Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIADO TRIÂNGULO MINEIRO – Campus UBERABA MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS CLÁUDIA APARECIDA VIEIRA O PROGRAMA 5S COMO FERRAMENTA DE GESTÃO DA QUALIDADE NA AGROINDÚSTRIA DO INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO - CAMPUS UBERABA UBERABA, MG 2017 CLÁUDIA APARECIDA VIEIR A O PROGRAMA 5S COMO FERRAMENTA DE GESTÃO DA QUALIDADE NA AGROINDÚSTRIA DO INSTITUTO FEDERAL TRIÂNGULO MINEIRO - CAMPUS UBERABA Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação Strictu Sensu Mestrado Profissional em Ciência e Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal do Triangulo Mineiro – Campus Uberaba, como requisito para a conclusão e obtenção do título de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Orientadora: Profª. Dra. Deborah Santesso Bonnas UBERABA, MG 2017 FICHA CATALOGRÁFICA FOLHA DE APROVAÇÃO Dedico às minhas filhas, joias valiosas, Jade e Agatha, pela oportunidade de convivência e amor incondicional. GRATIDÃO ESPECIAL Gratidão a Deus, Pai, a Jesus, Filho e ao Espírito Santo pela comunhão divina Universal que me guia e me indica sempre o caminho reto que procuro seguir. Ao avô, amigo e irmão de todas as horas, José Armando, nosso Zé, pela dedicação, benevolência e amor às meninas e a mim. Às filhas amadas, Jajá e Bêlo, pela oportunidade de ser mãe de duas pessoas tão lindas que muito tem me ensinado a viver. Ao meu Norinho, Wellington pela alegria que acrescenta em nossas vidas. Ao estimado amigo Paulo Zago, pelo carinho e cuidados dispensados a mim. Ao meu pai amado, pessoa simples de um coração bondoso, que hoje reside em outra dimensão mas que vive no meu coração e lembranças. Me deixou de herança o melhor de sua alma como exemplos de humildade e amor a Deus! AGRADECIMENTOS À minha orientadora Profª Dra. Deborah Santesso Bonnas, pela orientação, incentivo, paciência e contribuições importantes na realização desta dissertação. À Profª Dra. Marlene Jerônimo pelo apoio, carinho e disponibilidade nas horas de incertezas no desenvolvimento deste trabalho. À Sandra Elias de Oliveira pelo auxílio na condução da realização do trabalho prático. Aos Alunos e alunas Juliano Teodoro Tronconi, João Pedro Teixeira Justino, Diego Francisco Barroso Abreu, Ana Júlia Gandra Rocha, Paloma Carolina de Carvalho e Josylene Aparecida Nascimento de Oliveira, pela contribuição e por fazerem parte do comitê de manutenção do trabalho. À Coordenadora do Mestrado Profª Dra. Fernanda Jardim pela atenção, disponibilidade e presteza. Aos membros da banca pelas considerações, correções e comentários. Ao Instituto Federal do Triangulo Mineiro – Campus Uberaba pela oportunidade de realização do curso. A todos aqueles que contribuíram para a realização desta Dissertação e a todos que fazem e fizeram parte desta jornada de crescimento profissional e espiritual. Expresso aqui a minha eterna gratidão. RESUMO O sucesso na implementação dos programas de qualidade depende de se fazer uma gestão eficiente do ambiente como um todo. Para tanto deve-se preparar a organização para a implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade. O Programa 5S oferece um método para aplicação de cinco atividades básicas que possibilitam a mudança de comportamento das pessoas e consequentemente do ambiente em que elas trabalham, criando uma base para que a gestão da qualidade possa ser implantada com sucesso. O presente estudo foi realizado nas Plantas de Processamento de laticínios e vegetais do setor de Agroindústria, situada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Campus Uberaba, com o objetivo de implantar o Programa 5S como Ferramenta de Gestão da Qualidade. O trabalho caracterizou-se como uma pesquisa-ação, cujo envolvimento da pesquisadora foi constante durante todo o processo de investigação e implantação. O trabalho adotou um estudo descritivo através de diagnóstico, por meio da aplicação de uma lista de verificação para avaliação atual do local. Posteriormente elaborou-se o plano de ação 5W1H descrevendo-se o planejamento das etapas de implantação considerando cada um dos sensos do 5S para adoção das melhorias nas plantas de processamento. A partir dos resultados obtidos por meio do diagnóstico inicial, concluiu-se que os setores avaliados encontravam-se em desconformidade em relação ao que preconiza o programa 5S. A implantação do programa 5S permitiu elaborar um plano de ação que resultou na melhoria geral dos setores referente aos três primeiros Sensos: utilização, organização e limpeza. Após implantação formou-se um comitê de manutenção do programa com a intenção de não deixar que as melhorias se percam ao longo do tempo. A implantação do programa 5S, nos setores de processamento da agroindústria, contribuirá com a aplicação dos demais sistemas de gestão da qualidade (Boas Práticas de Fabricação de Alimentos e APPCC), preconizados pelos órgãos da saúde. Palavras-chave: 5W1H, laticínio, vegetais, gestão da qualidade. ABSTRACT Success in implementing quality programs depends on efficient management of the environment as a whole. To this end, the organization must be prepared for the implementation of a Quality Management System. The 5S Program provides a method for applying five basic activities that enable people to change behavior and, therefore, the environment in which they work, creating a basis for quality management to be successfully implemented. The current study was carried out at the Dairy and Vegetable Processing Plants of the Agribusiness sector, located at the Federal Institute of Education, Science and Technology of the Triângulo Mineiro - Campus Uberaba, in order to implanting the 5S Program as a Tool for Quality Management. The work was featured as an action research, in which the involvement of the researcher was constant during the whole process of investigation and implantation. The study adopted a descriptive study through diagnosis, by means of the application of a checklist for the current evaluation of the site. Subsequently, the 5W1H action plan was elaborated, describing the planning of the implementation stages, considering each one of the 5S senses to adopt improvements in the processing plants. From the results obtained through the initial diagnosis, it was concluded that the sectors evaluated were in disagreement in relation to what is advocated in the 5S program. The implementation of the 5S program allowed the elaboration of an action plan that resulted in the general improvement of the sectors related to the first three senses: use, organization and cleanliness. After implementation, a program maintenance committee was formed with the intention of not letting the improvements be lost over time. The implementation of the 5S program, in the agroindustry processing sectors, will contribute to the application of the other quality management systems (Good Food Manufacturing Practices and HACCP), recommended by the health agencies. Keywords: 5W1H, dairy, vegetables, quality management. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Linha temporal do programa 5S ao longo dos anos. ........................................................... 18 Figura 2 - Três dimensões do 5S. .........................................................................................................22 Figura 3 -Fluxograma do Senso de Utilização ..................................................................................... 25 Figura 4 - Equipamentos e estruturas em desconformidade com os 5S – Instalados na salas de processamento do laticínio .................................................................................................................... 44 Figura 5 - Balanças estragadas empilhadas e embaladora de grãos ..................................................... 45 Figura 6 – Armário com objetos e alimentos armazenados em desconformidade com o 5S. .............. 46 Figura 7 - Condimentos em embalagens sujas e com insetos. ............................................................. 46 Figura 8 - Acúmulo de terra nas tubulações de energia – Sala de guarda de insumos ......................... 47 Figura 9 - Objetos armazenados em desconformidade com o 5S na Sala do pasteurizador de leite .... 48 Figura 10 - Desconformidades em relação ao terceiro S. Poeira acumulada nos objetos da sala do pasteurizador ......................................................................................................................................... 48 Figura 11 - Não conformidades observadas na sala de guarda de utensílios ....................................... 49 Figura 12 - Não conformidades em relação aos três primeiros S observadas no laboratório anexo ao laticínio. ................................................................................................................................................. 50 Figura 13 - Utensílios e objetos organizados na sala de processamento de leite. .................................. 53 Figura 14 - Caixas organizadoras identificadas com etiquetas. ........................................................... 54 Figura 15 - Armários instalados na sala de guarda de insumos ........................................................... 55 Figura 16 - Armário da sala de guarda de insumos com as gavetas identificadas e organizadas ........ 55 Figura 17 - Gavetas organizadas – Armário da sala de guarda de insumos ......................................... 56 Figura 18 - Armários organizados e identificados – Sala de guarda de insumos ................................. 