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Distúrbios do sistema genital feminino Patologia – Amanda Longo Louzada embriologia: · Células germinativas induzem a proliferação do mesoderma originando o epitélio e o estroma ovariano · Ductos de Muller: a porção superior vai formar as tubas e a inferior vai forma o corpo, colo e vagina superior · Seio urogenital: forma a vagina inferior e genitália externa · Ductos mesonéfricos: normalmente regridem · O epitélio do trato genital e da superfície do ovário tem a mesma origem do epitélio celômico, por isso as lesões nesses órgãos se assemelham morfologicamente Infecções: · Candidíase: · Muito comuns · São fungos da microflora habitual, mas é o desequilíbrio do ambiente que permite a candidíase sintomática · Não é DST · Condições Predisponentes: DM, antibioticoterapia, gravidez, imunossupressão · Manifestação Clínica: Prurido acentuado, eritema, inchaço e secreção vaginal semelhante a leite coalhado. · Algumas infecções podem se tornar mais graves tendo formação de úlcera no colo do útero · A escoriação do local pode gerar lesões · Diagnóstico: através do esfregaço da colpocitologia oncológica (exame preventivo) ou através da coleta da secreção · Tricomoníase: · Causada por um protozoário · Transmissão: contato sexual · Manifestação Clínica: Assintomática ou pode haver secreção aparelhada, dispareunia, disúria e desconforto vulvovaginal · A mucosa fica hiperemiada · Não possui grandes repercussões clínicas · Vaginose Bacteriana\Vaginite: · Causada por um bacilo gram negativo · Predispõe a trabalho de parto prematuro · Manifestação Clínica: secreção acinzentada de odor característico (peixe) · Diagnóstico: colpocitologia oncológica · HSV: herpes simples · É comum · Etiologia: herpes simples tipo 1 e 2, o tipo 1 comumente causando infecção de orofaringe e o tipo 2 de pele e genital · 1\3 das mulheres adultas possuem sorologia para HSV-2 positiva · Manifestação Clínica: · A maioria é assintomática · A manifestação é acompanhada de manifestações sistêmicas, como febre, linfadenomegalia (principalmente inguinal), queda do estado geral · Possui a característica de latência viral, o vírus quando infecta o corpo migra para os linfonodos (principalmente sacrais) lá eles ficam latentes, podendo sobreviver por tempo indeterminado, e se manifestam em qualquer alteração imunossupressora sendo reativa e ocorrendo novamente as lesões · Com úlceras dolorosas · Durante a fase ativa possui alta transmissibilidade · Nas gestantes pode ser transmitido para o RN durante o parto, fazendo com que o bebê nasça com Herpes congênita, sendo então indicado nesses casos parto cesáreo · O risco é muito maior se a infecção estiver ativa · Facilita a infecção e a transmissão do HIV · Morfologia: · Microscopia: epitélio descamado, inflamação aguda com neutrófilos e multinucleação com amoldamento nuclear · Macroscopia: · Pápulas avermelhadas que evoluem com vesículas e depois para úlceras dolorosas que podem ser detectadas na pele e mucosas · Lesões no colo e vagina que geram dor pélvica e secreção · Diagnóstico: colpocitologia Doença Inflamatória Pélvica (DIP): · Começa em trato inferior (vulva ou vagina) e ascende, chegando a comprometer a maior parte do trato genital feminino · Manifestação Clínica: dor pélvica, anexos sensíveis, febre e secreção vaginal · Causa: · Gonorréia é a mais comum e mais séria · Clamidiose · Infecções puerperais (polimicrobianas) · DIP Gonocócica: · Envolvimento: · Frequentemente começa na endocérvice ou nas glândulas de Bartholin · Disseminação ascendente até envolver tubas e região tibo-ovariana · O endométrio é poupado · Inicialmente o tratamento antimicrobiano é eficaz, mas abcessos são difíceis de controlar · Há inflamação acentuada com exsudato que mostra diplococos gram negativos nos neutrófilos · Pode provocar abcessos tubo-ovarianos e piossalpinge, devido ao acúmulo de pús dentro da tuba, nesse casos é mais difícil do antibiótico fazer efeito, podendo ser necessário cirurgia · Com o tempo, pode haver salpingite crônica e hidrossalpinge · Risco aumentado de infertilidade e gestação ectópica · São inflamações mais superficiais · Diagnóstico: cultura ou colpocitologia · DIP não-gonocócica: · Disseminação a partir do útero, por via linfática ou venosa, não se disseminando pela superfície mucosa · Envolve o endométrio · São