Buscar

REVISÃO GEOMORFOLOGIA UFOP

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

REVISÃO GEOMORFOLOGIA - 16.2 
Gabriel Galdino – enviar correções ou dicas para gabrielgaldinodm@gmail.com 
 
As derivações da Geomorfologia 
1. Orografia: consiste na descrição dos elementos geométricos do relevo, entrando nesse 
quesito a declividade, direção de mergulho, formas do relevo. Nesse conceito são 
desprezadas as intervenções antrópicas, bem como aspectos internos como a 
composição das litologias. Exemplos de aplicação: mapas de declividade, mapas de 
relevo, cartas topográficas. 
2. Corografia: são os aspectos humanos condicionados pela orografia. Exemplos de 
aplicação: no estado de Minas Gerais observa-se uma grande variedade de sotaques, 
esses decorrentes do isolamento geográfico condicionado pelas cadeias montanhosas 
que limitaram a convivência dos bandeirantes com diferentes culturas indígenas. 
3. Fisiografia: relação entre a geometria e os processos naturais. Exemplos de aplicação: 
tudo aquilo que é condicionado pela litologia, como o tipo de vegetação. 
 
Ciclo Geográfico de Davis e seu pensamento 
Trata da evolução dos rios, dividindo-os em jovens, maduros e senis, de acordo com a energia e 
posição do percurso: na região da nascente o rio é classificado como jovem, nesse contexto ele 
é um rio mais energético, existente em uma região de maior declividade; quando maduro esse 
rio perde parte de sua energia e passa a escavar menos – profundidade se aproxima da largura; 
por fim, quando em planície próximo de desaguar o rio forma meandros, perde velocidade e 
declividade, a escavação é cada vez menor. Nesse ponto o rio é classificado como senil. 
Davis constrói sua linha de pensamento a partir de observações nas Rochosas e Apalaches, duas 
áreas de alta declividade e relativa homogeneidade litológica. Sendo assim, seu pensamento 
descreve de maneira fidedigna uma quantidade muito limitada de rios, ignorando por exemplo 
as condições de erosão diferencial que geram as cachoeiras: nessas quedas de água a 
acumulação da água possibilita que essa seja descarregada com muita energia, escavando muito 
em um relevo de grande declividade, mesmo que esse seja um rio maduro. 
Apesar de certas incoerências quanto ao ciclo dos rios, Davis propões um método de 
pensamento de grande contribuição: 
1. Observação e caracterização das formas; 
2. Enunciação das hipóteses; 
3. Dedução das consequências; 
4. Teste das consequências em novas observações; 
Os princípios da Geomorfologia 
Causalidade 
Extensão 
Localização 
Inicialmente, a geomorfologia aparece exclusivamente com intuito descritivo do ambiente, 
porém, o pensamento evolui para uma vertente baseada na interpretação dos fatores 
ambientais associados (descrever para interpretar). 
Vale ressaltar também que a geomorfologia obedece a princípios gerais, porém, é problemático 
estabelecer leis gerais à geomorfologia: 
“Nenhum rio pode escavar abaixo do nível do mar porque a energia potencial da queda d’água 
aí chega a zero, logo nenhuma conversão de energia pontencial em trabalho de corrente é 
possível. ” 
Nessa afirmação existe um problema claro quanto a afirmação, isso porque existem diferentes 
regimes de embocadura de rios, em alguns deles do tipo delta o sistema é dominado pela ação 
de rios, e nesse contexto os rios são capazes de sobrepor sua ação sobre a da linha de costa, 
sendo assim, são capazes de erodir abaixo do nível do mar. 
Uma segunda crítica a tal pensamento pode ser feita com relação à visão fixista do autor, que 
desconsidera variações temporais da linha de costa, que em um tempo passado pode ter gerado 
a erosão em ambiente marinho. Ainda é possível salientar os “eventos catastróficos”, como as 
correntes de turbidez e os tempestitos, que são capazes de mover grãos no substrato, gerando 
assim, erosão em plataforma. 
Sendo assim, a geomorfologia não deve ser vista de forma fixista, e sim de forma de que se 
reconheça a variação dos processos ao longo do tempo geológico. Além disso, percebe-se que 
a análise geomorfológica é feita a partir de uma vertente estática, baseada na descrição e outra 
vertente dinâmica, baseada na interpretação. 
Aplicando tais vertentes na paisagem ao 
lado podemos dizer que em âmbito 
descritivo (estático) existe uma pista de 
corrida a qual encontra-se 
desconformada, sendo que tal desnível 
formado na pista se estende até o fim da 
imagem. Além disso, tomando as pessoas 
como escala é possível dizer que o 
desnível apresenta cerca de 2m e 
inclinação de cerca de 30°. Já em termos 
interpretativos é possível chegar a 
conclusão de que o evento de deformação é recente, uma vez que a pista foi deformada, além 
disso, podemos dizer que foi causado por uma falha normal (falha de distensão). (Imagem de 
Taiwan) 
Exercitando mais uma vez os conceitos, 
percebe-se na imagem ao lado uma série de 
vales (região à direita na parte superior da 
imagem), e após esses vales uma sequência 
de outros vales formando 90°, a essas 
feições damos o nome de “cotovelos de 
drenagem”. No âmbito interpretativo é 
possível falar da existência de uma falha 
transcorrente responsável pela formação 
dos cotovelos. Outra aplicação 
interpretativa seria a retirada de sedimentos em vários pontos da região na direção da falha, 
datando-os e com essa diferença de idades é possível estimar a taxa de desenvolvimento da 
falha com o tempo. (Imagem da Califórnia) 
Morfometria 
Durante a segunda guerra mundial existe a necessidade de otimizar os processos e ao seu fim, 
em 1945, Horton desenvolve a morfometria que tem por base converter dados de relevo em 
dados numéricos por meio de modelos matemáticos. Um desses processos é definir a ordem de 
drenagem: nesse método define-se todas as nascentes como rios de ordem 1; quando há o 
encontro de dois rios com mesma ordem, o valor da ordem no trecho é acrescido de 1, enquanto 
que caso esses rios que se encontram sejam de ordens diferentes, irá permanecer o maior valor. 
Dessa forma, os rios com drenagem de alta ordem, seriam à primeira vista rios de características 
deposicionais, enquanto os rios de baixa ordem, estariam mais próximos às nascentes, e logo 
com mais energia, sendo assim rios de alta energia. Porém, vale ressaltar que tais modelos só 
atendem condições ideais. 
Outra aplicação da morfometria é o Índice de encaixamento dos Vales: consiste na razão entre 
a profundidade do vale e o distanciamento entre os picos do vale: 
 
𝐼 = 
ℎ
𝐿
 
Tal índice dá o encaixamento do vale, o que 
consequentemente pode ser relacionado com a capacidade 
de escavação do rio. Um índice de encaixamento maior 
forma um vale em “V”, enquanto um de menor índice 
forma vale em “U”. 
Se h >> L, é dito que o relevo é de alta rugosidade. 
 
O terceiro índice morfométrico a ser apresentado é o Índice de dissecação: 
𝐼 = 
𝑆𝑑
𝑆𝑐
 
Onde “Sd” corresponde à superfície dissecada, ou seja, superfície removida (transportada) pelo 
processo de erosão, e “Sc” a superfície conservada, ou seja, sobre a qual a erosão não atuou. 
Sendo assim, se o valor do índice é alto, a erosão foi mais efetiva, do contrário, foi pouco 
atuante. 
No Brasil as zonas de menor índice de dissecação são as Bacias Sedimentares do pós-brasiliano, 
uma vez que essas não foram deformadas – isso se dá, pois, as estruturas horizontalizadas são 
mais resistentes à erosão. 
Mais um exemplo de aplicação da morfometria é correlacionar a taxa de animais de baixa 
resistência a insolação UV nas zonas de cabeceira de rios: nessas áreas o rio corre com mais 
energia, logo tende a ser mais encaixado nos vales, além disso, nesses locais o desenvolvimento 
da copa das árvores é maior, e juntando-se o fator de rios pouco largos com o dossel 
desenvolvido, tem-se uma menor penetração na luz solar nesses ambientes. Assim, é possível 
descrever taxas em função da largura dos rios e do desenvolvimento do dossel. 
Vale ressaltar que a morfometria apresenta aspectos que ajudam a conhecer o relevobem como 
facilitam trabalhar mais facilmente com um conjunto de informações, porém, uma série de erros 
pontuais podem ser resultantes desses índices. Se um rio apresenta maior ordem de drenagem, 
é esperado que o mesmo seja deposicional, logo, o índice de encaixamento de seus vales será 
muito baixo. Porém, unicamente tratar de fatores numéricos desconsidera as questões como 
resistência das rochas ao intemperismo, ou como em um exemplo já salientado aqui que são as 
soleiras geomórficas, que podem atuar por meio de uma cachoeira por exemplo, retendo o fluxo 
e posteriormente aumentando em muito sua energia. 
 
