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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE - UNIVILLE FARMACOLOGIA BÁSICA APOSTILA DE FARMACOLOGIA DO 2º ANO DE MEDICINA AUTORES: AMANDA L. DA SILVA GIOVANI CARVALHO MARIANA RIBEIRO LISIANE MARTINS JOÃO FRANCICO PETRY PÂMELLA CAROLINE KRELING Os assuntos aqui abordados, estão na ordem em que foram dados no ano de 2013, pela Professora Daniela Delwig. Portanto, eles podem sofrer alterações na ordem, caso essa apostila venha a ser usada por outras turmas. 1º BIMESTRE: Linguagem farmacológica Editar Editora: Lisiane Martins. Segue como material complementar alguns conceitos farmacológicos que podem ser úteis no decorrer das aulas: Droga: Matéria prima de origem mineral, vegetal ou animal da qual se pode extrair um ou mais princípios ativos. Substância química capaz de modificar as funções do organismo (provocar alterações somáticas ou funcionais em um organismo). Remédio: Qualquer meio, substância química ou não, utilizada com o propósito de cura. Ex.: chá de boldo Fármaco: Substância química de constituição definida, com aplicação farmacêutica (preventivo, curativo, agente diagnóstico), capaz de produzir efeito farmacológico (causar alterações somáticas ou funcionais em um organismo visando uma ação terapêutica). Medicamento: Preparado farmacêutico podendo ser formado por uma só substância ou pela associação de várias substâncias químicas. É o mesmo que fármaco, sendo constituído de uma forma farmacêutica específica. Placebo: Substância inativa, sem atividade farmacológica, que pode fazer efeito por auto- sugestão. Usados em ensaios clínicos controlados para determinar a eficácia de novos medicamentos. Risco/benefício: Avaliação do efeito terapêutico do fármaco em relação ao risco sobre uma determinada função orgânica. Ex: Uso de antibióticos durante a gestação. Eficácia farmacológica: Efeito máximo do fármaco, produzido sobre uma função orgânica. Potência de fármacos: Quantidade de fármaco (dose) que produz efeito farmacológico. Quanto mais potente, menos efeitos colaterais. Tolerância Farmacológica: Processo pelo qual só se consegue o mesmo efeito farmacológico com a administração de doses cada vez mais elevadas. Interação Medicamentosa: Efeitos oriundos do uso concomitante de mais de um fármaco. http://pt-br.aia1317.wikia.com/wiki/Linguagem_farmacol%25C3%25B3gica?action=edit Indução Enzimática: Interação medicamentosa em que um fármaco “a” aumenta o metabolismo de um fármaco “b” quando administrados juntos. Inibição Enzimática: Interação medicamentosa em que um fármaco “a” diminui o metabolismo de um fármaco “b” quando administrados juntos. Afinidade: Interação entre um fármaco e um alvo farmacológico (receptor). Atividade Intrínseca: Interação entre o fármaco e o receptor com desencadeamento do efeito farmacológico. Biodisponibilidade: Fração de dose do fármaco que atinge a circulação sistêmica quando administrada oralmente e comparada à administração endovenosa. Ex.: Na via endovenosa a biodisponibilidade é de 100% (não se perde nada). Já pela via oral não se sabe quando exatamente irá chegar na corrente sanguínea. Bioequivalência: Fármacos que apresentam biodisponibilidade comparáveis e tempos para alcançar picos de concentração sanguínea semelhantes. Ex.: No medicamento de “referência” e medicamento “genérico”. Já no “similar” a bioequivalência é diferente. Excreção: Remoção do fármaco do organismo com o envolvimento de alterações químicas. Efeitos Colaterais: Reações esperadas e explicáveis após o uso do fármaco devido a sua não seletividade (com o receptor). Aparecem lateralmente com o efeito terapêutico. Efeitos Adversos: São reações inesperadas e inexplicáveis após o uso do fármaco Efeito Terapêutico: Relaciona-se à eficácia dos medicamentos, corrigindo uma função alterada pela doença. Ações Farmacológicas: Relaciona-se a eficácia dos medicamentos e ao surgimento das reações adversas. -> Efeito terapêutico + efeito colateral Dependência Física: Capacidade que uma droga ou