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CURSO: Engenharia de Produção DISCIPLINA: Gestão da Inovação PROFESSOR: ANTONIO IACONO Aula 7 Estrutura Organizacional para a Inovação Meta Nesta aula vamos mostrar a importância da estrutura organizacional para o sucesso nos processos de inovação e os elementos-chaves para a construção de uma organização inovadora. Objetivos O objetivo principal desta aula é o de caracterizar os principais elementos construtores de uma organização inovadora. Para isso, vamos abordar os seguintes pontos: • Como uma empresa deve se organizar para inovar; • O papel dos indivíduos e das equipes para a inovação; • Fatores que promovem e inibem a inovação na empresa. Após esta aula, você será capaz de: 1. Avaliar o potencial inovador da empresa; 2. Caracterizar os principais componentes de uma organização inovadora; 3. Entender a importância do trabalho individual e das equipes para o sucesso da inovação. Introdução Vimos durante as aulas que a inovação é o resultado de um sucesso comercial; que não é um evento isolado e sim um processo de caráter interativo; que a inovação exige que a empresa se engaje em um processo contínuo de aprendizagem para acúmulo de capacidade tecnológica, e que este processo de acúmulo de capacidade tecnológica não depende somente de esforços internos da organização, mas também de elementos externos a ela, em uma ação coordenada de diferentes atores (universidades, empresas, instituições de pesquisa, instituições financeiras, órgãos governamentais de políticas públicas). Vamos agora avançar um pouco mais em nossa jornada e discutir como uma empresa deve se organizar para inovar, ou seja, qual deve ser a estrutura organizacional mais adequada para atender o processo de gestão da inovação. A inovação bem-sucedida vai exigir escolher, elaborar e preparar a organização adequada e as pessoas certas para executar e intensificar a inovação. Desenvolver boas estratégias de inovação ou elaborar processos de inovação não será suficiente para alcançar o resultado esperado da inovação, é crucial, imprescindível que se construa e se introduza a inovação no tecido geral da empresa. Organizar uma empresa para inovar não é um desafio simples; pelo contrário, para muitas é de grandes proporções. Iremos no decorrer da aula mostrar os elementos-chaves que constituem uma empresa potencialmente inovadora. Vamos entender que, cada vez mais, a inovação tem a ver com trabalho de equipe e com a combinação criativa de diferentes disciplinas e perspectivas. Mas, antes de efetivamente exploramos os aspectos relevantes para criação de uma empresa inovadora, é importante identificar, em uma autoavaliação, quais os pontos fortes e as melhorias relacionadas à inovação a serem desenvolvidas, ou seja, um breve diagnóstico do potencial inovador da empresa. 1. O primeiro passo: autoavaliação do potencial inovador Conforme dito, vamos apresentar inicialmente uma autoavaliação, sugerida rachel Highlight rachel Highlight rachel Highlight rachel Highlight rachel Highlight rachel Highlight rachel Highlight para identificar a situação atual da empresa. Esse diagnóstico é importante para delinear as ações de apoio à inovação. De acordo com Coral, Ogliari e Abreu (2011), uma análise de sua situação atual considera os seguintes fatores: 1.1 Cultura e organização Quanto à cultura e organização é importante entender qual a visão dos gestores sobre o papel da inovação para a empresa. Consideram-se nesse contexto a participação e motivação dos funcionários, e o estilo de liderança e autonomia na tomada de decisões. Também é feita uma avaliação na equipe técnica, com o objetivo de avaliar a base de conhecimento e nível de qualificação dos funcionários. Busca-se identificar quais as áreas que estão envolvidas no processo de inovação e como ocorre a integração entre elas, e quais as principais barreiras de comunicação e resistências internas. Avalia-se também a experiência que a empresa possui em trabalhar com equipes e com parceiros, tais como consultorias, institutos de pesquisa, fornecedores, clientes, universidades, dentre outros. Por fim, a disponibilidade de recursos tanto de pessoal quanto financeiros, e as facilidades de acesso a financiamentos. O Quadro 1, a seguir, mostra alguns exemplos de práticas de organização para a inovação: Quadro 1: Práticas de organização para a inovação Práticas Descrição Desenvolvimento de pessoal Investimento no desenvolvimento de pessoal em todos os níveis. Ambiente inovativo Ambiente onde as pessoas sabem que podem levar adiante ideias inovadoras, recebendo suporte da empresa. Relacionamento com fornecedores Parcerias com fornecedores no desenvolvimento de projeto de produtos e melhoria contínua. Envolvimento dos empregados Contribuição dos empregados para o processo de tomada de decisões na empresa. Relação com universidades e centros de pesquisa Cooperação sistemática e ampla com universidades e/ou centros de pesquisa. Estilo de liderança Gestores que promovem e encorajam um ambiente aberto com ampla participação e autonomia dos empregados. Fonte: Adaptado de Coral, Ogliari e Abreu (2011) 1.2 Planejamento estratégico Para o planejamento estratégico identifica-se a estratégia tecnológica atual da empresa e seu posicionamento mercadológico (segmento, fatia de mercado, portfólio dos produtos, clientes e concorrentes. São definidas também as competências atuais da empresa em relação aos produtos e ao desenvolvimento tecnológico, com destaque para o perfil dos profissionais e conhecimentos. O Quadro 2, a seguir, mostra alguns exemplos de práticas de planejamento estratégico para a inovação: Quadro 2: Práticas de planejamento estratégico para a inovação Práticas Descrição Investimento em modernização tecnológica Estabelecimento de estratégias para encontrar novas tecnologias de processo que possam melhorar os níveis de qualidade, custos e serviços. Estratégia de tecnologia dos produtos Compreensão da empresa quanto as suas competências essenciais em tecnologia e quanto ao monitoramento de tecnologias dos concorrentes. Geração de conceitos de produtos inovadores Forma estruturada para verificar necessidades de clientes e quão amplo é o envolvimento externo no desenvolvimento de conceitos de novos produtos. Estratégia de obtenção de novas tecnologias Planejamento integrado da inovação, incluindo análises jurídica, técnica e de integração interna (impacto nas áreas), e alternativas próprias de desenvolvimento. Fonte: Adaptado de Coral, Ogliari e Abreu (2011) 1.3 Sistemas de informações: O sistema de informação leva em consideração como é realizado o monitoramento e disseminação de informações para a inovação, bem como a empresa trata das questões relacionadas à propriedade intelectual, como por exemplo patentes e contratos. Tem-se o objetivo de entender quem, como, onde e quando são buscadas as informações sobre oportunidades de novos produtos/processos, modificações nos produtos atuais e de novas tecnologias/tendências. Um exemplo de prática em sistema de informação é a sua integração e seu uso para gerir a empresa de uma maneira proativa sem gerar barreiras. 