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DEFINIÇÃO O conceito de farmacocinética foi proposto por Dost em 1951 para descrever o movimento da droga pelo organismo, desde a hora que entra até a hora que é expulso. - A Farmacocinética é o ramo da farmacologia que estuda o caminho percorrido pelo fármaco no organismo e as variáveis que podem afetar a sua concentração nos diversos tecidos do corpo. - ETAPAS DA FARMACOCINÉTICA Abreviadas pela sigla ADME- Absorção: passagem do fármaco de seu local de administração para o plasma sanguíneo. - Distribuição: disseminação da droga nos tecidos e células do corpo- Metabolismo: implica na conversão do fármaco em outra entidade química- Eliminação: refere-se ao processo pelo qual um fármaco ou seu metabólito é eliminado do organismo. - COMO OS FÁRMACOS ENTRAM NO ORGANISMO Para produzir os efeitos desejados, os fármacos precisam estar na concentração adequada em seus locais de ação - Entretanto, até chegar a seu destino, a maioria dos fármacos precisa percorrer um longo caminho e atravessar várias barreiras físicas, químicas e biológicas (ex: mucosa, pele). - Fármacos lipossolúveis, apolares, sem carga e sem peso molecular têm maior capacidade de atravessar essas barreiras por meio do processo de difusão simples. - Fármacos que não possuem essas características citadas acima conseguem atravessar as barreiras por meio de difusão facilitada. - As proteínas transportadoras não são "exclusivas" para os fármacos. Elas atuam transportando diversas moléculas do corpo. Se o fármaco for estruturalmente semelhante à essa proteína, ocorrerá o transporte. - Se o fármaco não for semelhante a nenhuma proteína disponível, ele não será absorvido nessa via em questão. Exemplos: Penicilina G (benzetacil), não é absorvida pela via oral, apenas a penicilina V. Benzetacil só é absorvido via intramuscular profunda. - Insulina não é absorvida pela via oral, além de ser destruída no estômago e intestino por enzimas. Sua via de administração é parenteral subcutânea. - - - Barreiras do Organismo: Pele: é estratificada, ou seja, composta por diversas camadas de células. Além disso, possui queratina, que é um forte isolante, tornando ainda mais difícil atravessá-la. - Mucosa da boca: também é estratificada, assim como a da pele, entretanto não possui queratina - Via Respiratória: - Intestino: possui apenas uma camada de células. Para atravessar essa barreira o fármaco precisa apenas passar pelo enterócito. - - FATORES QUE AFETAM A DIFUSÃO Barreiras e Transportes: Na ausência de outros fatores, um fármaco penetrará numa célula até que as concentrações intracelular e extracelular deste fármaco sejam iguais. - Lei de Difusão de Fick 𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 = (𝐶2 − 𝐶1) . (Á𝑟𝑒𝑎 . 𝑃𝑒𝑟𝑚𝑒𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒) 𝐸𝑠𝑝𝑒𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑀𝑒𝑚𝑏𝑟𝑎𝑛𝑎 - - Difusão: passagem da molécula do meio de maior concentração pro de menor concentração Aula 02 - Farmacocinética quarta-feira, 26 de maio de 2021 10:00 𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 = (𝐶2 − 𝐶1) . (Á𝑟𝑒𝑎 . 𝑃𝑒𝑟𝑚𝑒𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒) 𝐸𝑠𝑝𝑒𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑀𝑒𝑚𝑏𝑟𝑎𝑛𝑎 ⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯ O transporte por difusão segue essa lei- C1 e C2 são as concentrações intracelular e extracelular- O fluxo é diretamente proporcional à concentração de moléculas, área e permeabilidade e inversamente proporcional à espessura da membrana - Diferença entre as barreiras do corpo Barreira hematoencefálica Em grande parte dos tecidos, os vasos sanguíneos possuem orifícios que facilitam o trânsito do fármaco. - Os vasos sanguíneos do cérebro são "blindados" pela barreira hematoencefálica, em que: Não há espaço intercelular- Membrana basal recobre as células endoteliais- Astrócitos ficam na superfície da membrana basal- - O objetivo da barreira hematoencefálica é dificultar que as substâncias que circulam no sangue entrem facilmente em contato com os neurônios, pois muitas delas podem ser prejudiciais para o sistema nervoso. - A maioria dessas substâncias não conseguem atravessar a barreira e se difundir no líquido cerebral, apenas moléculas