inflamações mais profundas · Há inflamação das camadas de tecido mais profundo, podendo envolver serosa, ligamento largo e peritônio, isso pode provocar aderência gerando fibrose e pús nessas regiões · Risco aumentando de bacteremia · Fator de risco: manipulação cirúrgica do útero, aborto, curetagem... · Causa: infecções puerperais · Complicações: · Agudas: peritonite, bacteremia, endocardite, artrite supurativa e meningite · Crônicas: infertilidade, obstrução tubária, gestação ectópica, dor pélvica e obstrução intestinal, devido a inflamação e formação de estruturas que obstruem os órgãos VULVA: · Doenças vulvares não são muito frequentes nem relevantes na prática clínica ginecológica · Principais doenças são as doenças dermatológicas inflamatórias · Podem ocorrer cistos e tumores, semelhantes aos que acometem a pele · Cistos de Bartholin: são devido a uma infecção da glândula de Bartholin · Se dilata por uma dilatação do ducto que forma a glândula de Bartholin · Comum em todas as faixas etárias · Manifestação clínica: dor e desconforto local · Infecção provoca inflamação aguda e pode gerar abcesso · Pode ser necessário drenar o cisto ou remove-lo cirurgicamente · Leucoplasia: espessamento epitelial em placas brancas · Não é uma doença específica · Manifestação Clínica: prurido e descamação · Causas: tumores dermatites · Líquen Escleroso: · Mácula lisa em que a superfície da vulva fica com superfície de papel amassado · Mais comum após a menopausa · Pode causa atrofia vulvar e obliteração do canal vaginal · Líquen Simples Crônico: hiperplasia de células escamosas, é inespecífico e devido a fricção ou lesão devido a coçadura · Condiloma Acuminado: verruga genital benigna · Normalmente são múltiplas · São pápulas ou pólipos · Com coilocitose · Agente Etiológico: HPV 6 e 11 · Também pode estar presente em região perianal e perineal · Papiloma Escamoso: · Podem ser únicos ou múltiplos · São benignos · São recobertos por epitélio escamosos não ceratinizado Vagina: · Lesões primárias são raras · Mesmo as inflamações de vulva e perivulvares não acometem a vagina de forma significativa · O mais importante a mais grave é o carcinoma de células escamosas Colo Uterino: · Composição: · Ectocérvice + canal endocervical · Endocérvice é epitélio colunar secretor de muco · Junção Escamo-colunar (JEC): ponto onde os dois epitélios se encontram · Epitélio do colo uterino é altamente suscetível à infecção pelo HPV, principalmente as células metaplásicas na zona de transformação · Histologia do Colo Uterino: · Ectocérvice: epitélio plano estratificado não ceratinizado e sem glândulas · Endocérvice: glândulas tubulares mucosas abrindo-se na superfície · Zona de Transformação ou zona T: onde o epitélio mucoso endocervical é substituído por epitélio plano do tipo ectocervical (ou seja uma metaplasia escamosa) · É mais suscetível ao HPV · Epitélio Metaplásico: obstrui a saída de glândulas endocervicais, levando a acúmulo de secreção mucosa dentro das glândulas (cistos de Naboth) · Zona de Transição: é a zona de transformação é a porção da endocérvice mais próxima do orifício externo do canal cervical · Faz limites com a ectocérvice · Nesta região é comum haver metaplasia escamosa · As glândulas endocervicais abaixo da superfície mantêm aspecto normal · Na zona de transformação também é comum haver processo inflamatório crônico inespecífico (cervite crônica) · A importância da zona de transformação é que o epitélio metaplásico pode ser sede de atipias celulares chamadas de displasia (leve, moderado ou grave). Neste caso, as células do tipo basal passam a ocupar mais de uma camada (normalmente só ocupam a primeira camada) e podem apresentaratípias nucleares · A displasia grave é considerada um carcinoma in situ, sendo o precursor do carcinoma do colo do útero Cervicites: · O pH vaginal ácido suprime o crescimento de outros microrganismos graças aos lactobacilos que produzem ácido lático usando como fonte o glicogênio produzido pelas células que descamaram após o amadurecimento do epitélio · Na cervicite o pH vaginal alcalino ou a supressão da flora lactobacilar permite o crescimento excessivo de outros microorganismo · Fatores que deixam o pH alcalino: sangramento, relação sexual, uso de ducha vaginal · Ocorre em quase todas as mulheres · O que determina a importância clínica é o grau de inflamação e o tipo