fármaco tem de passar a fazer parte do metabolismo, da vida do organismo. Ocorre quando o organismo necessita do fármaco para prevenir efeitos punitivos decorrentes de sua falta. Dependência Psicológica: Relação estreita e dependente que um usuário tem com um fármaco ou droga psicotrópica em virtude da representação inconsciente e superdimensionada que a droga tem em sua memória. Síndrome de Abstinência: Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da falta de drogas/ fármacos em usuários dependentes. DE50- Dose Efetiva Média: Dose capaz de produzir efeito farmacológico em 50% de indivíduos de uma amostra populacional. DT50- Dose Tóxica Média: Dose capaz de produzir um determinado efeito tóxico em 50% de indivíduos de uma amostra populacional. DL50- Dose Letal Média: Dose capaz de produzir efeito letal em 50% de indivíduos de uma amostra populacional. Índice Terapêutico: Razão entre a DL50 e DE50 (IT= DE50/ DL50). OBS: Quanto maior este índice, maior será a segurança terapêutica do fármaco. Janela Terapêutica: Intervalo entre efeitos parcialmente eficazes (limite mínimo) e potencialmente tóxicos (limite máximo). Referências Bibliográficas 1- FUCHS, Flávio Danni; WANNMACHER, Lenita. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica racional. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. 2- GOODMAN, L.S; GILMAN, A. (eds.). As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12. Ed. Porto Alegre: Editora McGraw Hill, 2012. 3- MARTINS, Lisiane. Anotação da aula da Disciplina de Farmacologia. UNIVALI. 12/03/2008. 4- RANG, H. P.; DALE, M. M. Rang & Dale Farmacologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. Processos Farmacocinéticos Editora: Lisiane Martins. Conceito de Farmacologia A farmacologia é a ciência que estuda os efeitos das substâncias químicas sobre a função dos sistemas biológicos, ou seja, o que ocorre com o medicamento no nosso organismo desde o momento em que é administrado. Isso também depende da via pela qual é administrado, como será comentado em “Vias de Administração de Fármacos". A farmacologia envolve a absorção, distribuição, estudo do efeito que o fármaco vai gerar no organismo e a maneira pela qual irá ser metabolizado a fim de que seja eliminado. Cada vez que uma classe de medicamento for citada, esses efeitos serão avaliados. Dessa maneira, para organizar o estudo da farmacologia, tem-se farmacocinética e farmacodinâmica. Farmacocinética A farmacocinética estuda a absorção, distribuição, metabolização e eliminação dos medicamentos, enquanto a farmacodinâmica irá estudar o mecanismo de ação dos medicamentos (onde irá se ligar para gerar efeito no organismo, seja a um receptor, em alguma célula, inibindo uma enzima, ou ativando um receptor, por exemplo). Isso é denominado como um mecanismo de ação, ou seja, o que o medicamento irá fazer para gerar um efeito. A finalidade dos medicamentos é atingir a homeostasia. Eles podem estar disponíveis em forma de pastilha, xarope, comprimido, supositório, suspensão, cápsula, drágea, ampola, etc. Absorção: transferência do fármaco desde seu local de aplicação até a corrente circulatória. Biotransformação: modifica a estrutura do fármaco, inativando-o (na maioria das vezes) e facilitando sua eliminação. Excreção: saída do fármaco do organismo. Antes da discussão farmacocinética, em 1970, os esquemas de administração eram decididos através de observação clínica, por ensaio X erro, até se conseguir doses eficazes (resposta terapêutica) ou excessivas (reações tóxicas). Intervalos entre as doses: calculados em função do tempo de eliminação do fármaco. A prescrição médica deve conter: ▪ Dose ▪ Via de administração ▪ Intervalo entre as doses Isso é muito importante, principalmente quando a concentração terapêutica for muito próxima da tóxica (antiarrítmicos, anticonvulsivantes, etc). Quanto maiora distância entre a concentração terapêutica e a tóxica, menos críticos são os parâmetros farmacocinéticos. Propriedades dos Fármacos Para que ocorra a absorção, distribuição, metabolismo