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de Apostila Usinagem Cláudio Roberto Losekann (retirado do original disponível na internet) Andre de Apostila Usinagem Cláudio Roberto Losekann (retirado do original disponível na internet) II ÍNDICE ANALÍTICO ÍNDICE ANALÍTICO.......................................................................................................................................... II ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................................................................... III PROCESSOS DE FABRICAÇÃO .......................................................................................................................1 4.4 - FERRAMENTAS DE CORTE...................................................................................................................1 4.4.1 - TERMINOLOGIA ...............................................................................................................................2 4.4.2 - MOVIMENTOS DA PEÇA E DA FERRAMENTA..............................................................................7 4.4.3 - PRINCIPAIS ÂNGULOS DA FERRAMENTA....................................................................................9 4.4.4 - MATERIAIS USADOS PARA FERRAMENTA DE CORTE..............................................................12 4.5 - PARÂMETROS DE CORTE...................................................................................................................27 4.5.1 - FORÇAS DE CORTE .......................................................................................................................27 4.5.2 - VELOCIDADE DE CORTE..............................................................................................................29 4.5.3 - POTÊNCIA DE USINAGEM ............................................................................................................31 4.5.4 - REMOÇÃO DO MATERIAL.............................................................................................................34 4.5.5 - TEMPO DE CORTE .........................................................................................................................34 4.5.6 - RENDIMENTO MÁXIMO ................................................................................................................34 4.6 - SELEÇÃO DA FERRAMENTA DE CORTE .........................................................................................35 4.6.1 - USINABILIDADE DOS MATERIAIS ...............................................................................................38 4.6.2 - ÍNDICE DE USINABILIDADE ........................................................................................................39 4.6.3 - ESCOLHA DA FERRAMENTA DE TORNEAMENTO COM PASTILHAS ......................................40 4.6.4 - DESGASTE E FALHA DA FERRAMENTA DE CORTE..................................................................50 4.6.5 - CRITÉRIOS PARA DETERMINAÇÃO DO FIM DE VIDA DA FERRAMENTA .............................55 4.6.6 - ESPECIFICAÇÃO DA VIDA DE UMA FERRAMENTA DE CORTE ENTRE DUAS AFIAÇÕES SUCESSIVAS ...............................................................................................................................................56 5 - TORNO ...........................................................................................................................................................57 5.1 - TIPOS DE TORNOS................................................................................................................................59 5.2 - PARTES FUNDAMENTAIS DO TORNO HORIZONTAL ...................................................................62 5.3 - ACESSÓRIOS.........................................................................................................................................65 5.4 - SISTEMA DE FIXAÇÃO DA FERRAMENTA DE CORTE .................................................................69 5.5 - ANÉIS GRADUADOS.............................................................................................................................70 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................................................72 III ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 4.48 - FERRAMENTAS DE CORTE DE TORNEAMENTO. ................................................................................1 FIGURA 4.49 - SUPERFÍCIES NA PEÇA. ....................................................................................................................2 FIGURA 4.50 - FERRAMENTA DE CORTE DE TORNO ................................................................................................3 FIGURA 4.51 - FERRAMENTA DE CORTE DE FRESADORA ........................................................................................3 FIGURA 4.52 - TORNEAMENTO COM PASTILHA DE CORTE. .....................................................................................5 FIGURA 4.53 - GEOMETRIA DA PASTILHA DE CORTE. .............................................................................................5 FIGURA 4.54 - GUMES DE UMA FERRAMENTA DE CORTE. ......................................................................................6 FIGURA 4.55 - DIREÇÃO DE CORTE E DE AVANÇO. .................................................................................................8 FIGURA 4.56 - DIREÇÕES E ÂNGULOS EM UMA FRESA. ...........................................................................................9 FIGURA 4.57 - PRINCIPAIS ÂNGULOS EM UMA FERRAMENTA DE CORTE. ................................................................9 FIGURA 4.58 - MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA DE CERMETOS E METAL DURO..................................18 FIGURA 4.59 - REVESTIMENTO DE TIN EM UMA PASTILHA DE METAL DURO. .......................................................21 FIGURA 4.60 - FORÇAS ATUANTE NO CORTE. .......................................................................................................28 FIGURA 4.61 - CURVAS DE ROTAÇÕES DO EIXO X DIÂMETRO DA PEÇA PARA DESBASTE EM TORNO. ....................37 FIGURA 4.62 - CURVAS DE ROTAÇÕES DO EIXO X DIÂMETRO DA PEÇA PARA ACABAMENTO EM TORNO. ..............38 FIGURA 4.63 - TIPOS DE FIXAÇÃO DE PASTILHAS COM PORTA-FERRAMENTAS......................................................41 FIGURA 4.64 - DETALHE DA PEÇA A SER USINADO. ..............................................................................................42 FIGURA 4.65 - MONOGRAMA PARA ESCOLHA DO MATERIAL DA PASTILHA PARA USINAGEM DE AÇOS. .................43 FIGURA 4.66 - MONOGRAMA PARA ESCOLHA DO MATERIAL DA PASTILHA PARA USINAGEM DE AÇOS INOXIDÁVEIS E LIGAS RESISTENTES AO CALOR....................................................................................................................43 FIGURA 4.67 - DESGASTE DE FLANCO COM ENTALHE...........................................................................................50 FIGURA 4.68 - CRATERIZAÇÃO. ...........................................................................................................................51 FIGURA 4.69 - DEFORMAÇÃO PLÁSTICA...............................................................................................................52 FIGURA 4.70 - ARESTA POSTIÇA. .........................................................................................................................52 FIGURA 4.71 - MARTELAMENTO DE CAVACOS. ....................................................................................................53 FIGURA 4.72 - MICROLASCAS. .............................................................................................................................53 FIGURA 4.73 - FISSURAS TÉRMICAS. ....................................................................................................................54 FIGURA 4.74 - QUEBRA DA PASTILHA. .................................................................................................................55FIGURA 5.1 - ESQUEMA DO TORNO HORIZONTAL. ................................................................................................58 FIGURA 5.2 - ESQUEMA DO MECANISMO DO TORNO HORIZONTAL........................................................................59 FIGURA 5.3 - TORNO VERTICAL. ..........................................................................................................................60 FIGURA 5.4 - TORNO REVOLVER..........................................................................................................................61 FIGURA 5.5 - TORNO COPIADOR...........................................................................................................................61 FIGURA 5.6 - TORNO AUTOMÁTICO......................................................................................................................62 FIGURA 5.7 - CABEÇOTE MÓVEL..........................................................................................................................63 IV FIGURA 5.8 - CARRO INFERIOR, TRANSVERSAL E SUPERIOR. ................................................................................64 FIGURA 5.9 - BANCADA. ......................................................................................................................................65 FIGURA 5.10 - PLACA DE ARRASTO, GRAMPO E CONTRA-PONTA. .........................................................................66 FIGURA 5.11 - PLACA DE CASTANHAS INDEPENDENTES. ......................................................................................67 FIGURA 5.12 - PLACA UNIVERSAL........................................................................................................................67 FIGURA 5.13 - PINÇAS. ........................................................................................................................................68 FIGURA 5.14 - LUNETAS. .....................................................................................................................................69 FIGURA 5.15 - SISTEMA DE FIXAÇÃO DA FERRAMENTA DE CORTE........................................................................70 FIGURA 5.16 - ANEL GRADUADO NO TORNO. .......................................................................................................71 1 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO 4.4 - FERRAMENTAS DE CORTE FIGURA 4.48 - Ferramentas de corte de torneamento. 