Métodos e Técnicas em Geomorfologia 
Serão utilizados como métodos técnicos principalmente a cartografia e estatística. A cartografia 
será utilizada para interpretação do relevo com base na topografia, distribuição das drenagens 
e interpretação do relevo, um exemplo bem característico está na boa distribuição das cidades 
em função da existência de rios meandrantes: 
Na imagem percebe-se, destacado em vermelho, o rio que 
permeia uma dada cidade. A morfologia do mesmo é 
descrita como um neck cut-off, nesses rios em épocas de 
maior vazão torna-se potencialmente mais fácil que o rio 
corra pela direção indicada pela seta, abandonando o 
meandro, e como em termos energéticos esse novo 
caminho é tão mais favorável, que o rio não tende a voltar 
a fazer o meandro em momento algum. 
Nesses contextos a diminuição da energia sobre o meandro 
é tão grande, que o mesmo passa a depositar uma 
quantidade muito grande de lamas. 
 
O segundo modelo é o chamado chute cut-off, caracterizado por 
uma avulsão do meandro em períodos de maior vazante, porém, 
nesses rios não é tão favorável a avulsão, sendo essa feita só 
durante os períodos de cheia. Nesses contextos o abandono do 
meandro é bem mais gradual, então predomina a deposição de 
canal, ou seja, há um acúmulo muito maior de areias. 
 
 
A Relação da Geomorfologia com outras Ciências 
A geomorfologia atua como uma ponte para as demais ciências, sintetizando conhecimentos de 
outras áreas e eventualmente sendo modificada por avanços analíticos nessas outras áreas. 
 Relação com a Sedimentologia: de acordo com as condições ambientais e climáticas, as 
rochas sofreram diferentes tipos de sedimentação que por extensão irão acarretar em 
diferentes tipos de relevos. Como exemplo, um granito em clima árido que sofrerá 
desagregação mecânica mais pronunciável formando areias, e um granito de clima 
temperado que formará clastos. 
 Relação com a Pedologia: o melhor exemplo dessa relação é o próprio Morro do 
Cruzeiro, de acesso ao Campus: 
 
Observa-se no relevo ao lado que no 
ponto mais alto da topografia (topo de 
morro) tem-se a maior taxa de 
infiltração da água (ao contrário do 
desenho, os topos de morro que 
facilitam a infiltração tendem a ser 
mais planos). Essa água por sua vez 
tende a atuar sobre os metapelitos, 
carreando os elementos mais solúveis. 
 
Os metapelitos são constituídos principalmente por aluminossilicatos, e da estrutura 
desses os primeiros componentes a serem carreados são as bases (K, Ca, Na ...). 
Posteriormente às bases, é retirada da estrutura a sílica componente é lixiviada. Todo 
esse conjunto de fatores acarreta em uma concentração supergênica dos óxidos de 
alumínio, dando origem à canga de bauxita. 
Na zona intermediária onde a topografia já sofreu com maior ação da energia potencial, 
e o fluxo passa por ela com maior velocidade, havendo assim uma taxa bem menor de 
infiltração. Nessa parte do morro ocorre a concentração das bases dissolvidas 
anteriormente, na forma de caulim (no morro citado não se observa tais minerais pelo 
fato de que a bauxita se deslocou para o local impedindo que o caulim aflorasse). O 
processo que ocorre aqui é a monossialitização. 
Por fim, na região de menor declividade, já próximo ao nível de base, o freático já se 
encontra bem alto, o que torna a infiltração quase nula (em geral essa água segue o 
escoamento superficial). Ali serão acumulados os argilominerais na forma de argilas 
expansivas 2:1. O processo que ocorre aqui é a bissialitização. 
 
 Relação com a Oceanografia: nesse caso a geomorfologia atuará por meio da 
morfologia da linha de costa, o que poderá influenciar em fatores como as correntes de 
deriva e de marés. Isso pode ter consequências práticas bem visíveis, como a construção 
do porto de Santa Mônica nos E.U.A., o qual foi feito à montante da direção da corrente, 
o que acarreta no assoreamento do mesmo e sendo assim necessários vários processos 
de correção. 
Ademais insta salientar a existências de grandes campos de atuação da geomorfologia em 
auxílio a outras ciências, sendo que aqui foram apresentados apenas os exemplos mais gerais. 
 
O Relevo Terrestre e suas grandes Unidades Topográficas 
Usualmente a geomorfologia, estudada pela Geografia, classifica o relevo terrestre em quatro 
grandes grupos de acordo com seus aspectos descritivos, aqui além da vertente descritiva serão 
feitas algumas observações quanto aos processos. 
1. Áreas continentais com planaltos, colinas e planícies com menos de 2000m de 
altitude: consistem em praticamente a totalidade do relevo brasileiro, sendo 
esses característicos de regiões de margem passiva, com baixas altitudes. São 
relativamente simétricas, apresentando poucos acidentes. 
2. Áreas continentais limitadas com altitudes superiores a 2000m: são áreas cujo 
comprimento supera em muito as demais dimensões, muitas vezes associados 
a dinâmica convergente da crosta. 
3. Bacias oceânicas compreendidas entre 3000m e 6000m de profundidade: são 
o análogo batimétrico das áreas descritas em 1. 
4. Depressões limitadas, abaixo das bacias oceânicas (fossas com mais de 6000m 
de profundidade): unidade batimétrica análoga à 2. 
Detalhamento do relevo submarino: 
É constituído basicamente pela linha de costa, plataforma continental e planície abissal. As 
plataformas continentais são continuações dos continentes mergulhando suavemente para o 
oceano, além de delimitadas pelos canyons submarinos. As plataformas são objetos de estudo 
principalmente pelos bens associados a tais ambientes, como é o caso do petróleo brasileiro. 
As bacias oceânicas, também chamadas de planícies abissais, estão distribuídas entre o talude 
continental e a dorsal. Seu grande agrupamento no relevo encontra-se no grupo 3. 
Já as dorsais mesoceânicas são resultantes do regime de divergência tectônica, podendo 
compará-las a cordilheiras submarinas. Em casos menos comuns como é o da Islândia, a dorsal 
aflora em forma de ilha. 
Por fim, as fossas submarinas consistem no produto da convergência entre duas placas 
oceânicas, que em função da grande densidade desses corpos, elas afundam sobre o manto até 
que a força peso seja mais pronunciável sobre uma delas e ocorre o truncamento. 
Acompanhando os limites das fossas é esperado a formação dos arcos de ilhas vulcânicas. 
 
Evolução e Tipos de Estrutura e Relevo Derivados 
As grandes estruturas do globo são: 
 Escudos Cristalinos ou Escudos Antigos: os escudos serão constituídos do conjunto 
formado entre os paleocontinentes mais a faixa móvel que se desenvolve entre eles. 
Retornando um pouco no tempo eles são melhor compreendidos: 
 
...durante o Arqueano tem-se a formação dos primeiros continentes, com posterior 
desenvolvimento da atmosfera e hidrosfera, que por sua vez atua amplificando os 
processos erosivos. Esses sedimentos que agora são formados em maior quantidade 
passam a ser acumulados nas bordas dos continentes. Passado algum tempo, existem 
camadas bem mais pronunciáveis de sedimentos entre os paleocontinentes, e assim 
tem-se início o processo de colisão entre esses em um evento conhecido como Evento 
Brasiliano. 
A colisão desses continentes amarrota a crosta e gera o soerguimento desses 
sedimentos na forma de rochas meta-sedimentares que agoracompõem a faixa móvel. 
A esse conjunto de crátons cristalinos e mais a faixa móvel dá-se o nome de Escudo. 
 
Também é possível trazer o conhecimento para o presente, no intuito de se 
compreender melhor a definição de cráton: enquanto no passado a faixa móvel consiste 
na “Faixa Araçuaí-Ribeiro”, e os crátons são o do São Francisco e Congo, no presente 
tem-se que o território brasileiro será um Cráton e a Cordilheira dos Andes a faixa móvel. 
 
Mas por que não se pode dizer que o território brasileiro é um cráton, se o mesmo não 
está sofrendo deformação? 
Um cráton só é classificado como cráton para um evento de deformação já concluído, 
ou seja, o cráton do São Francisco é dito como tal pois durante as colisões do brasiliano 
ele não foi efetivamente dobrado, formando longas cadeias. Sendo assim, para que o 
“Brasil” seja tratado como um cráton ainda são necessários milhões de anos para que a 
deformação andina cesse. Vale ressaltar que ao fim do período de orogênese, o ciclo de 
Wilson é invertido e inicia-se a separação, como a faixa móvel é a zona de maior 
resistência (vide sua espessura crustal), quando ocorre a separação, a zona de 
fragmentação é sobre um dos crátons. 
 
Por fim, é bom trazer uma ressalva quanto à nomenclatura; o uso do termo “escudo 
antigo” é de certa forma redundante, uma vez que os atuais escudos são resultado do 
Evento Brasiliano, e assim, são naturalmente antigos. Quanto ao uso do termo escudo 
cristalino, esse só deve ser feito ao se falar do Cráton, pois essa é a parte cristalina do 
escudo. 
 