e eliminação desses medicamentos, eles devem ser transportados através das membranas celulares. Para que esse transporte ocorra, eles precisam possuir algumas características/propriedades que vão facilitar ou reduzir a capacidade de serem transportados: ▪ Peso molecular: porque quando menor o PM, mais fácil será o seu transporte através das membranas; ▪ Configuração da substância (configuração estrutural): essa confirguração irá ou não possibilitar transporte, através da ligação a receptores de membrana e a proteínas transportadoras para que ele possa ser transportado; ▪ Grau de ionização (dissociação): pois o fármaco ionizado não sofre transporte através da membrana. É o não-ionizado que sofre esse transporte. Assim, ter 90% de fármaco não-ionizado e 10% ionizado é melhor do que ter 50% não-ionizado e 50% ionizado; ▪ Lipossolubilidade: Quanto mais lipossolúvel, mais fácil será o transporte através das membranas; ▪ Ligação às proteínas: o que realmente auxilia no transporte dos compostos polares são as proteínas transportadoras. Isso inclui tanto as proteínas plasmáticas quanto as teciduais. Os fármacos possuem uma fração ligada à proteína e uma fração livre. No plasma, a albumina é a principal proteína que se liga aos medicamentos. A fração ligada não é ativa. Concentração em sítio-alvo Efeitos Excessiva Tóxicos Máxima permitida Potencialmente tóxicos Ótima Terapêuticos Limiar Parcialmente eficazes Insuficiente Ausentes Isso porque quando um fármaco se liga às proteínas, ele forma um complexo grande (e as proteínas já possuem o peso molecular alto). Portanto, se ligada ao fármaco, forma um complexo (fármaco+proteína) que não vai sofrer transporte pela membrana. A fração livre (que não se ligou à proteína) terá menor PM, sendo chamada de fração ativa. A fração livre é a ativa, e é a que interessa, pois sofre transporte através das membranas. Assim, se estiver ligado a proteínas, o fármaco não será transportado. A fração livre está em menor proporção (o que depende de cada medicamento) e vai chegar ao seu local de ação para proporcionar o efeito. As proteínas teciduais também estão incluídas porque se o medicamento chegar num tecido e se ligar a uma proteína (ficar complexado) independente de ser ou não o local dele, ele não poderá ser transportado para outros locais. Esse fármaco poderá ficar ligado num local que é reservatório e depois, aos poucos, pode retornar para a corrente sanguínea. Mas enquanto estiver ligado, ele não estará atuando onde deveria estar. Então há uma dependência tanto da ligação a proteínas plasmáticas, quanto às teciduais. Membranas Celulares A membrana das células é composta de uma bicamada lipídica, e possui o fluido extracelular. Essa bicamada é composta principalmente por fosfolipídeos, que são moléculas anfipáticas, pois têm uma fração polar e outra apolar. A fração polar corresponde aos grupamentos fosfato, que por serem polares se orientam para o meio extracelular (também é polar) e para o citoplasma da célula (que também é polar). Já a fração de ácido graxo é formada por hidrocarbonetos (carbono e hidrogênio) e se orienta para o centro dessa bicamada lipídica. Essas moléculas de lipídeo também podem se ligar a moléculas de colesterol e regular a fluidez da membrana, a flexibilidade, a organização e torná-la impermeável a moléculas polares. A bicamada, por ser apolar, é impermeável a moléculas polares (e permeável a apolares). Dessa maneira, o fármaco lipossolúvel é transportado facilmente, porque é solúvel em lipídeos e sofre difusão fácil através da membrana. Já os fármacos polares não conseguem ser transportados pela bicamada lipídica, por isso nessa membrana existem as proteínas. Elas podem atuar como proteínas integrais (transmembrana) que atravessam toda a bicamada, ou como proteínas periféricas. As proteínas periféricas estão ligadas a proteínas integrais ou à superfície externa da membrana. Tais proteínas, para conseguirem atravessar a membrana, são compostas na parte apolar por aminoácidos