pequenas, apolares, sem carga e lipossolúveis ou que possuem transportador celular. - - Barreira placentária: separa o sangue que circula da mãe do sangue que circula no feto e impede que diversas substâncias passem para o feto - - In vivo, há fatores complicantes para a difusão efetiva de um fármaco, como carga elétrica, gradientes iônicos e gradiente de pH - Carga Elétrica: quando a carga elétrica do fármaco é oposta a carga do interior da célula, sua absorção é favorecida. Quando ambos possuem a mesma carga elétrica, ocorre repulsão. - Gradientes de pH O pH refere-se a quantidade de prótons H+ presentes no meio, que podem torná- lo ácido ou básico. - A depender do pH do meio onde está, o ácido irá dissociar ou ficar na forma neutra. Quando um ácido é colocado em um meio ácido, ele não se dissocia, ficando neutro, pois já há excesso de H+ no meio. - Quando um ácido é colocado em um meio básico, ele se dissocia, fornecendo H+ para o meio e adquirindo cargas elétricas. - - O pH influencia na absorção pois o fármaco pode ser ácido ou básico e a depender do meio ele irá ficar neutro ou se polarizar. Entretanto, apenas fármacos apolares entram facilmente na membrana plasmática. - Exemplos: O Ácido Acetilsalicílico (AS) pode ser encontrado de duas formas, no estômago, que possui pH ácido, ele está neutro, conseguindo difundir-se mais facilmente pela membrana. Por outro lado, o pH do intracelular é básico, fazendo com que o AS dissocie-se e adquira cargas elétricas. Isso dificulta com que ele atravesse novamente a membrana, ficando "preso" no interior da célula, em um processo chamado de Sequestro por pH. - Anestésicos locais não funcionam em tecidos inflamados, porque esses fármacos têm pH básico e os tecidos possuem pH ácido. Dessa forma, a molécula dissocia-se e não consegue passar pela membrana da célula, por causa de sua carga elétrica (ele fica protonado). - - - CASO CLÍNICO 1 Em certo dia, o papai João percebeu que os seus dois filhos estavam com febre, então ele resolveu medicar os dois com um antitérmico. Entretanto percebeu que só existia um comprimido disponível na casa. Procurando melhor, ele encontrou o mesmo medicamento em xarope, porém, com apenas uma dose restante. Dessa forma, ele concluiu que poderia em xarope, porém, com apenas uma dose restante. Dessa forma, ele concluiu que poderia dar o comprimido para um e o xarope para outro. Quem ficará livre da febre primeiro? Em qual dos dois a febre voltará primeiro? Resolução: o filho que ingeriu o medicamento em xarope ficará livre da febre primeiro, pois na forma líquida esse fármaco já consegue interagir com a membrana das células e ser absorvido. O comprimido, pelo contrário, precisará se dissolver primeiro, levando mais tempo para poder ser absorvido. A febre voltará primeiro também no filho que ingeriu xarope, porque ele será absorvido todo de uma vez tanto pelas células, quanto pelo fígado para ser degradado, enquanto o comprimido é absorvido aos poucos, prolongando o efeito por mais tempo. - ABSORÇÃO DOS FÁRMACOS Representa a passagem do fármaco de seu local de administração para o plasma sanguíneo. Essa passagem é necessária quando se quer um tratamento com efeito sistêmico. - Dependendo da via de administração e da forma farmacêutica, a droga apresentará uma maior ou menor facilidade para a absorção. A quantidade de fármaco que alcança a circulação sanguínea nem sempre é igual à que foi administrada. Via intravenosa: possui maior concentração plasmática de fármaco, pois ele é administrado diretamente na corrente sanguínea. Entretanto, esse valor despenca rapidamente porque a metabolização é mais rápida. - Via intramuscular: o fármaco será absorvido (passa para corrente sanguínea) rapidamente. - Via subcutânea: a absorção ocorre de forma lenta- Via oral: a absorção ocorre deforma lenta. A concentração plasmática do fármaco aumenta gradativamente ao longo de horas. - A velocidade de absorção pode ser uma vantagem ou desvantagem a depender do objetivo do tratamento. Uma absorção mais lenta permite que o fármaco tenha uma ação prolongada. Já uma absorção rápida permite um efeito imediato. - Biodisponibilidade: percentual da droga administrada que chega no local de ação de forma intacta, sem sofrer metabolização. 