56 Figura 19 - Armário organizado com vidraria e material para análises sob a pia da sala de guarda de insumos. ................................................................................................................................................ 57 Figura 20 - Utensílios organizados – Sala de guarda de utensílios ...................................................... 58 Figura 21 - Depósito de reagentes organizado e limpo – Sala anexa ao laticínio ................................ 59 Figura 22 - Sala de guarda de alimentos em desconformidade com o programa 5S. ........................... 63 Figura 23 - Desconformidades observadas na sala de utensílios e almoxarifado ................................ 64 Figura 24 - Laboratório de alimentos em desconformidade com o programa 5S ................................ 65 Figura 25 - Sala de processamento de vegetais. ................................................................................... 66 Figura 26 - Prateleira da sala de guarda de alimentos organizada após plano de ação ........................ 69 Figura 27 - Sala de utensílios e almoxarifado após plano de ação ....................................................... 70 Figura 28 - Armário de vidraria e material para análise de alimentos - Laboratório de análise de alimentos ............................................................................................................................................... 72 LISTA DE TABELAS Tabela 1 .Os termos do 5S e suas derivações ....................................................................................... 20 Tabela 2–Organização de utensílios em função da disponibilidade para uso ...................................... 27 Quadro3 - Visão Geral do Programa 5S .............................................................................................. 32 Tabela 4 -Ferramentas de gestão da qualidade. .................................................................................... 34 Tabela 5 - Plano de ação 5W1H para a implantação do Programa 5S – Planta Laticínio do IFTM - Campus Uberaba ................................................................................................................................... 43 Tabela 6 - Plano de ação para correção das não conformidades diagnosticadas na avaliação dos quatro primeiros Sensos do Programa 5S nas Plantas de Processamento do Laticínio .................................... 52 Tabela 7 - Plano de ação para implantação do Programa 5S – Planta Processamento de Vegetais ..... 62 Tabela 8 - Plano de ação para correção das não conformidades diagnosticadas na avaliação dos quatro primeiros Sensos do Programa 5S na Planta de Processamento de vegetais – IFTM Uberaba. ........... 67 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 16 2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................ 18 2.1 GESTÃO DA QUALIDADE – HISTÓRICO ......................................................................... 18 2.2 DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DO PROGRAMA 5S ...................................... 19 2.3 A ORIGEM DO 5S .............................................................................................................. 21 2.4 CARACTERIZAÇÃO DOS 5 SENSOS ............................................................................ 22 2.4.1 Seiri – Senso de Utilização e Descarte ....................................................................... 23 2.4.2 Seiton – Senso De Ordenação ..................................................................................... 25 2.4.3 Seiso - Senso de Limpeza ............................................................................................ 28 2.4.4 Seiketsu - Senso de Higiene e Saúde .......................................................................... 29 2.4.5 Shitsuke - Senso de Autodisciplina ........................................................................... 30 2.5 IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA 5S COMO PRÉ-REQUISITOS PARA IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE .................... 33 2.6 FERRAMENTAS DE APOIO À IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE .................................................................................................................................. 33 2.7 MELHORIA CONTÍNUA – PDCA .................................................................................. 34 2.7.1 Melhoria continua - 5W2H ......................................................................................... 35 2.7.2 A aplicação do Programa 5 S na área alimentícia .................................................... 36 3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................... 37 3.1 ETAPAS PRINCIPAIS DO PROGRAMA 5S .................................................................. 38 3.1.1 Preparação ................................................................................................................... 38 3.1.2 Implantação ................................................................................................................. 39 3.1.3 Manutenção.................................................................................................................. 39 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................. 40 4.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTUDO ........................................................................ 40 4.1.1 Planta deProcessamento do Laticínio (lay out) .............................................................. 40 4.1.2 Planta de Processamento de Vegetais ............................................................................... 41 4.2 PLANEJAMENTO DESTINADO À IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA 5 S NA PLANTA DE PRODUÇÃO DE LATICINIOS DO IFTM CAMPUS UBERABA ................... 41 4.3 IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA 5S ........................................................................... 43 4.3.1 Preparativos para o lançamento dos 5S .................................................................... 43 4.3.2 Aplicação do Check list diagnóstico de avaliação dos três primeiros sensos do Programa 5S das plantas de processamento da agroindústria – Setor laticínio .................... 43 4.3.3 Descrição das não conformidades evidenciadas nas Salas do setor de processamento do laticínio .................................................................................................................................... 44 4.3.4 Descrição das não conformidades evidenciadas na Sala de insumos e embalagens 45 4.3.5 Descrição das não conformidades evidenciadas na Área de pasteurizador de leite 47 4.3.6 Descrição das não conformidades evidenciadas na Sala de guarda de utensílios .. 48 4.3.7 Descrição das não conformidades evidenciadas no Laboratório ............................ 49 4.3.8 Elaboração do plano de ação para o setor de Laticínios .......................................... 51 4.3.9 Implantação do Programa 5Sno setor de Laticínios ................................................ 52 4.3.9.1 Sala de processamento........................................................................................... 52 4.3.9.2 Sala de insumos e embalagens .............................................................................. 54 4.3.9.3 Sala utensílios ........................................................................................................ 58 4.3.9.4 Laboratório ............................................................................................................ 59 4.4 PLANEJAMENTOPARA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA 5 S NA PLANTA DE PRODUÇÃO DE VEGETAIS DO IFTM CAMPUS UBERABA ............................................... 60 4.4.1 Aplicação do Check list diagnóstico de avaliação dos três primeiros sensos do Programa 5S das plantas de processamento da agroindústria– Setor Vegetais .................... 62 4.4.1.2 Descrição das não conformidades evidenciadas no Almoxarifado – Utensílios ... 63 4.4.1.3 Descrição das não conformidades evidenciadas na Área do Laboratório de alimentos 64 4.4.1.4 Área de Processamento ......................................................................................... 65 4.4.2 Elaboração do plano de ação para adequação do setor de processamento de vegetais ao Programa 5S ........................................................................................................................... 66 4.4.3 Implantação do Programa 5S no setor de processamento de vegetais ................... 68 4.4.3.1 Sala de Insumos e Produtos Prontos ...................................................................... 68 4.4.3.2 Almoxarifado e Sala de Utensílios ........................................................................ 69 4.4.3.3 Laboratório ........................................................................................................... 70 4.4.3.4 Área de equipamentos ........................................................................................... 72 4.5 AÇÕES PARA CONTINUIDADE E MANUTENÇÃO DO PROGRAMA .................. 73 4.5.1 Atuação do comitê de manutenção ............................................................................ 73 4.5.2. Dificuldades de implantação do programa 5S ................................................................ 