2 4.4.1 - TERMINOLOGIA A terminologia adotada para a descrição de ferramentas de corte não segue as as normas NBR-6162/80 "Conceitos das técnicas de usinagem. Movimento e relações geométricas" e NBR 6163/1980 " Ferramentas de usinagem. Geometria da cunha cortante" em virtude de que as mesmas foram traduzidas das norma alemã DIN 6581/66 e suas traduções são inadequadas e ferem a norma ISO 3002/82. A terminologia adotada são mais apropriadas às traduções do inglês, italiano, francês e do que se encontra em catálogos de fabricante de ferramentas de corte. Superfícies na peça - Superfície a usinar: é a superfície da peça a ser removida pela usinagem; - Superfície usinada: é a superfície desejada, produzida pela ação da ferramenta de corte; - Superfície transitória: é a parte da superfície produzida na peça pelo gume da ferramenta e removida durante o curso seguinte de corte, durante a rotação seguinte da peça ou da ferramenta ou pelo gume seguinte. FIGURA 4.49 - Superfícies na peça. 3 Elementos da ferramenta - Corpo: parte da ferramenta que segura as lâminas ou pastilhas de corte ou na qual são produzidas as arestas cortantes. - Haste: parte pela qual a ferramenta é fixada. - Furo da ferramenta: é o furo pelo qual a ferramenta pode ser colocada ou fixada num eixo, árvore ou mandril. FIGURA 4.50 - Ferramenta de corte de torno FIGURA 4.51 - Ferramenta de corte de fresadora - Eixo da ferramenta: linha reta imaginária com relações geométricas definidas com as superfícies de locação usadas para fabricação e afiação da ferramenta ou para fixar a 4 ferramenta na sua utilização. Geralmente o eixo da ferramenta é a linha de centro da haste ou do furo da ferramenta. - Partes ativas: são as partes funcionais ou cortantes da ferramenta e que compreendem os elementos produtores de cavacos, definidos mais adiante: os gumes, face e flanco. No caso de ferramentas multicortantes, cada dente tem uma parte ativa. - Base: é uma superfície plana na haste da ferramenta, paralela ou perpendicular ao plano de referência da ferramenta, conforme descrito mais adiante. Útil para locar ou orientar a ferramenta na sua fabricação, afiação e medição. Nem todas as ferramentas têm uma base claramente definida. - Cunha: é a porção da parte ativa da ferramenta incluída entre a face e o flanco. Pode ser associada tanto com o gume principal como com o gume secundário. Superfícies da ferramenta - Quebra-cavaco: é uma modificação da face destinada a controlar ou quebrar o cavaco, consistindo quer de uma ranhura integral ou de uma obstrução integral ou postiça. - Face: é a superfície ou as superfícies sobre a qual o cavaco escoa. Quando a face é composta de várias superfícies inclinadas uma em relação as outra, estas são designadas como primeira face, segunda face, etc., a partir do gume. Estas superfícies podem ser chamadas de chanfros e, salvo indicação em contrário, são sempre associadas ao gume principal. - Face reduzida: é uma superfície especialmente preparada e separada do resto da face por um ressalto e projetada de forma que o cavaco entra em contato apenas com a face reduzida. Não deve ser confundida com os chanfros associados a uma ranhura ou ressalto destinado a produzir a quebra dos cavacos nem com as múltiplas faces da ferramenta. - Flanco: é a superfície ou as superfícies da cunha voltadas a correspondente superfície usinada da peça. Quando o flanco é composto de várias superfícies inclinadas uma em relação as outra, estas são designadas como primeiro flanco, segundo flanco, etc., a começar do gume. Estas superfícies podem ser chamadas de chanfros e salvo indicação em contrário, se supõe associadas com o gume principal. 5 FIGURA 4.52 - Torneamento com pastilha de corte. FIGURA 4.53 - Geometria da pastilha de corte. 6 Gumes São arestas formadas pela face e flanco, destinada a efetuar o corte - Gume principal da ferramenta: é toda a parte do gume que começa no ponto em que o ângulo do gume da ferramenta é zero e do qual pelo menos uma parte é projetada para produzir a superfície transitória na peça. - Gume secundário da ferramenta: é o restante do gume, se houver, mas em direção contrária a do gume principal da ferramenta. Ele não é previsto para produzir qualquer superfície transitória na peça. Algumas ferramentas dispõem de mais do que um gume secundário, como por exemplo o bedame. - Gume ativo: é a parte do gume que está realmente engajada no corte, num dado momento, gerando tanto a superfície transitória como a superfície usinada da peça. - Quina: é a parte relativamente pequena dos gumes, na qual se encontram os gumes principal e secundário. A quina pode ser curva, reta ou ponto efetivo de interseção dos gumes principal e secundário. FIGURA 4.54 - Gumes de uma ferramenta de corte. 7 4.4.2 - MOVIMENTOS DA PEÇA E DA FERRAMENTA Todos os movimentos, direções de movimentos e velocidades são definidos relativamente à peça. - Movimento de corte: corresponde ao movimento principal produzido pela máquina ou manualmente, com o objetivo de provocar um movimento relativo entre a ferramenta e a peça, de modo que o material da peça é levado sobre a face da ferramenta. Num torno o movimento de corte é produzido pela rotação da peça; em furadeiras e fresadoras, é produzido pela rotação da ferramenta de corte; numa plaina, é produzido pelo deslocamento longitudinal da ferramenta de corte. O movimento de corte só pode remover material sob a forma de cavacos por mais de uma rotação ou curso, se houver um movimentode avanço, como definido a seguir. Geralmente, o movimento de corte absorve mais energia consumida num processo de usinagem. - Movimento de avanço é o movimento produzido pela máquina ferramenta ou manualmente, com o objetivo de provocar um movimento relativo adicional entre a peça e a ferramenta, o qual somado ao movimento de corte leva a geração de uma superfície usinada com as características geométricas desejadas. - Movimento resultante de corte é o movimento resultante efetivo dos movimentos de corte e de avanço. - Velocidade de corte (VC) é a velocidade instantânea do movimento principal, do gume em relação a peça. É importante não confundir velocidade de corte com rotação da peça ou ferramenta. A velocidade de corte é a velocidade tangencial do gume da ferramenta, em relação à peça, e é expressa normalmente em m/min. A rotação de peça ou ferramenta é uma velocidade angular, expressa em rpm. - Velocidade de avanço (Vf ) é a velocidade instantânea do movimento de avanço do ponto selecionado do gume em relação a peça. - Velocidade resultante de corte (Ve) é a velocidade instantânea do movimento resultante da ferramenta em relação à peça. 8 - Direção do movimento de corte é a direção instantânea do movimento de corte, no ponto selecionado do gume. FIGURA 4.55 - Direção de corte e de avanço. - Direção do movimento de avanço é a direção instantânea do movimento de avanço do ponto selecionado do gume em relação à peça. - Direção resultante de corte é a direção instantânea do movimento de corte, no ponto selecionado do gume, em relação à peça. - Ângulo da direção de avanço (ϕ) é o ângulo entre as direções dos movimentos simultâneos de avanço e de corte. É medido no plano de trabalho. - Ângulo da direção resultante de corte (η) é o ângulo entre as direções dos movimentos de corte e a direção resultante de corte. É medido no plano de trabalho. 9 FIGURA 4.56 - Direções e ângulos em uma fresa. 4.4.3 - PRINCIPAIS ÂNGULOS DA FERRAMENTA FIGURA 4.57 - Principais ângulos em uma ferramenta de corte. 10 - Ângulo de incidência principal ou de folga ( ααn ) - A função do ângulo de incidência é evitar o atrito entre a peça e o flanco (superfície de incidência) da ferramenta e permitir que o gume penetre no material e corte-o livremente. Se o material da ferramenta é de alta resistência, pode-se usar ângulos de incidência grandes, sem perigo de quebra. Assim pode-se usar ângulos maiores em ferramentas de aço rápido do que em ferramentas de metal duro, pois o aço rápido é muito mais resistente e tenaz que o metal duro. Da mesma maneira se o material a usinar for mole, como o alumínio, permite ângulos bem maiores do que a usinagem de materiais duros, como o ferro fundido coquilhado, que solicitam muito mais o gume que o alumínio. Um dos critérios para determinação do fim de vida da ferramenta é a medição da largura da marca de desgaste. Quando esta atinge um determinado valor, determina um atrito excessivo, com todas as suas conseqüências (aquecimento, aumento da força e potência de corte, mau acabamento superficial, etc.). Se o ângulo for muito pequeno: 1. O gume não pode penetrar convenientemente no material e a ferramenta cega rapidamente; 2. Ocorre atrito contra a peça, gera sobre aquecimento da ferramenta e acabamento superficial ruim. Se o ângulo for muito grande: 1. O gume quebra ou solta uma série de pequenas lascas, em virtude de apoio deficiente. O tamanho do ângulo de incidência depende de: 1. Resistência do material da ferramenta; 2. Resistência do material da peça a ser usinada. 