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Filosofia Geral - Problemas Metafísicos (UniFatecie) - TEMPORÁRIA

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Prévia do material em texto

Filosofia Geral : 
Problemas Metafísicos
Professora Esp. Franciele Freire Favareto
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
André Dudatt
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem 
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
UNIFATECIE Unidade 1 
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Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
do site Shutterstock.
AUTORA
Professora Especialista Francielle Freire Favareto
Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/9058704080330971
● Graduada em Filosofia – Licenciatura Plena pela Universidade Estadual de 
Maringá
● Graduanda em Pedagogia – Unicesumar.
● Especialista em Gestão do Ensino de Religião, Sociologia e Filosofia – Facul-
dade Eficaz.
● Especialista em Tutoria em Educação a Distância – Faculdade Eficaz.
● Especialista em Educação Especial – Faculdade Paulista.
● Curso de Filosofia para Crianças – Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças.
● Projeto de extensão: O Papel Pedagógico das Tragédias Gregas –Universidade 
Estadual de Maringá
● Professora durante nove anos na rede estadual, atuando no Ensino Médio, nas 
disciplinas de Filosofia e Sociologia.
● Professora no Curso Preparatório Inovação nas disciplinas de Filosofia e Sociologia.
● Palestra sobre a “Origem da Filosofia – Organização social e política entre os 
gregos” na Câmara Municipal de Marialva – Projeto Câmara Jovem – 2018.
● Palestra sobre “Escola Pública e Privada: a formação de um cidadão crítico” na 
Faculdade Cidade Verde.
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja muito bem-vindo(a)!
Prezado(a) aluno(a), que satisfação ter você nesta disciplina. Iniciaremos uma 
grande jornada ao conhecimento filosófico, elementar para a construção de um pensa-
mento reflexivo e crítico no assunto que tange até hoje a mente de grandes pensadores, 
que é a questão do Ser. Iremos percorrer o caminho que a metafísica trilhou desde o seu 
nascimento, ápice e declínio, dando espaço para uma nova forma de pensar o Ser.
Na Unidade I, começaremos nossa jornada conhecendo a forma que os gregos 
clássicos se relacionam com questões cotidianas, histórias fantasiosas para explicar a 
própria realidade, denominado de Mitologia, ponto inicial para o pensamento cosmogônico.
Na Unidade II vamos inserir um novo conceito. Se a Unidade I, com a descoberta da 
metafísica, palpitou nossa mente, será na Unidade II que conheceremos a ontologia, que, em 
poucas palavras, significa “o estudo do ser”. Nesta unidade, a metafísica já é um conceito – 
estudo para tudo que está além da física – e o estudo do ser começa a ganhar corpo.
Na Unidade III veremos a filosofia cristã surgir e fundamentar-se no pensamento das 
autoridades Platão e Aristóteles. Neste momento, a filosofia será suprimida pela revelação.
Por fim, na Unidade IV, veremos o declínio da metafísica e o nascimento da feno-
menologia, momento este em que o sujeito volta a ser dono da sua própria experiência e 
sendo auxiliado pela ciência. Aqui, a filosofia deixa de ser subordinada e passa a ser fator 
essencial para busca e compreensão da dualidade corpo-mente.
É neste momento que lanço a mão para reiterar o convite de juntos trilharmos o 
caminho do conhecimento sobre os temas propostos neste material. Espero alcançar o 
objetivo de instigar em você o pensamento filosófico.
Grata e bom estudo!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 6
Problemas Metafísicos e Filosofia - Pré-Socráticos
UNIDADE II ..................................................................................................... 28
A Ontologia Antiga
UNIDADE III .................................................................................................... 51
A Onto-Teologia Medieval
UNIDADE IV .................................................................................................... 70
Corpo e Alma: Liberdade Verus Determinismo
Plano de Estudo:
● Mitologia – Pensamento Cosmogônico;
● Pré – Socráticos – A busca pela Arché;
● Permanência e Devir – Parmênides e Heráclito;
● Pensamento Cosmológico.
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender a relação do pensamento mítico com
o pensamento racional no contexto grego;
● Compreender a importância dos filósofos pré-socráticos
para a busca da origem das coisas “arché”;
● Estabelecer a diferença entre a Cosmogonia da Cosmologia.
UNIDADE I
Problemas Metafísicos e Filosofia - Pré-
Socráticos
Professora Esp. Franciele Freire Favareto
06
INTRODUÇÃO 
 
Prezado(a) estudante da disciplina “Filosofia Geral: Problemas Metafísicos”, é 
com grande satisfação que te convido a entrar no universo do conhecimento filosófico. 
Este processo de conhecimento irá trazer a você, caro(a) estudante, a oportunidade 
de navegar no processo de busca para encontrar o sentido do ser – metafísica – 
processo este que custou uma extraordinária mudança no pensamento ocidental em 
relação à origem das coisas materiais e sobrenaturais. 
 Esta introdução busca orientar e situar você, estudante, a entender a 
importância em conhecer o nascimento do processo racional que utilizamos até hoje, 
processo este que não aconteceu de forma rápida ou engendrado pelo acaso. 
 Como citado, a metafísica não se estabeleceu de forma aleatória, foi 
necessário que o homem grego entendesse o mundo que estava inserido e, a partir 
daí, levantasse questionamentos da própria realidade. Mas, para tanto, o mundo 
grego precisou passar por transformações no mundo material, tendo como efeito a 
revelação da própria existência. 
 Iremos, nesta unidade, entender como esse processo de “revelação” e 
ambientação foi necessário para o homem levantar a questão sobre o Ser. 
 O homem grego no seu princípio estava conhecendo seu mundo, 
estabelecendo verdades intuitivas, não questionando as explicações sobre o mundo 
que estava inserido. 
 Embarcaremos no estimulante ato de aprender sobre o mito, cosmogonia, 
cosmologia e iniciar um passeio nas condições que a Grécia proporcionou para o 
nascimento da Filosofia. 
Vamos conhecer o berço da investigação do pensamento? 
 
 
 
Bons estudos!
7
1 MITOLOGIA – PENSAMENTO COSMOGÔNICO 
 
 
Iremos iniciar nosso estudo referente à Metafísica e, de uma forma genérica e 
inicial, podemos traduzir como uma forma de entender o sentido do Ser. Mas, para 
entendermos essa necessidade de encontrar o sentido do Ser, faz-se necessário 
voltarmos à época dos povos primitivos. 
 Desde os povos primitivos, o homem sempre tentou entender sua realidade, 
buscar explicações para compreender o meio onde habitam, os fenômenos naturais equiçá as questões sobrenaturais que faziam parte da vida cotidiana. Dessa forma, foi 
entre os povos primitivos que o mito se fez presente. 
 O mito era, para os povos primitivos, uma forma de explicar a realidade em que 
estavam inseridos, construída de explicações fantasiosas, não crítico para 
compreender fatores naturais e sobrenaturais. 
 Mesmo sendo uma forma fantasiosa de explicar a realidade que esses povos 
primitivos estavam inseridos, não se pode negar que essas explicações eram para 
eles uma verdade – verdade esta que chamamos de intuitiva –, ou seja, que não 
precisa de provas para ser aceita. 
 Vale ressaltar, querido(a) leitor (a), que o mito, reproduz um desejo do homem 
em dominar o mundo em que está inserido e apaziguar o medo e a insegurança do 
desconhecido. 
 Devido a esse medo de enfrentar o desconhecido, o mito passou a ser 
entendido como pensamento mítico, carregado de magias, para sanar o desejo de 
que as coisas acontecessem da forma que desejavam. Para que isso fosse possível, 
os mitos apresentavam uma ferramenta para transformar um pensamento em ação, 
os rituais. Os rituais eram os mitos em forma de ação. 
 Prezado(a) estudante, como citado, o mito é uma verdade intuitiva e, por 
carregar esse significado conceitual, temos que ressaltar sua função. Tendo em vista 
8
que o mito nasce do desejo do homem em dominar o mundo em que estava inserido, 
sua função consiste em fixar modelos, exemplos das atividades humanas – as ações, 
utilizando como ferramenta os rituais, que eram expressões imaginárias do homem 
em relação aos deuses. Dessa forma, o homem, em sua necessidade de encontrar 
explicações sobre sua realidade, utilizava dos ritos para demonstrar aos homens 
exemplos do que era o bem e o mal, recorrendo como protagonista o papel dos 
deuses. 
 Por conseguinte, o mito tem sua característica para ser considerado como tal. 
Quando pensamos nos mitos dos povos primitivos, é necessário entender que 
consistia na busca de uma explicação que atendia a todo o grupo. O indivíduo só se 
sentia pertencente, quando era reconhecido como parte do grupo, isto é, sua 
consciência/sua existência tinha que ser reconhecida pelos outros. 
 
Figura 1 - Cosmogonia e Teogonia 
 
 
 
Outra característica do mito é que, por não necessitar de provas e por não 
haver contestação dos fatos relatados, era considerado como um conhecimento 
dogmático, pois sua aceitação dependia da fé ou da crença. Como suas normas 
atendiam o coletivo, não respeitar os rituais, por exemplo, não afetava só o indivíduo, 
9
mas sua família também, e, por necessidade de impor medo caso houvesse 
transgressão, foram criados os tabus (proibição). 
Mas do que se tratava o mito de fato? Como os mitos chegaram ao 
conhecimento de todos? Quem os contava? 
O que versava os mitos eram narrativas sobre as origens ou o fim das coisas, 
sobre a formação do universo. Os mitos eram recheados de narrativas de lutas, 
intrigas, trabalho, numa tentativa de explicar situações costumeiras no cotidiano, 
utilizavam as narrativas com o intuito de educar e as histórias eram contadas 
oralmente. 
O nome dado às narrativas sobre a origem do universo é cosmogonia – “gonia” 
significa engendrar, gerar e “cosmo” quer dizer “o universo organizado”. 
 
No início de tudo, o que primeiro existiu foi Abismo: os gregos dizem 
Kháos. O que é o Caos? É um vazio, um vazio escuro onde não se 
distingue nada. Espaço de queda, vertigem e confusão. [...] depois 
apareceu Terra. Os gregos dizem Gaîa, Gaia. [...] Depois de Caos e 
Terra aparece em terceiro lugar, o que os gregos chamam Éros, e que 
mais tarde chamaram “o velho Amor (VERNANT, 2008 p. 17-19). 
 
