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Administração da Inovação e Mudança APRESENTAÇÃO As organizações são verdadeiras fontes de criatividade e de inovação. Elas abrigam pessoas que convivem diariamente e realizam atividades dentro de arranjos produtivos internos para que o pr oduto ou o serviço seja apresentado ao cliente no tempo desejado. Durante esse tempo de interação, muitos colaboradores costumam executar o mesmo tipo de ativ idade pela própria estruturação das funções organizacionais. Muitos acabam se questionando: O que eu posso fazer de diferente? Como eu posso fazer mais em menos tempo? Em que a tecnolo gia pode me ajudar a superar minhas metas? Como aumentar a minha criatividade? Um processo de mudança organizacional pode ser interessante para mim? Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá estudar as organizações como organismos vivos, o qu e lhe proporcionará compreender como as contribuições dos colaboradores interferem na formul ação das estratégias. A criatividade interna do ambiente e as contribuições inovadoras na elabora ção dos planos e das estratégias, tão fomentadas pelos atuais gestores, também serão objeto de a nálise. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Desenvolver estratégias inovadoras e aplicáveis ao ambiente organizacional.• Estabelecer uma compreensão mais profunda sobre os tipos de mudanças e sobre o ciclo d a inovação. • Analisar as novas formas organizacionais, compreendendo quando e como implementá-la s. • DESAFIO Você é diretor da empresa Mundi, que está localizada em Santa Catariana e opera com um siste ma de produção de artigos de decoração de luxo, com design próprio, confeccionando produtos de alta qualidade, em quatro linhas distintas de produção. No último ano, sua empresa fez um grande esforço para equilibrar as despesas com as receitas, p ois o faturamento caiu 20% na linha metálica, 10% na linha de madeira e 5% na linha de l ouças. A linha de tecidos se manteve estável. Você optou por não demitir os funcionários, afi nal, eles são muito bem preparados e produtivos, e têm uma ótima convivência, o que dá uma va ntagem competitiva à empresa em relação aos concorrentes. Além disso, fez-se uma aposta na recuperação e no crescimento do mercado, com formulações e stratégicas de atuação do pessoal da área comercial e Marketing. E a estratégia deu certo. Com a criatividade e inovação do Marketing, a empresa Mundi começou a vender seus produtos além das fronteiras de Santa Catariana, alcançando praticamente todos os estados brasileiros, o que lhe garantiu uma completa recuperação no faturamento e um crescimento de 20%. Entretanto, os custos logísticos de distribuição para as regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste estão altos e os estudos indicaram que é mais vantajoso expandir a estrutura da fábrica para as proximidad es de Goiás, o que possibilitará um crescimento ainda maior nas vendas. Diante do quadro descrito, você deve propor alternativas de estruturação organizacional dos arranjos produtivos da empresa no estado de Goiás. A solução do problema deve conter: a) O arranjo produtivo proposto em forma de figura (desenho da estrutura), que deverá ser anexa do em formato PDF. b) A forma como se dará o início das operações naquele estado, considerando que lá não há expe rtise de produção. c) Especificar no desenho se a fábrica de Goiás receberá todas as linhas de produção da empres a. INFOGRÁFICO A inovação tem se mostrado um dos grandes diferenciais para manter as empresas competiti vas no mercado. A inovação nas empresas pode ser feita em diversas áreas, desde a área de pro dução, até a área de gestão e negócios. No Infográfico a seguir, você verá sete razões para inova r no ambiente organizacional. Acompanhe. CONTEÚDO DO LIVRO Quais as vantagens de uma empresa ou de um indivíduo ser criativo e inovador? Na vida profiss ional, um indivíduo criativo tem mais oportunidades e mais possibilidades de crescimento. Da m esma forma, as empresas que são inovadoras conseguem maior destaque no mercado. Com a leitura do capítulo Administração da inovação e mudança, da obra Teoria Geral da Ad ministração I, você irá saber mais sobre o ambiente organizacional, mais especificamente sobre criatividade e inovação, além de identificar conceitos muito necessários e que andam juntos fren te ao processo de mudanças, com efeitos ora incrementais, ora radicais a esse ambiente. Para tan to, serão abordados os diversos tipos de arranjos de estruturas organizacionais, afinal, as pessoas são agrupadas dentro desses arranjos e neles dão as suas contribuições para a produtividade e cre scimento da empresa. Boa leitura. TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO I Alceu Roque Rech Administração da Inovação e Mudança Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Desenvolver estratégias inovadoras e aplicáveis ao ambiente organizacional. � Estabelecer uma compreensão mais profunda sobre os tipos de mu- dança e sobre o ciclo da inovação. � Analisar as novas formas organizacionais, compreendendo quando e como implementá-las. Introdução Neste capítulo, você vai estudar as organizações como organismos vi- vos, o que lhe proporcionará compreender como as contribuições dos funcionários e colaboradores de uma organização interferem positiva- mente na formulação das estratégias. A criatividade interna do ambiente e as contribuições cheias de inovação na elaboração dos planos e das estratégias, tão fomentadas pelos atuais gestores, também serão objeto de análise. As organizações, por si só, já se constituem em verdadeiras fontes de criatividade e de inovação. Elas abrigam pessoas dentro de suas estruturas e nos seus arranjos produtivos internos que convivem boa parte do seu tempo, interagindo umas com as outras, para que o produto e/ou o serviço seja apresentado ao cliente no tempo desejado. Durante este tempo de interação, muitos funcionários e colaboradores costumam executar o mesmo tipo de atividade pela própria estruturação das funções organizacionais. E muitos acabam se perguntando: “O que eu posso fazer de diferente? Como eu posso fazer mais em menos tempo? Em que a tecnologia pode me ajudar a superar minhas metas? Como aumentar a minha criatividade? Um processo de mudança organizacional pode ser interessante para mim?”