As plataformas por sua vez são crátons ou conjuntos desses que possuem cobertura 
sedimentar, mais especificamente as bacias sedimentares de sinéclise – em casos como 
na Bacia do Paraná que é muito extensa, a ponto do embasamento quase não aflorar, 
sabe-se que o mesmo existe, pois, as bacias não flutuam sobre o manto 
 Bacias Sedimentares: existem diversos tipos dessas e podem ser formadas sobre 
diferentes condições, podem ser formadas como as apresentadas acima, logo acima do 
cráton, ou até mesmo em zonas de topografia mais alta (como a vista no campo – Ponto 
2 do primeiro dia). 
As bacias são regiões que funcionam como o nível de base e por extensão preenchidas. 
Geralmente são porções deprimidas e relativamente pouco deformadas. 
 Cadeias Dobradas: por fim tem-se essa porção que consiste nos terrenos de deformação 
recente. 
 
Tipos de Relevo numa Bacia Sedimentar 
1. Estrutura concordante horizontal: são conjuntos de rochas sedimentares e 
horizontalizadas, logo, não deformadas, que se estruturam nos chamados platôs, 
mesas, mesetas e chapadas. 
1.1. Relevo em estrutura concordante horizontal: 
Nas chapadas o desenvolvimento de drenagens se dá ligado ao processo de alívio de 
pressão: nesses ambientes, como dito anteriormente não há a deformações, logo, não 
há como as drenagens se desenvolverem nas zonas de charneira das dobras (caminho 
mais usual) e nem em zonas de falhas. Sendo assim, as drenagens desenvolvem-se em 
função das zonas de faturamento, que são formadas pelo alívio de pressão. 
Essa situação de escavação do relevo pelas drenagens faz com que ele atue consumindo 
todo o material que ao centro da chapada: 
 
 
Na imagem acima é perceptível a chapada, constituída de um conjunto de camadas 
horizontalizadas, e em vermelho a zona de fratura. 
 
 
Nesse segundo momento é perceptível que a drenagem foi capaz de escavar a região de 
fratura, que por sua vez consiste em um plano de fraqueza, formando assim um vale. 
 
Outro tipo de relevo resultante dessas condições são as famílias de fraturas que geram 
os vales em manjedoura, observe a imagem abaixo: 
 
 
Na imagem tem-se 
o resultado da evolução do 
relevo a partir de três 
direções principais de 
famílias de fraturas, nas 
quais a drenagem passa 
escavando e dando a 
morfologia característica 
dos vales em manjedoura. 
 
 
 
 
Outro fator característico está relacionado às cornijas; cornija é o nome dado a uma 
escarpa sustentada por uma camada mais dura (resistente), e nos relevos de estrutura 
concordante horizontal essas apresentam certa simetria, isso pois elas tendem a 
conservar mais em função de suas resistências. 
 
 
 
 
 
A representação acima é na verdade 
um esquema da imagem real ao 
lado, uma segunda curiosidade 
presente nesse contexto é que o 
relevo em primeiro plano, é 
constituído por camadas horizontais, 
enquanto àquelas mais ao fundo 
claramente sofreram deformação. 
Nesse sentido, se ambas regiões 
encontram-se interligadas, é 
possível fazer inferências quanto às 
idades, sendo que a região em primeiro plano é mais jovem, uma vez que não foi 
deformada. 
 
2. Estrutura concordante inclinada monoclinal ou homoclinal: as estruturas são ditas 
monoclinais ou homoclinais quando todo o conjunto de camadas de rochas estão 
inclinadas em uma mesma direção. De acordo com a angulação, eles serão classificados 
como: 
 Relevo de cuestas: pequena inclinação (2° a 10°) 
 Relevo de hog back: média inclinação 
 Cristas isoclinais: as camadas encontram-se subverticais 
 
3. Estrutura discordante: são observadas quando o conjunto rochoso possui truncamento 
oblíquo, ou seja, não há a concordância horizontal típica da sedimentação normal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Essas estruturas podem ser geradas por diversas condições: 
 
 
Observa-se na imagem ao lado 
uma dobra na região inferior da imagem, 
e acima dela a deposição praticamente 
horizontalizada. Além disso, observa-se 
que a parte superior da dobra se 
encontra erodida. Sendo assim, um 
primeiro exemplo de relevo em estrutura 
discordante são aqueles gerados por 
ação da erosão. 
 
 
Outro exemplo, esse não 
relacionado à erosão, são as zonas de 
bordas de bacias, como a 
representada pelo “gráfico de ondas”. 
Nessas regiões tem-se a borda da 
bacia e mais à esquerda o depocentro. 
O que se observa é que o depocentro 
entra em subsidência a uma taxa 
muito maior que as bordas, gerando 
assim a discordância. 
 
3.1. Relevo em estrutura discordante e monoclinal: são representados principalmente 
pelas cuestas e pelos costões: os costões são caracterizados pelo caimento das camadas 
em direção ao observador; já as cuestas são caracterizadas pelo caimento em direção 
oposta ao observador. Em termos 
práticos existe uma interpretação 
melhor para tal situação, uma vez que 
um observador que olha para um 
afloramento e vê um costão encontra-se 
na verdade de costas para o depocentro 
da bacia sedimentar associada, 
enquanto aquele que vê um relevo 
discordante e monoclinal de cuestas 
encontra-se de frente para o dado 
depocentro. 
 
 
 
 
Exercitando o conhecimento anterior: considerando que o relevo abaixo encontra-se 
em um contexto de bacia sedimentar, o que é visto pelo observador A, e pelo 
observador posicionado em B? Qual a direção do depocentro? 
 
 
 
Resolução: Observa-se na imagem abaixo a seta indicando a direção de mergulho das 
camadas; nesse contexto se as camadas caem em direção ao observador posicionado 
em A, ele está vendo o relevo em estrutura homoclinal e discordante do tipo costão. Em 
oposição a ele o observador posicionado em B observa um relevo do tipo cuestas. Sendo 
assim, pelo enunciado acima, o depocentro encontra-se à esquerda do leitor. 
 
 
 
Drenagem Organizada em função da Estrutura 
As drenagens podem ser classificadas quanto à sua disposição em relação às estruturas, como a 
inclinação dos estratos. Elas serão classificadas em: 
 Anaclinais: a drenagem desenvolve-se contra o mergulho das camadas; 
 Cataclinais: a drenagem desenvolve-se a favor do mergulho; 
 Ortoclinais: a drenagem se desenvolve de forma ortogonal ao mergulho. 
 
 
 
Observando o esquema abaixo é mais fácil distinguir os tipos: 
 
 
 
A seta apresentada na cor vermelha indica uma drenagem anaclinal, atravessando todas as 
camadas disponíveis.A seta verde faz alusão à drenagem cataclinal, que passa apenas pelo 
litotipo mais superficial. Por fim a seta rosa indica uma drenagem ortoclinal. 
Em termos de amostragem sedimentar pode-se dizer que as drenagens ortoclinais são as 
melhores, por receberem diretamente um maior volume de sedimentos e esses serem 
provenientes de todos os litotipos disponíveis. Porém, em muitos casos essa drenagem não é a 
mais acessível, assim, recorre-se às drenagens anaclinais, que também atravessam todas as 
camadas. 
Trazendo do esquema para uma condição mais próxima da topografia real, tem-se o esquema a 
seguir: 
 
No esquema observa-se todos os tipos de drenagens em um contexto mais real. 
Uma outra forma de correlação possível é pensar em qual tipo de relevo seria uma 
condicionante melhor para drenagens do tipo anaclinal, e a resposta são os relevos em estrutura 
discordante monoclinal do tipo hog back, isso pois a inclinação das camadas facilita que a 
drenagem atravesse uma maior quantidade de camadas percorrendo um menor percurso. 
Nesse mesmo contexto é possível pensar na condição das percées: esse termo designa vales 
encaixados em “V”, característicos da ação de rios; assim, quanto maior a inclinação das 
camadas, mais facilmente o rio atravessa o conjunto rochoso e menor é a necessidade de 
escavação, assim, a inclinação das camadas é inversamente proporcional ao comprimento das 
percées. Dando continuidade ao raciocínio, quanto maior a inclinação das camadas, maior o 
grau de deformação e sendo assim, a simples leitura do tipo de drenagem pode dar indícios do 
tipo de material de valor econômico associado – se a deformação é grande, desconsidera-se a 
probabilidade de hidrocarbonetos e passa-se a pensar em recursos metálicos. 
A inclinação das camadas também está diretamente relacionada à velocidade de erosão: em 
relevos de menor inclinação, o volume de material que deve ser removido para desestabilizar a 
cornija e promover o recuo do front é bem menor, e sendo assim, o front será bem mais extenso. 
Vale ressaltar que tal condição também está relacionada à espessura da cornija. 
 