Já os mitos que explicavam a origem dos deuses eram classificados de 
teogonia. 
 
No teatro do mundo, o cenário está montado. Abriu-se o espaço, o 
tempo passou, gerações vão se suceder. (...) Assim como a terra é um 
local estável para os homens e bichos, também, no alto, o céu etéreo 
é morada segura para a divindade (VERNANT, 2008, p. 28).
10
 
Figura 2 - Homero e Hesíodo 
 
 
As narrativas, histórias e mitos eram contados pelos aedos – rapsodos “Aedos” 
–, que compõem os próprios poemas e os cantam acompanhados de instrumentos. 
“[...] Rapsodos, artista popular ou cantor que, na antiga Grécia, ia de cidade em cidade 
recitando poemas” (WIKIPEDIA, 2021). 
Há dois nomes importantes que narram os mitos, são eles Homero e Hesíodo. 
A Homero, no final do século VIII a.C. ou século IX a.C., não se sabe ao certo 
em qual época ele existiu ou se ele existiu, são atribuídos os poemas Ilíada e Odisseia, 
epopeias que relataram valores culturais que eram memorizados desde a infância por 
ser um meio de entendimento sobre questões sobre a vida. 
Ilíada conta a história da guerra de Troia. A Odisseia relata o regresso de 
Ulisses para a sua ilha, chamada Ítaca, após o término da guerra. Ressalvo, 
prezado(a) estudante, que a guerra durou cerca de dez anos e a única embarcação 
que sobrou depois da guerra foi a de Ulisses, este que demorou mais ou menos dez 
anos. 
Hesíodo teria vivido no século VII a.C., trouxe a gênese dos deuses com a sua 
teogonia, narrativa que contava o nascimento dos deuses, tendo como base inicial o 
caos que significa “universo desorganizado”. 
11
Cada cidade grega tinha um deus ou uma deusa representando a sua ligação 
com o sagrado. Faziam festas, rituais, oferendas na intenção de agradar, para que 
não houvesse nem um tipo de castigo. 
Foi com o desejo de entender ou até mesmo em dominar o que não entendiam, 
que as cosmologias e as teogonias foram fortemente construídas na mentalidade 
do homem grego primitivo. 
Cativo estava o homem grego mítico, preso à uma verdade intuitiva, temeroso, 
rude, tentando construir sua própria história. 
12
2 PRÉ-SOCRÁTICOS – A BUSCA DO ARCHÉ 
 
 
Os primeiros homens a pensar a natureza de forma racional questionando o 
princípio das coisas, não aceitando mais narrativas fantasiosas ou imaginárias foram 
chamados de Pré-Socráticos ou Naturalista ou Filósofos da Physis, nome dado 
para identificar pensadores que tinham como objeto de observação a natureza como 
princípio das coisas. 
Pré-socrático – é uma corrente de pensamento que iniciou antes de Sócrates, 
portanto essa denominação tem a função de situar as filosofias pré-socráticas dentro 
da história, estabelecendo uma ordem cronológica. Outra contribuição desses 
filósofos foi fomentar a ruptura do mítico para o racional filosófico, com suas 
indagações sobre a origem das coisas. 
Através da busca pela arché, os pré-socráticos, por meio de seus 
questionamentos, introduziram um conceito transformador, o lógos – razão ou 
explicação racional e argumentativa das coisas do mundo. 
Conceitos introduzidos, como arché, physis, lógos, caro(a) estudante, 
determinaram a mudança da mentalidade dos gregos, que foram pensados de forma 
racional pelos pré-socráticos, estes que eram classificados em monistas e 
pluralistas. 
Os monistas foram os pré-socráticos que elegeram um único elemento para 
designar o princípio, foram eles Tales de Mileto (640 a.C. – 548 a.C.) a água, 
13
Anaxímenes (588 a.C. – 524 a.C.) o ar infinito, Heráclito (544 a.C. – 484 a.C.) o fogo, 
Pitágoras (século VI a.C.) o número e Parmênides (544 a.C. – 450 a.C.) o Ser. 
Os pluralistas, como o nome indica, estipularam mais de um único elemento 
como arché, sendo eles: Empédocles (483 a.C. – 430 a.C.) o Úmido, o Seco, o 
Quente e o Frio, Anaxágoras (499 a.C. – 428 a.C.) as sementes que continham os 
elementos de todas as coisas “raízes”, os atomistas Leucipo (século V a.C.) e 
Demócrito (460 a.C. – 370 a.C.) os átomos. 
 Mas o que vem a ser Arché? É o conceito atribuído para designar a busca pelo 
princípio, “a origem de todas as coisas”, partindo de que a origem ou o princípio das 
coisas não surgem do nada.
14
3 PERMANÊNCIA E DEVIR – PARMÊNIDES E HERÁCLITO 
 
 
Parmênides de Eléia 
 
Parmênides de Eléia (séculoVI a.C.) foi um filósofo pré-socrático significativo 
para a história da Filosofia. O primeiro a se atentar para a importância da metafísica. 
Na verdade, seu propósito deixou de ser uma mera especulação cosmológica, 
tornando-se uma ontologia (teoria do ser). 
Sua teoria diz que a realidade é imutável: “O ser é, o não ser não é”. Demonstra 
que o mundo sensível é ilusório, e que só o mundo inteligível é verdadeiro e imutável. 
 
3.1 Permanência 
 
Parmênides escreveu um poema filosófico, em versos: Sobre a Natureza. Essa 
obra é composta por três partes: Proêmio, Primeira Parte e Segunda Parte. Na 
primeira trata da verdade; na segunda da opinião. Conservam-se numerosos 
fragmentos da primeira parte e alguns da segunda de acordo com Souza (SOUZA, 
1996, p. 26). 
A primeira parte, a da verdade, esclarece as coisas enquanto são, isto é, a 
do que é e que não tem a possibilidade que não seja. É nesta primeira parte do poema 
que o naturalista Parmênides anuncia o grande princípio de não-contradição, “o ser 
15
existe e não pode não ser e o não-ser não existe e não pode ser” (REALE, 2007, p. 
34 ). 
Na segunda parte do poema, Parmênides abandona a via da verdade e 
argumenta sobre a opinião dos mortais. São poucos os fragmentos que chegaram 
até nós sobre essa segunda parte, o que foi possível interpretar foi que essa via 
introduz o conceito de movimento. 
Vale ressaltar que, na primeira parte do poema, são tratadas duas vias: 
verdade e opinião. Na segunda parte que é tratado sobre a opinião dos mortais é 
a terceira via, lembrando: são escassos os fragmentos da segunda parte. 
É por esse caminho que Parmênides identifica o que seria para ele o arché, 
chegando ao resultado de que as coisas são entes, 
 
As coisas [...] mostram aos sentidos múltiplos atributos ou 
propriedades. São coloridas, quentes ou frias, duras ou moles, 
grandes ou pequenas. [...] Mas consideradas como órgão, com o 
pensamento (noûs), apresentam uma propriedade sumamente 
importante e comum a todas: antes de ser brancas ou vermelhas, ou 
quentes, são. São simplesmente (MARÍAS, 2004, p. 26). 
 
Dessa forma, Parmênides faz seu trajeto contrapondo a mobilidade de 
Heráclito que “tudo flui”, alegando que existe sim o movimento, mas esse movimento 
acontece só no mundo sensível. 
O mundo sensível, para Parmênides, é uma percepção ilusória, pois se baseia 
na opinião, sendo assim, um conhecimento não confiável. 
16
 
Figura 3 - Heráclito 
 
 
Heráclito (século VI a.C.– V a.C.), pré-socrático, defendeu a ideia “o verdadeiro 
é mutável”, pensador da frase célebre “não nos banhamos nunca duas vezes no 
mesmo rio”. Sua filosofia consistia que a realidade sofre mudança, chamando essa 
mudança de devir. Identificou que o ser é múltiplo. Apresentou também a doutrina da 
“harmonia dos contrários”, o mundo é guiado pela luta dos contrários, assim, 
determinando a harmonia. 
 
3.1.1 Devir 
 
A teoria do Devir, que tudo vir-a-ser, diz que tudo muda, transforma, tanto o 
homem quanto o mundo, tudo flui. E essa concepção aconteceu após eleger o fogo 
como arché. O fogo é, para Heráclito, o elemento que é menos consistente e o que 
mais muda. 
17
O dilema de Heráclito passa pela questão: se tudo muda, se transforma, como 
posso afirmar que conheço algo verdadeiramente? Para o pré-socrático é perceber a 
mudança que se instaura o conhecimento. 
Por isso, acreditando na mudança, é que sua teoria apresenta a doutrina da 
“harmonia dos contrários” pois é através da luta dos contrários que o mundo se 
apresenta de forma harmônica. 
18
4 PENSAMENTO COSMOLÓGICO 
 
 
 
