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Língua Brasileira de Sinais - Libras Aula 6 Língua Brasileira de Sinais - Libras Aula 6 Sumário 1 Legislação Específica 4 1.1 Legislação na Antiguidade 4 1.2 Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e a Constituição Brasileira 4 1.3 Lei de Oficialização da Libras nº 10.436 6 1.4 Decretos e Leis que Antecederam a Oficialização da Lei de Libras 8 1.5 Decreto 5.626 de 22 de Dezembro de 200 9 1.6 Os Profissionais Intérpretes da Língua de Sinais 14 1.6.1 Exame Prolibras 21 1.6.2 Projeto de Lei que Reconhece a Profissão de Intérprete 23 1.7 Acessibilidade 25 1.8 Símbolo Internacional de Surdez 26 4 1 Legislação Específica 1.1 Legislação na Antiguidade Os surdos na antiguidade, não tinham direito a receber herança, não tinham direito a educação e nem ao voto, logo, eram excluídos da sociedade, sendo considerados pessoas com doenças contagiosas, representando assim, uma ameaça a saúde da população. Rômulo, o fundador de Roma, por volta de 753 a.C. decre- tou que todos os surdos recém-nascidos e crianças até aos três anos de idade teriam de ser inseminadas, porque eram um peso e problema para o Estado? (RADUTZKY apud STROBEL (2006, p. 46) Apenas após os trabalhos do americano William Stokoe em 1960, comprovando e conferindo a língua de sinais o status de língua, é que muitos países passam a se comprometer legal- mente com a educação dos surdos. 1.2 Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e a Constituição Brasileira Aqui no Brasil, em 1961, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) em seus artigos 88 e 89, assegura os direitos a educação das pessoas excepcionais. No artigo 89, declara que o governo se compromete em ajudar as organizações não governamentais (ONGs) a prestarem serviços aos deficien- tes, entre eles os surdos (STROBEL, 2006). 5 Segundo Strobel (2006, p. 47), “na Constituição brasileira de 1967, há também alguns artigos asseguran- do aos surdos o direito de receber educação. Do mesmo modo, a atual Constituição datada de 1988, abre espaço a nossos direitos à educação diferenciada uma vez que asse- gura o direito à diferença cultural”. Segue o texto da constituição atual datada de 1998, onde um de seus artigos refere-se sobre a cultura. Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifes- tações culturais. § 1º - o Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros gru- pos participantes do processo civilizatório nacional. § 2º - a lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996, no capítulo V, descreve as modalidades de educação oferecidas aos portadores de necessidades educacionais espe- ciais. Defende que, de preferência, a educação dessas pessoas deve acontecer na escola regular. Assegura que é dever do es- tado a oferta de educação infantil na faixa etária de 0 a 6 anos e confere que devam existir ainda métodos, técnicas e profis- sionais adequados com vistas a atender as especificidades das pessoas especiais. 6 1.3 Lei de Oficialização da Libras nº 10.436 A Língua de Sinais Brasileira - Libras, a língua materna do surdo brasileiro, foi oficializada através da lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, pelo ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso, como meio de comunicação legal e como segunda língua do Brasil. Esta lei foi regulamentada através do decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005. Convido você a fazer uma leitura minuciosa da lei nº 10.436, a fim de que você possa compreender melhor o assunto que estamos estudando. Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002 Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. O Presidente da República Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sancio- no a seguinte Lei: Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recur- sos de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comu- nicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Art. 2º. Deve ser garantido, por parte do poder público em 7 geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utili- zação corrente das comunidades surdas do Brasil. Art. 3º. As instituições públicas e empresas concessioná- rias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiên- cia auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. Art. 4º. O sistema educacional federal e os sistemas edu- cacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem ga- rantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e su- perior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa. Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de abril de 2002; 181º da Independência e 114º da República. Fernando Henrique Cardoso Paulo Renato Souza 8 1.4 Decretos e Leis que Antecederam a Oficialização da Lei de Libras Art. 1º - A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 26-B: “Art. 26-B - Será garantida às pessoas surdas, em todas as etapas e modalidades da educação básica, nas redes públicas e privadas de ensino, a oferta da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, na condição de língua nativa das pes- soas surdas”. Art. 2º - Esta Lei entra vigor na data de sua publicação. É importante ressaltar que, antes disso, o decreto 9.394 de 20 de dezembro de 1996, já assegurava o direito à comunicação através da língua de sinais em seus artigos 26 e 27. Em pouco tempo depois do decreto 9.394 de 1996, surgiu o Projeto de Lei do Senado nº 180, DE 2004 que alterou a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabeleceu as diretri- zes e bases da educação nacional, fazendo o enquadramento no currículo oficial da Rede de Ensino à obrigatoriedade da oferta da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS - em todas as etapas e modalidades da educação básica (STROBEL, 2006, p. 50). Hoje, graças à efetivação da lei de Libras e da regulamen- tação do decreto, as comunidades surdas espalhadas por todo o Brasil podem se expressar livremente através da língua de si- nais, sem mais repressão como aconteceu ao longo da história em anos anteriores. A Lei de Libras foi uma conquista e um mar- co fundamental na vida dos surdos brasileiros. 9 Vejamos agora o que o decreto nº 5.626 que regulamenta a lei 10.436, conhecida como lei de Libras, institui sobre as con- quistas que contribuíram para a liberdade de expressão do surdo através do uso da língua de sinais. 1.5 Decreto 5.626 de 22 de Dezembro de 200 O decreto inicia em seu artigo segundo, descrevendo que a pessoa surda, é aquela que tem perda auditiva, compreende e in- terage com o mundo por meio de experiências visuais, manifes- tando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras. Audiometria: exame da audição realizado por meio de instrumentos e avaliação da capacidade para apreender os diferentes sons da fala e de classificação de surdez em vários graus.Considera como deficiência auditiva a perda bilateral, par- cial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. O artigo 3º, aponta para a inclusão da Libras como discipli- na curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A inclusão de Libras como disciplina curricular, torna-se 10 um ponto extremamente relevante, em face da necessidade cru- cial de termos profissionais capacitados em Libras para o ensino, atendimento e interpretação da libras para língua portuguesa e vice-versa, objetivando promover a inclusão efetiva do surdo na sociedade. Sobre a formação desses profissionais, é imprescindível que você conheça de que forma deve acontecer essa formação, quem são esses profissionais e qual o tempo previsto. Para tanto, convido você a fazer uma leitura minuciosa de alguns trechos do decreto 5.626; um dos mais importantes para a comunidade surda brasileira. Capítulo III Da Formação do Professor de Libras e do Instrutor de Libras Art. 4º. A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível superior, em cur- so de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua. Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. Art. 5º. A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngue. 11 §1º. Admite-se como formação mínima de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, a formação ofertada em nível médio na mo- dalidade normal, que viabilizar a formação bilíngue, referida no caput. §2º. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de for- mação previstos no caput. §1º. A formação do instrutor de Libras pode ser realizada também por organizações da sociedade civil representativa da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por pelo menos uma das instituições referidas nos incisos II e III. §2º. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de for- mação previstos no caput. Art. 9º A partir da publicação deste Decreto, as instituições de ensino médio que oferecem cursos de formação para o magis- tério na modalidade normal e as instituições de educação supe- rior que oferecem cursos de Fonoaudiologia ou de formação de professores devem incluir Libras como disciplina curricular, nos seguintes prazos e percentuais mínimos: I. até três anos, em vinte por cento dos cursos da instituição; II. até cinco anos, em sessenta por cento dos cursos da instituição; III. até sete anos, em oitenta por cento dos cursos da instituição; IV. dez anos, em cem por cento dos cursos da instituição. Parágrafo único. O processo de inclusão da Libras como disciplina curricular deve iniciar-se nos cursos de Educação 12 Especial, Fonoaudiologia, Pedagogia e Letras, ampliando-se progressivamente para as demais licenciaturas. Art. 10. As instituições de educação superior devem incluir a Libras como objeto de ensino, pesquisa e extensão nos cursos de formação de professores para a educação básica, nos cursos de Fonoaudiologia e nos cursos de Tradução e Interpretação de Libras-Língua Portuguesa. Da Garantia do Direito à Educação das Pessoas Surdas ou com Deficiência Auditiva Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de: I. escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos sur- dos e ouvintes, com professores bilíngues, na educação in- fantil e nos anos iniciais do ensino fundamental; II. escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensi- no, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade linguística dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e intérpretes de Libras - Língua Portuguesa. §1º. São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no de- senvolvimento de todo o processo educativo. 13 §2º. Os alunos têm o direito à escolarização em um turno diferenciado ao do atendimento educacional especializado para o desenvolvimento de complementação curricular, com utiliza- ção de equipamentos e tecnologias de informação. §3º. As mudanças decorrentes da implementação dos inci- sos I e II implicam a formalização, pelos pais e pelos próprios alunos, de sua opção ou preferência pela educação sem o uso de Libras. §4º. O disposto no §2º deste artigo deve ser garantido tam- bém para os alunos não usuários da Libras. Art. 23. As instituições federais de ensino, de educação básica e superior, devem proporcionar aos alunos surdos os ser- viços de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa em sala de aula e em outros espaços educacionais, bem como equi- pamentos e tecnologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à educação. §1º. Deve ser proporcionado aos professores acesso à lite- ratura e informações sobre a especificidade linguística do aluno surdo. §2º. As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal busca- rão implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação. Art. 24. A programação visual dos cursos de nível médio e superior, preferencialmente os de formação de professores, na 14 modalidade de educação à distância, deve dispor de sistemas de acesso à informação como janela com tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa e subtitulação por meio do sistema de legenda oculta, de modo a reproduzir as mensagens veicula- das às pessoas surdas, conforme prevê o Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004. 1.6 Os Profissionais Intérpretes da Língua de Sinais Sinal retirado do Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. Capovilla e Raphael (2000). Volume I - Sinais de A a L e Volume II - Sinais de M a Z. (Ilustradora: Silvana Marques) Os profissionais intérpretes de libras são responsáveis pela tradução e interpretação simultânea, da língua portuguesa para língua de sinais e de língua de sinais para língua portuguesa. Ele deve ser fluente em Libras e em língua portuguesa e deve inter- pretar fielmente a informação oral transmitida. Existem profissionais intérpretes de língua de sinais em todo mundo. Aqui no Brasil, o aparecimento de profissionais intérpretes em instituições religiosas iniciou-se em 1980. Em 1988, aconteceu o I Encontro Nacional de Intérpretes de Línguas de Sinais organizado pela Feneis para promover o encontro entre os intérpretes do Brasil e a discussão sobre temas relevantes. 