74 4.6 PANORAMA GERAL DOS SETORES EM RELAÇÃO AOS SENSOS AVALIADOS 75 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 78 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 79 APÊNDICES ...................................................................................................... 84 APÊNDICE 1- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ....................... 84 APÊNDICE 1.2 - QUESTIONÁRIO SOBRE O PROGRAMA 5S ........................................ 86 ANEXO ............................................................................................................... 88 ANEXO A -CHECK LIST DE AVALIAÇÃO – DIAGNÓSTICO INICIAL DOS 5S APLICADOS NAS PLANTAS DE PROCESSAMENTO DA AGROINDÚSTRIA ................. 88 16 1 INTRODUÇÃO A qualidade exigida em processos, produtos e serviços está cada dia mais aparente. Desta forma, as indústrias e instituições em geral precisam garanti-la a partir de filosofias, metodologias e ferramentas de qualidade (GODOY E MATOS, 2004). O termo qualidade apresenta diversos significados e entendimentos para pessoas e locais diferentes. Também, pode ser entendido como um atributo de produtos ou de serviços, quando se referir a tudo que é produzido pelas pessoas (MOREIRA, 2008). Muitas organizações, de finalidades lucrativas ou não, e de acordo com as suas próprias características, investem constantemente em programas que apresentam como foco a qualidade em seus processos, por entenderem que suas atividades produtivas necessitam sempre de melhorias contínuas (MOREIRA, 2008). Conforme relata Moreira (2008), as duas últimas décadas testemunharam uma onda de inovações em matéria de gestão e práticas de controle para dar condições às empresas manterem-se competitivas e atuantes no mercado. Por isso, evidencia-se ser cada vez maior a preocupação de conciliar diferentes práticas de gestão. Livramento, Oliveira e Moraes (2015), entendem que a expectativa de que sempre vai existir uma nova perspectiva e/ou alternativa ou ainda um novo entendimento quanto este ou aquele conceito faz com que as empresas se motivem no sentido de buscar sempre estar à frente das outras, independente delas serem concorrentes ou não. Efetivamente, a gestão da qualidade diz respeito a todas as pessoas envolvidas no Sistema de Valores de uma organização. Contudo, a implantação de um modelo de gestão pela qualidade enfrenta algumas barreiras, pois propõem novas relações entre os diversos atores do processo e prioriza o alcance da Missão e Objetivos Estratégicos da organização, em detrimento de benefícios individuais ou locais (VASCONCELLOS et al, 2012). O programa 5S não é um processo de gestão da qualidade, mas uma ferramenta para atingir o nível desejado de qualidade, por meio de um aprendizado contínuo e da geração de um ambiente favorável ao desenvolvimento dos processos empresariais (CAMPOS, 2005). Campos (2005), ressalta que tais processos, abordados pelo 5S não são apenas os voltados para a qualidade, mas também para diversas iniciativas de melhoria, como por exemplo, produtividade, segurança, saúde mental e física, qualidade de vida. 17 Segundo Santos et al. (2006), vê-se os 5Ss como importante programa participativo e propulsor da qualidade, oferecendo conhecimento necessário a todos os participantes para o desempenho e manutenção, adequadas às suas funções. Diante dessa abordagem e, por ser o 5S um programa integrado, cujos sensos agem interligados, proporcionando resultados surpreendentes em todos os aspectos, tanto na vida dos participantes quanto no ambiente organizacional, este trabalho teve por finalidade implantar o programa 5s como ferramenta de gestão da qualidade na agroindústria do Instituto Federal do Triângulo Mineiro -Campus Uberaba, com o objetivo principal de contribuir para uma melhoria da qualidade no ambiente de produção de alimentos,com vistas a promover uma adequação física e operacional, nos setores de processamento de leite e vegetais, bem como contribuir para a formação dos novos profissionais, oportunizando sua participação na implementação do programa nesses setores. Como objetivos específicos o trabalho buscou elaborar um diagnóstico das condições das instalações em relação a essa ferramenta de gestão da qualidade, implementar o programa 5S e proporcionar a sua manutenção por meio da criação de um Comitê constituído por usuários do setor, responsável pela condução do programa. As plantas de processamento de leite e de vegetais da agroindústria são utilizadas por acadêmicos e professores para aulas práticas dos cursos de graduação em Tecnologia de Alimentos, Curso Técnico em Alimentos, Agronomia e Zootecnia e também aulas práticas do curso de Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Além disso os alimentos processados no setor também são consumidos no refeitório e em eventos promovidos pelo Instituto. 18 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 GESTÃO DA QUALIDADE – HISTÓRICO Para referenciar o conceito de qualidade é precioso buscar na história, a trajetória que o termo ao longo do tempo tem traçado em diversas formas de gerenciamento das ferramentas de gestão da qualidade. Atualmente existem numerosos livros, artigos e jornais científicos com o título Gestão Total da Qualidade (GTQ). Contudo quase todas estas publicações foram produzidas muito recentemente – depois de 1990(SANTOS et al.,2006). Antes do termo GTQ aparecer, as designações Qualidade Total ou Controle Total de Qualidade eram mormente utilizadas nas publicações ocidentais e a designação Company Wide Quality Control era o termo dominante nas publicações japonesas publicadas nos anos de 1970 e 1980 (SANTOS et al.,2006). Embora a gestão de qualidade seja um assunto que ganhou grande notoriedade a partir do início da década de 1980, não se trata, contudo, de uma invenção moderna. A história da qualidade pode ser narrada de muitas e variadas formas. Um grande número de acadêmicos concorda que o conceito ou a filosofia da qualidade existe desde há muito tempo, discordando somente quanto ao seu início. Em relação a este ponto os seus argumentos variam, sustentando uns que o conceito de qualidade existe desde algumas centenas de anos e outros falam em milhares de anos. Para o âmbito dessa pesquisa o período de tempo diz respeito a Figura 1. (SANTOS et al.,2006) Fonte: Gestão da Qualidade – de Deming ao Modelo de Excelência, 2016. Figura 1 - Linha temporal do programa 5S ao longo dos anos. 19 Santos et al. (2006) destaca que a abordagem sistemática da qualidade, ou o nascimento do controle de qualidade moderno está associada à década de 1930 com a aplicação da carta de controle desenvolvida por Walter A. Shewhart à produção industrial. Santos et al. (2006) entende que a noção de qualidade é algo inerente ao ser humano, projetando- se em diversos atos, mesmo nos mais corriqueiros e automáticos, da sua vida diária. O consumidor que aos sábados circula pelo mercado apalpando as frutas, cheirando as ervas e questionando aos vendedores a procura de frutas, peixes e legumes de qualidade, rejeitando os produtos que não respeitam os padrões por ele definidos e adotados. A qualidade das colheitas, a qualidade das casas e a qualidade das vias de comunicação foram tão importantes no passado para o desenvolvimento das comunidades como são hoje (SANTOS et al, 2006). 2.2 DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DO PROGRAMA 5S O 5S ou Programa 5S como também é conhecido é um conjunto de cinco conceitos simples que, ao serem praticados e absorvidos, são capazes de modificar o humor, o ambiente de trabalho, a maneira de conduzir as atividades rotineiras e as atitudes. Em um contexto amplo, a qualidade de vida (VANTI,1999). Considerado por diversos estudiosos como passo inicial e base de sustentação de qualquer sistema de gestão da qualidade, o termo 5S tem sua origem nas iniciais de cinco palavras japonesas, todas iniciadas com a letra ‘S’. Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu, e Shitsuke (LAPA, 2010). Na interpretação dos ideogramas que representam essas palavras, do japonês para o inglês, conseguiu-se encontrar palavras que iniciavam com a letra ‘S’ e que tinham um significado aproximado do original em japonês. Porém, o mesmo não foi possível com a tradução para o português (LAPA, 2008). A melhor forma encontrada para expressar a abrangência e profundidade do significado desses ideogramas foi acrescentar o termo "Senso de" antes de cada palavra em português que mais se aproximava do significado original. Desta forma, o termo original “5S” ficou mantido, mesmo na língua portuguesa. Em Português são conhecidos como os Sensos de Utilização, Organização, Limpeza, Saúde e Higiene e Senso de Autodisciplina. Esses cinco Sensos, conforme ressalta Vanti (1999), podem ser considerados como um princípio organizador, mobilizador e transformador de pessoas e organizações. 20 Lapa (2010), considera que o termo “Senso de” significa "exercitar a capacidade de apreciar, julgar e entender". Significa ainda a "aplicação correta da razão para julgar ou raciocinar em cada caso particular”. JAPONÊS INGLÊS PORTUGUÊS 1º S Seiri Sorting Senso de Utilização Arrumação Organização Seleção 2ºS Seiton Systematyzing Senso de Ordenação Sistematização Classificação 3º S Seisou Sweeping Senso de Limpeza Zelo 4º S Seiketsu Sanitizing Senso de Asseio Higiene Saúde Integridade 5º S Shitsuke Self-disciplining Senso de Autodisciplina Educação Compromisso Fonte: Lapa,1998 – Programa de Qualidade 5S Tabela 1 .Os termos do 5S e suas derivações Costa (1996), caracteriza o Programa 5S como um instrumento eficaz para a formação de hábitos saudáveis de vida entre os profissionais, alunos e comunidades nas quais estão inseridos. A autora enfatiza que por ser uma metodologia de fácil compreensão e aplicação, o 5S é capaz de produzir resultados expressivos em um prazo relativamente curto, e que o programa tem sido desenvolvido de maneira criativa e participativa em muitas organizações, compondo uma forma realmente eficaz de se educar para a cidadania. O programa 5S é uma filosofia de trabalho que busca gerar a disciplina na empresa através de consciência e responsabilidade de todos, de forma a tornar o ambiente de trabalho agradável, seguro, produtivo e eficiente (ISHIKAWA, 1989). 