Chegamos ao nosso último tópico desta unidade onde trataremos do 
“Pensamento Cosmológico”. Vamos percorrer por alguns períodos o que a sociedade 
Grega passou, elencando fatores que consagrou a passagem do pensamento mítico 
para o pensamento filosófico. Estamos falando aqui da transição entre a Cosmogonia 
para a Cosmologia – cosmos (kósmos), que significa “a ordem e organização do 
mundo” ou “o mundo ordenado e organizado”, e logia, que vem da palavra lógos que 
significa “pensamento racional”, “discurso racional”, “conhecimento”. 
No tópico I desta unidade, vimos o que era o mito, suas características e sua 
função no mundo grego e que houve uma ruptura entre o pensamento mítico para o 
pensamento racional filosófico por meio dos questionamentos sobre a origem das 
coisas, o arché. 
O questionamento foi a expressão racional que o homem grego passou a fazer, 
deixando de lado a verdade intuitiva em busca da verdade lógico racional, é dessa 
forma que os pré-socráticos tiveram seu papel na história da Filosofia. Mas o que 
proporcionou essa “revolução” de forma de se pensar? 
Grécia passou a ser o berço da Filosofia, proporcionando condições para o 
exercício filosófico. 
19
O homem grego passou a ser cidadão, a participar das decisões levantadas na 
ágora, dispondo de argumento, oratória para apresentar suas ideias, abriu campo para 
a indagação, questionamento atributos da Filosofia. 
É neste momento que a metafísica surge como um exercício crítico de 
perguntas e respostas. E como já vimos, foi com o pré-socrático Parmênides que não 
só a metafísica, como a ontologia, começou a fazer parte dos questionamentos de 
toda uma sociedade. 
Vamos falar das condições para o nascimento do pensamento racional ou 
filosófico? Foram seis fatores significativos para essa “preparação” que a sociedade 
grega estava respirando são eles; 1. as viagens marítimas, 2. a invenção do 
calendário, 3. a invenção da moeda, 4. o surgimento da vida urbana, 5. a 
invenção do alfabeto e 6. A invenção da política. 
1. As viagens marítimas proporcionaram ao homem grego a possibilidade 
de conhecer novas culturas e novos modos de pensamento. O 
relacionamento comercial entre os povos da Grécia, Babilônia, 
Macedônia, Egito, trouxe uma nova mentalidade aos gregos. 
2. A invenção do calendário proporcionou o cálculo das estações, 
obrigando o homem a olhar a natureza de outra forma, isto é, criando 
métodos para registrar as repetições que acontecem com a natureza, 
possibilitando prever condições climáticas, favorecendo a agricultura e 
a navegação. 
3. Com a invenção da moeda, o homem grego passou a abstrair o valor 
das coisas. Passou-se a usar as moedas abstraindo valores e o 
escambo (trocar um material por outro) teve seu fim. 
4. O surgimento da vida urbana, efeito das navegações, comércio e o 
surgimento da moeda deu espaço para o artesanato, dessa forma, 
diminuindo os prestígios da aristocracia (dos senhores donos de terras), 
pois uma nova classe surgiu trazendo para perto o estímulo das artes, 
fonte importantíssima para o nascimento da filosofia. 
5. A invenção do alfabeto trouxe ao homem grego um pensamento 
abstrato, isto é, com a manipulação do alfabeto, transformando letras 
em palavras ao invés de desenhos (hieróglifos) dos egípcios ou os 
ideogramas (símbolos gráficos) dos chineses, o alfabeto tornou possível 
20
eternizar ideias, ao contrário dos signos que carregava conotações 
mágica. 
 
 Figura 5 - Alfabeto grego 
 
 
6. E o último, mas não menos importante, foi a invenção da política. Foi 
com a política que desejos de uma comunidade eram discutidos, 
favorecendo as relações internas, ou seja, as vontades da comunidade 
beneficiam as relações internas, assim nascendo a pólis (nome dado a 
cidade-Estado grega). 
 
A pólis proporciona discussão, permitindo ao homem, aliás, ao cidadão o 
exercício da oralidade, argumentação, persuasão para apresentar solução de 
problemas que surgiam. Era na ágora (assembleia) que os cidadãos discutiam as 
necessidades da polis. 
Foram essas condições que possibilitaram o nascimento da filosofia, momento 
que o mito deixa de ser a explicação da origem das coisas, passando para o 
entendimento da metafísica pelos pré-socráticos das filosofias sobre a origem com 
uma linguagem racional e sistemática buscando o princípio natural eeterno, gerador 
21
de todas as coisas, ao contrário do pensamento cosmogônico que a origem é fruto do 
acaso. Esse período é chamado de pré-socrática ou cosmológica. 
 
SAIBA MAIS 
 
Sobre o “Lugar dos Gregos na História da Educação” 
“A posição específica do Helenismo na história da educação humana depende 
da mesma particularidade da sua organização íntima – a aspiração à forma que 
domina tanto os empreendimentos artísticos como todas as coisas da vida – e, além 
disso, do seu sentido filosófico do universal, da percepção das leis profundas que 
governam a natureza humana e das quais derivam as normas que regem a vida 
individual e a estrutura da sociedade. Na profunda intuição de Heráclito, o universal, 
o logos, é o comum na essência do espírito, como a lei é o comum na cidade. No que 
se refere ao problema da educação, a consciência clara dos princípios naturais da 
vida humana e das leis imanentes que regem as suas forças corporais e espirituais 
tinha de adquirir a mais alta importância.” 
 
Fonte: JAEGER (1995, p. 13). 
 
SAIBA MAIS 
 
Você sabia que na mesma época dos pré-socráticos viveram os sábios do 
Oriente, como Confúcio e Lao-Tsé (China), Sidarta Gautama, o Buda, (Índia) e 
Zaratustra (Pérsia, atual Irã). 
 
Fonte: ARANHA, 2016, p. 25. 
 
REFLITA 
 
Será que reproduzimos, na atualidade, o termo mito, com a mesma conotação 
que os povos primitivos entendiam? 
 
Fonte: A Autora. 
 
 
22
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Ao longo desta unidade, percorremos o caminho da instigante Filosofia: desde 
as primeiras formas de se pensar o mundo até o pensamento filosófico. 
Vimos que o mito teve papel fundamental nos povos primitivos como artimanha 
de organização social, narrativas que conduziam não só o modo de se pensar sua 
existência, mas normativas para manter a ordem social por meio dos rituais, elegendo 
regras que, se fossem transgredidas toda a comunidade sofreria penas vindas dos 
deuses. 
 Aprendemos que houve uma passagem do pensamento mítico para o 
pensamento filosófico através de condições que a Grécia proporcionou. 
O conceito metafísico foi o baluarte essencial para a indagação sobre o “ser” 
através da filosofia de Parmênides, que não só conceituou a metafísica, mas a 
ontologia com seu princípio Ente. 
Vimos também que, com o advento dos pré-socráticos, o conhecimento do 
mundo passou de cosmogonia para a cosmologia, em que a origem das coisas não 
surgiu do acaso como a cosmogonia sugere, mas de um princípio natural que foi fonte 
geradora de todas as outras coisas, o arché. 
Passamos por alguns nomes de filósofos pré-socráticos que contribuíram para 
esse crescimento do espírito grego, que, aliás, Parmênides chama de nôus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
“Sobre a verdade e as opiniões: o Poema de Parmênides e a incisão 
entre ser e devir” 
O ponto de partida desta tese consiste em avaliar o Poema de Parmênides 
através da clivagem que lhe serve como principal orientação: a absoluta 
incompatibilidade entre verdade e opiniões. É a partir dela que se torna 
privilegiadamente possível analisar a obra parmenídica em sua integridade, na medida 
em que configura o gesto que determina a própria estrutura tripartida do Poema. Essa 
incompatibilidade que cinde verdade e opiniões de forma irreconciliável depende, no 
entanto, de uma decisão de pensamento que a sustenta e que lhe é anterior, servindo-
lhe como fundamento – a clara e distinta incisão entre ser e devir. Defende-se, deste 
modo, que o verbo ser aplica se tão-somente à verdade, assim como o devir 
caracteriza as opiniões, o que exige a pergunta: ao que se pode aplicar, então, cada 
um desses verbos em sua restrita propriedade, uma vez imiscíveis? Propondo uma 
nova semântica e mesmo uma nova gramática para o verbo ser, a verdade 
parmenídica e o ente de que trata serão aqui compreendidos como um artifício e um 
exercício de autonomia da linguagem, de uma linguagem, por conseguinte, 
necessariamente auto referente; ao passo que a linguagem que se faz como uma fala 
acerca dos sensíveis, aquela que se propõe a responsabilidade de discorrer acerca 
do que costumamos nomear “realidade sensível”, é necessariamente plural e, 
portanto, opinativa. Verdade e opiniões não são dois modos distintos de pensar o 
mesmo, mas modos distintos do pensar: o noético e o frenético, cabendo a cada uma 
dessas modulações não apenas uma propriedade específica de operar o pensamento 
e a linguagem, mas também a submissão àquele que que determina o seu gênero e 
caráter: o motivo pelo que se fazem, respectivamente, verdade e opiniões deve-se 
justamente àquilo sobre o que versam. Não há verdade sobre o “mundo”, posto que 
este não é, deve ser plural e diverso, ele exige da linguagem a diversidade e a 
pluralidade das opiniões. Em contrapartida, só é possível verdade sobre o que não 
devem. E o que não devem? Seria pouco responder “o ente”. O desafio maior do 
Poema de Parmênides resulta em saber do que se diz quando se diz “o ente”. Que 
seja feita, finalmente, a pergunta: o que é o ente? 
Fonte: COSTA, Alexandre, Domínio Público, 2010, Disponível em 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=180903 
24
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=180903
MATERIAL COMPLEMENTAR 
 
LIVRO 
 
Título: Odisseia 
Autor: Ruth Rocha 
Editora : Salamandra; 1ª edição (1 janeiro 2011). 
Sinopse: Esta obra narra o retorno de Ulisses (Odisseu) para sua ilha Ítaca depois da 
guerra de Tróia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25
 
 
FILME/VÍDEO 
 
 
Título:Tróia 
Ano: 2004 
Sinopse: Filme conta a história épica da guerra de Tróia, narrativa contada por Homero 
na obra Ilíada. 
 
 
26
REFERÊNCIAS 
 
COSTA, Alexandre. Sobre a verdade e as opiniões: o Poema de Parmênides e a 
incisão entre o ser e o devir. Portal Domínio Público, UFRJ/FILOSOFIA: Programa 
de Pós-Graduação da CAPES, 2010. Disponível em: 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co
_obra=180903. Acesso em: 14 jul. 2021. 
 
JAEGER, Werner, Paidéia – A formação do homem Grego. Trad. Artur M. 
Parreira. Martins Fontes – São Paulo. 1995. 
 
MARÍAS, Julián. História da Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2004. 
 
Os Pré-Socráticos. Trad. José Cavalcanti de. Souza et al. São Paulo, Abril, 1989 
(Coleção Os Pensadores). 
 
REALE,Giovanni. “História da Filosofia: filosofia pagã antiga, v. 1. – São Paulo: 
3ª ed. Paulus, 2007. 
 
Vernant, Jean-Pierre. O universo, os deuses e os homens. 7. ed. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2000. 
 