1.4 Desenvolvimento de produtos No caso do desenvolvimento de produtos é importante identificar se a empresa possui ou não um setor de desenvolvimento de produto. Avalia-se a disponibilidade e uso de métodos e ferramentas de apoio à inovação, tais como (i) sistemas para coleta de ideias, (ii) softwares de apoio ao desenvolvimento de produtos e gerenciamento de projetos, (iii) sistemas de monitoramento e disseminação de informações, (iv) softwares de simulação, e (v) metodologias. Em relação às metodologias, como a empresa organiza, desenvolve e rachel Highlight documenta seus projetos. Ao desenvolver seus projetos, como a empresas os gerencia e quais as fontes de informaçõesque são utilizadas durante o desenvolvimento. Por fim, como a empresa gerencia os riscos de seus projetos, ou seja, quais os métodos e as ferramentas de que dispõe, e a qual a taxa de atraso e orçamentos extrapolados dos projetos. O Quadro 3, a seguir, mostra alguns exemplos de práticas de desenvolvimento de produtos Quadro 3: Práticas de desenvolvimento de produtos Práticas Descrição Planejamento do ciclo de vida do produto Avalia se os produtos são desenvolvidos como parte de uma família ou são produtos isolados e qual o horizonte de planejamento orientado pelo mercado. Ferramentas de apoio à introdução de novos produtos Uso de ferramentas para melhorar os resultados do processo de desenvolvimento de novos produtos, bem como para facilitar a comunicação entre os grupos envolvidos no projeto. Ferramentas para resolução de problemas Autonomia dos funcionários para resolver problemas e treinamentos para atuar neste sentido. Desenvolvimento automatizado de projeto Uso do auxílio eletrônico para o processo de desenvolvimento de produtos como, por exemplo, softwares para simulação, modelagem 3D, sistemas baseados no conhecimento etc. Simultaneidade no processo de engenharia Processo de desenvolvimento de produtos ocorrendo de forma paralela envolvendo não somente a manufatura, mas também marketing, qualidade, comercial etc., ao longo de todo ciclo de vida do produto. Projeto para produção, uso e descarte Uso de ferramentas e técnicas para integrar fabricabilidade, montagem, mantenabilidade e descarte ao final da vida útil do produto. Controle de mudanças Rapidez e confiabilidade no processo de mudança e liberação para a produção de novos produtos na empresa. Fonte: Adaptado de Coral, Ogliari e Abreu (2011) 1.5 Resultados • Indicadores de inovação: que indicadores a empresa utiliza para medir o resultado da inovação, e quais resultados são gerados desta inovação; • participação no mercado: como a empresa mede a sua participação; • satisfação do cliente: como a empresa mede a satisfação do cliente para novos produtos/ processos; • monitoramento dos concorrentes: como a empresa monitora os concorrentes quanto aos novos produtos/processos. O Quadro 4, a seguir, mostra alguns exemplos de performance em inovação que podem ser utilizados para os resultados. Quadro 3: Performance em inovação Performance Descrição Feedback de campo Como a experiência prévia de campo/cliente é incorporada no desenvolvimento de novos produtos e até que ponto as equipes de desenvolvimento possuem contato direto com os clientes. Participação no mercado Tendência atual da participação no mercado da empresa. Novos produtos tendem a manter ou aumentar a participação da empresa no mercado. Performance funcional de produtos Avalia até que ponto os produtos desenvolvidos atendem ao fim para o qual foram projetados se comparados com a concorrência. Nível de satisfação dos empregados Avalia qual o nível total do moral dos empregados e qual a tendência deste resultado. Um alto nível de satisfação é fator imprescindível ao processo de inovação. Capacidade de inovação Avalia qual a proporção de vendas é proveniente de produtos desenvolvidos nos últimos dois anos e se há inovações de processo que permitam custos e tempos de ciclo competitivos e melhorias na qualidade. Tempo de retorno do investimento Avalia se os planos de investimento são de longo prazo (mais de dois anos) e se a decisão de investimento é resultado de um processo planejado. Nível de satisfação do cliente Avalia em que proporção os clientes estão satisfeitos, com expectativas atendidas ou superadas. Tempo da liberação da produção até o mercado Avalia as reduções conseguidas no tempo que leva para a produção passar de um protótipo para um produto de linha disponível no mercado. Tempo de introdução de um novo produto/processo Avalia qual a velocidade de inovação da empresa se comparada à concorrência, levando em conta os custos de start up e curva de aprendizagem. Fonte: Adaptado de Coral, Ogliari e Abreu (2011) 2. Construção de uma organização inovadora Vimos que a inovação precisa de um conjunto de fatores para que seja alcançada com sucesso. São cruciais para seu processo, investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D); integração entre as diversas áreas/departamentos da empresa; relação com universidades e centros de pesquisa; sistema integrado de informação; capacidade tecnológica; conhecimento de mercado, dentre outros. Mas, em todos os fatores que contribuem para o sucesso no processo de inovação, o ativo mais importante no campo da inovação são as pessoas. A inovação requer criatividade e o ser humano é o ponto de partida para tal. Conforme enfatizado por Tidd e Bessant (2015), todo ser humano tem em sua essência tem a capacidade de lidar e encontrar soluções para problemas complexos, e, quando tal comportamento criativo é aproveitado entre um grupo de pessoas com diferentes habilidades e perspectivas, coisas extraordinárias podem ser alcançadas. Cada vez mais, a rachel Highlight inovação mostra estar fortemente relacionada com trabalho de equipe e com a combinação criativa de diferentes disciplinas e perspectivas. Em uma economia baseada em conhecimento, como a atual, onde a criatividade é crucial para a competitividade das empresas e nações, as pessoas passam a representar o maior ativo. O grande desafio da gestão é, então, criar organizações em que a criatividade possa orientar o comportamento inovador. A criação e a manutenção de um contexto organizacional inovador, ou seja, a construção de uma organização inovadora vai depender não apenas de uma estrutura ou um processo organizado; será preciso um conjunto integrado de componentes que atuam em conjunto para criar e fortalecer o ambiente necessário que permite que a inovação se desenvolva e progrida. Há vários estudos apresentados pela literatura que buscam identificar os principais fatores que promovem uma organização inovadora. Vamos apresentar em nosso capítulo um conjunto de componentes de uma organização inovadora, tratados por Tidd e Bessant (2015). Uma visão geral desses componentes é mostrada na Quadro 4. Quadro 4: Componentes da organização inovadora Componente Características Visão compartilhada, liderança e desejo de inovar Senso de propósito claramente compartilhado e articulado Alongamento da intenção estratégica “Comprometimento da alta gestão”. Estrutura adequada Projeto de organização que permita criatividade, aprendizagem e interação. Nem sempre um modelo de unidade de P&D livremente estruturado; a questão central é encontrar o equilíbrio necessário entre as opções “orgânica e mecânica” para contingências específicas. Indivíduos-chave Promotores, defensores e outras funções que energizam ou facilitam a inovação. Trabalho de equipe eficaz Uso adequado de equipes (nível local, multifuncional e interorganizacional) para solução de problemas. Exige investimento em seleção e formação de equipe Clima criativo Abordagem positiva a ideias criativas, apoiadas por sistemas de motivação relevantes. Fonte: Adaptado de Tidd e Bessant (2015) Iremos, a partir de agora, discutir cada um desse componentes. 2.1 Visão compartilhada, liderança e desejo de inovar Conforme já visto, a inovação é essencialmente relacionada com aprendizagem e mudança e, quando é do tipo disruptiva ou radical, caracteriza- se por ser de alto custo e elevado risco. Tal natureza da inovação gera comportamentos de resistência a mudanças nos indivíduos. Nesse sentido, é preciso muita energia para superar essa resistência e mudar o status quo presente. Vamos utilizar um exemplo para ilustrar essa situação (ver Box explicativo). Todos nós utilizamos e compreendemos a importância do telefone e de seu valor comercial, mas em sua época, Alexander Graham Bell, seu inventor, enfrentoua resistência e a descrença do potencial comercial de sua invenção. Início do Boxe Explicativo Exemplo de resistência a mudança gerada pela inovação Perdendo o trem... Em 10 de março de 1875, Alexander Graham Bell chamou seu assistente: “Sr. Watson, venha aqui, preciso do senhor” - o surpreendente em relação ao que estava acontecendo era que aquela era a primeira conversa telefônica do mundo. Entusiasmados com a descoberta, eles expuseram a ideia aos altos executivos da Western Union. A resposta deles, por escrito, alguns dias depois, sugeriu que “após cuidadosa consideração com relação à invenção, que é uma novidade muito interessante, chegamos à conclusão de que não há possibilidades comerciais... não vemos futuro para um brinquedo elétrico...”