11 - Ângulo de saída do cavaco ( γγn ) - É um dos ângulos mais importantes da ferramenta, pois influi decisivamente na força e na potência de corte, no acabamento de superfície usinada e no calor gerado. Sua função é a de facilitar o escoamento do cavaco. Em princípio, deve ser o maior possível, pois isto determina uma retirada mais fácil do cavaco. O ângulo de saída depende dos seguintes fatores: 1. Resistência à compressão e tenacidade do material da ferramenta de corte; 2. Resistência e dureza do material a usinar; 3. Quantidade de calor gerado pelo corte; 4. maiores velocidades de avanço, exigem menores ângulos de saída. - Ângulo de cunha ( ββn ) - É o ângulo de cunha da ferramenta. As ferramentas de corte, especialmente as pastilhas de corte, vem de fabrica com ângulo apropriado para usinagem de materiais pré-estabelecidos em função do material da pastilha. Quando a ferramenta é de aço, o ângulo pode ser modificado mediante afiação. - Ângulo de cisalhamento ( φφ ) - O ângulo φ entre o plano de cisalhamento e a direção do movimento principal de corte. Pode ser determinado por medição direta. A tabela abaixo mostra recomendações, cujos valores nominais podem ser mudados de acordo com as condições da máquina. Quando se utiliza um avanço elevado, o ângulo de folga ou incidência ( αn ) e de saída de cavaco ( γn ) devem ser reduzidos para se obter uma aresta de corte mais robusta ( βn ). Material Dureza (HB) αn γn βn Aços < 175 8 15 67 Aços 175 - 250 8 8 74 Aços > 250 6 0 84 Aços inoxidáveis 8 15 67 Ferros fundidos < 250 8 8 74 Ferros fundidos > 250 6 0 84 Latão 10 10 70 Bronze 8 10 72 Cobre 10 30 50 12 Alumínio 10 35 45 4.4.4 - MATERIAIS USADOS PARA FERRAMENTA DE CORTE As exigências básicas para materiais usados como ferramenta de corte são: 1. Elevada dureza a frio e a quente, bem superior a da peça usinada; 2. Tenacidade para resistir a consideráveis esforços de corte e impacto; 3. Resistência à abrasão; 4. Facilidade de obtenção a preços econômicos; 5. Estabilidade química. Todos os materiais de corte conhecidos hoje, não satisfazem a todas as exigências citadas acima, se são extraordinários em algumas propriedades, se apresentam de forma bem inferior em outras. Desta forma em cada trabalho específico deve-se analisar quais características são fundamentais, para escolher o material mais adequado ao caso. Hoje são empregados os seguintes grupos de materiais de corte: ⇒ aços carbono; ⇒ aços rápidos comuns; ⇒ aços rápidos com cobalto; ⇒ ligas fundidas; ⇒ metais duros; ⇒ cermetos ou compósitos ⇒ cerâmicas; ⇒ diamantes; ⇒ nitreto de boro cúbico (CBN). 13 - Aços carbono - São aços com teores de 0,8 a 1,5% de C. Até 1.900 eram praticamente os únicos aços utilizados para fabricação de ferramentas de corte. Com o aparecimento dos aços rápidos, seu emprego para ferramenta de corte reduziu-se a aplicações secundárias, sendo hoje apenas utilizado nos seguintes casos: 1. Pequenas oficinas de reparo, uso doméstico e de lazer; 2. Ferramentas que serão utilizadas uma única vez ou para execução de poucos peças; 3. Para ferramentas de forma, na usinagem de latão e ligas de alumínio. Para melhorar a qualidade dos aços carbono, sua composição é as vezes modificada pela adição de pequenas quantidades de cromo, vanádio e tungstênio. As qualidades dos aços carbono que justificam o seu emprego ainda hoje são: 1. Preço baixo; 2. Facilidade de afiação, obtendo-se gumes muitos vivos; 3. Tratamento térmico relativamente simples; 4. Boa tenacidade. O principal inconveniente dos aços carbono é o fato de perderem a sua dureza e, portanto, seu poder de corte, em temperaturas relativamente baixas, em torno de 250 °C. Por isto, na usinagem de aços doces só podem ser usados em velocidades inferiores a 25m/min, sendo impróprios para aços de alta resistência. - Aços rápidos comuns - A indústria mecânica passou por uma grande revolução no início do século XX com a descoberta do aço rápido e com a organização do trabalho através da administração científica (princípio de organização industrial onde o ponto principal é a eficiência do trabalho, e os fatores humanos são deixados em segundo plano), ambos apresentados por F. W. Taylor. O desenvolvimento original do aço rápido partiu do emprego de tungstênio (wolfrâmio), cromo e vanádio , como elementos básicos de liga, 14 com um teor de carbono de 0,5 a 0,8%, baixo teorde silício (0,05%) e teor de manganês tão baixo quanto possível, a fim de evitar a fragilidade. Um dos tipos mais populares foi o aço rápido 18-4-1, assim chamado pelas percentagens correspondentes de tungstênio, cromo e vanádio participantes de sua composição. No decorrer dos anos, foram introduzidas algumas modificações na composição deste aço rápido, oferecendo ligas de maior resistência à abrasão ou ao impacto. Em 1.942, em virtude da escassez de tungstênio provocada pela guerra, passaram a ser utilizadas ligas em que o mesmo era substituído total ou parcialmente por molibdênio. Estes aços rápidos são de mais difícil forjamento e de tratamento térmico mais complexo. O menor preço do molibdênio, e pelo fato de participar na composição com metade da percentagem do tungstênio, por ter aproximadamente a metade do peso específico do tungstênio, fazem com que os aços rápidos ao molibdênio sejam bem mais baratos do que os aços rápidos ao tungstênio, para propriedades equivalentes. Por esta razão, hoje dominam o mercado aos aços rápidos ao molibdênio. A principal vantagem dos aços rápidos sobre o aço carbono é o de manterem sua dureza até temperaturas em torno de 520 a 600 oC, enquanto que estes já amolecem em temperaturas ao redor de 250 oC. Isto associado com uma maior resistência à abrasão, permite aos aços rápidos velocidades de corte bem mais elevadas e maior vida da ferramenta. As desvantagens do aço rápido são: preço elevado e tratamento térmico complexo, com temperaturas em torno de 1.300 °C para têmpera. - Aços rápidos com cobalto - Em 1.921 apareceu pela primeira vez uma melhoria substancial das características do aço rápido, pela adição de um novo elemento de liga: o cobalto. A adição de cobalto aumenta substancialmente a temperatura crítica de trabalho do aço rápido, ou seja, a dureza a quente e a resistência ao desgaste, mas resulta numa menor tenacidade. As adições de cobalto ficaram inicialmente limitadas em 5%, em virtude do difícil problema de forjamento desses aços. Com o aperfeiçoamento das técnicas de forjamento foi possível utilizar ligas com 8 e até 12% de cobalto. 15 - Aço rápido com revestimento de TiN (Nitreto de titânio) - Revestimentos de TiN aplicados por processo PVD (processo de deposição física de vapor), em temperaturas inferiores a 550 oC (abaixo da temperatura de revenimento do aço rápido), conferem uma aparência dourada à ferramenta e produzem os seguintes efeitos: 1. Redução do desgaste na face e no flanco da ferramenta; 2. Caráter não metálico, estabilidade química e mínima tendência de adesão do TiN, asseguram baixo atrito e impedem a aderência de material na ferramenta e portanto, a formação do gume postiço. Isto reduz a força de corte e melhora o acabamento superficial; 3. Proteção do metal de base contra altas temperaturas pelo baixo coeficiente de transmissão de calor do TiN. A camada de TiN tem de 1 a 3 µm de espessura. O sucesso da ferramenta depende, porém, pouco da espessura da camada e muito mais de sua aderência ao material de base. O lascamento do revestimento tem sido a maior causa do insucesso de ferramentas com revestimento. De qualquer forma, o efeito estabilizador do TiN tem sido mantido nas ferramentas, pelo menos na primeira e na segunda reafiação, mesmo que removida parte da camada protetora. - Aço rápido sinterizado - É obtido pelo processo de metalurgia do pó, que permite adição controlada e bem distribuída de elementos de liga, resultando numa estrutura muito uniforme e muito fina em toda seção transversal da ferramenta. Tem-se as seguintes vantagens: 1. Menor deformação durante a têmpera e o revenido; 2. Menos tendência à formação de trincas e de tensões internas; 3. Tenacidade um pouco mais elevada; 4. Vida mais longa e menor dispersão no tempo de vida das ferramentas; 5. Melhores condições de aderência de revestimentos de TiN. 16 - Ligas fundidas - Foram descobertas por Elwood Haynes, em 1.922 sendo constituídas por altas percentagens de tungstênio, cromo e cobalto. Estas ligas são fundidas e vazadas em moldes, sendo depois as peças limpas das rebarbas de fundição e colocadas na medida final por retificação. Estas ferramentas são mais conhecidas pelos nomes comerciais de Stellite, Tantung, Rexalloy, Chromoloy. É fabricada no país pela Eries, sob o nome de Steltan. Uma composição típica é a seguinte: 17% de tungstênio, 33% de cromo, 44% de cobalto e 3% de ferro. A percentagem destes elementos pode variar com o objetivo de obter-se variações de dureza e resistência ao desgaste, Em lugar de tungstênio pode ser usado, também, em parte, manganês, molibdênio, vanádio, titânio e tântalo, e em lugar do cobalto, o níquel. As ligas fundidas caracterizam-se por sua elevada resistência a quente, o que permite sua utilização em temperaturas de 700 a 800 oC. A dureza a quente é uma característica inerente ao material e não ao resultado de um tratamento térmico. As ligas fundidas não são temperáveis. Aquecidas a temperaturas extremas, o material amolece mas volta a ter a sua dureza original quando resfriado. Isto distingue este material do aço rápido. As ligas fundidas tem qualidades intermediárias entre o aço rápido e o metal duro. - Metais duros - O tungstênio é o metal de mais alto ponto de fusão: 3.387 oC, de mais alta resistência a tração: 4.200 MPa, de mais baixo coeficiente de dilatação térmica linear: 4,4.10-6 oC-1, peso específico de 19,3 kgf/dm3. Como o aumento do rendimento luminoso das lâmpadas incandescentes depende da elevação de temperatura do filamento, desde cedo os fabricantes de lâmpadas pesquisaram a possibilidade de aplicação do tungstênio na fabricação dos filamentos. A dificuldade de fusão do tungstênio, pela inexistência de cadinhos que possam suportar a temperatura de 3.400 oC, levou a técnica da sinterização e ao desenvolvimento da chamada " metalurgia do pó ". Os estudos desenvolvidos inicialmente pela Osram, na Alemanha, para a fabricação de filamentos de tungstênio para lâmpadas incandescentes, foram cedidos a Krupp para o estudo da aplicação do carboneto de tungstênio na usinagem de metais. Em 1.927 a Krupp fez sucesso com o seu produto "Widia", nome comercial tomado em linguagem popular como sinônimo de metal duro e que provém da contração das palavras alemãs " wie diamant", isto é, " como diamante". 