WIKIPÉDIA: Troia - Filme. 2020. Disponível em: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Troia_(filme). Acesso em: 16 ago 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27
Plano de Estudo:
● Dialética Socrática;
● Teoria das ideias - Platão;
● Metafísica aristotélica;
● Escolas helênicas.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o pensamento filosófico após o advento da metafísica;
● Compreender os tipos de filosofias de acordo com a
necessidade de interpretar o homem;
● Estabelecer a importância da racionalidade para compreender a vida humana.
UNIDADE II
A Ontologia Antiga
Professora Esp. Franciele Freire Favareto
28
INTRODUÇÃO 
Olá, caro(a) estudante, nesta unidade navegaremos no campo da investigação das 
ações humanas. 
Após termos estudado, na Unidade I, as filosofias pré-socráticas que se preocupavam 
em encontrar o arché, nesta unidade iremos acompanhar a transformação da busca 
para compreender a existência do homem. 
Iremos navegar em águas racionais, exercitando a capacidade de explicar as ações 
do homem sem indicar como pressuposto condições cosmogônicas, partindo da 
filosofia de Sócrates e finalizando esta unidade com as Escolas Helênicas, que trazem 
consigo pensamentos, correntes, teorias ou filosofias que buscam uma alternativa 
prática para se viver com sabedoria. 
É por meio de águas agitadas quea busca para atingir a felicidade acontece. Será 
necessário aos filósofos elaborar conceitos relativos ao homem, não só na forma 
material, mas o que move, o que dá a partida, o que faz com que exerçam as 
atividades cognitivas e práticas. 
O caminho para entender o pensamento de cada filósofo ou corrente filosófica será a 
passagem da busca em compreender a metafísica para abraçar a ontologia, o estudo 
que tenta compreender o ser. 
Será uma honra navegar nas águas do conhecimento filosófico ocidental, tradição que 
carregamos ainda atualmente, como a ciência, por exemplo. 
Bons Estudos! 
29
1 DIALÉTICA SOCRÁTICA 
Figura - Estátua de Sócrates da Academia de Atenas, Grécia. 
Sócrates: 470/469 – 399 a.C., não se sabe ao certo a data de nascimento e 
morte, pois nada escreveu. O que se tem registrado são seus saberes em forma de 
diálogos, que seus discípulos escreveram após sua morte. 
Por não haver nenhum registro de punho de Sócrates, seus sucessores 
reproduziam seus diálogos da forma que entendiam, ou seja, a interpretação de seus 
saberes ficava à mercê de quem reproduzia, como exemplo, Platão e Aristófanes. 
Platão interpreta Sócrates de forma idealizada, reproduzia os diálogos 
socráticos de forma séria ao contrário de Aristófanes, que ridiculariza Sócrates em sua 
peça As Nuvens, confundindo Sócrates com os sofistas. 
Apesar desses contratempos com os diálogos de Sócrates, o importante é 
entender por que Sócrates é um marco no pensamento filosófico. Mesmo Platão 
idealizando seu mestre ou Aristófanes o ridicularizando, o importante são as filosofias 
que nasceram depois de Sócrates. 
O pensamento socrático tornou-se um marco no pensamento filosófico por 
distanciar-se do pensamento naturalista que foi concebido pelos pré-socráticos e se 
30
tornando mais próximo a conhecer e identificar no homem suas ações, ou seja, 
diferenciando o homem da natureza o tornando mais especial. 
Os pré-socráticos se preocupavam em entender a natureza, procuravam 
descobrir o princípio das coisas – arché. Sócrates estava em busca de justificação 
filosófica, fundamentos para desvendar a natureza ou essência do homem. 
 
1.1 Sócrates e os Sofistas 
 
Com o advento do pensamento filosófico, pautado na razão, surgiram, na 
Grécia, homens que ensinavam a técnica da argumentação, retórica, oratória para os 
cidadãos que tinham o privilégio de ter um tutor. Esses homens eram chamados de 
Sofistas. Os sofistas são considerados os primeiros professores, por ensinarem aos 
mais abastados as regras da argumentação, para terem vantagens ou satisfazer seus 
desejos. Viajavam de uma cidade para outra realizando discursos e exposições para 
atrair alunos. 
A bagagem intelectual dos Sofistas divergia dos pensamentos socráticos, ou 
seja, os Sofistas pregavam que a verdade é relativa, mutável e múltipla, ao contrário 
dos saberes socráticos que veremos adiante. 
 
1.1.1 Sócrates e o conceito de alma 
 
Sócrates estabeleceu alguns conceitos relativos ao homem, ao contrário dos 
pré-socráticos, que buscavam entender a natureza a partir do seu princípio. Não que 
Sócrates não tenha feito a mesma observação, mas após a filosofia de Parmênides, 
as observações não ficaram permeando questões cosmológicas e metafísicas, mas 
as questões ontológicas estavam pautadas na mente dos indivíduos que buscavam 
compreender sua própria existência, explicações para suas ações de forma racional. 
Desta forma, Sócrates, a partir de seus diálogos, buscava entender o que movia 
a matéria do indivíduo, o que alimentava ou sustentava o homem nas suas tomadas 
de decisões, chegando à conclusão de que o homem é a sua alma. 
Alma no pensamento socrático era entendido como a consciência, a moralidade 
e a capacidade de entender e de querer, atributos reconhecidos só entre os homens, 
o que nos faz distanciar dos outros seres vivos. 
31
A alma é a habilidade de aprender, é uma atividade cognoscitiva. E por 
atividade entende-se ações, ações que são reflexos de conhecimentos adquiridos, 
isto é, a alma é a ação em forma abstrata. 
No pensamento socrático, a cura da alma acontece através da “virtude”, a 
virtude é a ciência, o conhecimento que potencializa a alma. Por tratar a virtude como 
ciência para a cura da alma, Sócrates entende que ninguém, de forma voluntária, erra 
por que quer e sim por ignorância. 
 
1.1.1.1 Sócrates e a Liberdade 
 
Sócrates entende que a liberdade é o controle interior, é o autodomínio. Ou 
seja, quando se entende que o homem é a sua alma, é o que torna o homem racional, 
conquistando a liberdade quando consegue se afastar do mundo externo, libertando-
se das paixões. A liberdade socrática é entendida como desprendimento do mundo 
externo. 
 
1.1.1.1.1 O método socrático ou a dialética socrática 
 
Na condução das suas conversas, Sócrates, nos seus diálogos articulados, 
criava dois momentos: o irônico-refutatório e a maiêutica. Mas antes, caro(a) 
estudante, vamos entender o que é a “Dialética Socrática”. Dialética, traduzindo de 
forma literal, significa “caminho entre as ideias”. O método que Sócrates usava em 
seus diálogos caminhava por ideias na figura do “não-saber”, a partir de perguntas e 
respostas, método que foi inaugurado pelo filósofo. 
Percebe-se, caro aluno, que Sócrates inaugura um método e, como todo método, tem 
que chegar em uma finalidade. 
Chegamos agora, querido (a) aluno (a), na finalidade do método socrático. É 
necessário entender a finalidade para depois compreender sua estrutura e a função. 
A finalidade era de natureza ética e educativa, ou seja, era por meio do diálogo, no 
formato de pergunta e resposta, que o homem tinha a oportunidade de fazer um 
“exame da alma”, um acertar de conta da própria vida, um olhar interior, afastando-se 
das paixões. Navegaremos agora na estrutura do método. 
32
A estrutura da dialética socrática era indagar, perguntar, questionar a confiança 
do interlocutor, ou seja, questionar suas crenças. 
Sócrates propõe diálogo, se colocando na figura do “não-saber”, atitude não 
comum aos sofistas, pois estes tinham a modéstia de quem sabia de tudo, ao contrário 
de Sócrates, pois sua atitude era de quem não sabia de nada e que estava disposto 
a aprender com o outro. 
Sócrates, quando toma essa postura do “não-saber”, mostra que a sua filosofia 
buscava algo diferente dos outros pensadores, como os naturalistas, sofistas e 
políticos. Os saberes dos naturalistas eram em vão, dos sofistas demonstravam 
convencimento e dos políticos, sem conteúdo. 
Como apontado, chegou a hora de falarmos dos dois momentos que 
acontecem na dialética socrática: a ironia e a maiêutica. 
Em um primeiro momento, dentro da conversa, da dialética, do jogo de 
perguntas e respostas, acontecia o irônico-refutatório, momento que Sócrates 
caminhava para as ideias do interlocutor a partir de perguntas a cair em contradição, 
chegando sozinho a reconhecer sua própria ignorância. 
O momento irônico só acontecia, porque Sócrates se apresentava na figura do 
“não saber”, indagando certezas estabelecidas, forçando uma definição, refutando 
(dizendo o oposto) as ideias postas pelo interlocutor, utilizando de forma irônica as 
mesmas palavras. 
Esse momento de ironia e refutação, causava, nos soberbos, irritabilidade já 
para as pessoas humildes causava uma certa purificação1, pois descobriram, com a 
ajuda de Sócrates, certezas que eram concebidas como verdadeiras, porém depois 
de refletir notavam que não podiam tomar como verdadeiras. 
Agora, caro(a) aluno(a), chegamos no segundo momento da dialética socrática, 
a maiêutica. Na concepção grega, “maiêutica” é a arte obstétrica, é o parir. Sócrates 
apropriou-se do termo “maiêutica” para explicar como se dá o nascimento da verdade. 
Vamos entender como ocorreu esse processo? 
O termo “maiêutica” foi apropriado por Sócrates em decorrência de sua mãe ter 
sido parteira, considerando também que a parteira grega era a mulherestéril, que não 
podia ter filhos e que, mesmo assim, tinha a propriedade em julgar o recém-nascido, 
1 Purificação neste sentido significa “catarse” purificação da alma, termo utilizado pelos gregos na época da 
Grécia Antiga. 
33
se eram perfeitos ou não, de acordo com Cabral (2021). Através dessa analogia, 
Sócrates julgava não saber de nada e que sua função, através do método, era a de 
fazer nascer a verdade. A Maiêutica Socrática era um “parir” conclusões embasadas 
em reflexões e não em tradições já estabelecidas sem o crivo da razão. Sócrates 
apenas conduzia seu interlocutor a encontrar a verdade que estava dentro de si, 
ceifando tradições que fugiam da luz da razão. 
 
2 TEORIA DAS IDEIAS - PLATÃO 
 
Figura Estátua de Platão e da deusa Atenas. 
 