. Passados quatro anos da invenção, existiam 50.000 telefones nos Estados Unidos e, em 20 anos, cinco milhões. Ao mesmo tempo, a empresa que Bell criou, a American Telephone and Telegraph (ATT), cresceu até se tornar a maior companhia do país, com o preço de ação em 1.000 dólares. A patente original, de número 174455, tornou-se a mais valiosa da história. Fonte: Tidd e Bessant, 2015. Fim do Boxe Explicativo Por outro lado, o problema do “não inventado aqui” também é observado. Há empresas que falham ao não perceberem o potencial de uma nova ideia ou rachel Highlight mesmo decidir que a mesma não se encaixa em seus negócios. Há também casos em que a empresa percebe que é necessária a mudança, percebe que concorrentes estão inovando, mas por não sentir tão ameaçadora a mudança, permanecem como estão. Um exemplo disso pode ser apreciado na indústria automobilística, onde a General Motors não interpretou as mudanças da indústria japonesa, quando da implementação do sistema de produção enxuta, para maior competitividade no mercado. A empresa norte américa resistiu a enxergar a inovação de processo que o sistema de produção enxuta trazia para a indústria automobilística. Outro exemplo de resistência a mudança que pode ser observado é na indústria fotográfica, na transição da tecnologia analógica para a digital, pela Polaroid. De acordo com Christensen (2005), a Polaroid enfrentou problemas nessa transição para a imagem digital, o que nos permite evidenciar as dificuldades que as empresas estabelecidas no mercado enfrentam para reconhecer uma nova tecnologia disruptiva. Deste modo, conforme enfatizado por Tidd e Bessant (2015), as ideias que desafiam o status quo enfrentam uma difícil luta para serem aceitas. A inovação requer energia e entusiasmo considerável para superar barreiras desse tipo, e uma das preocupações das organizações inovadoras de sucesso é encontrar formas de garantir que as pessoas que possuem boas ideias tenham oportunidades de desenvolvê-las sem que seja preciso o abandono da organização para sua realização. É nesse contexto que se faz importante a liderança e o comprometimento da alta gestão. O comprometimento da alta gestão, conforme já visto em outra aula, é um preceito associado à inovação de sucesso. Vale lembrar que o desafio da alta gestão é transferir o conceito em realidade, demonstrar o envolvimento, compromisso, entusiasmo e apoio. É importante destacar também, o conflito entre retornos maiores e o longo prazo. Inovação que envolve projetos maiores normalmente implica em maiores incertezas e consequentemente maiores prazos de retorno sobre o investimento. Particularmente, isso não fácil de tratar, já que acionistas, de maneira geral, demandam por mais ganhos em curto prazo. Balancear as desvantagens do longo prazo com penetração e crescimento em mercado futuro, e nos benefícios estratégicos pode ser um modo de lidar com este rachel Highlight rachel Highlight problema. Tidd e Bessant (2015) também mostram que a aceitação de risco por parte da alta gestão é parte desse padrão. A inovação é de natureza incerta e envolverá tanto fracassos quanto sucessos. Deste modo, a gestão bem-sucedida exige que a organização esteja preparada para correr riscos e aceitar fracassos como oportunidades para aprendizagem e desenvolvimento. É claro que não significa que as empresas tenham que aceitar todo e qualquer risco envolvido, mas devem atuar no sentido de reduzi-lo na medida do possível; e para isso precisam fazer uso de informações e de pesquisas. Quanto à liderança, é importante não confundir com comprometimento da alta gestão. Em muitos casos, a inovação acontece apesar da alta direção de uma empresa. O ideal é que a alta gestão além de liderar, promovendo suporte e abrindo espaço na organização, tenha envolvimento direto com a inovação. A contribuição dos líderes para o desempenho das empresas é, sem dúvida, significativa. As decisões e escolhas da alta administração influenciam no desempenho organizacional, positiva ou negativamente. Para termos uma ideia dessa relevância, direta e indiretamente, a liderança pode responder por metade da variação de desempenho observada nas empresas. Em níveis mais altos de gestão, os problemas a serem resolvidos são mais propensos a serem mal definidos, exigindo que os líderes conceitualizem melhor (TIDD e BESSANT, 2015). Entretanto, não é somente a influência do conhecimento técnico da liderança no desempenho do grupo que devemos considerar, mas também outras capacidades como a de resolução criativa de problemas e habilidades de processar informações, e a de avaliar as ideias dos outros. Tanto o conhecimento especializado quanto as habilidades cognitivas são componentes fundamentais da liderança criativa, e ambos estão associados com o bom desempenho de grupos criativos. O estímulo intelectual por parte dos líderes possui um efeito mais forte sobre o desempenho organizacional sob condições de incerteza. O estímulo intelectual refere-se a comportamentos que aumentem nos outros a consciência e o interesse em problemas, e desenvolve a propensão e a habilidade deles para lidar de novas maneiras com os problemas, ou seja, é importante que os lideres envolvam outros indivíduos da organização, de níveis inferiores, do ponto de vista hierárquico. É importante para a criação de novas ideias que haja uma combinação dessas capacidades de resolução de problemas com habilidades sociais, já que os líderes irão depender dos outros para identificar e implementar soluções. Em outros termos, podemos dizer que a contribuição da liderança inclui inspirar ou construir confiança, resolver problemas e tomar decisões estratégicas apropriadas. Os fatores que os lideres devem priorizar para estimularem a inovação podem ser vistos no Box explicativo “Liderança para a inovação”, da Aula 3 – Integração no processo de inovação. 2.2 Estrutura organizacional adequada Não importa quão bem desenvolvidos sejam os sistemas de definição e desenvolvimento de produtos e processos inovadores, eles só terão sucesso se o contexto organizacional circundante for favorável. Alcançar um nível desejado de desenvolvimento de produtos e processos inovadores não é uma tarefa trivial, vai depender de estruturas e processos organizacionais adequados, que permitam que a mudança tecnológica prospere. As estruturas organizacionais são influenciadas pela natureza das tarefas a serem desempenhadas dentro da organização. Nesse sentido podemos imaginar que quanto menos programadas e mais incertas são as atividades, maior será a necessidade de flexibilidade. Por exemplo, vamos considerar as atividades da produção. De maneira geral, essas atividades caracterizam-se por uma tomada de decisão sujeita a pequena variação. Em determinadas situações, incluímos aqui aquelas relacionadas a inovação também, vão exigir julgamento e percepção e podem variar consideravelmente de um dia para o outro, ou seja, vão exigir ampla flexibilidade e interação. Em outros termos, essas atividades pouco provavelmente configurarão uma rotina, relacionamentosformalizados e estruturados. Podemos afirmar que no que se refere a decisões “programadas” e “não programadas”, quanto maior for o nível de tomada de decisão não programada, mais flexível deverá ser sua estrutura organizacional. Isso explica, em parte, conforme destacado por Tidd e Bessant (2015), por que alguns setores de rápido crescimento - como o de eletrônicos ou biotecnologia - estão sempre associados a formas organizacionais mais flexíveis (ou orgânicas), rachel Highlight enquanto que indústrias maduras geralmente envolvem mais planejamentos rígidos (ou mecânicos). Estudos voltados para a inovação de produto têm mostrado que o sucesso da inovação em indústrias maduras, como por exemplo a de embalagens de alimentos, e em setores em crescimento, como o de plásticos, tem forte correlação com estruturas organizacionais diferenciadas para atender às necessidades de um mercado diversificado. Uma proposta abrangente de configurações de estrutura organizacional é apresentada por Henry Mintzberg (2003). As categorias, e suas implicações para