 
 
Gravimetria 
Existe um conjunto de técnicas aplicadas à geologia que estão baseadas em um conceito simples 
resultante das leis de Newton aplicada à gravitação universal: 
 
Percebe-se pela equação acima que a força de atração entre os corpos será diretamente 
proporcional à massa desses e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles. 
É utilizando esse princípio que a gravimetria e construída: 
Coloca-se uma cuja constante de deformação é conhecida, ligada a uma massa, 
também conhecida. Se existe um reservatório de maior densidade em 
subsuperfície a mola terá um deslocamento maior. 
Inicialmente não se conhece a densidade do material, assim, não é possível 
descobrir qual sua natureza. Porém, no intuito de fazer tal aproximação criam-
se padrões, por meio do ato de enterrar objetos de densidade e materiais 
conhecidos analisando a proporção de deformação da mola. 
Esse método possui grande implicação geológica: durante o Colonialismo, sir 
Everest fazendo estudos topográficos e gravimétricos na região da Índia, em 
busca de fontes de exploração para o Reino Unido, percebe uma deformação 
anômala no objeto, que apontava em direção ao subsolo da maior montanha 
da atualidade. 
Posteriormente é descoberto que todo corpo rochoso possui um fator de compensação do 
equilíbrio de tamanho muito maior para “baixo da terra”, ou seja, cerca de 2/3 da cadeia do 
Himalaya encontra-se na verdade abaixo da superfície, seguindo a clássica ideia da “ponta do 
iceberg”. 
 
A Dinâmica da Crosta Terrestre 
No intuito de explicar as observações feitas por sir Everest e a posterior descoberta da 
compensação da massa, dois pesquisadores propõem concomitantemente modelos: 
1. O modelo de Pratt: 
 
Pratt adota vários prismas de densidades 
diferentes, porém, massas iguais, e para tal, 
esses acabam tendo volumes diferentes. Tais 
prismas são mergulhados em um fluido 
bastante denso. O que é observado como 
resultado é que todos os blocos tendem a 
atingir profundidades semelhantes. 
 
2. O modelo de Airy: 
 
Airy por outro lado toma blocos de mesma densidade, 
mas massas diferentes. O resultado são blocos cuja parte 
submersa consiste em certa de 2/3 do volume total dos 
blocos. 
 
A partir dessas observações pode-se questionar qual modelo irá descrever de forma mais fiel a 
realidade da dinâmica terrestre, e a resposta é ambos, basta adequar cada um a seu respectivo 
contexto apropriado: o modelo de Airy, por descrever um meio contínuo e homogêneo explica 
bem a situação observada para os Himalayas, nos quais se observa uma predominância de crosta 
continental, e assim, ocorre a compensação isostática, ou seja, o equilíbrio dos continentes 
sobre o manto. Já o modelo de Pratt ao tratar de grandes variações de densidade colocadas lado 
a lado explica bem os ambientes de subducção, onde se tem uma crosta oceânica afundando 
próxima a uma crosta continental (sendo a segunda bem menos densa que a primeira). 
A compensação isostática pode se dar de várias formas e por vários motivos, essa condição de 
encontrar o equilíbrio muitas vezes gera deformações, sem que essas estejam relacionados a 
limites de placas, ou a algum regime tectônico de convergência, divergência ou transcorrência. 
Observe o exemplo: 
No esquema ao lado tem-se um meio 
contínuo, que encontra-se ligado a 
outros corpos rochosos, que porém 
foram omitidos. Em um momento I ele 
encontra-se em equilíbrio estável. 
Posteriormente em um tempo II ocorre 
a deposição de uma grande massa sobre 
um de seus limites, essa massa pode ser 
dada à construção de uma represa, à formação de um glaciar entre outros. Uma vez que há a 
adição de massa, o equilíbrio passa a ser instável sendo necessária a deformação do bloco para 
que a massa seja distribuída. Essa deformação pode ser de caráter rúptil ou dúctil. 
Exercício Zonas Homólogas 
 
Observa-se acima uma região fotografada de três diferentes ângulos, observando agora mais 
especificamente o mapa de relevo: 
O primeiro detalhe a 
ser observado aqui são 
as colorações: em 
conjunto às imagens 
acima percebe-se que é 
destacado em azul o rio 
meandrante, em verde 
a vegetação nativa, e 
em rosa a proveniente 
da ação antrópica – isso 
pode ser constatado 
analisando-se as 
repartições quase 
lineares no terreno. 
Além disso, observa-se 
à noroeste (azul) uma 
grande rugosidade no 
terreno, o que se dá 
pela existência de 
grande quantidade de 
vales na região. 
Características semelhantes são observadas na região destacada ao sul (em amarelo semelhante 
a um pé de galinha); nesse caso as reentrâncias correspondem a pequenos canais. 
Com tais informações é possível definir uma zona homóloga e pensar em um platô que ligava 
ambas regiões, o qual foi escavado e gerou as feições observadas. 
 
Observa-se destacado em vermelho 
um conjunto de sedimentos marinhos 
que irão compor os cordões costeiros; 
No que tange à hidrografia, percebe-
se que a zona próxima ao rio em verde 
mais escuro delimita a planície de 
inundação. Outro fator que foi 
destacado é a forma de meandro do 
rio. Seguindo os desvios tomados, 
indicados pelas retas amarelas, 
percebe-se certo paralelismos entre 
elas. 
Um terceiro fator a ser destacado são 
as “marcas de erosão” presentes no 
corpo ígneo – é possível pensar em um 
corpo ígneo pelas características do 
relevo, além do conhecimento prévio 
da região – essas marcas estão 
distribuídas de forma radial, porém 
percebe-se uma concentração dessas 
no sentido nordeste-sudeste. 
 
 
Ampliando uma parte 
específica da imagem é 
possível perceber que 
os vales seguem 
determinado padrão 
linear, e que essas 
“linhas” se repetem de 
forma paralela, 
compactuando com a 
orientação dos fatores 
mencionados acima. 
Pode-sefalar, então, na 
existência de uma 
família de fraturas1. 
 
 
1 Essas famílias de fraturas, quando vistas em escala de mapa são chamadas de lineamento; por outro 
lado, se são vistas em nível de afloramento, já são classificadas como uma lineação. 
 
Tomando o esquema acima como a separação de dois continentes, salienta-se que essa não se 
dá linearmente como é costumeiramente representado, e sim com uma certa curvatura em 
função da Terra ser elíptica. Sendo assim, se a distensão se dá em uma direção, o meio contínuo 
fratura perpendicularmente: 
 
 
Comparando a direção de faturamento apresentada na imagem, ainda é possível trazer para a 
condição real, que no caso é a separação América-África, que propagou fraturas na mesma 
orientação da região indicada na imagem; assim, além da série de inferências quanto às 
estruturas presentes, ainda é possível pensar no contexto que gerou tais condições, unicamente 
pelas imagens apresentadas. É interessante pensar que a separação gerou um basculamento 
das áreas costeiras do Brasil, e esse soerguimento favorece o processo erosivo, que para o caso 
acima atuou erodindo o platô (cuja existência foi evidenciada pelas zonas homólogas de 
rugosidade semelhante) e conservou o domo. 
 
Propriedades Geomorfológicas das Rochas 
As propriedades geomorfológicas de uma rocha estão relacionadas principalmente às estruturas 
e características físico-químicas, que condicionarão diferentes respostas das rochas ao processo 
de erosão. Essa definição está diretamente ligada ao conceito de erodibilidade. 
O conceito supracitado não deve ser confundido com o que é definido como erosividade: 
enquanto a erodibilidade consiste em uma propriedade do paciente em ser erodido, a 
erosividade por sua vez é característica do fluxo que atua sobre o material, ou seja, a capacidade 
do agente em gerar a erosão. 
Mesmo uma rocha pode ter erosividade, isso pois diferentes tipos de material carregados por 
um fluxo podem gerar diferentes condições de erosão. Se um fluxo de água carrega sedimentos 
cascalhosos de composição quartzito, ela terá maior erosividade do que caso carreasse 
sedimentos de um esteatito (talco principalmente). 
Tratando-se da ação de um agente que atua por escoamento superficial as principais 
propriedades relacionadas serão o grau de coesão e o grau de permeabilidade. Ambos 
conceitos encontram-se ligados, uma vez que quanto maior o grau de coesão, principalmente 
para rochas sedimentares, menor a permeabilidade, logicamente que nesse quesito entram 
outros fatores como a cimentação e afins, porém, de forma geral, quanto mais espaços vazios e 
menor grau de ligação entre as partículas, maior é a capacidade de um fluido penetrar nessa 
rocha. O conceito de permeabilidade encontra-se por sua vez ligado à capacidade de conexão 
entre os poros da rocha – apenas apresentar porosidade não é garantia de que a água poderá 
ser armazenada, a exemplo a pedra pomes. 
Vale ressaltar que rochas ígneas como os granitos também possuem porosidade, estando assim 
susceptíveis à absorção de fluidos, porém, tais rochas tem um grau de permeabilidade 
extremamente baixo, aproximando-se de zero. 
Nos corpos ígneos, uma vez que a percolação de fluidos é reduzida, eles não serão usualmente 
alterados por esculturação superficial (erosão alveolar) e sim por formação de vales verticais: 
 
Imaginando o bloco diagrama ao lado como representante 
de uma grande massa granítica, na qual observa-se duas 
famílias de falhas, cujas direções estão representadas em 
vermelho. Nesse bloco, tem-se passagem da água que atua 
escavando com maior eficiência sobre os planos de 
fraqueza. 
 
