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Sabemos que o bullying tem acometido muitas crianças e jovens, no Brasil e no mundo, sobretudo no ambiente escolar. A Escola da Inteligência, atenta a esse fenômeno social e empática com toda equipe escolar, já atua na prevenção deste fenômeno e traz, nessa revista, atividades do programa que trabalham essa vertente, promovendo as habilidades socioemocionais nos alunos. Vale ressaltar que também atuamos na prevenção junto com as famílias, pois nos cursos desenvolvidos especialmente para elas, abordamos esse tema envolvendo-as no processo de conscientização, prevenção e intervenção. Com o intuito de auxiliar a equipe escolar ainda mais neste desafio, reunimos aqui informações importantes sobre o bullying para que se possa trabalhar com todos os agentes envolvidos nessa situação de violência no contexto escolar. Desta forma, trazemos o conceito “Antibullying 360°”, trabalhando o combate ao bullying do ponto de vista do comportamento do agressor, da proteção emocional da vítima, da atitude dos observadores que podem tanto apoiar o agressor como se omitir em relação à vítima, sendo, neste caso, meros espectadores. Trazemos também o papel dos mediadores, que são os que atuam na erradicação do bullying nas escolas. Acreditamos que a parceria entre escola, família, sociedade e Escola da Inteligência poderá promover conscientização e gerenciamento emocional em nossas crianças e jovens, pois o bullying não é uma brincadeira, é coisa séria, que deve ser discutida, debatida e prevenida. Estamos juntos neste desafio de transformar relações doentias em saudáveis e promover gerações mais felizes! Um forte abraço, Camila Cury Queridos Parceiros DIRETORIA EDITORIAL CAMILA CURY DIRETORIA EXECUTIVA BRUNO OLIVEIRA GERÊNCIA DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO ANA PAULA GUIROTO DE CASTRO COORDENADORIA DE DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDO LILIAN VARGAS CHEDE ELIAS DA SILVA PRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDO PROFª MESTRE FERNANDA ALEIXO CHUFFI CONSULTORIA EDUCACIONAL FABÍOLA FALH LILIAN VARGAS MARIA SÂMARA AZEVEDO PRISCILA LEHN CONCEPÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO HEMÍLIO CASALETTI IMAGENS SHUTTERSTOCK EDIÇÃO DE CONTEÚDO E REVISÃO ALINE TAMARA DE OLIVEIRA SILVONI Expediente: Edição: 1ª edição/MAIO2019 Todos os direitos desta edição estão reservados à ESCOLA DA INTELIGÊNCIA. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito da empresa. CAMILA CURY DIRETORIA EDITORIAL Escola da Inteligência. 2 Índice Pág.4 EN SI N O F UN DA MENTAL 1 5º ano PAR TE 11111111 MATERIAL DO PROFESSOR 7_AM_P1L1_CAPA_R2_Professor.indd 1 16/10/2018 13:12:53 Parafraseando Schopenhauer, vivemos em espaços múltiplos e diversos, onde há diferenças, ao mesmo tempo em que ocorrem as repetições de sentidos e padrões que se homogeneízam socialmente. Pág.9 O Bullying Constatamos que as ações educativas são complexas, pois envolvem influências e comportamentos que se iniciam em casa, estendem-se pela escola e sociedade. Pág.16 Atividades contempladas no Programa EI Com base no Protocolo de intervenção após casos de violência em contextos escolares, o Programa Escola da Inteligência trabalha tanto na prevenção contra o bullying, por meio do desenvolvimento de habilidades socioemocionais nos alunos, como na intervenção socioemocional após episódios de violência em contextos escolares. Pág.7 AS FORMAS, PERCEPÇÕES E INDÍCIOS DO BULLYING Alguns atos podem se configurar em formas diretas ou indiretas de praticar esse fenômeno, há uma versatilidade de atitudes que pode ser expressa de maneiras diversas. Pág.11 ÍNDICES ESTaTístiCOS NO BRASIL E NO MUNDO As Nações Unidas realizaram no ano passado uma pesquisa em 18 países (com 100 mil crianças e jovens) e metade deles afirmaram ter sofrido algum tipo de bullying. Pág.14 OS ENVOLVIDOS: VÍTIMAS, AGRESSORES, oBSERVADORES E MEDIADOREs Assim como na história da humanidade, mas precisamente entre os gregos com suas tragédias, bullying é constituído por personagens e enredos, ofertadas por mecanismos que operam nas violências provocadas pelo preconceito, não aceitação, falta de respeito e empatia às diferenças. A ESCOLA, A FAMÍLIA E A SOCIEDADE 3 ISSO É COISA SÉRIA! AntiBullying 360º “Com todas as suas variantes e diferenças, com toda a sua multiplicidade, durante o seu desenvolvimento, a realidade íntima do mundo e do homem é sempre a mesma vontade onipotente; a própria história é sempre a repetição do mesmo acontecimento sob aparências diversas.” Arthur Schopenhauer Parafraseando Schopenhauer, vivemos em espaços múltiplos e diversos, onde há diferenças, ao mesmo tempo em que ocorrem as repetições de sentidos e padrões que se homogeneízam socialmente. O bullying é um fenômeno histórico-social e sinaliza uma sociedade que pouco contribui para a erradicação de tal síndrome psicossocial, tornando-se cada vez mais polêmico e atual, reforçando sintomas e efeitos contemporâneos. Esse fenômeno existe desde o início da história da humanidade. A violência entre as pessoas está presente na competição e no conflito, afirmando-se nos processos dissociativos manifestados de formas diversas conforme o mundo se (trans)forma. Por compreendermos que a sociedade é complexa e heterogênea, ou trabalhamos essas discrepâncias, ou estaremos fadados à falta de afetividade, de respeito, diálogo e tolerância. Com o fomento das ideias citadas acima, e buscando iniciativas complementares que devem ser implementadas, a Escola da Inteligência (EI) oferece um programa de prevenção do bullying por meio da Teoria da Inteligência Multifocal, que, de forma eficaz e lúdica, ensina a desenvolver o autoconhecimento e a controlar suas emoções por meio da paciência, resiliência, foco, respeito ao próximo, empatia, do cultivo de relações saudáveis, dentre outras habilidades emocionais. Nosso intuito é ampliar o conhecimento da família e da equipe escolar, capacitando-os, apresentando conceitos, ideias com métodos de sensibilização adequados que promovam a resolução de problemáticas emergentes relacionadas a atos agressivos e discriminatórios, possibilidades de reflexão sobre a formação humana, de cidadão plenos, éticos e críticos. 4 “...Se tem bigodes de foca. Nariz de tamanduá. Parece meio estranho, heim!-Rum! Também um bico de pato. E um jeitão de sabiá...” (Roberto Carlos e Balão Mágico – É tão lindo) Infelizmente, dados nos mostram que a violência aumenta a cada dia em nossa sociedade tornando-se geradora de uma série de consequências na vida das pessoas e seus familiares. Tal situação afeta diretamente o seio familiar influenciando as questões educacionais dos filhos, que refletem as posturas e condutas dentro dos espaços escolares. As fronteiras da violência, no tempo e no espaço, se tornam difíceis de serem definidas. É por isso que, muitas vezes, a violência pode ser confundida com agressão e indisciplina, quando manifestada na esfera escolar, dessa maneira a violência no ambiente institucional pode ser identificada como bullying. O termo bullying é derivada do verbo inglês “bully” que significa usar a superioridade física para intimidar alguém, trazendo sentidos adjetivados como “valentão”, “brigão” e “tirano”. Essa terminologia tem sido adotada em vários países como designação para explicar uma subcategoria de violência, configurada em atos e comportamentos agressivos, cruéis, intencionais, repetitivos e com assimetria de poder entre os pares. Como ainda não existe termo equivalente de bullying na língua portuguesa, alguns psicólogos estudiosos deste assunto, o denominaram de “violência moral”, “vitimização” ou “maltrato entre pares”, já que se trata de agressão baseada na relação de poder, geralmente, sem motivação evidente, mas inerente às relações interpessoais. Enquanto fenômeno social e mundial o bullying é fruto de uma sociedade cada vez mais individualizadae competitiva, com poucos estímulos para a empatia e cooperação. Segundo Adorno (1996) a sociedade leva os homens às regressões psíquicas que necessitam, a cada momento, de se incorporarem à cultura em que estão submetidas, dessa maneira, é nessa estrutura O BULLYING1. 