de microrganismo · Doenças do trato superior, complicações obstétricas e transmissão sexual · Pode ocorrer alterações reparativas e atipias celulares, descamação celular, gera alteração no exame colpocitológico Polipo endocervical: · Lesão exofítica · Benigna · Séssil ou polipóde · Grandes ou pequenas · Estroma fibromixomatoso com epitélio endocervical · Pode ter inflamação associada · Podem causar sangramento · Remoção cirúrgica (exéres ou CUR) é curativa neoplasisas pré- malignas e malignas da vulva: Neoplasia intraeptelial vulvar (NIV): · NIV Clássica: · Equivale a carcinoma in situ · Epidemiologia: · Mulheres mais jovens, em idade reprodutiva (30-45 anos) · Imunossupressão e paciente com maior de 45 anos possui maior risco de progressão para câncer · Associada ao HPV · Fatores de riscos: múltiplos parceiros sexuais, início precoce da atividade sexual, uso de anticoncepcional e preventivo feito há muito tempo · Há relatos de regressão espontânea · Morfologia: Se apresenta como uma lesão branca, hiperceratótica · A epiderme fica espessada, com mitoses, atipia e ausência de maturação celular · Microscopicamente é muito parecida com o NIC · Tem alterações em todas as camadas · Quando ela progride ela dá origem ao carcinoma Basalóide verrucoso · NIV Diferenciada\Simples: · Associada a irritação epitelial crônica · Não associada ao HPV · Morfologia: Atipia celular acentuada na camada basal com diferenciação normal na camada superior · Epidemiologia: Acomete mais mulheres acima dos 60 anos · Precursora do carcinoma cerotinizante de células escamosas Carcinoma Vulvar: · Epidemiologia: · Não é comum · Representa 3% de todos os cânceres genitais femininos · Mais frequente acima dos 60 anos · Dentre os cânceres de vulva o mais comum é o de células escamosas · Derivado dos NIVs · Risco de NIV evoluir para câncer depende da duração, extensão e estado imunológico da paciente · Cuidado com lesões que se apresentam como dermatites ou leucoplasia que não regridem após tratamento · Pode ocorrer metástase linfonodal ou visceral, mas é infrequente. Dependendo da profundidade do tumor, extensão e se tem disseminação linfática · Tamanho da lesão, profundidade do tumor e disseminação linfática associam-se ao risco de metástase · Carcinoma Basalóide Verrucoso: · Derivado na NIV clássica · Etiologia: HPV 16 e 18 · Epidemiologia: · Menos comum · Mais comum em mulheres mais jovens · Carcinoma Ceratinizante: · Não associada ao HPV · Epidemiologia: · Mais comum · Mais comum em mulheres mais idosas · Pico de incidência é com 80 anos · Etiologia: mutação do gene TP53 · Surge da NIV diferenciada · Normalmente o paciente tem história crônica de líquen escleroso ou hiperplasia de células escamosas · Morfologia: frequentemente mostram pérolas de ceratina centrais Lesões pré-malignas e malignas da vagina: · Malignidade devido a propagação de câncer de colo é mais comum do que carcinoma de células escamosas primário de vagina · Fator de Risco: carcinoma prévio em colo ou vulva · Derivam de NIV vaginal · Local mais frequente é a porção posterior, na junção com a ectocérvice · Pode ocorrer metástase linfonodal: · 2\3 inferiores da vagina: metástase para os linfonodos inguinais · 1\3 superior da vagina: metástase para linfonodos ilíacos Lesões pré-malignas e malignas do colo uterino: Carcinoma de colo uterino: · Epidemiologia: · É o terceiro mais comum em mulheres · 50% dos cânceres cervicais são fatais · Idade média do carcinoma invasor é 45 anos · Mais de 50% dos cânceres invasores do colo ocorrem em mulheres que não faziam screening · Subtipos: carcinoma de células escamosas, adenocarcinoma, adenoescamoso, neuroendócrino e outros · Carcinoma de células escamosas é o mais comum, seguido pelo adenocarcinoma · O carcinoma de células escamosa pode ser ceratinizado ou não · Adenoescamoso e neuroendócrino progridem mais rapidamente do in situ para invasor, geralmente são diagnosticados mais avançados e prognóstico pior · Todos têm papel de HPV de alto risco · Tratamento: depende do estágio e da profundidade de invasão do câncer · Prognóstico: depende do estágio da doença e do subtipo · Os óbitos geralmente são consequências das complicações da invasão tumoral HPV: · Papel: · HPV de alto risco é o principal fator predisponente (15 subtipos atualmente conhecidos) · Epidemiologia: · HPV 16 em 60% dos casos · HPV 18 em 