suprimos nossas necessidades por meio de organizações; 
trabalhamos, divertimo-nos, relacionamo-nos, agimos politicamente, 
reivindicamos, enfim, atuamos em organizações. Somos parte delas e elas são 
parte de nós: portanto, vivemos e agimos sob condições organizacionais. 
 
As condições organizacionais e seus significados, definidos por Souza 2012), 
são apresentados no quadro 2. 
 
 
 
 
 
Fonte: SOUZA, 2012. 
 
Por possuírem dimensões concretas e abstratas (ou tangíveis e intangíveis), as 
organizações podem significar muitas coisas ao mesmo tempo, dependendo da 
perspectiva de análise. 
Barnard (1967, p. 26-29) define organização como um “sistema cooperativo”, 
sendo este “um sistema complexo de componentes físicos, biológicos, pessoais e 
sociais, entre os quais existe uma relação sistemática e específica em razão da 
cooperação de duas ou mais pessoas que visam a um determinado fim”3. Entretanto, 
buscando elaborar um conceito “cientificamente útil” de organização, o autor propõe 
que, nesta definição, não sejam considerados os ambientes físico, social e das pessoas, 
devido às diferentes realidades organizacionais que intervêm na elaboração do conceito 
de sistema cooperativo. Por isso, o autor define a organização formal como “um sistema 
de atividades ou forças coordenadas conscientemente entre duas ou mais pessoas”. 
Mas por que temos organizações? Porque são mais eficientes do que indivíduos 
agindo independentemente. 
Há uma diferença fundamental entre as organizações criadas com o fim 
específico de otimizar meios para cumprir uma tarefa ou realizar objetivos, chamadas 
organizações instrumentais, e os sistemas organizacionais que encarnam padrões sociais 
relevantes para a sociedade, chamadas organizações institucionalizadas, ou 
simplesmente instituições. A maioria das empresas se enquadra no primeiro grupo 
enquanto as grandes corporações, órgãos públicos, hospitais e universidades fazem parte 
do segundo. 
(Ex: A Universidade, a ONU, a IBM, o McDonald’s, o DCE, a Igreja, os 
Sindicatos, as Organizações Virtuais). 
As decisões nas organizações instrumentais, empresas privadas, são voltadas 
para a divisão racional e econômica do trabalho e a influência das estruturas como 
forma de incremento à produtividade e o controle. Nelas os relacionamentos são 
impessoais e as lealdades desejáveis, desde que sejam organizadas e facilitem a tomada 
de decisão da autoridade. A cooperação é consciente, deliberada e dirigida para os fins 
propostos. Há o desenvolvimento de uma deliberada flexibilidade para atender as 
demandas ambientais. 
As instituições por sua vez, são organizações que incorporam normas e valores 
considerados valiosos para seus membros e para a sociedade. São produto de 
necessidades e pressões sociais valorizadas pelos seus membros e pelo ambiente, 
preocupados não apenas com lucros ou resultados, mas com a sua sobrevivência e 
perenidade. São guiadas pelo senso de missão. Nas Instituições as forças e pressões 
sociais atuam como vetores que moldam o comportamento das pessoas. Procuram ser 
eternas e procuram formas de evitar sua extinção, por meio de uma espécie de fusão de 
interesses individuais com os objetivos institucionais. “As instituições são como úteros: 
protegem as pessoas, mas tolhem a sua mobilidade além dos limites previstos” (Pereira 
e Fonseca). Nesse sentido as instituições despersonalizam, manipulam e dirigem o 
comportamento de seus membros. 
As instituições possuem características próprias que as diferenciam das 
organizações instrumentais e que transparecem nas seguintes variáveis: 
➢ A dimensão temporal ou história da instituição: Conforme Salznick (1972), 
citado por Pereira, “estudar uma instituição é prestar atenção à sua história e 
lembrar como ela foi influenciada pelo meio social”. 
➢ O papel e a dimensão da liderança: Selznick identifica três compromissos da 
liderança institucional : (1) a definição de missão e do papel da instituição- a 
decodificação da missão em objetivos claros e realísticos; (2) a encarnação 
institucional da finalidade, os dirigentes de uma instituição não são livres para 
administrá-la baseados em sua própria vontade; (3) defesa da integridade 
institucional- os líderes institucionais protegem os valores e a integridade 
institucional acima de seus próprios valores e de sua própria identidade, dão 
exemplos de confiança e persistência aos subordinados. 
➢ A imagem e a valorização externa: pode ser identificada por meio de evidências 
de suporte dado a ela pelos seus clientes e pelas outras organizações com as 
quais se relaciona. 
➢ O comprometimento interno: o compartilhamento de uma filosofia entre os 
membros e a liderança faz com que as pessoas se sintam bem e orgulhosos 
fazendo seu trabalho. 
➢ A autonomia para estabelecer programas e alocar recursos: 
➢ As funções e objetivos que moldam a estrutura e a forma institucional: O 
impulso de sobrevivência faz com que as instituições procurem expandir cada 
vez mais suas fronteiras, extrapolando muitas vezes sua função original, mas é a 
relevância da função que garante a sua legitimidade institucional. 
➢ O ambiente institucional: existem duas dimensões distintas, o ambiente 
operacional (órgãos públicos relevantes que se relacionam com a instituição para 
apoiá-la ou para competir com ela), o ambiente geral (transações com o 
ambiente) 
 