5 Uma outra variante do bullying, se deu junto aos avanços tecnológicos dentro da modalidade chamada cyberbullying, palavra associada ao uso das mídias digitais para intimidar e humilhar uma pessoa. O cyberbullying é considerado um assédio e essa modalidade possui características próprias, além de ter um efeito multiplicador e de grandes proporções, uma vez que o espaço virtual possibilita a propagação da difamação e da agressão, de maneira rápida por meio das mídias sociais on-line ou até mesmo por vídeos. Como “anônimos” os envolvidos no cyberbullying sentem-se “blindados” e se valem de apelidos, contas falsas e máscaras, então o cyberbullying “protegido” por de trás das telas produzem, propagam e disseminam conteúdos de insulto, humilhação e violência psicológica provocando intimidação e constrangimento aos envolvidos. Os principais aspectos que podem revelar que a criança ou adolescente está sendo vítima de cyberbullying são: • mudanças repentinas no uso da Internet; • medo de compartilhar o que faz na Internet; • medo de ir para a escola e encontrar amigos; • receio de participar de atividades coletivas; • sinais incomuns de tristeza, irritabilidade, dor de cabeça...; • isolamento no intervalo da escola. Os praticantes do ciberbullying realizam agressões, deixando sua (des)ordem, sua opinião inconveniente, semeando brigas e discórdias por meio de mensagens social que a constituição do indivíduo não se reduz, mas é determinada por fatores sociais e culturais. Observando então o meio social e os indivíduos, o psicólogo norueguês Dan Olweus (1978), foi o pioneiro a relacionar a palavra bullying ao fenômeno da ameaça ou humilhação, em um estudo que o pesquisador constatou que um a cada sete alunos estava envolvido em casos de bullying. Dessa forma, para esse cientista há três termos essenciais: • Comportamento agressivo e negativo; • Comportamento executado repetidamente; • Comportamento que ocorre num relacionamento em que há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. O bullying se caracteriza por alguns tipos de maus- tratos como físico, verbal, moral, psicológico, material e virtual, e ocorrem quase sempre quando um ou mais integrantes de um grupo escolhem um indivíduo para ser espiado sem que este consiga se defender. Voltando a epígrafe, então se é diferente do que propõe o padrão imposto pelo meio social, os agressores se apoiam nas marcas sociais convencionais e induzem a opinião dos demais colegas por meio de boatos que difamam, ou apelidos que intensificam as características tanto físicas quanto psicológicas de sua vítima, taxando-o como diferente, esquisito ou negativo. Sendo assim, quando uns se divertem à custa de outros que sofrem, ocorre a inibição da “vítima” que se reprime e pode apresentar caraterísticas mais sérias, tais como desordens emocionais e comportamentais. 1.1 - O Cyberbullying 6 depreciativas, esses atos podem ainda vir acompanhados de montagens fotográficas alteradas e distorcidas, vídeos de animações, notícias falsas, informações inventadas que geralmente são compartilhadas. Para o cyberbullying não existe um perfil específico de vítima, geralmente é escolhida entre os pares e sem motivos reais, então conforme apontado acima os estudantes são expostos nas redes sociais, e tais situações podem gerar um transtorno de tamanho inimaginável e danos que afetam a autoestima da vítima, causando insegurança, medo e vergonha dada à proporção do alcance que o conteúdo possa atingir nas mídias digitais. A vítima pode ter seu e-mail, seu perfil invadido ou clonado pelos bullies, que passam a enviar mensagens desagradáveis, caluniadoras, difamatórias a outras pessoas, culpabilizando e responsabilizando a princípio a própria vítima. Compreendemos também que o cyberbullying é uma extensão do bullying, e é reflexo dos processos sócio- histórico-ideológico-cultural, pois está embasado na interpessoalidade, na total ausência de responsabilidade e solidariedade coletiva. Assim, enquanto prática violenta prejudica todos os envolvidos com ênfase no agressor e na vítima, levando, muitas vezes, os estudantes ao isolamento, ou seja, ao afastamento dos convívios sociais, aumentando na escola o número de faltas e, dependendo do cenário, promovendo a evasão escolar. Dessa forma, concebemos que o estudante que pratica cyberbullying, em muitos casos, também mascara necessidades emocionais que são frequentementetrazidas de dentro do contexto familiar. Sendo assim, esse estudante necessita de apoio, entendimento de regras, de compreensão do convívio social e de autoconhecimento, um trabalho que envolverá escola, família, o aluno e profissionais que o apoiarão na compreensão da diversidade humana, na destituição de preconceitos enraizados e afirmados na sociedade, demonstrando a possibilidade do entendimento sobre o respeito e da partilha da solidariedade. Contudo observa-se que a vida conectada reatualiza a violência para um novo formato e quando este acontece na escola, o sofrimento não é interrompido, pois, o cyberbullying não tem intervalos ou paradas, permanecendo fora da escola, ou seja, mesmo quando o jovem chega em casa ou nos finais de semana, esse tormento continuará sendo praticado em tempo real e para uma audiência muito maior do que a da sala de aula. Conseguinte, esse fenômeno extrapola os muros da escola e se dá em território de vivências sociais tais como shopping, cinema, ruas, lanchonete, baladas etc. Detectar o cyberbullying está longe de ser uma tarefa meramente acadêmica, então peguemos como exemplo as mídias sociais e uma pesquisa realizada em 2017 que descobriu que 42% dos adolescentes sofrem bullying nessas mídias, e os alvos não são só adolescentes, um exemplo é o guitarrista Brian May – Queen está entre aqueles que sofreram ataques em plataformas sociais. Por essas razões existem plataformas de inteligência artificial, ou seja, “filtro de bullying” que oculta ataques verbais aos usuários e rastreia ameaças contra indivíduos em comentários e fotos. Alguns membros da rede social afirmaram que identificar e remover ativamente esse material é uma medida crucial, já que muitas vítimas não prestam queixa. Ainda nessa perspectiva trazemos Einstein, demonstrando que a preocupação com o próprio homem e seu destino sempre deve ser o principal interesse de todos os empreendimentos tecnológicos (...) para que as criações de nossas mentes sejam uma benção e não uma maldição para a humanidade, logo compreendemos que as mentes humanas são capazes de criar diferentes e poderosas ferramentas, mas precisam ter os compromissos éticos sobre elas. Para evitar que os estudantes adotem essa prática entre si, é preciso educar para uma convivência respeitosa e esclarecer sobre a seriedade desse assunto, pois, crianças e adolescentes não enxergam as proporções de seus atos com a mesma consciência que os adultos. 7 2. AS FORMAS, PERCEPÇÕES E INDÍCIOS DO BULLYING Alguns atos podem se configurar em formas diretas ou indiretas de praticar esse fenômeno, há uma versatilidade de atitudes que pode ser expressa de maneiras diversas, então o bullying divide-se em duas categorias: • Bullying direto – caracterizado por meio de agressões físicas (bater, chutar, tomar pertences) e verbais (apelidar de maneira pejorativa e discriminatória, insultar, constranger); • Bullying indireto – também conhecido como agressão social - caracterizado pela disseminação de rumores desagradáveis e desqualificantes, visando à discriminação e exclusão da vítima de seu grupo social. O tipo mais comum entre os agressores do gênero masculino é o bullying diretoe a agressão social. O bullying indireto é mais comum no gênero feminino e nas crianças pequenas, esse tipo de bullying é caracterizado por induzir a vítima ao isolamento social o qual é conquistado por meio de uma diversidade de técnicas que, entre outras, incluem: • espalhar comentários em fofocas sobre a vítima; • recusar a socialização com a vítima e intimidar também as outras pessoas que desejam se socializar com a vítima; • criticar o modo como a vítima se veste e ou outros 8 aspectos socialmente significativos (incluindo a etnia da vítima, religião, incapacidades etc.). Segundo Fante (2005), os atos de bullying entre alunos apresentam determinadas características comuns: • Comportamentos