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Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Autora: Márcia Loch 3701.26 L812e Loch, Márcia. Educação a Distância e Métodos de Avaliação / Márcia Loch. Universitário Leonardo da Vinci – Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2010.x ; 108 p.: il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830- 257-3 1. Métodos de Avaliação 2. Educação a Distância I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Janes Fidélis Tomelin Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Elisabeth Penzlien Tafner Prof. Norberto Siegel Revisão de Conteúdo: Prof. Josias Ricardo Hack Revisão Gramatical: Profa. Marcilda Regina Cunha da Rosa Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci Copyright © Editora Grupo UNIASSELVI 2010 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Possui graduação em Pedagogia, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) (2000), e mestrado em Educação, pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003). Atuou no Laboratório de Ensino a Distância (LED), da UFSC, de 1999 a 2003, na equipe pedagógica. É design instrucional e coordena o Núcleo de Avaliação da Aprendizagem na UnisulVirtual desde 2005. É professora na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) desde 2004, em cursos de graduação (presencial e a distância) e pós-graduação (a distância), nas áreas de ensino e aprendizagem, tutoria, avaliação da aprendizagem, informática na educação, prática de ensino, ciência e pesquisa e metodologia da pesquisa. É autora de livros para cursos de graduação e pós-graduação da UnisulVirtual. Principais interesses de pesquisa: formação do professor-tutor, avaliação da aprendizagem na EAD, multimídia na EAD e aprendizagem do aluno adulto na EAD. Atua, também, como consultora na área de educação a distância, universidade corporativa e e-learning. Márcia Loch Sumário APRESENTAÇÃO ........................................................................... 7 CAPÍTULO 1 A Avaliação da Aprendizagem: História e Conceitos ................ 9 CAPÍTULO 2 Os Tipos e Funções da Avaliação .............................................. 27 CAPÍTULO 3 Os Tipos de Questões ................................................................ 51 CAPÍTULO 4 A Avaliação em Ambientes Virtuais de Aprendizagem ............ 79 APRESENTAÇÃO Caro(a) acadêmico(a): Quando ouvimos falar em avaliação, pensamos logo em prova, em medida, em nota, em questões e se estudamos ou se saberemos respondê-las na hora da prova. Todos nós temos uma história com a avaliação da aprendizagem, seja como professores, seja como alunos. Em muitos casos, essas histórias não são experiências significativas que valem a pena ser consolidadas e socializadas com o grupo, não é mesmo? Quem já ouviu alguma ou algumas das frases a seguir do professor? • Prestem atenção, porque vai cair na prova! • Estudem este conteúdo, porque posso cobrar na prova amanhã! • Se não ficarem quietos, vou fazer uma prova relâmpago agora mesmo! • Já que vocês não param quietos, vou considerar o conteúdo dado e a matéria vai cair na prova! E, como aluno(a), quantas vezes você já disse alguma ou algumas das frases a seguir ou ouviu algum colega falar? • Agora chegou a hora do acerto de contas! Vou mostrar a ele que eu sei tudo e tirar 10 nesta prova! • O que será que o professor quer com esta questão? • Professor, esta questão o senhor não ensinou e por isso tem que anular! • Professora, eu decorei todo o conteúdo, mas na prova você perguntou tudo diferente! Então: você se identificou com algumas das situações que apresentamos? Com certeza, sim, não é mesmo? Até porque acreditamos que você, assim como nós, seja fruto do ensino tradicional que entende o processo de avaliação como punição, e não como um recurso de aprendizagem e possibilidades de leitura e escrita. Para estudar, analisar e entender a avaliação da aprendizagem e como ela é vista hoje na EAD, bem como refletir sobre ela, dividimos este caderno em quatro capítulos. No capítulo 1, você conhecerá a história da avaliação da aprendizagem e a sua evolução através dos tempos. Analisará diferentes conceitos de avaliação da aprendizagem discutidos e preconizados pelos principais autores que se dedicam ao estudo desse tema no Brasil e no mundo e refletirá sobre esses conceitos. No capítulo 2, você estudará a avaliação diagnóstica, a somativa e a formativa. Perceberá que cada uma delas tem suas vantagens e limitações e de que forma elas podem ser aplicadas na educação. No capítulo 3, você compreenderá e aprenderá a aplicar, em processos de ensino e aprendizagem, diferentes tipos de instrumentos de avaliação, como, por exemplo, as questões objetivas e dissertativas e a autoavaliação. No capítulo 4, você estudará os processos de avaliação da aprendizagem na educação a distância e entenderá como ocorrem. Além disso, refletirá sobre a forma como as concepções de avaliação da aprendizagem estudadas nos capítulos anteriores são aplicadas na EaD e as analisará. Este caderno será um grande desafio para você. Por isso, pedimos que, ao ler cada um dos capítulos e cada uma das seções, reflita sobre o que leu e relacione com seus conhecimentos e experiências na área da avaliação da aprendizagem. Desejamos a você ótimos estudos e aprendizagens significativas! CAPÍTULO 1 A Avaliação da Aprendizagem: História e Conceitos A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer a história da avaliação da aprendizagem. Compreender e analisar diversos conceitos de avaliação da aprendizagem. 10 Educação a distância e métodos de avaliação 11 A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: HISTÓRIA E CONCEITOSCapítulo 1 ConteXtualização Com certeza, você já ouviu falar muito em avaliação, seja na sua vida profi ssional ou pessoal, seja para medir, comparar e dizer qual é o carro melhor, qual o apartamento melhor ou mesmo qual a melhor escola para seu fi lho ou universidade para você estudar. Perceba que estamos, a todo momento, avaliando as coisas, as pessoas, nossa vida e nosso trabalho. Neste capítulo, você estudará a avaliação da aprendizagem, sua história e seus diferentes conceitos. Os assuntos aqui discutidos e trabalhados serão essenciais para você compreender todos os outros capítulos deste caderno. Na seção 1, discutiremos e revisitaremos a história da avaliação da aprendizagem e as concepções que têm sido abordadas ao longo de sua história. Na seção 2, você estudará, analisará e comparará os diferentes conceitos de avaliação da aprendizagem trazidos e discutidos na literatura, tendo como princípios as obras de Tyler (1976), Bloom (1971), Perrenoud (1978, 1982), Luckesi (1998), Vasconcellos (2008), Hoffmann (2006), Fernandes (2006), entre outros. Prepare-se, então, para conhecer a história da avaliação da aprendizagem, seus conceitos e funções! Vamos lá? A História da Avaliação da Aprendizagem Nesta seção, você conhecerá a história da avaliação da aprendizagem e perceberá que não existe um consenso na literatura científi ca a respeito disso. Para Perrenoud (1999, p. 9), “a avaliação não é uma tortura medieval. É uma invenção mais tardia, nascida com os colégios por volta do século XVII, e tornada indissociável do ensino de massa que conhecemos desde o século XIX, com a escolaridade obrigatória”. Desde os primórdios da história da avaliação da aprendizagem e durante um período de tempobastante considerável, a prática da avaliação esteve ligada à ideia de medir ou testar. De acordo com Haydt (2004), isso aconteceu principalmente na década de 40 do século passado por conta do aperfeiçoamento dos instrumentos de medida em educação, incluindo o grande impulso dado à elaboração e aplicação de testes. No entanto, essa foi uma abordagem que logo deixou transparecer sua limitação, ou seja, que nem todos os aspectos da educação podem ser medidos. 