3.2 Diferenças entre organização e instituição 
 
 
 
A estrutura informal, baseada em ligações interpessoais, é tão forte que 
frequentemente sobrepuja os aspectos formais. Mas a diferença fundamental entre 
organização e instituição é sua organicidade. Isto significa que elas se comportam como 
um organismo vivo, que nasce, cresce, amadurece, reproduz, envelhece e morre; têm 
sua história e identidade própria e são capazes de inovar e transmitir idéias e valores a 
outras organizações. Enquanto a organização instrumental necessita de gerente para 
fazer com que seus objetivos sejam cumpridos, as instituições precisam de líderes que 
lhes garantam a sobrevivência. Os gerentes tomam decisões racionais, planejam, 
coordenam, controlam ações e resultados, são ocupados, disciplinados e enfrentam os 
desafios da competição, produzindo o máximo com menor esforço e custo. Os líderes 
institucionais costumam ser idealistas, figuras intuitivas que usam o tempo na busca de 
um ideal e desafiam ordens na perseguição de seus valores. 
Nos regimes democrático, a população que vota e paga impostos é a mesma que 
recebe a prestação de serviços públicos. Ela é aomesmo tempo acionista e usuária. 
Os agentes intermediários entre o povo e o governo são os órgãos públicos, que 
são os instrumentos da ação governamental. As instituições públicas classificam-se em: 
➢ Órgãos da administração direta (responsáveis pela execução das funções 
essenciais do governo); 
➢ Órgãos da administração indireta (responsáveis pela execução de políticas 
supletivas, específicas ou conjunturais). 
 
As instituições públicas não são empresas. As decisões estratégicas tomadas 
pelos órgãos públicos são baseadas em ideologias e valores. São decisões únicas, 
variam de organização para organização e contêm diferenças fundamentais: 
➢ Nos sistemas de valores e julgamentos administrativos que adotam 
➢ Nas pressões políticas que recebem 
➢ Nas habilidades decisórias de seus dirigentes 
➢ Nos recursos de que dispõem 
➢ Na competência técnica e motivação de seus servidores 
 