 
Após um bom espaço do tempo geológico a ação 
da água gera o espessamento das fraturas, aqui 
representada com exagero vertical. Após o 
aumento da zona de fratura, partes da rocha são 
expostas à ação das variações de temperatura 
que causam a esfoliação esferoidal, que por sua 
vez arredonda as bordas. Após mais um grande 
espaço do tempo geológico, o maciço será 
convertido em uma série de pães de açúcar. Nesses campos é possível inferir até mesmo em 
que direção se encontrava a zona de faraturamento. 
Pensando por outro lado em um arenito, cuja porosidade é muito alta, é extremamente raro 
que nele a água se propague nas fraturas, isso pois, para que a água se desloque para a fratura 
é necessário que primeiramente todo o sistema esteja saturado. Um exemplo clássico disso é a 
ausência de grandes bacias hidrográficas na região de existência do arenito Botucatu – toda a 
água se desloca para o aquífero em subsuperfície. 
Outras características estarão relacionadas a fatores como a 
granulação/granulometria2: rochas de maior granulometria 
têm área superficial maior, o que possibilita uma exposição 
maior às intempéries, além disso, quanto maiores os grãos, 
menos ligações são geradas em um contexto geral da rocha. 
A exemplo, um aplito se altera de forma muito mais lenta que 
um pegmatito. 
 
 
Nessa segunda imagem é visto um outro 
fator condicionante, que são as famílias de 
fraturas, que como já mencionado aqui, são 
planos de fraqueza, os quais facilitam a 
passagem da água, tornando-se regiões 
propícias ao desgaste. É interessante 
observar nesse afloramento que o mesmo 
apresenta feições características de um 
arenito ou quartzito, porém, como saber se 
ouve uma deformação capaz de gerar metamorfismo e assim definir a partir de uma imagem 
qual o tipo de rocha? Primeiramente, percebe-se as fraturas que podem remeter a uma 
deformação, mas não necessariamente são capazes de gerar o metamorfismo. Por outro lado, 
observa-se sets inclinados, o que define necessariamente um ambiente de deformação 
(indicado em vermelho e mudança de set). 
 
Na imagem ao lado é visto um dique, onde é 
perceptível a mudança na granulação, enquanto 
a parte mais escura é um dique, afanítico 
(porfirítico de matriz afanítica), a parte que o 
envolve é formada por grãos muito grandes de 
feldspato. Nesse contexto é fácil supor uma 
alteração muito mais rápida por parte do 
material do entorno em função dos grandes 
grãos de feldspato. 
Alguns outros fatores também devem ser pensados, como o grau de solubilidade e o grau de 
heterogeneidade: o grau de solubilidade será definitivo, materiais muito solúveis, 
principalmente em climas tropicais se alteram muito facilmente, porém, ser 
homogêneo/heterogêneo pode ser favorável ou desfavorável ao processo erosivo, se é um 
agregado monominerálico quartzozo, ele dificilmente será alterado, por outro lado, calcários 
compostos basicamente por calcita podem ser alterados frente a uma mínima quantidade de 
ácidos orgânicos. 
 
2 Não confundir conceitos de granulometria e granulação pois esses atendem a domínio diferentes: 
enquanto o termo granulometria é utilizado para rochas sedimentares (cujas partículas já estiveram 
isoladas), o termo granulação é utilizado para rochas metamórficas e ígneas. 
 
O grau de solubilidade em rochas sedimentares está muitas vezes relacionado ao cimento, um 
exemplo característico são os tipos de quartzito São Tomé (proveniente de São Tomé das Letras) 
e o do grupo Itacolomy (de Ouro Preto), no quartzito São Tomé o cimento é mais fraco, além 
disso, os planos de fraqueza são mais pronunciáveis, logo ele é mais susceptível ao desgaste por 
solubilização. 
Dessa forma, é possível olhar para o relevo terrestre e dizer que o mesmo é constituído pelas 
seguintes litologias: 
 Granitóides: rochas coesas e impermeáveis, com descontinuidades heterogêneas. 
 Arenitos: permeáveis, estratificados e fraturados. 
 Calcários: coesos e homogêneos, porém, permeáveis. 
 Pelitos/Xistos/Filitos: pouco resistentes ao escoamento superficial. 
É importante salientar que esse tipo de estudo é baseado na definição de um tipo derelevo 
conhecendo-se a litologia, ou seja, que tipo de relevo se espera para uma região constituída de 
uma dada rocha. Porém, para o geólogo é muito mais conveniente fazer o exercício oposto, ou 
seja, conhecido um dado relevo tentar prever qual a litologia existente. O exercício preditivo 
dadas as proporções pode ser vantajoso, porém, não dispensa o trabalho pontual, e para os 
grandes grupos litológicos citados acima serão bem diferenciados os relevos. 
Quanto ao escoamento superficial é possível definir três grandes classes de rochas. Por 
escoamento superficial entende-se o conjunto de águas meteóricas, fluviais, e afins que escoam 
sobre os diversos litotipos alterando-os. Essas três grandes classes serão: 
 Grande resistência ao escoamento: serão principalmente as rochas cristalinas, que 
como já apresentado possuem baixa porosidade e permeabilidade, e os arenitos, que 
por outro lado possuem permeabilidade e porosidade tão altas que impedem a ação do 
escoamento superficial. 
 Baixa coesão (sujeitas ao escoamento superficial): são representadas principalmente 
pelos xistos e filitos, rochas que caracteristicamente possuem fissilidade, ou seja, são 
divididas em planos, o que acarreta em paisagens com grande densidade de drenagens 
e também maior densidade de vegetação – a água se acumula nesses locais. 
 Imunes: são representadas pelos calcários. É conhecido que essas rochas sofrem muito 
com o processo de dissolução, e é exatamente por tal motivo que o escoamento 
superficial não atua de forma mecânica sobre esses – o transporte de material se dá em 
solução. 
 
1. Quartzitos: características de ambientes com 
vegetação pouco desenvolvida, pouco 
escoamento superficial e rochas pouco 
solúveis; caracteristicamente são relevos 
cujas “arestas” são bem desenvolvidas. 
Percebe-se claramente a diferença em 
termos de rugosidade que a composição de 
quartzito propicia à paisagem (destacado em 
amarelo). 
 
 
2. Arenitos: o primeiro fator a se tratar em termos de relevos cujo litotipo é o arenito é a escala 
em que se vê o mesmo: se a terminologia usada é a de um relevo tabular, depreende-se que 
a paisagem está sendo observada sobre uma pequena escala, ou seja, pequena quantidade 
de detalhes. Já o termo ruiniforme, o grau de detalhes é muito maior – geralmente detalhe 
de afloramento. Nesses ambientes os vales encaixados demonstrarão nítida disparidade 
com os “paredões” dos relevos tabulares. 
 
Relevo tabular, observa-se uma escala de 
imagem muito pequena. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Xistos e Filitos: são rochas que 
apresentam grande variação na forma em 
que se apresentam no relevo, isso de 
acordo com as condições ambientais às 
quais são expostos. No Brasil, clima 
tropical, essas rochas apresentar-se-ão em 
relevos muito mais modelados, com 
grande espessura de solo, enquanto que 
nos relevos frios serão formadas as bad 
lands. 
Na imagem ao lado observa-se um relevo 
em clima tropical. 
Uma pequena parte do todo 
apresentado acima é o que se 
classifica como ruiniforme. 
Nesse segundo plano percebe-se rochas do 
tipo xisto em um ambiente de clima árido, 
onde predomina a erosão mecânica, 
formando morros com grande quantidade 
de “estrias”. 
Percebe-se ainda que mais ao fundo o 
relevo é bem mais plano, possivelmente em 
função de mudanças litológicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Granitóides: as principais características desse grupo de rochas já foram salientadas aqui, 
no mais vale ressaltar que nesses ambientes a erosão linear é marcante, com decomposição 
em matacões ou finos, sem presença dos intermediários. 
 