a gestão de inovação, são mostradas no Quadro 5. O Box explicativo a seguir, nos mostra um bom exemplo da importância da estrutura organizacional e da necessidade de encontrar modelos adequados. Início do Boxe Explicativo O surgimento da produção em massa Talvez a área mais significativa em que há mudança de perspectiva seja a de recursos humanos. Os primeiros modelos de organização foram fortemente influenciados pelo trabalho de Frederick Taylor e seus princípios de “gestão científica”. Essas ideias - aplicadas extensivamente no desenvolvimento de indústrias de produção em massa, como a fabricação de automóveis - veem o problema da organização essencialmente como que exigindo o uso de métodos analíticos para chegar à “melhor” maneira de levar adiante as tarefas da organização. Isso levou a um modelo essencialmente mecânico, em que as pessoas eram frequentemente vistas como “engrenagens” de uma máquina maior, com limites claramente definidos do que devem ou não fazer. As vantagens desse sistema para a produção em massa de uma pequena variedade de mercadorias eram claras; os aumentos de produtividade geralmente chegavam a três dígitos com a adoção dessa abordagem. Na primeira linha de montagem da Ford, estabelecida em 1913 para a fabricação de volantes, o tempo de montagem caiu de 20 minutos/homem para cinco, e, em 1914, três linhas estavam sendo usadas no departamento de chassi para reduzir o tempo de montagem de aproximadamente 12 horas para menos de duas. No entanto, suas limitações estavam no poder de mudança do sistema e na capacidade para inovação. Por meio da restrição efetiva da inovação a poucos especialistas, um importante recurso de solução criativa de problemas, em termos de desenvolvimento de produtos e processos, foi efetivamente cortado. A experiência de Ford e de outros enfatiza o argumento de que não há um único tipo de organização; o segredo é garantir a congruência entre valores e crenças fundamentais e a organização, o que permite que rotinas inovadoras prosperem. Por exemplo, enquanto o modelo de “unidades de P&D de estrutura livre" pode ser apropriado para organizações de desenvolvimento de produto norte-americanas, é inadequado no Japão, onde uma forma mais disciplinada e estruturada é necessária. Igualmente, algumas organizações de sucesso são baseadas em trabalho de equipe, enquanto outras se constroem ao redor de indivíduos-chave - em ambos os casos, estão refletidas as crenças fundamentais sobre como a inovação funciona em organizações específicas. De maneira similar, a inovação pode ter lugar dentro de organizações fortemente burocráticas, tanto quanto naquelas em que existe uma estrutura mais livre - desde que haja uma consistência fundamental entre essas estruturas e rotinas comportamentais inovadoras. Fonte: Tidd e Bessant, 2015. Fim do Box explicativo Para o caso da inovação, o desafio não será diferente. Os vários tipos de estruturas organizacionais nos mostram que para o sucesso da gestão da inovação é necessário ajustar a organização, ou seja, construir um modelo estrutural mais adequado para os contextos específicos. É importante lembrar que as estruturas organizacionais, de maneira geral, são configuradas para a estabilidade. A inovação está inserida em um ambiente turbulento, de constantes mudanças, e em virtude de seu caráter interativo, centrada na criatividade e desenvolvimento de novas tecnologias cada vez mais complexas, vai exigir estruturas organizacionais com configurações mais flexíveis, com ênfase no trabalho em equipe, maior autonomia por parte dos funcionários, com novos sistemas que promovam a aprendizagem e o acúmulo de capacidade tecnológica. Quadro 5: Configurações de estrutura organizacional de Mintzberg Configurações Características fundamentais Implicações para a inovação Estrutura simples Tipo orgânico centralizado – controlado centralmente, mas pode responder rapidamente às mudanças no ambiente. Geralmente pequena e frequentemente controlada diretamente por uma pessoa. Projetada e controlada na mente do indivíduo a quem compete a tomada de decisões. As forças são velocidade de resposta e clareza de propósitos. As fraquezas são vulnerabilidade ao julgamento errôneo do indivíduo ou ao preconceito e limites de recursos no crescimento Pequenas startups em alta tecnologia (“negócios de garagem” são geralmente de estrutura simples. As forças são energia, entusiasmo e espírito empreendedor) empresas inovadoras de estrutura simples são, com frequência, altamente criativas. As fraquezas estão em estabilidade e crescimento de longo prazo e dependência excessiva de pessoas- chave, que podem não estar sempre se movimentando na direção correta do negócio. Burocracia mecanizada Organização mecânica centralizada, controlada centralmente por sistemas. Uma estrutura projetada como uma máquina complexa, com as pessoas vistas como peças da máquina. O projeto realça a função do todo e a especialização das partes ao ponto em que elas são facilmente e rapidamente intercambiáveis. Seu sucesso provém do desenvolvimento de sistemas eficazes que simplificam tarefas e estabelecem uma rotina para o comportamento. As forças de tais sistemas são a capacidade de lidar com processos integrados complexos, como montagem de veículos. As fraquezas são o potencial para alienação dos indivíduos e o estabelecimento de rigidez em sistemas inflexíveis. Burocracias mecanizadas dependem de especialistas para inovar, e isso é canalizado para todo o design do sistema. Exemplos incluem fast food (McDonald's), produção em massa (Ford) e varejo em larga escala (Tesco); em cada um deles, há considerável inovação, mas concentrada em especialistas e impactando no nível de sistema. As forças das burocracias mecanizadas são sua estabilidade e seu foco em habilidades técnicas ao projetar os sistemas para tarefas complexas. As fraquezas são sua rigidez e inflexibilidade face à rápida mudança, além dos limites à inovação que surgem de não especialistas. Forma divisionada Forma orgânica descentralizada, projetada para se adaptar a desafios ambientais locais. Geralmente associado a grandes organizações, esse modelo envolve especialização em unidades semi-independentes. Exemplos seriam unidades de negócio estratégicas ou divisões operacionais. As forças de tal forma são a capacidade de atacar nichos específicos (regional, mercado, produto, etc.) enquanto buscam suporte central. As fraquezas são os atritos internos entre as divisões e o centro. A inovação aqui geralmente segue um modelo de “centro e periferia” em que o P&D de interesse à natureza genérica é desenvolvido em instalações centrais, enquanto o trabalho específico e mais aplicado é conduzido dentro das divisões. As forças desse modelo incluem a capacidade de se concentrar no desenvolvimento decompetências em nichos específicos e de mobilizar e compartilhar conhecimento adquirido com o resto da organização. As fraquezas incluem a “força centrífuga” longe do centro de P&D em direção aos esforços locais aplicados e os atritos e a competição entre as divisões, o que inibe o compartilhamento de conhecimento. Burocracia profissional Forma mecânica descentralizada, com poder localizado em indivíduos, mas com coordenação por padrões. Este tipo de organização é caracterizado por níveis de habilidades profissionais relativamente altos e é tipificado por equipes de especialistas em consultorias, hospitais ou escritórios de advocacia. O controle é amplamente alcançado por meio do consenso sobre padrões (“profissionalismo”), e os indivíduos possuem um alto nível de autonomia. As forças de tal organização incluem elevados níveis de habilidade profissional e capacidade para unir equipes. Este tipo de estrutura tipifica a atividade de consultoria de projeto e inovação dentro e fora das organizações. Os grupos de P&D formal, de TI ou de engenharia seriam bons exemplos disso, já que neles é valorizada a excelência técnica e especializada. As forças desse modelo estão na capacidade técnica e nos padrões profissionais. As fraquezas incluem a dificuldade de gerenciar indivíduos com alta autonomia e poder de conhecimento. Adhocracia Tipo de projeto de organização