15 Dos anos 90 em diante, muitas unidades de intérpretes foram formadas, filiadas aos escritórios regionais da Feneis. Em 2000, foi criada a página dos intérpretes de língua de sinais www.interpretels.hpg.com.br. Também foi aberto um espaço para participação dos intérpretes através de uma lista de discus-são via e-mail (Quadros, 2004). Em 2001, em Montevidéu no Uruguai, foi realizado um encontro internacional sobre a formação de intérpretes de língua de sinais com o apoio da Federação Mundial de Surdos. A seguir são apresentadas as principais conclusões e re- comendações feitas por ocasião deste encontro respeitando as características e situação de cada um dos países participantes, conclui-se em primeiro lugar que é necessário, principalmente (Quadros, 2004, p. 44): � a. Que a comunidade de pessoas surdas seja consciente da importância de sua própria língua e dos Intérpretes profissionais; � b. Que as associações e federações de pessoas surdas sejam fortalecidas em todos os aspectos, por si mesmas, e com o apoio de organismos públicos e internacionais; � c. Que em todos os países se reconheça a Língua de Sinais a nível; � d. Que exista reconhecimento da profissão e titulação de Intérprete de Língua de Sinais; � e. Que exista reconhecimento da profissão e titulação de for- mador de Intérpretes de Língua de Sinais. 16 E logo, no terreno da capacitação e formação: ● Que se dê importância equivalente à Língua de Sinais e à Língua Oficial do país; ● Que os programas deformação incluam um estudo sistemáti- co de ambas as línguas; ● Que se estimule e favoreça a garantia à primeira língua; ● Que se destine maior tempo à investigação linguística com respeito à Língua de Sinais; ● Que a comunidade de pessoas surdas assuma um papel prota- gônico nos processos de investigação, junto com os especialistas; ● Que exista um trabalho conjunto ente intérpretes e pessoas surdas na formação de futuros intérpretes e de futuros formado- res de intérpretes; ● A elaboração, execução e avaliação dos programas de forma- ção devem ser conceitualmente interculturais e interdisciplinares; ● Que os centros de formação de intérpretes façam o intercâm- bio de suas metodologias e experiências, dinamicamente; ● Preferivelmente as federações ou Associações deveriam, em função de sua capacidade e interesse, liderar os cursos; ● Que exista uma base de lineamentos gerais para planejar um curso de Língua de Sinais como, por exemplo: � a. objetivos; � b. conteúdos; � c. tempo; � d. metodologia; � e. atividades; 17 � f. materiais e recursos; � g. avaliação; � h. continuação e prática; ● Que os quatro países que atualmente dispõem de cursos de Língua de Sinais e de formação de intérpretes (Argentina, Brasil, Colômbia e Uruguai) prestem seu apoio aos países que ainda não contam com estes cursos (Bolívia, Paraguai, Chile, Equador, Peru e Venezuela) para o qual cada um dos primeiros quatro designará a duas pessoas: uma ouvinte e outra surda espe- cialistas em formação, que sirvam como formadores, assessores e consultores dos futuros agentes multiplicadores de cada um dos seis países. Os critérios para selecionar os agentes multi- plicadores deverão ser desenvolvidos. A Federação Mundial de Surdos designará um especialista que será o coordenador de todo esse processo; ● Os agentes multiplicadores, com a ajuda do especialista co- ordenador, contribuirão para o estabelecimento de um progra- ma de capacitação em Língua de Sinais e outro de Formação de Intérpretes em cada país. Estes programas poderão aplicar-se de forma sequencial (primeiro um depois o outro) ou paralelamente (ambos os programas de uma vez, considerando que, por exem- plo, os intérpretes empíricos sejam os primeiros alunos dos cur- sos de Formação de Intérpretes). O acompanhamento deste pro- cesso se dará entre os quatro países e o especialista coordenador; ● Os usuários devem conhecer o código ético pelo qual se rege a interpretação; ● Que a Federação Mundial de Surdos continue respaldando estes processos. 