12 Educação a distância e métodos de avaliação Somente a partir da década de 1960, novas dimensões para o termo avaliação foram aventadas, algumas delas por ocasião da reunião de grupos de estudos nos Estados Unidos, preocupados em elaborar e avaliar novos programas educacionais. Primariamente, os estudos sobre avaliação deram-se na esfera da avaliação de currículo para, somente depois, se disseminarem por outras áreas, como no caso da avaliação do processo ensino-aprendizagem. Correia (2002) nos traz a história da avaliação da aprendizagem e as correntes pedagógicas e concepções que estão ligadas a cada uma das três gerações da avaliação da aprendizagem. O termo avaliação, segundo a autora, sofreu uma profunda transformação desde que foi criado e começou a ser divulgado, por volta de 1950. Hoje, avaliar não tem o mesmo signifi cado que há 40 ou 50 anos. Temos assistido, nos últimos anos, à moda da avaliação; estamos vivendo um boom de processos e novos métodos de avaliação. Avaliamos o aluno, o professor, o curso, a universidade, os materiais didáticos, as formas de comunicação e nos autoavaliamos. Nomes e siglas como Exame de Desempenho dos Estudantes (ENADE), Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), Prova Brasil, Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) e Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) são alguns exemplos de como nossos governantes e o Ministério da Educação têm criado dispositivos para avaliar a educação. A respeito das três gerações de avaliação da aprendizagem discutidas por Correia (2002), as apresentaremos a seguir de forma resumida. a) Primeira geração (até 1930) A Idade da Reforma ocorreu de 1800 a 1900, com a intenção de dar respostas às novas necessidades do mercado de trabalho trazidas pela Revolução Industrial. Surgiram reformas nos sistemas educativos americano e inglês e foram nomeadas comissões para ir às escolas conhecer suas realidades. Nesse período, fatores desempenharam um papel determinante na concepção de medição científi ca de fenômenos comportamentais humanos, principalmente infl uenciados: • por correntes fi losófi cas positivistas que propunham objetividade e rigor científi co no estudo da ação humana; • pela aplicação de procedimentos estatísticos ao estudo das diferenças humanas; Correia (2002) nos traz a história da avaliação da aprendizagem e as correntes pedagógicas e concepções que estão ligadas a cada uma das três gerações da avaliação da aprendizagem. O termo avaliação, segundo a autora, sofreu uma profunda transformação desde que foi criado e começou a ser divulgado, por volta de 1950. Hoje, avaliar não tem o mesmo signifi cado que há 40 ou 50 anos. 13 A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: HISTÓRIA E CONCEITOSCapítulo 1 • pela emergência da gestão científi ca do trabalho, particularmente no setor industrial, conduzindo à valorização dos testes de rendimento como meio de medir e certifi car as aquisições dos alunos e de selecionar os mais aptos. Foi nessa época, com a importância atribuída à medida científi ca, que se desenvolveu a psicometria. Foram determinantes os trabalhos de Francis Galton e Alfred Binet. (CORREIA, 2002). A Idade da Efi ciência e dos Testes marcou os anos de 1900 a 1930. De acordo com Correia (2002), nesse período, a gestão científi ca foi implementada na educação. Como consequência, foi medida a efi ciência dos programas, das escolas e dos professores por meio de testes de caráter objetivo. Esse posicionamento face às ciências sociais e da educação conduziu, nos Estados Unidos da América e após a I Guerra Mundial, à proliferação da “indústria” de testes de rendimento para testar a aprendizagem dos alunos. Nesse período, ocorreu o desenvolvimento da docimologia como resposta a preocupações recentes de validade e fi delidade das provas e dos exames escritos e orais. No sentido etimológico “a docimologia é a ciência (logos) dos exames, ou da medida por exame (dakimê)”. (HADJI, 2001, p. 27). b) Segunda geração (1930 a 1945) Nas primeiras décadas do século XX, o campo de testes se desenvolveu com grande detalhamento e sofi sticação, dominando todo o panorama bibliográfi co. Porém, gradativamente, cresceu a tendência de ver o aluno não apenas como um rol de habilidades ou um conjunto de informações, mas também como um ser humano, com expectativas, opiniões, atitudes, interesses, afetividade. Os testes, como instrumentos de mensuração objetiva, foram sendo complementados, dando lugar a propostas mais amplas e abrangentes de avaliar. A partir de 1930, os testes padronizados foram enriquecidos com outros instrumentos de avaliação do rendimento escolar. A avaliação da aprendizagem tem em Ralph W. Tyler um dos seus principais estudiosos, o qual inclui, em seu trabalho avaliativo, uma variedade de procedimentos, tais como testes, escalas de atitudes, inventários, questionários, checklists etc. No sentido etimológico, “a docimologia é a ciência (logos) dos exames, ou da medida por exame (dakimê)”. (HADJI, 2001, p. 27). Para Tyler (1976), a avaliação tem a fi nalidade de verifi car até que ponto as experiências de aprendizagens, tais como foram desenvolvidas e organizadas, estão realmente produzindo os resultados desejados. O processo de avaliação levanta os pontos fracos e fortes do planejamento e da aprendizagem. 14 Educação a distância e métodos de avaliação Para Tyler (1976), a avaliação tem a fi nalidade de verifi car até que ponto as experiências de aprendizagens, tais como foram desenvolvidas e organizadas, estão realmente produzindo os resultados desejados. O processo de avaliação levanta os pontos fracos e fortes do planejamento e da aprendizagem. Segundo Correia (2002), foi o pensamento tyleriano que marcou essa época. Tyler colocou a tônica nos objetivos educacionais, quando afi rmou que a escola e o currículo devem dar conta de responder às seguintes questões: • Que objetivos a escola deve atingir? • Que experiências educacionais poderão ser proporcionadas aos alunos para que os objetivos sejam atingidos? • Como organizar efi cazmente essas experiências educacionais? • Como poderemos determinar se os objetivos foram alcançados? Nessa perspectiva, Tyler introduziu, no início dos anos de 1930, o termo avaliação e a ela atribuiu três papéis fundamentais na educação: • Aperfeiçoamento contínuo de um programa de educação. • Determinação do grau de consecução dos objetivos educacionais. • Determinação do nível das mudanças ocorridas no desempenho dos alunos. Tyler propôs que a avaliação educacional deveria descobrir o que os estudantes aprenderam na escola e quais deles estavam encontrando difi culdades de aprendizagem. c) Terceira geração (após 1946) Essa geração é conhecida como a geração da formulação de juízos de valor acerca das aprendizagens e nasceu, assim como a segunda, de uma necessidade de superar as falhas ou pontos fracos das avaliações precedentes. (FERNANDES, 2006). De 1958 a 1972, se verifi cou, cada vez mais, a divulgação de programas de avaliação. A aplicação do modelo de avaliação proposto por Tyler – por meio de testes normalizados, julgamento por especialistas e recurso à investigação experimental – não deu mais respostas às exigências da evolução educativa da época. (CORREIA, 2002). Na terceira geração, segundo Fernandes (2006), a avaliação ampliou muito seus horizontese se tornou mais sofi sticada e teórica. Em 1967, por intermédio de Michael Scriven, surgiu a distinção entre “avaliação somativa, mais associada à prestação de contas, à certifi cação e à seleção e a avaliação formativa, mais associada ao desenvolvimento, à melhoria das aprendizagens e à regulação dos processos de ensino e aprendizagem”. (FERNANDES, 2006, p. 49). 15 A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: HISTÓRIA E CONCEITOSCapítulo 1 Segundo Fernandes (2006), foi nessa geração que a avaliação ampliou muito seus horizontes e se tornou mais sofi sticada e teórica. Em 1967, por intermédio de Michael Scriven, surgiu a distinção entre “avaliação somativa, mais associada à prestação de contas, à certifi cação e à seleção e a avaliação formativa, mais associada ao desenvolvimento, à melhoria das aprendizagens e à regulação dos processos de ensino e aprendizagem”. (FERNANDES, 2006, p. 49). Estudamos sobre as funções da avaliação nos capítulos 2 e 4 deste caderno! Na década de 1970, Bloom (1971) também relaciona a avaliação com a verifi cação de objetivos educacionais. Em função da fi nalidade, o autor considera três momentos de avaliação: • uma preparação inicial para a aprendizagem; • uma verifi cação da existência de difi culdades pelo aluno durante a aprendizagem; • o controle sobre se os alunos atingiram os objetivos fi xados previamente. Os momentos de avaliação referidos representam, respectivamente, a avaliação diagnóstica, a avaliação formativa e a avaliação somativa. A avaliação passou a ter uma dupla fi nalidade: obter informações acerca do grau do alcance dos objetivos propostos e tomar decisões quanto ao processo para alcançar esses objetivos. • Limitações das três gerações de avaliação As três gerações de avaliação apresentadas permitem verifi car que a avaliação foi se tornando mais complexa e sofi sticada, evoluindo muito quanto aos métodos utilizados, aos objetos avaliados e aos seus propósitos. De uma avaliação da aprendizagem essencial redutora e técnica, evoluiu-se para uma concepção mais abrangente e sistêmica. No entanto, segundo Guba e Lincoln (apud FERNANDES, 2006), as três gerações, em seu conjunto, apresentam três limitações importantes. São elas: • Tendências que as avaliações refl itam o que o avaliador quer ver, ou seja, o seu ponto de vista. As responsabilidades pelas falhas tendem a ser distribuídas A avaliação passou a ter uma dupla fi nalidade: obter informações acerca do grau do alcance dos objetivos propostos e tomar decisões quanto ao processo para alcançar esses objetivos. 