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GESTÃO EM EDUCAÇÃO 
INTEGRAL
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Cláudia Maria Francisca Teixeira
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Prof.ª Tathyane Lucas Simão
 Prof. Ivan Tesck
Revisão de Conteúdo: Graciele Alice Carvalho Adriano
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2017
Ficha catalográfi ca elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
370.2
T266g Teixeira, Claudia Maria Francisca 
 Gestão em educação integral / Cláudia Maria Francisca Teixeira. 
Indaial: UNIASSELVI, 2017.
 
 167 p. : il.
 ISBN 978-85-69910-79-4
 1.Gestão Escolar. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Cláudia Maria Francisca Teixeira
Graduada em Bacharelado e Licenciatura 
Plena em História pela Universidade do Estado 
do Rio de Janeiro (1994) especialização em 
Informática Educativa, pela FERJ, em 1999. Mestre 
em Educação pela Universidade de Estado de Santa 
Catarina. Professora alfabetizadora e de educação 
infantil da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro de 
1983 a 1995. Professora de História da prefeitura 
municipal de Florianópolis a partir de 1996. Atuou 
na função de assessora pedagógica no Núcleo de 
Tecnologia Educacional da Secretaria de Educação 
deste município, de 1998 a 2016, ministrando 
cursos para educadores no uso pedagógico 
das tecnologias de comunicação digital e como 
coordenadora nos períodos de 2005/2006 
e 2015/2016. Participou do GT-EaD que 
implementou a formação a distancia nos cursos 
de educação continuada para educadores na 
Prefeitura de Florianópolis, sendo coautora do 
caderno de Introdução à EaD e ao Ambiente 
Virtual e Professora articuladora dos Cursos: 
Gestão e Ética e Educação Integral. Também 
atuou como tutora e professora formadora 
em cursos na modalidade a distância na 
UFSC: Educação Integral e Integrada 
(2008), Especialização em Coordenação 
Pedagógica (2010/11 e 2012/13).
Sumário
APRESENTAÇÃO ....................................................................01
CAPÍTULO 1
Gestão Escolar e Educação Integral ..................................9
CAPÍTULO 2
Paradigma Contemporâneo da Educação Integral/
Integrada ................................................................................63
CAPÍTULO 3
Gestão Escolar e os Desafios da Escola de Tempo
Integral ................................................................................121
APRESENTAÇÃO
Car@ pós-graduand@!
A disciplina Gestão em Educação Integral tem o propósito de oferecer o estudo 
acerca da Educação Integral, abordando as questões da gestão educacional e 
escolar e sua aplicabilidade à educação de crianças, jovens e adultos na atualidade.
No primeiro capítulo focaremos nos princípios da administração geral, os tipos 
de gestão e suas possibilidades de aplicação na educação integral.
No segundo capítulo partiremos das experiências em educação integral no Brasil 
do século XX e início do atual, bem como as lições desses para as proposta em 
educação integral a serem implementadas, passando pela legislação, a participação 
da família, comunidade e demais setores da sociedade para o alcance de uma 
educação de qualidade social.
No terceiro e último capítulo reforçaremos os conceitos e fundamentos teóricos 
estudados, os marcos legais e os caminhos metodológicos possíveis aos programas 
que se propõem implementar uma educação integral de qualidade. 
Esperamos contribuir com as reflexões acerca da construção social e política de 
uma escola com foco na formação integral, que converte-se em espaço essencial, no 
qual se articulam experiências educativas que favoreçam o desenvolvimento integral 
de crianças, jovens e adultos. 
Um bom estudo a tod@s!
CAPÍTULO 1
Gestão Escolar e Educação 
Integral
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos 
de aprendizagem:
 Compreender o processo histórico da gestão escolar e sua aplicação no 
contexto da educação integral.
 Conhecer princípios teóricos da administração como ciência e sua infl uência na 
gestão da educação.
 Conceituar gestão educacional e escolar.
 Reconhecer os diferentes aspectos da gestão escolar presentes na educação 
integral.
 Compreender as implicações político-pedagógicas da escola integrada e 
integradora.
 Fazer a relação entre as teorias administrativas e a aplicação na educação.
 Realizar a identifi cação dos diferentes tipos de gestão escolar.
 Refl etir acerca da importância do gestor no planejamento, articulação de 
recursos humanos e fi nanceiros, avaliação pedagógica e integração da 
comunidade numa proposta de educação integral.
 Conceituar a escola integrada e integradora e aspectos da sua gestão.
10
 GESTÃO EM EDUCAÇÃO INTEGRAL
11
GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INTEGRAL Capítulo 1 
ConteXtualiZação
Neste capítulo estudaremos a Educação Integral, abordando as questões da 
gestão educacional e sua aplicabilidade à educação de crianças, jovens e adultos 
na sociedade atual.
 Para começo de conversa, o que podemos compreender, de forma objetiva, 
como educação integral? Como uma concepção de educação, que entende a 
necessidade do ato educativo, contempla as múltiplas dimensões dos sujeitos, 
isto é, as dimensões intelectual, física, emocional, social e cultural, na qual 
educar constitui um projeto coletivo, compartilhado por crianças, jovens, famílias, 
educadores, gestores e comunidades locais?
Nessa perspectiva a escola, tendo como foco a formação integral de 
crianças, jovens e adultos, converte-se em espaço essencial, no qual se articulam 
experiências educativas que favoreçam o seu desenvolvimento integral. 
A organização de espaços, a articulação dos diversos agentes e recursos 
necessários à concretização desta escola promotora de uma educação de 
qualidade, que atenda às expectativas da sociedade contemporânea, é que 
podemos chamar de gestão escolar. A gestão escolar, suas especifi cidades e 
aplicabilidades na educação integral e integrada será o objeto central de nossos 
estudos neste capítulo.
Primeiramente veremos como a ciência da administração infl uenciou, com 
suas teorias, a gestão na educação, passando pelos tipos de gestão e depois 
abordaremos sua relação com a educação integral. Para compreendermos 
este último item, revisitaremos questões fundamentais à compreensão da 
complexidade da educação integral na contemporaneidade e as implicações de 
sua implementação.
12
 GESTÃO EM EDUCAÇÃO INTEGRAL
HistÓria da Gestão Escolar: Do 
Mundo Empresarial Para a Escola 
Vejamos como iniciou a história da administração, para então chegarmos ao 
seu uso no âmbito da educação nos tempos de hoje.
A administração, como ciência, pode ser considerada recente, no entanto o 
ato ou conjunto de ações que visem uma organização ou registro de procedimentos 
necessários à produção de bens, alimentos, construção habitações e até 
cidades podem ser encontrados desde as antigas civilizações. Como nos aponta 
Maximiano (2007), que lista das antigas civilizações princípios administrativos até 
hoje defendidos e utilizados por teóricos da administração:
• Egípcios – a burocracia administrativa. 
• Babilônios – os registros de transações comerciais e controle das mesmas. 
• Assírios – depósitos de suprimentos e colunas de transportes, que podem 
ser considerados precursores da logística atual. 
• Gregos – os princípios da democracia participativa, planos de estratégia, 
conceitos de qualidade, pregação da ética e igualdade na administração.• Romanos – criadores dos tributos, primeiros organizadores de empresas em 
outro país e de associações artesanais, as guildas.
• Chineses – ensinamento de planejamento, comando, doutrina e estratégia 
militar.
No entanto, apesar desses fatos, estudiosos apontam como marco da 
administração moderna a Revolução Industrial, que na segunda metade do século 
XIX implementou o modo de produção capitalista, com a substituição do trabalho 
artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas. O crescimento acelerado 
e desorganizado das primeiras indústrias passou a exigir uma administração mais 
científi ca, que fosse capaz de substituir o empirismo e a improvisação, bem como 
a necessidade de maior efi ciência e profundidade das empresas para fazer face à 
intensa concorrência e competição no mercado. 
13
GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INTEGRAL Capítulo 1 
ConHecendo um Pouco das Teorias 
de Administração
No início do século XX há o desenvolvimento de uma grande quantidade 
de teorias administrativas, e de acordo com Chiavenato (2000), as teorias mais 
importantes e que mais contribuíram para o desenvolvimento das organizações 
foram: 
a) Teoria clássica da administração 
A partir dos estudos de Frederick Taylor e Henri Fayol é que se formou a 
Escola Clássica. Taylor preocupava-se com a análise metodológica do trabalho, 
defendendo que cada pessoa dentro da organização deveria saber exatamente 
o que fazer, e fazê-lo muito bem. Separando planejamento e execução, o 
taylorismo utilizou o estudo de tempos e movimentos como o principal método 
para padronizar as atividades dentro das organizações, principalmente nas linhas 
de produção. Henry Fayol focou seus estudos nas estratégias para administrar, 
preocupando-se com as hierarquias do operário à gerência, propôs um modelo de 
organização do trabalho e gerenciamento cartesiano por meio da especialização 
de funções, dando ênfase às tarefas que foram simplifi cadas e padronizadas, 
tendo como objetivo o aumento dos índices de produtividade. Entendia que a 
gerência poderia ser ensinada. 
Enquanto Taylor voltou-se para o “chão da fábrica”, Fayol focou na alta 
administração das empresas. Essas teorias se preocuparam em construir um 
modelo de administração baseado na racionalização e no controle das atividades 
humanas. Ambas, apesar de suas contribuições à formação da ciência da 
administração, receberam a crítica de colocarem as empresas isoladas do 
contexto da sociedade, observando somente os aspectos da produção, dentro de 
um sistema “fechado”.
14
 GESTÃO EM EDUCAÇÃO INTEGRAL
Figura 1 – Filme Tempos Modernos
Fonte: Disponível em: <http://www.cinevest.com.br/imgs/post/28_0_gr.jpg>. Acesso em: 30 
ago. 2017.