17 Em sua composição original participa somente o carboneto de tungstênio, tendo como ligante o cobalto. Uma composição típica é a seguinte: 81% de tungstênio, 6% de carbono e 13% de cobalto. A técnica de fabricação dos metais duros pode ser descrita, de modo bastante sintético, como segue: 1. O minério do qual se parte para obtenção do carboneto de tungstênio é geralmente a Scheelita, assim chamada em homenagem ao químico sueco K. W. Scheele. Trata-se quimicamente do tungstato de cálcio (CaWO4), do qual existem quantidades apreciáveis no nordeste brasileiro. Através de uma série de operações químicas é o mesmo reduzido a trióxido de tungstênio (WO3). 2. O tungstênio é obtido em estado extremamente puro e dividido em partículas, pela redução do trióxido de tungstênio pelo hidrogênio. 3. O tungstênio é misturado com carbono puro (grafite) e a mistura é levada a um forno, onde, em condições apropriadas de temperatura, se obtém o carboneto de tungstênio. 4. O carboneto é, em seguida, moído e misturado com pó muito puro e fino de cobalto. O conjunto é perfeitamente misturado num moinho de bolas. 5. A mistura é, em seguida, comprimida a frio, em matrizes, obtendo-se peças já com a forma desejada (pastilhas), com resistência suficiente para serem manipulados. As pressões usadas são da ordem de 400 MPa. 18 FIGURA 4.58 - Microscopia eletrônica de varredura de cermetos e metal duro. 6. As pastilhas são levadas a um forno de pré-sinterização com atmosfera de hidrogênio. A uma temperatura em torno de 900oC se dá uma sinterização parcial do cobalto, adquirindo o produto uma consistência e dureza suficientes para a sua manipulaçãonas operações subsequentes, sem quebra. 7. Resfriado o produto, este é cortado e levado à forma final por meio de rebolos apropriados, sem maior dificuldade, pois as peças não possuem ainda nenhuma dureza. Esta operação deve levar as pecas à formas precisas, pois qualquer operação posterior à sinterização resulta difícil e onerosa. Deve-se contar, ainda, com a retração na operação final de sinterização. Este processo é utilizado na fabricação de peças de forma especial ou pastilhas de pequeno consumo. 8. As peças pré-sinterizadas e usinadas, assim como as pastilhas prensadas, são levadas para o forno de sinterização que trabalha sobre vácuo ou em atmosfera de hidrogênio. A temperatura varia de 1.350 a 1.600 oC, dependendo da composição do material e do tipo de forno. Na sinterização, uma liga eutética de cobalto se funde e introduz-se, pela ação de capilaridade, entre as partículas de carboneto, envolvendo e dissolvendo algumas destas partículas. No decorrer da sinterização, há uma contração linear de 15 a 22%, dependendo teor de cobalto e da pressão com que o material foi prensado nas matrizes. O metal duro apresenta uma altíssima resistência à compressão, dureza 76 a 78 Rockwell C, mantendo elevada dureza até cerca de 1.000 °C, coeficiente de dilatação térmica cerca de metade da do aço, densidade da ordem de 14 kgf/dm3, notável resistência à compressão de cerca de 3.500 N/mm2, módulo de elasticidade E = 620.000 N/mm2, elevada condutibilidade térmica (8 a 20 vezes a do aço). As ferramentas de carboneto de tungstênio foram empregadas a princípio com extraordinário sucesso na usinagem de ferro fundido e materiais não ferrosos, mas com resultados medíocres na maioria das operações com aço. Verificou-se que a causa principal do insucesso residia no forte atrito que se estabelece entre a ferramenta de metal duro e o cavaco 19 de aço. Isto faz com que o cavaco escorregue com grande pressão e sob elevada resistência, com forte formação de calor. Na ferramenta forma-se rapidamente uma cratera, levando o gume de corte ao esfacelamento. Também ocorrem problemas de difusão e de dissolução, que solucionar este problema foram feitos vários desenvolvimentos no metal duro, dando origem a uma série de tipos de ferramentas, cada uma indicada para uma dada aplicação. - Metais duros com carbonetos combinados - Muitos anos após a introdução dos metais duros, verificou-se que o atrito entre o carboneto e o cavaco era fortemente reduzido pela adição de carboneto de titânio e de tântalo na composição original. Estes carbonetos apresentam maior dureza do que o de tungstênio. Atualmente são usados como componentes dos metais duros: 1. WC - O carboneto de tungstênio é solúvel no cobalto, o que resulta a alta resistência das ligações internas e dos cantos dos metais duros de puro WC-Co. O WC tem alta resistência à abrasão, mas a utilização na usinagem de aço é limitada pela tendência de difusão do carbono e de dissolução no cobalto e no ferro. 2. TiC - Os carbonetos de titânio têm pouca tendência à difusão. Disto resulta a alta resistência dos metais duros que tem TiC na sua composição. Reduz-se, porém em paralelo, a resistência das ligações internas e dos cantos. TiC forma um carboneto misto com WC. Metais duros com alto teor de TiC são frágeis. São utilizados na usinagem de aços com altas velocidades de corte. 3. TaC - Em pequenas percentagens, o carboneto de tântalo atua no sentido de diminuir o tamanho dos grãos, melhorando assim a tenacidade e a resistência dos cantos. 4. NbC - O carboneto de nióbio tem efeito semelhante ao TaC. Ambos os carbonetos ocorrem no metal duro como cristais mistos Ta-Nb-C. Devido à adição dos carbonetos combinados, os metais duros foram aperfeiçoados para cada aplicação específica, e foi necessário classificá-los conforme o tipo de trabalho a ser feito. Os metais duros são divididos em três grupos de aplicação P, M e K. Cada classe possui 20 uma composição química diferente e tipos específicos de material a usinar. A seleção de pastilhas será visto em capítulo posterior. Grupo principal de usinagem P (Classe azul) Indicado para a usinagem de aço, aço fundido e ferro fundido maleável, nodular ou ligado, de cavaco comprido. Além de WC, tem percentagens mais ou menos elevadas de TiC ( até 35%) e TaC ( até 7%), apresentando um atrito baixo com cavacos de materiais dúcteis. Grupo principal de usinagem M (Classe amarela) Para usinagem de aço, aço fundido, aço ao Mn, ferros fundidos ligados, aços inoxidáveis austeníticos, ferros fundido maleável e nodular e aços de corte livre, ou seja, par uso universal em condições satisfatórias. Constituem tipos intermediários entre o grupo P e K. Grupo principal de usinagem K (Classe vermelha) Para usinagem de ferros fundido comum e coquilhado, ferro fundidos maleáveis de cavaco curto, aços temperados, não ferrosos, não metálicos e madeira. Os metais duros deste grupo se compõem quase que exclusivamente de WC e de Co, como elemento ligante. Pequenas percentagens de VC, TiC, TaC e NbC são acrescentadas as vezes para melhorar certas características. Em cada grupo, os metais duros são fabricados em diversos graus, correspondendo a uma dureza decrescente e uma tenacidade crescente e vice-versa. Os tipos mais duros são usados em usinagens de acabamento (altas velocidades e cortes leves), enquanto que os tipos mais tenazes e menos duros, em virtude de teores mais altos de cobalto, são usados em cortes pesados de desbaste, em velocidades mais baixas ou em condições desfavoráveis de usinagem (vibrações, cortes interrompidos, máquinas velhas etc.). Os tipos mais duros, em geral exigem ângulos de saída negativos. - Metais duros de múltiplas faixas de aplicação - Partindo de matérias primas com mais alto grau de pureza e com controle mais rigoroso do processo de sinterização, foi possível obter pastilhas de metal duro de elevada resistência à flexão com mínima perda de dureza. Os cuidados se referem especialmente à granulometria mais fina e uniforme, à distribuição 21 mais perfeita dos carbonetos e a melhoria da solubilidade dos carbonetos no metal de ligação. Pode-se assim produzir pastilhas que cobrem mais faixas de aplicação, reduzindo assim o número de tipos necessários nas diversas operações de usinagem. Existem inclusive propostas para eliminar da norma o grupo de aplicação K. - Metais duros com uma camada de revestimento - Com objetivo de melhor explorar as vantagens de cada um dos carbonetos componentes, desenvolveu-se os metais duros revestidos. Eles se compõem de uma base de metal duro relativamente tenaz, sobre a qual se aplica uma ou mais camadas finas, duras, resistentes à abrasão e de fina granulometria, de um material composto de carbonetos (por exemplo: TiC, HfC, ZrC), de nitretos (TiN, HfN, Zr2O3), de carbonitretos (TiCN) ou de óxidos (Al2O3). Estes revestimentos permitem um aumento substancial da vida das ferramentas. Em condições adequadas este aumento corresponde a um múltiplo de tempo de vida das ferramentas de metal duro convencional. O revestimento é hoje mais freqüentemente aplicado pelo processo de deposição química de vapor ( CVD ). A figura abaixo mostra como são estas camadas em uma pastilha de metal duro (GC4025 - Sandvic). Neste tipo de pastilha a camada total de revestimento não ultrapassa a 10 µm de espessura. FIGURA 4.59 - Revestimento de TiN em uma pastilha de metal duro. - Cerâmica - As ferramentas de cerâmica de óxido de alumínio extremamente puro como de misturas de óxido de alumínio com carbonetos metálicos têm adquirido importância crescente em máquinas automáticas de alta velocidade, para usinagem de peças de aço e ferro fundido. Em condições adequadas, é possível usar velocidades de corte 4 a 5 vezes maiores do que aquelas empregadas com metal duro, o que representa uma vantagem na redução do tempo efetivo de corte. 