16 Educação a distância e métodos de avaliação para os professores e alunos, e nunca para todos os outros atores. No caso da avaliação da aprendizagem, a tendência é ver refl etidos apenas os pontos de vista dos professores como únicos juízes dos processos de avaliação externa. Nesses casos, as falhas são atribuídas apenas aos alunos. • Difi culdade de a avaliação acomodar e levar em consideração a pluralidade de valores e de culturas existentes nas sociedades atuais. Os jovens e as crianças são oriundos, cada vez mais, de meios sociais e culturais diversifi cados, havendo, consequentemente, a necessidade de enfrentar essa realidade também no domínio da avaliação. • Há uma excessiva dependência do método científi co que se traduz em avaliações pouco ou nada contextualizadas, com dependência da concepção de avaliação como medida. “Há nesta perspectiva uma orientação para os processos de quantifi cação pela utilização de instrumentos considerados neutros, normalmente testes, que medem com rigor o que os alunos sabem”. (FERNANDES, 2006, p. 52). d) Quarta geração Rodrigues (2009) nos apresenta mais uma geração da avaliação, ou seja, a quarta geração. Para a autora, essa geração se enquadra num paradigma construtivista que considera a avaliação como “uma construção da realidade, uma atribuição de sentido a situações, sendo infl uenciada por elementos contextuais diversos e pelos valores dos vários intervenientes no processo” (SIMÕES apud ROGRIGUES, 2009, p. 9). Segundo Rodrigues (2009), hoje, a avaliação é entendida como uma atividade subjetiva, envolvendo mais do que medir ou atribuir valor de acordo com critérios que envolvem diversos problemas técnicos e éticos. Hadji (2001, p. 185) aponta que podemos avaliar segundo três perspectivas: Confrontar, relacionar: confrontar dados de fato (uma realidade) e dados que são da ordem do ideal, do dever-ser (um projeto, uma intenção); relacionar um referido com um referente. Apreciar, julgar: apreciar uma realidade à luz de uma intenção ou de um projeto; apreciar o ser à luz de um dever-ser; dizer o valor de uma realidade em referência a uma exigência particular. Produzir informação esclarecedora: recolher e comunicar informação útil para [...]; esforçar-nos para saber onde estamos para melhor nos encaminharmos para onde queremos ir. Ater-nos-emos um pouco mais a essa quarta geração, porque, teoricamente, é a geração que vivemos atualmente. Fernandes (2006) Segundo Rodrigues (2009), hoje, a avaliação é entendida como uma atividade subjetiva, envolvendo mais do que medir ou atribuir valor de acordo com critérios que envolvem diversos problemas técnicos e éticos. 17 A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: HISTÓRIA E CONCEITOSCapítulo 1 sugere que a quarta geração está baseada em concepções construtivistas e em um conjunto de ideias e ações: • Os professores devem utilizar diferentes estratégias, técnicas e instrumentos para avaliar seus alunos. • A avaliação deve estar integrada ao processo de ensino e aprendizagem. • A avaliação formativa deve ser a modalidade privilegiada de avaliação com a função de melhorar a aprendizagem e regulá-la. • O feedback, nas suas mais variadas formas, é um processo indispensável, devendo se integrar ao processo ensino e aprendizagem. A avaliação deve servir para as pessoas aprenderem, e não para julgá-las ou classifi cá-las em escalas e medidas. • A avaliação é uma construção social em que são levados em conta os contextos, a negociação e o envolvimento dos participantes. • A avaliação deve empregar predominantemente métodos qualitativos, não descartando os métodos quantitativos. Perceba, caro(a) pós-graduando(a), o quanto a própria história e a evolução da avaliação da aprendizagem constituem um tema que não apresenta unanimidade dos autores apresentados. O importante é que você identifi que o quanto as características de cada uma das gerações apresentadas ainda fazem parte do nosso cotidiano, seja na modalidade de educação presencial, seja na modalidade a distância! • Outras interpretações Concordamos com Rodrigues (2009) quando afi rma que, apesar de as concepções que acabamos de referir terem surgido por ordem cronológica, foram coexistindo através dos tempos. Atualmente, vivemos um período de tensão que resulta do confl ito entre o paradigma psicométrico – grande ênfase na medição – sendo a avaliação inspirada nas medições próprias das ciências experimentais, e o paradigma cognitivista e contextual – avaliação baseada em psicologias construtivistas e cognitivistas – que considera inseparável o processo de avaliação do contexto em que a aprendizagem ocorre. Guba e Lincoln (apud FIRME, 1994) explicam de outra forma as quatro gerações de avaliação. Segundo os autores, a partir do início do século XX, a avaliação vem atravessando, pelo menos, quatro gerações, respectivamente. São elas: mensuração, descritiva, julgamento e negociação. O importante é que você identifi que o quanto as características de cada uma das gerações apresentadas ainda fazem parte do nosso cotidiano, seja na modalidade de educação presencial, seja na modalidade a distância! 18 Educação a distância e métodos de avaliação • Mensuração - não distinguia avaliação e medida. Essa fase foi caracterizada por instrumentos outestes para verifi cação do rendimento escolar. O papel do avaliador era técnico e, nesse sentido, testes e exames eram indispensáveis na classifi cação de alunos para determinar seu progresso. • Descritiva - essa geração surgiu em busca de melhor entendimento do objetivo da avaliação. A geração anterior só oferecia informações sobre o aluno. Em função dos objetivos, era preciso obter dados dos alunos envolvidos nos programas escolares, sendo necessário descrever o que seria sucesso ou difi culdade com relação aos objetivos estabelecidos. Nesse sentido, o avaliador estava muito mais concentrado em descrever padrões e critérios. Foi nessa fase que surgiu a terminologia avaliação educacional. • Julgamento - essa geração questionava os testes padronizados e o reducionismo da noção simplista de avaliação como sinônimo de medida; tinha como preocupação maior o julgamento. O avaliador, então, assumiria o papel de juiz, incorporando, contudo, o que havia sido preservado de fundamental das gerações anteriores, em termos de mensuração e descrição. Assim, o julgamento passou a ser elemento crucial do processo avaliativo, pois não só importava medir e descrever; era preciso, também, julgar o conjunto de todas as dimensões do objeto, inclusive os próprios objetivos. • Negociação - nessa geração, a avaliação passou a ser vista como um processo interativo, negociado, que se fundamenta num paradigma construtivista. É uma forma responsiva de enfocar e um modo construtivista de fazer. A avaliação é responsiva, porque, diferentemente das alternativas anteriores que partem, inicialmente, de variáveis, objetivos, tipos de decisão e outros, se situa e desenvolve a partir de preocupações, proposições ou controvérsias quanto ao objetivo da avaliação, seja ele um programa, projeto, curso ou outro foco de atenção. É construtivista em substituição ao modelo científi co que tem caracterizado, de um modo geral, as avaliações mais prestigiadas neste século. Para você aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto, seguem alguns sites que podem ajudá-lo(a)! KRAEMER, M. E. P. Avaliação da aprendizagem como construção do saber. Disponível em: <http://www. gestaouniversitaria.com.br/edicoes/72-104/344-avaliacao- da-aprendizagem-como-construcao-do-saber.html>. RODRIGUES, C. Avaliação: por que e para quê? Disponível em:<http://www.proffi nt.com/cezame/ cezame10/objectivosavaliacao.htm>. 19 A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: HISTÓRIA E CONCEITOSCapítulo 1 Realize a atividade a seguir e, após, inicie a leitura da próxima seção para conhecer e analisar os diferentes conceitos de avaliação da aprendizagem trazidos pela literatura. Atividade de Estudos: A primeira atividade que você realizará nesta disciplina é um exercício de pesquisa e análise. Levando em consideração as quatro gerações de avaliação da aprendizagem estudadas na seção anterior, pesquise, na internet ou em outras fontes (livros, periódicos etc.), elementos que auxiliem na explicação mais detalhada da quarta geração da avaliação. Após, traga esses elementos, procure explicá-los e dar exemplos práticos e reais de que essas concepções estão sendo colocadas em prática atualmente e como isso está ocorrendo. Não se esqueça de citar as fontes de pesquisa! ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ O Que SigniFica Avaliar? Na seção anterior, você estudou o histórico e as diferentes fases/gerações da avaliação da aprendizagem. Na história da avaliação, você percebeu o quanto ela é cheia de contradições e permeada de concepções com as quais nem sempre concordamos ou nem sempre são bem aceitas pela academia ou pelas escolas. No entanto, sabemos que muitas delas coexistem até hoje e são realidades em muitas escolas e universidades que conhecemos. Assim, podemos concluir que não é diferente com os diversos conceitos de avaliação da aprendizagem discutidos e trazidos pela literatura da área. Cada autor, dependendo do ano da publicação da obra e de suas concepções sobre avaliação, a descreve de uma Assim, podemos concluir que não é diferente com os diversos conceitos de avaliação da aprendizagem discutidos e trazidos pela literatura da área. Cada autor, dependendo do ano da publicação da obra e de suas concepções sobre avaliação, a descreve de uma maneira diferente. 