21 2.3 A ORIGEM DO 5S O programa 5S consolidou-se no Japão. Uma ideologia calcada em uma tradição passada de pais para filhos como princípios educacionais que os acompanham até a fase adulta. É também entendida como uma filosofia de vida, um valor cultural (ZIARESKI, 2011). O Japão foi o grande disseminador da qualidade para o mundo. Para Ribeiro (1994), depois de ocidentalizada essa prática, também ficou conhecida como house keeping, termo que quer dizer “arrumar a casa” e que pode ser praticada em qualquer ambiente. Originário do Japão e proposto pela equipe do professor Kaoru Ishikawa, na década de 1950, os 5S surgiram logo após a 2ª Guerra Mundial, momento em que o país passava pela necessidade de eliminar a sujeira e a desorganização estrutural das fábricas e a destruição das cidades deixada pela guerra (ABRANTES,1997). De acordo com Biasoli (2005), os conceitos do programa 5S, adotados pelo povo japonês, foi e continua sendo, a base da qualidade total que transformou em menos de 20 anos, uma nação destruída pela guerra e sem recursos materiais, numa potência industrial e econômica. A prática do 5S objetiva incluir valores de utilização, organização, limpeza, padronização e disciplina no local de trabalho (OSADA, 1992). No Japão o método do programa 5S foi iniciado nos setores de manufaturas e então difundido para outras indústriase setores de variados serviços. O sistema de Produção da Toyota fornece um exemplo bem conhecido dos princípios do 5S na prática, as primeiras versões foram baseadas nos 3S e após tornou-se 5S (RIBEIRO, 1994). Na definição de Silva (2005), o 5S recebe esse nome por se tratar de um programa com cinco conceitos diferentes, derivados de palavras japonesas, que exprimem princípios básicos da organização, mas que juntos buscam fazer diferença na Gestão de Qualidade Total (Total Quality Management – TQM). Grifo (1998) afirma que, os processos de gestão da qualidade, implementados pelos japoneses começaram pelo Programa 5S, e que não se trata de um programa da qualidade e sim de um instrumento a mais para se atingir o nível de qualidade, dentro de um esforço de instrução das pessoas, na busca por um ambiente saudável e de educação continuada. Os cinco conceitos foram introduzidos no Brasil na década de 1990, através da Fundação Cristiano Ottoni, instituição ligada à Universidade Federal de Minas Gerais, e desde 22 então o seu reconhecimento no mundo empresarial vem sendo difundido e praticado (SILVA, 1996). Sua aplicação porém, não se limita somente a empresas de manufatura mas tem sido utilizado com sucesso em empresas de serviços, em escritórios, supermercados, hospitais, escolas, prefeituras e mesmo em residências estendendo para a atmosfera familiar (LAPA, 2010). 2.4 CARACTERIZAÇÃO DOS 5 SENSOS França (2004) enfatiza que por ser teoricamente muito simples, as pessoas costumam não compreender toda a sua abrangência, restringindo seu alcance ao mundo físico. Perde-se a grande oportunidade que o 5S oferece: que é a mudança de conduta das pessoas, quanto aos hábitos e atitudes. Entende o autor que, o 5S deve acontecer em três dimensões distintas: física, intelectual e comportamental. Sendo a parte mecânica a mais fácil de se perceber e executar, muitas vezes, o programa se restringe a ela. É importante que as três dimensões citadas sejam bem compreendidas, para que todas sejam trabalhadas. A física ou mecânica está ligada às coisas materiais, aos objetos que nos cercam. A intelectual, ou dos processos, diz respeito à metodologia utilizada para a execução de uma tarefa, à tecnologia aplicada. A comportamental está ligada às nossas atitudes, à maneira que reagimos quando expostos a diferentes situações no nosso dia a dia. É importante que essas três dimensões caminhem juntas, interligadas entre si (FRANÇA, 2004). Fonte: França, 2009 Figura 2 - Três dimensões do 5S. 23 2.4.1 Seiri – Senso de Utilização e Descarte Alguns autores chamam Seiri de senso de utilização, outros de Senso de organização, seleção. Contudo são apenas termos que não mudam em nada o significado de real desse senso. O Seiri, ‘senso de utilização’, consiste em deixar somente o que é extremamente necessário. Significa usar recursos disponíveis, com bom senso e equilíbrio, identificando materiais, equipamentos, ferramentas, informações e dados necessários e desnecessários, descartando ou dando a devida destinação àquilo considerado “inútil” ao exercício das atividades (OSADA, 1992). Lapa (2010), considera que, ter senso de utilização é identificar materiais, necessários e desnecessários, descartando ou destinando ao local certo àquilo considerado útil ao exercício das atividades naquele local. No entanto, o hábito de guardar é um instinto natural das pessoas e encontramos muitos obstáculos quando se deseja descartar algo. Todavia, o critério de sucesso deste senso deve transpor barreiras, pois o ponto chave dele é saber identificar "o porquê do excesso" de modo que medidas preventivas possam ser adotadas para evitar que o acúmulo destes excessos voltem a ocorrer. Na terminologia da Qualidade, esta ação é denominada de "bloqueio das causas" (LAPA, 2010). Ribeiro (1994), destaca que para implementar o senso de utilização deve-se realizar algumas ações, das quais estão: Analisar tudo que está no local de trabalho; Separar o que é necessário do que não é; Verificar a utilidade de cada coisa e manter o estritamente necessário; Adequar os estoques às necessidades do ambiente; Criar o hábito de compartilhar os materiais de trabalho com os demais; Promover o “Dia da Limpeza ou Descarte”, quando todos devem selecionar os itens desnecessários a execução de suas tarefas e dar um destino adequado a eles. Ribeiro, (1994) ressalta que “Organizar e selecionar é separar as coisas necessárias das que são desnecessárias, dando um destino para aquelas que deixaram de ser úteis para aquele ambiente”. O benefício do senso de utilização está na liberação de espaço físico, a diminuição de acidentes, a diminuição de custos de manutenção, a reutilização de recursos, a melhoria do 24 ambiente de trabalho, entre outros (KNOREK, 2007). França (2004), considera que o senso de utilização traz como benefícios: O bem-estar pessoal; Maior produtividade das pessoas, das máquinas e dos materiais, evitando o retrabalho; Prevenção de acidentes; Boa impressão aos clientes. Utilizar os recursos disponíveis dá a esse conceito um sentido amplo, o que significa, bom senso e equilíbrio, evitando ociosidades e carências (SILVA, 1996). O Senso de utilização pode ser aplicado em casa (na cozinha, na despensa, na geladeira, no quarto das crianças etc.), na escola, no lazer etc. Como exemplo, basta verificar aquele espaço da casa onde é colocado tudo que não serve, os brinquedos quebrados que não se usam mais, a roupa velha, as revistas e jornais que jamais serão lidos novamente, dentre outros exemplos (LAPA, 2010). Lapa (1996), amplia o sentido do primeiro Senso e discorre que sua abrangência atinge extensões mais profundas além das físicas. Numa outra dimensão, para o autor, ter Senso de Utilização é preservar consigo apenas os sentimentos como amor, amizade, sinceridade, companheirismo, compreensão, descartando aqueles sentimentos negativos como a mágoa, criando atitudes positivas para fortalecer e expandir a convivência, apenas com sentimentos valiosos. Silva, (1995), destaca que para uma ação imediata, o Senso de Utilização e descarte significa manter no ambiente apenas os recursos necessários e sua aplicação pode ser demonstrada como no fluxograma (figura 3). 25 Fonte: Silva, 1996. Figura 3 -Fluxograma do Senso de Utilização 2.4.2 Seiton – Senso De Ordenação Segundo Osada (1992), “Arrumar significa guardar, tendo em mente a eficiência, a qualidade e a segurança, ou seja, procurar a forma ideal de se guardar as coisas”. Com a prática do primeiro senso (de utilização) apenas o essencial para a execução das tarefas permanecerá no ambiente de trabalho. O próximo passo a ser dado é desenvolver um arranjo físico ordenado para organizar de maneira mais funcional o local de trabalho, isto é, dispor os recursos eficiente e eficazmente de modo a facilitar o fluxo de pessoas, materiais e informação e gerar um sistema de controle visual (KNOREK, 2007). O ‘senso de ordenação’ pode ser definido como “um otimizador da área de trabalho”, pois consiste em definir critérios e locais apropriados para estocagem, depósitos de ferramentas e materiais, armazenamento e fluxo de informações, ou seja, “fazer com que as coisas necessárias sejam utilizadas com rapidez e segurança, a qualquer momento” (HABU et al, 1992). Este senso exige que as pessoas pratiquem hábitos do tipo: se ligar, desligue; se desarrumar, arrume; se usar, deixe como estava antes; se precisar, deixe fácil de acessar. 