. Estas e outras questões serão abordadas no decorrer deste capítulo, cujas respostas poderão ser acessadas após a leitura dos conteúdos aqui apresentados dentro de cada objetivo proposto sobre as estraté- gias inovadoras aplicáveis ao ambiente organizacional, as mudanças e o processo de inovação, além da compreensão dos arranjos estruturais produtivos das organizações. Criatividade e inovação no ambiente organizacional Uma das grandes inquietações humanas reside na ausência de criatividade, pois o ser humano que não consegue ser criativo tem uma vida de significado muito pobre. É assim no lado pessoal e também no profissional. Na vida pessoal, o indivíduo criativo se antecipa aos acontecimentos. Vive um estado de humor, geralmente sadio, com disposição, e se relaciona bem com as pessoas, amigos e família. Na vida profissional, o indivíduo criativo normalmente tem mais opor- tunidades de participação nas decisões, é mais requisitado para reuniões, tem influência nas suas opiniões, encontra mais facilidade de crescimento na carreira e é melhor remunerado. Logicamente que a produtividade desse indivíduo será boa e todos os setores empresariais terão o desejo de tê-lo prestando serviços na sua estrutura (RECH, 2016). E sobre criatividade, cabe uma reflexão inicial antes da análise do tema no meio organizacional. Será que existe ser humano com zero de criatividade? Será que existe ser humano considerado um “poço” de criatividade? Na realidade, a ciência nos aponta que todo ser humano é criativo, uns em maior, outros em menor grau. E isso nos anima, porque criatividadeé uma das habilidades humanas, portanto, treinável. Sempre que se aborda o tema criatividade e inovação no ambiente organi- zacional, uma inquietação surge na nossa mente: eu sou criativo e inovador na minha empresa? O que eu faço gera resultado diferenciado em termos de lucros? Agrego valor ao processo produtivo e à equipe? O propósito da mudança se associa a estes questionamentos. Quando se fala em mudanças, a expressão, por si só, nos remete ao ambiente. O que muda? Por que surgiu isso agora? O que nos afeta a ponto de termos de modificar atitudes e comportamentos? É lógico que o ambiente surge como o grande vilão do processo de mudanças, como nos breves exemplos listados a seguir de alterações ambientais que nos afetam: Administração da Inovação e Mudança2 � O Congresso alterou a legislação trabalhista e, por consequência, os contratos de trabalho; � O produto adquirido de determinada empresa não tem qualidade e afetou a saúde do consumidor; � A Câmara Municipal aprovou um projeto que obriga a empresa a recolher lixo até do aterro sanitário; � O sindicato convocou uma paralisação dos funcionários por aumento de benefícios; � Um funcionário se acidentou no trabalho, porque o piso estava molhado e escorregadio. A lista de exemplos é interminável, mas a ideia é mostrar que o ambiente interno e externo é alterado com muita facilidade, é mutável e dinâmico e afeta o dia a dia das empresas, obrigando-as a mudar. Chiavenato (2009, p. 423), quando se refere ao conceito de mudança organizacional, diz: “O mundo moderno caracteriza-se por mudanças rápidas, constantes e em explo- siva progressão. As mudanças científicas, tecnológicas, econômicas, sociais, políticas, etc., influenciam o desenvolvimento e o êxito das organizações, sejam elas industriais, de serviços, organizações públicas, hospitais, bancos, universidades, etc.”. Claro que existem forças que criam as necessidades de mudanças no meio interno e externo das organizações. No meio interno, basicamente as forças estão envolvidas com a relação das pessoas, e um bom clima organizacional ajuda o processo. Já no meio externo, outras variáveis que fogem ao controle dos gestores interagem e, muitas vezes, o líder gerencial fica impotente diante da situação. Chiavenato (2009) classifica essas forças como exógenas e endógenas na organização, proporcionando mudanças estruturais, tecnológicas, culturais, em produtos/serviços, e exemplifica: � Forças endógenas: são as que criam necessidades internas de mudança estrutural e comportamental; � Forças exógenas: provêm do ambiente externo ao das empresas, oriundas das novas tecnologias, da legislação existente, dos valores da sociedade, das limitações do ambiente, etc. Na análise do processo de mudanças, percebe-se que elas não ocorrem isoladamente, e sim uma afetando as demais e forçando a adaptação interna das pessoas e do ambiente no sistema social. Chiavenato (2009), ao citar os cientistas sociais Maslow e Herzberg, salienta que se a organização for capaz de satisfazer as exigências dos indivíduos, estes poderão crescer, se expandir 3Administração da Inovação e Mudança e encontrar a autorrealização nela. Os indivíduos têm vocação para a produti- vidade, e se o ambiente organizacional proporcionar condições, eles a mantém ativa por mais tempo, sempre com desejo de crescimento e evolução. Neste tipo de ambiente, esses indivíduos reúnem melhores condições de aprimorar o processo criativo e de aplicar práticas inovadoras na organização. Algumas empresas adotam uma área específica para a criatividade e ino- vação nos seus organogramas para facilitar a dinâmica do processo criativo. Mas a maioria delas deixa as pessoas livres dentro das equipes de trabalho. E como se dá o processo criativo? Como é que ele acontece com as pessoas? Quanto mais intenso for o processo de mudanças, mais a criatividade aflora e, como consequência, ocorre a inovação. Esta é uma reflexão oportuna, pois a criatividade não tem tempo e nem lugar. Ela brota de um “insight”, de um “click”, de um “lampejo”, e não de um processo completamente ordenado de ideias. Após o surgimento da ideia é possível entender a dinâmica do processo criativo, como propõe Silva Filho (2005) na Figura 1. Figura 1. Dinâmica do processo criativo. Fonte: Adaptada de Silva Filho (2005). Análise Síntese Mapeamento Administração da Inovação e Mudança4 A Figura 1 indica que o processo criativo envolve três habilidades: a análise, a síntese e o mapeamento, que devem ser usadas simultaneamente. A análise é a capacidade de pensar e avaliar de maneira crítica para que as ideias tenham convergência. A síntese representa a habilidade do indivíduo de conceber novas ideias, por meio de raciocínio aberto e ilimitado, com capacidade imaginativa. Já o mapeamento representa a habilidade que o indivíduo tem de mapear uma situação abstrata e torná-la concreta. Mas não só isso. O indivíduo precisa saber vender essa abstração, comunicar e conven- cer os outros de que ela pode ser concretizada. As organizações dependem muito do processo criativo, das pessoas que contratam para os seus quadros, pois elas não buscam mais um