Na imagem ao lado destaca-se a 
forma mais característica de 
denudação dos relevos graníticos, 
observa-se nessa caso a presença 
de grande quantidade de diaclases 
(famílias de fraturas), esses 
sedimentos que separam-se, 
conjuntamente com outros 
processos como a esfoliação 
esferoidal irão culminar na 
formação dos depósitos de talos. 
Vale ressaltar que os depósitos de talos são caracteristicamente depositados aos sopés das 
montanhas, porém, em alguns casos, depara-se com situações como as da imagem abaixo: 
 
Observa-se no caso uma série de blocos, 
muito grandes (matacões) de composição 
granítica, característicos dos depósitos 
gravitacionais, porém na presente situação 
não se observa a parte elevada à base da qual 
estaria, possivelmente, esse deposito de 
talos. 
A conclusão a que se chega é que a erosão 
atuou no ambiente de forma extrema sobre o 
morro, consumindo-o e conservando o 
material do depósito. À primeira vista, esse 
tipo de correlação possui aplicações 
econômicas no que tange à busca pela área fonte de recursos de depósitos recentes – “caso 
haja um avanço para o país em termos de exploração de fontes nucleares, pode-se buscar a 
monazita presente nas praias do Espirito Santo em sua área fonte, uma vez conhecidos os 
processos erosivos que as levaram para a praia”. 
 
Inversão de Relevo 
Se por um lado o que foi supracitado define bem as características dos grandes grupos litológicos 
e seus respectivos relevos esperados, nem sempre a natureza se mostrará de forma tão 
constante. Observe o exemplo abaixo: 
Em um instante T1 tem-se um 
gnaisse arqueano, já em T2, esse 
mesmo gnaisse é intrudido por um 
batólito, de mineralogia muito 
semelhante, porém, de idade 
proterozoica. 
Se tratando de rochas idades 
diferentes, a rocha mais antiga é 
colocada às ações do 
intemperismo a muito mais tempo 
e por esse motivo ela é muito mais 
alterada e consumida. 
Essa situação resulta no relevo 
esquematizado em T3, um 
rebaixamento da rocha gnáissica e 
afloramento da rocha granítica. 
Apesar dessa situação explicar 
muito bem o desenvolvimento do 
relevo nesses ambientes, vale ressaltar que isso só é observado para ambientes onde há a 
predominância de ação dos agentes químicos do intemperismo, como é característico dos climas 
tropicais. Já em ambientes áridos, onde predomina o intemperismo mecânico, o que ocorre é 
que a recristalização metamórfica, que reordena os minerais, tornando-os mais resistentes, e 
nesse contexto a rocha intrusiva é mais desbastada. 
Uma vez que esse processo aparentemente se opõe à “ordem natural” dos processos, ou seja, 
aqui que é esperado, tem-se uma inversão de relevo. Salienta-se que a inversão de relevo pode 
ocorrer em diversos contextos, e nesse caso serão estudados uma série de processos de 
inversões de relevo nos conteúdos que se seguem. 
Relevo Dobrado 
A compreensão do relevo dobrado é fundamental para que se reconheça as possíveis inversões 
desse contexto, mas vale ressaltar que as dobras serão apresentadas aqui de forma a se ter 
fundamentos, pois a compreensão delas se dará melhor na disciplina de geologia estrutural. 
Grandes variações podem ser observadas nesses contextos de acordo com a heterogeneidade, 
processos tectônicos atuantes em sua formação e quanto à ação da erosão. Apesar dessas 
diferenças pode-se salientar o alinhamento das cristas e vales como algo relativamente comum. 
Geralmente as dobras são representadas em seu formato cilíndrico: 
 
Porém, são até mais comuns os casos em que o eixo da dobra apresenta caimento segundo um 
ângulo: 
 
Em ambos os casos foi apresentado esquematicamente como aparecem essas dobras em 
mapas. Nos mapas as dobras com caimento aparecem triangulares, enquanto as dobras 
cilíndricas são representadas apenas repetindo as litologias pelo eixo de simetria (eixo de 
dobra). Tais feições são resultado da erosão modelando esses relevos, e uma forma de 
reconhecimento, para o caso das dobras com caimento, é que se o triângulo é formado na 
mesma direção do caimento, então tem-se um antiforme, do contrário um sinforme. 
As dobras podem oferecer bons indicadores sobre as condições em que se encontram, isso por 
meio de uma série de características. A primeira dela advém dateoria dos fractais, a qual 
aplicada nesse contexto se repetiria em escalas menores, onde se observam as dobras 
parasíticas, e essas podem ser utilizadas, por exemplo, para reconhecimento dos flancos de uma 
dobra maior, dando assim, indícios do processo erosivo. 
 
 
 
 
Muitas vezes a existência de 
um relevo tabular é atribuída à 
presença de camadas plano-
paralelas, porém, na verdade essas 
condições não são requisitos, uma 
vez que a “horizontalidade” do 
relevo pode ser resultado exclusivo 
do processo erosiva, como o 
indicado na imagem ao lado. 
 
Na imagem ao lado é 
possível perceber também a 
esquematização das dobras 
parasíticas, as quais auxiliam na 
reconstrução do ambiente. 
As disposições das dobras permitem ainda outras classificações mais específicas dessas 
estruturas: 
Morfologicamente: 
Em termos da morfologia as dobras serão classificadas em Antiformes, quando possuem a 
forma de uma letra “A”, e Sinformes, quando assumem o desenho da letra “U”. 
Cronológicamente: 
Quando um conjunto de dobras possui sua camada mais antiga ao centro, ela é classificada 
como um Anticlinal, já quando essa camada central é a mais jovem, é dito que essa é uma 
Sinclinal. 
Vale ressaltar que uma camada pode ser classificada segundo ambas características ao mesmo 
tempo, assim, as nomenclaturas podem ser: 
 Observa-se ao lado as 
camadas com suas 
respectivas idades (Tr – 
Triássico; J – Jurássico; K – 
Cretáceo), sendo 
conhecidas as idades é 
possível se descrever mais 
que as formas. 
A – Observa-se a 
disposição semelhante à 
letra “A”, e além disso, a 
camada mais ao centro é a 
mais velha. Assim ela é 
classificada como um 
Anticlinal. 
B – A camada mais antiga está no centro, porém, a disposição é semelhante à letra “U”. Tem-se 
um Sinforme Anticlinal. 
C – Sinforme Sinclinal (sinclinal). 
D – Camada mais jovem no centro, e forma de letra “A”, logo, um Antiforma Sinclinal. 
Outra forma de classificação é baseada na posição espacial do plano axial – plano que passa pela 
linha de charneira e é simétrico a ambos flancos da dobra. 
 
 
Dobras cujo plano axial está perpendicular ao plano horizontal são definidas como dobras 
verticais, aquelas que possuem a inclinação do plano moderada, são as dobras moderadas, e 
por fim, as de baixa inclinação são as dobras recumbentes. Porém, tal classificação ainda se 
limita a descrever dobras que não possuem caimento, e no caso de apresentarem, o eixo vertical 
do diagrama ao lado será utilizado. Por exemplo, uma dobra de mergulho 82° e caimento 35° é 
dita uma dobra vertical de caimento moderado. 
 
 
 
 
 
 
Conhecidas as principais características das estruturas que são as dobras, é possível relacionar 
isso com os relevos dobrados: 
 
 
 
Nos dois conjuntos de imagens apresentados 
observa-se um conjunto de dobras, o primeiro consiste 
em uma mina de carvão na Virgínia, Estados Unidos, na 
qual a formação das dobras concentrou o carvão na parte 
central, expondo e facilitando a exploração – se lá a 
exploração de carvão é simples, as minas com maior taxa 
de exploração do Brasil, como a de Criciúma (SC) 
demandam grandes intervenções. 
 
No outro conjunto, tem-se uma zona 
polideformada, ou seja, houveram mais de um evento de 
deformação, nesse caso observa-se que a deformação 
não foi conduzida pela temperatura como principal 
agente, uma vez que o óleo não foi volatilizado. 
 
 
Evolução de um Relevo Dobrado 
Comparando-se em termos de idades, os Montes Apalaches possuem idade semelhante à Serra 
do Espinhaço – resumidamente por volta de 0,5 G.a – e, por outro lado, a Cordilheira do Jura é 
bem mais recente, formado pela colisão entre a África e Europa, evento que ainda se encontra 
em desenvolvimento. Por tal motivo espera-se um relevo nos montes apalaches bem mais 
desgastado pela erosão, enquanto que no Jura, a tendência é que as dobras se encontrem mais 
bem formadas. 
Assim, os relevos dobrados serão divididos em Relevos Jurássicos e Apalachianos, de acordo 
com o que se aproximam mais nos termos característicos citados acima. Uma inversão de relevo 
característica dos relevos do tipo Apalachiano são dobras cujo centro se encontra mais erodido 
que os flancos da dobra, isso é possível quando essa parte central é de resistência menor que a 
rocha componente do flanco. 
 