𝐵𝑖𝑜𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑄𝑡𝑑. 𝑑𝑒 𝑓á𝑟𝑚𝑎𝑐𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑎𝑙𝑐𝑎𝑛ç𝑎 𝑎 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑄𝑡𝑑. 𝑑𝑒 𝑓á𝑟𝑚𝑎𝑐𝑜 𝑎𝑑𝑚𝑖𝑛𝑖𝑠𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜 ⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯ - - Cinética de Absorção Inclui o estudo da velocidade de absorção e da quantidade absorvida. Esses dois parâmetros dependem da constante de absorção (Ka) e da concentração do fármaco dissolvido no local de absorção Constante de Absorção (Ka): refere-se a probabilidade que uma molécula tem para ser absorvida em determinada unidade de tempo. - - A cinética de absorção pode ser de primeira ordem ou de ordem zero Cinética de primeira ordem: a velocidade de absorção é diretamente proporcional a quantidade de fármaco na área de absorção (velocidade de absorção varia com o tempo) Na maioria das vezes a velocidade de absorção varia, sendo rápida no começo e diminuindo ao longo das horas. Isso ocorre porque no início há uma grande diferença de concentração de fármaco dentro e fora da célula e quanto maior a diferença entre o gradiente de concentração, maior o fluxo das moléculas. Logo, o fármaco entra na célula. Ao longo das horas, a diferença de concentração dentro e fora da célula passa a diminuir, consequentemente a velocidade de absorção também diminui. - - Cinética de ordem zero: o número de moléculas absorvidas por unidade de tempo permanece constante durante toda ou maior parte do processo de absorção (velocidade de absorção constante) Quando proteínas transportadoras ficam saturadas pelo fármaco a cinética é de ordem zero, ou seja, a velocidade de absorção permanece constante por um tempo. Contudo, à medida que a quantidade de - - - - constante por um tempo. Contudo, à medida que a quantidade de moléculas a serem absorvidas diminuem a velocidade de absorção delas passa a diminuir também, caracterizando uma cinética de primeira ordem. Fármacos que têm sua absorção retardada, como adesivos transdérmicos, também se encaixam na cinética de ordem zero, pois ele é dissolvido em taxas constantes. - Fatores que alteram a absorção: Propriedades físico-químicas do fármaco: tamanho da molécula, lipossolubilidade, pKa. - Característica da preparação farmacêutica: líquida, sólida, semissólida, gasosa. - Características do local de absorção: área de absorção, qualidade e quantidade das barreiras, fluxo sanguíneo local, pH local. Inflamação: há aumento da absorção por conta do aumento do fluxo sanguíneo. - Aumento do débito cardíaco: há aumento da absorção por conta do aumento do fluxo sanguíneo. - Lesões (ex.: queimadura): aumenta a absorção porque diminui a barreira - - Eliminação pré-sistêmica e efeito de primeira passagem: destruição do fármaco no local da administração, como no epitélio do TGI (acidez), no fígado ou nos pulmões. - Fatores fisiológicos: idade, sexo, presença de alimento, débito cardíaco- Fatores patológicos: vômito, diarreia, inflamação, hipertermia, alterações no trânsito intestinal, insuficiência cardíaca - Fatores iatrogênicos: interações medicamentosas com alimentos ou outras substâncias - - DISTRIBUIÇÃO DOS FÁRMACOS Refere-se a disseminação do fármaco para células, líquido intersticial e tecidos. - A depender das suas características moleculares, o fármaco tem atração por um determinado tipo de tecido e diferentes afinidades ao sangue. Ex.: fármacos lipossolúveis tendem a se acumular mais no tecido adiposo, enquanto fármacos hidrossolúveis acumulam-se no tecido muscular. - - Transporte dos fármacos no sangue: uma vez no sistema circulatório, os fármacos podem ser transportados pelo sangue de três formas gerais: Forma livre: promove efeito rápido e intenso. A concentração plasmática aumenta rapidamente, mas decai rapidamente também. - Ligados às proteínas plasmáticas Albumina, lipoproteína, glicoproteína e globulinas alfa, beta e gama- As proteínas do sangue possuem diversos sítios de ligação para os fármacos, que se ligam a elas por meio de uma ligação eletrostática (fraca). Dessa forma, o fármaco tende a se desprender da proteína quando passa para os tecidos, por meio da difusão, de acordo com o gradiente de concentração. - Enquanto o fármaco está no sangue ele está protegido