apolares, o que possibilita que atravessem a bicamada. Na parte voltada para o meio extracelular e o citoplasma, contêm aminoácidos polares (o que possibilita que também possa se orientar para o citoplasma e para o meio extracelular). A diferença entre as proteínas integrais e as periféricas é que as periféricas geralmente vão atuar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar como enzimas e também são alvo da ação de medicamentos. Isso porque alguns medicamentos têm seu efeito voltado para atuar sobre as enzimas (estimular ou inibir). Transporte Passivo As proteínas integrais vão atuar nos canais iônicos e nas proteínas transportadoras. Esses canais iônicos e proteínas transportadoras possuem receptores para ligação de substâncias (tanto do organismo quanto de fármacos). Os canais iônicos (ex: aquaporinas) não funcionam muito para transporte de medicamentos, porque possuem diâmetro pequeno. O que realmente auxilia no transporte de medicamentos polares são as proteínas transportadoras. Além disso, essas membranas são consideradas relativamente permeáveis à água. Isso ocorre dependendo dos mecanismos de difusão (a favor do gradiente de concentração, de onde tem mais para onde há menos) e também dos gradientes formados através da membrana (gradientes transmembrana) que envolvem o gradiente osmótico e o gradiente hidrostático. O gradiente osmóstico se refere a [ ] de solutos, enquanto o hidrostático à [ ] de líquidos. Então, se houver uma membrana e uma alta [ ] de soluto de um lado, isso gerará um gradiente osmótico transmembrana. Assim, a água sofrerá transporte para o lado com mais soluto (efeito osmótico). Quando a água sofre esse efeito osmótico em função da [ ] de soluto, tem-se um gradiente hidrostático (aumento de pressão hidrostática) que favorecerá o fluxo de líquidos através das membranas. Esse processo é chamado de mecanismo por convecção ou dragagem pelo solvente. O transporte da água também possibilita que a água leve com ela algumas moléculas de soluto, quando sofre o efeito osmótico, inclusive fármacos. No entanto, um fármaco pode estar presente ligado à proteína ou livre. Assim, se estiver ligado à proteína não pode sofrer esse efeito osmótico, pois o complexo será de alto peso molecular e a água não irá conseguir transportá-lo. Somente o fármaco livre pode ser transportado juntamente com a água, se o seu peso molecular for também adequado. O limite para transporte desse efeito é de até 200 daltons. Sempre é mantida uma proporção dentro de diferentes compartimentos e as frações ligadas/desligadas de proteínas, a fim de manter o equilíbrio. Quando o fármaco livre é transportado para o seu tecido de ação, diminui a fração do plasma, e outra fração ligada se desliga da proteína para também sofrer transporte (e assim sucessivamente). Isso tem um limite, para que devido a esse mecanismo de desligamento não haja somente fármacos livres no organismo (o que traria um efeito imensamente maior, e não é o que se espera). Esse transporte é transcelular (através da célula) e também paracelular, (entre as células) pelo espaço intercelular. O transporte entre as células é muito usado nas células endoteliais dos capilares, pois a união das células não é tão firme (junções oclusivas). Isso é importante para os fármacos que não forem lipofílicos, pois podem ter esse tipo de transporte e permitir a passagem de medicamento. Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Todavia, esse tipo de transporte não ocorre em alguns locais do organismo, como por exemplo o SNC, pois ascélulas endoteliais dos capilares cerebrais estão unidas por junções íntimas. Essa barreira pode ser hematoencefálica (com células endoteliais dos capilares cerebrais firmemente conectadas e sem frestas entre elas) e liquórica. As células gliais auxiliam essa comunicação e inviabilizam a passagem de medicamentos pelo meio paracelular. Assim, não ocorre esse tipo de transporte (o que limita o transporte paracelular é o fluxo sanguíneo, pois quanto maior esse fluxo, mais fácil