Assista ao clássico do cinema “Tempos Modernos”, produzido 
em 1936 e estrelado por Charlie Chaplin. Veja o quanto, com humor, 
o artista critica o modo de produção capitalista e, por conseguinte, a 
administração científi ca de massifi car e tornar mecanicista o trabalho 
do homem nas indústrias.
b) Teoria das relações humanas
A partir de uma pesquisa de verifi cação da correlação entre produtividade e 
iluminação do local de trabalho, realizada dentro dos princípios da administração 
científi ca pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, percebeu-se a 
infl uência dos aspectos sociológicos, psicológicos e emocionais na produtividade 
dos trabalhadores. Assim, preconizava que quanto maior a integração social no 
grupo de trabalho, maior a disposição para produzir.
A teoria das relações humanas estabelecia que a complexidade do ser 
humano deveria ser considerada no interior das organizações, tendo como 
princípios básicos a natureza da motivação humana, e o ambiente social externo 
da organização deveria receber atenção. Outro princípio importante para essa 
teoria é a percepção de que uma organização se caracteriza por ser um sistema 
social aberto, cujos valores, sentimentos e atitudes dos sujeitos que a compõem 
interferem no processo de produção.
15
GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INTEGRAL Capítulo 1 
c) Teoria neoclássica da administração 
No período pós-Segunda Guerra Mundial o mundo passou por aceleradas 
mudanças e as organizações passaram por transformações signifi cativas, com 
o surgimento da televisão, do motor a jato e o avanço das telecomunicações, 
dentre outros. Com isso as teorias administrativas existentes foram revistas 
para fazer adequações aos novos tempos, costumes e necessidades. Assim, 
elaborou-se a abordagem neoclássica como uma readequação da Teoria Clássica 
às transformações ocorridas no modo de vida, produção e consumo. Tal teoria 
consiste numa abordagem prescritiva e normativa com caráter misto, entre os 
aspectos formais e informais, e ênfase nos objetivos e nos resultados. É em 
função dos objetivos e resultados que a organização deveria ser dimensionada, 
estruturada e orientada, como meio de avaliar seu desempenho.
d) Teoria da burocracia
A teoria da burocracia surgiu a partir dos estudos de Max Weber, sociólogo e 
economista alemão, autor da “Sociologia da Burocracia”. Seria uma resposta de 
estudiosos da administração ao excesso de mecanicismo da Teoria Clássica e o 
que era considerado como demasiado aspecto sociológico e utópico da Teoria das 
Relações Humanas. Segundo Weber, a burocracia seria a forma de organização 
efi ciente por excelência, pois a principal característica da abordagem burocrática é 
a ênfase no aspecto descritivo e explicativo de cada etapa e sujeitos envolvidos na 
produção de bens e serviços. Essa teoria administrativa prima por funcionários com 
cargos bem defi nidos, e que se pautam por um regulamento fi xo, determinada pela 
rotina e a hierarquia com linhas de autoridade e responsabilidade bem demarcadas.
e) Teoria comportamental
A Teoria comportamental foi elaborada como resposta à busca por um novo 
padrão de teoria e pesquisa administrativas para explicar o comportamento 
organizacional. Defende, assim, a valorização do trabalhador em qualquer 
empreendimento, baseado, sobretudo, na cooperação. Com infl uência do 
behaviorismo esta teoria aponta que o administrador precisa compreender o 
comportamento humano para utilizar a motivação humana como estratégia para 
melhorar a qualidade do ambiente dentro das organizações.
f) Teoria dos sistemas
A administração, com a orientação da teoria dos sistemas da biologia, tem 
o foco na empresa como um todo, isto é, o estudo do geral sobrepuja ao do 
particular. Por ter uma visão mais abrangente, parte da análise das organizações 
16
 GESTÃO EM EDUCAÇÃO INTEGRAL
como sistemas abertos, nos quais há interação e, ao mesmo tempo, independência 
entre cada segmento e etapas com o ambiente que os envolvem, considerando 
várias entradas (insumos) e saídas (resultados) para garantir esse constante 
intercâmbio com o meio. 
g) Teoria das contingências
As transformações aceleradas da metade do século passado refl etiram numa 
crescente complexidade do ambiente organizacional e na maior intensidade no 
uso de inovações tecnológicas nas empresas. Assim, necessitava-se de um novo 
paradigma administrativo em substituição aos existentes, que atendesse a essa 
demanda. A teoria das contingências enfatiza a administração como dependente 
de um determinado conjunto de circunstâncias de um contexto para conseguir 
os resultados almejados. Desta forma, as ações de caráter administrativo teriam 
seus resultados de acordo com as características situacionais e a solução dos 
problemas organizacionais básicos estariam na diferenciação dos ambientes 
de realização das tarefas e na integração entre os diversos departamentos 
produtivos.
Podemos perceber que a partir das teorias dos dois pioneiros, Taylor e Fayol, 
desenvolveram-se várias abordagens da administração como conhecimento 
humano. Cada uma dessas teorias fundamenta abordagens diferenciadas na 
forma de organizar o trabalho administrativo com ênfase ora na administração 
de tarefas, ora na estruturaorganizacional, nos processos ou nas pessoas e na 
busca de princípios universais para administração.
Tendo como base o resumo das diferentes abordagens das teorias 
administrativas, podemos compreender até que ponto há infl uência destas teorias 
no contexto educacional, em especial, na gestão escolar.
Que tal reler com atenção as teorias e verifi car se você percebe 
um pouco de cada uma no modelo de escola predominante que 
encontramos até os dias de hoje?
17
GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INTEGRAL Capítulo 1 
Continuando nossos estudos acerca da administração, encontramos no 
Novo Dicionário Aurélio (HOLANDA, 2009, p. 38) uma defi nição para o termo 
como “um conjunto de princípios, normas e funções que tem por fi m ordenar os 
fatores de produção e controlar a sua produtividade e efi ciência, para se obter 
determinado resultado”. Já Martins (1999, p. 22) nos apresenta a administração 
como “processo de planejar para organizar, dirigir e controlar recursos humanos, 
materiais, fi nanceiros e informacionais, visando à realização de objetivos”. A partir 
destes conceitos observamos que os termos como controle, produtividade e 
efi ciência, tão característicos do modo de produção capitalista, estão presentes 
neles. No entanto, como já falamos anteriormente, a administração enquanto 
atividade essencialmente humana precede a organização da sociedade sob a 
ótica capitalista. Chiavenato a sintetiza desta forma:
A palavra administração vem do latim ad (direção, tendências 
para) e minister (subordinação ou obediência) e signifi ca aquele 
que realiza uma função abaixo do comando de outrem, isto é, 
aquele que presta um serviço a outro. No entanto, a palavra 
administração sofreu uma radical transformação em seu 
signifi cado original. A tarefa da administração é a de interpretar 
os objetivos propostos pela organização e transformá-los em 
ação organizacional por meio do planejamento, organização, 
direção e controle de todos os esforços realizados em todas as 
áreas e em todos os níveis da organização, a fi m de alcançar 
tais objetivos da maneira mais adequada à situação. Assim, 
a administração é o processo de planejar, organizar, dirigir 
e controlar o uso de recursos a fi m de alcançar objetivos 
(CHIAVENATO, 2000, p. 6-7). 
E você? Como defi ne a Administração? Escreva com suas 
próprias palavras o que o termo signifi ca para você.
A Administração e a Gestão Escolar
Para que possamos traçar um paralelo entre as teorias administrativas e o 
processo de construção histórica da gestão escolar, buscamos em Lück (2006) o 
conceito de gestão escolar, que
18
 GESTÃO EM EDUCAÇÃO INTEGRAL
[...] constitui umas das áreas de atuação profi ssional na 
educação destinada a realizar o planejamento, a organização, 
a liderança, a orientação, a mediação, a coordenação, o 
monitoramento e avaliação dos processos necessários 
à efetividade das ações educacionais orientadas para a 
promoção da aprendizagem e formação dos alunos (LÜCK, 
2006, p. 24). 
Desta forma podemos entender, nos dias de hoje, a gestão 
escolar como o processo de organização de uma instituição 
educacional, resultante de um trabalho conjunto de uma equipe, que 
a partir de diagnóstico da realidade defi ne propósitos e seleciona 
os meios necessários para a sua realização, isto é, a gestão 
escolar estabelece metas, escolhe os rumos e encaminhamentos 
necessários, constituindo planejamentos de ações, estratégias e 
avaliação contínua, de modo a obter uma constante adequação 
à realidade na qual a instituição está inserida. Todo este processo 
implica o compartilhamento de decisões e a participação de todos os 
sujeitos envolvidos.
Para chegar a tal concepção, um caminho foi percorrido, e vimos que 
podemos ter na história da administração de empresas uma parte deste caminho, 
no que concerne aos conceitos das diversas teorias de administração aplicadas 
ao ambiente escolar.
Cabe lembrar o educador Paulo Freire (1995) em sua crítica à “educação 
bancária”, que teremos um exemplo da infl uência da organização empresarial 
fundada nos princípios capitalistas de produção na organização do trabalho 
escolar. No entanto, temos que ter claro que administração escolar tem suas 
especifi cidades que a diferenciam da administração especifi camente capitalista, 
cujo objetivo é o lucro. Por isso, os procedimentos adotados na escola não podem 
ser idênticos aos adotados na empresa, uma vez que administrar uma escola não 
se resume à mera transposição de métodos e técnicas do mundo administrativo 
empresarial, que não tem como objetivo alcançar fi ns pedagógicos (PARO, 2010).