18 Segundo o código de ética dos intérpretes (documento orientador da profissão), os intérpretes de libras devem ter um alto caráter moral, ser honesto, consciente e ter equilíbrio emo- cional; interpretar fielmente e com o melhor da sua habilidade, sempre transmitindo o pensamento, a intenção e o espírito do palestrante; reconhecer seu próprio nível de competência e ser prudente quanto a aceitar tarefas; manter sempre uma atitude imparcial durante o transcurso da sua interpretação e adotar uma conduta adequada de se vestir, sem adereços, mantendo a digni- dade da profissão, sem chamar a atenção indevidamente sobre si mesmo. Segue abaixo o código de ética dos intérpretes que é parte integrante do Regimento Interno do Departamento Nacional de Intérpretes (FENEIS). D - Registro dos Intérpretes para Surdos (em 28-29 de janeiro de 1965, Washington, EUA) Tradução do original Interpreting for Deaf People, Stephen (ed.) USA por Ricardo Sander. Adaptação dos Representantes dos Estados Brasileiros - Aprovado por ocasião do II Encontro Nacional de Intérpretes - Rio de Janeiro/RJ/Brasil - 1992 (Quadros, 2004, p.28). Capítulo 1 - Princípios Fundamentais Artigo 1º. São deveres fundamentais do intérprete: 1°. O intérprete deve ser uma pessoa de alto caráter moral, honesto, consciente, confidente e de equilíbrio emocional. Ele guardará informações confidenciais e não poderá trair confiden- cias, as quais foram confiadas a ele; 19 2º. O intérprete deve manter uma atitude imparcial durante o transcurso da interpretação, evitando interferências e opiniões próprias, a menos que seja requerido pelo grupo a fazê-lo; 3º. O intérprete deve interpretar fielmente e com o melhor da sua habilidade, sempre transmitindo o pensamento, a inten- ção e o espírito do palestrante. Ele deve lembrar dos limites de sua função e não ir além de a responsabilidade; 4°. O intérprete deve reconhecer seu próprio nível de com- petência e ser prudente em aceitar tarefas, procurando assistên- cia de outros intérpretes e/ou profissionais, quando necessário, especialmente em palestras técnicas; 5°. O intérprete deve adotar uma conduta adequada de se vestir, sem adereços, mantendo a dignidade da profissão e não chamando atenção indevida sobre si mesmo, durante o exercício da função. Capítulo 2 - Relações com o Contratante do Serviço 6°. O intérprete deve ser remunerado por serviços pres- tados e se dispor a providenciar serviços de interpretação, em situações onde fundos não são possíveis; 7°. Acordos em níveis profissionais devem ter remune- ração de acordo com a tabela de cada estado, aprovada pela FENEIS. Capítulo 3 - Responsabilidade Profissional 8°. O intérprete jamais deve encorajar pessoas surdas a buscarem decisões legais ou outras em seu favor; 20 9º. O intérprete deve considerar os diversos níveis da Língua Brasileira de Sinais bem como da Língua Portuguesa; 20°. Em casos legais, o intérprete deve informar à autoridade qual o nível de comunicação da pessoa envolvida, informando quando a interpretação literal não é possível e o intérprete, então terá que parafrasear de modo claro o que está sendo dito à pessoa surda e o que ela está dizendo à autoridade; 11º. O intérprete deve procurar manter a dignidade, o res- peito e a pureza das línguas envolvidas. Ele também deve estar pronto para aprender e aceitar novos sinais, se isso for necessá- rio para o entendimento; 12°. O intérprete deve esforçar-se para reconhecer os vá- rios tipos de assistência ao surdo e fazer o melhor para atender as suas necessidades particulares. Capítulo 4 - Relações Com Os Colegas 13°. Reconhecendo a necessidade para o seu desenvolvi- mento profissional, o intérprete deve agrupar-se com colegas profissionais com o propósito de dividir novos conhecimentos de vida e desenvolver suas capacidades expressivas e receptivas em interpretação e tradução. Parágrafo único. O intérprete deve esclarecer o público no que diz respeito ao surdo sempre que possível, reconhecendo que muitos equívocos(má informação) têm surgido devido à falta de conhecimento do público sobre a área da surdez e a co- municação com o surdo. É um direito do surdo que todas as instituições, tanto 21 educacionais, como financeiras, comerciais, públicas e privadas, disponham de profissionais intérpretes para intermediarem a co- municação com os surdos. Infelizmente, a presença do profissional intérprete em to- das as instituições brasileiras ainda não é uma realidade. Apesar de muitas Universidades, escolas e até mesmo agências bancá- rias, terem hoje em seu quadro de funcionários intérpretes de Libras, para promoverem acessibilidade na comunicação entre surdos e ouvintes, quando percorremos as instituições e empre- sas, podemos facilmente perceber, que ainda falta muito para que a acessibilidade na comunicação através do intérprete acon- teça na sua totalidade. O intérprete de língua de sinais, além de ser uma pessoa de alto caráter moral, ético, se faz necessário que possua formação superior em nível de graduação ou pós-graduação e que tenha sido habilitado através da Proficiência em Língua de Sinais – Prolibras, exame promovido em nível nacional que visa habilitar os intérpretes e professores para a profissão, mas que não substi- tui a formação em todos os níveis educacionais. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) é a insti- tuição coordenadora do Prolibras desde 2006. 1.6.1 Exame Prolibras O exame Prolibras não substitui a formação em todos os níveis educacionais. Vejamos o que o Decreto nº 5.626/2005 artigos sétimo e 22 oitavo regulamentam sobre o Prolibras. Leia com atenção, pois atualmente esse exame tem sido uma dos assuntos mais discuti- dos entre surdos e ouvintes. Art. 7º. Nos próximos dez anos, a partir da publicação des- te Decreto, caso não haja docente com título de pós-graduação ou de graduação em Libras para o ensino dessa disciplina em cursos de educação superior, ela poderá ser ministrada por pro- fissionais que apresentem pelo menos um dos seguintes perfis: � I. professor de Libras, usuário dessa língua com curso de pós-graduação ou com formação superior e certificado de pro- ficiência em Libras, obtido por meio de exame promovido pelo Ministério da Educação; � II. instrutor de Libras, usuário dessa língua com formação de nível médio e com certificado obtido por meio de exame de pro- ficiência em Libras, promovido pelo Ministério da Educação; � III. professor ouvinte bilíngue: Libras – Língua Portuguesa, com pós-graduação ou formação superior e com certificado ob- tido por meio de exame de proficiência em Libras, promovido pelo Ministério da Educação. Art. 8º. O exame de proficiência em Libras, referido no art. 7º, deve avaliar a fluência no uso, o conhecimento e a competên- cia para o ensino dessa língua. §1º. O exame de proficiência em Libras deve ser promo- vido, anualmente, pelo Ministério da Educação e instituições de educação superior, por ele credenciadas para essa finalidade. §2º. A certificação de proficiência em Libras habilitará o 23 instrutor ou o professor para a função docente. §3º. O exame de proficiência em Libras deve ser realiza- do por banca examinadora de amplo conhecimento em Libras, constituída por docentes surdos e linguistas de instituições de educação superior. Os intérpretes de Libras também já possuem um projeto de lei que reconhece a sua profissão. Faça uma leitura desse projeto e conheça mais sobre essa profissão. 1.6.2 Projeto de Lei que Reconhece a Profissão de Intérprete Projeto de Lei nº /2004 (Da Sra. Maria do Rosário) Reconhece a profissão de Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Art. 1.º Fica reconhecido o exercício da profissão de Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – Libras, com compe- tência para realizar a interpretação das duas línguas de maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e inter- pretação de LIBRAS e Língua Portuguesa, com as seguintes atribuições: � I. efetuar comunicação entre surdos e ouvintes; surdos e sur- dos; surdos e surdos-cegos; surdos-cegos e ouvintes, através da Língua Brasileira de Sinais para a Língua Oral e vice-versa; � II. interpretar, em Língua Brasileira de Sinais / Língua Portuguesa, as atividades didático-pedagógicas e culturais, 24 viabilizando o acesso aos conteúdos curriculares, desenvolvidas nas instituições de ensino que ofertam educação fundamental, de ensino médio e ensino superior; Art. 2.º Os Intérpretes de Libras para o exercício de sua profissão deverão estar devidamente habilitados em curso supe- rior ou de pós-graduação, em instituição regularmente reconhe- cida pelo MEC. Parágrafo único. Os Intérpretes de Libras que exercem a função sem a formação que determina o ‘caput’, terão o prazo de 10 anos para a sua adequação, podendo atuar neste período através de exame de proficiência em Tradução e Interpretação de Libras e Língua Portuguesa do MEC. Art. 3.º Além da habilitação definida, o exercício da profis- são de intérprete de sinais deverá atender os seguintes requisitos: � I. domínio da língua de sinais; � II. conhecimento das implicações da surdez no desenvolvi- mento do indivíduo surdo; � III. conhecimento da comunidade surda e convivência com ela; � IV. filiação a órgão de fiscalização do exercício desta profissão; � V. noções de linguistica, de técnica de interpretação e bom nível de cultura; � VI. habilitado na interpretação da língua oral, da língua de sinais, da língua escrita para a língua de sinais e da língua de sinais para a língua oral. Art. 3.