 
2.1 Platão 
 
Platão (428/427 a.C.) nasceu em Atenas e teve como primeiro mestre Crátilo, 
depois Heráclito e, por último, Sócrates. Idealizava os saberes socráticos. Vivenciou 
a política, porém decepcionando-se com métodos violentos aplicados por dois 
parentes que depositavam confiança. O ápice de sua frustração foi com a condenação 
34
de Sócrates, afastando-se por completo da política. Sua maior contribuição foi a 
“teoria das ideias”. 
 
2.1.1 Teoria das ideias 
 
Não podemos deixar de realçar, a importância de Platão para o estudo da 
“ontologia”. Sua ontologia está explicada no “Mito da Caverna” ou “Alegoria da 
Caverna”. 
Platão descreve que alguns homens, desde a infância, geração após geração, 
se encontram aprisionados em uma caverna. Neste lugar, não conseguem se mover 
em virtude das correntes que os mantêm imobilizados. Virados de costas para a 
entrada da caverna, veem apenas o seu fundo. Atrás deles há uma parede pequena, 
onde uma fogueira permanece acesa. Por ali passam homens transportando coisas, 
mas como a parede oculta o corpo dos homens, tudo o que os prisioneiros conseguem 
ver são as sombras desses objetos transportados. Essas sombras projetadas no 
fundo da caverna são compreendidas pelos prisioneiros como sendo tudo o que existe 
no mundo. 
Certo dia, um dos prisioneiros consegue se libertar das correntes que o 
aprisionava. Com muita dificuldade, ele busca a saída da caverna. No entanto, a luz 
da fogueira, bem como a do exterior da caverna, agride seus olhos, já que ele nunca 
tinha visto a luz. O ex-prisioneiro pensa em desistir e retornar ao conforto da prisão, a 
qual estava acostumado, mas gradualmente consegue observar e admirar o mundo 
exterior à caverna. Entretanto, tomado de compaixão pelos companheiros de 
aprisionamento, ele decide enfrentar o caminho de volta à caverna com o objetivo de 
libertar os outros e mostrar-lhes a verdade. 
No diálogo, Sócrates propõe que Glauco, seu interlocutor, imagine o que 
ocorreria com esse homem, em seu regresso. Glauco responde que os outros, 
acostumados à escuridão, não acreditariam no seu testemunho e que aquele que se 
libertou teria dificuldades em comunicar tudo o que tinha visto. Por fim, era possível 
que o matassem, sob a alegação de perda da consciência ou loucura (MENEZES, 
2011). 
A Alegoria da caverna apresenta dois mundos, o “mundo sensível” e o “mundo 
inteligível”. O mundo sensível é o mundo das aparências, da opinião, da mudança, é 
35
o mundo das coisas, o mundo inteligível é o mundo da verdade, identidade, 
estabilidade da permanência, da essência do Ser. Além das diferenças citadas, o 
mundo sensível é o mundo da cópia, simulacro do mundo das ideias que é perfeito e 
que corresponde a essência, aquilo que torna algo o que é. 
A Alegoria da caverna está repleta de simbologias, o sol representa a ideia do 
bem, as sombras são conhecimentos errados, os prisioneiros somos nós presos, sair 
da caverna simboliza a busca pelo conhecimento. 
 
3 METAFÍSICA ARISTOTÉLICA 
 
Figura - Estátua do filósofo Aristóteles 
 
 
 
Aristóteles (384 – 322 a.C.) Nasceu em Estagira, na Grécia, ficou órfão com 18 
anos e mudou-se para Atenas; frequentou a escola de Platão por 20 anos. Após a 
morte de seu mestre, Aristóteles fundou sua própria escola. Foi preceptor de 
Alexandre até este tomar posse do trono. Neste momento, Aristóteles volta para 
Atenas e funda o Liceu, permanecendo por dez anos. 
Para Aristóteles, não há separação dos mundos, como teorizou Platão, para 
ele só existe a essência o que faz uma coisa ser o que é, o que a define. O que existe 
36
para o Estagirita é uma única realidade onde as coisas e a essência estão juntas. 
Momento este que inicia a ontologia aristotélica, conceito que veremos adiante. 
A Metafísica aristotélica está composta por três estudos, são elas: o “divino”, o 
estudo dos “primeiros princípios” e, por último, os atributos dos seres. 
Para Aristóteles, o divino é a realidade primeira, a perfeição, que não muda, o 
“Primeiro Motor”. Todos os seres procuram aproximação, transformando-se na própria 
vontade de encontrar sua essência divina e perfeita. 
O segundo estudo são os “primeiros princípios” e as causas primeiras de tudo 
que existe. 
O terceiro estudo está relacionado aos atributos dos seres buscarem sua 
essência, que faz dele o que é. 
Dentro do estudo aristotélico sobre a metafísica existem conceitos que definem 
e dão corpo ao seu estudo, são as causas primeiras, lógica, a definição do ser e o que 
faz o ser como é. Iniciaremos pela lógica aristotélica. 
São três os princípios da lógica, a identidade, não contradição e terceiro 
excluído. São conceitos que demonstram que o ser é e não pode deixar de ser de 
forma racional. 
As causas primeiras são compostas por quatro causas, a causa formal que a 
sua substância, a causa material que a matéria da substância, causa eficiente que é 
o que faz existir, que dá forma e a causa final que é a finalidade, para que existe. 
Há definições que fazem um ser ser o que é, estamos falando da matéria que 
é do que as coisas são feitas, a forma que particulariza a matéria, a potência que dá 
força para algo vir a ser e o ato, o processo da matéria em uma forma. 
Para completar a metafísica aristotélica, o estagirita2 apresenta conceitos para 
explicar o que faz um ser ser como é, os conceitos são: essência, acidente, substância 
e os predicados. 
A essência é o que define, que faz o ser o que é. Acidente são atributos que 
podem existir ou não, não se fazem necessários; a substância é o que determina o 
ser, é o que o diferencia de todas as outras coisas. O predicados são o que estrutura 
o ser, são as qualidade, quantidades, e não afetam a própria natureza do ser.
2 Nome dado a quem nasceu em Estagira (onde nasceu Aristóteles), utilizado muitas vezes para se 
referir a Aristóteles. 
37
4 ESCOLAS HELÊNICAS 
 
Caro(a) estudante, na Unidade I estudamos a passagem do pensamento 
cosmogônico para o cosmológico, processo que aconteceu devido a uma certa 
“maturidade” do pensamento humano. O surgimento das Escolas Helênicas passou 
pelo mesmo processo. Aconteceu uma passagem da era clássica para a era 
helenística. 
Alexandre Magno (334-323 a.C.), com o seu comando para o Oriente, 
resultando em conquistas territoriais e instituindo uma monarquia universal divina, 
causou crise na Polis. Devido a expansão territorial, o conceito de cidade-Estado 
(Polis) foi superado pelo ideal “cosmopolita” (o mundo inteiro é uma Polis), o homem 
da cidade foi substituído pelo homem-indivíduo (REALE, 2007, p. 249). 
Mudanças houve também na cultura e espiritual, empreendendo a necessidade 
de novas filosofias, deixando de lado pensamentos de Platão e Aristóteles, recorrendo 
a pensamentos mais práticos. A cultura helênica tornou-se cultura helenística, Atenas 
deixou de ser o centro da filosofia, dando lugar para Alexandria. 
Com todas as mudanças e a necessidade de novas filosofias, surgiram 
filosofias que tratavam diretamente da vida prática. Essas filosofias são: Cínica, 
Epicurista, Estóica e Cética. Nosso estudo terá início no Cinismo.38
4.1 Cinismo 
 
Figura 1 - Imagem do filósofo Diógenes - Filósofo Cínico e do Alexandre o Grande 
 
 
O Cinismo, termo que deriva do grego kyôn - cão, e explica a forma que os 
cínicos entendiam a existência. Entendiam que era necessário desprezar o mundo 
material, os prazeres. Pregavam que cultivar a virtude bastava, pois os prazeres do 
mundo não tinham importância. Andavam apenas com uma túnica e uma sacola, 
demonstrando desprezo pelas “coisas do mundo”, passando uma imagem de 
superioridade, porém, as pessoas não acreditavam e julgavam esse comportamento 
de falsidade, que não era verdadeiro, era apenas fingimento. 
A Filosofia Cínica focava na Autarquia, o indivíduo é capaz de se bastar, de ser 
independente. 
 
 
39
4.2 Epicurismo 
 
Figura 2 - Imagem de Epicuro, filósofo grego que fundou o epicurismo 
 
 
O Epicurismo, escola fundada por Epicuro de Samos (341 a.C.), em Atenas, 
traz uma bagagem de filosofias extensa, como a de Demócrito, com a teoria atomista, 
de Sócrates, com a arte de viver, e com a Escola Cirenaico, a relação entre felicidade 
e prazer. 
O prédio onde os epicuristas estudavam já era uma revolução, um prédio com 
jardim no subúrbio, não no formato de palestras no tumulto da cidade, por isso a 
escola é chamada de “Jardim” e os epicuristas de “filósofos do jardim”. 
A filosofia epicurista se resume em: 1º. o homem consegue entender a 
realidade; 2º. dentro dessa realidade há um espaço para a felicidade; 3º. a dor não é 
compatível com a felicidade; 4º. a felicidade não depende do outro, só de si mesmo; 
e 5º. por não depender do outro para alcançar a felicidade, as instituições, as cidades 
e a riqueza contribuem para obter felicidade. 
40
4.3 Estoicismo 
 
Figura 3 - Filósofo grego estóico Marco Aurélio 
 
 
O Estoicismo acreditava que só o prazer físico afasta o homem da sabedoria, 
que o único meio para atingir a felicidade era a prática da virtude. Apreciam cultivar o 
intelectualismo e a moral, tratam com indiferença tudo que é do mundo “Apathea”, 
pois acreditavam que os prazeres do mundo viciam a Alma. Acreditam que o universo 
é comandado por uma razão universal. 
 
 
 
 
 
41
4.4 Ceticismo 
 
Figura 4 – Representação do questionamento 
 
O Ceticismo entendia que a felicidade se encontrava na atitude de não julgar 
nada e ninguém, e que a neutralidade é o comportamento ideal. A certeza das coisas 
era impossível de ser encontrada, a atitude correta é a do questionamento. A corrente 
cética, do ponto de vista filosófico, afirma que é impossível obter o verdadeiro 
conhecimento. Portanto, para o cético, o indivíduo não é capaz de apreender o objeto 
de conhecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42
SAIBA MAIS 
 
Sócrates foi acusado de “corromper” os jovens gregos e como punição tomou cicuta 
(veneno). Sócrates teve a oportunidade de exílio, porém não aceitou pois estaria 
contradizendo sua filosofia. 
 