A administração escolar no Brasil das primeiras décadas do século XX, de 
acordo com os estudos de Vieira (2003), era fortemente marcada pela visão de 
administração pautada na teoria clássica, estruturalista e burocrática. Desta forma, as 
decisões eram restringidas pela vontade do diretor da escola, ou dos altos escalões do 
sistema escolar como um todo, refl etindo numa organização da escola hierarquizada, 
centrada na autoridade e responsabilidade, marcadamente disciplinar.
Gestão escolar 
como o processo 
de organização 
de uma instituição 
educacional, 
resultante de um 
trabalho conjunto de 
uma equipe, que a 
partir de diagnóstico 
da realidade 
defi ne propósitos e 
seleciona os meios 
necessários para 
a sua realização.
19
GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INTEGRAL Capítulo 1 
Encontraremos na década de 1960 o uso de terminologias e práticas 
da produção industrial aplicadas nos processos educacionais, mantendo o 
predomínio da burocracia, hierarquia, disciplina e centralização das decisões, 
tanto das políticas educacionais quanto nas instituições educativas. Ao mesmo 
tempo, há infl uências das abordagens humanísticas, incorporando uma visão mais 
social da educação, inserindo a motivação dos estudos da psicologia para atingir 
os objetivos educacionais; da infl uência da abordagem neoclássica há o maior 
foco nos objetivos educacionais e no resultado das escolas, e uma preocupação 
na relação aprovação versus reprovação, isto é, nos dados estatísticos como 
avaliação da educação, e; da teoria sistêmica, a inserção da tecnologia da 
informação e sistematização da comunicação, como formulários de controle, 
planejamentos e avaliações.
Nas décadas fi nais do século passado, com o processo de globalização 
da economia, vivemos aceleradas mudanças nas dimensões políticas e 
socioculturais no Brasil e no mundo. As tecnologias de informação e comunicação 
(TIC) inserem-se cada vez mais em todos os âmbitos da vida em sociedade e a 
educação não se aparta deste processo. Se a produção se informatiza, vemos 
políticas de informatização serem formuladas e aplicadas também na educação.
A emblemática queda do muro de Berlim se desdobra, simbolicamente, na 
“queda de muros” que separa a escola da comunidade, há portanto, um processo 
de descentralização da gestão escolar, uma das mais importantes tendências das 
reformas educacionais em nível mundial. No Brasil vivenciamos concomitante 
ao processo de democratização na política, o processo de democratização nas 
escolas públicas, consolidado na promulgação da Constituição de 1988 e na Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação de 1996.
À medida que as teorias da administração geral se renovavam com as 
exigências de um modo de produção globalizado, a administração escolar 
também seria ajustada. Nas palavras de Vieira (2003, p. 40), “o aparelho escolar 
é inseparável do modo de produção capitalista, pois se apresenta como um 
instrumento para a reprodução das relações de trabalho e dominação existente 
entre as classes sociais”.
Este percurso apresentado não foi tão linear. Cabe lembrar que a história 
não se trata de um simples resumo de fatos, mas uma complexa e intrincada 
articulação das relações humanas nas dimensões sociais, econômicas, políticas 
e culturais ao longo do tempo. O que fazemos são recortes destes momentos 
históricos para fi ns didáticos.20
 GESTÃO EM EDUCAÇÃO INTEGRAL
Assim, compreendida a administração como ciência que subsidia a gestão 
dos recursos fi nanceiros, humanos e materiais necessários à produção de bens 
e serviços, fi ca mais fácil compreender o que Libâneo (2004, p. 215-216) nos 
apresenta como as principais características do que seja gerenciar no âmbito 
escolar:
- Dirigir e coordenar os andamentos dos trabalhos, o clima de 
trabalho, a efi cácia na utilização dos recursos e meios, em 
função dos objetivos da escola.
- Assegurar o processo participativo de tomada de decisões 
e, ao mesmo tempo, cuidar para que essas decisões se 
convertam em ações concretas.
- Assegurar a execução coordenada e integral das atividades 
dos setores e elementos da escola, com base nas decisões 
tomadas coletivamente.
- Articular as relações interpessoais na escola e entre a escola 
e a comunidade (incluindo especialmente os pais).
Estes quatro pontos fundamentais apresentados pelo estudioso da educação, 
desdobram-se nos instrumentos dos quais todo gestor escolar deve apropriar-se 
e incorporar ao cotidiano da instituição. São eles: planejamento de objetivos e 
estratégias pedagógicas; organização das pessoas e dos recursos para alcance 
dos objetivos pretendidos; execução com qualidade dos trabalhos planejados de 
acordo com os recursos disponíveis; avaliação de todos os processos e atividades 
desenvolvidas; comunicação das atividades e dos resultados alcançados para 
toda comunidade escolar; e formação continuada da equipe de funcionários da 
escola, visando ao aperfeiçoamento profi ssional e consequente qualifi cação do 
trabalho administrativo e pedagógico. 
Com base no que vimos até agora, podemos perceber a infl uência das 
diferentes teorias administrativas estudadas, ou seja, as transformações e 
permanências teóricas que aqui também se fazem presentes.
Paro enfatiza que cabe ao gestor escolar articular os instrumentos relacionados 
anteriormente às fi nalidades educacionais, no sentido de garantir que a escola 
cumpra o que ele entende como sua função social: “cumprir adequadamente um 
papel consciente de socialização da cultura e ao mesmo tempo de contribuição 
(por moderada que seja) para a democratização da sociedade” (PARO, 2010, p. 
84), o que implica a construção da cidadania participativa. No entanto, nos alerta 
que no caso da escola pública, há uma especifi cidade quanto ao seu objeto 
de trabalho: alunos, funcionários e professores não devem ser compreendidos 
como meros clientes, uma vez que há uma diferença entre os fi ns humanos da 
educação dos fi ns empresariais. 
21
GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INTEGRAL Capítulo 1 
Nessa perspectiva, na escola pública, ao contrário dos interesses capitalistas 
das empresas privadas, não pode ser o seu objetivo a obtenção do lucro 
fi nanceiro, mas possibilitar a fruição do conhecimento historicamente produzido e 
a experiência das práticas democráticas como condição de cidadania. Assim:
Novos desafi os e exigências são apresentados à escola, que 
recebe o estatuto legal de formar cidadãos com capacidade 
de não só enfrentar esses desafi os como de superá-los. 
Como consequência, para trabalhar em educação, de modo a 
atender às demandas, torna-se imprescindível que se conheça 
a realidade e que se tenham competências necessárias para 
realizar contextos educacionais, os ajustes e mudanças de 
acordo com as necessidades e demandas emergentes no 
contexto da realidade externa e no interior da escola (LÜCK, 
2006, p. 32).
Desta forma, a gestão da educação hoje extrapola a questão de 
simplesmente aplicar as teorias administrativas viáveis no mundo empresarial na 
realidade educacional. Vai além da defi nição de objetivos, escolha de estratégias 
e aplicação de recursos de forma fria e científi ca, pois a gestão da educação é 
responsável por garantir a qualidade de uma “mediação no seio da prática social 
global” (SAVIANI, 1980, p.120).
Com todo o processo de estímulo à participação de todos e todas, por 
meio de leis e movimentos sociais que resultaram na inserção da gestão 
democrática como processo fundamental à administração escolar, cada vez mais 
o compartilhamento das tomadas de decisões constrói coletivamente uma escola 
que se integra à sociedade, que interage com a realidade em que está inserida, 
ou seja, que promove uma educação para cidadania integral em sua essência.
Gestão Educacional e Gestão 
Escolar
A gestão educacional aplica-se à organização dos sistemas educacionais, 
enquanto a gestão escolar refere-se aos estabelecimentos de ensino. No que 
concerne à defi nição da política e da gestão da educação básica, no Brasil temos 
como instrumentos maiores a Constituição Federal (CF) de 1988 e a Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996).
22
 GESTÃO EM EDUCAÇÃO INTEGRAL
Saiba mais sobre a Constituição Federal acessando <http://
www.stf.jus.br/arquivo/cms/legislacaoConstituicao/anexo/CF.pdf> e a 
LDB em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>.
Para a CF e a LDB, a gestão da educação nacional orienta a organização 
dos sistemas de ensino federal, estadual e municipal; defi ne as incumbências da 
União, dos estados e dos municípios; relaciona as diferentes formas de articulação 
entre as instâncias normativas, deliberativas e executivas do setor educacional; e, 
regula a oferta de educação escolar pelo setor público e privado. 
No que diz respeito ao Poder Público, a educação deve ser compartilhada 
entre a União, os estados, o Distrito Federal (DF) e os municípios, sendo 
organizada sob a forma de regime de colaboração de acordo com o artigo 211 da 
CF e do 8º artigo da LDB. Já as competências e atribuições dos diferentes entes 
federativos encontramos explicitadas no artigo 3º da Emenda Constitucional (EC) 
nº 14/96 e especifi cadas na LDB nos artigos 9°, 10º, 11º, 16º, 17º, 18º e 67º. 
No contexto da educação básica como atribuição dos estados, do Distrito 
Federal e dos municípios, temos no artigo 8º da LDB a defi nição da União com 
o papel de coordenação, articulação e redistribuição em relação às demais 
unidades federadas, tendo também a responsabilidade pela educação dos povos 
indígenas, tarefa a ser repartida com os demais sistemas de ensino (BRASIL, 
1996, p. 78-79). 
Considerar a diversidade nacional levou os legisladores a proporem uma 
organização descentralizada, na qual compete ao Governo Federal defi nir e 
assegurar as grandes linhas do projeto educacional do país. No entanto, a gestão 
educacional não é só legislação, também envolve circunstâncias 
políticas, e por isso depende de constante negociação e mediação 
de confl itos de interesses. Assim, o que muitas vezes na teoria 
se organiza, na prática pode ser difi cultada pelas condições de 
implementação que demandam disponibilidade fi nanceira (origem de 
capital e responsabilidade de custeio), recursos humanos e outras 
condições materiais e imateriais. 