10% dos casos · Pico de prevalência entre 20 e 24 anos (início da atividade sexual) · Manifestação Clínica: · Infecções genitais por HPV são muito comuns e a maioria é assintomática e não detectável na citologia cérvico vaginal ou exame Papanicolau · Grande parte das infecções por HPV são transitórias e o organismo elimina o vírus · A infecção persistente aumenta o risco de desenvolver lesões neoplásicas · HPV de alto risco dura mais dos que os HPV’s de baixo risco oncogênico · Ação: · Infecção ocorre em células basais ou em células escamosas metaplásicas imaturas (estão na zona de transição) · O HPV não infecta células superficiais maduras · HPV age como carcinógeno porque as proteínas virais E6 e E7 interferem na atividade de proteínas supressoras tumorais · Quando infectadas, as células deixam de ser detidas em G1 e progridem no ciclo celular e também perdem a capacidade de reparar danos ao DNA · O HPV usa a células hospedeira para replicar seu genoma · O HPV não é causa isolada de carcinoma de colo uterino, outros fatores tem papel na carcinogênese, determinando se a infecção vai regredir, persistir e\ou evoluir Neoplasia Intraeptelial cervical\lesãointraepitelial escamosa (SIL): · Fatores de riscos: múltiplos parceiros sexuais, início precoce da atividade sexual, uso de anticoncepcional e preventivo feito há muito tempo · Morfologia: · Atipia nuclear com cariomegalia, hipercromasia, cromatina grosseira, anisocariose, irregularidade do contorno nuclear, pleomorfismo nuclear · Com ou sem atipia coilocitótica, mas a maioria tem · Classificar em LSIL ou HSIL depende do tipo de célula “acometida”, da sua posição na camada epitelial · Marcação positiva para Ki-67 e para p16 estão fortemente associadas, pois são responsáveis por marca a divisão celular e o desarranjo no controle do ciclo celular respectivamente · NIC I acomete o terço profundo · NIC II acomete os dois terços da espessura · NIC III afeta toda a espessura · Lesão Intraepitelial Escamosa de Baixo Grau (LSIL): é sinônimo de NIC I, coilocitose, displasia leve · Tem uma taxa de crescimento baixa, mas uma taxa de replicação viral alta · Muitos casos regridem · Nunca progridem diretamente para carcinoma · É considerada pré-maligna · São mais comuns do que HSIL · 80% está associada ao HPV de alto risco, principalmente o 16 · Ao ser descoberto o diagnóstico o médico deve realizar colposcopia e biopsiar áreas suspeitas de lesão · É assintomática · Lesão Intraepitelial Escamosa de Alto Grau (HSIL): engloba NIC II (displasia moderada) e III (displasia acentuada) · Tem uma taxa de crescimento alta, mas uma taxa de replicação viral baixa · Muita desregulação do ciclo celular, com maior proliferação celular e perda da diferenciação · O descontrole do ciclo celular pode ser irreversível · Alto risco de progressão para carcinoma · Não é muito comum o surgimento de novo, mas pode acontecer em 20% dos casos · Taxas de progressão são bem estabelecidas ·NIC III: carcinoma in situ, que corresponde ao grau máximo de displasia (ou seja, é classificado como displasia grave) · As células atípicas não invadem o estroma subjacente, portanto a membrana basal está preservada. Se a lesão não for removida, evoluirá com alta probabilidade para carcinoma epidermóide invasivo · As células no carcinoma in situ lembram as da camada basal normal pelo seu núcleo ovalado e citoplasma escasso. Porém, apresentam desorganização da arquitetura em camadas, atipias nucleares e figuras de mitose em qualquer altura do epitélio · Em alguns núcleos, notam-se nucléolos evidente, um sinal de ativa síntese proteica · Rastreamento e Prevenção: · Câncer de colo é uma lesão que progride lentamente · A eficiência do exame de triagem permitiu a queda dos óbitos devido a câncer de colo · As lesões precursoras descamas células alteradas que podem ser identificadas na citologia · Importante colher a zona de transformação · Recomendações atuais para frequência do exame colpocitológico variam · Colposcopia com ou sem biópsia em casos de exame alterado · LSIL segue acompanhamento tradicional de controle · HSIL são tratadas com cirurgia · O ideal é colher a partir dos 21 anos ou 2 a 3 anos após o início da atividade sexual · Vacina contra o HPV: · Proteção quase completa contra HPV 16 e 18 · Também deve-se vacinar sexo masculino · Não deixar de fazer triagem tradicional, mesmo nos