Fonte: A autora. 
 
 
SAIBA MAIS 
 
O termo metafísica surgiu no século I a.C. quando Andrônico Rodes ao classificar as 
obras de Aristóteles de “Filosofia Primeira” após as obras de física: meta physis ou 
seja, depois da física. Posteriormente o “depois” foi compreendido como “além” dessa 
forma, o termo metafísica é o estudo para tudo que além da física (matéria), do 
sensível 
 
Fonte: Filosofando (2016, p. 112). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43
REFLITA 
 
Será que na atualidade estamos na caverna, cegos pela luz do sol ou tentando voltar 
para caverna para avisar aos outros sobre a verdadeira realidade? 
 
Fonte: A autora. 
 
 
 
REFLITA 
 
A filosofia de Sócrates marcou um avanço no pensamento do indivíduo pois com o 
seu método nos ensinou a refletir sobre verdades que estavam estabelecidas por 
outros. Será que refletimos antes de agir ou agimos seguindo tradições que não foram 
pensadas por nós. 
 
Fonte: A autora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Na Unidade II foi abordado o processo que a ontologia antiga percorreu. A ontologia 
tem o homem como objeto de observação e, por consequência, o estudo é para 
compreender o Ser. 
Por este caminho, a filosofia grega passou por transformações, o que proporcionou 
um ambiente de indagações sobre a questão do Ser. 
Diferente dos pré-socráticos, que buscavam entender e explicar o arché (princípio, 
origem) das coisas, filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles e os filósofos das 
Escolas Helênicas direcionaram suas observações na condição humana. 
Foi neste momento que o homem foi tratado de forma especial, quando todo o esforço 
estava voltado a decifrar o Ser. 
Espero que o esforço dos filósofos antigos tenha atingido a todos(as), causando em 
uma reflexão sobre o ser e, como efeito, uma autorreflexão sobre o que entendemos 
por Ser. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
Do Mito da Caverna às Redes Sociais 
 
O Mito da caverna, também conhecido como Alegoria da Caverna ou Parábola da 
Caverna; é metáfora criada pelo filósofo grego Platão, presente na obra “A República”; 
que consiste na tentativa de explicar a condição de ignorância em que vivem os seres 
humanos e o que seria necessário para atingir o verdadeiro “mundo real”, baseado na 
razão acima dos sentidos, nunca esteve tão atual. 
A obra de Platão relata a história de um grupo de prisioneiros que viviam numa grande 
caverna, com seus braços, pernas e pescoços presos por correntes, forçando-os a 
fixarem-se unicamente para o fundo da caverna. Atrás dessas pessoas existia uma 
fogueira e outros indivíduos que transportavam imagens de objetos e, ao redor da luz 
do fogo, tinham as suas sombras projetadas na parede da caverna, onde os presos 
ficavam observando. Os prisioneiros podiam enxergar apenas as sombras das 
imagens, julgando serem aquelas projeções da realidade. 
Certa vez, um dos prisioneiros conseguiu se libertar das correntes e saiu para o mundo 
exterior. A princípio, a luz do sol e a diversidade de cores e formas assustou o ex-
prisioneiro, fazendo-o querer voltar para a caverna. No entanto, com o tempo, ele 
acabou por se admirar com as inúmeras novidades e descobertas que fez. Assim, quis 
voltar para a caverna e compartilhar com os outros prisioneiros todas as informações 
e experiências que existiam no mundo exterior. As pessoas que estavam na caverna, 
porém, não acreditaram naquilo que o ex-prisioneiro contava e chamaram-no de 
louco. Para evitar que suas ideias atraíssem também outras pessoas para os “perigos 
da insanidade”, os prisioneiros mataram o ‘fugitivo’. 
Para Platão, a caverna simboliza o mundo onde todos os seres humanos vivem, 
enquanto que as correntes significam a ignorância que prendem os povos. As pessoas 
ficam presas a estas ideias pré-estabelecidas e não buscam um sentido racional para 
determinadas coisas, evitando a “dificuldade” do pensar e refletir, preferindo 
contentar-se apenas com as informações que lhe foram oferecidas por outras 
pessoas. 
46
O indivíduo que consegue se “libertar das correntes” e vivenciar o mundo exterior é 
aquele que vai além do pensamento comum, criticando e questionando a sua 
realidade. 
O Mito da Caverna mantém-se muito atual. Fazendo uma analogia, bem 
contemporânea, pode-se associá-la ao universo digital, das redes sociais e internet, 
do qual, praticamente, todos estão inseridos. Os usuários encantados com tantas 
possibilidades que estes dispositivos propõem para suas vidas, podem ficar presos a 
esta realidade virtual como se fosse a única realidade que há, passando a viver em 
uma escuridão como se estivesse dentro de uma caverna. E, inseridos nas redes 
sociais, preferem permanecer alheios ao pensamento crítico (seja por preguiça ou 
falta de interesse) e aceitar as ideias e conceitos que são impostos por um grupo 
dominante, por exemplo, de influenciadores, blogueiros e artistas midiáticos. 
Ao recorrer ao uso contínuo das redes sociais e da internet, oindivíduo, então, 
desenvolve em sua mente, um mundo completamente diferente da realidade. E, com 
medo de ser rejeitado, de seu conteúdo não ser compartilhado, cria a sua própria 
realidade com intuito de se manter numa zona de conforto, ou seja, uma prisão social. 
Com isso, há um isolamento social, na vida real. Afinal, o “inferno são os outros”, 
parafraseando o filósofo e escritor francês, Jean-Paul Sartre. Ou seja, alienado da 
realidade, vivendo o ‘mundo virtual’, os indivíduos acabam sendo intolerantes ao 
convívio social real. Pois, o problema é que projetos pessoais entram em conflito com 
o projeto de vida dos outros. E, os outros, tiram parte da autonomia pessoal. Porém, 
ao mesmo tempo, é pelo olhar do outro que o indivíduo se auto reconhece, com erros 
e acertos. Já que a convivência expõe as fraquezas pessoais. 
 
Fonte: Folha do ABC (2019, on-line). Disponível em: 
www.folhadoabc.com.br/index.php/secoes/item/12733-do-mito-da-caverna-as-redes-sociais 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MATERIAL COMPLEMENTAR 
 
LIVRO 
 
Título: Ficções 
Autor: Jorge Luis Borges 
Editora: Companhia das Letras 
Sinopse: Contos que abordam questões metafísicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
Título: Baraka 
Ano: 1992 
Sinopse: Um mundo além das palavras. Baraka é uma antiga palavra que pode ser 
traduzida como o sopro ou a essência da vida, de onde se desencadeia o processo 
de evolução da vida. Com imagens captadas em 24 países, nos seis continentes do 
globo, Baraka busca traduzir visualmente a ligação do ser humano com a Terra. 
Baraka é um espetáculo visual deslumbrante que deve ser visto, sentido e vivido para 
ser compreendido. 
 
 
 
49
REFERÊNCIAS 
 
CABRAL, J. F. P. Ironia e Maiêutica de Sócrates. 2021. Disponível em: 
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/ironia-maieutica-socrates.htm. 
 
FILOSOFANDO. Introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2016. 
 
FOLHA DO ABC. Do mito da caverna às redes sociais. 2019. Disponível em: 
http://www.folhadoabc.com.br/index.php/secoes/item/12733-do-mito-da-caverna-as-
redes-sociais. Acesso em 12 de jul de 2021. 
 
MENEZES, P. Mito da caverna. 2011. Disponível em: 
https://www.todamateria.com.br/mito-da-caverna. Acesso em 12 de jul de 2021. 
 
REALE, G. História da Filosofia. São Paulo: Paulus, 2007. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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http://www.folhadoabc.com.br/index.php/secoes/item/12733-do-mito-da-caverna-as-redes-sociais
http://www.folhadoabc.com.br/index.php/secoes/item/12733-do-mito-da-caverna-as-redes-sociais
https://www.todamateria.com.br/mito-da-caverna
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Plano de Estudo:
A questão da finitude e infinitude no pensamento medieval;
● Patrística e a existência do mal;
● Escolástica - Fé x Razão;
● Provas da existência de Deus.
Objetivos da Aprendizagem:
● Entender o processo de ruína que levou o pensamento grego e 
a metafísica grega ter sido reelaborada pelos medievais.
● Compreender a problemática que os pensadores da
 Idade Média se debruçaram a resolver.
● Estabelecer a importância da metafísica e ontologia conceitos que foi elencado pelos
filósofos gregos e que serviu de modelo para os pensadores medievais. 
UNIDADE III
A Onto-Teologia Medieval
Professora Franciele Freire Favareto
APRESENTAÇÃO 
 
Olá, caro(a) estudante. A nossa viagem pelo conhecimento será no período da Idade 
Média, palco do nascimento da Filosofia Cristã e nossos principais personagens serão 
Santo Agostinho de Hipona e São Tomás de Aquino. 
Vimos na Unidade II a consolidação da Metafísica e a busca em explicar a Ontologia. 
O estudo do Ser foi o objeto de observação e estudo dos filósofos antigos. Platão e 
Aristóteles teorizaram e conceituaram o ser sem desvincular do sagrado. 
Porém, estudante, entraremos em um período em que a preocupação maior era unir 
a filosofia dos gregos com a fé cristã, que estava sendo instaurada. 
Com o advento do Cristianismo, surgiu a Patrística, que leva esse nome por ser 
estudada pelos Padres da Igreja, padres estes que tinham a herança intelectual dos 
filósofos gregos. A função desses padres era conciliar a fé e a razão como base do 
conhecimento. 
 Além da Patrística estudaremos a Escolástica, filosofia que fundamenta a fé como 
instrumento de conhecimento. Primeiro a fé, depois a razão, considera que o homem, 
denominado por criatura, não é capaz de chegar ao conhecimento das coisas na sua 
totalidade pela razão. 
Questões como existência do mal, fé versus razão e a prova da existência de Deus 
são assuntos que serão abordados nesta viagem. 
 
 
 
Bons Estudos! 
 