26 Todavia, arrumar somente não é suficiente. Uma metodologia deve ser adotada para assegurar a eficiência da sistemática, colocar em ordem, criar um padrão (HABU et al,1992). Segundo Ribeiro (1994), para implementar o senso de ordenação, sistematização e classificaçãoalguns procedimentos devem ser tomados, dentre eles: Reorganizar a área de trabalho; Classificar os objetos (padronizando por nomes) e guardá-los segundo esta classificação; Utilizar cores fortes e etiquetas para identificação; Utilizar quadros de aviso como fonte de informação; Praticar o sistema FIFO, first in first out (ou PEPS, primeiro a entrar primeiro a sair). Ordenar é “guardar as coisas necessárias, de acordo com a facilidade de acessá-las levando em conta a frequência de utilização, o tipo e o peso do objeto, como também uma sequência lógica praticada, ou de fácil assimilação. Quando se tenta ordenar as coisas, necessariamente o ambiente fica mais arrumado, mais agradável para o trabalho e, consequentemente, mais produtivo” (RIBEIRO, 1994). De modo a facilitar o seu uso e manuseio, Lapa (2010), destaca que ter Senso de Ordenação é definir locais apropriados e critérios para estocar, guardar ou dispor materiais, equipamentos, ferramentas, utensílios, informações e dados, facilitando a procura, localização e guarda de qualquer item. Popularmente significa "cada coisa no seu devido lugar". Pelo senso de ordenação, os benefícios gerados são inúmeros, pois em um ambiente ordenado, o trabalho é mais objetivo, a produtividade é maior e eficiente, reduz-se custos, acidentes de trabalho, economiza-se tempo, entre outros benefícios. Este segundo senso busca, a otimização do sistema (KNOREK, 2007). Para uma “arrumação” bem-sucedida é preciso preparar um desenho (layout) do local onde se quer implantar o Senso de Ordenação. O arranjo deve ser simples para que permita obter apenas o que se precisa e quando precisa (CAMPOS et al (2011). Segundo Patten (2008), o maior desafio é colocar as coisas onde elas melhor atendam seu propósito funcional em vez de pôr o local de trabalho em ordem, já que a organização é com frequência confundida com o ato de guardar tudo em armários ou gavetas. Há uma evidente melhora no fluxo de materiais e o compartilhamento entre os usuários no seu ponto de uso. Osada (1992), propõe uma forma de disponibilizar os objetos, conforme mostrado na tabela 02. 27 Item Estocagem Coisas usadas com muita frequência Coisas usadas constantemente Coisas usadas esporadicamente Arquivos Em locais de fácil acesso Em local onde possam ser facilmente retiradas e estocadas e onde possam ser descobertas com facilidade Certifique-se de colocá-las novamente no seu local de origem, ou seja, um quadro com silhuetas, codificação por cores, etc. Numerados e codificados por cor, tanto na prateleira quanto na ordem Fonte: Adaptado de Osada, 1992. Tabela 2–Organização de utensílios em função da disponibilidade para uso Ainda como definição de locais apropriados, adota-se como critério a facilidade para estocagem, identificação, manuseio, reposição, retorno ao local de origem após uso, consumo dos itens mais velhos primeiro, dentre outros (LAPA, 2010). Do mesmo modo que o Senso de Utilização, este Senso se aplica no dia-a-dia. Não é incomum as cenas de correria pela manhã à procura da agenda, dos documentos, dos cadernos, das chaves do carro, dos documentos do carro. Encontrar documentos, recibos, a declaração do imposto de renda do ano anterior. Estas e outras cenas são evitáveis com aplicação do Senso de Ordenação (LAPA, 2010). Ampliando a dimensão do segundo senso, para o autor, ter Senso de Ordenação é distribuir adequadamente o tempo dedicado ao trabalho, ao lazer, à família, aos amigos. E ainda, não misturar preferências profissionais com as pessoas, ter postura coerente, serenidade nas decisões, valorizar e elogiar os atos bons, incentivar as pessoas e não somente criticá-las. 28 2.4.3 Seiso - Senso de Limpeza A prática do Senso de Limpeza é eliminar a sujeira ou objetos estranhos com a intenção de manter limpo o ambiente (parede, armários, o teto, gaveta, estante, piso), bem como manter dados e informações atualizados para garantir a correta tomada de decisões. O mais importante neste conceito não é o ato de limpar, mas o ato de "não sujar". Isto significa que além de limpar é preciso identificar a fonte de sujeira e as respectivas causas, de forma que se possa bloquear as causas (LAPA, 2010). O autor discorre que a filosofia principal neste senso não consiste somente no ato de limpar, mas no ato de não sujar. Estende-se também este senso para a informação, que deve ser armazenada corretamente e atualizada frequentemente para garantir que dados inúteis e dispersos não afetem as tomadas de decisões. Quando se tratar de equipamentos a limpeza deve ser realizada de forma metódica e encarada como inspeção. Pois, assim, possibilitará a detecção de falhas. O senso de limpeza e zelo requer comportamentos, como: se sujar, limpe; crie formas de não sujar; entre outros. Ampliando o conceito além do físico, ter Senso de Limpeza é procurar ser honesto ao expressar, ser transparente, sem segundas intenções com os amigos, com a família, com os subordinados, com os vizinhos e etc. (LAPA, 2010). E para praticar este senso algumas medidas devem ser tomadas, dentre elas: Educar para não sujar; Todos devem se comprometer com a limpeza de cada um; Descobrir e eliminar as causas da sujeira; Limpeza e clareza na comunicação; Ter em mente que não sujar é mais importante que limpar; A implantação deste senso eliminará todo tipo de poluição, sonora (ruídos e gritos), visual (bagunça e sujeira) e ambiental (intrigas, fofocas e discussões). De acordo com as considerações de Lapa (1998), os benefícios deste senso é proporcionar ao ambiente de trabalho melhorias como a capacidade de detectar falhas de equipamentos; reduzir a taxa de deterioração dos equipamentos, prolongando a sua vida útil e, portanto, uma maior economia; o aumento da autoestima no trabalho, etc. Para Ribeiro (1994), o conceito transmitido neste terceiro senso é que limpar deve ser uma tarefa presente na rotina do trabalho, mas o não sujar deve ser um hábito. 29 2.4.4 Seiketsu - Senso de Higiene e Saúde O quarto senso denominado Senso de higiene, saúde e integridade, é alcançado com a prática dos sensos anteriores. Consiste em garantir ambiente não hostil e livre de agentes poluentes, nutrir boas condições sanitárias nas áreas comuns (banheiros, cozinha, restaurantes etc.), zelar pela higiene pessoal, gerar e disponibilizar informações e comunicados de forma clara e, no sentido mais amplo do senso, ter ética no trabalho e manter relações interpessoais saudáveis, tanto dentro quanto fora da empresa (HABU et al,1992). Ribeiro (1994), entende que a importância do quarto senso essencial para garantir a sustentação dos 3S iniciais, visto que a melhoria da qualidade de vida no trabalho ou no ambiente de sua implantação estimula a adesão e comprometimento de todos com a nova filosofia e atitude. Para a prática deste senso alguns procedimentos devem ser adotados, dentre eles: Ter implementado os três primeiros sensos Valorizar a aparência pessoal e da empresa; Evitar todas as formas de poluição; Manter condições para colocar em prática o controle visual; Cuidar da saúde dos colaboradores (alimentação, exercícios físicos, exames periódicos, Utilização de equipamentos de segurança – EPI, etc.). Senso de saúde e higiene significa, para Lapa (2010), criar condições favoráveis à saúde física e mental, garantir ambiente não agressivo e livre de agentes poluentes, manter boas condições sanitárias nas áreas comuns (lavatórios, banheiros, cozinha, restaurante etc.), zelar pela higiene pessoal e cuidar para que as informações e comunicados sejam claros, de fácil leitura e compreensão. Significa ainda, em sentido mais profundo, ter comportamento ético, promover um ambiente saudável nas relações interpessoais, sejamsociais, familiares ou profissionais, cultivando um clima de respeito mútuo nas diversas relações. França (2004), entende que o Senso promove a segurança e eficiência dos funcionários; faz com que a empresa melhore a sua imagem perante o cliente; e ainda promove um ambiente mais leve, criativo, quebrando o peso da área de trabalho, através de uso de aquários, plantas que auxiliam num clima mais ameno, quadros de paisagens, músicas de relaxamento, etc. De certa forma, tudo que possa contribuir positivamente para um bom ambiente e de alguma forma desacelerar as pessoas. 30 O grande benefício desse Senso é a melhora da qualidade de vida no trabalho, a melhoria do relacionamento interpessoal, a diminuição do absenteísmo, a melhoria da produtividade, etc. Desta forma este senso busca condições favoráveis à integridade tanto física quanto mental dos trabalhadores (KNOREK, 2007). 2.4.5 Shitsuke - Senso de Autodisciplina O senso de autodisciplina, educação e compromisso, como definido por Lapa (1998), procura corrigir o comportamento inadequado das pessoas e consiste em uma nova fase, de forma que todos deverão adaptar seus hábitos. Todos os envolvidos devem seguir e comprometer-se com as normas, os padrões e os procedimentos formais e informais, introduzindo os conceitos de melhoria contínua na vida pessoal, profissional, (aquisição de conhecimentos) e no ambiente de trabalho como um todo. Segundo Habu et al (1992), a consolidação deste senso é que vai determinar a mudança de valores e esta deve ser difundida e enraizada em toda organização. Para o autor, este senso é o mais trabalhoso de ser praticado, pois envolve mudança de conduta e mudança de costumes. O autor entende que é intrínseco do ser humano ser resistente à qualquer mudança. Quer seja por medo, comodismo ou interesse, a mudança sempre se apresenta de forma complexa de aceitar num primeiro momento. Para Campos et al (2011) para implementar este Senso, algumas ações devem ser tomadas, dentre elas: Não acobertar erros; Tomar providências mediantes aos erros; Elaborar normas objetivas e claras; Compartilhar visão e valores; Melhorar a comunicação em geral; Educar, não treinar; Criticar de forma construtiva e recebê-las sem tomar como algo pessoal. Este é o senso de maior acuidade no 5S. Não que os demais não tenham importância, porém por ser este o que trabalha a dimensão social, ou seja, hábitos, valores, comportamentos e crenças. De forma abrangente, o Senso de Autodisciplina é o que faz com que os indivíduos “aprendam a aprender” (HABU et al 1992). 