simples executor de tarefas, já que, na área industrial, por exemplo, a robótica faz isso muito bem e com erros mínimos. Nas áreas administrativas, como a financeira, contábeis, comercial e de RH das empresas, a utilização de modernos softwares de informatização das atividades reduziu muito a presença humana nos processos e também trouxe ganhos de velocidade de execução (tempo), recursos financeiros (dinheiro) e também de materiais (papel). Criatividade e inovação, portanto, são a “bola da vez” nas esferas empresariais, portanto, uma grande oportunidade para pessoas frente às crises (RECH, 2016). Então, o grande desafio dos gestores organizacionais é o de proporcio- nar um ambiente propício à criatividade das pessoas no trabalho e evitar as zonas de conforto, que são periogosas ao processo criativo, trazendo desafios novos, com metas arrojadas que exijam mais capacidade cognitiva dos funcionários na sua obtenção. A partir desse ambiente é que sugem as novas formulações estratégicas em benefício do produto elaborado ou do serviço prestado. Assim, no que se refere à criatividade e à inovação, o papel dos gestores tem importância cada vez mais destacada no meio organizacional. 5Administração da Inovação e Mudança Figura 2. Modelo clássico de estruturação linear. Diretor/ Presidente Departamento Operacional Departamento Comercial Departamento Administrativo/ Financeiro Departamento de Recursos Humanos Gerência de Recrutamento, seleção, Cargos, Salários e Benefícios Gerência Administrativa e Controle de Qualidade Gerência de Mercado Gerência de Engenharia Gerência de Vendas Gerência Financeira Gerência de Treinamento e Desenvolvimento e Avaliação de Desempenho Gerência de Projeto O segredo da criatividade se encontra na nossa capacidade de inquietação e no inconformismo com o “estado de coisas” no mundo organizacional. Ao adotarmos uma postura mais crítica no nosso dia a dia de trabalho, a nossa mente se abre aos insights e aos clicks de ideias, passando a exercer maior capacidade de inovar e de surpreender as pessoas. E uma mente aberta tem um alcance maior. Mantenha sempre lápis e papel no bolso para anotar os pensamentos criativos. Não confie na memória, pois as boas ideias, às vezes, não retornam. Administração da Inovação e Mudança6 Assista ao workshop de criatividade e inovação, com Denilson Shikako, disponível no link a seguir. https://goo.gl/KB1pFZ O livro “Gestão de ideias para inovação contínua” (BARBIERI; ÁLVARES; CAJAZEIRA, 2009) traz informações bastante oportunas a respeito dos clicks de ideias. Mudanças radicais versus mudanças incrementais e suas conexões com a inovação Sempre que se reflete sobre as mudanças proporcionadas no ambiente orga- nizacional, deparamo-nos com os processos de inovação, como visto no itemanterior. Todos os bons dirigentes (ao menos aqueles que assim se intitulam) pensam em inovar a organização que dirigem e mantêm dentro de si uma inquietação para desenvolver algo criativo e que surpreenda seus pares na empresa. Você já parou para pensar no significado de uma mudança incremental e de uma mudança radical? Seriam iguais ou apresentariam diferenças? E sobre inovação? Será que quando alguém inventa alguma coisa está inovando? Inovação seria igual à invenção no processo criativo? As organizações normalmente são fontes de criatividade, já que são or- ganismos sociais vivos, portanto constituídas de pessoas. Além disso, as organizações agrupam as pessoas nos seus diferentes processos produtivos, e dessa interação resultam novas ideias, novos arranjos produtivos, e ganhos de recursos que, muitas vezes, resultam em um novo modus operandi da empresa. O treinamento tem o poder de modificar comportamentos da força de trabalho, pois exerce o papel de preparar as pessoas para os novos desafios e, através dele, estas pessoas se desenvolvem na organização. Ao ingressarem 7Administração da Inovação e Mudança na faculdade, os estudantes passam a treinar seu modo de pensar e, por esta razão, quando se formam, saem diferentes de quando entraram. Os autores Coral, Ogliari e Abreu (2008, p. 2) fazem um grande exercício em torno da importância da inovação nas empresas. No dicionário Aurélio, inovação significa o “ato ou efeito de inovar”. “Já o termo inovar significa tornar novo, renovar, introduzir uma novidade” (FERREIRA, 1999, p. 1109). Entretanto, a introdução de uma novidade em um mercado não caracteriza uma inovação. É preciso que tal inovação seja percebida e aceita pelos clientes, diferentemente da invenção que não necessariamente precisa ser aceita. As pessoas podem inventar algo que ninguém aceite e com isso não estão inovando absolutamente nada (CORAL; OGLIARI; ABREU, 2008). As inovações nas empresas ocorrem em diversas áreas, podendo ser nos produtos, nos processos, no marketing, no financeiro, na contabilidade, no RH, no planejamento, em pesquisas e desenvolvimento (P&D), enfim, na organização como um todo. É comum ocorrerem mais nos produtos, afinal são eles que impactam os clientes. Mas, uma inovação em produto é sempre precedida por outras inovações, a exemplo de processos, de planejamento de RH, comercial, entre outras. As inovações, de acordo com Coral, Ogliari e Abreu (2008), citando estudos de Harvard Business Essentials, podem ser classificadas como incrementais ou radicais, a saber: � Inovação incremental: é entendida como sendo a melhoria de um produto, de um serviço, ou de um processo existente, que teve seu desempenho melhorado ou reconfigurado por uma tecnologia. Sua ocorrência é mais comum, uma vez que a criatividade parte de algo já estabelecido; � Inovação radial: é a diferenciação total de um produto, de um serviço, ou de um processo existente, cujos atributos modificaram por completo, pelo uso de tecnologias radicalmente novas ou por combinações de tecnologias existentes que fazem novos usos. Normalmente, uma inovação radical traz consigo uma revolução tecnológica que suplanta o processo anterior e é precedida de pesquisa científica. Sempre que essa inovação é aceita pelos clientes, ela costuma gerar ótimos resultados financeiros à empresa. Já as inovações incrementais são mais comuns por serem mais seguras, mais fáceis de implementar, pois ficam limitadas ao âmbito interno, são mais baratas e costumam não gerar resultados financeiros significativos, apenas incrementais. Quando se analisa o panorama da inovação das empresas brasileiras, conforme dados da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica, realizado pelo IBGE nos anos de 1998 a 2003, junto