de ser metabolizado pelo fígado e rins. Logo, fármacos que estão ligados às proteínas são metabolizados lentamente, tendo, portanto, um efeito menos intenso, porém mais duradouro - Em pacientes com desnutrição proteica, o tempo de meia-vida dos medicamentos é menor - - Ligados às células sanguíneas - - Fatores que alteram a distribuição dos fármacos Propriedades físico-química do fármaco- Grau de ligação às proteínas plasmáticas- Disponibilidade de proteínas no sangue- Fluxo sanguíneo local- Presença de fenestrações nos vasos- Características teciduais - - Características teciduais - Volume de Distribuição Volume de Distribuição Real: representa o volume líquido corporal no qual o fármaco se distribuiu, levando-se em conta todos os compartimentos. - Volume de Distribuição Aparente ou Relativo: representa o volume de líquido necessário para conter a quantidade total do fármaco absorvido no corpo, numa concentração uniforme à do plasma. = 𝐷𝑜𝑠𝑒 𝑎𝑑𝑚𝑖𝑛𝑖𝑠𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑓á𝑟𝑚𝑎𝑐𝑜 𝑛𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑠𝑚𝑎 ⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯ Quanto menor a concentração do fármaco no plasma, maior terá sido a distribuição dele pelos tecidos do corpo. - - - Alteração do volume de distribuição Fatores que alteram o volume de distribuição influenciam a concentração máxima que é atingida, após uma dose única ou uma dose inicial - Fatores que alteram o volume real: edema, ascite, obesidade, mudanças do fluxo sanguíneo, alterações no pH, lesões em barreiras naturais - Fatores que alteram a união às proteínas plasmáticas: diversos fatores fisiológicos, como idade ou patológicos como hipoalbuminemia, assim como a interação entre fármacos - Fatores que alteram a união aos tecidos: redução de proteínas teciduais ou de lipídeo nas células adiposas. - - CASO CLÍNICO 2 J.O.S, 32 anos, solteira, residente em Salvador-BA, está em tratamento para dor secundária ao câncer de mama. Faz uso de uma morfina 2x/dia. Após sintomas de tontura, dor de cabeça e vertigem, foi atendida na UPA, onde se constatou que a mesma apresentava hipertensão com uma pressão arterial de 200x130mmHg. Foi medicada e fará tratamento crônico com os anti-hipertensivos Losartana e Hidroclorotiazida. Duas semanas após iniciar o tratamento com os novos medicamentos, percebeu que as dores surgiram mais precocemente após o uso de morfina, ou seja, a morfina já não apresentava o mesmo tempo de duração. Pode ser um caso de interação medicamentosa? Caso sim, quais as possibilidades? Resolução: Sim. A interação entre a morfina e os anti-hipertensivos causou uma disputa pelas proteínas do sangue. Dessa forma, a morfina passou a se ligar a menos proteínas e muitas moléculas desse fármaco ficaram de forma livre no sangue, causando efeito rápido e intenso, entretanto também sendo metabolizado na mesma velocidade, o que encurtou o tempo de meia vida da morfina. - METABOLISMO DOS FÁRMACOS É o processo de biotransformação, isto é, alterações por reações químicas, que o fármaco sofre principalmente no fígado, com o objetivo de facilitar sua eliminação. A biotransformação dos fármacos pode alterá-los de quatro maneiras importantes: Um fármaco ativo pode ser convertido em fármaco inativo - Um fármaco ativopode ser convertido em um metabólito ativo ou tóxico (ex.: paracetamol) - Um pró-fármaco inativo pode ser convertido em fármaco ativo - Um fármaco não-excretável pode ser convertido em metabólito passível de excreção (aumentando a depuração renal ou biliar) Fármacos apolares e lipossolúveis não são excretados facilmente, pois são facilmente filtrados e reabsorvidos, além de não serem bem dissolvidos na urina. - - - - Etapas do Metabolismo Fase I: oxidação ou redução Envolve enzimas associadas a membranas, que são expressas no retículo endoplasmático (RE) dos hepatócitos - Tipicamente, as reações de oxidação transformam o fármaco em metabólitos - - - Tipicamente, as reações de oxidação transformam o fármaco em metabólitos mais hidrofílicos ao adicionar um grupamento OH ou apenas um oxigênio - O fármaco não necessariamente irá perder sua função após ser oxidado. A cortisona, por exemplo, fica mais potente quando hidroxilada, virando hidrocortisona. - As enzimas que