concebido para lidar com a instabilidade e a complexidade. As adhocracias não possuem vida longa sempre, mas oferecem um alto grau de flexibilidade. Baseiam-se em equipes com altos níveis de habilidade individual, mas também com habilidade para trabalhar em conjunto. Normas e estrutura internas são mínimas e subordinam- se à obtenção de trabalho realizado. As forças do modelo são sua capacidade de enfrentar altos níveis de incerteza e sua criatividade. As fraquezas incluem a inabilidade para trabalhar de forma eficaz em conjunto devido a conflitos mal resolvidos e também a falta de controle decorrente da ausência de padrões e estruturas formais. Esta é a forma mais comumente associada às equipes de projetos inovadores - por exemplo, no desenvolvimento de um novo produto ou de uma importante mudança de processo. A organização de projetos da NASA foi uma das mais eficazes adhocracias no programa para levar o homem à Lua; significativamente, a organização mudou sua estrutura quase uma vez por ano durante os 10 anos do programa, a fim de assegurar que seria capaz de responder à natureza incerta e mutante do projeto. As forças das adhocracias são os altos níveis de criatividade e flexibilidade - o modelo de unidades de P&D estruturadas livremente, como defendido na literatura. As fraquezas incluem a falta de controle e o excesso de comprometimento com o projeto, em detrimento do restante da organização. Voltado para a missão Modelo emergente, associado a valores comuns partilhados. Este tipo de organização se mantém unido pelos membros, compartilhando um propósito, em geral, altruísta e comum - por exemplo, em organizações voluntárias e de caridade. As forças são o alto comprometimento e a capacidade dos indivíduos de tomar iniciativas sem referência a outros, tendo em vista o olhar comum sobre o objetivo como um todo. As fraquezas incluem falta de controle e de sanções formais. Inovação voltada para a missão pode obter muito sucesso, mas exige energia e um senso de propósito claramente articulado. Aspectos da gestão da qualidade total e outros princípios organizacionais voltados para valores estão associados a essas organizações, com uma busca pelo melhoramento contínuo que parte de dentro, ao invés de em resposta a estímulos externos. As forças residem no senso claro de propósito comum e no poder dos indivíduos para tomar iniciativas nessa direção. As fraquezas residem na dependência excessiva de visionários essenciais para oferecer um propósito claro e na falta de apego à missão corporativa. Fonte: Adaptado de Mintzberg, 2003 2.3 Indivíduos-chave Os indivíduos-chave são um elemento importante, pois representam facilitadores no processo de inovação. São várias as funções que os indivíduos-chave podem desempenhar sobre o resultado de um projeto de inovação; vejamos algumas. Uma primeira função a ser destacada está relacionada à fonte de conhecimento técnico. Em geral é o inventor ou o líder da equipe responsável por uma invenção. São fundamentais pois compreendem bem a tecnologia subjacente à inovação e possuem a capacidade para resolver os muitos problemas de desenvolvimento que provavelmente surgem no longo do projeto. Mas, sua contribuição não se limita ao conhecimento técnico; envolve também inspiração quando problemas tecnológicos específicos parecem insolúveis, além de motivação e comprometimento. Uma segunda função-chave é o patrocinador organizacional. Em geral, esse profissional tem poder e influência dentro da organização, o que possibilita que muitas barreiras para o desenvolvimento da inovação sejam removidas ou facilitadas. Tal função não precisa necessariamente compreender conhecimento técnico detalhado da inovação, pois o importante aqui é eliminar as barreiras internas para o progresso da inovação. As funções influentes variam desde o chamado gerente de projeto “peso-pesado” ao gerente de projeto peso-leve. O primeiro tem envolvimento profundo e poder organizacional para fazer as coisas acontecerem, enquanto o segundo, tem envolvimento mais distante. Um terceiro tipo de indivíduo-chave é o “gatekeeper tecnológico”. Os gatekeepers, são os indivíduos que desempenham papéis que, direta ou indiretamente, possam promover a inovação na empresa. os gatekeepers coletam informações de diversas fontes e as repassam para os membros relevantes da organização, capacitando-os melhor. Conforme Tidd e Bessant, o papel dos gatekeepers está se tronando cada vez mais importante no campo da gestão do conhecimento, em que há um reconhecimento de que, para ativar o compartilhamento eficaz e a comunicação de recursos de conhecimentos valiosos, não basta ter software inteligente e TI avançada – deve haver um elemento-chave interpessoal envolvido. 2.4 Trabalho de equipe eficaz Em termos de geração de ideias e desenvolvimento de soluções, a literatura tem mostrado que o trabalho de equipe traz melhores resultados do que o trabalho individual. Equipes multifuncionais, por exemplo, são de extrema importância, não apenas por poderem reunir os conjuntos de conhecimentos diferentes necessários para tarefas como desenvolvimento de produto ou melhoria de processo, mas também por alinharem diferentes perspectivas, muitas vezes enraizadas na organização. Entretanto, construir equipes eficazes não é uma tarefa simples, não ocorre por acaso e vai exigir esforços adicionais para garantir que conflitos implícitos de valores e crenças sejam efetivamente resolvidos. Tidd e Bessant (2015) mostram que o trabalho de equipe com alto desempenho eficaz inclui alguns elementos essenciais, a saber: • objetivos e tarefas claramente definidos; • liderança de equipe eficaz; • bom equilíbrio entre papéis de equipe e estilo comportamental individual; • mecanismos eficazes de resolução de conflitos dentro do grupo; e • conexão contínua com a organização externa. Para o bom desempenho da equipe é crucial em sua formação uma boa combinação entre as exigências de papéis do grupo e as preferências comportamentais das pessoas envolvidas. Equipes mais eficazes são as que apresentam diversidade em sua formação, capacidade e estilo comportamental. Em outros temos, queremos dizer aqui que, em muitos casos, indivíduos com grande talento, mas semelhantes, apresentam desempenho menor que grupos com indivíduos de talento mediano, porém diferentes. Tidd e Bessant (2015) sugerem algumas características que promovem o trabalho em equipes de alto desempenho. Vamos ver quais são. a) Objetivo claro, comum e inspirador.Refere-se a ter entendimento, acordo mútuo e identificação no que diz respeito à tarefa primária que um grupo enfrenta. O trabalho ativo em equipe em direção a objetivos comuns ocorre quando os membros da equipe compartilham uma visão comum. Equipes criativas possuem objetivos claros e comuns. As metas devem ser claras, impulsionadoras, abertas e desafiadoras. De maneira geral, equipes menos criativas possuem objetivos conflitantes, missões diferentes e nenhum acordo sobre o resultado final. Normalmente conduzem as atividades como obrigações rígidas, consideradas como rotina e excessivamente estruturadas. b) Estrutura orientada aos resultados. Indivíduos em equipes de alto desempenho se sentem produtivos quando seu trabalho é realizado com o mínimo de tensão. Comunicação aberta, coordenação clara de tarefas, papéis e responsabilidades claros, monitoramento do desempenho, fornecimento de feedback, julgamento baseado nos fatos, eficiência e gestão fortemente imparcial, quando combinados, criam uma estrutura orientada aos resultados. c) Membros competentes Equipes competentes são compostas de membros capazes e conscienciosos, que possuam habilidades e capacidades essenciais, um forte desejo de contribuir, que sejam capazes de colaborar efetivamente e tenham um senso de idealismo responsável. Devem ter conhecimento no domínio em torno da tarefa, bem como no processo de trabalhar em equipe. Equipes criativas reconhecem as diversas forças e talentos e as usam de maneira adequada. d) Comprometimento conjunto Ter um compromisso compartilhado refere-se à forma como os membros do grupo agem. Equipes eficazes possuem uma unidade organizacional: os membros mostram