Na gestão educacional brasileira, cada sistema tem um papel a 
desempenhar, e no que se refere à educação básica, cabe aos estados, 
Distrito Federal e municípios ofertá-la, fi cando o ensino médio como um 
dever dos estados e do Distrito Federal, e a educação infantil dos municípios.
Na gestão 
educacional 
brasileira, cada 
sistema tem um papel 
a desempenhar, e 
no que se refere à 
educação básica, 
cabe aos estados, 
Distrito Federal e 
municípios ofertá-la, 
fi cando o ensino 
médio como um 
dever dos estados e 
do Distrito Federal, 
e a educação infantil 
dos municípios.
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GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INTEGRAL Capítulo 1 
Cabe à União a responsabilidade sobre as escolas particulares e órgãos 
federais, aos estados e Distritos Federais compete as instituições de ensino 
mantidas por eles; as de nível superior mantidas pelos municípios, as particulares 
de ensino fundamental e médio, os órgãos estaduais de educação e as instituições 
municipais de ensino particulares de educação infantil. Sob a competênciados 
municípios fi cam as instituições de educação infantil e de ensino fundamental e 
médio mantidas pelos mesmos, as instituições particulares de educação infantil e 
os órgãos municipais de educação.
Assim os entes federativos compartilham responsabilidades, mas cada um 
possui atribuições específi cas, cabendo à União o papel de coordenar e articular 
os níveis de sistemas, aos estados e ao Distrito Federal o de elaborar e executar 
políticas e planos educacionais, e aos municípios organizar, manter e desenvolver 
seu sistema de ensino através da sua integração com as políticas e planos 
educacionais da União e dos estados.
Gestão Escolar
Enquanto a gestão educacional concentra-se nos aspectos macros da 
educação nacional, a gestão escolar trata das atribuições dos estabelecimentos 
de ensino, respeitando as normas comuns dos sistemas de ensino. Cada escola 
tem dentre as suas atribuições, segundo a LDB:
[...] elaborar e executar sua proposta pedagógica; administrar 
seu pessoal e seus recursos materiais e fi nanceiros; assegurar 
o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; 
velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; 
prover meios para a recuperação de alunos de menor 
rendimento; articular-se com as famílias e a comunidade, 
criando processos de integração da sociedade com a escola; 
informar aos pais e responsáveis sobre a frequência e o 
rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua 
proposta pedagógica (BRASIL, 1996, p. 3).
No que tange a elaboração e a execução de uma proposta pedagógica, esta 
pode ser compreendida como a principal das atribuições da escola, devendo sua 
gestão orientar-se para tal fi nalidade. Também cabe à escola gerir seu patrimônio 
material e imaterial. O primeiro é composto pelos prédios e instalações, 
equipamentos, laboratórios, livros, enfi m, tudo aquilo que se traduz na parte 
física da instituição escolar; o segundo refere-se às pessoas, às ideias e à cultura 
produzida em seu interior. 
24
 GESTÃO EM EDUCAÇÃO INTEGRAL
De acordo com a citação anterior, destacamos os incisos III, IV e V da 
LDB, que tratam do que seria a própria razão de ser da escola: o ensino e a 
aprendizagem. Assim, tanto lhe cabe “velar pelo cumprimento do plano de trabalho 
de cada docente”, como “assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula 
estabelecidas”, também “prover meios para a recuperação de alunos de menor 
rendimento” (BRASIL, 1996, p. 3) Ao exercer com sucesso as incumbências 
desses três dispositivos, a escola realiza a essência de sua proposta pedagógica.
Os incisos VI e VII do artigo 12º da LDB tratam de outra dimensão importante 
da gestão escolar: a relação com a comunidade. Assim, cabe à escola “articular-
se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração” entre esta 
e a sociedade e, ao mesmo tempo, “informar aos pais e responsáveis sobre 
a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua 
proposta pedagógica” (BRASIL, 1996, p. 5). 
Temos que destacar na gestão escolar a questão da autonomia que a 
escola possui e que está prevista na LDB, pois o exercício dessa autonomia 
possibilita o atendimento às especifi cidades regionais e locais, assim como às 
diversas clientelas e necessidades para o desenvolvimento de uma educação de 
qualidade. A legislação afi rma a existência de “progressivos graus de autonomia 
pedagógica e administrativa e de gestão fi nanceira” (BRASIL, 1996, p. 6), a serem 
defi nidas pelos sistemas de ensino. Orienta-se, desta forma, que a autonomia de 
uma escola não é algo espontâneo, mas construída a partir de sua identidade e 
história. Esses “graus de autonomia” correspondem a diferentes formas de existir 
de cada estabelecimento de ensino, sua história, tamanho, corpo docente, seu 
desempenho e gestão de recursos.
Outro destaque vai para a gestão democrática, também preconizada na 
Constituição Federal e na LDB de 1996, que estudaremos em um tópico específi co 
mais adiante, e que para Lück está atrelada ao conceito de gestão escolar:
Uma forma de conceituar gestão é vê-la como um processo 
de mobilização da competência e da energia de pessoas 
coletivamente organizadas para que, por sua participação ativa 
e competente, promovam a realização, o mais plenamente 
possível, dos objetivos de sua unidade de trabalho, no caso, os 
objetivos educacionais. O entendimento do conceito de gestão, 
portanto, por assentar-se sobre a maximização dos processos 
sociais como força e ímpeto para a promoção de mudanças, 
já pressupõe, em si, a ideia de participação, isto é, do trabalho 
associado e cooperativo de pessoas na análise de situações, 
na tomada de decisão sobre seu encaminhamento e na ação 
sobre elas, em conjunto, a partir de objetivos organizacionais, 
entendidos e abraçados por todos (LÜCK, 2006, p. 21).
25
GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INTEGRAL Capítulo 1 
O conceito de gestão para Lück (2006) tem na participação democrática a 
sua essência, pois parte do pressuposto de que o êxito de uma organização social 
depende da mobilização da ação conjunta de seus componentes, pelo trabalho 
associado, mediante reciprocidade que cria um “todo” orientado por uma vontade 
coletiva. Esta, aliás, é condição fundamental para que a educação se processe de 
forma efetiva no interior da escola, tendo em vista a complexidade e a importância 
de seus objetivos e processos. 
Então vimos que se a gestão educacional se refere aos sistemas 
de ensino e a gestão escolar situa-se no âmbito da organização 
da escola no desenvolvimento das suas atribuições sociais, isto é, 
na promoção do ensino e da aprendizagem para todos e todas, o 
estudo das políticas educacionais requer análise crítica das ações 
que emanam do poder público em suas diferentes esferas (União, 
estados, municípios) e de como chegam aos estabelecimentos de 
ensino. 
Um ponto importante é que se faz necessária a avaliação, por 
diferentes instrumentos e agentes, para aferição de como estas 
políticas se materializam em ações, traduzindo-se, ou não, na gestão 
educacional e escolar, bem como se respondem aos anseios da 
sociedade, no que concerne à educação de qualidade em todos os 
níveis e modalidades e em todo o território nacional. Lück (2006, p. 
24) ressalta que
[...] a gestão escolar é um enfoque de atuação, 
um meio e não um fi m em si mesmo. O fi m 
último da gestão é a aprendizagem efetiva e signifi cativa dos 
alunos, de modo que, no cotidiano que vivenciam na escola 
desenvolvam as competências que a sociedade demanda, 
dentre as quais se evidenciam pensar criativamente; analisar 
informações e proposições diversas, de forma contextualizada; 
expressar ideias com clareza, oralmente e por escrito; empregar 
a aritmética e a estatística para resolver problemas; ser capaz 
de tomar decisões fundamentadas e resolver confl itos.
Segundo a LDB (BRASIL, 1996), a gestão educacional engloba o 
conjunto de iniciativas desenvolvidas pelas diferentes instâncias de governo, 
as responsabilidades compartilhadas na oferta de ensino e outras ações que 
desenvolvem em suas áreas específi cas de atuação. Por outro lado, a gestão 
escolar situa-se no plano da escola e diz respeito a tarefas que estão sob sua 
esfera de abrangência. 
Gestão educacio-
nal se refere aos 
sistemas de ensino 
e a gestão escolar 
situa-se no âmbito da 
organização da escola 
no desenvolvimento 
das suas atribuições 
sociais, isto é, na 
promoção do ensino 
e da aprendizagem 
para todos e todas.
Se faz necessária a 
avaliação, por dife-
rentes instrumentos e 
agentes, para aferição 
de como estas políti-
cas se materializam 
em ações, traduzindo-
-se, ou não, na gestão 
educacional e escolar, 
bem como se respon-
dem aos anseios da 
sociedade.
26
 GESTÃO EM EDUCAÇÃO INTEGRAL
A gestão é processo indispensável para garantir condições ao 
desenvolvimento da política de educação. Assegura relações 
entre sistemas implicando em anéis de articulação e alinhamento 
entre suasações. Garante à rede escolar os insumos e apoios 
necessários para que a ação coletiva deste serviço público 
tenha efetividade. Tais insumos referem-se a recursos humanos, 
fi nanceiros e técnicos (BRASIL, 2011b, p. 69).
Nesse sentido, podemos dizer que a política educacional está 
para a gestão educacional como a proposta pedagógica está para a 
gestão escolar. Ambas se articulam e pode-se afi rmar que a primeira 
existe em função do trabalho que na escola se realiza. 
A política educacional 
está para a gestão 
educacional como a 
proposta pedagógica 
está para a gestão 
escolar. Ambas se 
articulam e pode-se 
afi rmar que a primeira 
existe em função 
do trabalho que na 
escola se realiza.