deliberados e danosos, produzidos de forma repetitiva num período prolongado de tempo contra uma mesma vítima; • Apresentam uma relação de desequilíbrio de poder, o que dificulta a defesa da vítima; • Não há motivos evidentes; • Seguem algumas formas e palavras que podem apresentar ações de bullying: • Formas verbais: colocar apelidos, insultar, ofender, xingar, fazer gozações, fazer piadas e zoar; • Formas físicas e materiais: bater, chutar, espancar, empurrar, ferir, beliscar, roubar ou destruir pertences da vítima e atirar objetos contra a vítima; • Formas psicológicas e morais: irritar, humilhar, ridicularizar, excluir, isolar, ignorar, desprezar ou fazer pouco caso, discriminar, aterrorizar, ameaçar, assediar, chantagear, intimidar, tiranizar, dominar, perseguir, difamar, passar bilhetinhos e desenho de caráter ofensivo entre os demais, fazer intrigas, fofocas ou mexericos; • Formas virtuais: os agressores se utilizam dos avanços tecnológicos para propagar avassaladoramente as difamações, as injúrias, as ameaças, constrangimentos ilegais, falsa identidade e calúnias. Então se refletirmos a respeito, de uma maneira ou de outra, todos nós já fomos submetidos a algum tipo de bullying em algum momento da nossa vida. Os bullies estão em todos os lugares da nossa sociedade, são tiranos, mascarados e impiedosos, apresentam comportamentos agressivos, cruéis, sistemáticos e inerentes às relações interpessoais, que podem levar a quadros clínicos que exigem cuidados médicos e psicológicos para que sejam superados. A prática dessa violência agrava problemas preexistentes psíquicos e comportamentais tais como: sintomas psicossomáticos, transtornos: ansiedade generalizada (TAG), pânico, obsessivo-compulsivo (TOC), estresse pós-traumático (TEPT), fobias: social e escolar, anorexia e bulimia, depressão, esquizofrenia, em casos mais graves o suicídio e o homicídio. Mesmo com índices crescentes desse fenômeno, alguns adultos, julgam o bullying como brincadeiras históricas infantis, pois desde sempre é “natural” colocar apelidos uns nos outros, tirar “sarro”, dar risadas esdrúxulas, assim, essas atitudes são consideradas em sua maioria como situações espontâneas e até sadias entre os alunos. Se faz necessário perceber o bullying para além de fatores sociais-históricos-culturais, e também observá-lo como um fenômeno relacional, influenciado por vários indivíduos e sistemas, não sendo possível reduzi-lo à dualidade agressor/vítima. Nesse sentido, as decorrências desse fenômeno atingem também as testemunhas, a escola e a comunidade como um todo, perpetuando a violência nos diferentes contextos sociais. 9 3. A ESCOLA, A FAMÍLIA E A SOCIEDADE Constatamos que as ações educativas são complexas, pois envolvem influências e comportamentos que se iniciam em casa, estendem-se pela escola e sociedade, sendo os aspectos culturais atuais influenciadores contemporâneos de “tempos líquidos”, dessa maneira Bauman (1998) afirma que os fatos e ideias estão se processando de forma tão veloz que tudo parece escorrer por entre os dedos. Nessa fluidez, muitas vezes, nem a família e nem a escola conseguem refazer suas próprias referências de estereótipos socioculturais mais rígidos, autoritários e permeados de pouco diálogo. Não há uma fórmula para lidar com o cyberbullying e bullying, mas é certo que três esferas são fundamentais na erradicação desse fenômeno: a família, a escola com a garantia dos direitos e deveres das crianças e adolescentes, juntamente com a sociedade, mais especificamente o Ministério Público. As consequências dessas mudanças e fenômenos de violência unem escolas, professores e pais a agirem juntos em prol de princípios melhores de convivência, respeito e tolerância. COMO FICA A ESCOLA NESSE CONTEXTO? A escola é o primeiro espaço de convivência das crianças, sendo assim precisa ter claro suas regras e condutas, na formação de cidadãos conscientes, críticos e atuantes, pois sabemos que é na escola que os padrões de comportamento são reestruturados em parceria com a família, com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e suas possibilidades dentro da Educação Básica, com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) cujo o tema ética se faz presente. Consequentemente alunos, diretores, coordenadores, professores e funcionários devem construir, alinhar e sintonizar as regras e condutas de convivência. A escola, muitas vezes, não está preparada para lidar com cenários inesperados de violência, mas é um espaço privilegiado que pode promover o aprendizado para muito além do conteúdo acadêmico, devendo, sobretudo, criar ambientes de acolhimento, escuta e respeito, sendo necessário repensar ações e projetos que cuidem do bem-estar dos alunos e de seus funcionários de maneira contínua. A escola deve realizar junto aos órgãos públicos de ministérios programas antibullying, conscientizando, fortalecendo e ensinando as crianças e os jovens a lidar com seus sentimentos, emoções e ansiedades, promovendo espaços e ambientes pautados no diálogo, nas trocas e nas diversidades, com informações sobre saúde mental, prevenção de saúde, demonstrando de maneira prática e eficaz a cultura da paz. Os professores são potenciais transformadores na busca de uma sociedade mais humanitária e ética. O papel dos professores está associado ao ato de ensinar e trocar experiências, ou seja, ajudar os estudantes a se preparem para a vida, orientando os alunos em vários aspectos: cognitivos, históricos, sociais, culturais, de convivência, suscitando responsabilidade, solidariedade e ética para formação de cidadãos reflexivos e atuantes. Refletindo sobre intervenções propostas por Dan Olweus, buscando a cultura da paz, o respeito à diversidade, a Escola da Inteligência propõe um trabalho com as habilidades socioemocionais, agregando a escola (capacitação de professores), as interações familiares, os “...Você me diz que seus pais não lhe entendem, mas você não entende seus pais, você culpa seus pais por tudo, iSSo é absurdo, são crianças como você, o que você vai ser, quando você crescer...” (Renato RuSSo – Pais e Filhos) 10 alunos e as leis que norteiam o trabalho. Entendemos que algumas ações são fundamentais dentro do contexto escolar, então, nesse sentido, seguem algumas sugestões, inclusive muitas já praticadas no Programa EI: Sala de Aula • Estabelecer regras e condutas de convivência pautadas em atitudes de respeito, por meio da observação e diálogo sobre as dificuldades do grupo; • Trazer os debates atuais para dentro da sala, buscar soluções em grupo, ouvir e dar sugestões; • Estimular debates dentro da sala, um grupo defendendo e outro contra a questão levantada; • Sancionar prêmios de boas ideias, condutas e práticas; • Sancionar ações em relação aos agressores, levando-o a se responsabilizar, refletir e reparar sobre as atitudes efetivadas; • Promover grupos com assembleias e (re)avaliações constantes verificando as condutas, as relações, as regras e as convivências dentro do cotidiano escolar; • Fazer uso das metodologias ativas, para que os alunos possam aprender a trabalhar em grupo, ter relações de respeitocom os pares e a conviver com o diferente; • Usar redes sociais, desenho, música, filmes, poesia e a arte para anunciar ou denunciar comportamentos, sentimentos e ideias. Escola • Capacitar professores e funcionários para a convivência no ambiente escolar; • Fazer reuniões e estudos de temas sociais-históricos- culturais; • Desenvolver palestras com profissionais diversos trazendo temas atuais relacionados à saúde e convivência de maneira geral, prevenindo e formando um ambiente em que todos possam se responsabilizar por suas escolhas e ações; • Estabelecer a parceria com a família e criar um plano de ação com os pais, mantendo-os informados por meio de reuniões individuais, também com palestras de atuação e prevenção de como atuar no século XXI; • Planejar junto aos pais dinâmicas de sensibilização, deixando- os motivados a apoiar a escola, incentivando valores éticos e de cidadania; • Colocar “guardiões” no lanche, pátio, quadra... pessoas que possam interagir com os alunos, criando estratégias de confiança, superação, fortalecimento emocional; • Providenciar um canal de apoio e proteção às