apoio mútuo, dedicação e fidelidade à visão e ao propósito compartilhados e um grau produtivo de sacrifício para atingir as metas organizacionais. Os membros da equipe gostam de contribuir e celebrar suas conquistas. e) Clima colaborativo O trabalho produtivo em equipe não acontece do nada. Ele requer um clima que apoie a cooperação e a colaboração. Esse tipo de situação é caracterizado por confiança mútua, em que todos se sentem confortáveis ao discutir ideias e oferecer sugestões e dispostos a considerar múltiplas abordagens. f) Padrões de excelência. Equipes eficazes estabelecem padrões claros de excelência, que incluem comprometimento individual, motivação, autoestima, desempenho individual e aprimoramento constante. Os membros das equipes desenvolvem um entendimento claro e explícito das normas nas quais irão se basear. g) Apoio e reconhecimento externo Os membros de equipes precisam de recursos, recompensas, reconhecimento, popularidade e sucesso social. Ser admirado como indivíduo e respeitado por pertencer e contribuir com uma equipe é, geralmente, muito útil para manter o alto nível de energia pessoal necessário para o desempenho continuado. Com o aumento no uso de equipes multifuncionais e interdepartamentais em organizações maiores e mais complexas, as equipes devem ser capazes de obter aprovação e incentivo. h) Liderança com princípios. A liderança é importante para o trabalho em equipe. Quer seja um líder formalmente indicado ou uma liderança do tipo emergente, as pessoas que exercem influência e incentivam a realização de tarefas importantes geralmente seguem os mesmos princípios básicos. Líderes fornecem orientações claras, apoio e incentivo e mantêm todos trabalhando juntos e seguindo em frente. Os líderes também trabalham para obter apoio e recursos de dentro e de fora do grupo. i) Uso apropriado da equipe. O trabalho em equipe é incentivado quando as tarefas e situações realmente requerem esse tipo de atividade. Às vezes, a própria equipe deve estabelecer limites claros sobre quando e por que implantá-lo. Uma das maneiras mais fáceis de encerrar uma equipe produtiva é usá-la em excesso ou quando não é apropriado fazê-lo. j) Participação na tomada de decisões Uma das melhores maneiras de incentivar o trabalho em equipe é engajar os membros da equipe no processo de identificação dos desafios e oportunidades para melhorias, gerando ideias e as transformando em ação. A participação no processo de resolução de problemas e na tomada de decisões realmente constrói o trabalho em equipe e melhora a probabilidade de aceitação e implementação. k) Espírito de equipe Equipes eficazes sabem como se divertir, soltar a tensão e relevar a necessidade de controle. Às vezes, o foco está em desenvolver amizades e engajar-se em tarefas por prazer e diversão mútuos. Esse clima interno de equipe se estende para além da necessidade de um clima colaborativo. Equipes criativas possuem a habilidade de trabalhar em conjunto sem grandes conflitos de personalidades. Há um alto grau de respeito às contribuições dos outros. Já equipes menos criativas são caracterizadas por animosidade, inveja e postura política. l) Adotar mudanças apropriadas Equipes frequentemente enfrentam os desafios de organizar e definir tarefas. A fim de que se mantenham produtivas, devem aprender a fazer as mudanças necessárias nos procedimentos. Quando há uma mudança fundamental em como a equipe deve operar, valores e preferências diferentes podem precisar ser harmonizados. É possível perceber que a formação de equipes não é fácil, e nem sempre é eficiente para gerar os melhores resultados. O Quadro 6 sintetiza alguns dos aspectos positivos e negativos de se usar equipes para a inovação. Quadro 6: Aspectos positivos e negativos do uso de equipes Aspectos positivos Aspectos negativos Maior disponibilidade de informação e conhecimento. A pressão social para o pensamento uniforme limita as contribuições e aumenta a conformidade. Mais oportunidades para contribuições mútuas, aumentando a probabilidade de elaboração e aperfeiçoamento de ideias dos outros. Pensamento de grupo: grupos convergem para opções que parecem ter maior consenso, independentemente da qualidade Maior amplitude de experiências e perspectivas nas quais se basear Indivíduos dominantes influenciam e exibem uma quantidade de impacto desigual nos resultados. A participação e o envolvimento na resolução de problemas aumentam o entendimento, a aceitação, o comprometimento e a posse dos resultados. Os indivíduos assumem menos responsabilidades, permitindo que os grupos tomem as decisões mais arriscadas. Mais oportunidades para o desenvolvimento do grupo; aumento da coesão, da comunicação e do companheirismo. Vieses individuais conflitantes podem levar a níveis de competição improdutivos, levando a “vencedores” e “perdedores". Fonte: Adaptado de Tidd e Bessan (2015) Apresentamos agora, no box explicativo, um exemplo prático dos diferentes estilos dos membros de uma equipe e sua relação com desempenho. Início do Box explicativo Estilos cognitivos dos membros da equipe Este estudo examinou as influências, no desempenho dos projetos de inovação, dos diferentes estilos cognitivos dos membros da equipe, especificamente proporções de composição da equipe com membros de três estilos cognitivos: criatividade, conformidade com as regras e com o grupo e atenção aos detalhes. Usando dados sobre 20 equipes de P&D (331 participantes) e 21 equipes de produção (137 participantes), descobriu-se que a inclusão de membros criativos e conformistas em uma equipe aumentava a inovação radical, enquanto a inclusão de membros atentos aos detalhes a entravava. Membros criativos aumentavam o conflito de tarefas e dificultavam a adesão da equipe a padrões. Os conformistas, em contraste, reduziam o conflito de tarefas e aumentavam a adesão da equipe a padrões. Entretanto, embora os membros criativos aumentassem o conflito de tarefas e os membros conformistas o diminuíssem, o conflito de tarefas não explicava a inovação radical. Eles descobriram que a composição de equipe ideal paraa inovação radical era 22% de membros criativos, 16% de conformistas e 11% de atentos aos detalhes. Nas equipes mais inovadoras, os níveis de potencial e adesão a padrões eram menores que a média, mas o nível de conflito de tarefas estava na média. O potencial da equipe mediava o efeito dos estilos cognitivos na inovação. Tal potencial se refere à convicção generalizada dos membros da equipe sobre as capacidades de sua equipe para realizar tarefas e tem uma relação não linear com a inovação da equipe. Níveis baixos indicam uma falta de confiança nas capacidades da equipe, enquanto níveis altos estão associados com o progresso do projeto, mas também com a satisfação da equipe com resultados medíocres. Equipes dominadas por membros criativos tinham mais conflitos de tarefa e menos potencial e adesão a padrões, mas não tinham níveis de inovação mais altos que a média. Equipes dominadas por membros atentos aos detalhes e conformistas tinham os níveis mais altos de potencial, mas o menor desempenho inovativo. Os membros que apenas focam os detalhes e os que aderem a padrões rígidos podem refrear a equipe na hora de assumir riscos ou de improvisar para inovar. Conforme Douglas Bowman, ex-designer visual da Google: Quando uma empresa está cheia de engenheiros, ela se volta à engenharia para resolver problemas. Reduz cada decisão a um simples problema de lógica. Remove toda a subjetividade e apenas olha para os dados.... (Por exemplo) uma equipe da Google não conseguia escolher entre dois tipos de azul, então estavam testando 41 tons entre cada azul para ver qual ficava melhor. Recentemente, tive um debate sobre se uma borda deveria ser de 3, 4 ou 5 pixels de largura, e pediram-me para provar a minha hipótese.... Esses dados acabam se tornando uma muleta para cada decisão, paralisando a empresa e impedindo-a de tomar qualquer decisão de design ousada (http://stopdesign.com/archive/2009/03/20/goodbye-google.html). Fonte: Tidd e Bessant (2015). Fim do Box explicativo http://stopdesign.com/archive/2009/03/20/goodbye-google.html 2.5 Clima criativo