a 72 mil empresas (na Administração da Inovação e Mudança8 primeira pesquisa), e junto a 84.300 (na segunda), percebe-se que as inovações geraram maior impacto no aumento da qualidade e da competitividade dos produtos e, em menor escala, proporcionaram aumento de eficiência nos proces- sos produtivos, com menor impacto ambiental (CORAL; OGLIARI; ABREU, 2008). Esta relação indica que as empresas brasileiras devem investir na causa da inovação, de modo contínuo e sistemático, e não somente quando o produto já se encontra desgastado no mercado, com imagem ruim junto aos clientes. O trabalho inovador, neste caso, se torna maior. Inovar não é um processo simples, pois depende de um ambiente propício, do conhecimento das capacidades da organização e de como a organização se instrumentaliza para inovar. A inovação tem se transformado num tema discutido internamente nas em- presas. De um lado, as organizações estão sujeitas à entrada de novos produtos com muita frequência que podem substituir os seus; de outro, a empresa necessita da sua sustentabilidade no mercado e precisa fazer isso através de suas pessoas, e o caminho mais curto é a inovação. Conforme Coral, Ogliari e Abreu (2008), a inovação brota de impulsionadores, sendo os mais comuns: a) O desejo de competir além dos produtos “commodities”; b) A busca da vantagem competitiva sustentável; c) Aumento da competitividade; d) A busca de mudanças estratégicas; e) Procura de novos nichos de mercado; f) Alteração nas necessidades e no desejo dos consumidores; g) Geração de oportunidades de crescimento de receitas a longo prazo; h) Revisão de missão e visão corporativas; i) Revisão nos processos de gestão; j) Avanços tecnológicos; k) Decisão por exportação, dentre outros. Barreiras para a inovação As empresas inovadoras são aquelas que comumente implantam novos produtos ou novos arranjos produtivos por alterações tecnológicas nos seus processos internos e que resultam em melhorias incrementais ou radicais, como visto anteriormente. Mesmo diante dos fatores impulsionadores de inovação e das práticas inovadoras das empresas, estas enfrentam barreiras, uma vez que as atividades de inovação podem ser dificultadas por diversos fatores, como os econômicos, os legais, os corporativos ou os culturais. Muitas vezes, as ideias 9Administração da Inovação e Mudança inovadoras surgem, mas a empresa não dispõe de recursos financeiros para implementá-la, ou a legislação não permite, ou ainda, um dos sócios não aceita a inovação, enfim, isto constitui em barreiras à inovação. De acordo com Coral, Ogliari e Abreu (2008), existem outras barreiras que afetam o potencial inovador das empresas, sejam elas de grande ou de pequeno porte. Dentre estas variáveis, encontram-se: � O poder decisório da empresa: diz respeito à capacidade da tomada de decisão, individual ou colegiada. � A história e a cultura da empresa: a cultura é uma grande bloqueadora de inovação, pois é arraigada ao pensamento da gestão dominante, e se esta gestão for temerosa, a inovação não acontece. � O ambiente externo: inclui a rede de clientes, fornecedores, governos, sindicatos, órgãos reguladores, instituições. Enfim, é todo conjunto de forças exógenas que interagem como barreiras à inovação. Inovação como prioridade As inovações acontecem nas empresas independentemente do seu tamanho. Uma empresa de pequeno porte pode reunir em torno dela uma grande ca- pacidade inovadora, ao passo que uma empresa de grande porte pode ter uma baixa capacidade de inovação. A razão disso é que a inovação está na capacidade criativa das pessoas, cujo processo de criatividade se vincula às habilidades de análise, síntese e mapeamento de fenômenos, reais ou abstratos, como vimos na Figura 1. Deste modo, o fato de uma empresa ser grande não necessariamente a transforma em vantagem em termos de inovação. O tamanho da empresa não influencia, e sim os profissionais competentes, a infraestrutura e o ferramental para apoiar o processo decisório, de modo rápido. Se, por um lado, a empresa grande tem melhores condições de oferecer produtos diferenciados em nichos de mercados, por outro, a empresa pequena pode tirar proveito da capacidade de oferecerprodutos e serviços mais personalizados em termos de inovação e com atendimento de modo mais personalizado aos seus clientes. Administração da Inovação e Mudança10 Por fim, as empresas que colocam a inovação no centro de suas discussões acabam por criar o hábito de trabalhar com indicadores de inovação, que oferecem facilidades aos gestores organizacionais em qualquer área de gestão. Com a inovação não é diferente, uma vez que esses indicadores sinalizam um “norte” e estabelecem uma referência para ser seguida. Para ser considerado inovador, o resultado de um processo necessariamente tem de ser útil à sociedade; caso contrário, não é inovação. Do mesmo modo, as invenções só serão consideradas inovações se forem aplicadas à sociedade. Você já deve ter escutado uma série de histórias de invenções que não serviram para nada e que não levaram ninguém a lugar algum! Recomenda-se a leitura do capítulo 5 – Programa de Inovação e criatividade – Click, do livro “Gestão de ideias para inovação contínua” (BARBIERI; ÁLVARES; CAJAZEIRA, 2009). E também o capítulo 5 – A inovação como processo de gestão, do livro “Gestão da inovação e competitividade no Brasil: da teoria para a prática” (PROENÇA et al., 2015). A escolha de um arranjo de estrutura organizacional Organizar a estrutura para uma empresa significa atuar no seu tamanho, na sua tecnologia, no seu ambiente e também nas suas estratégias e metas. Uma pequena empresa certamente terá uma estrutura bastante diferente do porte de uma média ou grande. Independentemente do tamanho, de acordo com Daft (1999), a estrutura engloba aspectos como o número de departamentos da organização, a esfera de controle e até que ponto a organização é formalizada ou centralizada. Neste objetivo, serão elencadas as principais ideias envolvidas na montagem de estruturas, bem como a forma que elas se apresentam em organogramas. Apenas para ilustrar, vários organismos de fomento ao desenvolvimento econômico no Brasil como SEBRAE, BNB, BNDS, Simples Nacional, dentre outros, fornecem classificações às empresas de acordo com determinados parâmetros. O Quadro 1 traz um resumo destas classificações. 