O processo de identificação de missão e objetivos nas organizações públicas é 
muito mais difícil do que nas empresas privadas, porque envolve valores sociais e 
opções de desenvolvimento que afetam toda a sociedade. Outras formas modernas e 
necessárias de gerenciar as organizações públicas são os contratos de gestão e a 
terceirização. Esses instrumentos funcionam bem quando proporcionam agilidade 
decisória e flexibilidade à ação gerencial e podem constituir uma estratégia de 
atendimento a demandas específicas, sem inchar desnecessariamente a máquina pública. 
A par disso a administração deve monitorar os contratos, evitar a influência 
política, o protecionismo e a manipulação desonesta de concorrências e distribuição de 
contratos. 
É notável a evolução de um tipo de organização que vêm para suprir a 
complexidade do público e objetividade do privado, o terceiro setor. Uma definição 
mais específica de terceiro setor é encontrada em Salamon & Anheier (1996), e diz que 
o terceiro setor abrange uma gama de organizações com as seguintes características em 
comum: são formalmente constituídas, são organizações separadas do governo, não 
visam lucro, são autogovernadas, o voluntariado tem uma participação significativa. 
“Um terceiro setor não lucrativo e não governamental coexiste hoje no interior de cada 
sociedade com o setor público estatal e com o setor privado empresarial” (Fernandes, 
1994). Ele é o campo de organizações onde existem as iniciativas filantrópicas, 
altruísticas e políticas com margem de liberdade de ação para que se possa tirar proveito 
de toda a ação grupal consciente comprometida com o coletivo, implicando em 
mudanças culturais, no modo de agir e de pensar de pessoas. 
E, por fim, aparecem as organizações virtuais que são também chamadas de 
organizações em rede ou modular. Tem estrutura altamente centralizada com pouca ou 
nenhuma departamentalização e grande recurso à terceirização para muita das principais 
funções. Essas organizações criam rede de relações que lhes permitem terceirizar a 
fabricação. As despesas burocráticas são minimizadas e não há nada intrinsecamente 
rígido. O protótipo da estrutura virtual é a organização atual da indústria 
cinematográfica. A enorme estrutura verticalizada de Hollywood, deu lugar a inúmeras 
empresas pequenas, que projeto a projeto fazem os filmes. Esta forma estrutural permite 
que cada projeto disponha de pessoal com talento mais adequado a atender suas 
demandas. Ela minimiza despesas burocráticas e reduz os riscos de longo prazo porque 
não existe longo prazo, concluído o projeto a equipe é desmontada. 
 
 
 
 
 
4. Administração: Arte ou Ciência? 
 
A definição de Administração poderá está relacionada com as palavras 
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ARTE. Portanto, não ignore a questão ou parte dela 
quando elas aparecerem, assim como, expressões similares a: 
Administração é a ARTE de… 
Administração é processo de TECNOLOGIA… 
Administração é uma CIÊNCIA… 
 
Fonte: VITORINO, 2019. 
A semântica de administração, de ciência e de arte não é simples. E, como para 
muitas perguntas, a resposta aqui pode estar tanto em esclarecer os termos quanto em 
argumentar sobre a predicação usada na pergunta (“é ciência ou é arte”). Vamos entrar 
um pouco nisso. Administração significa, no caso, o saber administrativo, não a prática 
em si, pois este é o entendimento em que ciência e arte podem estar sob o mesmo 
predicado. Mas saber administrativo em que circunstâncias? Saber administrativo na 
prática organizacional, na escola ou em qualquer das duas? É mais fácil entender 
administração (saber) como relativo à prática organizacional, inclusive porque também 
na escola prevalece uma perspectiva profissionalizante. Que quer dizer quem, fiel a 
Taylor, fala em “ciência da administração” (Chiavenato, 1993, p. 61-63)? E que “arte” é 
esta que lhe pode ser adequadamente contraposta, como em Motta (1991, p. 26)? O 
esforço de esclarecer essas perguntas preliminares vai permitir-nos chegar, pouco 
adiante, ao núcleo mais interessante do nosso tema. 
Já a administração-arte envolve nova ambiguidade. Em parte, a discussão seria 
diferente se a pergunta fosse formulada em inglês. É diferente perguntar por arts ou por 
crafts. Mas, em português, parte da polissemia envolvida decorre da falta de um 
substantivo que indique a habilidade do artífice (craftsman) ou mesmo o que, 
genericamente, ele faz – “artesanato” não vale para o que todos os artífices fazem. 
Então, no nosso caso, “arte” joga ao mesmo tempo com a habilidade do artista e a do 
artífice. E cada um que diz “administração é arte” pensa o que quer e entende o que quer 
do que lhe contra argumentam. Um misto de qualquer coisa intuitiva e guiada pelo 
estético, mas que, de repente, pode ser “um jeito” de lidar com as pessoas etc. E a 
discussão se prolonga. 
Finalmente, além do uso disjuntivo da sintaxe (das duas, uma, ou é ciência ou é 
arte) – a seguir comentado – o predicativo pode envolver mais uma nuance: 
“administração, afinal, se reduz a uma ciência ou a uma arte? ” (Ou seja, vem a ser 
apenas isso?) 
Como se vê, parece que quem formulou pela primeira vez a pergunta nela reuniu 
habilmente grande ambiguidade semântica... 
 