20 Educação a distância e métodos de avaliação maneira diferente. Será isso que passaremos a conhecer e a analisar a partir de agora. Vamos lá? O termo avaliar vem do latim a + valere, que signifi ca atribuir valor e mérito ao objeto em estudo. Portanto, avaliar é atribuir um juízo de valor à propriedade de um processo para a aferição da qualidade do seu resultado; porém, a compreensão do processo de avaliação do processo ensino-aprendizagem tem sido pautada na lógica da mensuração, isto é, associamos o ato de avaliar ao de “medir” os conhecimentos adquiridos pelos alunos. (KRAEMER, 2009). No dicionário Aurélio (2003, p. 235), encontramos que avaliar signifi ca: “determinar a valia ou o valor de; apreciar ou estimar o merecimento de; determinar a valia ou o valor, o preço, o merecimento; calcular, estimar; fazer a apreciação; ajuizar”. Para Tyler (1976), o processo de avaliação consiste, essencialmente, em determinar em que medida os objetivos educacionais estão sendo realmente alcançados pelo programa do currículo e do ensino. No entanto, como os objetivos educacionais são essencialmente mudanças em seres humanos – em outras palavras, como os objetivos consistem em produzir certas modifi cações desejáveis nos padrões de comportamento do estudante –, a avaliação é o processo mediante o qual é determinado o grau em que essas mudanças de comportamento estão realmente ocorrendo. Segundo Tyler (1976, p. 99): esta concepção de avaliação tem dois aspectos importantes. Em primeiro lugar, ela implica que a avaliação deve apreciar o comportamento dos estudantes, visto ser uma mudança desse comportamento o que se busca em educação. Em segundo lugar, ela implica que a avaliação deve envolver mais do que uma simples apreciação em qualquer momento dado, uma vez que, a fi m de verifi car se ocorreu mudança, é necessário fazer uma apreciação na fase inicial e outras mais tarde, para identifi car as mudanças que talvez estejam se processando. Sabemos que as concepções de avaliação de uma instituição e de seu corpo docente estão intimamente ligadas às suas concepções de educação, de mundo e de sociedade e que, enquanto pensarem de forma autoritária, a avaliação continuará sendo autoritária. Dando continuidade ao conceito de avaliação trazido pela literatura, apresentamos, agora, o de Cardinet (1993), que se refere à avaliação como um processo de verifi cação de objetivos, em que a produção escolar dos alunos é comparada a um modelo. O processo de avaliação contribui para a efi cácia do ensino, porque consiste na observação e interpretação dos seus efeitos. No limite, permite orientar as decisões necessárias ao bom funcionamento da escola. Cardinet (1993) também considera a avaliação como um sistema de 21 A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: HISTÓRIA E CONCEITOSCapítulo 1 comunicação entre professores e alunos, por meio de um processo sistemático de coleta de informação. Benjamin Bloom, durante a década de 50 do século passado, decidiu estudar os processos mentais utilizados por estudantes universitários e, assim, desenvolveu um sistema que foi denominado Taxionomia de Objetivos Educacionais: Domínio Cognitivo. Há, ainda, outros exemplos de taxionomias, comoo de Robert Gagné e o de Biggs. (RODRIGUES JÚNIOR, 2007). De Ketele (apud ROSADO; SILVA, 2009) relaciona, também, a avaliação ao processo de verifi cação de objetivos previamente defi nidos. Segundo esse autor, é no próprio processo de ensino-aprendizagem que surge a avaliação, funcionando como um mecanismo que verifi ca se os objetivos pretendidos são efetivamente atingidos. Para Esteban (2003, p. 22-23): avaliar é interrogar-se. Precisamos indagar: por que não? A pergunta por que não nega a absolutização do saber e do não saber e ressalta a relevância de se considerar a construção do conhecimento como uma possibilidade permanente. Esta pergunta convida a ultrapassar os limites do já conhecido, do que foi observado no contexto de produção e socialização do saber, sugerindo a existência de possibilidades até então desconhecidas. De acordo com a autora, essa não é uma concepção fácil de aplicar em nosso dia a dia, já que estamos imersos na cultura do exame e da classifi cação, do erro/acerto. Para Hoffmann (2001), as avaliações mostram ações provocativas do professor que desafi a o aluno a refl etir sobre as experiências vividas, a formular e reformular hipóteses, direcionando para um saber enriquecido: “A avaliação deixa de ser um momento terminal do processo educativo (como hoje é concebida) para se transformar na busca incessante de compreensão das difi culdades do educando e na dinamização de novas oportunidades de conhecimento” (HOFFMANN, 2004, p. 19). Mas, nessas compreensões da avaliação, apenas mensuramos a medida dos objetivos: se eles foram ou não alcançados. Numa perspectiva dialógica da avaliação, Parente (apud LIMA, 2003, p. 115), confi rma que: Avaliar é refl etir e discutir; é debater esgotando possibilidade de avanço; é o processo amplo de interação em que educando e educador aprendem e crescem para a autonomia, responsabilidade e competência. [...] Somos favoráveis à idéia de que a avaliação é refl exão, discussão e diálogo. 22 Educação a distância e métodos de avaliação Avaliação como refl exão, discussão e diálogo é inovadora, porque professor e aluno andam juntos, pisam o mesmo chão, se conhecem mutuamente, trabalham na perspectiva do crescimento como pessoa. Isso, porém, não signifi ca abolir, abruptamente, determinados instrumentos de avaliação. Perrenoud (1999) afi rma que, na prática da avaliação da aprendizagem, não só classifi camos os alunos na sala de aula, mas que essas práticas também possuem um efeito social muito mais defi nido: a avaliação cria as hierarquias sociais que consolidam a sociedade atual. A lógica que permeia as práticas da avaliação da aprendizagem consolida a divisão de classes na sociedade, a avaliação legitima a hierarquia social. Para Perrenoud (1999, p. 9), “avaliar é também privilegiar um modo de estar em aula e no mundo, valorizar formas e normas de excelência, defi nir um aluno modelo, aplicado e dócil para uns, imaginativo e autônomo para outros”. Para Vasconcellos (2009): avaliar é localizar necessidades e se comprometer com sua superação. Em qualquer situação de vida, a questão básica da avaliação é: o que eu estou avaliando? No sentido escolar, ela só deve acontecer para haver intervenção no processo de ensino e aprendizagem. Luckesi (1998) concebe a avaliação como um ato amoroso: o ato amoroso é aquele que acolhe a situação, na sua verdade (como ela é). Assim, manifesta-se o ato amoroso consigo mesmo e com os outros. O mandamento “ama o teu próximo como a ti mesmo” implica o ato amoroso que, em primeiro lugar, inclui a si mesmo e, nessa medida, pode incluir os outros. O ato amoroso é um ato que acolhe atos, ações, alegria e dores como eles são: acolhe para permitir que cada coisa seja o que é, neste momento. Luckesi (1998, p. 34-35) afi rma que: o momento da avaliação deveria ser um momento de fôlego na escalada para, em seguida, ocorrer a retomada da marcha de forma mais adequada e nunca um ponto defi nitivo de chegada, especialmente quando o objeto de ação avaliativa é dinâmico como, no caso, a aprendizagem. Com a função classifi catória, a avaliação não auxilia em nada o avanço e o crescimento. Somente com uma função diagnóstica ela pode servir para essa fi nalidade. Ao ler os conceitos e concepções de avaliação da aprendizagem dos autores que citamos, percebemos que existem diferenças entre eles e antagonismos. No entanto, a maioria deles, está de acordo que a avaliação seja um momento de aprendizagens signifi cativas (HOFFMANN, 2006) e um ato de amor (LUCKESI, 1998). Avaliação como refl exão, discussão e diálogo é inovadora, porque professor e aluno andam juntos, pisam o mesmo chão, se conhecem mutuamente, trabalham na perspectiva do crescimento como pessoa. Isso, porém, não signifi ca abolir, abruptamente, determinados instrumentos de avaliação. 23 A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: HISTÓRIA E CONCEITOSCapítulo 1 Acesse: o site http://penta2.ufrgs.br/edu/bloom/bloom.htmpara conhecer a tabela da Taxionomia de Bloom; o site pessoal de Cipriano Luckesi com vários artigos sobre avaliação da aprendizagem: http://www.luckesi.com.br/publicacoes.htm; o site pessoal de Celso Vasconcellos com vários artigos sobre o tema: http://www.celsovasconcellos.com.br/. Atividade de Estudos: Você estudou, nessa última seção, os diversos conceitos de avaliação da aprendizagem preconizados pelos principais autores dessa área no Brasil e no mundo. Percebeu que cada um deles está imbuído de um conjunto de percepções e concepções de mundo. Selecione o conceito de avaliação de aprendizagem com o qual você mais se identifi cou e justifi que a sua escolha. Em seguida, avalie e analise de que forma esses conceitos de avaliação da aprendizagem são praticados em nosso dia a dia, seja no ensino presencial ou na educação a distância. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 24 Educação a distância e métodos de avaliação ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Algumas Considerações Você estudou, neste capítulo, a história da avaliação da aprendizagem. Também conheceu as principais características das quatro gerações da avaliação da aprendizagem, bem como cada uma delas ainda está um pouco viva em nossos sistemas de educação. Ao ler os diversos conceitos de avaliação da aprendizagem, você percebeu que não há convergências nem unanimidades em relação a esse assunto. Avaliação sempre foi e sempre será um assunto polêmico e contraditório em qualquer instituição educacional. Levando em consideração seus estudos, leituras e refl exões até este momento, faça uma síntese dos principais assuntos que você estudou neste capítulo. Atividade de Estudos: História da avaliação: _____________________________________ ______________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Conceitos de avaliação: ___________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 25 A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: HISTÓRIA E CONCEITOSCapítulo 1 ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Agora, prepare-se para mais um capítulo, no qual você estudará as diferentes formas e funções da avaliação: a diagnóstica, a somativa e a formativa. Você perceberá que cada uma delas tem suas vantagens e limitações e como podem ser aplicadas na educação. ReFerÊncias BLOOM, B. Manual de avaliação formativa e somativa do aprendizado escolar. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1971. CARDINET, J. Avaliar é medir? Rio Tinto: Edições Asa, 1993. CORREIA, E. S. L. Avaliação: gerações de avaliação - traços históricos. Portugal: Universidade de Aveiro, 2002. ESTEBAN, M. T. (Org.). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. FERNANDES, D. Para uma teoria da avaliação formativa. Revista Portuguesa de Educação, 2006, 19(2), p. 21-50. Disponível em: <http://www.scielo.oces. mctes.pt/pdf/rpe/v19n2/v19n2a03.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2009. FERREIRA, A. B. H. Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003. FIRME, T. P. Avaliação: tendências e tendenciosidades. Ensaio: avaliação e políticas públicas em educação. Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p. 57-61, out./dez. 1994. HADJI, C. Avaliação desmistifi cada. Porto Alegre: Artmed, 2001. HAYDT, R. C. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. São Paulo: Ática, 2004. HOFFMANN, J. Avaliação: mito e desafi o - uma perspectiva construtivista. Porto Alegre: Mediação, 2006. ______. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Mediação, 2004. 26 Educação a distância e métodos de avaliação ______. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2001. KRAEMER, M. E. P. Avaliação da aprendizagem como construção do saber. Disponível em:<http://www.gestaouniversitaria.com.br/edicoes/72-104/344- avaliacao-da-aprendizagem-como-construcao-do-saber.html>. Acesso em: 02 ago. 2009. LIMA, M. A. M. A avaliação dinâmica dialógica do ensino aprendizagem e as contribuições do sócio-interacionismo em Vygostsky. In: MC DONALD, B. C. (Org.). Esboços em avaliação educacional. Fortaleza: Editora UFC, 2003. p. 112-130. LUCKESI, C. Avaliação da aprendizagem escolar. 7 ed. São Paulo: Cortez Editora, 1998. PERRENOUD, P. Avaliação – da excelência à regulação das aprendizagens – entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. ______. Não mexam na minha avaliação ! Para uma abordagem sistémica da mudança pedagógica. In: ESTRELA, A.; Nóvoa, A. (Eds.). Avaliações em educação: novas perspectivas, p.155-173, 1982. ______. Das diferenças culturais às desigualdades escolares: a avaliação e a norma num ensino diferenciado. Análise Psicológica, II(1), p. 133-156, 1978. RODRIGUES, C. M. do A. Avaliação da aprendizagem e avaliação institucional. Disponível em: <http://www.fundacaojoseeliastajra.org.br/gestaopedagogica4. asp>.Acesso em: 17 nov. 2009. RODRIGUES JÚNIOR, J. F. A taxonomia de objetivos educacionais: um manual para o usuário. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2007. ROSADO, A.; SILVA, C. Conceitos básicos sobre avaliação das aprendizagens. Disponível em: <http://areas.fmh.utl.pt/~arosado/ ESTAGIO/conceitos.htm>. Acesso em: 23 ago. 2009. TYLER, R. Princípios básicos de currículo e ensino. Porto Alegre: Globo, 1976. VASCONCELLOS, C. dos S. Intencionalidade: palavra-chave da avaliação. Disponível em: <http://www.celsovasconcellos.com.br/Download/nova%20escola. doc>. Acesso em: 25 jul. 2009. ______. Avaliação da aprendizagem: práticas de mudança por uma práxis transformadora. 9. ed. São Paulo: Libertad, 2008. CAPÍTULO 2 Os Tipos e Funções da Avaliação A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Compreender o que é a avaliação somativa, diagnóstica e formativa. Diferenciar e comparar os tipos de avaliação da aprendizagem. 28 Educação a distância e métodos de avaliação 29 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃOCapítulo 2 ConteXtualização Como pudemos constatar no primeiro capítulo, o conceito, o signifi cado e as funções da avaliação dependem das concepções pedagógicas vivenciadas em cada contexto histórico. Vimos, também, que, na história da educação, a avaliação sempre teve uma conotação de quantifi car, classifi car ou medir os indivíduos e que, aos poucos, esse entendimento foi dando espaço a um conceito mais amplo do ato de avaliar. Com as concepções pedagógicas hoje em curso, a avaliação está sendo entendida como um processo de comunicação, de interação entre as partes envolvidas, a saber, o aluno, o professor e os conteúdos didáticos. A avaliação, nas bibliografi as mais recentes, é analisada numa perspectiva construtivista ou cognitivista da aprendizagem, sendo que o sujeito que aprende se torna o centro do processo ensino-aprendizagem. O aluno adquire um papel ativo, ou seja, nenhuma intervenção externa do professor terá resultado se não houver uma atuação, percepção, interpretação e assimilação do aluno. Porém, há, ainda, um grande abismo entre essas teorias recentes e as práticas educativas aplicadas nas escolas e universidades brasileiras. Não será fácil apoiar, transformar e desenvolver práticas de avaliação sem uma teoria que as possa enquadrar nos pontos de vista epistemológico, ontológico e metodológico. Mudar e melhorar práticas de avaliação implica que o seu signifi cado seja claro para os diferentes intervenientes e, muito particularmente, para os professores e investigadores. (FERNANDES, 2006). A avaliação é um elemento integrante e regulador da prática educativa. É essencial, mas não pode ser o foco do processo ensino-aprendizagem; deve ser percebido como um processo paralelo às aprendizagens. Avaliar deve ser entendido como um ato intencional que direciona e redireciona as práticas educativas em que o aluno deve ser sujeito pró-ativo e ter um papel de colaborador. Neste capítulo, analisaremos os diferentes tipos da avaliação – diagnóstica, somativa e formativa – e estabeleceremos relações entre eles. Não se trata de estabelecer uma polarização rigorosa entre uma e outra, pois cada modalidade tem sua razão de ser e age na realidade social carregada de signifi cados contrários. Embora contrários, esses signifi cados se complementam. Portanto, nosso papel é entender os limites e possibilidades de cada modalidade avaliativa, seja na EAD ou na modalidade presencial. 30 Educação a distância e métodos de avaliação Os DiFerentes Tipos De Avaliação Nesta seção, você conhecerá os principais tipos de avaliação da aprendizagem descritos e estudados na literatura científi ca – a avaliação formativa, a diagnóstica e a somativa – e refl etirá sobre eles. Antes de darmos continuidade a esta seção, cujo objetivo é diferenciar e comparar os tipos de avaliação citados, solicitamos que você pense nos conceitos préviose pré-elaborados que você tem sobre cada um deles. A seguir, anote-os e, à medida que avançar na leitura de cada um deles, retorne ao que você escreveu e compare os conceitos que você anotou e os que apresentamos para ver se existem divergências, relações ou contradições entre eles. Essa é uma primeira atividade para você perceber o quanto o tema avaliação da aprendizagem e seus diferentes tipos são complexos e cheios de nuances sociais e culturais. Atividade de Estudos: 1) O que é, para você, avaliação DIAGNÓSTICA? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2) O que é, para você, avaliação SOMATIVA? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 3) O que é, para você, avaliação FORMATIVA? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 31 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃOCapítulo 2 Agora que você já refl etiu sobre o que signifi ca cada um dos tipos de avaliação da aprendizagem que mencionamos, sistematizou e escreveu o que pensa, chegou o momento de conhecer como os estudiosos do assunto discutem, entendem e tratam cada um dos tipos e de realizar uma análise. Siga em frente! As Dimensões Avaliativas As ações avaliativas assumem duas dimensões: a dimensão formativa e a dimensão técnica. A dimensão formativa ou continuada é processual, descritiva e qualitativa e têm duas funções: o diagnóstico (avaliação diagnóstica) e o monitoramento. Essa dimensão indica os níveis já consolidados pelo aluno, suas difi culdades ao longo do processo e as estratégias de intervenção necessárias a seus avanços. Alguns autores não fazem separação entre a avaliação diagnóstica e a formativa, uma vez que desempenham funções semelhantes. A avaliação formativa ou diagnóstica é o processo de coletar, analisar e interpretar evidências relativas à efi cácia e efi ciência de programas educacionais. Determina critérios conforme os níveis de aproveitamento e diagnostica os resultados, corrigindo as falhas do processo ensino-aprendizagem. A segunda dimensão, a técnica, é de ordem burocrática. Tem a função de regular os tempos escolares (em ciclos, séries, anos) e apresenta um caráter classifi catório, somativo, controlador, com o objetivo de certifi cação ou de atendimento ao registro formal exigido pela instituição e pelo sistema. Envolve sistemas fechados, dominantes em nossa tradição pedagógica, traduzidos em resultados quantitativos que determinam a promoção dos alunos. Conforme já exposto no primeiro capítulo, somente a partir de 1960 surgiuo termo avaliação formativa na literatura educacional, cunhado por Michael Scriven. A avaliação voltou-se à reorientação das aprendizagens em processo e ao desenvolvimento individual do educando, buscando compreendê-lo e ajudá-lo em suas necessidades específi cas. Em 1967, Scriven aplicou o termo ao contexto da avaliação de currículo. A avaliação formativa remetese ao processo didático, e não sobre os resultados. Sua utilização voltada à avaliação da aprendizagem teve sua ampliação na década de 1970, por Linda Allal e Jean Cardinet.(TAVARES, 2009). A dimensão formativa ou continuada é processual, descritiva e qualitativa e têm duas funções: o diagnóstico (avaliação diagnóstica) e o monitoramento. Essa dimensão indica os níveis já consolidados pelo aluno, suas difi culdades ao longo do processo e as estratégias de intervenção necessárias a seus avanços. Alguns autores não fazem separação entre a avaliação diagnóstica e a formativa, uma vez que desempenham funções semelhantes. 32 Educação a distância e métodos de avaliação Talvez a maior crítica ao aprofundamento técnico realizado nesse período tenha sido que, por mais que levasse em conta aspectos cognitivos e emocionais do aprendente, desconsiderava por completo os fundamentos pedagógicos e políticos da avaliação e a transformou em uma prática inefi caz ao aperfeiçoamento do processo de ensino numa perspectiva crítica e libertadora, facilitando a reprodução, a submissão e o controle do sistema social. (LEITE, 2007). Essa tendência manifesta os princípios da pedagogia tecnicista, oriundos da teoria geral da administração científi ca. Na década de 1960 e início dos anos de 1970, a avaliação educacional assumiu uma teorização mais consistente. Esse período foi chamado de profi ssionalismo ou profi ssionalização da avaliação. A avaliação se transformou em objeto de estudo e surgiu uma vasta produção teórica, além de proliferarem seminários e congressos na área. Nesse momento, a ideia de que os objetivos são os organizadores da avaliação cedeu espaço à ideia de que a avaliação deveria se orientar pelo tipo de decisão ao qual se pretendia que ela servisse. Ao invés de apenas verifi car o resultado dos objetivos (que seria a dimensão somativa), foi introduzida a noção de verifi car informações para a tomada de decisões, realizada ao longo do processo (que seria a dimensão formativa). Essa nova perspectiva se voltou ao desenvolvimento individual do educando que, nessa fase, passou a ser considerado o centro do processo educativo. A avaliação foi orientada para a metacognição com a função de autorregulação e autocontrole. Seria um processo de autoavaliação em que o sujeito participa ativamente dos processos e dos resultados da aprendizagem. (TAVARES, 2009). A escola tradicional tinha, nas décadas de 1960 e de 1970, como enfoque básico, identifi car o conhecimento do aluno. O aluno seria aprovado ou reprovado de acordo com o aspecto cognitivo, o conhecimento que conseguia demonstrar ter adquirido. A infl uência de modelos de origem psicológica, juntamente com a infl uência do pensamento pedagógico brasileiro, trouxe ao educador a preocupação com os processos afetivo-emocionais que determinam a aprendizagem, modelos em que a autoavaliação também seria observada. (TAVARES, 2009). Para Tavares (2009), no Brasil, a característica da avaliação formativa como elemento articulador e de auxílio à aprendizagem foi enriquecida pelo movimento crítico, a partir de 1980, que agregou à concepção de avaliação também o aspecto de transformação, não só individual como ambém social, tendo sido o livro Avaliação Emancipatória, de Ana Maria Saul, um divisor de águas nesse sentido. Essa nova perspectiva se voltou ao desenvolvimento individual do educando que, nessa fase, passou a ser considerado o centro do processo educativo. A avaliação foi orientada para a metacognição com a função de autorregulação e autocontrole. Seria um processo de autoavaliação em que o sujeito participa ativamente dos processos e dos resultados da aprendizagem. (TAVARES, 2009). 33 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃOCapítulo 2 A partir dos anos de 1980, a avaliação passou a ser vista como um processo de construção da realidade numa atribuição de sentido às situações, sendo infl uenciada pelos elementos contextuais diversos e pelos valores dos vários intervenientes do processo social. (TAVARES, 2009, p. 945-946). A avaliação voltou-se para a relação dialética indivíduo/sociedade/ realidade histórica e, na escola contemporânea, a avaliação educacional destaca a necessidade de ampliar a atividade de aprendizagem por meio da interpretação crítica. Busca, então, uma ampliação do campo da avaliação e a utilização de instrumentos mais adequados às complexidades sociais. (TAVARES, 2009). Aavaliação se insere no âmbito político e social e incorpora as contradições e concepções de mundo. Portanto, assume sentido ético, devendo estar presentes, em todo processo educacional, as questões éticas e afetivas. A negociação passa a ser central no processo ensino-aprendizagem e, segundo Cappelletti (2004, p. 7): estar com os alunos numa relação de ajuda, proporcionar a aquisição de um bem precioso como é o conhecimento, deixar falar, saber ouvir, lidar com diferentes representações e interesses fazem parte da complexidade do ensinar, do aprender e do avaliar na referência dialético-crítica. O estudante pode exercer uma ação consciente, refl exiva e crítica que se destina à promoção do homem histórica e circunstancialmente situado, oferecendo-lhe condições de pensar, de se ver, de optar e de autorrealizar-se com perspectiva de transformação individual e coletiva. A Avaliação Diagnóstica Diagnosticar signifi ca fazer uma descrição minuciosa ou ter uma compreensão ampla de algo pela observação dos sintomas. É ter conhecimento sobre a característica, a composição, o comportamento, a natureza etc. de algo, com base nos dados e/ou informações desse obtidos por meio de exame. Poderíamos, então, resumir, de modo simplista, que diagnosticar signifi ca analisar ou descrever analiticamente um ou mais elementos de algo em questão. Diagnóstico (diagnose) pode referir-se às diversas modalidades das áreas de conhecimento. Costumeiramente, ouvimos as pessoas falarem em diagnóstico, seja na área da administração, da saúde, da educação etc. Na própria metodologia científi ca, há um tipo de pesquisa chamada diagnóstica cujo objetivo é possibilitar ao pesquisador maior conhecimento e entendimento sobre a realidade pesquisada. 34 Educação a distância e métodos de avaliação Na educação, essa modalidade de avaliação é bastante utilizada, geralmente quando o professor deseja diagnosticar os pontos fracos e fortes do aluno na área de conhecimento em que se desenvolverá o processo de ensino-aprendizagem. Matui (1995) trata a avaliação em sua concepção formativa, utilizando a designação “avaliação dialógica”. O autor afi rma que o diálogo perpassa por uma proposta construtivista de ensino, garantindo um processo de intervenção efi caz e uma relação de afetividade que contribuem para a construção do conhecimento. Na perspectiva do autor, a “avaliação dialógica” será subsidiada pela diagnóstica, viabilizando a participação do aluno no processo ensino-aprendizagem. Swearingen (2009, p. 12) explica que a avaliação diagnóstica é utilizada para determinar a necessidade de reestudo e que, na prática, o propósito da avaliação diagnóstica é verifi car, antes do processo de ensino, cada defi ciência, competência, fraqueza, conhecimentos e habilidades. Possuindo tais dados, isto permitirá que o professor oriente seus alunos e ajuste o currículo para suprir cada necessidade individual. Segundo Haydt (2004), a avaliação diagnóstica é realizada no início do curso, período letivo ou unidade de ensino, com a intenção de constatar se os alunos apresentam ou não domínio dos pré-requisitos necessários (conhecimento e habilidades) para novas aprendizagens, a caracterização de eventuais problemas e suas possíveis causas. Para Luckesi (2009), qualquer prática avaliativa é diagnóstica, ocorra em que momento for da ação, no sentido de que toda prática avaliativa tem dois pontos básicos: • investigar sobre o desempenho de alguma coisa, projeto, instituição ou pessoa (o que está ocorrendo e as razões pelas quais o que está ocorrendo está ocorrendo), atribuindo-lhe uma qualidade; • proceder uma intervenção, tendo em vista o redirecionamento da ação, instituição ou pessoa (se necessário) e, consequentemente, a obtenção dos resultados colimados. O autor argumenta que a avaliação deve ser diagnóstica, voltada para a autocompreensão e participação do aluno. Ainda para Luckesi (2003), a avaliação diagnóstica acontece quando é compreendida e comprometida com uma concepção pedagógica, além de que é condição de sua existência a articulação com uma concepção pedagógica progressista. Deve estar comprometida com uma proposta pedagógica histórico-crítica, uma vez que esta concepção está preocupada com a perspectiva de que o educando deverá apropriar-se Na perspectiva do autor, a “avaliação dialógica” será subsidiada pela diagnóstica, viabilizando a participação do aluno no processo ensino- aprendizagem. 