o transporte). O transporte paracelular dos fármacos polares costuma ser mais rápido, pois não precisa atravessar membranas. Numa meningite, no entanto, os fármacos podem ter acesso ao SNC devido ao aumento da permeabilidade que ocorre. Transporte dos medicamentos: O transporte é algo extremamente importante, pois é disso que os medicamentos dependerão para atuar. O principal mecanismo de transporte do fármaco através das membranas é o transporte passivo, sendo que a maior parte dos medicamentos são transportadas dessa forma. Então, se é por transporte passivo, este ocorre por difusão, dependendo de um gradiente de concentração (a favor do mesmo), que também dependerá da lipossolubilidade do medicamento, pois vai estar associada a sua Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar solubilidade na bicamada lipídica. Quando mais lipossolúvel, mais fácil a difusão. A difusão depende também, portanto, do coeficiente de partição hidrolipídica. Esse coeficiente nos diz quanto de um medicamento é solúvel em água e quanto é solúvel em lipídeo. Para que sofra difusão pela bicamada, é preciso que seja mais solúvel em lipídio, dependendo de vários coeficientes de partição de lipídio. Segundo a professora, o livro Goodman está errado, pois diz que depende de um ALTO coeficiente de partição hidrolipídica, mas segundo ela, depende de um baixo coeficiente ou de um alto coeficiente de partição óleo-água. Assim, se o coeficiente de partição for baixo, quer dizer que o medicamento é pouco solúvel em água e bastante solúvel em lipídeo. Quando mais baixo for, mais fácil será o transporte pela membrana. Além disso, quanto maior a área de membrana exposta, mais fácil e rápido será o processo de difusão. Após atingir o estado de equilíbrio, a [ ] do fármaco será a mesma dos dois lados da membrana, pois a difusão ocorre até que se estabeleça equilíbrio. Isso só ocorre com o fármaco livre (visto que o ligado não sofre difusão). Compostos Iônicos No caso de compostos iônicos, compreendem os fármacos que são ácidos fracos e bases fracas. Para esses fármacos, o estado de equilíbrio vai depender: • do gradiente de concentração do medicamento; • do pKa do fármaco e da diferença de pH transmembrana (entre os dois lados). pKa: É o pH no qual a metade do fármaco (ácido ou base fraca) está em sua forma ionizada. Em outras palavras, o pKa é uma constante de dissociação, que diz que em um determinado pH, se terá 50% do fármaco ionizado e 50% do fármaco não-ionizado. Ex: pKa = 5. Dessa forma, no pH 5, 50% do medicamento estará ionizado, e 50% não ionizado. Fármacos Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Ed Cleso Destacar Um grande número de fármacos são ácidos fracos e bases fracas e precisam estar dessa forma, a fim de que não sejam totalmente ionizados, pois não seriam absorvidos. Ou então, eles podem estar na forma não-ionizada, que é lipossolúvel e sofre transporte através das membranas. Com base nisso, a figura mostra como vai se comportar um ácido que é fraco e possui pH de 3,5 e uma base fraca com pH de 8,6. Tem-se três compartimentos (suco gástrico, plasma e urina – líquido no lúmen tubular). A barra mais escura representa a fração não-ionizada, e barra mais clara diz respeito a fração ionizada do medicamento. No ácido fraco, a fração não-ionizada está em equilíbrio nos diferentes compartimentos (não tem interferência na difusão). A fração livre (à medida que o pH foi aumentando), aumentou também a fração ionizada desses ácidos fracos – aumentou a liberação de prótons no meio e o fármaco foi se ionizando. A maior fração livre tem pH mais alto, inclusive. Já em relação a base fraca,a medida que o pH se torna mais ácido, mais ionização a base terá, fazendo com que se acumule mais num meio mais ácido (coeficiente de partição de pH). Equação de Henderson-Hasselbalch pH = pKa + log([A-]/[HA]) Conforme dito anteriormente, o fármaco não ionizado passa pela membrana, e o ionizado não o faz. Ele se ioniza porque vai mudando o pH, que se torna muito diferente do