22 - Cerâmicas brancas - Durante muitos anos as pastilhas cerâmicas não tiveram o sucesso industrialesperado. Isto se deve, em parte, ao fato de que as cerâmicas exigem máquinas- ferramentas de elevada velocidade, grande potência e extrema rigidez. Além disto, a alta velocidade de corte implica em um fluxo intenso de cavacos muito quentes, tornando imprescindível uma proteção adequada ao operador. O componente principal da cerâmica de corte é o Al2O3. O material de partida apresenta sob a forma de um pó finíssimo, cujas partículas estão compreendidas entre 1 e 10 µm. As peças se obtém prensando fortemente a matéria prima que pode ser Al2O3 com 99,98% de pureza, ou então, em composição de 89 a 99% de Al2O3 e o restante de óxido de silício, de magnésio, de cromo ou de níquel ou, ainda, outros componentes. A qualidade de uma ferramenta de cerâmica depende de sua baixa porosidade associada a tamanhos de grãos pequenos A cerâmica, como ferramenta de corte, tem as seguintes características: 1. Alta dureza a quente, que se mantém até cerca de 1.600 °C, permitindo altas velocidades de corte (5 a 10 vezes superiores a do metal duro convencional); 2. Elevada estabilidade química do óxido de alumínio, que se mantém até uma temperatura próxima do seu ponto de fusão (2.050 °C); 3. Altíssima resistência a compressão; 4. Baixo coeficiente de atrito; 5. Nenhuma afinidade química com o aço, não formando gume postiço. Estas duas últimas qualidades asseguram um excelente acabamento superficial. O menor desgaste da ferramenta, assegura também melhor precisão dimensional das peças. Como problemas da usinagem com cerâmica, pode-se citar: 1. Grande fragilidade; 2. Condutibilidade térmica muito baixa. 23 A fixação das pastilhas cerâmicas tem sido feita por colagem (Araldite, Epoxy) ou por grampos. Este último modo é o mais freqüente. As pastilhas podem ser reafiadas por rebolos de diamante, porém, a tendência é a utilização das assim chamadas pastilhas "descartáveis". Estas, de forma quadrada ou triangular, apresentam 8 ou 6 gumes afiados de fábrica, que são usados sucessivamente por giro da pastilha em seu suporte. Depois de usados todos os gumes, a pastilha é jogada fora. As ferramentas de cerâmica têm sido utilizadas com sucesso no acabamento e desbaste de ferro fundido com dureza Brinell superior a 180 kgf/mm2 e o ferro fundido coquilhado com dureza Brinell até 500 kgf/mm2, inclusive para aço temperado com uma dureza até 60 HRC. Também são próprias para a usinagem de materiais que apresentam forte efeito abrasivo, como plástico, grafite, ebonite. Na realidade quase todos os materiais podem ser usinados com cerâmica. As poucas exceções são: 1. Alumínio, que reage quimicamente com Al2O3. 2. Ligas de titânio, com alta percentagem de níquel e materiais resistentes ao calor, devido a tendência a reações químicas. 3. Magnésio, berílio e zircônio, que são inflamáveis na temperatura de trabalho da cerâmica. A pastilha de cerâmica de corte tem as seguintes propriedades: Cor (cerâmica pura) -------------------------- branca Peso específico (gf/cm3) -------------------------- 3,7 a 4,1 Dureza (HRA) ------------------------- 90 a 95 Resistência à compressão (N/mm2) ------------------- 3.500 Resistência à flexão (N/mm2) -------------------------- 150 a 400 Temperatura de amolecimento (°C) ------------------- 1.800 Coeficiente de dilatação térmica linear (°C-1) -------- 0,8.10-6 24 - Cerâmicas mistas - Ao lado das pastilhas cerâmicas acima descritas, estão sendo utilizadas ferramentas de corte com menos de 90% de Al2O3, porém com adições de óxidos e carbonetos metálicos, especialmente de carboneto de titânio e também carboneto de tungstênio. Estes materiais são denominados CERMETOS (cerâmica + metal) na literatura anglo-americana, que são compósitos. São obtidos por prensagem a quente, o que produz uma estrutura de partida mais compacta do que no caso da cerâmica pura. São em geral de cor preta. Na sinterização, a presença de carbonetos de titânio e outros óxidos, inibe o crescimento dos grãos. Isto confere aos cermetos elevada dureza, maior tenacidade, resistência ao desgaste do gume e à formação de crateras. Ao contrário dos materiais cerâmicos, os cermets são condutores elétricos, têm razoável condutividade térmica e são menos frágeis. Têm um peso específico de 5 a 6 gf/cm3. São menos sujeitos à trincas térmicas do que as cerâmicas puras. São usados na usinagem de ferro fundido com dureza Brinell maior que 235 HB e aços com dureza de 34 a 66 HRC. - Cerâmicas à base de nitreto de silício - Em 1.981, foi introduzido um novo tipo de cerâmica de corte, denominada SIALON que contém nitreto de silício (Si3N4), além do Al2O3 e de uma fase TiC. Sua dureza a quente é ainda melhor que a das cerâmicas mistas. A resistência a choques térmicos aproxima-se da dos carbonetos. O SIALON, sob a forma de pastilhas pretas, está superando as outras cerâmicas na usinagem em alta velocidade de ferro fundido e ligas de níquel. - Diamantes naturais (monocristalinos) - Os diamantes naturais são obtidos com a extração mineral e classificam-se em Carbonos, Ballos e Borts. Os Carbonos ou diamantes negros são diamantes aparentemente "amorfos", que por aquecimento, perdem a sua dureza e, por isto são empregados apenas para aplicações especiais, como ferramentas para retificar rebolos, pontas de brocas para minas, assim como para trabalhar fibras, borracha e plásticos. Os Ballos são diamantes claros, de crescimento irregular, especialmente duros em virtude de sua estrutura. Pelo fato de serem redondos, não encontram aplicação na fabricação de ferramentas de corte e de rebolos. Os Borts, 25 especialmente o africano, é claro. Seu valor depende da qualidade e do número de bordos naturais de trabalho que oferece, se bem que hoje dá-se mais importância à dureza. Isto porque, em lugar de bordos naturais, prefere-se gumes lapidados no diamante com ângulos apropriados. Os Borts são diamantes mono-cristalinos. Sua característica principal é a sua anisotropia, isto é, suas propriedades mecânicas (dureza, resistência, módulo de elasticidade) variam com a direção. Eles têm também quatro direções preferenciais de clivagem. Conclui-se daí, que para tanto a preparação do diamante por lapidação como para a sua montagem num porta-ferramenta, deve-se conhecer a disposição da estrutura cristalina. Enquanto que a lapidação deve ocorrer sempre na direção de mínima dureza, a montagem do monocristal no porta ferramenta deve ser feita de modo que a força de usinagem seja orientada na direção de máxima dureza. Ferramentas de diamante monocristalino são especialmente indicadas na usinagem de metais leves como bronze, latão, cobre, ligas de estanho, borracha dura e mole, bem como vidro, plástico e pedras. O campo de aplicação são principalmente as operações de usinagem fina, onde são feitas grandes exigências de precisão dimensional e qualidade superficial. A usinagem de aço e ferro fundido não é possível, em virtude da afinidade do ferro com o carbono. O diamante, na zona de contato com a peça de aço, em virtude da alta temperatura, transforma-se em grafite e reage com o ferro. Isto leva a um rápido desgaste do gume. O diamante permite obter uma elevada precisão dimensional e acabamento brilhante que iguala-se a um apurado polimento. A velocidade de corte praticamente não tem limite superior. Velocidades de 2.000 m/min já foram experimentadas com sucesso. Não se recomendam velocidades inferiores a 100 rpm. Os avanços usualmente de 0,02 mm/rot a 0,06 mm/rot e as profundidades de corte de 0,01 ate 0,2 mm. - Diamante policristalino - Em 1.973 foi apresentado pela primeira vez uma ferramenta com uma camada de diamante sintético policristalino. A matéria prima são partículas muito finas de diamantes sintéticos, de granulação muito definida para obter-se o máximo de homogeneidade e densidade. A camada de diamante policristalino é produzida pela sinterização das partículas de diamante com cobalto num processo de alta pressão (6.000 a 7.000MPa) e alta temperatura (1.400 a 2.000 oC). A camada de aproximadamente 0,5 mm 26 de espessura, ou é aplicada diretamente sobre uma pastilha de metal duro pré-sinterizado ou então é ligada ao metal duro através de uma fina camada intermediária de um metal de baixo módulo de elasticidade. A camada de diamante tem caráter isotrópico em virtude da distribuição irregular dos grãos de diamante. Não atinge nunca a dureza do diamante monocristalino na direção de máxima dureza. As pastilhas com uma camada de diamante policristalino podem ser soldadas em cabos ou fixadas mecanicamente em porta-ferramentas padronizados, pois tem a forma e as dimensões iguais as das pastilhas comerciais de metal duro. As ferramentas de diamante policristalino podem ser usadas na usinagem de metais leves, cobre, latão, bronze, estanho, diversos plásticos, asbesto, fibras reforçadas de vidro, carbono ou outros materiais, exceto materiais ferrosos e duralumínio. - Nitreto de boro cúbico cristalino (CBN) Depois do diamante, os cristais cúbicos de nitreto de boro são o material mais duro que se conhece. Trata-se de um material sintético, obtido pela reação de halogênietos de boro com amoníaco. Como no carbono, existe uma forma macia, de estrutura cristalina hexagonal, igual ao do grafite e uma forma dura, tetragonal, de estrutura idêntica ao do diamante. Nitreto de boro foi obtido pela primeira vez em 1.957, pela transformação de nitreto de boro de estrutura hexagonal em estrutura tetragonal, sob pressões de 5.000 a 9.000 MPa e temperaturas de 1.500 a 1.900 °C, na presença de um catalisador (lítio). O CBN é quimicamente bem mais estável do que o diamante, especialmente contra oxidação. Sob pressão atmosférica, o CBN é estável até 2.000 °C, enquanto no diamante já ocorre grafitização a 900 °C. As pastilhas de CBN são executadas de forma análoga as de diamante policristalino. Umas camada de 0,5 mm de espessura de partículas de nitreto de boro são sinterizadas num processo de alta pressão e alta temperatura, com a presença de uma fase ligante, efetivando-se simultaneamente a fixação sobre uma base de metal duro. Distinguem-se pastilhas que devem ser soldadas num cabo e retificadas com rebolo de diamante e pastilhas de fixação mecânica, que podem ser usadas com porta-ferramentas convencionais. As ferramentas de CBN são empregadas preferencialmente na usinagem dos aços duros (45 a 65 HRC), mesmo em condições difíceis, aço rápido, ligas resistentes a altas temperaturas na base de níquel e 27 cobalto. Além disso, servem para a usinagem de revestimentos duros, com altas percentagens de carbonetos de tungstênio ou Cr-Ni, aplicados por soldagem de deposição ou jato de material liquefeito por chama. São usadas velocidades de corte de 50 a 200 m/min, avanços de 0,1 a 0,3 mm, profundidade menor ou igual a 2,5 mm. Devido sua elevada resistência ao impacto, podem ser usadas em cortes severos, interrompidos e na remoção de cascas tenazes, abrasivas e irregulares de peças fundidas e forjadas e peças de ferro fundido coquilhado. As ferramentas de CBN servem para cortes interrompidos bem como par usinagem de desbaste, de acabamento e usinagem fina. Rugosidades inferiores a 1 µm são obtidos, dispensando a retificação. 