indivíduos vacinados Endométrio: · Modificação do Endométrio durante o Ciclo menstrual: · Fase proliferativa: crescimento das glândulas e do estroma do endométrio. · As glândulas endometrias são tubulares, revestidas por células colunares pseudoestratificadas, com muitas figuras de mitose. · O estroma está em fase de crescimento, com evidências de proliferação. · É nessa fase que está ocorrendo o crescimento do folículo · Determinado por influência do estrogênio · Fase Secretora: o marco o fim do endométrio proliferativo para o endométrio secretor é a ovulação · O epitélio glandular passa a ter vacúolos secretores, que inicialmente são basais e depois apicais · Por influência da progesterona · As arteríolas ficam mais proeminentes, com edema entre as células estromais, essas alterações são chamadas de pré-decidualizado, essas alterações vão ser acompanhadas de um infiltrado linfocitário · Menstruação: a acamada funcional se desprende do estroma e descama · Possui espessura de 4-5 mm CORPO UTERINO: · Principais causas de sangramento uterino anormal: câncer de colo de útero, anovulação, pólipos endometriais, terapia de reposição hormonal, lesões de colo e vagina, hiperplasia endometrial e câncer de endométrio em mulheres pós-menopausa Distúrbios Endometriais funcionais: · É um sangramento sem anormalidade estrutural que explique esse sangramento · Mais provável é desregulação hormonal · Ciclo Anovulatório: · Causas mais frequente · Ocorrem mais frequentemente na menarca e perimenopausa · Há um excesso de estimulação estrogênica, sem contraponto da progesterona · A fonte de progesterona é o corpo lúteo, gerado após a ovulação · Repetidas anovulações geralmente acabam cursando com sangramento, pois se não tem ovulação tem uma estimulação do endométrio pelo estrogênio de uma forma excessiva · Endométrio não apresenta as alterações secretoras glandulares e nem estroma pré-decidualizado, podendo ter hiperplasia e cistos endometriais · Falha na Fase Lútea: · Aumento do sangramento ou amenorreia ou infertilidade associada · Baixa progesterona no período pós-ovulatório · Na biópsia é possível ver o endométrio secretor, mas não é compatível com a fase em um ciclo normal Distúrbios inflamatórios: · Endometrite Aguda: · Pouco comum · Causa: infecções bacterianas relacionadas ao pós-parto ou aborto, principalmente quando há resto retido no útero · Agentes Etiológicos: Streptoccocos e Stafiloccocos · Ocorre inflamação inespecífica do estroma · Fica restrito ao endométrio · Endometrite Crônica: · Comum após doença inflamatória pélvica, DIU, pós-parto e aborto · Morfologia: presença de plasmócitos no estroma · Pode haver sangramento, dor, secreção e infertilidade Endometriose: · Definição: tecido endometrial ectópico, ou seja, fora do útero · Epidemiologia: mais comum em mulheres jovens em faixa reprodutiva · Mais comum no ovário, seguido por ligamentos uterinos, septo retovaginal, fundo se saco, peritônio pélvico, intestino grosso, intestino delgado e apêndice secal, colo, vagina e tubas uterinas e cicatrizes de laparotomia · Pode acometer embora não muito comum: pericárdio, pleura, SNC ou qualquer outro local do organismo · Consequências: infertilidade, dismenorreia, dor pélvica cíclica, irregularidade menstrual e dispareunia · Quadro clíncio clássico: dor (disminorréia, dispaureunia e dor pélvica crônica) ciclíca e infertilidade · Formas extra-genitais são na maioria das vezes assintomáticas ou manifestam-se com dor e ou massas palpáveis, de padrão cíclico, além de outros achados conforme a ocorrência · Patogenia: teorias: · Teoria Regurgitante: origem do próprio endométrio, devido a menstruação retrógrada, justificando a endometriose nos sistema genital feminino · Teoria das metástases benignas: endométrio espalha pelos vasos e linfáticos, se implantando em locais fora da cavidade peritoneal · Teoria metaplásica: origem em remanescentes do epitélio celômico que diferenciam-se em endométrio · Teoria das células-tronco extrauterinas: células da medula óssea se diferenciam em endométrio · Tecido Endometriótico: libera fatores pró-inflamatórios (IL-1β IL-8, IL-6, TNFαe PGE2) e fatores de crescimento (aromatase, MMPs, TIMPs e VEGF), que contribuem para que esse tecido ectópico sobreviva fora do seu local primário e permite a chegada de vascularização · Produzem mais estrogênio devido ao níveis