catalisam essas reações de fase I são tipicamente oxidases- Enzimas de Oxidação Sistema de monooxigenase do citocromo P450 (CYP 450): enzimas 1A2, 2C9, 2C19, 2D6 e 3A4 (metaboliza a maioria dos fármacos). - Sistema de monooxigenase continente de flavina - Álcool desidrogenase- Aldeído desidrogenase- Monoamina oxidase- Co-oxidação por peroxidases- - Fase II: conjugação União do fármaco com outra molécula capaz de alterar sua estrutura, no hepatócito. - Envolvem enzimas citosólicas ou do retículo endoplasmático (RE) dos hepatócitos - Os substratos dessas reações incluem compostos que já contêm grupos químicos apropriados para conjugação, como hidroxila (-OH), amina (-NH2) ou carboxila (-COOH). - Para sofrer conjugação o fármaco não precisa, necessariamente, ter passado pela oxidação/redução, basta ter algum dos substratos. - Na maioria dos casos, o processo de conjugação torna o fármaco mais polar e, quase sempre, farmacologicamente inativo. - - Enzimas de Conjugação Moléculas de Conjugação Metil-transferase D-metila Glutationa S-transferase D-glutationa Sulfotransferases D-sulfato N-acetiltransferases D-acetato Aminoácido N-aciltransferases D-glicina UDP-glucoronil transferase D-glicuronato Indução e inibição do metabolismo Embora algumas enzimas P450 sejam constitutivamente ativas, algumas podem ser induzidas (aumento da transcrição ou diminuição da degradação) ou inibidas por diferentes compostos, através de ligação direta à enzima. - Indução: Fármaco induz maior produção de enzimas, acelerando o metabolismo- Fármaco pode aumentar seu próprio metabolismo - Um fármaco pode aumentar o metabolismo de outro fármaco coadministrado - Pode resultar na produção de níveis tóxicos dos metabólitos reativos dos fármacos - - Inibição: ocorre inibição da enzima, de forma reversível ou irreversível. - Interação medicamentosa e citocromo P450 Exemplo: paciente que faz uso de ciclosporina (imunossupressor para que não ocorra rejeição em transplante de órgãos), começa a tomar outro medicamento. A depender do medicamento, efeitos diferentes serão causados: Imunossupressor (ciclosporina) + Antibiótico (rifampicina): rifampicina induz o citocromo P450, na enzima 3A4. Dessa forma, a ciclosporina é metabolizada mais rapidamente, tendo seu efeito - - - - ciclosporina é metabolizada mais rapidamente, tendo seu efeito diminuído. Logo, esse paciente corre risco de ter rejeição do órgão. Imunossupressor (ciclosporina) + Antifúngico (itraconazol): o itraconazol inibe o citocromo P450, mais especificamente a enzima 3A4. Portanto, a ciclosporina não será metabolizada na velocidade que deveria e começa a se acumular. Por ser nefrotóxica, pode causar danos nos rins recém-transplantados do paciente. - Fatores que alteram o metabolismo dos fármacos Idade: os extremos da idade apresentam grande influência sobre o metabolismo. Na criança, por uma imaturidade no sistema de enzimas e no idoso, por uma redução do fluxo sanguíneo hepático. - Fatores genéticos e sexo: certas populações exibem polimorfismo ou mutações em determinados genes envolvidos ao metabolismo. Existem variações metabólicas em relação ao sexo (etanol, benzodiazepínicos, salicilatos e estrogênio). - Estado patológico: cirrose, hepatite, esteatose, câncer, hipertireoidismo- Interações com alimentos e com outros fármacos: indução ou inibição enzimática por alimentos ou fármacos. Competição pela enzima de degradação e influência sobre a flora digestiva. - - CASO CLÍNICO 3 J.B.L, 24 anos, estudante de odontologia, solteira, residente em Recife. Faz uso do anticoncepcional Ciclo 21 há 3 anos. No mês passado, apresentou uma infecção urinária onde foi receitado um antibiótico para o tratamento da infecção. Porém, no mês seguinte a sua menstruação atrasou. Preocupada, ela comprou um teste rápido de gravidez, o que lhe informou que ela seria mãe. O que ocorreu? Resolução: ocorreu uma interação medicamentosa entre os dois fármacos que a paciente estava tomando, em que o antibiótico acelerou o metabolismo do anticoncepcional, diminuindo seu tempo de ação no organismo. - ELIMINAÇÃO DOS FÁRMACOS A eliminação dos fármacos refere-se ao processo pelo qual um fármaco ou metabólito é eliminado do organismo. - Os fármacos e seus metabólitos são, em sua maioria, eliminados do corpo