Certamente você já ouvir falar que muitas das inovações acontecem por acaso, são acidentais. Alguns exemplos disso são o fecho Velcro, o Post-it da empresa 3M, e vidro float, criado pela Pilkington. No entanto, essas descobertas têm por detrás condições nas quais esses acasos acontecem. De acordo com Tidd e Besant (2015), duas características importantes da criatividade são relevantes para isso. A primeira é reconhecer que criatividade é um atributo que todas as pessoas possuem, mas que a forma de expressá-la pode variar consideravelmente, ou seja, algumas pessoas sentem-se confortáveis com ideias que desafiam a maneira como o universo funciona, enquanto outras preferem mudanças menores, isto é, ideias sobre como melhorar as tarefas que realizam em pequenos passos incrementais. Isso tem consequências importantes no que se refere ao gerenciamento da criatividade dentro da organização. Vale lembrar que a busca pela inovação, conforme já vimos em aulas anteriores, envolve a comercialização de algo novo, sua difusão, e não somente uma invenção. Embora a geração de uma ideia possa necessitar das habilidades ou da inspiração de um indivíduo específico, as demais etapas do processo de inovação vão precisar do input de muitas pessoas diferentes. Em outras palavras, queremos dizer que o desenvolvimento do bloco de notas Post-it, da 3M, ou de qualquer outra inovação bem-sucedida, é, na realidade, o resultado do esforço criativo combinado de muitas pessoas envolvidas. A forma como uma organização gera suas ideias e as implementa em um novo produto ou processo inovador é, fruto de sua cultura inovadora. A cultura de uma organização reflete o padrão de valores compartilhados, suas crenças e normas, que são aceitas e que dão forma ao comportamento. Em outros termos, a cultura organizacional é a “maneira como a empresa faz as coisas”. A cultura molda a ação do indivíduo e do coletivo, definindo o conjunto de normas e valores dominantes no grupo; e o comportamento alinhado com essas normas cria as estruturas, processos, etc, que por sua vez reforçam o padrão. Nesse sentido pode-se observar que a cultura organizacional pode promover ou inibir a inovação. Em Tidd e Bessant (2015) são apresentados alguns fatores que contribuem para a inibição da inovação. São eles: • dominância de relacionamentos verticais restritivos; • comunicações laterais precárias; • ferramentas e recursos limitados; • ordens de cima para baixo; • veículos de mudança restritos e formais; • reforço de uma cultura da inferioridade (por exemplo: “inovação sempre tem de vir de fora para ser boa”); • atividade inovadora sem foco; • práticas contábeis que não apoiam a inovação. O efeito desses fatores é criar e reforçar normas comportamentais que inibem a criatividade e conduzem a uma cultura sem inovação. Sendo assim, o desenvolvimento de um clima organizacional inovador não é algo simples, já que consiste em uma complexa rede de comportamentos. A mudança dessa cultura provavelmente não acontecerá com rapidez ou como resultado de iniciativas individuais; ao contrário, a construção de um clima criativo envolve desenvolvimento sistemático de estruturas organizacionais, políticas de comunicação e procedimentos, sistemas de recompensa e reconhecimento, política de treinamento, sistemas contábeis e de mensuração e desdobramento de estratégias. O projeto de sistemas eficazes de recompensa é particularmente relevante. Muito comumente as organizações recompensam o desempenho de tarefas repetidas, ao invés de estimular o desenvolvimento de novas ideias. O avanço está associado com “fazer as coisas de acordo com o manual”, em vez de estar associado ao desafio e à mudança. Por outro lado, as organizações inovadoras procuram recompensar o comportamento criativo e estimular sua manifestação. O padrão por trás da inovação bem-sucedida está no chamado energia da inovação, que compreende três forças: a atitude de um indivíduo, a dinâmica comportamental de um grupo e o apoio fornecido pela organização. Isso será melhor explicado, a seguir no Box explicativo. Início do Box explicativo Criação de energia de inovação Inovação - o mais recente brinquedo do mundo corporativo e mais do que uma palavra da moda. É comercialmente essencial, ajuda as organizações a crescer em épocas de boom e pode ajudar as empresas a permanecerem vivas em tempos difíceis. No século vinte e um, não é um exagero dizer que, na maioria dos setores comerciais, ficar parado significa morrer. É por isso que quase toda organização aceita o imperativo, nos negócios, de inovar. Então por que algumas conseguem, enquanto outras falham? Que características organizacionais separam os vencedores dos perdedores? A inovação é uma questão de sorte ou tamanho? Na ?What If!, passamos 16 anos trabalhando em milhares de projetos de inovação com algumas das maiores e mais bem-sucedidas organizações do planeta. Arregaçamos as mangas e trabalhamos até tarde da noite em projetos de inovação incrementai e iniciativas de mudanças no mercado. Conhecemos empresas brilhantes em inovação e outras que, não importa o quanto tentem, simplesmente não conseguem fazer a coisa andar. Tivemos uma perspectiva única e privilegiada sobre inovação, trabalhando em diversos setores e em diversos países. A boa notícia é que há um padrão claro que determina se a sua organização possui o DNA para gerar inovação; a má notícia é que não há um conceito de negócios que descreva esse padrão, essa “chave mágica”. Na verdade, é pior que isso - conceitos de negócio tradicionais, tão básicos quanto estratégias, pensando mais cuidadosamente - frequentemente podem fazer mais mal que bem. Inovação se trata muito mais de experimentar as coisas, deliberar, sem ser cuidadosodemais. Nossos cérebros coletivos não possuem o poder computacional para usar abordagens estratégicas convencionais para chegar à resposta. Então, qual é esse “padrão” por trás da inovação bem-sucedida? Nós chamamos de Energia da Inovação. Em poucas palavras, é a confluência de três forças: a atitude de um indivíduo, a dinâmica comportamental de um grupo e o apoio que uma organização fornece. Há um ponto certo no qual algumas organizações tropeçam ou que, deliberadamente, procuram; tal ponto é mais bem entendido como uma ciência social ou humana do que um conceito de negócios. No fundo, a inovação é uma questão de pessoas. “É tudo uma questão de pessoas.” É uma bela frase, e todos já a ouvimos mais de um milhão de vezes. Sabemos que são as pessoas, e não os processos, que fazem as coisas acontecer. Ainda assim, enquanto a maior parte das empresas é muito boa em construir processos, é frequentemente muito ruim em extrair o máximo proveito da energia humana. Quantas vezes você já ouviu líderes dizendo: “Nosso maior patrimônio são nossas pessoas”? Ainda assim, esses mesmos líderes confinam seu “maior patrimônio” em edifícios cinzentos de escritórios, sufocam-no com a parafernália corporativa e o enterra sob centenas de e-mails diários. O trabalho não precisa exaurir a energia. Ele pode criá-la. A Energia da Inovação é a força gerada quando um grupo de pessoas trabalha junto com a atitude e o comportamento certos, em uma organização estruturada para fazer as coisas acontecerem. A energia não surge do nada. Pense nas coisas que o deixam entusiasmado - seu time de futebol favorito, brincar com seus filhos, ter uma causa pela qual lutar. A vida, sem o estímulo certo, nos deixa preguiçosos e letárgicos. O mesmo acontece nos negócios. Coloque 50 colegas juntos e a diferença entre inércia coletiva e energia coletiva será imensa. Ou as pessoas se estimulam ou desestimulam mutuamente. Então, essa energia precisa de gerenciamento - mais do que qualquer outro recurso. Isso faz a diferença entre o sucesso e o fracasso da inovação. Fonte adaptado de Tidd e Bessant, 2015 Fim do Box explicativo Por fim, vamos apresentar um exemplo de estudo de caso em uma empresa que desenvolveu e manteve um clima e processos que promovem a inovação. Estudo de caso: Construção de uma organização inovadora A 3M é uma organização bem conhecida que emprega por volta de 70.000 pessoas em cerca de 200 países ao redor do mundo. Seus 