35 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃOCapítulo 2 criticamente de conhecimentos e habilidades necessárias à sua realização como sujeito crítico dentro desta sociedade que se caracteriza pelo modo capitalista de produção. (LUCKESI, 2003, p. 82). Segundo Tarouco (2009), a avaliação diagnóstica pode ser utilizada para realizar encaminhamentos ou reforço escolar para que o aluno resolva seus problemas juntamente com especialistas, como psicólogos, orientadores educacionais, entre outros: ocorre em dois momentos diferentes: antes e durante o processo de instrução; no primeiro momento, tem por funções: verifi car se o aluno possui determinadas habilidades básicas, determinar que objetivos de um curso já foram dominados pelo aluno, agrupar alunos conforme suas características, encaminhar alunos a estratégias e programas alternativos de ensino; no segundo momento, buscar a identifi cação das causas não pedagógicas dos repetidos fracassos de aprendizagem, promovendo, inclusive quando necessário, o encaminhamento do aluno a outros especialistas (psicólogos, orientadores educacionais, entre outros). Inuzuka (2009) afi rma que, quando a avaliação diagnóstica é aplicada no início de um curso, tem a função de detectar problemas e defi ciências, permitindo encaminhar o aluno para outro curso de reforço para fi ns de resolver problemas de aprendizado ou até para outros especialistas de outras áreas, como psicólogos ou médicos. Quando essa avaliação é aplicada durante o curso, pode ser utilizada participativamente para autocompreensão, por exemplo, em correções de “provas” juntamente com alunos. Segundo Rodrigues (2009), a avaliação diagnóstica tem como função básica: • Informar sobre o contexto em que o trabalho pedagógico se realizará, bem como sobre os sujeitos que participarão desse trabalho. Ela fornecerá subsídios para uma tomada de decisão mais ampla, ou seja, para que seja traçado um plano geral de trabalho. • Só após conhecer a realidade com a qual trabalharemos é que podemos defi nir nossos objetivos e, consequentemente, o caminho a ser percorrido para alcançá-los. Entre os recursos utilizados para obter os dados e as informações, temos: questionário; observação; entrevista; análise de resultados do período anterior; seminários. De acordo com Rabelo (2009): esse tipo de avaliação faz um prognóstico sobre as capacidades de um determinado aluno em relação a um novo conteúdo a ser abordado. Trata-se de identifi car algumas características de um aluno, objetivando escolher algumas sequências de trabalho mais bem adaptadas a tais 36 Educação a distância e métodos de avaliação características. Tenta-se identifi car um perfi l dos sujeitos antes de iniciar qualquer trabalho de ensino, sem o que, com certeza, estaria comprometido todo o trabalho futuro do professor. O diagnóstico é o momento de situar aptidões iniciais, necessidades, interesses de um indivíduo, de verifi car pré-requisitos. É, antes de tudo, momento de detectar difi culdades dos alunos para que o professor possa melhor conceber estratégias de ação para solucioná-las. De acordo com Bloom, Hastings e Madaus (1971), a avaliação diagnóstica é aquela que, ao se iniciar um curso ou um período letivo, dada a diversidade de saberes, o professor deve verifi car o conhecimento prévio dos alunos com a fi nalidade de constatar os pré- requisitos necessários deconhecimento ou habilidades imprescindíveis que os educandos possuem para o preparo de novas aprendizagens. Esse tipo de avaliação é utilizado objetivando determinar a forma pela qual o educador deverá encaminhar, por meio do planejamento, sua ação educativa. Estabelecerá os marcos para tornar o processo de aprendizagem mais exequível e efi caz. Pode ser considerado como o ponto de partida para todo trabalho a ser desenvolvido pelo educador, em função de ocorrer antes e durante o processo ensino-aprendizagem e de possuir diferentes fi nalidades. (CERQUEIRA, 2008). A avaliação diagnóstica pode acontecer antes do processo de ensino-aprendizagem, no início do curso ou ano letivo. Quando realizada antes do processo, objetiva sondar se o aluno apresenta os comportamentos necessários para que a aprendizagem possa ser iniciada. No entanto, a avaliação diagnóstica, independe do momento, pode acontecer a qualquer momento da prática educativa. Independe do momento, porque ela tem uma função de investigar o desempenho do aluno. É uma forma de monitoramento. Portanto, investiga para intervir e reorientar o ensino e resgatar o aluno. Em suma, a avaliação diagnóstica tem como objetivos: identifi car a realidade dos alunos que participarão do processo; verifi car se os alunos apresentam ou não habilidades e/ou pré-requisitos para o processo; identifi car as causas de difi culdades recorrentes na aprendizagem. Assim, o educando poderá rever sua ação educativa para sanar os problemas. (CERQUEIRA, 2009). O momento e a utilização da avaliação diagnóstica dependerão das respostas desejadas, se quisermos conhecer a realidade e o perfi l do aluno ou de toda a turma, seus desempenhos ao longo do processo, a identifi cação dos processos, suas difi culdades e descompassos em relação às metas esperadas. Poderíamos resumir que esse tipo de avaliação tem uma função preventiva, pois possibilita que a ação docente se oriente para resgatar a oportunidade de o aluno aprender. O diagnóstico é o momento de situar aptidões iniciais, necessidades, interesses de um indivíduo, de verifi car pré- requisitos. É, antes de tudo, momento de detectar difi culdades dos alunos para que o professor possa melhor conceber estratégias de ação para solucioná-las. Poderíamos resumir que a avaliação diagnóstica tem uma função preventiva, pois possibilita que a ação docente se oriente para resgatar a oportunidade de o aluno aprender. 37 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃOCapítulo 2 Atividade de Estudos: 1) Você estudou sobre a avaliação diagnóstica. Refl ita e anote se esse tipo de avaliação dispensa instrumentos e formas de cobrança dos alunos e justifi que sua resposta fundamentando-a. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2) A avaliação diagnóstica exime o aluno da responsabilidade e de esforçar-se para aprender? Como ocorre esse processo na prática? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ A Avaliação Somativa A avaliação somativa é a dimensão técnica e burocrática da avaliação. Tem o propósito de oferecer subsídios para o registro das informações relativas ao desempenho do aluno e visa proporcionar uma medida que poderá ser expressa em uma nota ou conceito, ao fi nal de cada unidade de ensino ou ao fi nal de cada bimestre ou, ainda, no fi nal do ano letivo. Essa avaliação tem por função básica a classifi cação dos alunos. Realizada ao fi nal de um curso ou unidade de ensino, classifi ca os alunos de acordo com os níveis de aproveitamento previamente estabelecidos. Às vezes, pode ser realizada em um processo cumulativo, quando um balanço fi nal leva em consideração vários balanços parciais. Faz um inventário com o objetivo social de pôr à prova, verifi car. Portanto, além de informar, situa e classifi ca, sendo sua principal função dar certifi cado. 38 Educação a distância e métodos de avaliação A avaliação somativa contemplará, também, tudo o que foi visualizado na função diagnóstica e na formativa. Portanto, é preciso que fi que bem claro que provas, testes, trabalhos e pesquisas são instrumentos utilizados na avaliação para colher informações e estabelecer medidas, não podendo ser identifi cados como processo de avaliação. Teixeira (2009) aconselha, até, que o docente utilize, durante o processo de avaliação, nas suas diversas funções, instrumentos diferentes, porque existem alunos que apresentam maior difi culdade com este ou aquele instrumento. Para Zabala (1998), a utilização conjunta dos termos avaliação fi nal e avaliação somativa é ambígua. O autor utiliza o termo avaliação fi nal para se referir aos resultados obtidos e aos conhecimentos adquiridos e reserva o termo avaliação somativa ou integradora para o conhecimento e a avaliação de todo o percurso do aluno. Assim, a avaliação somativa ou integradora é entendida como um informe global do processo que, a partir do conhecimento inicial (avaliação inicial), manifesta a trajetória seguida pelo aluno, as medidas específi cas que foram tomadas, o resultado fi nal de todo o processo e, em especial, a partir desse conhecimento, as previsões sobre o que é necessário continuar fazendo ou o que é