Prévia do material em texto
1 CONHEÇA MEU BLOG LEIA O QR-CODE E ACESSE ----------------------------------------------- filosofia ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA ANTROPOLOGIA ARISTOTÉLICA E HELENÍSTICA São temas desta rota de aprendizagem: ● A concepção clássica de homem (socrática, platônica, aristotélica, helenística e cristã); ● O homem no humanismo, racionalismo; ● O antropocentrismo; ● A ilustração; ● Kant e a concepção de homem; ● O idealismo alemão (Heidegger e Dasein); ● Antropologia materialista; ● Antropologia contemporânea e seus principais expoentes; ● Antropologia e educação ambiental. 2 conversa inicial Hoje vamos discutir as concepções de homem na Idade Antiga nas perspectivas de Aristóteles e dos filósofos helenistas. Contrapondo a perspectiva platônica, veremos que Aristóteles apresenta um homem realista, ou seja, um homem que vive seu momento histórico, “tocando” a realidade, tendo como horizonte o mundo ideal, mas que não deixa de perceber e sentir o mundo da aparência. Já os filósofos helenistas apresentam uma concepção de homem consolidado, em um momento estável. Esse momento político vivido no império helênico apresenta uma política distante dos cidadãos. Isso fez com que a grande preocupação dos filósofos deste período fosse a busca por um sentimento de autonomia, que nasce da consciência de um homem que depende inteiramente de forças exteriores. Veremos este olhar na perspectiva dos epicuristas, dos estoicos e dos cínicos. Perspectivas realistas ❖ Essência ou aparência? - o grande dualismo já que como Platão colocou, será que ele, o ser humano, vive no mundo inteligível, e corrompido pelo sensível, ele não se torna imortal. ❖ O ser é ou se torna? - ou seja, nascemos uma pessoa ou nos tornamos uma pessoa - Erácleto. ❖ O que é felicidade? - o que busca o homem? Em que consiste a felicidade - note que entendendo a resposta para essa pergunta entendemos o pensamento deles. ❖ Aristóteles ➢ Aproximação entre os mundos - ao unir as coisas, o homem que é pensamento e realidade concreta, ele acha a felicidade que é ser um animal político. ➢ Animal político o Homem não é sozinho Filosofia helenista ❖ Epicurismo ➢ Prazer ❖ Estoicismo ➢ Harmonia ❖ Cinismo ➢ Vida simples 3 >>ARISTÓTELES E A CRÍTICA PLATÔNICA Segundo a perspectiva platônica, o homem vive o dualismo do “mundo sensível” versus “mundo inteligível”. Para alcançar sua plenitude, sua “alma imortal” deveria se voltar exclusivamente para o mundo inteligível. Aristóteles não nega essa dualidade, assume a perspectiva inteligível como a perspectiva metafísica, mas, contrariando Platão, Aristóteles também não nega o mundo sensível. Aristóteles, retomando a questão do ser, pretendeu resolver a contradição entre o caráter estático e permanente do ser em oposição ao movimento e à transitoriedade das coisas, frutos da clássica polêmica envolvendo Parmênides e Heráclito, o que ficou fortalecido na Teoria das Ideias de Platão. Com base nessa perspectiva, Aristóteles propõe o movimento e a transitoriedade do ser na capacidade da “potência” em “ato”, ou seja, da possibilidade do “vir a ser” a manifestação do ser atual. Relação entre os mundos ❖ Não nega o dualismo platônico - sua grande diferença está no mundo sensível, para ele o mundo sensível é o ❖ Mundo sensível como caminho para o inteligível, para se achegar ao mundo perfeito, sua plenitude Ato e potência ❖ O ser se distingue pela possibilidade de ser (potência) e pela manifestação atual (ato) - Aristóteles não nega Platão, mas modifica. Para ele, quando o filósofo chega no mundo inteligível lá ele alcança o seu mais alto potencial, pois o homem perfeito é aquele que transforma tudo o que ele de potência em ato. “TRANSFORMAR TUDO O QUE TEMOS EM ATO” consistem em achar seu momento perfeito, lembre-se que estamos falando de plenitude de ser. Para Aristóteles, quando toda a bagagem apreendida até aqui, chega ao ponto de gerar um ato, uma ação no mundo sensível mudando-o para sempre, tocamos no mundo sensível com toda a perfeição. Estamos falando do homem em encontro com a sua plenitude. A realidade concreta, para Aristóteles é bastante cara, e tem de-se levar em conta. Um bom exemplo é o do encanto da paixão. Há um enamorar de ideias na imaginação, e ela idealiza, sonha, pensa, constrói uma imagem de modo que vira uma ação, que pode ser um convite para sair, que se aceito, foi pleno, se não, vai depender do quão equivocado você estava com o mundo real e o mundo das ideias. Note que o meio, que é o do mundo sensível, serve para alcançar o mundo inteligível - potência, em nós, se transformando em ato. ❖ O ser em plenitude se dá no movimento Este momento feliz, esse encontro do homem com a sua plenitude, é chamado de eudaimonia εὐδαιμονία que não é eterno, é bastante, e um tanto quanto sempre, insatisfatório. Para Aristóteles o homem é um eterno movimento - mundo sensível tentando alcançar o mundo inteligível. 