11Administração da Inovação e Mudança Fonte: Adaptado de OOBJ (2016). Porte da organização Faturamento bruto anual (R$) Número de funcionários Observações Microempreendedor individual Até 60.000,00 1 Pessoa física que se torna jurídica. Microempresa De 60.001,00 a 360.000,00 Até 19 Existem classificações que separam indústria de comércio e de serviços. Pequena empresa De 360.001,00 a 16.000.000,00 De 20 a 99 Existem classificações que separam indústria de comércio e de serviços. Média empresa De 16.000.001,00 a 90.000.001,00 De 100 a 499 Existem classificações que separam indústria de comércio e de serviços. Grande empresa Acima de 90.000.001,00 Acima de 500 Existem classificações que separam indústria de comércio e de serviços. Quadro 1. Classificação do porte das empresas. Então, o tamanho de uma organização interfere diretamente na sua estrutura e o tipo do arranjo dar-se-á por semelhanças nas tarefas ou atividades. Uma pequena empresa poderá controlar o seu faturamento por meio da contabi- lidade, mas uma grande empresa provavelmente montará um departamento financeiro, dotado de pessoas capacitadas para melhor controlar as finanças. Daft (1999) envolve seis fundamentos no processo de elaboração estrutural, a saber: Administração da Inovação e Mudança12 1. A perspectiva do processamento da informação sobre a estrutura, envolvendo as ligações verticais e horizontais de informações; 2. As alternativas de projeto de organizações, sendo necessário que se definam as atividades de trabalho, os relacionamentos de subordinação e as opções de agrupamento departamental; 3. Os projetos funcionais, divisionais e geográficos, que resultarão dire- tamente na estrutura funcional, com ligações horizontais, na estrutura divisional e na estrutura geográfica; 4. A estrutura híbrida, de acordo com a diversidade de produtos e/ou localização e centralização; 5. A estrutura matricial (Figura 2), que estabelece as funções da matriz para o exercício de uma dupla autoridade; 6. Os sintomas de deficiência estrutural, cuja avaliação sinaliza resultados pouco positivos da estrutura. Na descrição destes seis fundamentos para o entendimento do processo de montagem dos arranjos estruturais produtivos, um exemplo de cada um será apresentado em forma de figuras para facilitar a compreensão do conteúdo. O primeiro fundamento da estrutura diz respeito à perspectiva do pro- cessamento das informações e, para tanto, é necessário que se estabeleçam as ligações verticais e horizontais de informações. As ligações verticais de informações são aquelas que coordenam as ati- vidades entre diferentes níveis, dos mais elevados no organograma aos mais baixos. Normalmente, os dirigentes que ocupam as posições mais elevadas definem as metas para que os funcionários dos níveis inferiores as executem. O organograma é divulgado nos veículos de comunicação da empresa para o conhecimento dos funcionários, de modo que as referências hierárquicas, as normas e os procedimentos sejam seguidos e as formalidades sejam cumpridas de acordo com os seguintes dispositivos verticais: a) Referência hierárquica: representa a cadeia de comando da organização sinalizada por linhas verticais no organograma que funcionam como canais de comunicação. b) Normas e planos: a norma garante a padronização das informações para a coordenação dos funcionários sem a necessidade de comunicação de cada tarefa, ao passo que os planos fornecem informações permanentes aos empregados, a exemplo de orçamento, cargos e salários, treinamento e desenvolvimento, entre outros. 13Administração da Inovação e Mudança c) Posições hierárquicas: representam os níveis existentes na estrutura. Esses níveis podem ser acrescidos ou diminuídos a depender do grau de complexidade das tarefas na organização. d) Sistemas de informações verticais: reúnem as informações em al- gum tipo de documento (relatório, periódico, boletim, etc.) e tornam a comunicação eficiente aos empregados. Já as ligações horizontais de informações são utilizadas para superar as barreiras departamentais e costumam produzir efeitos os mais variados possíveis, desde o apoio na coordenação da produção até os desentendimentos pessoais e conversas paralelas na organização. Os principais dispositivos de ligações horizontais são: a) Sistemas de Informação, normalmente computadorizados e utilizados por gerentes, controladores ou funcionários que trocam informações de rotina sobre atividades, decisões, problemas, etc. b) Contato direto, estabelecido entre gerentes e empregados de um modo geral que estejam envolvidos na solução dos problemas corriqueiros na organização. c) Força-tarefa, estabelecida sempre que as ligações envolverem mais de uma área (departamentos) com interesse direto na solução de determi- nado problema. A força-tarefa envolve o agrupamento temporário de pessoas representantes dos departamentos envolvidos. d) Integrador, criado com o objetivo de coordenação, a exemplo de um gerente de projeto, produto, serviço, marca, com responsabilidade de coordenar as atividades de diferentes departamentos. O segundo fundamento envolve as alternativas de projeto de organização no que diz respeito às atividades de trabalho, a subordinação e os agrupamentos propriamente ditos (departamentos), conforme exposto a seguir: a) Definição das atividades de trabalho. Sempre que se cria um departa- mento, este deve executar tarefas que foram consideradas importantes estrategicamente à organização. Essas tarefas são elencadas em do- cumento específico que servirá de guia (norteador) ao departamento. b) Subordinação, constituída pelos relacionamentos dentro da cadeia de comando e são sempre representados no organograma pelas linhas verticais. Administração da Inovação e Mudança14 c)Agrupamento departamental, composto pelos agrupamentos funcionais, divisionais e geográficos e também os agrupamentos multifocalizados sempre que envolverem estruturas matriciais. O agrupamento funcional diz respeito às tarefas similares que exigem conhecimentos e habilidades semelhantes e podem requerer um ou mais funcionários para executá-las. O agrupamento divisional se volta aos tipos de produtos fabricados que são divididos em produto 1, 2, 3, …, n. O agrupamento geográfico se refere à região de presença da empresa, ao passo que o agrupamento multifocalizado engloba mais de uma alternativa de agrupamento si- multaneamente tipo a estrutura matricial que será vista adiante. O terceiro fundamento da estruturação se volta para os projetos funcio- nais, divisionais e geográficos, que constitui a abordagem mais conhecida no processo de desenvolvimento de estruturas. Quando se fala em estrutura funcional significa dizer que as atividades ali