pKa dele. Na urina, que é alcalina, mais ionização ela irá receber. Assim, libera prótons para manter o equilíbrio do meio. Quando o pH vai caindo, começa a liberar hidroxila. Um fármaco ácido fraco sempre vai se acumular mais num meio mais alcalino, pois lá estará mais ionizada (forma que não sofre transporte). Um fármaco que é uma base fraca, por outro lado, se acumulará mais num meio mais ácido, pois nesse meio estará mais ionizado e não sofrerá difusão. Esses conceitos interferem tanto na absorção quanto na eliminação. Ex.: urina (pH 8): uma grande quantidade estará no lúmen tubular e não poderá ser reabsorvido (será eliminado). Somente o que ficou de fármaco não ionizado poderá ser reabsorvido e voltar para o organismo. Isso é importante na intoxicação: a alcalinização da urina, depois de intoxicação por ácido acetilsalicílico favorecerá sua eliminação do organismo. O fármaco que é um acido fraco é mais facilmente absorvido no estômago (está mais não-ionizado), e um fármaco que é base fraca é mais facilmente absorvido no intestino, devido ao meio ser mais alcalino. Dessa maneira, a absorção é favorecida quando o meio é mais parecido com o tipo do fármaco. Assim, para um ácido fraco ser absorvido no intestino, irá levar mais tempo. Não quer dizer que não será absorvido (pois a forma não-ionizada precisa se manter em equilíbrio). Então sofrerá difusão e diminuirá gradativamente o conteúdo do estômago, e uma fração ionizada terá que se tornar não- ionizada para dar continuidade ao processo. Isso, contudo, faz com que o medicamento seja absorvido mais lentamente. Assim, perde-se medicamento, pois se o medicamento for metabolizado por enzimas no intestino, essa degradação resultará em perda (mas mesmo assim será absorvido). Sintetizando os fatores que influenciam os transportes: § Permeabilidade seletiva (Constituintes de membrana, sua inter-relação, polaridade, diâmetro dos poros); § Velocidade de transporte (espessura, área permeável da membrana, tamanho e forma molecular do fármaco). Meio ácido: o Bases fracas o Forma ionizada o Polar o Mais hidrossolúvel o Maior dificuldade para transpor a membrana Meio alcalino: o Processos inversos o Formas não-ionizadas o pH pode ser modificado (mediante adição de ácidos ou bases, com a finalidade terapêutica de facilitar ou dificultar os transportes através de membranas). Transporte (Carreadores) Difusão Passiva Difusão facilitada: a favor do gradiente de [ ] e com velocidade superior à da difusão simples. Não utiliza energia por hidrólise de ATP (pois é a favor do gradiente), e depende de uma proteína transportadora (transmembrana) que possui um sítio de ligação. Assim, a substância a ser transportada vai se ligar ao sítio de ligação, precisando ter conformação semelhante a este. O transporte é importante para substâncias maiores (polares) que dependem de um carreador. Após a ligação, ocorre alteração conformacional, para que do lado externo se abra para o interno, a fim de que ocorra ligação da substância. Ex: transportador de glicose – GLUT 4 – é dependente de insulina e se localiza na membrana da célula muscular. Ele é uma proteína transmembrana(integral) e sua síntese é estimulada pela insulina. Quanto mais insulina, mais glicose para o sangre. Então o pâncreas libera insulina, que aumenta a expressão/síntese de GLUT 4, o que possibilita a captação de glicose pela célula muscular (por processo de difusão facilitada), para ser utilizada como fonte de energia. Os fármacos não transportados por difusão (minoria): Transporte ativo Contra gradiente de concentração (energia por hidrólise de ATP ou de outras ligações altamente energéticas): ▪ Pode ser dividido em primário e secundário: Primário É contra gradiente de [ ] e utiliza energia proveniente da hidrólise do ATP ou outro nucleotídeo. Se caracteriza por saturabilidade (é saturável, tem sítios de ligação que quando estão todos preenchidos, outra substância não pode se ligar), seletivo (no sítio de ligação do sódio não há como o potássio se ligar, por