4.5 - PARÂMETROS DE CORTE 4.5.1 - FORÇAS DE CORTE Têm sido feito muitos estudos em relação às várias forças atuantes na usinagem e para os diferentes tipos de máquinas-ferramentas, especialmente as forças exercidas pela ferramenta de corte, as forças exercidas na ferramenta e as forças do material da peça sobre o cavaco. Através da representação esquemática de uma operação de usinagem, mostrado abaixo, e admitindo-se a formação de um cavaco contínuo e o corte superficial paralelo a superfície original, a ferramenta exerce uma força resultante R sobre o cavaco, a qual pode ser decomposta em duas componentes: Fn = força normal a face da ferramenta de corte; Ff = força de atrito do cavaco com a face da ferramenta de corte. O cavaco deve ficar sujeito a uma reação R', igual e oposta, da peça no plano de cisalhamento com as componentes Fn e Fs de cisalhamento ao longo do plano de cisalhamento. A força R aplicada na ferramenta pode ser decomposta nas componentes Fc, na 28 direção do movimento da ferramenta e FL, normal a força Fc. As componentes FC e FL podem ser medidas por meio de um dinamômetro. A espessura do cavaco t2 pode ser medido e, conhecido a profundidade de corte ap e o ângulo de saída do cavaco γγn , pode-se determinar o valor do ângulo de cisalhamento φ, com boa aproximação, através da expressão φ = arcseno a t p 2 . A partir das forças FC e FL e dos ângulos conhecidos γγn e φ, todas outras variáveis podem ser calculadas através de relações trigonométricas. FIGURA 4.60 - Forças atuante no corte. O coeficiente de atrito “µ” entre o cavaco e a ferramenta de corte pode ser calculado pela expressão µ γ γ = + ⋅ − ⋅ F F F F L C n C L n tg tg . 29 4.5.2 - VELOCIDADE DE CORTE A velocidade de corte é a velocidade periférica da peça em relação a ferramenta e, no caso de torneamento, é expressa pela fórmula V D n c m= ⋅ ⋅π 1000. , cuja unidade é m/min quando “Dm” é o diâmetro da peça usinada [mm] e “n” é a rotação da peça [rpm]. Taylor demonstrou que a relação entre a vida da ferramenta e a velocidade de corte pode ser expressa aproximadamente pela seguinte equação empírica: V Ct c v nT = onde: Vc - velocidade de corte [m/min] Tv - tempo efetivo de corte entre duas afiações sucessivas = tempo de vida da ferramenta [min]; Ct - constante cujo valor depende de outras variáveis como máquina, ferramenta e peça. Seu valor é numericamente igual a velocidade de corte que dá a ferramenta a vida de 1 minuto. n - expoente cujo valor depende até certo ponto das outras variáveis: máquina, ferramenta e processo. Ferramenta Peça n Aço Rápido Aço 0,125 a 0,167 FoFo 0,14 a 0,25 Latão 0,25 Cobre 0,13 Alumínio 0,41 Metal Duro Aço 0,2 FoFo 0,25 Alumínio 0,41 Cerâmica Aço 0,50 Tabela - valores médios de n. 30 Material a usinar Aço Rápido com fluído Metal Duro a seco SAE 1112 125 785 SAE 1020 116 680 SAE 3140 46 310 SAE 4140 47 300 SAE 4340 407 SAE 8640 80 331 Aço Inox 85 890 FoFo 170 Brinell 585 FoFo 183 Brinell 419 FoFo 207 Brinell 306 FoFo 215 Brinell 265 Tabela - valores de Ct para condições médias de corte. Exercício: Qual a velocidade de corte recomendada para a usinagem, sob condições médias de corte, de aço níquel-cromo SAE 3150, sendo desejável uma vida de 45 minutos. a) ferramenta de aço rápido com fluido de corte; b) ferramenta de metal duro. A vida da ferramenta, para uma dada velocidade de corte, é evidentemente influenciada pelas dimensões do corte. A relação empírica geral entre a velocidade de corte, para uma vida da ferramenta de t minutos e o avanço e a profundidade de corte é expressa usualmente sob a forma: V C a t x yt p n = ⋅ f Onde: Vt - velocidade de corte para uma vida de t minutos [m/min] ap - profundidade de corte [mm] fn - avanço por rotação ou avanço por dente [mm/r] x e y são expoentes cujos valores médios na prática valem: Aço →→ x = 0,14 e y = 0,42 Ferro fundido →→ x = 0,10 e y = 0,30 Esta equação permite deduzir dois fotos importantes da técnica de usinagem dos metais: 31 a) Quando se aumenta o avanço ou a profundidade de corte a velocidade deve ser reduzida para manter a vida da ferramenta constante; b) A velocidade de corte diminui numa proporção bem menor do que o aumento do avanço ou da profundidade, resultando um volume de material removido, consideravelmente maior, para um mesmo temo de vida da ferramenta. Conclui-se, como lei geral: a combinação de uma profundidade máxima possível e um grande avanço com baixa velocidade de corte determina uma alta taxa de remoção de material durante uma dada vida da ferramenta. A aplicação desta regra é bastante vantajosa na usinagem de desbaste de peças estáveis, em máquinas rígidas, que permitem operações decorte brandas. Os limites de aplicação desta regra são dados pelo progressivo pioramento do aspecto da superfície usinada e pelo aumenta das forças de corte atuando sobre a ferramenta, a peça e a máquina. No limite existirão problemas de qualidade de acabamento, dificuldade de sujeição da peça que escorrega na placa, empenamento da peça, quebra da ferramenta, deformações elásticas na máquina-ferrramenta. 4.5.3 - POTÊNCIA DE USINAGEM As potências necessárias para a usinagem resultam como produtos das componentes da força de usinagem pelas respectiva componentes da velocidade de corte. Os fatores que mais influenciam a potência de usinagem são: • velocidade de corte; • dimensões do corte; • ângulo de saída da ferramenta. Potência de corte (Pc) É a potência disponível no gume da ferramenta e consumida na operação de remoção de cavacos, é ela que interessa nos cálculos de força e pressões específicas. [ ]P F CVc c c= ⋅ ⋅ V 60 75 32 Onde: Fc - força de corte [kgf]; Vc - velocidade de corte [m/min]. A força de corte pode ser expressa pela relação: F k Sc c= ⋅ [N, kgf] onde: fn - avanço por rotação [mm/r]; ap - profundidade de corte [mm]; kc - pressão específica de corte [N/mm 2], [kgf/mm2]; S - área da seção do cavaco - S p n= ⋅a f e, assim, a fórmula pode ser reescrita como: F kc c p n= ⋅ ⋅a f Profundidade ap [mm] Avanço fn [mm/r] 0,1 0,2 0,4 0,8 1,6 3,2 0,8 3.260 2.800 2.370 1,6 3.100 2.800 2.350 2.100 3,2 2.927 2.520 2.200 1.800 1.640 6,4 2.520 2.160 1.820 1.620 1.410 12,7 2.160 1.890 1.610 1.400 25,4 1.960 1.660 1.420 Tabela - Pressão especifica kc [N/mm2] para usinagem de aço 1020 (1 kgf = 9,81 N) [ ]P k kWc c p n c= ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ V a f 60 1000 Onde: fn - avanço por rotação [mm/r]; ap - profundidade de corte [mm]; 33 kc - pressão específica de corte [N/mm 2]; Vc - velocidade de corte [m/min]. Dividindo pelo rendimento, tem-se a potência útil. Potência de avanço (Pa) A potência de avanço é dada por: [ ]P F CVa a a= ⋅ ⋅ V 60 75 Onde: Fa - força de avanço [kgf]; Va - velocidade de avanço [mm/min]. Relação entre potência de corte e potência de avanço [ ]P F F CVc c c a a = ⋅ ⋅ ⋅ 1000 V V Potência fornecida pelo motor P P m e= η ηη= rendimento da máquina (60 a 80%) P P Pm c a= + ou seja, 34 [ ]P P P CVm c c a a= ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ V V 60 75 1000 60 75 4.5.4 - REMOÇÃO DO MATERIAL A quantidade de material removido (cavaco) é dado pela expressão abaixo: Q V a fz c p n 3 cm= ⋅ ⋅ ⋅1000 [ / min] Onde: fn - avanço por rotação [mm/r]; ap - profundidade de corte [mm]; Vc - velocidade de corte [m/min]. 4.5.5 - TEMPO DE CORTE O tempo de corte é dado pela expressão abaixo: T l f nc m n = ⋅ [min] Onde: fn - avanço por rotação [mm/r]; n - rotação [rpm]; lm - comprimento usinado [mm]. 4.5.6 - RENDIMENTO MÁXIMO O máximo rendimento econômico da usinagem é obtido quando toda a potência disponível na máquina ferramenta é utilizada, ao mesmo tempo que é assegurada uma vida suficientemente longa para a ferramenta. Para um dado material a usinar, ambos os fatores, vida da ferramenta e potência consumida, são funções das variáveis ferramenta. O problema 35 consiste pois, em ajustar estas variáveis de modo que a máquina seja integralmente aproveitada e a vida da ferramenta seja máxima. 4.6 - SELEÇÃO DA FERRAMENTA DE CORTE Em cada caso deve-se verificar qual a propriedade mais importante a ser exigida da ferramenta. Estas propriedades são: ⇒ Dureza a frio e a quente; ⇒ Resistência à compressão e a flexão; ⇒ Tenacidade; ⇒ Resistência a abrasão; ⇒ Estabilidade química. A tenacidade é fundamental nos seguintes casos: impactos devidos a cortes interrompidos ou pontos duros no material; alta pressão nas ferramentas devido a avanços e profundidades de cortes grandes; vibrações, esforços de flexão grandes devidos ao balanço excessivo da ferramenta ou pequena seção transversal da mesma. A dureza a quente e resistência à abrasão é fundamental na usinagem com altas velocidades de corte ou no trabalho de materiais de difícil usinabilidade. A dureza a frio é a qualidade mais importante na usinagem de materiais de pequena resistência, à baixa velocidade. 