reunidas são por função, como por exemplo: todos os contadores da empresa atuam dentro do departamento de contabilidade, que é dirigido por um contador sênior. E dentro desta estrutura haverá ligações verticais e horizontais como visto anteriormente. A estrutura divisional se organiza em torno de produtos, serviços, grandes projetos e programas ou até mesmo por grupos de produtos. Este tipo de estru- tura costuma obter uma melhor coordenação entre departamentos funcionais, uma vez que se encontra bem focada nas atividades daquele determinado produto, projeto ou programa. A estrutura geográfica, como o próprio nome já diz, organiza-se por de- terminadas regiões de um país ou até mesmo em nível mundial, com a queda das barreiras comerciais e acordos bilaterais entre países que a globalização trouxe para dentro das organizações, expandindo a atuação das empresas. O quarto fundamento dos arranjos estruturais diz respeito à estrutura híbrida. Entende-se por estrutura híbrida aquela que combina características da estrutura funcional ou divisional, de modo multifocalizado, ou seja, priorizando produtos, serviços, funções ou até mesmo a geografia, simultaneamente. Adotar estruturas híbridas tem sido uma tendência praticada por várias empresas. Entretanto, antes da decisão, recomenda-se uma análise dos pontos fortes e fracos. Essas estruturas são recomendadas para grandes empresas, quando o ambiente é incerto, produzindo produtos de inovação e com foco na eficácia externa. A coordenação é mais bem praticada devido ao alinhamento entre as divisões de produtos e estabelecimento de metas. Estes são pontos fortes da estrutura híbrida. Entretanto, a sobrecarga administrativa proporcionada pela centralização de decisões pode retirar a capacidade de reação rápida das 15Administração da Inovação e Mudança divisões de produtos, serviços ou funções frente ao processo constante de mudanças, sendo este o principal ponto fraco da estrutura híbrida (Figura 3). Figura 3. Modelo híbrido de estruturação empresarial (matricial). Fonte: Adaptada de Heflo (2016?). O quinto fundamento estrutural traz uma novidade em termos de arranjos organizacionais produtivos, a estrutura matricial, que é uma poderosa fer- ramenta de ligações horizontais, integrando simultaneamente as divisões de produtos das estruturas funcionais (horizontais e verticais) com a gestão dos produtos propriamente ditos, e opera quando ocorrem as seguintes condições: a) Pressão por recursos: Ocorre em empresas de porte médio que não têm, por exemplo, engenheiros em número suficiente para alocá-los num único projeto e necessita compartilhar o conhecimento desses engenheiros noutro projeto. Então, ora eles atendem a um projeto, ora a outro. b) Pressão ambiental: Quando se necessita de equilíbrio entre as estru- turas funcionais e de produtos, sendo necessária a dupla autoridade para a manutenção do “status quo” estrutural. Administração da Inovação e Mudança16 c) Mudanças no ambiente externo: Quando existem as incertezas que geram complexidade e exigem alto grau de coordenação e processamento de informações nas direções horizontais e verticais. Com a adoção das matrizes, invariavelmente, um empregado responderá a dois chefes e isso, muitas vezes, traz problemas devido ao estresse, pois ora o subordinado atende as demandas do projeto “x”, coordenado pelo gerente “A”, ora atende as demandas do projeto “y”, coordenado pelo gerente “B”. Em que pese a possibilidade dos problemas da duplicidade de comando, a estrutura matricial é altamente racionalizadora, pois otimiza a utilização dos recursos próprios e evita a contratação de recursos desnecessários à organização, principalmente com pessoal. O sexto e último fundamento dos estudos da montagem dos arranjos estruturais, na visão de Daft (1999), volta-se para o fato de que as estruturas precisam ser revistas constantemente para análise de suas deficiências e, para tanto, os sintomas devem ser percebidos pelos gestores, a exemplo de: a) As decisões tomadas têm qualidade ou são adiadas? Isso se refere ao fato de que os gestores podem estar com muitas demandas, tendo que priorizá-las, e se não tiverem como delegar autoridade a terceiros, podem decidir mal ou decidir tardiamente. b) O ambiente muda e a organização não acompanha o processo da mu- dança. Muitas vezes a empresa não revisa sua estrutura e a necessidade dos clientes é diferente do que ela tem nos seus arranjos. Então os departamentos fazem coisas que não são mais importantes ao mercado e os gestores desta empresa não conseguem perceber e identificar as mudanças. c) Existência de conflitos. É comum, principalmente dentro de grandes organizações, a existência de conflitos departamentais que disputam prestígio, reconhecimento e visibilidade para a organização em termos de batimento de metas e importância existencial. d) Conforme verificado acima, os arranjos produtivos para a adoção de uma estrutura organizacional se voltam basicamente para os seguintes pontos: ■ para o mercado, com base no foco da empresa (produtos ou serviços) a serem ofertados aos clientes; ■ para o número de clientes atendidos (tamanho do mercado); ■ para o tamanho ou porte da empresa (se micro, pequena, média ou grande porte); 17Administração da Inovação e Mudança ■ para os projetos e programas que pretende lançar no mercado; ■ para a região de atuação que atende (norte, sul, leste). e) Seja qual for a maneira de organização, as empresas, de um modo geral, buscam a racionalização em suas estruturas organizacionais e, neste sentido, a estrutura matricial tem dado grandes contribuições para a efetividade de comando das empresas, com economia de recursos. Seja qual for a maneira de organização, as empresas, de um modo geral, buscam a racionalização em suas estruturas organizacionais e, neste sentido, a estrutura matricial tem dado grandes contribuições para a efetividade de comando com economia de recursos. Além disso, a estrutura orgânica, diante das novas tendências de gestão organizacional, face às quedas de barreiras em que grandes organizações se tornam mundiais (multinacionais), ao uso intensivo das TICs – Tecnologias da Informação e Comunicação, seus organogramas tendem a ser orgânicos. As empresas consideradas modernas e inovadoras têm adotado essa forma de arranjo estrutural. Denilson Shkako - Fábrica de Criatividade https://goo.gl/KB1pFZ Incremental Model Build Model – Construção de ciclos criativos https://goo.gl/KhAcFr Informação e Conhecimento (Tipos de Inovação – Incremental e