necessário fazer de novo. Apesar de os sistemas de instituições de ensino exigirem como meta fi nal de todo o processo de ensino uma nota ou conceito, o professor deve ter em mente que o foco de seu trabalho é a aprendizagem de seu aluno. Fernandes (2006, p. 364) descreve que: o que interessa ao professor, em termos de avaliação somativa, em termos de balanço, não é o fato de um aluno não ter sabido algo num dado dia e, por isso, ser penalizado com uma informação negativa para efeitos desse mesmo balanço. O que verdadeiramente lhe interessa é saber: se o aluno aprendeu; como é que ultrapassou as difi culdades; as razões que poderão ter impedido que assim acontecesse; o que foi efetivamente feito pelo aluno e pelo professor para dissipar as difi culdades. Antes que as avaliações somativas ou burocráticas apareçam como sentença fatal de fracasso ou antes que levemos muito tempo para descobrir que não houve a aprendizagem suposta ou esperada, a avaliação diagnóstica assume papel de prevenção. No entanto, vemos, na prática, uma tendência elevada pela utilização de avaliações somativas em detrimento das avaliações diagnósticas e formativas. Deveríamos nos perguntar quais os motivos para esta preferência? Os estabelecimentos de ensino, sejam na rede pública ou privada ou em instituições de ensino superior, adotam essa postura. É um modelo que o próprio sistema exige. A maioria das escolas segue um modelo tradicional de ensino baseado em provas, pois é o modelo do vestibular, do ENEM e do ENADE, por exemplo. Antes que as avaliações somativas ou burocráticas apareçam como sentença fatal de fracasso ou antes que levemos muito tempo para descobrir que não houve a aprendizagem suposta ou esperada, a avaliação diagnóstica assume papel de prevenção. No entanto, vemos, na prática, uma tendência elevada pela utilização de avaliações somativas em detrimento das avaliações diagnósticas e formativas. 39 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃOCapítulo 2 A avaliação somativa deve ser criteriosa, clara e transparente e servir, também, para que o sistema (escola e professor) se confronte,constantemente, com a medida da sua (in)efi cácia. A avaliação somativa complementa, assim, um ciclo de avaliação em que foram já utilizadas as avaliações diagnóstica e formativa, trazendo a todo o processo as seguintes contribuições: • revelar que foram já conseguidas aprendizagens que o aluno anteriormente não possuía e que não foram consumadas outras aparentemente adquiridas; • alertar para matérias mais difíceis de assimilar, para estratégias que não foram inteiramente efi cazes ou para um tempo de aprendizagem que se revelou insufi ciente, contribuindo desse modo para o aperfeiçoamento do ensino e o sucesso da aprendizagem. (CERQUEIRA, 2008). A avaliação, nesse sentido, constitui-se um instrumento valioso na tomada de decisões referentes a opções curriculares ou a inovações educativas. Em suma, a função da avaliação somativa é posicionar o aluno em relação ao cumprimento dos objetivos de aprendizagem estabelecidos. Por conseguinte, a fi nalidade desse tipo de avaliação é a tomada de decisões sobre apoios e complementos educativos e regime de progressão do aluno. Podemos concluir que tanto a dimensão técnica quanto as dimensões formativa e diagnóstica devem ser vinculadas ou conjugadas para garantir a efi ciência do sistema de avaliação e a excelência do processo ensino-aprendizagem. Atividade de Estudos: 1) Levando em consideração o que você já estudou até aqui sobre avaliação diagnóstica e somativa da aprendizagem, responda às perguntas a seguir de forma fundamentada. a) É possível avaliar sem medir? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ b) Avaliação é também um ato de medir? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 40 Educação a distância e métodos de avaliação 2) Faça uma pesquisa, na internet, em instituições que promovem cursos a distância e analise o sistema de avaliação da aprendizagem de, pelo menos, uma instituição, quando disponível. Anote, a seguir, os resultados da sua pesquisa e identifi que, apenas com as informações fornecidas no site, se a instituição tem avaliações somativas ou diagnósticas. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ A Avaliação Formativa Enquanto a avaliação somativa tem como objetivo fi nal a certifi cação e medir resultados, a avaliação formativa é interna ao processo, analítica e mais centrada no estudante do que no produto acabado. Entre suas principais funções, estão as de inventariar, harmonizar, tranquilizar, apoiar, orientar, reforçar, corrigir etc. É uma avaliação incorporada no ato do ensino e integrada à ação de formação. É uma avaliação que contribui para melhorar a aprendizagem, pois informa o professor sobre o desenvolver da aprendizagem e o aluno sobre os seus sucessos e fracassos, o seu próprio caminhar. (RABELO, 2009). Alguns autores utilizam o termo avaliação formativa, outros utilizam o termo avaliação reguladora, mas ambas buscam verifi car como cada aluno aprende ao longo do processo de ensino-aprendizagem para se adaptar às novas necessidades que se colocam. A avaliação formativa ou reguladora adquire função semelhante à avaliação diagnóstica, tanto que alguns autores não as diferenciam. É um processo de regulação de responsabilidade do professor. É externa ao aluno. Essa modalidade de avaliação foi a que se confi gurou no capítulo da Educação Básica, da atual Lei de Diretrizes e Bases (BRASIL, 1996), a qual estabelece que a verifi cação do rendimento escolar ocorrerá mediante avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, Alguns autores utilizam o termo avaliação formativa, outros utilizam o termo avaliação reguladora, mas ambas buscam verifi car como cada aluno aprende ao longo do processo de ensino- aprendizagem para se adaptar às novas necessidades que se colocam. 41 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃOCapítulo 2 com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas fi nais. Há, ainda, confusão entre avaliação formativa e avaliação contínua que, embora distintas, devem ser indissociáveis. Avaliação contínua é condição necessária na prática educativa, mas, além de ser contínua, deve ser formativa. Para entendermos melhor, utilizaremos um exemplo: um professor pode fazer avaliação contínua semanalmente, mas sem que isso interfi ra no redirecionamento de suas práticas para sanar as difi culdades dos alunos. Há que ser levada em conta a avaliação formativa, que tem como papel fundamental acompanhar as aprendizagens dos alunos, ajudando-os em seu percurso escolar. De Landsheere (1979, p. 254) faz a seguinte explanação: seja qual for, a avaliação formativa tem por único fi m reconhecer onde e em que o aluno sente difi culdade e procurar informá-lo. Essa avaliação não se traduz em nota, muito menos em “scores”. Trata-se de um “feedback para o aluno e para o professor”, de emitir um juízo de valor que sirva de base para ações futuras. A avaliação formativa pode ocorrer em momentos distintos: no início de uma atividade; ao longo do processo; e após uma sequência longa de aprendizagens. Deve ser realizada durante todo o decorrer do período letivo, com o intuito de verifi car se os alunos estão atingindo os objetivos previstos e de avaliar se dominam gradativa e hierarquicamente cada etapa da aprendizagem antes de prosseguirem para uma outra etapa subsequente. É por meio da avaliação formativa que o aluno toma conhecimento dos seus erros e acertos e encontra estímulo para um estudo sistemático. Essa modalidade de avaliação é orientadora, porque orienta o estudo do aluno e o trabalho do professor. É motivadora, porque evita as tensões causadas pelas avaliações. A respeito da contribuição da avaliação formativa para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, Esteban (2004, p. 19) descreve que: avaliar o aluno deixa de signifi car e fazer um julgamento sobre a sua aprendizagem, para servir como momento capaz de revelar o que o aluno já sabe, os caminhos que percorreu para alcançar o conhecimento demonstrado, seu processo de construção do conhecimento, o que o aluno não sabe e o caminho que deve percorrer para vir, a saber, o que é potencialmente revelado em seu processo, suas possibilidades de avanço e suas necessidades para a superação, sempre transitória, do não saber. É uma modalidade de avaliação que, fundamentada no diálogo, possui como objetivo o reajuste constante do processo de ensino. Exige muito envolvimento do professor e uma disponibilidade de tempo que vai além do dispensado no momento das aulas, pois, entre suas atividades, passa a ser necessária a construção de um registro sobre cada aluno e a atualização desse registro sempre que novos dados 42 Educação a distância e métodos de avaliação surgirem. É fundamental planejar, diariamente, as atividades que serão desenvolvidas pelos alunos e elaborar estratégias individualizadas. Quando, na análise da avaliação, introduzimos a concepção construtivista do ensino e da aprendizagem como referencial psicopedagógico, o objeto da avaliação deixa de ser exclusivamente os resultados obtidos para se situar prioritariamente
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