Tipos de Gestão Escolar
Após conceituarmos gestão educacional e gestão escolar podemos partir 
para a identifi cação dos diferentes tipos de gestão que aplicadas à educação 
contribuem para que esta atinja suas fi nalidades com qualidade.
Gestores e suas equipes, seja no âmbito macro das políticas e sistemas 
educacionais ou na escola, precisam planejar, monitorar e avaliar as ações, 
determinando a dinâmica e a qualidade da educação oferecida a crianças, jovens 
e adultos. Nesse sentido, a organização da gestão da escola necessita de meios 
que 
[...] valorizem os sujeitos envolvidos no processo, os aspectos 
pedagógicos presentes no ato educativo e, ainda, contemplem 
as expectativas dos envolvidos com relação à aquisição dos 
saberes escolares signifi cativos e às diferentes possibilidades 
de trajetórias profi ssionais futuras (DOURADO; OLIVEIRA; 
SANTOS, 2007, p. 10).
No âmbito da escola, a equipe gestora deve dar conta da implementação das 
políticas educacionais e projetos pedagógicos, criação de planos e estratégias 
para superar a limitação da fragmentação, elaborar e executar seu projeto 
pedagógico, tomar decisões para que a escola exerça a sua autonomia. Para tal, 
necessita prever formas de organização que permitam atender às peculiaridades 
regionais e locais, às diferentes clientelas e necessidades do processo de 
aprendizagem conforme a previsto no artigo 23 da LDB.
27
GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INTEGRAL Capítulo 1 
Precisamos pensar gestão no sentido de uma articulação entre ações que 
se realizam no cotidiano da instituição escolar e o seu signifi cado político e social. 
Signifi cado este que refl ete o desejo de uma escola que atenda às exigências 
da contemporaneidade, promovendo o acesso ao conhecimento historicamente 
construído a partir de práticas educacionais participativas, que forneçam as 
condições para que crianças, jovens e adultos possam se constituir cidadãos 
atuantes e transformadores da realidade sociocultural e econômica em que estão 
inseridos. 
Para fi m de melhor entendimento, vamos usar uma classifi cação 
da gestão escolar em três áreas, que devem funcionar interligadas, 
de modo integrado ou sistêmico. São elas: gestão administrativa e 
fi nanceira; gestão de recursos humanos; e, gestão pedagógica.
a) Gestão Administrativa e Financeira
De forma sintética a gestão administrativa escolar tem como principal função 
cuidar da parte física e da parte institucional. A primeira abrange o prédio e os 
equipamentos materiais que a escola possui, enquanto que a segunda, a legislação 
escolar, direitos e deveres, atividades de secretaria. Suas especifi cidades são 
defi nidas no Plano Escolar, também denominado Plano Político-Pedagógico de 
Gestão Escolar, ou Projeto Pedagógico e no Regimento Escolar. 
Vale destacar como principais atribuições da gestão administrativa na escola, 
segundo Lück (2006): 
● Gerenciamento correto e pleno da aplicação de recursos físicos, materiais e 
fi nanceiros da escola para melhor efetivação dos processos educacionais e 
realização dos seus objetivos.
● Organização, atualização e correção de documentação, escrituração, 
registros de alunos, diários de classe, estatísticas, legislação, de modo a 
serem continuamente utilizados na gestão dos processos educacionais.
● Promoção de ações que criem ambiente limpo, organizado e com materiais 
de apoio e estimulação necessários à aprendizagem dos alunos e sua 
formação para a cidadania e respeito ao meio ambiente.
● Coordenação na aplicação de recursos fi nanceiros e materiais e a sua 
prestação de contas correta e transparente, de acordo com normas legais, 
tanto dos recursos obtidos diretamente de fontes mantenedoras, quanto dos 
obtidos por parcerias e atividades de arrecadação.
● Otimização do uso dos recursos e equipamentos disponíveis na escola para 
a realização do trabalho pedagógico, mediante planejamento sistemático 
dessa utilização.
Três áreas, que 
devem funcionar 
interligadas, de 
modo integrado ou 
sistêmico. São elas: 
gestão administrativa 
e fi nanceira; gestão 
de recursos humanos; 
e, gestão pedagógica.
28
 GESTÃO EM EDUCAÇÃO INTEGRAL
● Cumprimento dos 200 dias letivos e das 800 horas de trabalho educacional 
de acordo com o artigo 24 da LDB. 
● Estímulo à correta utilização de materiais, mediante controle de estoque, de 
compra e de consumo.
● Manutenção das condições de uso dos bens patrimoniais disponíveis na 
escola mediante contínuo inventário dos mesmos e providência de consertos 
imediatos.
● Formulação de diretrizes e normas de funcionamento da escola e a sua 
aplicação, tomando as providências necessárias para coibir atos que 
contrariem os objetivos educacionais, bem como providências ante as 
irregularidades que venham a prejudicar as boas práticas profi ssionais.
Durante muito tempo a visão positivista infl uenciou a administração da 
escola, restringindo a gestão escolar aos recursos físicos, materiais, fi nanceiros e 
humanos como ação do diretor, que deveria na maior parte do seu tempo buscar a 
garantia desses recursos para a escola, na expectativa de que assim os processos 
educacionais se desenvolveriam “naturalmente”. Esta visão fragmentada dos 
processos educacionais foi superada por uma ótica da gestão mais abrangente 
e interativa. Tal mudança de paradigma passou a colocar a administração 
numa dimensão de papel subsidiário à ação educacional, no contexto de outras 
dimensões da gestão. Assim, a gestão administrativa, insere-se no
[...] conjunto interativo de várias outras dimensões da gestão 
escolar, passando a ser percebida como um substrato sobre 
o qual se assentam todas as outras, mas também percebido 
com uma ótica menos funcional e mais dinâmica. A passagem 
de uma ótica fragmentada da educação, para uma ótica 
organizada pela visão de conjunto (LÜCK, 2006, p. 26).
A percepção do papel, não central, mas participativo da administração dos 
recursos materiais e imateriais, repercutiu sobre a gestão da escola, demandando 
a necessidade de promoção de articulações entre os objetivos da ação pedagógica 
com os recursos disponíveis. À gestão administrativa cabe a constante análise 
do relacionamento entre os objetivos com o uso educacional de espaços, bens 
materiais e recursos fi nanceiros voltados para a sua realização. 
Lück (2006) identifi ca as ações que a gestão administrativa de recursos 
materiais e fi nanceiros na escola atual exige de seus gestores:
● A utilização de tecnologias da informação na organização e melhoria de 
processos de gestão em todos os segmentos da escola.
● A promoção na escola de uma cultura de cidadania orientada pelo sentido 
de responsabilidade no cuidado e bom uso do patrimônio escolar, espaços, 
equipamentos e materiais.
29
GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INTEGRAL Capítulo 1 
● Que mantenham organizados os registros e documentação escolar de modo 
que possa, a qualquer momento, fazer uso das informações correspondentes, 
tomar decisões objetivas e também prestar contas de trabalho desenvolvido. 
Com relação à organização da documentação, em geral esta se concentra 
na secretaria da escola, a qual além da documentação da vida escolar dos 
educandos deve integrar informações de várias fontes internas e externas da 
escola, taiscomo correspondências, atas de reuniões e documentos legais. Esse 
registro envolve não apenas organização, cuidado e conferência, mas sobretudo 
lisura, honestidade e sigilo. Cabe ao gestor escolar supervisionar e orientar 
continuamente este trabalho de documentação de modo que estejam corretos e 
prontamente disponíveis sempre que solicitados por quem de direito.
Uma ação importante para a qual a organização dos documentos escolares 
contribui é o levantamento de dados para elaboração de estatísticas e mapas 
descritivos gerais dos educandos, incluindo informações dos turnos escolares, 
das turmas, assim como de disciplinas, que podem ser mensalmente atualizados. 
O mesmo pode ser feito com o quadro de professores e funcionários. Esses 
mapas contribuem para se ter uma visão geral da escola e de suas peculiaridades 
demográfi cas, importantes no diagnóstico da realidade para subsidiar a tomada 
de decisões pela gestão e elaboração do PPP da unidade educativa. 
Vale ressaltar que os diários de classe fornecem informações quantitativas 
e qualitativas referentes ao educando ao processo de orientação de sua 
aprendizagem dada pelo professor. Esse registro tem o objetivo de permitir o 
acompanhamento e avaliação do processo ensino-aprendizagem, de modo a 
possibilitar a realização de ajustes contínuos nesse processo. Em vista disso, 
os diários devem ser preenchidos regularmente e de forma correta e completa a 
cada aula e permanecerem na escola. Esse registro permite observar a variação 
de rendimento entre alunos e da turma como um todo em um período de tempo, 
mas como são sínteses que reduzem de modo acentuado as informações, não 
permitem perceber as variações de aprendizagem e aspectos que necessitam 
mais reforço ou recuperação. Assim, para atender esse objetivo são necessários 
outros registros voltados para a orientação da aprendizagem e que focalizam 
os seus desdobramentos, cabe ao gestor pedagógico acompanhar e orientar 
os procedimentos adotados para que sejam alcançados os objetivos de 
aprendizagem e formação dos educandos. 
Cada vez mais as instituições educacionais e secretarias de educação têm 
adotado sistemas de informação digitais pelos quais se pode fazer o levantamento 
de vagas, matrículas e avaliação de alunos; comunicação entre estabelecimentos e 
secretarias, e outras instituições do sistema a que estejam ligadas, bem como maior 
agilidade nas informações das escolas e sua comunicação com a comunidade. 