 
 
52
1 A QUESTÃO DA FINITUDE E INFINITUDE NO PENSAMENTO MEDIEVAL 
 
Figura - PRAGA, REPÚBLICA CHECA - 12 DE OUTUBRO DE 2018: O ar fresco barroco do 
teto de St. Agostinho entre os anjos na igreja de Santo Tomás de Václav Vavřinc Reiner (1689 
- 1743) 
 
 
A filosofia, na Idade Média, foi inserida de forma escassa, ocupando um lugar 
secundário, subordinada da Teologia, que neste momento era o conjunto dos saberes. 
Vale ressaltar que a idade média surge a partir de três fatores, a ruína do mundo 
clássico antigo, a invasão dos bárbaros e o Cristianismo. 
A passagem de um período para o outro acontece quando o antigo está 
arruinado, sofrendo processos de aniquilação forçando uma formação de um novo 
pensamento, deixando algum legado cultural. Não há uma ruptura sem deixar alguma 
herança; no caso do período clássico antigo para o medieval, a filosofia esteve 
presente mas não da mesma forma que no Classicismo, ou seja, a filosofia ficou 
abaixo da ciência divina (revelação). 
Neste momento, o homem medieval tende a olhar com os olhos da fé, voltado 
para as coisas do espírito, mirando a Vida Eterna, ou seja, enquanto no classicismo o 
homem é levado a buscar a posição de sábio para atingir a felicidade ou ser um 
homem de bem, na idade média, com o advento do Cristianismo, o homem só se 
realiza na plenitude divina – em Deus. 
53
Considerados como primitivos, os bárbaros abraçaram o Cristianismo de forma 
totalizante, não contribuindo com o pensamento filosófico. 
O terceiro fator para o fortalecimento da idade média foi o Cristianismo, 
trazendo como fundamento a renovação do homem, e, com a presença maciça dos 
bárbaros, o Cristianismo ganhou espaço no pensamento dos homens medievais. 
Na metafísica houve uma reelaboração da metafísica grega, pois alguns 
conceitos gregos não teriam chance de serem aceitos pelo cristianismo como aponta 
Chauí (2011). (CHAUÍ, 2011). Alguns desses conceitos são: a eternidade do mundo 
sensível e inteligível, a divindade é uma forma cósmica, impessoal, o homem é um 
ser natural (corpo e alma) e seu intelecto (razão) é superior e imortal, a liberdade é 
uma atividade humana (ação) o que orienta na escolha e governa a vontade, o 
conhecimento é uma ação da razão,segundo Chauí (2011). Essas e outras que não 
foram citadas não faziam parte do fundamento do pensamento medieval atribuído ao 
Cristianismo. 
A grande dificuldade encontrada no início do Cristianismo foi unir a razão de 
forma filosófica com as verdades da crença e um ponto central dessa problemática foi 
a questão da finitude e infinitude. 
No Dicionário Básico de Filosofia, a palavra finitude tem o seguinte significado: 
"O pensamento cristão introduz, na origem do mundo criado, um Deus perfeito e 
infinito. O infinito ganha um sentido positivo, mas a finitude do mundo criado não sai 
da ordem das coisas” (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006, p. 112). Se para os gregos 
Deus aparece de forma cósmica e impessoal, segundo Chauí (2011, p. 243), 
“participamos da natureza com a nossa alma, participamos da inteligência divina”, ou 
seja, o homem além de interagir participa de toda realidade. 
Mas como se ajustou a filosofia grega com o pensamento medieval sobre a 
questão do homem e Deus? 
Este ajuste, caro(a) aluno(o), partiu da separação entre o homem e Deus na 
concepção cristã, através do pecado original. Mas antes faz-se necessário 
entendermos essaproblemática da finitude e infinitude. 
Na Escolástica do século IX ao XVI pulverizou a expressão “o agir segue o ser”, 
ou seja, o ser infinito – Deus – e aos seres finitos – criaturas. O ser é, portanto, fonte 
54
do agir. No ser finito, o agir é o seu processo natural de ser-mais, de crescer no ser1, 
de se enriquecer ontologicamente, aproximando de sua essência, do ser infinito 
(COUTINHO, 2008, p. 132). 
Finitude caracteriza-se por condição humana, seja na concepção cristã, por 
oposição à transcendência e à perfeição divina, “[...]o infinito vai ser filosoficamente 
pensado como positivo – por oposição à finitude (humana), que é doravante 
compreendida como negação (ou carência) do ser” (DUROZOI; ROUSSEL, 1993, 
online), Deus é o que dá vida às criaturas segundo Meier (2014). 
No pensamento medieval, Deus é o criador de tudo que existe, sendo assim, o 
ato puro, ser por essência, configurando, portanto, que tudo que existe, é derivado 
desse Deus. No pensamento medieval, a criação do mundo e das criaturas se deu a 
partir de uma iniciativa de amor gratuito, ao contrário do pensamento grego, que Deus 
não é gerador da matéria (MEIER, 2014). 
Vale ressaltar, caro(a) aluno (a), que a metafísica medieval não dialoga com a 
metafísica do classicismo, pois ela deixou de ser indagação passando para questões 
e respostas dogmáticas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 A expressão “ser-mais, crescer no ser” demonstra que a ação dos seres finitos é um processo que 
engrandece o ser finito, com meta de se aproximar do Infinito. 
55
 2 PATRÍSTICA E A EXISTÊNCIA DO MAL 
 
Figura - Santo Agostinho 
 
 
A Patrística (séc. II ao séc. V) é considerada a primeira corrente filosófica na 
fase cristã. Leva esse nome por indicar como pensadores os Padres da Igreja, por 
serem os primeiros a fundamentar a doutrina cristã. 
Inicia com São Paulo e com os evangelhos de São João e finda no século VIII, 
com o início do período medieval. 
A filosofia Patrística inaugurou a relação entre a filosofia greco-romana e a fé, 
isto é, relacionar a filosofia antiga com os pensamentos na nova religião que surgia, o 
Cristianismo. Esta filosofia tinha como objetivo converter pagãos, aqueles que não 
aceitavam ou não conheciam a nova religião, introduzindo conceitos e fundamentos 
contrários ao pensamento clássico antigo. Esses fundamentos eram: a existência do 
mal, fundamentar que a criação aconteceu do nada, que o homem carrega um pecado 
original, a existência de um juízo final etc. 
O assunto que iremos abordar dentro da Filosofia Patrística é a existência do 
mal, tema tratado por Santo Agostinho. 
Santo Agostinho, o bispo de Hipona, nasceu em 354 e converteu-se ao 
cristianismo em 386. Serviu ao cristianismo até 430, ano da sua morte. Filho de pai 
pagão e mãe cristã, teve o privilégio de frequentar e acessar a educação clássica e, 
ao contrário de quem tinha o mesmo acesso a esta educação, não teve resistência 
aos pensamentos e filosofias fora do âmbito cristão. Agindo de forma contrária, 
Agostinho apropriou-se da filosofia platônica para defender o pensamento cristão. 
56
Santo Agostinho justificava que os gregos não erraram por completo, apenas 
não atingiram a razão, pois acreditava que o homem tem uma limitação, causando a 
impossibilidade de conhecer todas, porém, defende que o homem – criatura – carrega, 
na sua interioridade, a verdade. O homem é um ser racional, porém sua inteligência é 
para buscar Deus, no pensamento de Agostinho a fé não prescinde da razão. 
Destarte, Agostinho problematiza a questão do mal. Em primeiro momento, 
indaga a origem, sendo o homem fruto do amor de Deus – criador de todas as coisas 
–, é impossível pensar que O Criador foi o criador do mal. 
Agostinho, recorre à matéria em um primeiro momento. Será que o mal surgiu 
da matéria criada por Deus? Mas se Deus é infinita bondade e onipotente, criar o mal 
seria contrariar o que Deus é. Portanto, o mal não advém da criação da matéria. Dessa 
forma, não tem como alegar que o mal é criação divina, sugestionando que o mal é a 
privação do bem. 
Alcançamos, caro(a) aluno(a), três formas que Agostinho aponta como possível 
a existência do mal, são elas: metafísica, moral e físico. 
O mal metafísico não tem existência no cosmo, não existe uma entidade que 
aborda essa característica. Para Agostinho, o mal metafísico é a inferioridade do 
homem em relação ao Criador, isto é, o que acontece é a existência de criaturas que 
estão em diferentes graus, porém, não conclui, acrescenta que o mal metafísico 
perante o ponto de vista da grandiosidade que é o Universo, o mal metafísico 
desaparece incluindo também em seu raciocínio, que aparentemente Deus sendo o 
criador de tudo seria responsável pelo mal (MEIER, 2014). 
Para resolver a questão do mal, Agostinho defende que nada mais é do que 
uma interpretação a partir do ponto de vista da medida de quem analisa. O mal, a 
partir da moral, de acordo com Meier (2014), é consequência do pecado cometido 
pelo homem, por não saber fazer uso do livre-arbítrio, o homem que peca moralmente 
escolhe desviar do caminho de Deus, aproximando-se dos bens finitos, mundanos. 
A condição do mal no olhar físico surge devido às ações moralmente erradas, 
ou seja, quando o desviamos de Deus, consequentemente o físico e o espiritual 
tendem ao sofrimento. 
Santo Agostinho, segundo Meier (2014), sugere que o mal, em todas as suas 
formas, é nada mais que o orgulho, vaidade do homem enquanto criatura singular ou 
vivendo coletivamente, é a corrupção do ordenamento da Natureza. 
Concluímos, caro(a) aluno(a), a problemática em volta do mal questionada por 
Santo Agostinho, pensador da Filosofia Patrística. 
 