aumentados da aromatase, esse hormônio capacita o tecido ectópico a sobreviver nesse local que ele foi implantado · Possuem mutações nos genes PTEN e ARID1A, isso faz com que mulheres com endometriose, possuem maior propensão a ter câncer de ovários endometrióide · Esses tecidos respondem a estímulos hormonais, então eles sangram frequentemente como se estivessem no seu local primário, formando nódulo avermelhados ou arroxeados dando o aspecto de framboesa · Histologia: estroma endometrial, com glândulas, com ou sem hemorragia e tecido endometrial · Pode estar sem glândula para confirmar o diagnóstico · Mas só um achado não pode confirmar Adenomiose: · Definição: tecido endometrial na parede do miométrio · A interface endomiometral é geralmente bem demarcada. Em cerca de 20%, há adenomiose (2 a 3mm abaixo da interface, ou mais) · Durante o ciclo menstrual, a adenomiose comporta-se como endométrio, sofrendo degeneração e hemorragias Hiperplasia endometrial: · Definição: aumento da proliferação das glândulas endometriais · Possui um número maior de glândulas do que de estroma · Principal causa de sangramento pós-menopausa · Pode ser lesão precursora de câncer de endométrio · Ocorre em situações de estimulação prolongada pelo estrogênio, como: obesidade, estrogênio exógeno, tumores e alterações ovarianas · Ocorre mutação do gene PTEN, ocorrendo inativação desse gene, esse gene regula a via de crescimento, com a inativação desse gene a via fica permanentemente ativada, ocorrendo uma proliferação ativa das células · Classificação: · Típica: aumento da relação glândula\estroma, há estroma e raramente maligniza · Atípica: é uma neoplasia intraeptelial endometrial (EIN), tem atipia nuclear e padrão complexo, com glândulas mais tortuosas · Para diferenciar do adenocarcinoma endometrióide bem diferenciado precisa fazer histerectomia · Maior chance de progredir para carcinoma de endométrio · A histerectomia que vai confirmar se é ou não carcinoma endometrial · Fatores de Risco: · Reposição hormonal com estrogênio · Obesidade · Diabetes · Sempre tratar esses fatores para diminuir a chance de carcinoma de endométrio · Independente da alteração da espessura não pode afirmar que é maligno · É3 vezes mais comum que a o carcinoma · Sintomas: sangramento pós-menopausa · O ultrassom transvaginal é o exame de escolha para iniciar o diagnóstico · Mulheres com fatores de risco, e endométrio acima de 5 mm, sempre deve fazer a biópsia Carcinoma endometrial: · Neoplasia maligna invasora mais comum do trato genital feminino · Tipos: · Tipo I: endometrióide · Mais comum que o tipo II (80%) · Surgem de condições hiperplásicas · Aumento da sinalização da via PI3K\AKT · Mutações dos genes PTN, KRAS e outros genes · Origem em hiperplasias · Morfologia: · Polipóide ou infiltrativo · Disseminação principalmente por invasão direta · Pode disseminar por via linfática e à distância, em últimos estágios · Possui 3 graus histológicos · Pode haver diferenciação escamosa · Tipo II: seroso · Acomete indivíduos mais velhos do que no tipo I · Condições de atrofia endometrial · Mutações em TP53 · Precursor é o carcinoma intraepitelilal endometrial seroso · Pior prognóstico (dissemina mais) e é mais agressivo · Morfologia: · Tumores grande e profundamente invasivos · Atipia citológica acentuada · Disseminação extensa por outras vias além da invasão direta · Sempre são grau 3 · Epidemiologia: pico de incidência por volta dos 55 – 65 anos · Suspeitar: sangramento irregular ou pós-menopausa · Prognóstico depende da invasão, do subtipo e do grau histológico · Fatores de risco: · Reposição hormonal com o estrogênio · Obesidade · Diabetes · Em resultados de biópsia negativo não se pode excluir o câncer de endométrio devido ao risco de ocorrência de falsos negativos · A confirmação do diagnóstico requer análise histológica do tendo endometrial, para determinar a presença ou ausência de leão carcinomatosa ou pré-maligna · Sintomas: sangramento pós-menopausa · O exame papanicolau só é útil se tiver comprometimento da endocérvice Tumor MUlleriano Misto Maligno (tmmm): · Composto por adenocarcinoma endometrial + componente estromal maligno · O componente estromal assume vários subtipos · Mais comum em mulheres pós-menopausa · Se apresentam com um sangramento uterino · O principal fator prognóstico é que tipo de componentes mensequimal está