30
 GESTÃO EM EDUCAÇÃO INTEGRAL
O processo de informatização das escolas, secretarias municipais e 
estaduais de educação, do ministério da educação, universidades, conselhos de 
educação e demais instituições governamentais e não governamentais voltadas 
às questões educacionais ampliou-se signifi cativamente a partir da virada do 
século XXI.
O acesso e disseminação das informações na era digital 
podem colocar na palma da mão de crianças, jovens e adultos, 
não só este acesso, como também a possibilidade de produção 
de conteúdos institucionais ou não relacionados ao cotidiano 
escolar. Dessa forma, urge o conhecimento por parte dos 
gestores educacionais e escolares dos recursos das tecnologias 
de informação e comunicação digitais e suas possibilidades de 
arquivamento, catalogação, mapeamento, análise e descrição de 
informações das escolas e demais instituições que integram os 
sistemas educacionais. 
Com relação à gestão do espaço físico e do patrimônio 
escolar devemos considerar o patrimônio material e o imaterial 
da escola. O patrimônio imaterial diz respeito ao “conjunto de 
experiências acumuladas do trabalho de muitas pessoas que lutaram por ideais, 
desenvolveram planos e projetos, alcançaram êxitos e amargaram fracassos” 
(MARTINS, 1999, p. 16). Já o patrimônio material compreende todos os bens 
e os recursos físicos que possibilitam a realização do trabalho educacional e 
contribuem para a sua qualidade. 
A importância da gestão do patrimônio material relaciona-se ao bom uso dos 
bens disponíveis que subsidiam as experiências de aprendizagens, bem como a 
construção de uma cultura escolar de respeito aos bens públicos, uso correto e 
adequado dos mesmos, promovendo sua conservação e manutenção porque “o 
patrimônio material bem formado e bem gerido é condição para o desenvolvimento 
do processo pedagógico com qualidade” (MARTINS, 1999, p. 23). 
b) A Gestão Financeira da Escola
Nas instituições de fi ns lucrativos esta gestão pressupõe o uso de pessoal e 
ferramentas especializadas para o controle de insumos e dos resultados, almejando 
o lucro com as atividades desenvolvidas, como todo empreendimento empresarial.
Urge o conhecimento 
por parte dos gestores 
educacionais e 
escolares dos recursos 
das tecnologias 
de informação e 
comunicação digitais 
e suas possibilidades 
de arquivamento, 
catalogação, 
mapeamento, 
análise e descrição 
de informações das 
escolas e demais 
instituições que 
integram os sistemas 
educacionais.
31
GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INTEGRAL Capítulo 1 
Nas instituições públicas de ensino vimos como resultado dos processos 
de democratização da gestão escolar e dos movimentos de descentralização da 
gestão e construção da autonomia da escola, um crescimento de medidas voltadas 
à resolução pelas escolas de muitos de seus próprios problemas de consumo, 
manutenção e reparos, por meio do repasse de recursos públicos. Assim, os 
sistemas de ensino vêm destinando recursos para as escolas, proporcionais ao 
número de alunos nela matriculados, a fi m de que possam realizar despesas 
diversas. Um destes programas é o Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE 
– do Governo Federal, através do qual a escola pública com mais de 50 alunos e 
com uma unidade executora, como por exemplo, Conselho Escolar e Associação 
de Pais e Mestres, pode registrar-se para o repasse anual de recursos, cuja 
utilização deve ser feita de acordo com as decisões dos órgãos colegiados da 
escola. 
Esses recursos podem ser utilizados para as seguintes fi nalidades, de acordo 
com o PDDE (BRASIL, 2006): 
● Aquisição de material permanente.
● Manutenção, conservação e pequenos reparos da unidade escolar.
● Aquisição de material de consumo necessário ao funcionamento da escola. 
● Capacitação e aperfeiçoamento de profi ssionais da educação. 
● Avaliação de aprendizagem.
● Implementação de projeto pedagógico e desenvolvimento de atividades 
educacionais. 
Os valores transferidos a cada unidade escolar são determinados com base 
no quantitativo de alunos matriculados no Ensino Fundamental e na Educação 
Especial que os gestores escolares preencham no Censo Escolar do ano anterior. 
Além dos valores recebidos do Governo Federal, as escolas públicas podem 
receber recursos advindos do sistema de ensino ou rede à qual pertencem e que, 
por ventura, mantenham programa com tal objetivo. Esses recursos variam de 
acordo com os programas.
Para saber mais sobre o Censo Escolar, acesse: <http://portal.
inep.gov.br/censo-escolar>.
32
 GESTÃO EM EDUCAÇÃO INTEGRAL
Além dos recursos recebidos de fontes públicas, a unidade executora da 
escola pode receber recursos oriundos de várias fontes, como por exemplo, de 
doações e de resultado de campanhas diversas. Cada gestor escolar assume 
a responsabilidade pela gestão dos recursos fi nanceiros de montante variável, 
de acordo com o número de seus alunos e as fontes de recursos disponíveis 
e deve sempre fazê-lo em conjunto com os representantes da Caixa Escolar, 
Conselho Escolar, Associação de Pais e Professores ou outro órgão semelhante, 
que se constitua uma personalidade jurídica própria, sem fi ns lucrativos, formada 
por pais, professores, alunos e funcionários da escola, garantindo a lisura, 
clareza e democracia na aplicação desses recursos. O mesmo deve ocorrer 
com o patrimônio material, sobretudo no que diz respeito a sua conservação 
e manutenção. As práticas de sucesso neste aspecto da educação pública se 
caracterizam pela participação dacomunidade, que de forma proporcional valoriza 
e mantém os estabelecimentos nos quais é coparticipe nas ações decisórias.
Da escola deve partir a decisão da distribuição dos recursos, levando em 
conta a defi nição de prioridades educacionais, isto é, sua contribuição para a 
melhoria da qualidade do ensino. Os gastos devem ser corretamente calculados e 
de acordo com as prioridades, e as compras realizadas pela escola feitas de modo 
a atender às disposições legais orientadoras de compras pelo serviço público. 
Também deve-se ter o cuidado com os registros e documentações fi nanceiras da 
escola mantendo-os organizados e atualizados. 
Compete ao gestor escolar estar atento às determinações 
da legislação nacional, estadual e às normatizações do sistema 
ou rede de ensino a que pertença, pois aquisições efetuadas por 
instituições públicas devem respeitar os princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade e probidade. 
Uma lei importante para estas questões é a Lei nº 8.666/93, que 
regulamenta o art. 37, inciso XXI da Constituição Federal (BRASIL, 
1988, p. 47), instituindo as normas para licitações e os contratos da 
Administração Pública. Dessa forma, licitações e contratos devem 
ser realizados segundo as normas legais, serem de interesse 
público, obedecerem a critérios éticos, serem divulgadas e zelarem 
pelo bom uso dos recursos públicos.
Compete ao gestor 
escolar estar atento 
às determinações 
da legislação 
nacional, estadual 
e às normatizações 
do sistema ou 
rede de ensino a 
que pertença, pois 
aquisições efetuadas 
por instituições 
públicas devem 
respeitar os princípios 
de legalidade, 
impessoalidade, 
moralidade, igualdade, 
publicidade e 
probidade.
33
GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INTEGRAL Capítulo 1 
Conheça a Lei nº 8.666/93 na íntegra. Acesse: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm>.
Finalizando, podemos compreender o quão é importante para 
a qualidade da gestão pedagógica a melhor gestão administrativa 
possível. A dimensão administrativa não pode ser o foco único do 
gestor, é necessária a atenção às questões administrativas da escola 
com a perspectiva e a visão de que esta seja apoio à promoção da 
educação de qualidade. Todos os recursos adquiridos e sua utilização 
devem existir em função da promoção do ensino e aprendizagem de 
todos e todas. 
Vale saber que compreendemos a educação de qualidade como aquela que 
se constitui como processo de humanização, que responde à demanda social de 
necessidades formativas de homens e mulheres de um dado momento histórico.
c) Gestão de Recursos Humanos (de pessoas)
Fundamentalmente, a escola é um “organismo vivo” que não pode existir 
sem as pessoas que nela trabalham, sem as crianças, jovens e adultos que nela 
estudam, seus funcionários e a comunidade em que está inserida. A vitalidade 
da escola, na promoção de educação de qualidade, necessita de uma gestão 
competente das pessoas que a compõem e possibilitam o seu fazer pedagógico. 
As estruturas físicas, seus bens materiais e equipamentos, sua 
tecnologia, seus planos de ação não garantem sozinhos a qualidade 
do ensino e da aprendizagem. Constituem subsídios e instrumentos 
de apoio que, não sendo movidos e empregados adequadamente 
por pessoas, pouco contribuem para a efetividade da educação, por 
melhores que sejam. Enfi m, a ação coletiva organizada das pessoas, 
de acordo com sua competência e comprometimento, constitui-se na 
alma da escola e a base da sua qualidade educacional. 
Administrar pessoas, mantendo-as trabalhando satisfeitas, 
rendendo o máximo em suas atividades, contornando problemas de 
relacionamento humano, faz da gestão de recursos humanos item importante para 
o sucesso de qualquer corporação e não o é diferente para a gestão educacional.
A dimensão adminis-
trativa não pode ser o 
foco único do gestor, é 
necessária a atenção 
às questões admi-
nistrativas da escola 
com a perspectiva e a 
visão de que esta seja 
apoio à promoção 
da educação de 
qualidade.
A ação coletiva 
organizada das 
pessoas, de acordo 
com sua competência 
e comprometimento, 
constitui-se na alma 
da escola e a base 
da sua qualidade 
educacional.
34
 GESTÃO EM EDUCAÇÃO INTEGRAL
Destacamos que a defi nição clara dos direitos, deveres e atribuições de 
professores, funcionários, educandos, pais e comunidade devem estar previstos 
no Regimento Escolar. Tal regimento poderá subsidiar a solução de problemas do 
cotidiano administrativo e pedagógico, bem como a mediação de confl itos.