vítimas, ouvindo-as, dialogando, e ajudando na superação/ enfrentamento das questões trazidas pela efetivação do cyberbulling e o bullying; • Nas conversas individuais, o professor/mediador poderá buscar entender com a vítima o que aconteceu por meio das seguintes questões: O que houve? Como você se sente? O que podemos fazer para ajudar? Como você gostaria que essa situação fosse resolvida?; • Já com o agressor, o mediador poderá perguntar: Por que você teve essa ação? Como você se sentiu após o ocorrido? O que fez com que você tivesse essa atitude? Foi planejado ou impulsivo? O que você pode mudar para que isso não ocorra mais? Como você poderá reparar essa ação?; • O mediador ainda deverá dialogar com o grupo de alunos e envolvidos buscando prevenções, trazer estratégias de atuação para o corpo docente, propor junto à direção outras medidas éticas; • A direção deverá reunir-se com a família dos envolvidos e também buscar soluções e ideias de fortalecimento para todos. Em relação ao ciberbullying, a função da escola é orientar os alunos a se posicionarem frente às situações que os incomodam, contar com o apoio de adultos envolvido no contexto escolar, orientá-los para não fornecerem senhas (contas bancárias, cartões) e nem darem dados pessoais aos colegas. Os alunos precisam ser alertados sobre os tipos de crimes e consequências que se dão em torno desse fenômeno. Ao ser verificado os traços e mudanças no comportamento dos estudantes é fundamental dialogar, para que a vítima saiba que ela não é culpada e possa receber o apoio emocional dos familiares, educadores e amigos. Muitos têm dificuldade para sinalizar que não estão bem e não conseguem fazer frente às agressões sofridas, por isso é tão importante o apoio, sem julgamentos, da escola, família e dos amigos. 11 As Nações Unidas realizaram no ano passado uma pesquisa em 18 países (com 100 mil crianças e jovens) e metade deles afirmaram ter sofrido algum tipo de bullying, por razões associadas à aparência física, gênero, orientação sexual, etnia ou país de origem. Os números constam no relatório “Pondo fim à tormenta: combatendo o bullying do jardim de infância ao cyberespaço”, realizado pelo representante do secretário-geral da ONU para o combate à violência contra a criança e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Segundo os dados da UNICEF (2016), no Brasil 43%, das crianças ou adolescentes já sofreram algum tipo de bullying, já em outros países as taxas são: Argentina (47,8%), Chile (33,2%), Colômbia (43,5%) e Uruguai (36,7%). Em países desenvolvidos, a taxa também gira em torno de 40% a 50%, como é o caso de Alemanha (35,7%), Noruega (40,4%) e Espanha (39,8%). Em nosso país, esse fenômeno é observado, principalmente, em relação aos atos agressivos entre alunos nas escolas, este pode ser motivado também por racismo, homofobia, xenofobia e outros tipos de discriminação, tornando-se um ato criminoso. Um diagnóstico Participativo das Violências nas Escolas em 2016, afirmou que 70% dos jovens, alegaram ter visto algum tipo de agressão na escola. O IBGE de 2015, confirmou que 21% dos estudantes já praticaram algum tipo de bullying. A violência é um dos problemas sócio-histórico-ideológico- cultural, associado também às questões relacionais humanas, e se observarmos a história do mundo, veremos que ela está presente na sociedade em várias instâncias e por vários motivos comedidos pela falta de respeito e tolerância à diversidade, ao diferente. O fenômeno da violência sendo intenso e duradouro se faz presente, e os estudos mais específicos sobre a violência que o bullying suscita iniciaram aqui, no final da década de 1990 e início do ano 2000, demonstrando a incipiência da produção científica brasileira. Observa-se que no Brasil, houveram alguns casos com consequências mais graves com atos de homicídio e suicídio. Em 2017 o Ministério da Saúde afirmou que desde de 2002, a taxa de suicídio teve um aumento de dez pontos percentuais entre os jovens de 15 a 29 anos. Ancorados nos índices, nas pesquisas e nas notícias divulgadas pela mídia, relembramos abaixo os casos mais marcantes em nosso país: “Será só imaginação? Será que nada vai acontecer? Será que é tudo iSSo em vão? Será que vamos conseguir vencer? ...Nos perderemos entre monstros Da noSSa própria criação... Ficaremos acordados, imaginando alguma solução, pra que eSSe noSSo egoísmo, não destrua noSSo coração” (Renato RuSSo – Será) 4. ÍNDICES ESTaTístiCOS NO BRASIL E NO MUNDO 47,8% 33,2% 36,7% 43% 43,5% 39,8% 40,4% 35,7% 12 Guarulhos (2009), uma menina vítima constante de bullying foi espancada na rua por outra adolescente até perder a consciência, enquanto outros adolescentes filmavam e riam. Porto Alegre (2010), um jovem foi vítima de homicídio por arma de fogo, num suposto caso de bullying. MaSSacre de Realengo (2011), ao qual foi atribuído uma vingança por bullying, um ex-estudante matou 12 crianças de uma escola com tiros de REVÓLVER suicidando-se depois. Suzano, São Paulo (2019), dois ex-alunos, de 17 e 25 anos, entraram encapuzados na Escola Estadual e efetuaram diversos disparos, matando oito funcionários e alunos, deixando diversos outros feridos. A mãe de um dos atiradores de Suzano, diSSe que o adolescente havia deixado a escola por ser alvo de bullying. Após o ato de ataque os atiradores cometeram suicídio. João PeSSoa, Paraíba (2012), um adolescente de 16 anos atirou em três alunos de uma Escola Estadual, elas estavam próximas ao alvo, um outro aluno de 15 anos com quem o atirador havia discutido dias antes. As vítimas atingidas sobreviveram aos ferimentos. Goiânia, Goiás (2017), um estudante de 14 anos disparou contra colegas dentro do colégio particular de ensino fundamental e médio. Dois estudantes morreram e quatro ficaram feridos. O adolescente, filho de policiais militares, usou uma arma da mãe para aSSaSSinar os colegas. Ele relatou à polícia que o motivo do crime foi o bullying de outros estudantes. Medianeira, Paraná (2018), um adolescente de 15 anos atirou em seus colegas de claSSe do Colégio Estadual, dois alunos ficaram feridos. O adolescente afirmou à polícia que sofria bullying na escola e tinha objetivo de atirar em pelo menos nove colegas. 13 Tragédias como essas citadas alteram, comprometem e interferem no desenvolvimento humano, podendo afetar crenças pessoais, perspectivas futuras de vida e a saúde de diferentes formas. O bullying aparece como um fator comum em 87% dos casos de atiradores que dispararam contra alunos nas escolas, e que se enquadra nas categorias de rejeição, faz com que a pessoa que sofre tal tipo de violência não se sinta aceita, valorizada e apreciada, além de comumente envolver a humilhação pública. Além de sofrer bullying, dados indicamque tais indivíduos responsáveis pelos ataques podem ser simplesmente tímidos ou excêntricos, com características pessoais não valorizadas pelos outros. Mesmo com os índices citados anteriormente, os Estados Unidos lideram o ranking desse tipo de violência, com 288 ataques às escolas nos últimos dez anos e com ocorrências até 57 vezes mais frequentes que em outros países, nos quais também houveram episódios similares. Nessa perspectiva, o filósofo psicólogo norte- -americano William James, afirma que “se ninguém se vira quando entramos, responde quando falamos, ou se importa com o que fizemos, e se todas as pessoas que encontramos nos ignoram completamente e agem como se fôssemos coisas não existentes, uma espécie de raiva e sentimento de abandono nos acomete, da qual a mais cruel dor corporal seria um alívio”. Essa afirmação nos leva a entender que embora a rejeição social seja um fator de maior prevalência, estudos indicam que atiradores que cometeram crimes em escolas apresentavam 3 principais fatores de risco: 1 - problemas psicológicos, como depressão, hiperagressividade ou tendências sádicas; 2 - interesse extremo em armas e explosivos; 3 - fascínio com a morte e outros temas mórbidos. O bullying e suas tragédias, além de causarem dor, perda, trazem à população uma sensação de insegurança social educacional, o que demonstra que estamos vivendo tempos sombrios de desajustes sociais de intolerância. No Brasil cabe ao Ministério Público (MP) garantir o cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, com o objetivo de impedir e também sancionar qualquer infração que coloque em risco a integridade de crianças e adolescentes. Os atos de bullying praticados por crianças e adolescentes, quase sempre são atos infracionais. Acompanhar as escolas e apoiar os envolvidos no processo escolar para pensarem em soluções preventivas, também é tarefa do MP. É importante, ainda, estimular o debate sobre esse tema com toda comunidade escolar e a realização de atividades preventivas, como previsto na Lei 13.185 que instituiu o Programa Nacional de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) no Brasil (lei que foi instituida em 2015 e entrou em vigor em 2016) é de extrema importância, uma vez que todos os seres humanos devem ser respeitados em suas diferenças. Sendo assim, por desrespeitarem os princípios constituintes, a conduta de que a prática bullying configura ato ilícito traz o Código Civil que determina, que todo ato ilícito que cause dano a outrem gere o dever de indenização. Então, esse ato também pode se enquadrar no Código de Defesa do Consumidor, visto que as escolas são prestadoras de serviço aos consumidores e, portanto, responsáveis por atos de bullying que ocorram em seu contexto. Também temos o contexto do cyberbullying, que quando praticados pelos estudantes menores de 18 anos, caberá ao Ministério Público (com atribuição na Vara da Infância e da Juventude) pleitear ao juiz competente a apuração do ato infracional. Esse órgão contará ainda com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) na aplicação de medidas socioeducativas. Devido os índices crescentes de violência e agressões, seja em espaços reais ou virtuais, o Congresso Nacional sancionou a Lei 13.819 (de 26 de abril de 2019), que institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. Essa lei vem como mais uma estratégia permanente do poder público para a prevenção e para o tratamento dos condicionantes em relação à violência autoprovocada. Como pudemos observar ao longo da revista, o bullying afeta milhões de jovens em todos os contextos mundiais educativos, caracterizando-se como o mais comum e relevante conflito em espaço escolar, afetando a autoestima dos envolvidos. 14 Assim como na história da humanidade, mas precisamente entre os gregos com suas tragédias, bullying é constituído por personagens e enredos, ofertadas por mecanismos que operam nas violências provocadas pelo preconceito, não aceitação, falta de respeito e empatia às diferenças, portanto, é nessa dramática realidade, em que a vítima fica infeliz e os espelhos refletem um mundo doente. A vítima pode ser classificada, segundo pesquisadores, em três tipos: • Vítimas típicas: são pessoas que apresentam pouca habilidade de socialização, geralmente demonstram timidez, passividade, submissão, insegurança, falta de coordenação motora, baixa autoestima, além de alguma dificuldade de aprendizado, ansiedade e aspectos depressivos. Também trazem traços característicos físicos que não se enquadram nos padrões impostos por determinados grupos, tais como estatura, peso, cor, etnia, orientação sexual diferente, credo, condições socioeconômicas. Devido à dificuldade de se impor ao grupo, tanto física quanto verbal, por não disporem de recursos ou habilidade para reagir assertivamente às agressões dirigidas a ela, tornam-se alvos “fáceis” para os agressores. • Vítimas provocadoras: são pessoas capazes de provocar reações agressivas em seus colegas. Geralmente briga ou responde quando se sente atacada ou insultada, mas não obtém bons resultados. Traz características de imaturidade, impulsividade e hiperatividade, estando sempre inquieta, dispersa e ofensora. É, de modo geral, imatura, de costumes irritantes e quase sempre é responsável por causar tensões no ambiente em que se encontra. • Vítimas agressoras: são pessoas que reproduzem os maus-tratos sofridos como forma de compensação, buscando vítimas mais frágeis e vulneráveis, cometendo contra elas todas as agressões sofridas na escola, ou em casa, transformando o bullying em um ciclo vicioso. Alguns comportamentos: • Baixo rendimento escolar; • Doenças inventadas (dor de cabeça, náuseas...); • “Perda” de objetos com frequência dentro da sala de aula; • Mudanças repentinas de humor; • Hematomas e ferimentos ao longo dos períodos escolares; • O uso, porte ou manuseio inadequado de objetos que não fazem parte do contexto escolar (objetos pontiagudos etc); • Isolamento social ou predileção por adultos; • Perda de autoconfiança; • Desmotivação e insegurança na efetivação de tarefas e condutas escolares; • Falas com conceito de si mesmo “distorcido” em relação à competência acadêmica, conduta e aparência; • Linguagem corporal com ombros curvados, cabeça baixa, sem manter olhos nos olhos nos diálogos O agressor pode ser de ambos os gêneros, possui características de desrespeito e maldade, tem caráter violento 5. OS ENVOLVIDOS: VÍTIMAS, AGRESSORES, oBSERVADORES E MEDIADOREs “Quem me dera ao menos uma vez, acreditar por um instante em tudo que existe, e acreditar que o mundo é perfeito, e que todas as peSSoas são felizes... Quem me dera ao menos uma vez, que o mais simples foSSe visto como o mais importante, mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente.” (Renato RuSSo – Será) 15 e perverso, com poder de liderança, obtido por meio da força física ou da agressividade psicológica. Age sozinho ou em grupo, e quando acompanhado de seus “seguidores” ganha força e reforço exponencial, ampliando seu território de ação e sua capacidade de produzir outras vítimas. Outra característica do agressor, são aversões às regras e às normas impostas – apresentadas desde pequenos, pois, não gostam de ser contrariados, não aceitam ser frustrados e se envolvem em pequenos delitos tais como: furto, roubo, depreciação de patrimônio público ou privado e vandalismo. Essas pessoas apresentam afetividade deficitária em relação aos outros, possuem ausência de remorso ou culpa, maltratam animais, colegas, irmãos, funcionários da casa, da escola ou da sociedade. Geralmente é oriundo de uma família desestruturada, em que há parcial ou total ausência de afetividade. Seu desempenho escolar é deficitário, mas isso não configura uma dificuldade de aprendizagem, já que muitos apresentam nas séries iniciais rendimento normal ou acima da média. Alguns comportamentos: • Apresentampostura ereta, arrogante, com ar de superioridade e cheia de conflitos; • Demonstram atitudes hostis e desafiantes em relação aos professores e familiares; • Usam olhares de raiva e força física para amedrontar; São convincentes em sair de situações difíceis; • Buscam exteriorizar sua autoridade em todas as situações e com as pessoas; • Portam objetos e dinheiros, e, muitas vezes, “não” explicam ao certo de onde vieram; • Legitimam a violência como forma de obter uma boa imagem de si; • Permanecem egocêntricos e querem sempre levar vantagens; • Demonstram insensibilidade moral com a dor dos outros. • Sentem-se superiores quando conseguem humilhar e magoar seus alvos. Os observadores são pessoas passivas e adotam a “lei do silêncio”. Testemunham a tudo, mas não tomam partido, nem saem em defesa do agredido por medo de serem a próxima vítima. Muitas vezes recebem “ameaças” dos agressores. Há dois tipos de influenciadores: • Ativos - são as pessoas que não participam ativamente da agressão ou ataques, mas manifestam apoio “moral” ao agressor, dando risadas, palavras de incentivo, filmando, divulgando a situação, isto é, não se envolvem diretamente, mas se divertem e vibram com o que estão vendo. Ressaltamos que eles se “camuflam” de boas pessoas, mas, muitas vezes, ajudam nas articulações. • Neutros – são pessoas que não concordam com o agressor e até repelem as atitudes dos bullies, mas não se manifestam, pois parecem estar acometidos por uma “anestesia emocional”, sentem-se de mãos atadas, em função do contexto social em que se encontram, sendo assim, se omitem aos ataques de bullying, porém essa omissão contribui para o crescimento da violência, alimenta a impunidade e ajuda na discriminação do ciclo desse fenômeno violento. Aqui ainda temos além da postura a passiva, repelida por medo de se tornarem futuras