31 Os benefícios que este senso traz para a organização são inúmeros. Dentre eles, a melhoria do relacionamento interpessoal, aprimoramento pessoal, educação, cortesia, compromisso, predisposição ao desenvolvimento de trabalho em grupo devido ao aumento da responsabilidade e estimulo a criatividade, melhoria da qualidade devido ao cumprimento das normas e padrões, desenvolvimento de um cenário favorável a administração participativa (GOMES et al, 1998). O 5S aplicado de forma correta é capaz de alterar este sistema de valores, cunhado pelas relações dos indivíduos no grupo, pois constitui na organização um ambiente de trabalho agradável, onde não só a parte física é alterada e melhorada continuamente, mas também a prática dos “bons hábitos” na realização das tarefas e nos relacionamentos intra e interpessoais são mantidos e/ou adotados (CAMPOS, 2005). Com seus passos simples, envolvendo todos da organização e com resultados facilmente mensuráveis, trazendo benefícios para todos tanto na vida pessoal e profissional quanto para instituição, o 5S é sem dúvida uma ferramenta importante para conseguir o comprometimento de todos, o que é crucial para efetivação de qualquer processo de mudança. Ampliando o Senso, ter Autodisciplina significa ainda desenvolver o autocontrole (contar sempre até dez), ter paciência, ser persistente na busca dos sonhos, anseios e aspirações, respeitar o espaço e a vontade alheia (LAPA, 1996). A alteração de hábitos e atitudes pessoais é um dos fatores relevantes e observados em alguns trabalhos de implantação do programa. Segundo Jordão (2011) o Senso da autodisciplina, última etapa do programa, necessita de todos os envolvidos, uma colaboração maior e um esforço para consolidar as melhorias alcançadas com a prática dos “4S” anteriores. Esse senso indica o momento em que as pessoas se conscientizam da necessidade de buscar o autodesenvolvimento, a ética e a manutenção dos valores reais do trabalho e da vida pessoal. Torquato e Araújo (2008) em um estudo realizado sobre a “avaliação do programa 5S numa instituição de ensino”, ressalta que o Programa 5 “S” é uma ferramenta válida para mudar hábitos e comportamentos e que a sua adoção contribuiu fortemente para que os alunos internalizassem e adotassem a filosofia dos sensos de utilização, ordenação, limpeza, saúde e autodisciplina. Ribeiro (2009), entende que, com a implantação dos 5S, há uma redução de risco de acidente em função da organização e padronização, há uma significante melhoria do layout interno, aumenta a produtividade, quanto ao envolvimento e comprometimento, a melhoria também é significante, a movimentação excessiva é eliminada com a organização e 32 padronização. O autor considera que a disciplina é o ponto elevado para a busca de novas melhorias no ambiente. Considerada uma ferramenta fácil de aplicar, porém sendo o mais difícil à persistência na manutenção do processo, o programa 5S vem sendo adotado por diversas modalidades de empresas e instituições desde a sua descoberta. Uma visão geral do Programa 5Sé apresentada no Quadro 4, Osada (1992), sobre o significado, objetivos e atividades de cada um dos Sensos. Quadro3 - Visão Geral do Programa 5S SIGNIFICADO OBJETIVOS ATIVIDADES SEIRI (ORGANIZAÇÃO) Distinguir o necessário do desnecessário e eliminar o desnecessário. Estabelecer critérios para eliminar o desnecessário e obedecê-los. Eliminar o desnecessário. Kaisen (programa de melhorias continuas) e padronização baseada nos aspectos fundamentais. Exemplos: Limpar a parte externa; Organizar o depósito. SEITON (ORDEM) Definir um arranjo simples que permita obter apenas o que você precisa, quando precisa. Ambiente de trabalho arrumado. Layout e arrumação eficientes (incluindo qualidade e segurança). Aumento da produtividade por meio da eliminação do tempo gasto procurando as coisas. Local de trabalho e equipamentos em ordem. Eliminar o tempo gasto procurando as coisas. Exemplos: Sistema PEPS de gerenciamento de estoques (o primeiro que entra é o primeiro que sai); Avisos facilmente legíveis. SEISO (LIMPEZA) Eliminar o lixo. a sujeira e os materiais estranhos, tornando o local mais limpo. Limpeza como uma forma de inspeção. Não sujar, eliminação total do lixo e da sujeira. Descobrir os pequenos problemas, por meio de inspeções de limpeza. Compreender que limpeza é inspeção; Tratar das causas da sujeira. Limpeza mais eficiente. Limpeza e inspeção de equipamentos e ferramentas. Exemplos: Divulgação de campanhas de limpeza. Limpar até os locais que não são observados pela maioria das pessoas. SEIKETSU (HIGIENE) Manter as coisas organizadas, arrumadas e limpas, incluindo os aspectos pessoais e os relacionados à poluição. Gerenciamento visual inovador, para revelar as anormalidades. Mudar a percepção das pessoas quanto à importância da higiene pessoal. Gerenciamento visual inovador. Codificação por cores. Exemplos: Placas de temperatura; Marcos de inspeção; Propiciar instalações adequadas para higiene pessoal dos funcionários. SHITSUKE (DISCIPLINA) Fazer naturalmente a coisa certa. Participação total no desenvolvimento de bons hábitos e locais de trabalhoque sigam as regras. Comunicação e feedback como rotinas diárias. As pessoas devem seguir as regras e os procedimentos estabelecidos. 5S em um minuto. Comunicação e feedback. Responsabilidade individual. Exemplos: Horário para exercícios; Uso de sapatos de segurança. 33 Fonte: Osada, 1992 2.5 IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA 5S COMO PRÉ-REQUISITOS PARA IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE Sendo uma filosofia base para criar sistemas de qualidade e aumento de produtividade, destaca-se a importância da filosofia dos 5S para preparação de implantação de programas de qualidades nas organizações. Nesse sentido, evidencia-se, segundo Silva (1994), que os 5S podem criar um ambiente propício à implantação de programas de qualidade e produtividade. Para Godoy e Matos (2004), a importância do programa 5S se dá pelas profundas mudanças que a filosofia gera no ambiente, pela simplicidade de compreensão, por ser de fácil aplicação e gerar resultados visíveis e imediatos. Os 5S também constitui a base para a implementação de um sistema de gestão bem estruturado e pode ser aplicado em qualquer organização. 2.6 FERRAMENTAS DE APOIO À IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE As ferramentas de gestão representam um conjunto de práticas disponíveis para o uso no sistema de gestão da qualidade total das organizações. Tais métodos são implantados pelas diversas áreas da empresa ou instituição à medida que surgem necessidades específicas (BALLESTERO-ALVAREZ, 2010). FERRAMENTAS O QUE É PARA QUE UTILIZAR FOLHA DE VERIFICAÇÃO Planilha para a coleta de dados Para facilitar a coleta de dados pertinentes a um problema DIAGRAMA DE PARETO Diagrama de barra que ordena as ocorrências do maior para o menor Priorizar os poucos, mas vitais. 34 DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO Estrutura do método que expressa, de modo simples e fácil, a série de causa de um efeito (problema) Ampliar a quantidade de causas potenciais a serem analisadas DIAGRAMA DE DISPERSÃO Gráfico cartesiano que representa a relação entre duas variáveis Verificar a correlação entre duas variáveis HISTOGRAMA Diagrama de barra que representa a distribuição da ferramenta de uma população Verificar o comportamento de um processo em relação à especificação FLUXOGRAMA São fluxos que permite a visão global do processo por onde passa o produto Estabelecer os limites e conhecer as atividades GRÁFICO DE CONTROLE Gráfico com limite de controle que permite o monitoramento dos processos Verificar se o processo está sob controle BRAINSTORMING É um conjunto de ideias ou sugestões criado pelos membros da equipe que permite avanços na busca de soluções Ampliar a quantidade de opções a serem analisadas. 5W1H É um documento de forma organizada para identificar as ações e a responsabilidade de cada um. Para planejar as diversas ações que serão desenvolvidas no decorrer do trabalho. Fonte: Campos, 1999. Tabela 4 -Ferramentas de gestão da qualidade. 