Radical) https://goo.gl/QQCvA6 Links Administração da Inovação e Mudança18 Quando se atua numa grande empresa, que concorre em larga escala no mercado, inclusive em nível internacional, e com muitos funcionários, é bastante comum as disputas internas por recursos, posições, prestígio, facilidades, jogo de vaidades, principalmente da média gerência junto à alta gestão. De 1989 até 1997, eu fui Diretor Regional dos Correios, no Estado do Mato Grossodo Sul, e contava com 14 gerentes que se reportavam técnica e administrativamente a mim (operações, RH, financeiro, comercial, administrativo, transportes, planejamento, auditoria, inspetoria, jurídico e quatro gerentes de regiões no interior do Estado). E o comportamento dos gerentes não foi diferente. Eu passei a perceber que havia disputas internas por espaços, jogos de interesses, vaidades e observações sobre a área de atuação do outro, que nem sempre eram para o lado sadio das atividades. Como eu tinha contato diário com a equipe, a situação se tornava cada vez mais clara. Havia uma posição na estrutura organizacional que era objeto de desejo de todos (Diretor Adjunto), e eu identificava isso, pois o processo de escolha cabia a mim quando da abertura da vaga, e a maioria pensava que quem exercesse maior influência seria o escolhido. Com o problema crescendo, eu precisava de uma solução criativa e inovadora que pudesse surpreender a todos ao mesmo tempo. Há um ditado popular que diz: “A vida do vizinho é sempre melhor do que a nossa”. E, de fato, é comum pensarmos que o outro está sempre melhor do que nós. Pensamos isso, mas não vivemos os problemas do “vizinho”, e esse era o equívoco presente na minha equipe. Quando a operação precisava repor urgente a vaga de um carteiro, por exemplo, e o gerente de RH tinha determinados procedimentos a adotar para a contratação, o gerente operacional o criticava, insinuando que “a vida de RH era mansa e que um dia esse pessoal teria de conhecer os problemas da operação”. Isso também ocorria entre o comercial e o financeiro, o jurídico e a auditoria, o planejamento e a inspeção, o administrativo e os transportes, entre outros. Enfim, eu precisava intervir para manter a equipe coesa e com produtividade elevada. Em um belo dia de abril de 1994, eu tive um insight. Pensei que, se um achava a vida do outro melhor, por que não inverter as suas posições por um mês de trabalho? Fiz a emissão das respectivas portarias para que todos assumissem as responsabilidades de fato pela gestão de uma área que não conheciam, procurando colocar os mais críticos na gerência que mais criticavam. O resultado desta experiência foi um dos melhores que alcancei durante meus 34 anos de gestão. Todos os gerentes fizeram um processo de profunda reflexão profissional durante um mês de trabalho numa área que pouco conheciam e, além disso, também por um mês, passaram a ver a sua gerência “pelo lado de fora da janela”, como alguns colocaram no feedback. As críticas cessaram, a coesão aumentou, o respeito profissional se elevou, e todos, sem exceção, tornaram-se pessoas mais dóceis e agradáveis no trato profissional. Esta experiência foi bastante ousada porque foi realizada nos Correios, que é uma empresa pública, e se algo desse errado, evidente que eu teria de assumir as conse- quências. Ela foi apresentada numa reunião nacional interna no Rio de Janeiro como 19Administração da Inovação e Mudança benchmarking aos gestores de outros Estados da federação pelos resultados alcançados de uma ideia criativa e inovadora que envolveu todos os cargos gerenciais de uma estrutura funcional no organograma de uma unidade regional. Fonte: Prof. Alceu Roque Rech (2017). BARBIERI, J. C.; ALVARES, A. C. T.; CAJAZEIRA, J. E. R. Gestão de ideias para a inovação contínua. Porto Alegre: Artmed, 2009. CHIAVENATO, I. Recursos humanos: o capital humano das organizações. 9. ed. São Paulo: Elsevier, 2009. CORAL, E.; OGLIARI, A. ABREU, A. F. Gestão integrada da inovação: estratégia, organização e desenvolvimento de produtos. São Paulo: Atlas, 2008. DAFT, R. Teoria e projetos das organizações. São Paulo: LTC, 1999. FERREIRA, A. B. H. Dicionário Aurélio eletrônico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1999. HEFLO. Site. [S.l.]: Heflo, 2016. Disponível em: <https://www.heflo.com/pt-br/rh/>. Acesso em: 13 dez. 2017. OOBJ. Qual a classificação dos Beneficiários de acordo com Porte de Empresa? [S.l.]: OOBJ, 2016. Disponível em: <https://www.oobj.com.br/bc/article/qual-a- -classifica%C3%A7%C3%A3o-dos-benefici%C3%A1rios-de-acordo-com-porte-de- -empresa-387.html>. Acesso em: 04 set. 2017. PRATES, W. R. Principais tipos de estruturas organizacionais. AdminConcursos, 16 jul. 2014. Disponível em: <http://www.adminconcursos.com.br/2014/07/estruturas- -organizacionais.html>. Acesso em: 13 dez. 2017. PROENÇA, A; et al. (Org.). Gestão da inovação e competitividade no Brasil: da teoria para a prática. Porto Alegre: Bookman, 2015. RECH, A. R. Material da disciplina gestão do capital humano. Porto Alegre: GSL-Gestão Empresarial, 2016. SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Site. [S.l.]: SEBRAE, [2017]. Disponível em: <http://www.sebraemercados.com.br/>. Acesso em: 13 dez. 2017. SILVA FILHO, A. M. da. O valor da criatividade no ambiente corporativo. Revista Espaço Acadêmico, ano 5, n. 52, set. 2005. Administração da Inovação e Mudança20 DICA DO PROFESSOR Você sabe como acontece a inovação? Para inovar, as ideias precisam sair do papel e passar pelo ciclo de inovação. No vídeo a seguir você verá que a inovação inicia com as ideias, passa pela cr iatividade, estratégia, inovação, até chegar à mudança. Para isso, é importante ter sempre caneta e papel para anotar as ideias e colocá-las em práticas. Vamos ao vídeo: Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. EXERCÍCIOS 1) As mudanças organizacionais são constantes, rápidas e ocorrem pela atuação de um c onjunto de forças que acabam por obrigar as empresas a alterar procedimentos para a manutenção no seu mercado de atuação. Essas forças, conforme Chiavenato (2009), são conhecidas como endógenas e exógenas. Assinale a alternativa correta sobre as diferenças entre as forças endógenas e exógena s. A) As forças endógenas provêm da interação das pessoas no ambiente interno e podem provo car mudanças nas organizações, ao passo que forças exógenas são todas aquelas que provê m do meio externo e podem, de igual modo, provocar mudanças organizacionais. B) As forças endógenas provêm das concorrências no ambiente externo e podem provocar mu danças nas organizações, ao passo que forças exógenas são todas aquelas que resultam da i nteração das pessoas e podem provocar mudanças organizacionais. As forças endógenas são aquelas resultantes das alterações da política governamental que i C) nterfere nas ações da empresa, ao passo que as forças exógenas são as que provêm do meio externo e, de igual modo, provocam mudanças organizacionais. D) As forças endógenas provêm da interação das pessoas no ambiente interno e podem provo car mudanças nas organizações, ao passo que forças exógenas provêm da vontade própria da diretoria em promover mudanças organizacionais que afetam a empresa. E) As forças endógenas resultam da interação das pessoas no ambiente interno, mas não pode m provocar mudanças. Já as forças exógenas são obtidas no meio interno e não podem pro vocar mudanças organizacionais. 