No esquema acima temos um exemplo da inversão de relevo em dobras, inicialmente propõe-
se que o conjunto de rochas mais externo – em marrom mais escuro – seja mais resistente e 
sendo assim enquanto a erosão atua sobre esse material tanto o conjunto se desgasta na mesma 
proporção. Contudo, a partir do momento que a erosão começa a atuar sobre as camadas mais 
internas – marrom mais claro – a taxa de erosão nessa porção é muito maior que sobre os 
flancos, o que ao longo do tempo acarreta em uma condição semelhante à apresentada. Isso 
será a inversão de relevo dobrado. 
Essa condição tem um resultado interessante para o desenvolvimento das drenagens: 
 
Na fotografia de satélite acima, observa-se uma série de rios, relativamente orientados, e o 
contexto é a da Cordilheira do Jura. Essa orientação, dentro do contexto estudado, pode ser 
atribuída à presença de uma dobra, e os rios estão correndo em sua zona de charneira. 
Conhecidas as características do relevo jurássico, é possível afirmar que esses correm sobre uma 
crista de sinforme, isso pois as dobras nesse ambiente são bem formadas. 
Já em um segundo contexto de relevo apalachiano, como é o caso dos rios presentes no 
Quadrilátero Ferrífero, já não possível fazer tais afirmações, uma vez que os anticlinais estão 
erodidos e os rios podem correr sobre essas zonas de menor energia potencial. 
Comumente os relevos apalachianos são atribuídos às margens leste da América do Sul e da 
América do Norte, isso por essas serem zonas de margens passivas. Por outro lado, as margens 
ativas são comumente relacionadas aos relevos Jurássicos. Contudo, tal relação é no mínimo 
generalista, isso porque apesar de ser o tipo de relevo mais esperado, essa relação ignora 
aspectos importantes como a ação erosiva – se um relevo se encontra em margem ativa, mas a 
atividade erosiva e o clima são muito propícios ao desgaste do material ele não será preservado. 
O contrário também é válido, também podem existir relevos apalachianos em zonas 
tectonicamente ativas. 
Assim, é complicado falar que os Andes são um exemplo de relevo Jurássico: por ser uma 
estrutura extremamente extensa, atravessando climas frios e áridos, úmidos e quentes, além da 
variação de litologias, é totalmente plausível que existam regiões que pontualmente destoem e 
não sejam bem preservadas. 
Um outro fator interessante a ser salientado na imagem é apresentado na imagem em detalhe 
a seguir: 
Logo abaixo da palavra “Jura” é possível observar 
uma drenagem que varia seu caminho, sendo que o 
desvio se dá quase segundo um ângulo reto. Sabido 
que os rios nesse relevo irão correr sobre as calhas 
das sinclinais, é possível depreender que o ocorrido 
foi que o rio atravessou a crista da dobra, formando 
o que se dá o nome de um feixo. O nome desse 
processo é captura de drenagem, e pode ocorrer 
pelos mais diferentes motivos, como exemplo a 
existência de uma fratura. Outro nome dado a esse processo é o de “pirataria”, mas é mais 
comumente usado em inglês. 
 
E relevos dobrados as águas meteóricas, que incidem sobre o 
topo – seta vermelha – tendem a escoar de forma a canalizar 
sobre o flanco da dobra – seta amarela. Ao longo do tempo 
esses fluxos canalizados tendem a gerar maior erosão ao 
longo dessa linha. 
À primeira feição resultante do processo de erosão formado 
por essa infiltração damos o nome de Sulco. 
Com mais tempo para evolução do processo de erosão 
observa-se o aprofundamento do sulco. Além disso, o fluxo de água tende a fazer pequenas 
curvas, erodindo assim as paredes do canalque por sua vez tendem a perder o sustento e 
colapsar – processo ao qual se dá o nome de solapamento. O solapamento tem como resultado 
o alargamento do canal, e quando isso ocorre a feição passa a receber o nome de Ravina. 
Com a evolução do processo de alargamento e aprofundamento, eventualmente a erosão pode 
atingir o lençol freático, fazendo que a água mine. Quando isso ocorre dá-se o nome de 
“yby sorok”, nome dado em língua indígena para o processo de “rompimento da terra”, o qual 
foi traduzido para o português para Voçoroca ou Boçoroca. 
O mais interessante do processo de formação das voçorocas é que essa água que mina carrega 
material em suspensão e íons em solução, os quais são retirados da zona de charneira – superior 
– da dobra. Assim, o que se observa é que a charneira perde mais massa, esse processo é 
chamado de erosão remontante, isso pois ela se desenvolve no sentido contrário à gravidade - 
um morro que apresenta uma voçoroca e tende a perder material em sua lateral, após um 
tempo fica perde na verdade seu topo. 
Na imagem acima o número 1 corresponde ao processo indicado de formação da cruz, aqui 
apresentada como a voçoroca. A evolução das voçorocas em ambos flancos das dobras pode se 
dar até que ambas se encontrem e seja formada uma cluse, que no português é chamada de 
feixo ou boqueirão (2). Ainda é ressaltado que em 2 é destacado o processo de captura de 
drenagem. 
Em uma última instância o widening é tão grande que a charneira e surgem, ravinas afluentes 
da cluse – isso devido ao trabalho acelerado pelo desnível. Como resultado é aberta a combe 
apresentada em 3. 
A evolução da combe por sua vez é o consumo total da crista da antiforme e assim o relevo passa 
a ser dominado pelas calhas das sinformes – claramente um exemplo de Inversão de Relevo. 
Retornando às capturas de drenagens, esse processo é de grande importância para a geologia, 
muitas vezes no que se trata da prospecção: no esquema acima, em 2, se no ponto destacado 
pela seta vermelha existe um recurso mineral aluvionar associado, é bem provável que no outro 
flanco da dobra, por onde o rio passava inicialmente o mesmo recurso exista, e nesse caso, 
evitando-se a ação de leis ambientais e também o custo de retirada do material. 
 
Como tratado, as capturas 
podem ser influenciadas pelos 
mais diferentes motivos, um 
exemplo é o presente na cidade 
de Niquelândia, no qual a 
captura se deu associada 
diferença de cotas entre os rios 
– observar na imagem que 
enquanto uma das drenagens 
encontrava-se a 600m a outra 
está a 800m. 
 
 
Nos relevos apalachianos, existe a tendência de que se perca massa nas cristas e o conjunto 
todo tende a ficar mais “leve”, e sendo assim, é necessário o reajuste do material sobre o manto, 
o que se dá por meio do soerguimento epirogenético – mesmo processo da neotectônica que 
explica a ocorrência de tremores em zonas de margem passiva. 
Assim o relevo apalachiano é caracterizado por superfícies aplainadas e drenagens 
superimpostas. As superfícies de aplainamento são as descritas como superfícies de erosão no 
trabalho de Leister King. As drenagens superimpostas por sua vez são resultado desse 
soerguimento: se há um soerguimento ocorre paulatinamente o abaixamento do nível de base, 
se a água corre em uma superfície de maior potencial então ela corta as rochas com maior 
energia e ao erodi-las consegue romper as dobras. 
 
Imagem retirada pelo Google Earth da região dos Apalaches, observa-se uma série de dobras, 
as quais são cortadas pelas drenagens – drenagens superimpostas – fazendo ângulos de 
aproximadamente noventa graus. 
Confirmar se uma drenagem superimposta é necessariamente uma drenagem que sofre captura 
... um exemplo de sagacidade 
 “O relevo do Quadrilátero Ferrífero é Apalachiano” 
Aparentemente uma afirmação simples e coerente, porém, com falhas. Ao se falar do 
Quadrilátero, além das rochas metassedimentares descritas é importante lembrar a existência 
das meta-ígneas do embasamento que aparecem na forma de domos, os quais não são descritos 
como relevo dobrado e sim um relevo dômico. Assim, o mais correto é dizer que “O relevo do 
Quadrilátero Ferrífero é Apalachiano em suas bordas”. 
 
 
 
 
 
Ainda é possível tratar da organização das drenagens dos relevos dobrados. Observe: 
 
Os nomes dados remetem diretamente à disposição da drenagem, por exemplo: uma drenagem 
que corre sobre uma calha de uma sinforme é classificado como um rio de vale sinclinal3. Da 
mesma forma, uma drenagem que desenvolve a favor do mergulho das camadas será chamada 
de vale cataclinal. E por fim, um vale que é formado em zona de charneira de um antiforme é 
classificado como um vale anticlinal, e assim por diante. 
Relevo Dômico 
 
 
 
O esquema acima (esquema d.1) descreve a formação padrão do relevo dômico: inicialmente 
tem-se uma sequência de camadas depositadas de forma sub-horizontal e em um momento 
 
