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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 História Moderna das Relações Internacionais Aula 2 Professora Ana Paula Lopes CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 INTRODUÇÃO Muitos anos se passaram desde o início da Idade Moderna e do período conhecido como Renascimento até a atualidade, mas as marcas daquele período histórico podem ser sentidas até hoje. Devemos ao Renascimento o desenvolvimento de ciências como história e filosofia, que a partir do renascentismo e do humanismo, desenvolveram-se como disciplinas e ganharam espaço no mundo acadêmico. Indo além, o desenvolvimento “acadêmico” do período teve um impacto muito importante para as relações internacionais, uma vez também contribuiu para a consolidação das identidades nacionais com o surgimento dos idiomas nacionais. Para entendermos melhor as relações internacionais na Idade Moderna o objetivo principal desta aula é compreender as principais mudanças políticas, sociais e culturais do período, focando principalmente no renascimento. Assim nossos objetivos específicos são: Expor as principais características do Renascimento. Compreender a Reforma e a Contrarreforma na Europa. Entender como o absolutismo dominou a Europa na Idade Moderna. Compreender o papel do Sacro Império Romano-Germânico. 1. Renascimento na Europa O Renascimento ou Renascentismo ocorreu entre os séculos XIV e século XVII na Europa, a nomenclatura se dá em decorrência da redescoberta e da revaloriação das referências da antiguidade clássica que conduziram o período à um ideal humanista e naturalista. O Renascimento teve início nas cidades- Estado italianas, com expressão mais signficativa na Toscana, Florença e Siena. Porém, também teve alcance internacional, expandiu-se para vários países da CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Europa Ocidental, principalmente em decorrência das guerras e invasões vividas pelo território italiano. Se manifestou em paíse como a Alemanha, Espanha, Paises Baixos e Portugal. Assim como outros movimentos, o renascentismo teve que se adaptar em cada território, tendo caráter distinto em cada país, se adaptando conforme a realidade local. O período renascentista é caracterizado pelas transformações ocorridas em várias áreas: cultural, social, econômica, política e religiosa. São essas transformações que marcaram a ruptura das estrutura medieval e do feudalismo, dando início à Idade Moderna. O ser humano passa a ser o centro do pensamento renascentista, passou a ser considerado a criação divina mais perfeita, capaz não somente de compreender, mas também modificar e dominar a natureza. Assim surgiu o humanismo, baseado na razão individual e na análise de evidências empíricas. o Renascimento pode ser divido em três fases: Trecento (século XIV): Contempla o pré-Renascimento e o início do mesmo. É um fenômeno italiano, iniciado na Florença, Siena e Pisa, pólos político, cultural e econômico da região. Quattrocento (século XV) : Foi o auge do período, a era dourada. Marcado pelo início da expansão do humanismo além das fronteiras italianas. Ciquecento (século XVI): Fase final do Renascimento, o movimento passa por uma transformação e se expande para o continente. Florença deixa de ser o principal pólo renascentista italiano, dando lugar para Roma. 2. Reforma e contra reforma A Reforma Protestante ocorreu no século XVI, era um movimento reformista cristão liderado por Martinho Lutero, que em 31 de outubro de 1517 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 protestou e fixou suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Nessas teses ele mostrava uma visão contrária à diversos pontos da doutrina da Igreja Católica Romana, propondo uma reforma no catolicismo romano. O processo das reformas religiosas foi motivado, entre outros, pelos abusos cometidos pela Igreja Católica, além da perda da sua identidade enquanto instituição religiosa que pregava a simplicidade, sofrimento e a pobreza. Outro fator foi a mudança na visão de mundo da população, principalmente pelo surgimento do pensamento renascentista. Os movimentos da Reforma tiveram alcance internacional, expandiram- se para vários países da Europa como: Alemanha, Suíça, França, Países Baixos, Reino Unido, Escandinávia, Países Bálticos e Hungria. Esse movimento resultou em uma série de conflitos internos e externos, sendo o mais conhecido a Guerra dos Trinta anos. A Contra Reforma ou Reforma Católica é um movimento que surgiu na Igreja Católica no século XVI com o objetivo de conter o crescimento do protestantismo, com o movimento da Reforma Protestante, a Igreja Católica perdeu grande parte dos fieis, principalmente na Alemanha, Inglaterra e nos países escandinavos. A Contra Reforma do século XVI ocorreu num período em que o cristianismo ocidental dividiu-se entre católicos e protestantes. Momento também que a Igreja Católica também perdia credibiliade em decorrência do abuso cometido por seus representantes, como a venda de indulgências para aqueles que contribuissem para a reconstrução da Basílica de São Pedro em Roma. Ações como essa contribuíram para a perda de fies, sendo necessário a tomada de ações de conteção. O principal ato da Reforma Católica foi o Concílio de Trento (1545-1563), no qual foram tomadas medidas a fim de conter o avanço do protestantismo. Além dessas medidas adotadas, o Concílio de Trento também foi responsável pelo surgimento de novas ordens religiosas, como a Companhia de Jesus (1534). A Companhia de Jesus, assim como outras congregações foram fundamentais para a Reforma Católica. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 3. O Absolutismo Podemos entender o absolutismo como o poder ilimitado dos reis. Os governos absolutistas surgiram no período entre o feudalismo e o capitalismo industrial, quando ocorria a expansão comercial europeia e a ascensão da burguesia. Desse modo, o Estado moderno absolutista, antecessor ao Estado- nação, era organizado em um sistema de governo centralizado na figura do monarca e de sua dinastia no poder. O absolutismo significava que o corpo do governo e toda a estrutura de políticas públicas e interestatais seria respondido, em último caso, pelo chefe de Estado, que também era o chefe de governo e, muitas vezes, detinha a legitimação do poder divino. O absolutismo tomou conta da Europa na Idade Moderna sendo questionado apenas em seus últimos momentos, como no século XVIII pela Revolução Francesa. Como modelos do absolutismo europeu podemos destacar: França, Inglaterra, Espanha e Portugal. Além do Sacro Império Romano-Germânico. Cada um com suas características e desenvolvimento própria. Os governos absolutistas foram responsáveis por disputas e conflitos internacionais, além de usar do seu poder absoluto para conseguir unificar territórios. Palacio de Versalles. Luis XIV. Pierre Patel. Círculo de Lectores O Estado absolutista foi um processo importante para a organização administrativa de governos e territórios. Nas questões de guerra e defesa, a centralização administrativa passou a se utilizar da própria população, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 diminuindo gastos com mercenários. As insatisfações em alguns Estados chegaram ao ponto de formar verdadeiras reformas e revoluções, como na Inglaterra e na França. Os defensores e os críticos ao regime desenvolveram ideias e argumentos que passaram a dialogar de forma pública ao longo da Idade Moderna. 4. O Sacro Império Romano-Germânico O Sacro Império Romano-Germânico foi uma união territorial que ocorreu na Europa Central entre a Idade Média e o início da Idade Contemporânea. Ao longo deste extenso período desempenhouum papel fundamental na Europa, reconfigurando a geopolítica do continente. O Sacro Império Romano- Germânico teve várias sucessões dinastias e de soberanos. Incialmente os soberanos foram os Carolígios entre 800 e 887, tendo como principal figura o Imperador Carlos Magno. Posteriormente teve início a dinastia Guideshi, que durou pouco tempo e foi sucedida pelos Carolígios. Na sequencia quem assumiu o Império foram os Saxões, sucedidos pelos Saliana e logo depois a dinastia von Süpplingerburg, logo após os von Hohenstaufen, os Guelfos, e os von Wittelsbach respectivamente. A última e mais conhecida dinastia e que também durou mais tempo foi a dos Habsburgos (1273-1806), que chegou ao fim com as Guerras Napoleônicas. Podemos colocar as sucessões de soberanos do Sacro Império Romano- Germânico da seguinte forma: Carolígios – Guideshi – Carolígios – Saxões – Saliana – Supplingerburg – Hohenstaufen – Guelfos – Wittelsbach - Habsburgos Em 1517, Martinho Lutero iniciou a Reforma Protestante, e o Sacro Império viu-se em um processo de fragmentação que culminou com a Guerra dos Trinta Anos. O fim do império veio em diversas etapas. A Paz de Vestfália (1648) deu a diversos territórios autonomia política, como à Confederação Suíça CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 e à Holanda do Norte. O absolutismo no Sacro Império Romano foi vivenciado de forma parcial, sobretudo durante a dinastia dos Habsburgos, a qual buscou fortalecer o Império Austríaco e só então expandir o poder para outros lugares. SINTESE A presente aula teve como objetivo conhecer o início da Idade Moderna e do Renascimento na Europa, levando em consideração as principais mudanças políticas, sociais, religiosas e culturais do período. Trouxemos as principais características do período renascentista e de seu impacto nas relações internacionais. Nesta aula buscamos compreender um pouco mais da história da Europa e da sua configuração política e religiosa, que tem impacto até os dias atuais. Focamos nos acontecimentos marcantes e significativos do período no continente europeu como as transformações religiosas presentes na Reforma Protestante e na Contrarreforma Católica. Assim como, a ascensão e queda dos regimes absolutistas, além de conhecermos melhor o poderoso Sacro Império Romano-Germânico, que fez parte dos movimentos religiosos e também foi adepto do absolutismo. Referências: ANDERSON, Perry. Linhagens do estado absolutista. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989. BURCKHARDT, J. A cultura do Renascimento na Itália. São Paulo: Cia das Letras, 1991. CHARLE, C. La circulation des opéras en Europe au XIXe siècle. Relations internationales, nº 155, 2013-3, pp. 11-31. COSTA, H. M. P. da. A Reforma Protestante, em O Pensamento de João Calvino. São Paulo: Ed. Mackenzie. 2000. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 DONALDSON, G. Germany: a complete history. New York: Gotham Books, 1985. JEDIN, H. História del Concilio de Trento. Pamplona: Ediciones Universidad de Navarra, 1972. KENNEDY, P. Ascensão e queda das grandes potências. Rio de Janeiro: Elsevier, 1989. PERRY, M. Civilização ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2002. VIANNA, A. M. Estudo introdutório às 95 teses de Martinho Lutero. Revista Espaço Acadêmico, N° 34, março, 2004. WOHL, Louis de. Fundada sobre a rocha, história breve da Igreja. Lisboa: Rei do Livros, 1993
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