1. Na usinagem de plásticos, alumínio e magnésio, em que mesmo com altas velocidades não se estabelecem temperaturas superiores a 450 °C, o emprego do aço rápido comum 18-4-1 dá resultados iguais ou superiores ao aço rápido com cobalto. O metal duro dá excelentes 36 resultados, pois a baixa resistência destes materiais não exige tenacidade, mas apenas alta dureza a frio da ferramenta. 2. Se a máquina não tem potência ou velocidade suficiente para operar nas velocidades recomendadas para o metal duro, o aquecimento do gume cortante não será da ordem de colocar-se a dureza a quente como propriedade fundamental. Nestas condições, talvez, a tenacidade do gume seja mais importante, pois a pressão do cavaco se estabelece mais próxima do gume quanto mais baixa a velocidade de corte e menor avanço. Efetivamente, o metal duro empregado em baixas velocidade de corte dá um acabamento ruim a peça e a ferramenta tem uma vida muito curta. Verifica-se, também muitas vezes, que a durabilidade de uma ferramenta de aço rápido ao cobalto, usinando aço doce, é maior com velocidade de 50 m/min do que com 30 m/min. 3. O emprego de cerâmica exige máquinas com velocidades elevadas. A máquina deve ser rígida sem qualquer vibração. Isto explica porque a descoberta de novas ferramentas exigiu o projeto e a construção de novas máquinas-ferramentas, de características apropriadas ao aproveitamento integral das vantagens oferecidas pelas ferramentas. 4. Ferramentas com gume de corte muito grande, como ferramentas de forma exigem um alto grau de tenacidade. O metal duro raramente poderá ser aplicado nestes casos. Na opção de uso de aço comum e aço rápido como ferramenta de corte para torneamento, por exemplo, a velocidade de corte é diretamente proporcional a rotação da peça e o número de rotações da árvore do torno não pode ser adotado arbitrariamente pelo operador. A sua determinação depende de alguns fatores, dentre os quais são de grande impor- tância a espécie do material a tornear, a espécie do material da ferramenta de corte, o diâmetro da peça, o tipo de operação (desbaste ou acabamento). Por exemplo, para tornear material macio, usa-se rotação maior do que para material duro. Para um mesmo material a tornear, emprega-se maior número de rotações quando a ferramenta é de aço rápido, do que no caso de 37 ser a ferramenta de aço ao carbono. Os gráficos abaixo mostram a relação do diâmetro da peça, material e rotação recomendada. 20 40 60 80 100 0 50 100 150 200 250 300 DESBASTE COM FERRAMENTA DE CORTE DE AÇO CARBONO Ferro fundido e aço duro Aço doce Aço semi-duro Bronze Alumínio e latão R ot aç õe s do e ix o (r pm ) Diâmetro (mm) 20 40 60 80 100 0 100 200 300 400 500 R ot aç õe s do e ix o (r pm ) DESBASTE COM FERRAMENTA DE CORTE DE AÇO RÁPIDO Ferro fundido Aço doce e bronze Aço semi-duro Aço duro Alumínio e latão Diâmetro (mm) a) b) FIGURA 4.61 - Curvas de rotações do eixo x diâmetro da peça para desbaste em torno. 38 20 40 60 80 100 0 50 100 150 200 250 300 350 ACABAMENTO COM FERRAMENTA DE CORTE DE AÇO CARBONO Ferro fundido e aço semi-duro Aço doce Aço duro Bronze Alumínio e latão R ot aç õe s do e ix o (r pm ) Diâmetro (mm) 20 40 60 80 100 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 ACABAMENTO COM FERRAMENTA DE CORTE DE AÇO RÁPIDO Ferro fundido Aço doce e bronze Aço semi-duro Aço duro Alumínio e latão R ot aç õe s do e ix o (r pm ) Diâmetro (mm) a) b) FIGURA 4.62 - Curvas de rotações do eixo x diâmetro da peça para acabamento em torno. 4.6.1 - USINABILIDADE DOS MATERIAIS Chama-se usinabilidade a propriedade dos materiais de deixarem-se trabalhar com ferramentas de corte. Na usinagem verifica-se que os materiais se comportam de mododiferente, sendo que alguns podem ser usinados facilmente enquanto que outros oferecem uma série de problemas ao operador. Entre os problemas mais freqüentes estão: 1. Desgaste rápido da ferramenta; 2. "Empastamento" ou "enganchamento" da ferramenta pelo material da peça; 3. Lascamento do gume de corte; 4. Acabamento superficial ruim; 5. Necessidade de grandes forças e potências de corte. 39 Os critérios mais utilizados para a avaliação da usinabilidade são: 1. Vida da ferramenta entre duas afiações sucessivas; 2. Grandeza das forças que atuam sobre a ferramenta e da potência consumida; 3. Qualidade do acabamento superficial obtido por usinagem; 4. Facilidade de formação de cavaco. 4.6.2 - ÍNDICE DE USINABILIDADE O índice de usinabilidade é uma grandeza que expressa as características do material durante o corte sob condições pré-estabelecidas. Não é uma grandeza absoluta, como a resistência à tração dos materiais, mas uma grandeza percentual relacionada com um material chamado padrão. Pela classificação americana o material padrão (de fácil usinagem) é o aço SAE 1112 (0,13% C, 0,70 a 1,0% Mn, 0,07 a 0,12% P, 0,16 a 9,23% S), adotando-se para este material um índice de usinabilidade de 100. Na tabela abaixo, tem-se o índice de usinabilidade de diversos aços e ferros fundidos, eles exprimem as velocidades de corte relativas que podem usar para um dado material, a fim de obter-se a mesma vida da ferramenta quando da usinagem do aço SAE 1112. Com estes índices, tendo-se determinado uma velocidade de corte para um dado material, numa operação de características dadas, pode-se determinar qual a velocidade apropriada a ser usada com qualquer um dos materiais da lista, na mesma operação ou sob condições semelhantes. Tomando como exemplo que o torneamento de um aço ABNT 1020 (IU = 65) com velocidade de corte de 40 m/min deu tempo de vida da ferramenta de 2 horas, a velocidade de corte para um aço ABNT 4340 (IU = 45), para o mesmo tempo de vida da ferramenta é dado pela expressão V Vc c 4340 1020 IU IU4340 1020 = ⋅ , no qual a velocidade é 27,69 m/min. 40 Classe I (IU > 70) Classe II 55 < IU < 60 Classe III 40 < IU < 50 Classe IV IU < 40 1109 85 1141 65 1008 55 2515 30 1115 85 1020 65 1010 55 3310 40 1117 85 1030 65 1015 60 52000 30 1118 80 1035 65 1050 50 9315 40 1120 80 1040 60 1070 45 Aço ferramenta 30 1132 75 1045 55 1320 50 Aço rápido 35 1137 70 2317 55 1335 50 Aço inox 25 1022 70 3120 60 1340 45 1016 70 3130 55 2330 50 1111 95 3140 55 2340 45 1112 100 4032 65 3145 50 1113 135 4037 65 4150 50 4022 70 4042 60 4340 45 FoFo maleável comum 70 4047 55 6120 50 FoFo macio 80 4130 65 6145 50 FoFo duro 40 4137 60 6152 45 Tabela - Índice de usinabilidade de diversos tipos de aço e ferro fundido. 4.6.3 - ESCOLHA DA FERRAMENTA DE TORNEAMENTO COM PASTILHAS Utilizando catálogos de fabricante, a escolha é facilitada. Há vários fabricantes de pastilhas de corte e de ferramentas de fixação. Tomando-se como base o catálogo da Sandvik, segue-se os seguintes passos para a escolha da ferramenta. 1. Considerar o material a usinar. Considerar o material da peça a usinar conforme ISO (P - aços, M - aços inoxidáveis e ferro fundido branco e K - ferro fundidos cinzentos e nodulares); 2. Selecionar o sistema de fixação mais apropriado para a operação ou escolher primeiro a pastilha. Em caso de dificuldades para encontrar uma pastilha adequada para o porta- ferramenta selecionado, é melhor escolher primeiro a pastilha e depois o porta-ferramenta, ou até mesmo um sistema diferente porta-ferramenta/fixação. 41 FIGURA 4.63 - Tipos de fixação de pastilhas com porta-ferramentas. - Definir o tipo de aplicação (F - acabamento, M - usinagem média ou, R - desbaste) e escolher a geometria da pastilha, - Definir as condições de usinagem (boas, média ou, difíceis) e escolher a classe da pastilha. Exemplo de condições boas de usinagem é aço laminado a quente e, exemplo de condições difíceis de usinagem é aço fundido (tem a superfície irregular como rebarbas de fundição). 42 Para escolher a pastilha correta para a sua operação deve-se levar em consideração a forma, tamanho, raio de ponta e classe da pastilha. 3. Escolher os dados de corte. Velocidades de corte e avanços para diferentes materiais são mostrados nas embalagens das pastilhas, o que torna mais fácil a programação dos dados de corte. Exemplo: Fazer operações de torneamento em um aço ABNT 1020 utilizando pastilhas de corte para desbaste médio e as roscas com ferramenta de aço rápido conforme o desenho abaixo. Material da peça - aço ABNT 1020. FIGURA 4.64 - Detalhe da peça a ser usinado. Para a seleção da ferramenta de corte deveria se levar em conta também a habilidade do operador para a execução da peça. Quando o operador é inexperiente, o material da ferramenta de corte deve ser o mais tenaz possível, quando o operador é experiente, o material da ferramenta de corte pode ter maior resistência ao desgaste (menos tenaz). Para este exercício, será considerando que o operador é meio experiente e, por isto, será escolhido que o material da ferramenta de corte deverá ter propriedade mecânica intermediária para a usinagem da peça. As figuras abaixo mostram recomendações do material da pastilha (classe da pastilha) para usinagem de aços comuns (P) e aços inoxidáveis (M). Exemplo a classe da pastilha CG4025 corresponde às condições intermediárias entre tenacidade e resistência ao desgaste. É uma classe de metal duro com cobertura CVD (deposição química de vapor). A 43 cobertura espessa e resistente ao desgaste e o substrato tenaz com boa segurança da aresta torna uma classe de uso geral de alta performance para aplicações para desbaste médio e leve em aços. FIGURA 4.65 - Monograma para escolha do material da pastilha para usinagem de aços. FIGURA 4.66 - Monograma para escolha do material da pastilha para usinagem de aços inoxidáveis e ligas resistentes ao calor. Seguindo os passos de escolha da ferramenta, definição do material da peça seguido da escolha do sistema de fixação (cunha-grampo), a pastilha será codificada segundo a ISO, cujo código consiste de 9 símbolos, incluindos os símbolos 8 e 9 que são usados quando necessário. O fabricante pode também acrescentar dois símbolos a mais (12), conforme a representação abaixo. 