15 bilhões de dólares de vendas anuais provêm de um leque diversificado de produtos, envolvendo aproximadamente 50.000 itens que servem múltiplos mercados, mas desenvolvendo capacitações técnicas fundamentais, algumas das quais, como revestimentos, podem estar vinculadas à fundação da empresa. A empresa tem operado por mais de 100 anos e, durante esse período, estabeleceu sua reputação como importante inovadora. Significativamente, construiu uma imagem consistente em entrevistas e em publicações - o sucesso da inovação é uma consequência da criação de uma cultura em que a inovação pode se desenvolver -, tornando "a forma como fazemos as coisas por aqui” algo com significado real. Essa filosofia é defendida em muitos relatos e casos - a chave de seu sucesso foi criar condições em que a inovação pudesse surgir a partir de qualquer direção, incluindo descobertas acidentais, e há uma tentativa deliberada de evitar estruturar demais esse processo, uma vez que isso poderia restringir a inovação. Elementos dessa rede complexa incluem: • Reconhecimento e recompensa - em toda a empresa, existem vários esquemas que reconhecem atividades inovadoras - por exemplo, o seu Prêmio de Inovação, que reconhece esforços em vez de conquistas. • Reforço dos valores centrais - a inovação é respeitada - por exemplo, existe um hall da fama, em que os membros são eleitos com base em suas conquistas inovadoras. • Sustentação da “circulação” - movimento e combinação de pessoas, a partir de diferentes perspectivas, para permitir combinações criativas - uma questão essencial para uma organização tão grande e dispersa. • Alocação de espaços e permissão para “brincar" - permissão aos empregados para gastar parte de seu tempo em atividades voltadas para a curiosidade, que podem levar a lugar nenhum, mas que, algumas vezes, propiciaram produtos inovadores. • Paciência - aceitação da necessidade de “errar durante o processo" enquanto as ideias inovadoras evoluem e tomam forma. Inovações como o Post-it e a Scotchgard não foram sucessos obtidos da noite para o dia, mas levaram dois ou três anos “cozinhando” antes de surgirem como prospectos viáveis para serem colocados no sistema formal. • Aceitação de falhas e incentivo para assumir riscos - uma frase famosa de um ex-CEO é frequentemente citada aqui: “Erros são cometidos, mas se a pessoa está essencialmente certa, as falhas cometidas não são tão sérias, no longo prazo, quanto os erros dos gestores ditatoriais que se encarregam de dizer àqueles sob sua autoridade exatamente como devem fazer seu trabalho... A gestão que se mostra destrutivamente crítica quando erros são cometidos destrói a iniciativa, e é essencial que tenhamos muitas pessoas com iniciativa se pretendemos continuar crescendo”. • Liberdade criativa - empoderar os empregados e fazer vista grossa para as formas criativas que a equipe desenvolve para driblar o sistema - funciona como contraponto a procedimentos burocráticos rígidos. • Política de contratação de inovadores- sistema de recrutamento de pessoas com tendências e características inovadoras. • Reconhecimento do poder de associação - tentativas deliberadas não para separar funções diferentes, mas para uni-las em equipes e em outros grupos. • Estímulo de perspectivas amplas - por exemplo, no desenvolvimento do seu negócio de retroprojetor, ocorreram contatos diretos com usuários, feitos pela equipe de desenvolvimento técnico por meio de chamadas de vendas, tornando o produto de fácil operação e, portanto, bem-sucedido. • Cultura forte - desde 1951, há um estímulo a encontros e workshops por meio de grupos, comitês, etc., sob o comando estrutural do Fórum de Tecnologia - criado para “encorajar a troca livre e ativa de informações e a fertilização cruzada de ideias”. Essa é uma atividade voluntária, apesar de a empresa comprometer-se com recursos de suporte, e permite uma vasta “escola” na empresa com troca fluida de perspectivas e ideias. • Recrutamento de voluntários - especialmente na tentativa de abrir novos campos; encoraja-se o envolvimento de clientes e outros indivíduos “de fora” como parte da equipe de desenvolvimento, uma vez que isso combina perspectivas. Atividades 1. Por que é importante realizar uma autoavaliação do potencial inovador da empresa antes de iniciar o processo de sistematização da gestão da inovação, buscando implementar ações de apoio à inovação? 2. Quais os fatores que são considerados na análise de sua situação atual da empresa (autodiagnóstico)? Explique a importância de cada um deles. 3. Por que o elemento humano (as pessoas) é considerado o ativo mais importante para a gestão da inovação? 4. Que tipos de resistência à mudança, gerada pela inovação, as empresas podem apresentar? Explique. 5. Explique por que a gestão da inovação exige uma estrutura organizacional do tipo orgânica. 6. De acordo com as configurações de estrutura organizacional, apresentadas por Mintzberg, estruturas do tipo mecânicas também podem inovar? Justifique sua reposta. 7. Qual é a importância dos indivíduos-chave para a construção de uma empresa inovadora? Que diferentes tipos de função podem exercer? 8. De maneira resumida, quais características uma equipe de alto desempenho precisa possuir. 9. Que aspectos negativos podem surgir do uso de equipes. Comente. 10. Que lições podemos extrair do relato do ex-designer visual,Douglas Bowman, da Google? 11. De que forma a cultura organizacional pode afetar positiva e negativamente a inovação? 12. Como você definiria a estrutura organizacional da 3M a partir do estudo de caso apresentado? Justifique sua resposta tomando como base os elementos mostrados de sua estrutura. Conclusão Podemos concluir nesta aula, que a construção de uma organização inovadora é complexa e envolve muito mais do que uma excelência em seus processos. O papel das pessoas, seja de maneira individual ou em equipes é o cerne de toda sua construção. Podemos perceber ao longo do texto que não há um roteiro para isso, que existem fatores culturais que podem inibir a inovação. É preciso liderança e indivíduos-chave para que a estratégia seja compartilhada e compreendida por toda a organização, e assegure que haja alinhamento entre as diversas áreas presentes na empresa, que os diferentes esforços inovativos estejam integrados e voltados para os objetivos organizacionais. Resumo Nesta aula vimos a importância da estrutura organizacional para o sucesso nos processos de inovação e caracterizar os principais componentes de uma organização inovadora. Pudemos perceber que existem fatores motivacionais e inibidores para a construção de uma organização inovadora. Vimos a importância da cultura organizacional, do papel dos indivíduos, tanto individualmente como em equipes, e a importância do conhecimento variado entre as pessoas para a promoção da inovação. A construção de uma organização inovadora vai exigir alinhamento e integração entre pessoas, processos e seu ambiente externo. Leitura recomendada FIGUEIREDO, P.N. Gestão da inovação: conceitos, métricas e experiências de empresas no Brasil. Rio de Janeiro, LTC, 2015. BESSANT, J.; TIDD, J. Inovação e empreendedorismo. Bookman, 2009. CHRISTENSEN, Clayton M. O dilema da inovação. São Paulo: Makron Books, 2011. DAVILA, T.; EPSTEIN, M.J.; SHELTON, R. As regras da inovação. Bookman, 2009. FIGUEIREDO, P.N. Aprendizagem tecnológica e performance competitiva. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003. LALL, S. A mudança tecnológica e a industrialização nas economias de industrialização recente da Ásia: conquistas e desafios. In: Kim, L; Nelson, R.R. Tecnologia, aprendizado e inovação: as experiências das economias de industrialização recente. Campinas: Editora da Unicamp, 2005. TAKEUCHI, H.; NONAKA, I. Gestão do conhecimento. Bookman Editora, 2005. Referências Bibliográficas CORAL, E; OGLIARI, A.; ABREU, A. F., &. Gestão integrada da inovação: estratégia, organização e desenvolvimento de produto. São Paulo: Atlas, 2011. MINTZBERG, H. Criando organizações eficazes. São Paulo: Atlas, 2003. TIDD J, BESSANT J. Gestão da Inovação. Porto Alegre: Bookman, 2015.
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