vítimas. Alguns comportamentos: • Mantem o silêncio em relação ao que presenciam, ouvem ou observam; • Não demonstram um comportamento marcante; • Quando é uma pessoa ansiosa, tende a contar reproduzindo histórias de bullying, mas afirmam serem fatos que souberam, mas jamais presenciaram; • Citam e indicam músicas, filmes e séries contra violência, como se tivessem a favor da cultura da paz, negando suas atitudes. Os mediadores são pessoas atentas às variações comportamentais dos grupos escolares, consideram- se partícipes atuantes para a erradicação do fenômeno bullying, reconhecem que o fenômeno existe e atinge as 16 pessoas dentro dos espaços escolares. Compreendem que o bullying é fruto da intolerância, de não reconhecer o outro e querer que ele seja igual a você, não respeitando as diferenças, mas eles acreditam que os comportamentos são mutáveis e moldados. Na escola os mediadores observam as características de todos envolvidos, que já foram citados anteriormente. Dentro da sala de aula, na maioria das vezes, os agressores maltratam suas vítimas tirando sarrinhos, zombando, sacaneando ou fazendo gestos inconvenientes, dando risadinhas, ameaçando com olhares e expressões faciais. A vítima, por sua vez, fica cada vez mais isolada, excluída, rejeitada pelos grupos que não a querem por perto por medo de se tornarem as próximas vítimas. Por essas razões, os mediadores mantêm contato com a família, trazem assuntos sociais para debates em sala de aula, fazem reflexão sobre polêmicas, estão atentos às mudanças de maneira geral: comportamentos atitudinais, corporais e visuais. Compreendem também que é na aparência que reside boa parte da insegurança do jovem, que ainda está desenvolvendo o corpo e a identidade, e é no corpo diferente que surge a centelha para uma piada de mau gosto que pode repercutir na autoestima da criança ou jovem. Então, é necessário abrir a escola e conversar sobre o tema, com especialistas convidados, por meio de rodas de debates e de compartilhamentos sobre sentimentos. Também pode- se levantar discussões em sala de aula relacionadas ou não ao conteúdo didático, criando oportunidades de ampliar o diálogo sobre a elaboração dos sofrimentos (coletivos e individuais) gerados por esse fenômeno construindo outros e novos significados para além da violência. “Nos deram espelhos e vimos um mundo doente” diz a epígrafe, mas estamos unindo possibilidades e buscamos a erradicação desse assunto tão polêmico, atual e triste que é o bullying e o cyberbullying, sabemos que a mudança deve começar em cada um de nós, pois como afirmou Khalil Gibran “as grandes dores são mudas”, e com essa proposta queremos dar voz a esses sentimentos que causam medo, dor e receio. Com base no Protocolo de intervenção após casos de violência em contextos escolares, desenvolvido pelos membros do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (Gepem), da UNESP e UNICAMP, os passos a seguir trazem sugestões de atividades trabalhadas pelo Programa Escola da Inteligência tanto na prevenção contra o bullying, por meio do desenvolvimento de habilidades socioemocionais nos alunos, como na intervenção socioemocional após episódios de violência em contextos escolares. Ressalta- se que no material destinado às famílias neste ano de 2019, cujo título é “Juntos em família: o desafio de educar filhos emocionalmente saudáveis”, no Capítulo 3 - Família e Escola, trouxemos essa temática, com o intuito de envolver também a família no processo de conscientização, prevenção e possíveis intervenções no combate ao bullying. A seguir, apresentamos algumas atividades contempladas nas aulas do Programa EI: 6. Atividades contempladas no Programa EI 17 A Escola da Inteligência trabalha em seus conteúdos a importância da Gestão da Emoção, essa competência contempla habilidades desde a capacidade de reconhecer as emoções em si e no outro, aprender a nomeá-las para então conseguir de maneira assertiva comunicar o que está sentindo. Como também a capacidade de autogestão, proteção da emoção entre outros. Portanto aprender a reconhecer as emoções em nós e no outro, nomear o que sentimos e, principalmente, geri-las é fundamental para que possamos ser mais abertos às diferenças e que a convivência saudável seja garantida. Desde os anos iniciais da criança na escola, é importante que ela entenda o que está sentindo e consiga expressar esses sentimentos. Para isso, o material O brilho da inteligência, da Educação Infantil, em todas as lições, traz uma atividade de autoavaliação da criança: como estou me sentindo hoje? Nessa atividade, os alunos irão se olhar no espelho e, a partir da sua expressão facial, identificar qual expressão do personagem retratado corresponde ao que ela está sentindo naquele dia. Essas informações serão essenciais para que família e a equipe escolar possam acompanhar o processo de adaptação da criança na escola e o seu estado emocional, transmitindo às famílias como a criança tem se sentido ao longo das aulas. Visto também que, a partir disso, irão compreender melhor o que estão sentindo e o porquê, adquirindo confiança para expor a um adulto responsável quando se sentir triste, por exemplo, em casos de bullying. COMO ESTOU ME SENTINDO HOJE? CADA UM DE NÓS TEM UM JEITINHO ESPECIAL DE SER E DE SENTIR, POR ISSO SOMOS TODOS ÚNICOS E ESPECIAIS! MARQUE NA CARINHA DO DIGALÁ COMO VOCÊ ESTÁ SE SENTINDO HOJE. POR QUE VOCÊ ESTÁ SE SENTINDO ASSIM? ALEGRE COM MEDO TRISTE BRAVO MUITO TRISTE E CHORANDO DOENTE/”DODÓI” NOME: DATA: 1º PASSO – EXPRESSÃO DOS SENTIMENTOS Essa temática também é contemplada no Ensino Médio: Material: Identidade a liderança do Eu - Parte 2. Série: 1ª. Conteúdo: Aula 8 – Gerenciando as emoções. Material: O Eu em cena - Parte 2. Série: 2ª. Conteúdo: Aula 7 – Gênero Drama. Material: ENEM, Vestibular e Profissão – Gestão da Emoção - Parte 1. Série: 3ª. Conteúdo: Aula 1 – Como será o amanhã? A seguir conteúdos disponíveis no Portal Inteligência Jovem: Vídeo: Como reconhecer suas emoções. Aula: Reconhecer as emoções. Vídeo: Protegera emoção. Aula: Proteger a emoção. Vídeo: Administrar a emoção. Aula: Administrar a emoção. MATERIAL DO PROFESSOR EEC_P2_CAPA_PROFESSOR_205x275mm.indd 1 12/04/2019 11:03:17 PARTE 2 MATERIAL DO PROFESSOR IALE PROFESSOR PARTE 2.indd 1 18/04/2019 09:30:21 PARTE 1 EN SI NO M ÉDI O 3 Série a Capa_VPGE_41,6x27,6cm_PROFESSOR.indd 1 22/10/2018 12:25:21 18 A comunicação é determinante para a convivência podendo ser fonte de problemas ou de soluções a partir de como se dá essa comunicação. Sendo assim trabalhamos em nossos conteúdos da Escola da Inteligência a Comunicação Multifocal como a competência que promove relações saudáveis por meio do desenvolvimento das habilidades de argumentação, comunicação assertiva, comunicação não- violenta, percepção do outro, arte de ouvir, entre outras. Dando continuidade, no material As relações saudáveis, Parte 1, Lição 02, há a atividade assembleia da proteção emocional. A atividade, baseada no diálogo, permite aos alunos que aprendam a ouvir e falar, incorporando esse exercício e tranformando-o em um hábito. Nessa atividade, eles receberão situações-problema, como por exemplo uma criança que provoca e humilha a outra criança. A proposta é que eles leiam essas situações e debatam se essa atitude é saudável ou não saudável e qual atitude poderiam ter para proteger a emoção, respeitando o ritmo e a opinião de cada colega. LIÇÃO 02 LICAO_02_ALUNO_RelacoesSaudaveis_LICAO_02_ALUNO_RelacoesSaudaveis 20/12/2012 20:07 Page 26 SITUAÇÃO-PROBLEMA 1 UM MENINO ESTÁ JOGANDO FUTEBOL COM OS AMIGOS; ELE CHUTA A BOLA E ERRA O GOL. DOIS MENINOS DO TIME ADVERSÁRIO COMEÇAM A RIR E A FAZER PROVOCAÇÕES, COLOCAN- DO APELIDOS NELE E O DIMINUINDO. GRUPO 1 VAMOS PENSAR? 1) Por que os meni- nos do time adversário sentiram necessidade de provocar o colega? 2) A atitude deles é uma atitude saudável ou não saudável? Por quê? GRUPO 2 VAMOS PENSAR? 1) Vocês concordam com o Grupo 1? Por quê? 2) Imagine que o me- nino aceita as provoca- ções e também provoca os colegas. Por que ele teria essa atitude? 3) Esta atitude SERIA SAUDÁVEL PARA ELE? Por quê? GRUPO 3 VAMOS PENSAR? 1) Ao receber as pro- vocações, o menino pode escolher ter uma atitude saudável para si mesmo e para os ou- tros? 2) Qual atitude ele pode ter para proteger a sua emoção? 