44 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Classe da pastilha 1. Formato da pastilha - representado por letra; 2. Ângulo de folga - representado por letra; 3. Tolerâncias para s e iC/iW (s - espessura da pastilha, iC - diâmetro do círculo inscrito, iW) - representado por letra; 4. Tipo de pastilha - representado por letra; 5. Tamanho da pastilha = comprimento da aresta de corte (mm) - representado por número; 6. Espessura da pastilha (mm) - representado por número; 7. Raio de ponta - representado por número; 8. Condições da aresta de corte - representado por letra; 9. Versão da ferramenta - representado por letra (opcional - quando necessário); 10. Largura do chanfro - representado por número; 11. Ângulo do chanfro - representado por número; 12. Opção do fabricante - representado por duas letras. PF = ISO P - Acabamento, PR = ISO P - Desbaste. Exemplo: T N M G 16 04 08 S R 010 20 PF GC4035 (HT) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Classe da pastilha 1. Formato da pastilha 45 2. Ângulo de folga 3. Tolerância ± para s e iC/iW Classe s iC/iW G ±0,025 M ±0,13 ±0,05 - ±0,15 U ±0,08 - ±0,25 Círculo inscrito iC (mm) Tolerância da classe M U 3,97 5,0 5,56 6,0 6,35 ±0,05 ±0,08 8,0 9,525 10,0 12,0 ±0,08 ±0,13 12,7 15,875 16,0 ±0,10 ±0,18 19,05 20,0 25,0 ±0,13 ±0,25 46 32,0 ±0,15 ±0,25 4. Tipo de pastilha 5. Tamanho da pastilha (mm) C D R S T V W iC 3,97 06 5,0 05 5,56 09 6,0 06 6,35 06 07 11 11 8,0 08 9,525 09 11 09 09 16 16 06 10,0 10 12,0 12 12,7 12 15 12 12 22 22 08 15,875 16 15 15 27 16,0 16 19,05 19 19 19 33 20,0 20 25,0 25 32,0 32 47 6. Espessura da pastilha - s (mm) 01 - s = 1,59 T1 - s = 1,98 02 - s = 2,3803 - s = 3,18 T3 - s = 3,97 04 - s = 4,76 05 - s = 5,56 06 - s = 6,35 07 - s = 7,94 09 - s = 9,52 10 - s = 10,00 12 - s = 12,00 7. Raio de ponta - rε (mm) 00 - rε = pastilha redonda 04 - rε = 0,4 08 - rε = 0,8 12 - rε = 1,2 16 - rε = 1,6 24 - rε = 2,4 8. Condições da aresta de corte 48 9. Versão da ferramenta 10. Largura do chanfro 010 - bγn 0,10 025 - bγn 0,25 070 - bγn 0,70 150 - bγn 1,50 200 - bγn 2,00 11. Ângulo de chanfro 15 - γn 0,10 20 - γn 0,25 Procurando no catálogo do fabricante, observa-se que a pastilha de classe GC4025 tem as propriedades mecânicas, de tenacidade e resistência ao desgaste, intermediárias. Logo da tabela abaixo, parte do catálogo, obtém-se para usinagem de aço ABNT 1020 - (CMC 01.1) ISO - P - as recomendações de avanço e velocidades de corte com uso de refrigeração. 49 ISO CMC Material Kc 0,4 Dureza Brinel GC4025 (N/mm2) (HB) Avanço, fn (mm/r) 0,1 - 0,4 -0,8 Velocidade de corte, VC (m/min) 01.1 C = 0,1 - 0,25% 2.000 125 475 - 325 - 225 01.2 C = 0,25 - 0,55% 2.100 150 430 - 290 - 205 01.3 C = 0,55 - 0,80% 2.180 170 410 - 275 - 195 P 02.1 Não endurecido 2.100 180 450 - 300 - 210 02.2 Temperado 2.775 275 290 - 205 - 155 02.2 Temperado 2.775 350 240 - 170 - 130 03.11 Aço liga recozido 2.500 200 285 - 195 - 145 03.21 Aço ferramenta 3.750 325 130 - 90 - 70 Pode-se verificar, em tabela do fabricante, que não se encontra todos os dados de corte para as diferentes dureza de materiais. Da tabela abaixo pode-se extrair que para usinagem de desbaste médio (PM), para esta classe de pastilha, para um material da peça CMC 01.2, de dureza HB = 150, os valores recomendados são: ap = 3 mm; fn = 0,3 mm/r e VC = 325 m/min, (ap = 10 x fn ) conforme a tabela abaixo. ISO CMC Material Aplicação rε ap fn VC mm mm mm m/min 01.2 Aço carbono Acabamento fino QF 4015 04 0,5 0,12 430 Sem liga Acabamento PF 4015 08 0,4 0,2 395 C = 0,25 - Usinagem média PM 4025 08 3,0 0,3 325 0,55% Desbaste leve PR 4025 12 4,0 0,4 290 Desbaste PR 4025 12 5,0 0,5 260 Desbaste pesado HR 4025 16 10,0 0,8 205 02.1 Aço baixa liga Acabamento fino QF 4015 04 0,5 0,12 465 Acabamento PF 4015 08 0,4 0,2 425 Usinagem média PM 4025 08 3,0 0,3 330 P Desbaste leve PR 4025 12 4,0 0,4 290 Desbaste PR 4025 12 5,0 0,5 265 Desbaste pesado HR 4025 16 10,0 0,8 210 03.11 Aço alta liga Acabamento fino QF 4015 04 0,5 0,12 340 Acabamento PF 4015 08 0,4 0,2 295 Usinagem média PM 4025 08 3,0 0,3 220 Desbaste leve PR 4025 12 4,0 0,4 195 Desbaste PR 4025 12 5,0 0,5 180 Desbaste pesado HR 4025 16 10,0 0,8 145 50 As seguintes recomendações de profundidade de corte - ap - em função do avanço para diferentes materiais da ferramenta de corte é dado abaixo: - Aço carbono - ap = (1 a 3) x fn; - Aço rápido - ap = (3 a 6) x fn; - Metal duro - ap = (6 a 10) x fn; - Cerâmicos - ap = (10 a 15) x fn. Exercício: Verificar os dados da pastilha de código CNMG 120408 FR01015 PR GC4035 4.6.4 - DESGASTE E FALHA DA FERRAMENTA DE CORTE Nenhum material de ferramenta é capaz de resistir integralmente, e por tempo longo, aos efeitos de contato e escorregamento sob altas temperaturas e pressões na usinagem sem que sofra desgaste e alterações na forma ou nos seus contornos. A ferramenta desgasta-se progressivamente e acaba por ficando sem fio - cega. Esse desgaste pode apresentar-se de várias maneiras distintas a seguir com as causas e soluções possíveis: 1. Desgaste de flanco com entalhe; a. Desgaste rápido de flanco causando acabamento superficial de má qualidade ou fora da tolerância. b/c. Desgaste tipo entalhe causando acabamento superficial de má qualidade e risco de quebra da aresta. FIGURA 4.67 - Desgaste de flanco com entalhe. 51 Causa Solução a. Velocidade de corte mito alta ou resistência ao desgaste insuficiente. Reduzir a velocidade de corte. Selecionar uma classe mais resistente ao desgaste. Selecionar urra classe com cobertura de Al2O3. b/c. Oxidação Selecionar uma classe com cobertura de Al2O3. Para materiais endurecidos, selecionar um ângulo de posição menor ou uma classe mais resistente ao desgaste. b/c. Atrito Reduzir a velocidade de corte (Quando usinar materiais resistentes ao calor com cerâmicas, aumentar a velocidade de corte). c. Oxidação Selecionar uma classe de cermeto. 2. Craterização; Excessiva craterização causando o enfraquecimento da aresta. A quebra da aresta de corte na área em uso causa acabamento superficial de má qualidade. FIGURA 4.68 - Craterização. Causa Solução Desgaste por atrito devido a temperatura elevada no corte na face de topo. Selecionar uma classe com cobertura de Al2O3. Selecionar uma pastilha da geometria positiva. Reduzir primeiro a velocidade para obter uma temperatura mais baixa, depois reduzir o avanço. 52 3. Deformação plástica; Deformação plástica a - depressão da aresta, b - impressão no flanco, levando a um mal controle de cavacos e acabamento superficial insatisfatório. Risco de desgaste excessivo no flanco levando à quebra da pastilha. FIGURA 4.69 - Deformação plástica. Causa Solução Temperatura de corte muito alta combinada com alta pressão. Selecionar uma classe mais dura com melhor resistência à deformação plástica. a - Reduzir a velocidade; b - Reduzir o avanço; 4. Aresta postiça; Aresta postiça causando acabamento superficial insatisfatório e microlascas na aresta de corte quando a aresta postiça é removida. FIGURA 4.70 - Aresta postiça. 53 Causa Solução O material da peça é soldado à pastilha devido a: - Baixa velocidade de corte. Aumentar velocidade de corte. - Geometria de corte negativa. Selecionar uma geometria positiva. 5. Martelamento de cavacos; A parte da aresta de corte que não está em uso é danificada pelo martelamento de cavacos. A face de topo e o suporte da pastilha podem ser danificados. FIGURA 4.71 - Martelamento de cavacos. Causa Solução Os cavacos são desviados contra a aresta de corte. Mudar o avanço. Selecionar uma geometria alternativa de pastilha. 6. Microlascas; Pequenas fraturas na aresta de corte (microlascas) causando acabamento superficial insatisfatório e desgaste excessivo no flanco. FIGURA 4.72 - Microlascas. 54 Causa Solução Classe muito quebradiça. Selecionar uma classe mais tenaz. Geometria da pastilha muito fraca. Selecionar uma pastilha com uma geometria mais robusta (chanfros maiores para pastilhas de cerâmica). Aresta postiça. Aumentar a velocidade de corte ou selecionar uma geometria positiva. Reduzir o avanço no início do corte. 7. Fissuras térmicas; Pequenas fissuras perpendiculares à aresta de corte, causando microlascas e acabamento superficial insatisfatório. FIGURA 4.73 - Fissuras térmicas. Causa Solução Fissuras térmicas devido a variações de temperatura causadas por: - Usinagem intermitente. Selecionar uma classe mais tenaz com melhor resistência a choques térmicos. - Variação no fornecimento de refrigerante. O refrigerante deve ser aplicado em abundância ou não ser usado. 8. Quebra da pastilha; 55 Quebra da pastilha que danifica não só a pastilha, mas também o calço e a peça. FIGURA 4.74 - Quebra da pastilha. Causa Solução Classe muito quebradiça. Selecionar uma classe mais tenaz. Carga excessiva sobre a pastilha. Reduzir o avanço e/ou a profundidade de corte. Geometria da pastilha muito fraca. Selecionar uma geometria mais forte, preferencialmente uma pastilha de face única. Pastilha muito pequena. Selecionar uma pastilha mais espessa. 4.6.5 - CRITÉRIOS PARA DETERMINAÇÃO DO FIM DE VIDA DA FERRAMENTA À medida que a ferramenta vai-se desgastando, observam-se variações mais ou menos profundas no processo de usinagem. A temperatura eleva-se progressivamente, a força e a potência consumida aumentam, as dimensões da superfície usinada se alteram, o acabamento superficial piora. Em condições extremas, ocorre um faiscamento intenso no corte, a superfície usinada apresenta-se áspera. Com ferramentas de aço rápido, ocorre um sobreaquecimento do gume, que amolece e fica com aspecto de queimado, ao mesmo tempo que ocorre, um
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