º. Esta lei entra em vigor 120 dias após sua publicação. 25 Sala das Sessões, em dezembro de 2004. MARIA DO ROSÁRIO NUNES Deputada Federal PT/RS Texto disponível em: http://www.camara.gov.br/sileg/integras/259154.pdf Acesso em 26 de dezembro de 2009 1.7 Acessibilidade Art. 2º. Acessibilidade: possibilidade e condição de alcan- ce para utilização, com segurança e autonomia, dos espa- ços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. É importante que você saiba que, outras leis promoveram para a efetivação dos direitos da pessoa surda em âmbito nacio- nal. Uma delas é a lei de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, lei nº 10.098 de 10 de dezembro de 2000. Vejamos primeiramente o conceito de acessibilidade des- crita na lei acima citada. Em seu artigo 17, lei nº 10.098, cita a promoção da elimi- nação de barreiras de comunicação e estabelece mecanismos e alternativas que tornem acessíveis os sistemas de comunicação e sinalização às pessoas portadoras de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação, para garantir-lhes o direito de acesso à informação, à comunicação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à cultura, ao esporte e ao lazer. Veja também o que 26 propõe o artigo 18. Art. 18. O Poder Público implementará a formação de pro- fissionais intérpretes de escrita em braile, linguagem de si- nais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à pessoa portadora de deficiência sen- sorial e com dificuldade de comunicação. Os sistemas de radiodifusão sonora e de sons e imagens são também responsáveis pela promoção da acessibilidade ao surdo. De acordo com o art. 19, eles devem adotar planos de me- didas técnicas com o objetivo de permitir o uso da linguagem de sinais ou outra subtitulação, a fim de garantir o direito de acesso à informação às pessoas portadoras de deficiência auditiva. 1.8 Símbolo Internacional de Surdez Neste tópico você vai conhecer os símbolos da surdez e a sua importância. Eles foram criados mediante a lei nº 8.160 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a caracterização de símbolos que permitama identificação de pessoas portadoras de deficiên- cia auditiva. Imagens retirada e disponíveis em: http://www.detran.pe.gov.br/boletim.shtml 27 Lei No. 8.160 De Janeiro De 1991 O Presidente De República, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sancio- no a seguinte lei: Art. 1º. É obrigatória a colocação, de forma visível, do “Símbolo Internacional de Surdez” em todos os locais que pos- sibilitem acesso, circulação e utilização por pessoas portadoras de deficiência auditiva, e em todos os serviços que forem postos à sua disposição ou que possibilitem o seu uso. Art. 2º. O “Símbolo Internacional de Surdez” deverá ser colocado, obrigatoriamente, em local visível ao público, não sendo permitida nenhuma modificação ou adição ao desenho re- produzido no anexo a esta lei. Art. 3º. É proibida a utilização do “Símbolo Internacional de Surdez” para finalidade outra que não seja a de identificar, assinalar ou indicar local ou serviço habilitado ao uso de pessoas portadoras de deficiência auditiva. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica à reprodução do símbolo em publicações e outros meios de comunicação relevantes para os interesses do deficiente au- ditivo, a exemplo de adesivos específicos para veículos por ele conduzidos. Art. 4º. O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de noventa dias, a contar de sua vigência. Art. 5º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 28 6º. Revogam-se as disposições em contrário. Brasília, 8 de janeiro de 1991; 170º da Independência e 103º da República. FERNANDO COLLOR Jarbas Passarinho Margarida Procópio Texto disponível em: http://www81.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1991/8160.htm Acesso em 26 de dezembro de 2009. 1 Legislação Específica 1.1 Legislação na Antiguidade 1.2 Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e a Constituição Brasileira 1.3 Lei de Oficialização da Libras nº 10.436 1.4 Decretos e Leis que Antecederam a Oficialização da Lei de Libras 1.5 Decreto 5.626 de 22 de Dezembro de 200 1.6 Os Profissionais Intérpretes da Língua de Sinais 1.6.1 Exame Prolibras 1.6.2 Projeto de Lei que Reconhece a Profissão de Intérprete 1.7 Acessibilidade 1.8 Símbolo Internacional de Surdez
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