através da excreção renal (mais comum) e biliar. - Muitos fármacos de administração oral sofrem absorção incompleta pelo TGI e são eliminados por excreção fecal. - Também pode haver quantidades mínimas de eliminação através das vias respiratória, dérmica, pela saliva, leite, suor e lágrimas. - Para o fármaco ser eliminado pelos rins, ele precisa estar na forma hidrossolúvel. Quando o fármaco é lipossolúvel, ele irá depender da metabolização hepática para tornar sua molécula hidrossolúvel, facilitando a excreção na urina. - Os fármacos eliminados mais rapidamente são aqueles que não têm atração por algum tecido ou proteína do sangue. - Excreção Renal A taxa de eliminação dos fármacos através dos rins depende do equilíbrio das taxas de filtração, secreção e reabsorção de um fármaco - A maioria das substâncias, exceto quando altamente ligadas às proteínas plasmáticas ou maiores que 20.000mg/mol atravessa livremente o filtrado glomerular - Muitas substâncias, particularmente ácidos fracos e bases fracas, são ativamente secretadas no túbulo e, por conseguinte, são excretadas mais rapidamente (ex.: penicilina) - As substâncias lipossolúveis sofrem reabsorção passiva por difusão através do túbulo, de modo que não são excretadas eficazmente na urina - Várias substâncias importantes são removidas predominantemente por excreção renal e tendem a causar toxicidade em indivíduos idosos e pacientes com doença renal - - Problemas hepáticos interferem não só na metabolização do fármaco, mas também na eliminação. renal Devido à partição do pH, os ácidos fracos são excretados na urina alcalina, e vice versa. Isso ocorre porque ácidos fracos tendem a ionizar em pH alcalino, ou seja, dissociar e adquirir carga, tendo, portanto, uma tendência menor de sofrer reabsorção - Excreção Biliar Os mecanismos que transportam estas substâncias para o interior das vias biliares são semelhantes aos mecanismos de transporte existente nos rins - Muitas substâncias conjugadas nas reações do tipo II, principalmente os conjugados com compostos glicuronídeos, são eliminados por essa via - Na luz do intestino delgado, o fármaco pode ser reabsorvido e formar uma circulação enterohepática da droga. Esses fármacos têm seu efeito prolongado no organismo. - A morfina, o cloranfenicol e o etinilestradiol são exemplos de drogas excretadas de forma conjugada através da bile - O vercurônio, que é bloqueador neuromuscular competitivo, é excretado principalmente através da bile e forma inalterada - - Cinética de Eliminação Depuração É a taxa de eliminaçãode um fármaco do corpo em relação à concentração plasmática do fármaco - Ex.: se um fármaco possui taxa de depuração de 100mL/min, significa que a cada minuto, 100mL desse sangue fica sem o fármaco. - É calculada a partir da concentração plasmática (Cp), da concentração urinária (Cur) e da velocidade do fluxo de urina (Vur) 𝐶𝐿 = 𝐶 . 𝑉 𝐶 ⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯ - A depuração total é a soma da depuração de outras vias de eliminação- - Meia-vida de eliminação Tempo durante o qual a concentração do fármaco no corpo é reduzida à metade - Quanto maior o tempo de meia vida, mais tempo o fármaco passa no plasma. - O conhecimento da meia-vida de eliminação de um fármaco permite calcular a frequência de doses necessárias para manter a concentração plasmática do fármaco dentro da faixa terapêutica. - - Tipos de Cinética de Eliminação Cinética de primeira ordem: a velocidade de eliminação é diretamente proporcional a quantidade de fármaco presente no organismo. - Cinética de ordem zero: o número de moléculas eliminadas por uma unidade de tempo permanece constante durante toda ou a maior parte do processo de eliminação. - - - Fatores que alteram a eliminação dos fármacos Fatores que alteram a distribuição e o metabolismo: a eliminação dos fármacos pode ser afetada principalmente por fatores que alteram a distribuição e metabolismo dos fármacos, como inibição enzimática e mudança da quantidade de proteínas plasmáticas - Patologias hepáticas e renais: o fígado e os rins são os principais órgãos de eliminação. - - Quantidade de sangue que fica sem o fármaco a cada minuto. Volume de plasma limpo pelo rim por unidade de tempo
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