4.1 Mas estará a ciência tão distante de uma arte? 
Acima, aludiu-se ao caráter ambíguo de uma predicação de “arte”, pelo menos 
em português (artesanato e obra de arte). A dimensão artesanal da ciência é claramente 
atestada por sua prática. Cada peça científica é única e original, trabalhada de forma 
específica em ambiente (laboratórios etc.) radicalmente diverso de uma linha de 
montagem industrial. Um trabalho de pesquisa se baseia em outros, mas não pode 
copiá-los e deve, inclusive, mostrar algo de próprio. A iniciação à vida de pesquisador, 
em mestrados e doutorados, repete a relação mestre-discípulo, artesão-aprendiz: a 
orientação é individualizada, e tal padrão jamais foi quebrado. Assim, a ciência é arte no 
sentido de craft. 
Mesmo cercado de certo estereótipo da arte como atividade diversa do labor, 
praticada pelo prazer interno de quem a ela se dedica, e sem fins econômicos, sempre 
caminhou com a ciência o traço cultural da busca desinteressada pelo saber – a scientia 
qua scientia, aproximada da ars qua ars (a arte pelo fato de ser arte). A crítica de 
esquerda à ideologia da ciência ou de sua vinculação à dominação do capital pode ter 
menosprezado o fato de que os ambientes acadêmicos compõem motivações complexas. 
E, independente do fato de se submeterem a estruturas definidas pelo poder político-
econômico, praticantes de ciência em diversas áreas constroem carreiras fundadas em 
um tipo de intensa motivação pessoal que, dadas as difíceis condições de trabalho, não 
resistiria a uma racionalidade utilitária. A explicação dessas carreiras pode estar no 
chamado “prazer do conhecimento” (narcísico?), onde se liberam as mesmas tensões e 
talvez se esconda o mesmo desejo que a arte realiza. 
Por outro lado, quem pode negar a presença do espíritohumano, criativo e 
estético, tanto na produção artística – ela própria exigindo técnica rigorosa – quanto na 
científica? A impulsão do cientista pela percepção interior do belo está presente em um 
modelo teórico ou matemático e é imune ao rigor observacional e ao teste empírico. 
Esses dois últimos aspectos da ciência estão mais relacionados à legitimação do 
conhecimento científico (sobretudo perante os pares), enquanto o primeiro ao 
surgimento mesmo do que há de diferencial nele. Nesse ponto é curioso ouvir Einstein, 
ao falar da física teórica: 
 
Nenhum caminho lógico leva a tais leis elementares [da natureza]. Será 
exclusivamente uma intuição a se desenvolver paralelamente à experiência. 
(...) Aliás, esses conceitos e princípios se revelam como invenções 
espontâneas do espírito humano. Não podem se justificar a priori nem pela 
estrutura do espírito humano [referência às categorias transcendentais de 
Kant] nem a outra razão qualquer. (...) Mostram a parte inevitável, 
racionalmente incompreensível, da teoria. (EINSTEIN, 1981 [1931], p. 140, 
148). 
 
Ao reler estas linhas, não poderia alguém agora encontrar sentido em uma 
hipotética teoria da administração, que se desenvolvesse próxima à experiência pessoal 
da prática? 
É nesse sentido também que, ao fazer a crítica do paradigma epistemológico da 
ciência moderna, Boaventura de Souza Santos (2000, p. 74-78) fala da “artefactualidade 
discursiva” como um novo conceito organizador e da “racionalidade estético-
expressiva” como “uma representação inacabada da modernidade ocidental”.

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