88 2_RS_As_Relações_Saudaveis_P1_2017_ALUNO.indd 88 08/01/2019 09:27:12 O Programa da Escola da Inteligência configura-se em um espaço para os alunos serem ouvidos, para o diálogo, exercício da empatia, ou seja, uma aula destinada para acolhimento das emoções e desenvolvimento das competências socioemocionais como recurso para que os alunos possam lidar com os desafios da vida. Na aplicação do programa, em todo início de ano letivo, constam nos materiais duas aulas iniciais que visam trabalhar com os alunos o reconhecimento desse espaço e os combinados de convivência que garantam a boa convivência e a escuta empática. Além desse trabalho inicial, a escuta empática e a empatia são amplamente trabalhadas com os alunos, ao longo do ano. No material A olimpíada da inteligência, Parte 1, Lição 4, 3º PASSO – ESCUTA EMPÁTICA (FALAR SOBRE O QUE ACONTECEU) 2º PASSO – ASSERTIVIDADE NA COMUNICAÇÃO DOS SENTIMENTOS A Comunicação Multifocal também é desenvolvida no Ensino Médio: Material: Identidade: a liderança do Eu - Parte 1. Série: 1ª. Conteúdo: Aula 6 - Comunicação Multifocal. Material: ENEM, Vestibular e Profissão – Gestão da Emoção - Parte 2. Série: 3ª. Conteúdo: Aula 8 – Modo On-line Consciente. A seguir conteúdos disponíveis no Portal Inteligência Jovem: Vídeo: Saber ouvir. Aula: A arte de ouvir. Vídeo: Comunicação assertiva. Aula: Comunicação assertiva. Vídeo: Comunicação não violenta. Aula: Comunicação não violenta. PARTE 2 Capa_EVPGE_P2_20x27cm_PROFESSOR_impressao.indd 1 18/04/2019 17:03:41 EN SI NO M ÉDI O 1ª Série PARTE 1 Capa_Iale.indd 1 23/10/2018 10:59:07 19 4º PASSO – REFLEXÃO SOBRE AÇÕES QUE PODERIAM PREVENIR O FATO No programa EI abordamos temáticas tais como respeito a diversidade, senso de coletivo, cooperação, pensar como espécie, entre outras competências que tem por objetivo trabalhar a intolerância, discriminação, desrespeito, egoísmo, individualismo etc. Esses conteúdos além de conscientizar os alunos sobre os desdobramentos de seus atos considerando o impacto social, ainda incentiva-os a serem protagonistas de mudanças sociais, adotarem posturas, criarem ações e campanhas de conscientização que contribuam para a promoção da convivência saudável não é trabalhada a história em que o grilo Digalá é ameaçado pelo gavião Gino. Digalá é incentivado pelo professor Corujão a contar sobre o que está acontecendo com ele, aprendendo sobre o significado de confiança. Durante toda a lição, há dinâmicas e atividades que envolvem os alunos e os incentivam a pensar sobre o que são segredos saudáveis e segredos não saudáveis e sobre confiar em alguém para contar seus segredos. Dessa forma, quando as crianças se depararem com alguma situação difícil, saberão identificar qual emoções estão sentindo, se essa emoção pode ser um segredo saudável ou não saudável, e se não for saudável, contar a um adulto responsável e de confiança para que ele possa ajudá-las. No livro do alu No pág. 175. OLIMPIADA_PROFESSO_PARTE 1.indb 190 27/12/12 12:11 No livro do aluNo pág. 174. OLIMPIADA_PROFESSO_PARTE 1.indb 191 27/12/12 12:11 EM UM DIA ENSOLARADO, UM CASAL DE VAGA-LUMES PASS EAVA TRANQUILAMENTE PELA FLORESTA, QUANDO AVISTOU UM BEBEZINHO GRILO TODO ENROLADINHO, SOZINHO EM UMA FOLHA. VEJA SÓ, QUERIdO, UM bEbê GRILO AbANdONAdO! PUXA, COMO PUDERAM FAZER ISS O? UM BEBÊ PRECISA DE CUIDADOS. DIGALÁ APRENDENDO SOBRE CONFIANÇA Parte 1 MATERIAL DO ALUNO • 203 235 EI_OI_P1_2017_PROFESSOR.indd 235 07/01/2019 15:46:19 Essa temática também é contemplada no Ensino Médio: Material: Identidade: a liderança do Eu - Parte 1. Série: 1ª. Conteúdo: Aula 1 – Quem eu sou no mundo? Material: Identidade: a liderança do Eu - Parte 1. Série: 1ª. Conteúdo: Aula 2 – Ética e Sociedade. Material: O Eu em cena - Parte 1. Série: 2ª. Conteúdo: Aula 1– Qual personagem sou eu? Material: O Eu em cena - Parte 1. Série: 2ª. Conteúdo: Aula 2– Boa convivência nos bastidores. Material: O Eu em cena - Parte 2. Série: 2ª. Conteúdo: Aula 9 – Gênero Comédia. Material: ENEM, Vestibular e Profissão - Parte 1. Série: 3ª. Conteúdo: Aula 2 – Combinados de Convivência. A seguir conteúdos disponíveis no Portal Inteligência Jovem: Vídeo: Empatia. Vídeo: Altruísmo. EN SI NO M ÉDI O 2ª Série EEC_CAPA_ALUNO_205x275mm.indd 1 07/11/2018 08:51:02 EN SI NO M ÉDI O 1ª Série PARTE 1 Capa_Iale.indd 1 23/10/2018 10:59:07 MATERIAL DO PROFESSOR EEC_P2_CAPA_PROFESSOR_205x275mm.indd 1 12/04/2019 11:03:17 PARTE 1 EN SI NO M ÉDI O 3 Série a Capa_VPGE_41,6x27,6cm_PROFESSOR.indd 1 22/10/2018 12:25:21 20 Querido professor, auxilie nossos alunos a desenvolver a consciência de um Eu que aprende a duvidar de seus pensamentos negativos e seus sentimentos ruins, que o aprisionam, e a criticá-los; um Eu que determina desenvolver sua mente brilhante. Assim, contribuiremos para que não se tornem vítimas de sua história, mas, sim, autores principais desse grande espetáculo: a mente humana. Usaremos da analogia de uma audiência jurídica para representarmos de maneira lúdica a ferramenta D.C.D. (Duvidar, Criticar, Determinar). C) DINÂMICA: TRIBUNAL DO EU O que fazer quando aqueles pensamentos ruins invadem nossa mente e tentam nos roubar a vontade de continuar? São acusações e sentenças de todos os lados, tornando-nos réus num tribunal... O tribunal do EU! E você deve estar aí se perguntando: tribunal do EU? Como assim? Nossa mente é um universo repleto de pensamentos, emoções, ideias, imagens, lembranças. Diante de tudo que se passa em nossa mente, em determinados momentos precisamos fazer um julgamento: duvidando, criticandoe, então, determinando o que fazer. Se liga na dinâmica! 29 LIÇÃO 01 OBJETIVO Levar nossos alunos a entender e a praticar o D.C.D. PROCEDIMENTO Antes de tudo, retome as sugestões, que foram anotadas no quadro, dadas pelos alunos na seção “Quebra-gelo” e explique rapidamente que as principais ferramentas para a limpeza da mente são a “arte da crítica”, a “arte da dúvida” e a “arte da determinação”. Após essa breve explanação, divida a sala em dois grupos. O grupo1 incorporará os pensamentos negativos e os sentimentos de inferioridade. Esse grupo terá 5 minutos para criar uma argumentação negativa que será “lançada” sobre o outro grupo. O grupo 2 estará representando um “EU ATIVO”, que irá DUVIDAR da argumentação que te n t a d i m i n u í - l o e aprisioná-lo e CRITICÁ-LA, determinando que aquilo que foi lançado pelo grupo 1 não irá acontecer. Mentes Brilhantes - PARTE 01 40 Lição 01 8_MB_P1_professor.indd 40 08/01/2019 10:56:09 Os seguintes conteúdos são contemplados no Ensino Médio: Material: Identidade: a liderança do Eu- Parte 1. Série: 1ª. Conteúdo: Aula 4 – Identidade. Material: Identidade: a liderança do Eu - Parte 2. Série: 1ª. Conteúdo: Aula 7 – Corpo e Sexualidade à luz de um Eu autêntico. Material: O Eu em cena - Parte 1. Série: 1ª. Conteúdo: Aula 6, Parte E – Projeto Luz, Câmera, Ação! Material: O Eu em ccena - Parte 2. Série: 1ª. Conteúdo: Aula 11, Parte E – Projeto Luz, Câmera, Ação! A seguir conteúdos disponíveis no Portal Inteligência Jovem: Vídeo: Miss Bélgica e um caso de racismo. Vídeo: Raciocínio Multifocal. Aula: Raciocínio Multifocal para resolução de problemas. Vídeo: Autocrítica. Vídeo: Competência Social só no ambiente escolar como também em nossa sociedade. É muito importante que os alunos consigam compreender o que aconteceu e como lidar com essa situação, para isso a Teoria da Inteligência Multifocal ( TIM), nos apresenta a técnica do D.C.D. (Duvidar, Criticar e Determinar). Dentre vários materiais que apresentam essa técnica, o livro Mentes brilhantes, emoções saudáveis, Parte 1, Lição 1, nos traz a dinâmica tribunal do Eu, na qual os alunos aprenderão a desenvolver a consciência de que um Eu que aprende a duvidar de seus pensamentos negativos, como, por exemplo, de um sentimento de culpa; criticar, a partir desses sentimento, o que poderiam ou não ter feito para que aquela situação não ocorresse e determinar que podem falar sobre o que acreditam que pode ser uma situação de risco daqui para frente. PARTE 2 MATERIAL DO PROFESSOR IALE PROFESSOR PARTE 2.indd 1 18/04/2019 09:30:21 EN SI NO M ÉDI O 1ª Série PARTE 1 Capa_Iale.indd 1 23/10/2018 10:59:07 EN SI NO M ÉDI