Podemos listar algumas das atribuições apontadas por Lück (2006) 
imprescindíveis à qualidade da gestão de pessoas na escola, como:
● promover a gestão de pessoas na escola e a organização de seu trabalho 
coletivo, focada na formação e aprendizagem dos alunos;
● estimular o bom relacionamento interpessoal e a comunicação entre todas 
as pessoas da escola;
● estabelecer diferentes canais de comunicação na comunidade escolar, que 
promovam a publicitação das ações da gestão e dos órgãos colegiados;
● desenvolver ações e medidas que tornem a escola numa verdadeira 
comunidade de aprendizagem, na qual todos e todas aprendam 
continuamente, de forma colaborativa;
● motivar e mobilizar todos os componentes da escola para a articulação de 
um trabalho integrado, voltado para a realização dos objetivos educacionais 
e a melhoria contínua de seu desempenho profi ssional;
● promover uma constante troca de experiências entre professores e sua 
interação, como estratégia de capacitação em serviço, desenvolvimento de 
competência profi ssional e melhoria de suas práticas;
● criar redes interna e externa de interação e colaboração, visando ao reforço, 
o fortalecimento e a melhoria de ações educacionais e à criação de ambiente 
educacional positivo;
● facilitar as trocas de opiniões, ideias e críticas acerca do processo 
educacional em desenvolvimento na escola.
Vale lembrar que a educação é processo humano que envolve 
relacionamento interpessoal, são as pessoas que fazem diferença na 
educação como em qualquer outro empreendimento humano, quer 
pelas ações empreendidas, quer pelas atitudes que assumem ou 
pelo esforço na produção e alcance dos objetivos e estratégias que 
aplicam na resolução de problemas e no enfrentamento de desafi os.
Dessa forma, como processo humano, a educação tem sua 
qualidade social vinculada ao trabalho conjunto e integrado, ao 
compartilhamento de ações e ao uso responsável dos recursos 
disponíveis pelas pessoas envolvidas. Estas pessoas fazem a 
diferença nos resultados alcançados e por isso uma política de 
valorização de seu trabalho precisa ser implementada. 
Como processo 
humano, a educação 
tem sua qualidade social 
vinculada ao trabalho 
conjunto e integrado, 
ao compartilhamento 
de ações e ao uso 
responsável dos 
recursos disponíveis 
pelas pessoas 
envolvidas. Estas 
pessoas fazem a 
diferença nos resultados 
alcançados e por 
isso uma política de 
valorização de seu 
trabalho precisa ser 
implementada.
35
GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INTEGRAL Capítulo 1 
Ao compreendermos o quanto a gestão de pessoas, ao promover a atuação 
coletivamente organizada constitui-se no coração do trabalho de gestão escolar, 
podemos perceber que tal gestão pode fazer a diferença entre a superação, ou 
não, das difi culdades do cotidiano escolar, pois “se assenta sobre a mobilização 
dinâmica do elemento humano, sua energia e talento, coletivamente organizado, 
voltados para a constituição de ambiente escolar efetivo na promoção de 
aprendizagem e formação dos alunos” (LÜCK, 2006, p. 27). Essa orientação deve 
ter como ponto de partida o percurso e a chegada do trabalho educacional, a 
aprendizagem e formação integral dos educandos. 
Nessa perspectiva, temos a certeza de que as demandas e as possibilidades de 
atuação sob a dimensão da gestão de pessoas são múltiplas e interferem em todas 
as ações da escola, articulando com todas asdemais dimensões de gestão escolar. 
Destacamos como elementos fundamentais da gestão de pessoas a motivação e 
estímulo ao comprometido com o trabalho educacional; a promoção do trabalho 
em equipe, por meio do acompanhamento cotidiano das diversas interações que 
ocorrem no interior da escola e do cultivo ao diálogo e comunicação abertos e 
contínuos, com vistas a superar situações adversas ou de confl itos interpessoais; 
a formação continuada em serviço para o aprimoramento do processo educacional 
e as experiências a ele relacionadas; e, o implemento de ações contínuas que 
promovam a avaliação e autoavaliação de desempenho, que estimulem a refl exão 
orientadora da revisão de práticas e o aprimoramento contínuo.
Outro aspecto importante dos recursos humanos de um estabelecimento 
escolar diz respeito à gestão dos serviços de apoio. Em geral, o número de 
funcionários de apoio em relação ao número de alunos por escolas é variável, 
mas a tendência nas escolas públicas é ter um quadro enxuto de funcionários 
neste setor. Esta situação reforça a necessidade de se ter um plano de gestão do 
uso e aplicação do tempo e competência para o atendimento das demandas do 
cotidiano escolar.
Embora a contratação de funcionários para os serviços de apoio na escola 
pública seja feita via contratação de empresas terceirizadas ou por concurso de 
pessoal no serviço público, para funções específi cas a realização de trabalho da 
equipe de apoio deve partir da defi nição das responsabilidades de cada um e do 
envolvimento de todos para que se possibilite um ambiente educacional positivo para 
a formação e aprendizagem dos educandos e atendimento dessas necessidades. 
O entendimento de que os funcionários dos serviços de apoio também são 
colaboradores do processo educacional deve orientar a gestão desse segmento 
funcional. É importante que as equipes sejam motivadas pelos gestores para 
esse objetivo e trabalhem de forma colaborativa, de modo a se apoiarem 
reciprocamente na realização de seu trabalho. 
36
 GESTÃO EM EDUCAÇÃO INTEGRAL
Constituem parte do serviço de apoio, além dos serviços gerais de limpeza 
e manutenção do prédio, os da merenda escolar, os da secretaria escolar e 
os de apoio ao trabalho pedagógico e administrativo. Manter essa equipe de 
funcionários focada na construção de ambiente escolar positivo em que todos se 
sintam responsáveis por uma educação de qualidade é condição fundamental e 
diz respeito à participação desses servidores na realização do Projeto Político-
Pedagógico da escola para que sejam parte efetiva da equipe responsável pela 
formação e aprendizagem de todos.
Cabe ainda destacar a importância da participação da 
comunidade nessa gestão, colaborando para superar eventuais 
difi culdades da escola nesses aspectos, o que muitas vezes resulta 
na aproximação dos diferentes segmentos da comunidade.
Os problemas da educação, em geral globais e complexos, 
demandam por conseguinte uma visão mais abrangente e integradora 
de todos os segmentos do coletivo escolar. A busca e o implemento de 
soluções para tais problemas precisam ser realizadas pelas pessoas 
envolvidas, sob a articulação dos gestores dos diferentes níveis que 
compõem o sistema educacional até o nível da gestão escolar. 
Cabe ainda destacar 
a importância da 
participação da 
comunidade nessa 
gestão, colaborando 
para superar eventuais 
difi culdades da escola 
nesses aspectos, o que 
muitas vezes resulta 
na aproximação dos 
diferentes segmentos 
da comunidade.
Gestão PedagÓgica
A gestão pedagógica é a dimensão que estabelece para educação os 
objetivos gerais e específi cos, e em função dos objetivos são defi nidas as 
linhas de atuação e as metas a serem atingidas. A gestão pedagógica elabora 
os conteúdos curriculares, acompanha e avalia as propostas pedagógicas, 
os objetivos e o cumprimento de metas. Avalia também o desempenho dos 
alunos, do corpo docente e da equipe escolar como um todo. Também orienta 
a elaboração e revisão do Projeto Político-Pedagógico – PPP, o qual contém a 
proposta pedagógica da escola e inclui elementos da gestão pedagógica, como 
objetivos gerais e específi cos, metas, plano de curso, plano de aula, avaliação e 
capacitação da equipe escolar. 
Abordar a gestão pedagógica implica compreender o que esta representa, 
pois trata-se da organização, coordenação, implementação e avaliação de todos 
os processos e ações diretamente voltados para a promoção da aprendizagem 
e formação de crianças, jovens e adultos. O termo “pedagógica” é oriundo da 
Pedagogia, que pode ser defi nida como a ciência cujo objeto de análise é a 
educação, seus métodos e princípios; também se relaciona com o estudo das 
teorias sobre educação e a sistemática e organização dos processos de ensino e 
aprendizagem. Como defi ne Gadotti (2009, p. 15), “a pedagogia é ciência e arte 
37
GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INTEGRAL Capítulo 1 
da educação, que tem vocação interdisciplinar e transdisciplinar. Ela cria espaços 
e condições para o diálogo reciprocamente educativo entre as várias ciências 
e nos permite o reconhecimento de suas diferenças e semelhanças”. Portanto, 
o “pedagógico” representa variados níveis de complexidade e abrangência, 
expressos em condições e contextos diferentes que engendram a formação do 
ser humano como cidadão sujeito e objeto do processo educativo. 
A efetividade da ação pedagógica realizada na escola depende da efi ciência 
que se traduz, basicamente na boa organização e articulação entre as ações 
promovidas e no adequado uso do tempo, dos recursos humanos na promoção 
da aprendizagem de todos, porém nem toda ação efi ciente, realizada de acordo 
com o planejado e com bom uso do tempo e de recursos, promove resultados 
efetivos no sentido da educação. Dessa forma, acompanhamento e avaliação 
por sua natureza são atividades que se complementam reciprocamente, cabendo 
promovê-los de forma associada, no intuito de se fazer as correções dos 
processos necessárias ao alcance dos resultados desejados. 