4 >>HOMEM ENQUANTO ANIMAL POLÍTICO A concepção aristotélica do homem que “toca” a realidade ressoa na política. Aristóteles afirma que o ser integral é aquele que pode ser definido pela capacidade de viver sua realidade seguindo sua racionalidade. O ser é matéria e forma, a alma é a forma, que se caracteriza por ser intelectiva, ou seja, racional. Porém, essa forma não se constitui fora da matéria, que é a corporeidade. Por essa razão, Aristóteles, além de definir o homem como um ser racional, define- o como um ser social, ou seja, um ser que só se desenvolve plenamente vivendo em sociedade, ou seja, existindo como animal político. Esta concepção de homem apresentada por Aristóteles, cuja essência é o pensar, mas que vive e se forma plenamente em sociedade, faz emergir o conceito de “justa medida”, ou seja, o meio- termo, como virtude que, quando vivida em sociedade, harmoniza a realidade, possibilitando o desenvolvimento de ser em plenitude. Homem enquanto ser interacional que necessariamente precisa de interação, de relação. ❖ Matéria e forma se relacionam – plenitude na interação - perceba que tudo na realidade tem matéria e forma. A forma é aquilo que nós atribuímos às coisas, uma vez que estas estavam sim no mundo inteligível como uma cadeira, e então eu dou forma à cadeira. É o homem quem faz essa relação. Significando a realidade. ❖ Virtude da “justa medida” essa plenitude, essa relação entre forma e matéria, se dá quando ocorre de forma “justa” (perfeita) um encaixe perfeito. Já que a felicidade ocorre quando o ser encontra a plenitude, e esta se dá mediante uma troca entre forma e a matéria, esta troca tem que ser, precisa ser, justa, há uma medida, toda particular da matéria à forma que você significou. ❖ Vida em sociedade forma o homem, já que o homem vive da relação, se faz na relação. ❖ Harmonizar a realidade - aqui está um objetivo inerente à responsabilidade de ser relacional. Se ver nela e útil para ela, crescendo nela e nutrindo ela a realidade, dando à ela forma. ❖ ANIMAL POLÍTICO - Aqui o termo política está em uso mais profundo, visto que o homem é interacional, então até no mais ínfimo recôndito de seu ser, ele precisa de interação. O propósito seria a busca pelo bem comum. >>FILOSOFIA HELENÍSTICA: epicurismo A filosofia helenística se caracteriza pela busca do homem pela felicidade interior. Neste sentido, há um olhar do homem que vive sua vida pública, mas que se volta para sua vida privada. A filosofia helenista tem início em 322 a.C., com a conquista da Grécia pelos macedônios após a expansão militar efetuada por Alexandre, o Grande. Nesse contexto, o período helenístico 5 promove uma transformação no pensamento, pois os valores gregos se mesclam com outras diversas tradições culturais. Entre os filósofos deste período, encontramos Epicuro, conhecido como “filósofo de jardim”, que defendia a busca pelo prazer como caminho parao reconhecimento da interioridade e, por conseguinte, para o desenvolvimento do sujeito pleno e feliz. A busca do prazer deve ser moderada, equilibrada, evitando ceder aos desejos insaciáveis, que, inevitavelmente, terminam em sofrimento e dor. Aqui há uma ruptura com o pensamento de Platão de um mundo ideal. O mundo concreto é a pegada do dia. ❖ Busca da felicidade interior, portanto faz sentido para essa corrente de pensamento, saciar as necessidades de cada dia. Se estou com fome, o meu prazer está na comida. Se estou com tesão, meu prazer estará no sexo, se estou romântico, etc... ❖ Olhar para a vida em sociedade. Aristóteles pensava na vida em sociedade de forma ideal, e os filósofos helenistas têm outra ideia, é a vida concreta. ❖ Contexto de “mescla de culturas”, com o império de Alexandre em expansão, a troca de culturas entre todos os povos conhecidos fomentou o surgimento de um ideal cosmopolita. Epicurismo ❖ Vivência dos prazeres - os de hoje, os da hora, e principalmente os que têm a ver com a nossa sobrevivência. ➢ Princípio e fim de uma vida feliz - perceba que para eles, e com toda a razão da vida, no final da vida, iremos querer ter aproveitado melhor qualquer outro evento que a gente não fez, ou deixou de ir. Iríamos querer comer a comida de nossa mãe, sentir o abraço do pai. Faz todo o sentido a responsabilidade pela nossa felicidade estar nos prazeres. ➢ Prazeres duradouros - aqui temos que ter em mente que os prazeres não podem ser levianos. Note que mérito há em sentir prazer em 1kg de chocolate? Não haverá prazer, haverá saturação, e possível ranço de chocolate depois, entendeu? ■ Naturais - prazer de algo que seja para a nossa sobrevivência. ■ Não naturais - eles podem nos estragar, eles podem nos mostrar algo que não será pleno. >>FILOSOFIA HELENÍSTICA: estoicismo Outra corrente filosófica e, no caso, com maior influência em seu tempo, foi o estoicismo. Fundada por Zenão de Cítio (336-263 a.C.), o estoicismo defendia que toda a realidade existente é uma realidade racional. Todos os seres fazem parte da mesma realidade, não há uma específica para o ser humano; ele não pode sair, fugir do único mundo ao qual tudo pertence. O ser humano está integrado à natureza. Existe uma ordem no mundo à qual somos submetidos, não havendo para o homem o poder de alterar tal ordem. 6 Diante disso, a concepção antropológica do estoicismo é de que o homem, para viver sua plenitude enquanto ser, tem o dever de compreender seu “lugar no mundo” e, desta forma, compreender qual o melhor caminho a seguir para ser realizado, pleno e, consequentemente, feliz. O ideal proposto pelo estoicismo era um estado de plena serenidade que possibilitaria ao homem lidar com os sobressaltos da existência. ❖ Maior influência em seu tempo - ❖ Integração homem-natureza - ❖ Dever da compreensão - ❖ Ataraxia - ❖ Deus ➢ Fonte e origem dos princípios que regem a realidade >>FILOSOFIA HELENÍSTICA: cinismo Para compreendermos a filosofia cínica, devemos compreender etimologicamente a palavra cinismo, que vem do grego kynos e significa “cão”. Cínico quer dizer, então, “como um cão”. Este termo mostra, com bastante clareza, a concepção de homem desses filósofos. O homem, para viver a plenitude do seu ser, deve viver como os cães, ou seja, sem qualquer propriedade ou conforto. O principal filósofo desta corrente filosófica é Diógenes, que, levando ao extremo o pensamento socrático, viveu, literalmente, como um cão, deixando sua propriedade para morar em um barril. Para Diógenes, não havia diferença entre o cidadão grego e o estrangeiro. Sua concepção de homem era com base em uma visão “cosmopolita”, que quer dizer “cidadão do mundo”. Em outras palavras, a visão antropológica da filosofia cínica não se difere tanto das demais concepções helenísticas, ou seja, o homem que vive uma vida simples encontra a plenitude do seu ser. Cínico ❖ Filosofia que apresenta um radicalismo socrático ❖ Viver como um cão Cinismo ❖ Visão cosmopolita ❖ Principal filósofo: Diógenes ➢ Episódio do barril na prática 7 Com base nas concepções antropológicas discutidas nesta aula, pudemos perceber que, como Aristóteles, temos os “pés no chão”, mas buscamos uma realização metafísica, um ideal. Já para os filósofos do período helenista, o realismo é ainda mais “concreto”. Neste sentido, que tal você elaborar uma resposta, com base em sua perspectiva, sobre o conceito de felicidade. O que é felicidade para você? Após apresentar uma resposta para esta pergunta, encontre elementos da filosofia helenista, na perspectiva do epicurismo, do estoicismo ou do cinismo, ou ainda da filosofia aristotélica, que estejam de acordo com sua concepção de felicidade. Apresente aos seus colegas para que possam, juntos, debater as relações entre as concepções de felicidade (ser em plenitude) hoje e a perspectiva dos filósofos da Antiguidade, especialmente, Aristóteles e os filósofos helenistas. ❖ O que é felicidade? ❖ Compare sua perspectiva atual com a apresentada ao longo deste conteúdo resumindo o ❖ Aristóteles ➢ Dualidade ➢ Matéria e forma ❖ Helenismo ➢ Epicurismo – prazer ➢ Estoicismo – harmonia 8 ➢ Cinismo – vida simples referências: CASSIRER, E. Antropologia filosófica: ensaio sobre o homem. São Paulo: Mestre Jou, 1977. VAZ, H. C. de L. Antropologia filosófica I. São Paulo: Loyola, 1991.