O 2ª Série EEC_CAPA_ALUNO_205x275mm.indd 1 07/11/2018 08:51:02 MATERIAL DO PROFESSOR EEC_P2_CAPA_PROFESSOR_205x275mm.indd 1 12/04/2019 11:03:17 21 O Programa EI contempla a promoção da competência Autoconhecimento, dessa maneira criam-se oportunidades dos alunos reconhecerem suas características, o que sentem, pensam, apreciam, bem como o que almejam, quais são seus desafios, necessidades e assim possam aprender a ter um olhar de compaixão para si mesmo e terão melhores recursos para nutrir a sua autoestima. Por sua vez, trabalhar a autoestima contribui para o aumento do limiar de resiliência e autodesenvolvimento. O aluno consegue com mais êxito proteger sua emoção, visando diminuir os impactos das comparações, fracassos, ofensas e conflitos em sua psique, como também melhorar a qualidade dos seus relacionamentos interpessoais. Na história presente no material A inteligência saudável, Parte 2, Lição 6, o canário Cantor perde seu pai e é incentivado a falar sobre o trauma e a superá-lo. A lição e as atividades, por tratarem de um assunto delicado, trazem reflexões para que os alunos possam entender o que estão sentindo e a necessidade de falar sobre esses sentimentos, a fim de que possam superar o acontecimento. LICAO_06_aluno_Layout 1 21/09/2011 20:39 Page 2 AULA 1 A) TRABALHANDO A HISTÓRIA: “CANTOR, UM CANÁRIO QUE ENFRENTOU UMA PERDA” COMPARTILHANDO COM A MINHA FAMÍLIA O QUE A ESCOLA DA INTELIGÊNCIA TEM ME ENSINADO 1) Todo ser humano se decepciona e passa por perdas e frustrações, o grande diferencial está na capacidade do Eu em reconstruir a sua história. 2) É necessário aprender desde cedo que o medo pode transformar pequenas difi culdades em monstros aos nossos olhos. 3) Se não trabalharmos nossos medos, perdas e frustrações, podere- mos ser prisioneiros em uma sociedade livre, presos dentro de nós mes- mos. 58 As aulas da EI desenvolvem o valor da amizade por meio das competências empatia, solidariedade, altruísmo, assim damos aos alunos o repertório não só de pedir e oferecer ajudas às pessoas próximas como também a promover a qualidade de seus relacionamentos interpessoais e o exercício da 6º PASSO – REFLEXÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA AJUDA Os seguintes conteúdos são contemplados no Ensino Médio: Material: Identidade: a liderança do Eu - Parte 2. Série: 1ª. Conteúdo: Aula 9 – Ter um Eu Líder ou um Eu Frágil: Quem decide? Material: O Eu em cena - Parte 1. Série: 1ª. Conteúdo: Aula 3 – Gênero aventura! Material: O Eu em cena - Parte 1. Série: 2ª. Conteúdo: Aula 5 – Gênero Romance. Material: ENEM, Vestibular e Profissão – Gestão da Emoção - Parte 1. Série: 3ª. Conteúdo: Aula 5 – O Código da Autocrítica e da Autoestima A seguir conteúdos disponíveis no Portal Inteligência Jovem: Vídeo: Autoestima. Aula: Promover a autoestima. Vídeo: Autoestima e a ditatura da beleza. Vídeo: Macaulay Culkin: críticas e autoestima. 5º PASSO – AUTOCONHECIMENTO E PERCEPÇÃO DE SI EN SI NO M ÉDI O 2ª Série EEC_CAPA_ALUNO_205x275mm.indd 1 07/11/2018 08:51:02 PARTE 2 MATERIAL DO PROFESSOR IALE PROFESSOR PARTE 2.indd 1 18/04/2019 09:30:21 PARTE 1 EN SI NO M ÉDI O 3 Série a Capa_VPGE_41,6x27,6cm_PROFESSOR.indd 1 22/10/2018 12:25:21 22 cidadania. Assim, os alunos poderão reconhecer a importância de construir uma rede de apoio (relacionamentos) que possa sustentá-los em situações difíceis e supri-los em momentos de sofrimento e fracassos. A Lição 7 do material A ciranda da inteligência traz o personagem Pepê, um javali que adora ajudar. Nas atividades, o personagem se mostra paciente e aberto a ajudar sua família e amigos, e fala sobre como essa atitude é importante. 7º PASSO – DE VOLTA A ROTINA A aplicação do programa EI promove o desenvolvimento da competência Resiliência, sem a qual não conseguiremos lidar com as situações de vulnerabilidade que todos nós estamos suscetíveis a enfrentar ao longo da vida. Ser resiliente é ser capaz de compreender que é possível seguir em frente após perdas, frustrações, críticas, ofensas e, em especial, se tratando da situação de bullying, ser resiliente é imprescindível para prevenção, enfrentamento e superação desse fenômeno. A Lição 5 do material O Eu como autor da história: a cidade da memória, fala sobre a escravidão dos medos e traz uma reflexão sobre eles, demonstrando seus significados e como enfrentá-los para resolver as dificuldades. Ou seja, há atividades e discussões que ajudam os alunos a falar sobre os medos, encará-los e seguir em frente. Complementando o assunto, o material As armadilhas da mente e os códigos da inteligência fala sobre as armadilhas que a nossa mente possui; armadilhas que nos aprisionam e nos impedem de conquistar nossos objetivos e os códigos que quebram essas armadilhas, possibilitando uma vida saudável. LIVRO DA 7 LIÇ ÃOA CIRANDA ALUNO LICAO 7.indb 1 27/05/14 16:07 Esse tema também é trabalhado de várias formas no Ensino Médio: Material: ENEM, Vestibular e Profissão - Gestão da Emoção - Parte 2. Série: 3ª. Conteúdo: Aula 7 – Gestão dos relacionamentos. Material: ENEM, Vestibular e Profissão - Gestão da Emoção - Parte 1. Série: 3ª. Conteúdo: Aula 6 – O Código do Empreendedorismo. A seguir conteúdos disponíveis no Portal InteligênciaJovem: Vídeo: Amizades. Aula: Como fazer e manter amigos. Vídeo: Brumadinho – 3 Ações para ajudar. Vídeo: Desafio da Gratidão. PARTE 1 EN SI NO M ÉDI O 3 Série a Capa_VPGE_41,6x27,6cm_PROFESSOR.indd 1 22/10/2018 12:25:21 PARTE 2 Capa_EVPGE_P2_20x27cm_PROFESSOR_impressao.indd 1 18/04/2019 17:03:41 23 LIÇÃO 5 LICAO_05_ALUNO_Layout 1 21/09/2011 19:12 Page 15 ENFRENTANDO NOSSOS MEDOS COM SABEDORIA: A ESCRAVIDÃO DOS MEDOS 13 EN SI N O F UN DA MENTAL 1 5º ano PAR TE 11111111 MATERIAL DO PROFESSOR 7_AM_P1L1_CAPA_R2_Professor.indd 1 16/10/2018 13:12:53 Trabalha-se de forma específica o tema resiliência no Ensino Médio: Material: Identidade: a liderança do Eu - Parte 1. Série: 1ª. Conteúdo: Aula 3 – O sentido da vida. Material: Identidade: a liderança Eu - Parte 2. Série: 1ª. Conteúdo: Aula 9 – O sentido da vida. Material: O Eu em cena - Parte 2. Série: 2ª. Conteúdo: Aula 8 – Gênero Suspense. A seguir conteúdos disponíveis no Portal Inteligência Jovem: Vídeo: Perdas e frustrações. Aula: Como lidar com as perdas e frustrações? Vídeo: Inteligência Existencial. Vídeo: Kaká: Gestão da emoção para virar o jogo - Parte 1. Vídeo: De pior aluno a escritor. ADORNO, Theodor W. Teoria da semicultura. Educação & Sociedade, Campinas – SP, ano 17, n. 56, p. 388-411, dez 1996. BAUMAN, Z. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998. FANTE, C. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2. ed. Campinas: Versus Editora, 2005. SANTOS, Boaventura de Souza. Pela mão de Alice. O social e o político na transição pós-moderna. São Paulo: Cortez, 1997. SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e representação. Trad. De M. F. Sá Correia. Rio de Janeiro: Contraponto, 2001. SILVA, Ana Beatriz B. Bullying: Mentes perigosas na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. Referências Bibliográficas PARTE 2 MATERIAL DO PROFESSOR IALE PROFESSOR PARTE 2.indd 1 18/04/2019 09:30:21 EN SI NO M ÉDI O 1ª Série PARTE 1 Capa_Iale.indd 1 23/10/2018 10:59:07 MATERIAL DO PROFESSOR EEC_P2_CAPA_PROFESSOR_205x275mm.indd 1 12/04/2019 11:03:17 24 11. Extraordinário (2017) – 10 anos 12. Te pego lá fora (1987) – 12 anos 13. Meninas Malvadas (2004) – 12 anos 14. Ponte para Terabitia (2007) - livre 15. As vantagens de ser invisível (2012) – 14 anos 16. Sete minutos depois da meia noite (2017) – 12 anos 17. Forrest Gump (1994) – 14 anos 18. A separação (2012) – 16 anos 19. Filme Blade Runner 2049 (2017) – 18 anos 20. Nossas Noites (2017) – 12 anos 1. A Classe (2007) – 16 anos 2. Carrie - A Estranha (2013) – 16 anos 3. Evil - Raízes do Mal ( 2003) – 16 anos 4. Ben X, A Fase Final (2007) - livre 5. Bullying - Provocações Sem Limites ( 2009) – 16 anos 6. Cyberbully (2011) – 12 anos 7. Meu Melhor Inimigo ( 2010) – 14 anos 8. Quase um segredo ( 2004) – 16 anos 9. Elefante ( 2003) – 16 anos 10. Bang bang – Você morreu ( 2004) – 12 anos SESSÃO PIPOCA SUGESTÕES DE FILMES PARA SEREM DEBATIDOS COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES 25
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