presente tUMORES MIOMETRIAIS: · Leimioma: · Neoplasia benigna mais comum do trato genital feminino · Neoplasias benignas do músculo liso · Podem ser únicos ou múltiplos, bem delimitados e firmes · Possuem tamanho variado · Ao corte: padrão fasciculado\turbilhonado · Classificação: · Com base da localização: subseroso (pode parecer um pólipo), intramural e submucoso · Com base no tipo de crescimento: átipico, celular e degenerações · Manifestação clínica: assintomático ou sangramento, dor e complicações obstétricas · Depende do tamanho dele e da localização · Epidemiologia: acomete mais mulheres em fase reprodutiva · Principal diagnóstico diferencial: endometriose, adenomiose, carcinoma de endométrio, sangramento de uterino disfuncional · São tumores sensíveis a estrogênio e progesterona · Após menopausa, geralmente regridem e raramente surgem de novo tumores · Leimiossarcoma: · Raras · Não surgem dos leimiomas · Agressivos, metastatizantes e de prognóstico ruim · Morfologia: atipias celulares, necrose, mal delimitado e alto índice mitótico Tubas uterinas: · Mais acometidas por inflamações · Gravidez Ectópica · Cistos paratubários: cistos preenchidos por um líquido claro, são pequenos e sem repercussão clínica. · As neoplasias não são muito comuns · Adenocarcinoma: forma uma massa que pode ser identificado no exame de imagem, pode ser assintomático ou manifestar sangramento. A maioria é descoberto no estágio I, mas possuem um prognóstico agressivo Ovários: Cistos Funcionais: · Cistos foliculares: são os mais comuns, ocorrem devido ao não rompimento do folículo ou que rompe e logo se fecha · São múltiplos · Medem até 2 cm · Com líquido seroso claro · Sem importância clínica · Cisto Luteínico: são envoltos por células luteinizadas, podendo romper e formar cistos de corpo lúteo que geram uma inflamação em todo o peritônio tumores: · Vários tipos · Epidemiologia: · 80% são benignos, e a maioria ocorre em mulheres em idade reprodutiva · Os carcinomas acometem mulheres acima de 50 anos, representam apenas 3% de todos os canceres nas mulheres, sendo responsável pela quinta causa de morte por câncer · A maioria é não funcionante, ou seja, não exercem uma função hormonal · Sintomas: dor, distensão abdominal, sangramento vaginal, efeitos de compressão extrínseca ou de invasão das estruturas adjacentes · Tumores Epiteliais: · Surgem a partir do tecido Mulleriano · Classificados em: benigno, boderline e maligno · Subtipos histológicos principais: seroso, mucinoso e endometrióide · Atualmente postula-se classificar carcinomas em dois tipos: alto grau e baixo grau · São os mais comuns · Tumores Epiteliais Serosos: · Epidemiologia: · Correspondem a 40% dos carcinomas de ovário · É o tumor maligno mais comum · Juntamente com as variantes benignas e boderline somam 50% dos tumores ovarianos · Benignos ou bordeline correspondem a 70% dos tumores epiteliais serosos de mulheres em idade reprodutiva · Fatores de risco: nulíparas, história familiar positiva e mutações hereditárias · Mutação nos genes BRCA-1 e BRCA-2 é um fator de risco importante que aumenta o risco com a idade · Divididos com base no grau de atipias, que está muito relacionado ao prognóstico · Os de baixo grau possuem muito associação com os boderlines · Os de alto grau surgem a partir de lesões nas tubas uterinas (mais comum) ou de cistos de inclusão no ovário · Características: · São multicísticos ou sólidos · Maioria envolve a superfície do ovário · Muitos são bilaterais · Possuem alta tendência a se estender para o peritônio · Epitélio ciliado · Carcinoma de baixo grau: · Bem diferenciados · Podem surgir de boderline · Mutação: nos genes KRAS, BRAF e ERBB2 · Progressão lenta · Sobrevida longa · Carcinoma de alto grau: · Moderadamente ou pouco diferenciado · A partir de cistos de inclusão seroso no ovário ou de lesões nas tubas uterinas · Mutação: gene TP53 e RB · Maioria já disseminada ao diagnóstico · Benigno: · Parede lisa, sem espessamento · Pequenas ou nenhuma papila · Revestimento epitelial colunar, ciliado sem atipias · Chamado de cistoadenoma seroso · Boderline: · Papilas frequentes · Revestimento epitelial com atipias leves · Não invade estroma · Podem surgir na superfície peritoneal ou se estender como implante não invasivo · 100% sobrevida em 5 anos se restrito ao ovário · 90% de sobrevida e 5 anos se envolvimento