De acordo com Lück (2006), podemos destacar como características de uma 
gestão pedagógica efi caz aquela que:
● promove a visão abrangente do trabalho educacional e do papel da escola, 
norteando suas ações para a promoção da aprendizagem e formação 
humana;
● lidera na escola a orientação da ação de todos os participantes da 
comunidade escolar pelas proposições do PPP e do currículo escolar;
● promove na escola um ambiente estimulante e motivador orientado para a 
necessária melhoria dos processos educacionais e seus resultados;
● orienta a elaboração e atualização do currículo escolar, tendo como 
parâmetro o Referencial Curricular da secretaria de educação a quem está 
relacionada a unidade escolar; as Diretrizes Curriculares Nacionais; os 
Parâmetros Curriculares Nacionais; bem como o que concerne à evolução 
da sociedade, ciência, tecnologia e cultura, na perspectiva, nacional e 
internacional;
● estimula a integração horizontal e vertical de todas as ações pedagógicas 
propostas no projeto pedagógico e a contínua contextualização dos 
conteúdos do currículo escolar com a realidade;
● identifi ca e analisa a fundo limitações e difi culdades das práticas pedagógicas 
no seu dia a dia, formulando e introduzindo perspectivas de superação, 
mediante estratégias de liderança, supervisão e orientação pedagógica; 
● acompanha e orienta a melhoria no processo ensino-aprendizagem na sala 
de aula mediante observação e diálogo de feedback correspondente;
38
 GESTÃO EM EDUCAÇÃO INTEGRAL
● articula as atividades extrassala de aula e orientadas por projetos 
educacionais diversos com as áreas de conhecimento e plano curricular, de 
modo a estabelecer orientação integrada;
● orienta, incentiva e viabiliza oportunidades pedagógicas especiais para 
alunos com difi culdades de aprendizagem e necessidades educacionais 
especiais;
● promove e organiza a utilização de Tecnologias da Informação e 
Comunicação (TIC) na melhoriado processo ensino-aprendizagem. 
Por fi m, estas ações engendram a gestão pedagógica como dimensão de 
convergência de todas as outras dimensões de gestão escolar, vale dizer, a de 
recursos humanos e a administrativa e fi nanceira.
Todo o trabalho desenvolvido pelo gestor pedagógico precisa 
ter claro os fundamentos teóricos que orientam todas as ações do 
trabalho escolar e que mobilizam seus sujeitos. 
A defi nição dos objetivos, estratégias de seu alcance e 
instrumentos de acompanhamento e avaliação, e até mesmo a 
interação da equipe de trabalho da escola com sua comunidade são 
infl uenciados pelos pressupostos teórico-fi losófi cos e pedagógicos 
que podem ser explicitados no Projeto Político-Pedagógico – PPP 
– da unidade educativa. Afi rmamos que podem, porque em muitos 
casos o que se explicita no PPP de uma escola, não se desenvolve 
na prática de todos e de cada um dos profi ssionais que atua na 
escola. Neste sentido, é muito importante a percepção da equipe 
gestora pedagógica de que o processo de realização dos objetivos 
fi ns da educação por sua complexidade, dinâmica e abrangência 
necessita da articulação entre concepções, estratégias, métodos e 
conteúdos. E isso demanda esforços, recursos e ações, com foco 
no estudo, acompanhamento e avaliação continuada do processo 
como um todo, não só dos resultados alcançados. Tal processo de 
articulação é o papel central da gestão pedagógica, que em algumas 
realidades de escolas públicas é exercida pelo diretor e em outras 
compartilhada com um coordenador ou supervisor pedagógico. Em 
ambos os casos, para Lück,
a responsabilidade pela sua efetividade permanece sempre 
com o diretor escolar, cabendo-lhe a liderança, coordenação, 
orientação, planejamento, acompanhamento e avaliação do 
trabalho pedagógico exercidos pelos professores e praticados 
na escola como um todo (LÜCK, 2006, p. 30). 
Todo o trabalho 
desenvolvido pelo 
gestor pedagógico 
precisa ter claro 
os fundamentos 
teóricos que orientam 
todas as ações do 
trabalho escolar 
e que mobilizam 
seus sujeitos.
É muito importante a 
percepção da equipe 
gestora pedagógica 
de que o processo de 
realização dos objetivos 
fi ns da educação por 
sua complexidade, 
dinâmica e 
abrangência necessita 
da articulação 
entre concepções, 
estratégias, métodos 
e conteúdos.
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GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INTEGRAL Capítulo 1 
O diretor/gestor, na realização de seu trabalho de gestão pedagógica, 
necessita orientar um planejamento no qual os critérios utilizados na seleção 
dos conteúdos curriculares e dos métodos utilizados estejam transparentes, bem 
como os contextos políticos e socioculturais privilegiados nas práticas escolares 
implementadas e a visão de sociedade com que se comprometem. 
Na elaboração do PPP, planejamento anual e planos de aula deve-se levar 
em consideração os saberes de crianças, jovens e adultos, e a escolha da melhor 
metodologia para a articulação destes com o saber escolar, tendo em vista o 
desenvolvimento de um currículo que contemple as novas demandas que o 
mundo contemporâneo traz para a escola.
Vale um destaque para a questão de elaboração do Projeto Político-
Pedagógico, que precisa ser resultante de uma construção do coletivo escolar, 
que traduza a escola e suas fi nalidades a partir das necessidades que lhe estão 
colocadas, com o pessoal – professores/alunos/equipe pedagógica/pais – e com os 
recursos de que dispõem pela realidade em que se insere. Essas condicionantes 
não são imutáveis, daí que o PPP deve ser revisto periodicamente, contribuindo 
para sua depuração constante e cada vez maior aproximação da escola com o 
seu papel social como instituição educativa. 
A gestão pedagógica deve estar voltada para alcançar o equilíbrio de construir 
a unidade do trabalho educacional, contemplando, contudo, a diversidade e 
peculiaridade de cada escola. O alcance desse todo, internamente articulado com 
unidade de princípios e de objetivos, se assenta sobre a capacidade do gestor 
escolar de articular unidade e diversidade. 
É essa articulação que possibilita a construção e a existência da escola e 
de uma direção coordenadora e integrada de partes e elementos tão distintos e 
complexos que se fazem representar na escola e que a constituem. 
Um dos desdobramentos da gestão escolar e que é de crucial importância diz 
respeito a como esta gestão acontece no cotidiano das unidades escolares, alguns 
autores a destacam como gestão do cotidiano escolar e seu desenvolvimento 
envolve, de acordo com Lück (2006):
● a observação das regularidades do cotidiano escolar, inclusive a conduta de 
professores, funcionários e alunos, o modo como respondem aos desafi os e 
como interagem entre si, com foco na efetividade do processo educacional;
● a adoção de regularidades e rotinas de procedimentos capazes de maximizar 
os efeitos positivos das práticas e processos educacionais;
40
 GESTÃO EM EDUCAÇÃO INTEGRAL
● a promoção de condições necessárias à superação das regularidades que 
prejudicam a formação de ambiente escolar educativo positivo; 
● a construção de grade de atividades e distribuição de aulas e projetos com 
vistas ao melhor aproveitamento do tempo na organização do calendário 
escolar e o seu uso máximo na promoção da aprendizagem e inclusão de 
todos e todas;
● a inserção no cotidiano da escola da utilização das Tecnologias da 
Informação e Comunicação, como apoio à gestão escolar e favorecimento 
da aprendizagem signifi cativa de crianças, jovens e adultos;
● o zelo para o cumprimento das rotinas de limpeza, segurança, qualidade da 
merenda escolar, realizando e fazendo realizar verifi cações rotineiras, assim 
como providenciando as manutenções e correções necessárias;
● a conservação e uso adequado de espaços, equipamentos e materiais, 
limpeza, organização, segurança, merenda escolar, cumprimento de 
horários, providenciando as correções necessárias; 
● a organização de momentos de planejamento que sejam de efetiva 
preparação de melhoria das práticas educacionais. 
Por representar o cotidiano escolar, o conjunto de práticas, relações e 
situações que ocorrem efetivamente no dia a dia de uma instituição educativa, 
constituem a realidade na qual se inserem crianças, jovens em processo de 
formação, então deve ser considerado no planejamento das ações de educadores 
e gestores. Conhecer como se dão as práticas e as relações no dia a dia da 
escola consiste em um importante elemento da ação educacional por colocar em 
evidência a realidade da escola como ela é.
Podemos concluir que mudanças nas práticas do cotidiano são necessárias 
em conjunto com mudanças nos planos de ação, projeto político-pedagógico, 
condições físicas e materiais, normas e regulamentos, organização de seu 
espaço, dentre outros para que haja a efetiva qualifi cação do trabalho pedagógico 
desenvolvido nas instituições educativas. Posto isso, a ação por parte do gestor 
em debruçar-se sobre a rotina escolar com o olhar mais atento, a fi m de que 
possa conhecer as práticas comuns que marcam o cotidiano, é imprescindível 
para compreender seus desdobramentos no conjunto das ações que infl uenciam 
a qualidade do desempenho educacional. 
41
GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INTEGRAL Capítulo 1 
Atividade de Estudos:
1) Pare e refl ita sobre a sua experiência na escola (pode ser na que 
você trabalha ou na que você tenha estudado) e a partir do que 
vimos até agora, faça uma análise de cada dimensão da gestão 
escolar. Reproduza o quadro abaixo, marcando sua avaliação em 
satisfatória, regular ou insatisfatória para cada tipo de gestão e 
justifi cando sua escolha.
Gestão
Sati sfatória Regular Insati sfatória Por que ...
De pessoas
 
 
Financeira
 
 
Pedagógica
 
 
 
 
 
 
 
 
Gestão Democrática e ParticipatiVa
Chegamos à questão da gestão democrática, que na educação, ainda que 
reconhecida como um valor já consagrado, necessita de estudo e avaliação 
constante para fi rmar-se

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