 
 
57
3 ESCOLÁSTICA: FÉ X RAZÃO 
 
Imagem de Santo Tomás de Aquino 
 
 
Querido(a) aluno(a), agora iremos estudar o período conhecido por Escolástica, 
que surge no final do século V, sobrevivendo até o século XVI. Foi neste período que 
surgiu a primeira Universidade atuando como ponto de partida para difundir o 
conhecimento cristão. Neste período, o aristotelismo se fez presente nos estudos de 
São Tomás de Aquino. 
Tomás de Aquino nasceu em 1225, na Itália, em uma família abastada. É o 
pensador mais importante para a doutrina cristã, responsável por “cristianizar” a 
filosofia de Aristóteles, fundamentando o aristotelismo a serviço da fé. 
Haja vista que na filosofia cristã, Tomás também busca conciliar a fé e a razão. 
Tem como tese a possibilidade que o homem pode alcançar em provar a existência 
de Deus através da mente, embora não consiga decifrar por completo, pois os 
sentidos não têm condições de alcançar. Faz-se necessária a intervenção da fé. 
 Tomás de Aquino teve como objeto de estudo a conciliação da fé com a razão. A fé, 
para Tomás de Aquino, é a verdade que ultrapassa a razão, seguindo a concepção 
que a razão demonstra, de forma racional, o que a fé revela, ou seja, a razão é o 
caminho para a fé. 
 
 
58
4 PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS 
 
 
 
Caro(a) aluno(a), é na Filosofia Cristã que pensadores e teólogos buscam 
provar a existência de Deus. Claro, em virtude de afirmar e fundamentar a doutrina 
cristã, conhecida por nós de Cristianismo. Vimos no início desta Unidade os fatores 
que causaram a mudança da metafísica, ou melhor, a mudança de conceitos referente 
a assuntos metafísicos desenvolvidos pelos filósofos gregos. 
É através da filosofia cristã que surgem os dogmas religiosos em defesa da fé, 
que estava sendo pulverizado. Encontrar respostas para questões que alimentavam 
a filosofia cristã foi o papel da Patrística e da Escolástica. 
Com a Patrística, Santo Agostinho problematizou a questão do mal. Mas não 
foi sua única tese. Agostinho também desenvolveu a sua filosofia sobre a existência 
de Deus. Alegava que a razão humana é incapaz de resolver e entender a existência 
de Deus, que esta questão é subjetiva, ou seja, essa problemática é uma questão a 
ser resolvida pela fé. 
Para embasarsua teoria sobre a existência de Deus, divide os seres em 
insensíveis, sensíveis e racionais, as pedras seriam seres insensíveis, os animais 
sensíveis e o homem racional. Deus é para Agostinho “verdade superior”. Partindo 
dessa sequência, o homem, por ser dotado de razão, estaria acima dos seres 
insensíveis e sensíveis, por ser capaz de emitir julgamento, porém está abaixo de 
Deus, que é a verdade em excelência. 
59
Na Escolástica, Tomás de Aquino é o grande expoente, conciliando a fé com a 
razão, desenvolvendo cinco vias que provam a existência a Deus: 1ª via - Motor 
Imóvel, 2ª via - Causa primeira, 3ª via - Necessário e contingente, 4ª via - Graus de 
perfeição e a 5ª via - Finalidade do ser. 
A primeira via tomista aponta para o movimento, tudo que se move precisa que 
seja movido, essa questão seria infinita se não fosse admitido a existência de um 
Motor Imóvel, o que dá movimento sem se mover, Tomás atribui esse Motor a Deus. 
A segunda via, Causa primeira, sinaliza que tudo que existe deve-se a uma 
causa que foi a primeira, pois as coisas não têm origem em si. Neste caso, Deus é a 
causa primeira de todas as coisas. 
O necessário e o contingente que corresponde à terceira via, responde a coisas 
que existem ou que já existiram. Para as coisas existentes, a causa primária sustenta 
a explicação; e para sustentar as coisas que já existiram, mas que não existem mais, 
não é concebido sua geração acontecer do nada, por ser contingente existir ou não, 
não afeta de ter sido gerado pela Causa primeira, Deus. 
A quarta via tomista diz respeito aos Graus de perfeição. Todas as coisas são 
melhores ou piores e, para definir o grau de perfeição, é necessário existir um modelo 
que seja, por excelência, perfeito para atender parâmetros. 
E a última via, a quinta, é a Finalidade do ser. A natureza é ordenada a chegar 
ao fim, e, para isto, existe um ser Deus, que, através de sua excelência, orienta tudo 
que é referente à natureza, todas as coisas, a chegar ao fim. 
Tomás, com explanação das cinco vias, tenta, de alguma forma, justificar uma 
causa primeira, causa esta que todas as outras coisas dependem, Deus (IZÍDIO, 2013, 
p. 35). 
Não apenas Agostinho e Tomás tentaram provar a existência de Deus, Santo 
Anselmo argumentou que existem dois tipos de perfeição, a perfeição que existe por 
excelência e a perfeição que é fruto da mente. A perfeição por excelência é a que 
realmente existe, superando a perfeição imaginária. O que contribui para existir a 
perfeição por excelência é que ela existe e, se Deus é perfeito por excelência, não 
tem como argumentar que Deus não existe (NICOLA, 2005, p. 140). 
60
SAIBA MAIS 
 
NEOESCOLÁSTICA 
 
No século XIX, o pensamento Tomista reapareceu como o nome de Neotomismo pelo 
Papa Leão XIII. A intenção era restaurar a filosofia cristã. 
 
Fonte: A Autora. 
 
SAIBA MAIS 
 
 Algumas ocorrências oriundas da Idade Média impulsionaram o Renascimento. Vale 
ressaltar: as Grandes Navegações, o evento da colonização, a Revolução Comercial, 
o Capitalismo, o surgimento da burguesia e o proletariado foram força motriz para a 
superação da razão, libertando-se das crenças aplaudidas na Idade Média. 
 
Fonte: A autora. 
 
REFLITA 
 
“Procurei o que era o mal e não encontrei uma substância, mas sim uma perversão 
da vontade desviada da substância suprema – de vós – ó Deus.” 
 
Fonte: Agostinho (1996, p. 190). 
 
REFLITA 
 
 Os monges foram os grandes responsáveis pela reprodução das obras clássicas, 
chamadas de copistas. A pergunta é: quem decidia o que era escrito, quem 
manuseava os manuscritos? 
 
Fonte: A autora. 
 
 
61
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Caro(a) aluno(a), concluímos a Unidade III, superando temas que foram o alimento 
para fundamentar a Filosofia Cristã. 
Viajamos pelo período da Idade Média, época em que a filosofia foi posta à prova, 
resultando subordinação à crença – a fé. 
Com a passagem do pensamento clássico antigo para a Idade Média, aprendemos 
que a metafísica grega sofre alterações, sendo reelaborada pelos padres, teólogos. 
O homem medieval, principalmente aquele que estava incumbido de instaurar e 
fortificar a nova metafísica, utilizou os pensamentos dos filósofos antigos e readequou 
às necessidades da Igreja. 
Filósofos pertencentes ao Classicismo como Platão e Aristóteles foram considerados 
“Autoridades”, pois Agostinho banhou-se da filosofia platônica e Tomás de Aquino, 
da filosofia aristotélica. 
 
 
 
 
 
62
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
REFLEXÕES DE TOMÁS DE AQUINO 
 
O objetivo deste texto é analisar as principais reflexões que Sto. Tomás de Aquino 
faz, de modo particular na Suma Teológica e na Súmula Contra os Gentios, acerca da 
natureza de Deus e sua criação, bem como das observações referentes à fé e a razão, 
a fim de compreender as objeções e alguns propósitos da ciência teológica de São 
Tomás. 
São Tomás procura conciliar a filosofia aristotélica com os princípios do cristianismo; 
desta forma, Tomás utiliza o discurso filosófico para abordar assuntos teológicos: 
refutar os argumentos dos adversários, esclarecer, defender e transmitir os 
ensinamentos da Doutrina Sagrada, ou ciência divina, a qual equivale a conteúdos de 
verdades reveladas pelo próprio Deus a fim de corrigir, educar os homens na justiça 
e ordená-los ao caminho da salvação (Suma T., art. 1, p. 138). 
Todavia, vale questionar: até que ponto o discurso argumentativo ou racional é 
vantajoso e útil para a teologia? Considerando que o conhecimento humano tem seu 
princípio na sensibilidade e depende da experiência, é possível conhecer e 
demonstrar a natureza e essência de Deus: um ser transcendental e finito? O nosso 
intelecto é suficiente e capaz de entender as verdades divinas, e estas são acessíveis 
aos homens? 
Diante dessas dificuldades convém analisar a primeira objeção do artigo 1 referente à 
primeira questão da Suma Teológica, onde São Tomás declara que: “na verdade, o 
homem não deve esforçar-se por alcançar aquilo que está acima da razão humana. 
“Não te afadigues com obras que te ultrapassam”, diz o Eclesiástico” (Suma T., art. 1, 
p. 137); logo, fica claro que a razão humana é limitada e insuficiente para alcançar um 
conhecimento pleno das coisas divinas, e como nos afirma ainda a seguinte 
passagem: “a verdade sobre Deus pesquisada pela razão humana chegaria apenas a 
um pequeno número, depois de muito tempo e cheia de erros” (Suma T., art. 1, p. 
138). Nesta linha de raciocínio, é possível perceber uma semelhança entre Tomás e 
o pensamento cartesiano, como em suas meditações, Descartes também admite as 
imperfeições e os limites da razão natural em relação a realidade de Deus - um ser 
63
independente, infinito e absoluto Ora, o que sustenta e garante, portanto, ao homem, 
a existência e a plenitude de Deus? 
Nessa medida pode-se inferir que a questão em pauta está, pois, no âmbito da fé, 
conforme São Tomás pontua: “embora não se deva investigar por meio da razão o 
que ultrapassa o conhecimento humano, contudo, o que é revelado por Deus, deve-
se acolher na fé” (Suma T., art. 1, p. 139). Percebe-se que Sto. Tomás faz uma 
articulação entre a fé e a razão e sustenta que elas são distintas uma da outra, mas 
não opostas; como já havia mencionado anteriormente: Tomás serve-se da razão 
natural para explicar os “preâmbulos da fé”, contestar e mostrar o erro dos que 
criticaram o pensamento cristão, defender e manifestar os ensinamentos religiosos e 
divinos; neste sentido, vê-se que o objetivo não é provar os princípios divinos: porque 
estes são indemonstráveis e verdadeiros por si mesmos - uma vez que recebem a 
certeza da luz divina, ou seja, são revelados pelo próprio Deus. 
Nota-se, com efeito, que, para São Tomás, a razão e a fé possuem cada uma a sua 
ordem, mas ambas não podem opor-se. E ponderando que a verdade é una - e que 
Deus é a verdade absoluta - a verdade segundo a razão e a verdade segundo a fé

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