3 Aqui o autor aparentemente comete um pequeno deslize ao confundir conformação com o nome dado 
a uma estrutura da qual se conhece as idades. 
“T2” essas camadas são afetadas pela intrusão de um corpo ígneo, o qual atua curvando as 
camadas e se colocando mais ao centro. 
A morfologia do relevo dômico se assemelha de forma geral ao relevo dobrado, uma vez que 
em ambos a curvatura das camadas acarreta em um relevo cujas porções estão sobre diferentes 
potenciais. 
No momento “T1” as camadas estão todas sobre uma condição relativamente semelhante e a 
erosão atua de forma relativamente homogênea sobre a camada superior, por outro lado, no 
momento “T2”, a variação coloca as laterais do relevo mais próximas ao nível de base enquanto 
que o centro fica sobre maior potencial e consequentemente os processos erosivos tendem a 
atuar de forma mais eficaz sobre tal região. 
Da mesma forma que atuava mais veementemente sobre as cristas das dobras é possível dizer 
que o intemperismo e erosão irão atuar de forma mais eficaz sobre o “topo” do domo. Assim, 
gradualmente as supracrustais serão consumidas expondo o embasamento cristalino4. O 
consumo desse embasamento comumente se dá de forma mais rápida, uma vez que esse é em 
sua maioria gránítico, e sendo assim, possui uma série de minerais facilmente consumidos. Esse 
processo de erosão tem como resultado a inversão do relevo dômico. 
A diferença essencial entre os relevos dobrados e dômicos está no aspecto tridimensional: 
enquanto as dobras, ao serem observadas em escala de mapa, tendem a apresentar certa 
linearidade entre as cristas, os domos formam estruturas mais próximas de algo circular – nem 
sempre um círculo perfeito, porém, figuras que remetem a uma parte desse. 
Uma implicação interessante dessa diferença morfológica dos relevos está na disposição das 
drenagens: os relevos dobrados são caracterizados por duas direções preferenciais de 
desenvolvimento da drenagem, as quais acompanham os flancos das dobras; nos relevos 
dômicos por sua vez, as drenagens tendem a se desenvolver de forma radial, com fluxo em 
direção à zona de menor potencial. Nos relevos dômicos, a depender da preservação do relevo 
essas drenagens apresentam direções de fluxo diferentes, quando o relevo está preservado, as 
laterais encontram-se sobre menor potencial, e as drenagens tendem a se desenvolver com o 
fluxo irradiando para fora do domo. Porém, quando a inversão de relevo se mostra atuante, o 
processo oposto ocorre, ou seja, o centro é consumido e ele passa a ficar sobre a condição de 
menor potencial, e assim sendo as drenagens tendem a se desenvolver em direção ao centro do 
domo. 
Aplicações desse conceito são as concentrações de minério de ferro sobre os rios de Itabirito, 
no qual a grande quantidade de minério relatado nos últimos dias está relacionada à vinda das 
cabeceiras, uma vez que as cabeceiras encontram-se nas zonas das supracrustais do relevodômico. 
... formalizando alguns conceitos: 
 A atividade magmática intrusiva gera o arqueamento da paleomorfologia; 
 Geração da Abóboda topográfica; 
 Normalmente a base da abóboda sofre metamorfismo de contato; 
 O arqueamento pode ser resultado da ação das mais diferentes formas de plútons. 
 
4 É importante salientar o termo cristalina, pois numa sequência de rochas como a apresentada, cada 
camada funciona como embasamento da anterior. 
Uma aplicação interessante das zonas de relevo dômico é que quando esse processo ainda estão 
em desenvolvimento e o início do núcleo intrusivo é exposto, é comum a existência das 
chamadas áreas de águas termais, que têm grande aplicação na área da geoconservação, a qual 
ainda se encontra em desenvolvimento no Brasil5. 
Mais do saber reconhecer e interpretar um relevo, é fundamental se reconhecer aplicações 
desse conhecimento. Abaixo está indicada uma zona, claramente de relevo dômico, próxima à 
cidade de Patrocínio. 
 
 
Em mapeamentos de zonas com essas características é fundamental se buscar uma direção de 
caminhamento como a indicada pela seta: a linha circular destacada, e que apresenta repetições 
concêntricas, corresponde ao contato entre as litologias, tendo sido destacado esse contato por 
razão da erosão. Sendo assim, ao se caminhar segundo a orientação do mergulho (dip), uma 
maior quantidade de litologias – e por consequência, de características – são observadas que 
um caminhamento sobre o strike. 
 
 
 
 
5 No departamento de Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto o conceito é defendido com 
grande ênfase pelo professor Paulo de Tarso, que em associação com uma professora da UFMG (descobrir 
quem) vêm tentando desenvolver áreas de geoconservação no estado de Minas Gerais. 
Na imagem a seguir está representada a cidade de Caldas Novas, nela percebe-se claramente o 
relevo dômico como um alto topográfico, tal interpretação pode ser advinda da disposição dos 
sulcos que “caminham para fora do domo”. 
 
Uma vez reconhecido que o domo é realmente a parte mais elevada, é possível concluir que não 
houve a inversão de relevo no local, e sendo assim, é possível se perguntar qual a condicionante 
levou à preservação do mesmo. E as opções mais óbvias são: 
 O processo é recente e não teve tempo de ser trabalhado; 
 As litologias são muito resistentes e não permitiram a parte central de ser atingida; 
 O clima é desfavorável ao desenvolvimento da ação química; 
Porém, ao se conhecer um pouco sobre as características do local, sabe-se que o mesmo é 
caracteristicamente uma zona turística pela presença de águas termais, o que leva a pensar em 
um processo geológico ainda atuante e assim, por extensão pensar em um ambiente 
geologicamente recente, no qual não se teve tempo de gerar a inversão de relevo. 
Num contexto mais próximo é possível pensar no relevo dômico para as cidades de Itabirito, 
Belo Horizonte e Amarantino, os quais estão relacionados ao embasamento cristalino do cráton 
do São Francisco. Algumas conclusões gerais, baseadas no conhecimento sobre a região podem 
ser tomadas apenas pela análise de imagens aéreas: 
 
 
 
 
 
 
IMAGEM D. 1 – GOOGLE EARTH - ITABIRITO 
 
 
IMAGEM D. 2 – EMBRAPA – IPSOMÉTRICO, SEM COBERTURA 
 
Os mapas acima mostram duas imagens diferentes 
de um mesmo contexto, sendo que cada um 
fornece informações diferentes. Na imagem 
apresentada ao lado está focalizada a região 
destacada pelo número 1 na “imagem d.2”. 
Comparando-se os dados de ambas imagens, é 
possível perceber que existe bem definida uma 
região mais alta, sendo o topo das serras, outra de 
altitudes médias, as encostas, e por fim a porção 
onde se localiza a cidade de Itabirito, a zona mais 
rebaixada. 
Conhecendo-se a estrutura básica do quadrilátero é 
possível depreender que a região mais rebaixada é 
na verdade a porção cristalina, de maior alteração. 
As médias altitudes estão relacionadas aos xistos do 
Supergrupo Rio das Velhas e os pontos mais altos 
são a expressão do Supergrupo Minas 
(quartzito/itabirito). 
 
A imagem apresentada à 
esquerda consiste em uma 
amplificação da região que se 
encontra logo abaixo do número 
2, indicado na “imagem 2.d”. Na 
região (destacado pela seta 
vermelha) observa-se um 
lineamento morfoestrutural, de 
grande importância para a região. 
Comparando com a 
imagem ao lado é possível ver a 
rodovia atravessando o local, 
observa-se que ela segue 
praticamente retilínea até que é 
desviada. Essa observação da 
engenharia civil está diretamente 
ligada à litologia em coloração 
mais clara logo à frente. Essa 
litologia consiste no quartzito da 
Formação Moeda, que por sua 
grande resistência, 
provavelmente deu-se 
preferência por contorna-lo. 
Observando com mais cuidado ainda é possível perceber a variação na continuidade dessa 
camada de quartzito. Essa não continuidade é resultado de uma falha que deslocou os blocos. 
Dentre os minerais formados durantea evolução do quadrilátero, um de grande importância e 
que de certa forma abundante foi o ouro. Em um processo de aumento de pressão, esse ouro 
disperso tende a ser concentrado, e uma vez concluído o processo de falhamento ocorre o alívio 
de pressão, que finalmente possibilita a concentração do ouro outrora disperso. No local 
apresentado existem minas exploráveis que foram fundamentais à colonização da região. 
Mas é possível observar domos que não passaram por inversão de relevo no quadrilátero? 
Em algumas porções o embasamento apresenta características que tendem mais para rochas 
máficas que félsicas. Nesses ambientes o processo de lixiviação das bases atua de forma a 
concentrar o ferro disponível nessas rochas, e formar a canga, por exemplo, que são muito 
resistentes. Isso acarreta que após um certo consumo da estrutura o centro tende a se conservar 
– não exatamente a mesma estrutura inicial, porém, mais próxima dela do as regiões onde 
ocorre a inversão de forma pura. 
Apesar de tudo que foi apresentado sobre o relevo dômico até então e das várias comparações 
e exemplificações sobre relevos dômicos dos complexos componentes do quadrilátero 
ferrífero é importante salientar que eles não são formados pelo processo de intrusão 
apresentado desde o início. O que ocorre aqui é na verdade um arranjo isostático: durante os 
estágios pós-colisionais (anarogênicos) o colapso gravitacional do embasamento cristalino 
gera nele uma condição de resistência plástica às deformações, e isso acarreta na formação 
de domos por acomodação das supracrustais.

Outros materiais