2.7 MELHORIA CONTÍNUA – PDCA De acordo com Xenos (2004), o melhoramento de processo é feito pela definição de metas para a sua manutenção constante. O método universal para atingir as metas é o giro 35 sistemático do ciclo PDCA. Este método foi defendido pelo americano William Edwards Deming (BALLESTERO-ALVAREZ, 2010). O ciclo do PDCA é utilizado para controlar o processo, com as funções básicas de planejar, executar, verificar e atuar corretamente. Para cada uma dessas funções, existe uma série de atividades que devem ser realizadas. O sucesso na aplicação das técnicas de gerência de processos depende de essenciais e invisíveis insumos: a motivação e o comprometimento de todos os propósitos estabelecidos. O uso das ferramentas nessas atividades tem o objetivo de facilitar a execução das funções, além de dar agilidade e evitar desperdiçadores de tempo (CAMPOS, 1999). Cada letra do ciclo corresponde a um termo do vocabulário americano que se traduz em: P – PLAN (Planejar) Antes da execução de qualquer processo as atividades devem ser planejadas, com as definições de onde se quer chegar (meta) e do caminho a seguir (método). D – DO (Executar) É a execução do processo com o cuidado do registro de dados que permitam o seu controle posterior. Nesta fase é essencial o treinamento. C – CHECK (Verificar) Fase de monitoração e avaliação, onde os resultados da execução são comparados com o planejamento (metas e métodos) e registrados os desvios encontrados (problemas). A – ACTION (Atuar Corretivamente) Definição de soluções para os problemas encontrados com contínuo aperfeiçoamento do processo. 2.7.1 Melhoria continua - 5W2H Rossato (2016) afirma que o método 5W1H auxilia na organização com a identificação de ações e responsabilidades de forma precisa, definindo as ações e responsabilidades de execução para uma tarefa. A ferramenta 5W1H é composta dos seguintes levantamentos: a) WHAT - O que será feito (etapas); b) HOW - Como deverá ser realizada cada tarefa/etapa (método); c) WHY - Por que deve ser executada a tarefa (justificativa); d) WHERE - Onde cada etapa será executada (local); e) WHEN - Quando cada uma das tarefas deverá ser executada (tempo); f) WHO - Quem realizará as tarefas (responsabilidade). g) HOW MUCH - Quanto custa (quanto custará para executar a ação). 36 2.7.2 A aplicação do Programa 5 S na área alimentícia Lazzarotto et al (2011) aplicaram o programa 5S no Laboratório de Industrialização de Vegetais da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Medianeira com o intuito de verificar as deficiências do laboratório, em pelo menos quatro dos cinco sensos avaliados. Buscando a partir da implantação do Programa 5S padronizar e melhorar os procedimentos realizados no mesmo. De acordo com a avaliação feita, dos cinco sensos avaliados, quatro apresentaram médias inferiores a 7, e apenas o senso de limpeza obteve média acima de 8, constatando a deficiência da disciplina do local em estudo. Lançanova et al (2011) utilizaram a Ferramenta 5S em uma Panificadora de Laranjeiras do Sul-Paraná com o objetivo de implantar os três primeiros sensos em uma panificadora do município de Laranjeiras do Sul, a fim de melhorar a organização. Após a implantação, a autora concluiu que as mudanças viabilizaram uma melhor organização de materiais, reduzindo o tempo de preparo e facilitando assim o trabalho. Brumano et al (2014), realizaram um estudo de caso sobre implantação de programa 5S em uma usina de beneficiamento de leite de pequeno porte, utilizando-o como base para implantação dos programas exigidos pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, órgão federal de fiscalização de indústrias de origem animal. Os autores concluíram que esse trabalho permitiu apresentar a importância do Programa 5S para o desenvolvimento da qualidade na empresa e que os resultados mostraram uma melhoria geral dos setores no que diz respeito aos cinco sensos do programa, resultando na diminuição do número de não conformidades. Também em uma unidade de laticínio, Silva (2010) propôs o 5S como modelo de gestão da qualidade para entreposto de captação de leite. O trabalho foi realizado seguindo a metodologia de implantação do programa 5S nos ambientes de processamentos, laboratório e áreas administrativas, com o objetivo de melhorar os ambientes e criar hábitos adequados e comprometimento dos funcionários da empresa. Rossato et al (2016) desenvolveram um estudo com o objetivo de propor estratégias para implantação do Programa 5S em uma Cooperativa do segmento do agronegócio, visando, após a implantação a otimização da eficácia e a flexibilidade por meio de planejamento, organização e compreensão de cada atividade. 37 3 MATERIAL E MÉTODOS Parao estudo foi utilizado o método da pesquisa-ação que, segundo Tauchen (2007), consiste no engajamento do pesquisador com o trabalho, procurando soluções práticas para os problemas reais, advindos no decorrer do projeto de pesquisa. Dessa forma, o trabalho caracterizou-se como pesquisa-ação, uma vez que a pesquisadora participou de todas as fases da pesquisa, desde a identificação da situação problema ao desenvolvimento das etapas de implantação da solução do problema identificado, oferecendo diretivas junto ao estudo e conduzindo a organização, para a melhoria do seu ambiente, através do programa 5S. A metodologia aplicada para a implantação do Programa 5S como Ferramenta de Gestão da Qualidade nas plantas de Processamento de Agroindústria do Instituto Federal foi dividida em dois momentos. O estudo foi realizado em duas, das três plantas de processamento da agroindústria, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Campus Uberaba, no período de junho a dezembro de 2016. No primeiro momento, procedeu-se a descrição do ambiente e dos seus setores distintos, em seguida, elaborou-se o cronograma de implantação do 5S, com o intuito de estruturar as sequências das ações a serem realizadas. A agroindústria é composta por três unidades de processamento de alimentos, sendo uma planta de processamento de laticínios, uma planta de processamento de vegetais e a planta de abate e processamento de carnes. Esta última planta não foi objeto do estudo em função da indisponibilidade de tempo e recursos disponíveis. No setor de carnes o programa poderá ser implementado posteriormente. As três plantas de processamento da agroindústria são utilizadas para produção didática de alimentos, pelo fato de ser local das aulas práticas para os cursos Técnico em Alimentos, Graduação em Tecnologia de Alimentos e Mestrado Profissional em Ciência e tecnologia de alimentos, também em Ciência e Tecnologia de Alimentos e aula práticas dos cursos de Agronomia e Zootecnia. O setor também é responsável pelo processamento de alguns alimentos destinados ao refeitório e para eventos promovidos pela Instituição. A agroindústria contava com três funcionários na época do estudo, sendo um servidor fixo que é também o coordenador do setor, uma funcionária terceirizada e a então pesquisadora que no período da execução do trabalho também fazia parte do quadro de funcionários do setor. 38 Para a implantação do Programa 5S, foi utilizada a metodologia adaptada de França (2004), a qual apresenta os passos guia para a implantação do programa nas plantas de processamento da agroindústria. O material utilizado para esta atividade foi uma máquina fotográfica, caderno, folhas de check list e caneta para diagnosticar a situação antes do trabalho executado. 3.1 ETAPAS PRINCIPAIS DO PROGRAMA 5S Elaborou-se o cronograma de implantação do Programa 5S de acordo com a atualidade do setor em estudo, o qual foi composto por três etapas principais, que são: preparação, implantação e manutenção. Para implantação do Programa 5S foi utilizado o método PDCA, onde montou-se um plano de ação 5W1H (variação do 5W2H), descrevendo o planejamento das etapas de implantação considerando cada um dos sensos do 5S. 3.1.1 Preparação Primeira etapa a ser estabelecida para a implantação dos 5Ss, dividida nas seguintes fases: a) Sensibilização das pessoas envolvidas - a sensibilização das pessoas envolvidas foi feita através de pequenas reuniões e palestras, apresentando-lhes os fundamentos e benefícios dos 5Ss, os resultados de outras organizações e o modelo básico de implantação; b) Estruturação do comitê dos 5Ss - formado pela pesquisadora exercendo a função de facilitadora, pela funcionária exercendo a função de colaboradora e por alunos do primeiro período do curso de Tecnologia de Alimentos com a função de mantenedores do programa após a implantação. O comitê discutiu a melhor estratégia de implantação e a forma mais adequada de ação para que se fosse ajustado à filosofia dos 5S e para a sua manutenção periódica. c) Registro da situação atual - Check list – utilizando um modelo de check list adaptado de Sousa et al (2013), (anexo A), para documentação e avaliação dos setores do estudo, em relação aos 4 primeiros ‘S’ do programa 5S, registrando com fotos e anotações a situação atual, destacando os pontos das não conformidades das plantas de produção da agroindústria, visando criar um material para sensibilização dos colaboradores do setor, bem como relatar a evolução dos 5S no decorrer de sua implantação; 39 d) Plano de implantação – definiu-se os objetivos e as metas a serem alcançadas dentro do plano de ação para que esses fossem cumpridos; 3.1.2 Implantação Segunda etapa do processo, que consistiu nas fases necessárias para implantar os 4 primeiros S nas plantas de processamento da agroindústria. Sendo divididas em: a) Preparativos para o dia do lançamento dos 5Ss - após consolidado o plano de implantação, a próxima fase foi o dia do lançamento dos 5Ss. Foi definido o mês de julho para o lançamento para que coincidisse com as férias letivas, pois assim as áreas de implantação do programa não seriam utilizadas para ministrar aulas e estariam livres para a realização dos trabalhos. Para os preparativos foi providenciado vassouras, baldes, rodos, sacos para lixo, produtos de limpeza equipamentos adequados de proteção individuais e máquina fotográfica, para registros. b) Dia do lançamento dos 5S - este evento é de suma importância por ser o marco do início dos 5Ss. Foi definido o dia 11 de julho de 2016 para esta atividade. Nesta data, a pesquisadora saiu em visita aos locais selecionados onde seria feita a implantação do programa 5S. O material utilizado para esta atividade foi uma máquina fotográfica, caderno, folhas de check list e caneta para diagnosticar a situação antes e depois do trabalho executado. c) Resultados - os resultados e as melhorias, depois da implantação do programa, puderam ser visualizados através de fotos. Esse material será utilizado para demonstrar e divulgar as melhorias ocorridas no ambiente, assim como a evolução ou alguns problemas dos 3 primeiros ‘S’ que possam voltar a ocorrer, caso a manutenção das atividade diárias não sejam eficientes. 