2) As inovações nas empresas ocorrem em diversas áreas, podendo ser nos produtos, nos processos, no Marketing, no financeiro, na contabilidade, nos recursos humanos, no p lanejamento de pesquisas e desenvolvimento, enfim, na organização como um todo. É comum as inovações ocorrerem mais nos produtos, afinal são eles que impactam diret amente os clientes. Conforme os estudos realizados, as inovações podem ser classifica das como incrementais ou radicais. Qual a diferença entre uma inovação incremental e uma inovação radical? Assinale a alternativa correta. A) A inovação incremental está voltada a uma mudança por completo dos atributos do produt o, ao passo que a radical melhora significativamente as caracterísitcas do produto. B) A inovação incremental está voltada para uma melhoria que mantém as caracterísitcas do p roduto, ao passo que a radical modifica por completo os atributos ou altera o produto. C) Uma inovação radical deve,necessariamente, resultar na invenção de um produto novo, ao passo que a incremental proporciona melhorias aos produtos existentes. D) Uma inovação incremental deve, necessariamente, resultar na invenção de um produto nov o, ao passo que a radical proporciona sofisticação aos produtos existentes. E) A inovação incremental altera por completo o produto, enquanto a inovação radical apenas melhora as suas características. O processo de mudanças organizacionais está sujeito a forças internas e externas que interagem com as empresas e acabam alterando, de alguma maneira, o modus operan di dessas empresas. As mudanças estruturais da organização estão mais fortemente vi nculadas às forças internas necessárias às adaptações rápidas em processos de produ 3) ção dos produtos ou serviços, por incremento de demandas dos clientes ou da tecnolo gia. O que são mudanças estruturais na organização? Assinale a alternativa correta. A) Mudanças estruturais são aquelas onde as empresas alteram o seu portfólio de produtos e s erviços de acordo com a necessidade dos clientes. B) Mudanças estruturais são aquelas que ocorrem pela substituição de máquinas, equipament os, instalações, processos industriais e que necessitam de novas tecnologias para a sua func ionalidade. C) Mudanças estruturais são aquelas que ocorrem no organograma da empresa por necessidad e de ampliação pela criação de novas estruturas funcionais, ou pela necessidade de extinçã o ou fusão de estruturas, visando reduzir o organograma e a economia de custos. D) Mudanças estruturais são aquelas que ocorrem sempre que as pessoas evoluem na direção de mudar seus comportamentos e atitudes para melhor, em função de suas aspirações e nec essidades. E) As mudanças estruturais normalmente provêm de mudanças externas à empresa, visando à organização. 4) A criatividade e a inovação na empresa precisa ser feita por meio de suas pessoas, poi s são práticas utilizadas para a sustentabilidade da empresa no mercado, sendo a inov ação o caminho mais curto. Conforme Coral, Ogliari e Abreu (2008), a inovação brot a dos fatores impulsionadores. Dentre esses impulsionadores, três deles estão reunido s em uma das alternativas abaixo. Assinale a alternativa correta. A) Aumento da competitividade, estruturas verticalizadas e práticas de outplacement. B) Desejo de competir além dos produtos commodities, estruturas verticalizadas e práticas de outplacement. C) Vantagem competitiva sustentável, estrutura verticalizada e práticas de outplacement. D) Desejo de competir além dos produtos commodities, aumento da competitividade e vantag em competitiva sustentável. E) Vantagem competitiva sustentável, desejo de competir além dos produtos commodities e id eias inovadoras. 5) As estruturas empresariais têm sua origem na administração clássica, com o estabelecimen to das linhas de comando e de autoridade definindo a hierarquia empresarial, conforme o c onhecido e comum modelo de estrutura funcional, ainda hoje presente nas empresas. Entre tanto, o processo de mudanças foi evoluindo para modelos mais racionalizadores e capazes de otimizar recursos produtivos como meio de redução de custos operacionais. Dentre as al ternativas abaixo, uma delas contém os arranjos que compartilham recursos entre dois ou mais projetos simultaneamente na organização. Assinale a alternativa correta. A) Estrutura geográfica. B) Estrutura divisional. C) Estrutura linha-staff. D) Estrutura linear. E) Estrutura matricial. NA PRÁTICA As organizações se constituem em verdadeiras fontes de criatividade e de inovação. Elas abriga m pessoas que convivem diariamente e realizam atividades dentro de arranjos produtivos interno s para que o produto ou o serviço seja apresentado ao cliente no tempo desejado. Quando se atua em uma grande empresa, que concorre em larga escala no mercado, inclusive e m nível internacional e com muitos funcionários, é bastante comum as disputas internas por recu rsos, posições, prestígios, facilidades, jogos de vaidades, etc. O caso que você verá a seguir aconteceu nos Correios e Telégrafos da cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e envolveu criatividade e inovação na sua solução Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo r: Que tal saber mais sobre a inovação como processo de gestão? Para isso, faça a leitura do l ivro Gestão da inovação e competitividade no Brasil: da teoria para a prática. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Com a obra Gestão de ideias para inovação contínua, você terá uma abordagem muito opo rtuna sobre inovação e criatividade nas empresas. Boa leitura! Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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