peritoneal · Não considera cura após 5 anos · Maligno: · Muitas papilas ou sólido · Irregularidade da superfície e\ou nódulos · Arquitetura complexa e muitas atipias e mitoses · Invadem estroma · 70% sobrevida em 5 anos se restrito ao ovário · 25% sobrevida em 5 anos se envolvimento peritoneal · Chamado de cistoadenocarcinoma seroso · Tumores Epiteliais Mucinosos: · Epidemiologia: · Correspondem a 20-25% dos tumores ovarianos · Raro antes da puberdade e após a menopausa · Maioria é benigno ou boderline · Carcinoma primários são incomuns · Mutação no KRAS · Características: · A maioria é unilateral · Raramente envolve superfície do ovário · Benigno: · Parede lisa, sem espessamento · Revestimento epitelial colunar, com mucina, sem cílios · Multinodular · Chamado de cistoadenoma mucinoso · Boderline: epitélio estratificado, em tufos · Maligno: · Padrão glandular confluente · Atipias acentuadas · Chamado de cistoadenocarcinoma mucinoso · Manifestam-se como massas císticas volumosas, multiloculadas, preenchidas por conteúdo viscoso · Quando não restritos ao ovário, geralmente são fatais · Pseudomixoma Peritonei: peritônio com ascite e vários cistos, podendo causar obstrução intestinal e levar ao óbito · Tumores Epiteliais Endometrióides: · Epidemiologia: · Correspondem a 10-15% dos carcinomas ovarianos · Benignos e boderlines são incomuns · 15-20% coexistem com endometriose · Associação importante com câncer de endométrio mas são independentesum do outro · Os tumores pouco diferenciados apresentam mutação de TP53 · Geralmente são sólidos-císticos e bilaterais · Tumores de Células Germinativas: Teratomas · Epidemiologia: · 15-20% dos tumores do ovário · Maioria é teratoma cístico benigno · Em jovens e crianças, a maioria é benigna · Subtipos: · Teratoma maduro (benigno) · Teratoma imaturo (maligno) · Teratoma especializado · Disgerminoma · Tumor do saco vitelínico · Coriocarcinoma · Carcinoma embrionário e outros · Teratoma Maduro: · Cístico · Benigno · Acomete mulheres jovens · 10-15% bilaterais · Pele, pelos, anexos cutâneos, dente, cartilagem e ossos · Raramente maligniza · Raramente são sólidos · Chamado de cisto dermóide · Teratoma Imaturo: · Maligno · Menos frequentes dos teratomas · Composto por tecido que lembra o tecido embrionário imaturo · Idade mais jovem (18 anos) · Crescimento rápido · Disseminação local ou à distância · Invasão da cápsula · Teratoma Especializado: · Monodérmico · Sempre unilateral · Grupo “especial”, composto por um tipo celular · Funcionantes ou não · Struma ovarii: tecido ovariano, todo composto por células tireodianas · Carcinóide, é todo composto por células neuroendócrinas · Tumores de células Germinativas: disgerminomas · Equivale ao seminoma testicular · Epidemiologia: · Corresponde a 2% de todos os carcinomas ovarianos · 50% dos carcinomas de células germinativas · 75% em torno dos 30 anos · Maioria não tem função hormonal · Mutação no gene KIT · São malignos unilaterais, mas 30% é agressivo · Muito bom prognóstico · Tumores de Estroma e do Cordão Sexual: · Derivados do estroma ovariano, que deriva do cordão sexual · Podem ser tumores masculinizantes ou feminilizantes · Tumores de células Granulosas: · Células lembram as células da camada granulosa do folículo ovariano normal · Epidemiologia: corresponde a 5% de todos os tumores ovarianos · Maioria ocorre após a menopausa · Geralmente unilaterais e têm tamanhos variados (focos micro e enormes massas) · Mutações no gene FOXL2 · Associação com carcinoma endometrial, alterações mamárias e outras, devido ao excesso de produção de estrogênio · Curso indolente · Tumor de Células de Sertoli-Leydig · Células lembram as células testiculares · Geralmente são funcionantes, causando masculinização ou defiminilização · Todas as faixas etárias, principalmente em torno dos 30 anos · Unilaterais · Tumores Metastáticos: · Principalmente os que tem origem epitelial mulleriana: útero, anexos uterinos, peritônio pélvico · Quando não mullerianos: mama e trato gastrointestinal · Psedomixoma peritonei: apêndice cecal · Tumore de Krukenberg: · Metástases bilaterais · Com células em anel de cinete · Geralmente com sítio primário no estômago OOforite: · É a inflamação do ovário · Normalmente é causada por outra inflamação no trato genital, é muito raro ser de causa primária
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