3.1.3 Manutenção Ultima etapa a ser cumprida, consistindo na melhoria contínua da filosofia dos 5S. a) Ações para manutenção e continuidade do Programa. A formação do comitê deu-se início a partir de uma palestra proferida pela pesquisadora, sugerida por uma Professora do curso de graduação de Tecnologia de Alimentos a seus alunos do primeiro período, com o intuito de envolvê-los e sensibilizá-los quanto ao 40 desenvolvimento da pesquisa já que como alunos eles são os principais usuários das plantas de processamento da Agroindústria. Antes da palestra foi aplicado aos alunos um questionário com 09 perguntas objetivas sobre o programa 5S e após a participação eles fizeram um segundo teste para validar a absorção do conhecimento sobre o tema (Apêndice 1,2). Após a palestra e realização dos testes a pesquisadora fez o convite para a formação da equipe do comitê de manutenção da implantação do programa. O convite se estendeu aos 12 alunos presentes, sendo que 5 deles demonstraram interessem em participar. Os alunos que aceitaram o convite para participar do comitê de manutenção assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 1). Treinamento constante - consiste em continuar motivando os envolvidos no trabalho, para o progresso dos 5S no ambiente, buscando-se, sempre, a melhoria contínua, através de auditorias, reuniões, palestras e treinamento aos novos integrantes da instituição. A ideia é que, após consolidado o comitê de manutenção do programa 5S implantado nas plantas de processamento da agroindústria,a pesquisadora faça o acompanhamento junto aos alunos, coordenando-os e acompanhando a evolução do trabalho. Após a formação do comitê, para dar início à sensibilização do grupo, a pesquisadora realizou uma reunião com os alunos para apresentar o Programa 5S, destacando os benefícios do mesmo, com o objetivo de preparar a equipe para o programa. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTUDO 4.1.1 Planta de Processamento do Laticínio (lay out) A planta de processamento do laticínio é composta por três salas de processamentos onde acontecem as aulas práticas do curso de Tecnologia de Alimentos, Bacharelado em Zootecnia, Engenharia Agronômica, Mestrado Profissional e Técnico em Alimentos, a fabricação de derivados lácteos como, queijos, doces de leite e iogurte; uma sala de armazenamento de insumos; uma sala de guarda de utensílios; uma área comum onde está instalado um pasteurizador de leite desativado, três câmaras de refrigeração, sendo uma delas desativada e uma sala do lado externo onde são realizadas as análises rotineiras do leite. 41 4.1.2 Planta de Processamento de Vegetais A composição da planta de processamento de vegetais é feita por um ambiente ampliado, onde são instalados vários equipamentos utilizados na produção de polpas de frutas desidratadas, minimamente processados, doces e conservas. No local existem mais três ambientes, sendo cada um utilizado para uma função, sendo um laboratório para as análises dos alimentos produzidos nas aulas práticas; uma sala de guarda de insumos e produtos prontos e um almoxarifado, local de guarda de materiais de limpeza, descartáveis e utensílios, além de duas câmaras, uma de congelamento e outra desativada que é utilizada para guardar objetos variados. 4.2 PLANEJAMENTO DESTINADO À IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA 5 S NA PLANTA DE PRODUÇÃO DE LATICINIOS DO IFTM CAMPUS UBERABA A partir das reuniões iniciais, a pesquisadora responsável pela implantação estabeleceu um cronograma, descrevendo o planejamento das etapas iniciais de implantação do programa 5S da planta de processamento de leite e derivados lácteos. As etapas estão descritas na tabela 5, utilizando o plano de ação 5W1H. O plano de ação 5W1H permite considerar todas as tarefas a serem executadas ou selecionadas de forma cuidadosa e objetiva, assegurando sua implementação de forma organizada. O quê? Onde? Por quê? Quando? Quem? Como? Reunião para definir os locais de implantação Sala de aula da agroindústria Definir responsabilidades Julho de 2016 Pesquisadora e Colaboradora do setor Definir locais para começar o trabalho e as atividades específicas de cada membro Diagnóstico do local – Check list -Sala de processamento Sala de insumos e embalagens; -Sala utensílios; -Área do pasteurizador de leite, Laboratório Realizar levantamento das não conformidades Pesquisadora Realizando visitas in loco e apontando as Não conformidades Palestra sobre o programa 5S Sala de aula da agroindústria Para capacitar os alunos que formam o comitê de manutenção do programa Julho e novembro de 2017 Teoria do 5S e apresentação do diagnóstico 42 Aplicação do primeiro senso: Utilização Descarte -Sala de processamento Sala de insumos e embalagens; -Sala utensílios; -Área do pasteurizador de leite, Laboratório Manter no ambiente apenas o que é necessário para a execução das atividades no ambiente de processamento de leite Julho/agosto de 2016 Pesquisadora e Colaboradora do setor - Separando o que é útil do inútil. - Realizando descarte consciente do material inutilizado - Descartando o que não tem utilidade - Armazenando em ambiente próprio; - Solicitando reparos Aplicação do segundo senso: Ordenação Organização Organizar os materiais que serão utilizados nas atividades de forma criteriosa e identificá-los Organizando materiais conforme utilidade e funcionalidade de uso Ex.: - embalagens separadas de insumos e em locais fechados e identificados – gavetas com termômetros identificadas; Gaveta identificada com jalecos, toucas, luvas e aventais descartáveis Aplicação do terceiro senso: Limpeza Higienizar utensílios, armários, equipamentos, piso, teto, paredes Julho/agosto de 2016 Cumprindo de acordo com orientação de normas de higienização para ambientes de laticínio a ordem sequencial da limpeza; utilização de produtos de acordo com especificidade do ambiente e utensílios; limpando equipamentos que não possam ser descartados ou enviados para outro lugar Auditorias Plantas de processamento do laticínio Avaliação dos resultados Novembro de 2017/dezembro e periodicamente Pesquisadora e comitê A partir de um roteiro padrão para verificar possíveis problemas dos 3 primeiros ‘S’ voltem a ocorrer nos setores: sujeira, conservação e desgastes de identificações. Ações corretivas Para atuar nas não conformidades apresentadas nas auditorias Dezembro /2017/janeiro/2018 e periodicamente Pesquisadora e Comitê de manutenção Definir ações para atuar nas correções necessárias 43 Aplicação do quinto senso: Autodisciplina Desenvolver habilidades como disciplina e comprometimento Após implantação manutenção e consolidação dos 4 S, e sempre Todos Cumprindo procedimento, definição das responsabilidades, promoção da auto inspeção e autocontrole, melhoria contínua pessoal e dos setores. Fonte: A autora Tabela 5 - Plano de ação 5W1H para a implantação do Programa 5S – Planta Laticínio do IFTM - Campus Uberaba 4.3 IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA 5S As próximas etapas do processo consistiram nas fases necessárias para implantar os 5S nas plantas de processamento de leite da agroindústria divididas em: 4.3.1 Preparativos para o lançamento dos 5S Após consolidado o plano de implantação, a próxima fase foi o dia do lançamento do 5S. Foi providenciado, vassouras, baldes, rodos, sacos para lixo, produtos de limpeza equipamentos adequados de proteção individuais e máquina fotográfica, para registros, Dia do lançamento dos 5S Após essas definições foi estabelecido o Dia do lançamento dos 5S.Este evento foi de grande importância, por ser o marco do início do programa. Foi definido o dia 11 de julho de 2016 para esta atividade. Nesta data, a visita se deu aos locais selecionados para a implantação do programa 5S. 4.3.2 Aplicação do Check list diagnóstico de avaliação dos três primeiros sensos do Programa 5S das plantas de processamento da agroindústria – Setor laticínio Utilizando o modelo de Check list, proposto por Sousa et al (2013), em julho de 2016 foi realizado o diagnóstico de cada um dos setores que fazem parte da planta de processamento do laticínio: sala de insumos e embalagens, os setores de produção de queijos, manteiga e requeijão, doce de leite e pasteurização de leite, sala de guarda de utensílios e laboratório. Nesse diagnóstico foram identificados os principais pontos de não conformidade existentes na estrutura, nos procedimentos, e na organização do setor. 44 O modelo do check list diagnóstico de avaliação do programa 5S realizado nas plantas de processamento do laticínio e vegetais da agroindústria do IFTM Campus Uberaba está apresentado no Anexo A. 4.3.3 Descrição das não conformidades evidenciadas nas Salas do setor de processamento do laticínio Quanto ao Senso de Utilização, de forma geral, nas salas de processamento foram identificados alguns equipamentos industriais (Figura 4), como uma iogurteira, um tacho de doce de leite e uma batedeira, sem utilização há muito tempo.
Compartilhar