exemplo) e pode ter competição de fármacos (inibição competitiva). Ex: Bomba de sódio-potássio-ATPase. Ex: Digoxina (glicosídio digitálico), que compete com o potássio pelo sítio de ligação – impede que ele se ligue – aumentando a força de contração do músculo cardíaco, sendo usada em casos de insuficiência cardíaca. Obs.: Bomba de sódio-potássio-magnésio-ATPase se referem à mesma bmba, pois o magnésio pode estar na bomba já que ele é um co-fator (a bomba precisa de magnésio para funcionar). A bomba está presente em todas as células e é responsável por “arrumar” os gradientes de concentração (manter a concentração de sódio correta no meio extracelular, e de potássio no meio intracelular) no intuito de manter o repouso da célula. O sódio é um cátion, presente em alta concentração no meio extracelular. Já o potássio é cátion presente em alta concentração no meio intracelular. A bomba vai contra gradiente: bombeia sódio do meio intracelular para o meio extracelular, e potássio do meio extracelular para o meio intracelular. Os potenciais ocorrem com entrada de sódio e saída de potássio, então a bomba irá reorganizar o processo. Existem três sítios de ligação para o sódio e dois sítios de ligação para o potássio. O sódio sempre se liga primeiro. Para sair da célula, a ATPase hidrolisa o ATP, que libera fosfato no processo. O fosfato se liga a bomba, o que significa que ela foi fosforilada e vai sofrer alteração conformacional para que os três sódios possam ser liberados para o meio extracelular. Nesse momento, ocorre liberação de sódio e os dois potássios se ligam à bomba, e o grupamento fosfato é liberado (desfosforilação). Irá sofrer então alteração conformacional para que os dois potássios possam ser transportados para o meio intracelular. Secundário O outro tipo de transporte ativo. Nele, a energia é gerada por um gradiente de concentração transmembrana (uma diferença de [ ] entre os dois lados da membrana). O gradiente é gerado pelos íons, principalmente pelos íons sódio, potássio e cloreto (os três são capazes de gerar energia, pois são os íons em maior concentração ou no meio extra ou no intracelular (Por exemplo o cloreto: é mais abundante no meio extracelular, também podendo gerar gradiente de concentração). Esse transporte secundário vai se dividir em contra-transporte ou antiporte (que possuem o mesmo significado) e co-transporte ou simporte (também são sinônimos). Co-transporte (transporte para a mesma direção) – proteína integral que possui dois sítios de ligação orientados para o mesmo meio (extracelular ou intracelular). Se o transporte for para o meio intracelular, quem fornece energia é o potássio. Ex: sódio-glicose – o sódio se liga a um sítio e a glicose a outro. Quando os dois se ligarem, a proteína sofre alteração conformacional e o sódio é transportado para o meio intracelular (por difusão, a favor do gradiente) fornecendo energia para que a glicose também seja transportada para o mesmo meio. Assim, o transporte da glicose utilizou energia proveniente do gradiente de concentração do sódio. Se o sódio não tivesse se ligado, a glicose não entraria na célula. Isso ocorre nas células epiteliais do trato gastrointestinal e também nos túbulos renais. O sódio pode retornar para o meio extracelular através de uma ATPase. Contra-transporte: a diferença está nos sítios de ligação. Também é uma proteína transmembrana, mas um sítio de ligação está voltado para o meio extracelular e o outro para o meio intracelular. Ex: sódio-cálcio. O cálcio se liga ao sítio voltado para o meio intracelular. A partir do momento em que os dois se ligaram, a proteína sofre alteração conformacional e o sódio entra por difusão na célula, fornecendo energia para que o cálcio saia da mesma (contra gradiente de concentração, visto que está indo para um local de maior concentração). Transportadores de Eliminação Além desses transportadores, existem outros, que são os transportadores de eliminação. É o caso da glicoproteína P, que auxilia na eliminação de medicamentos (tanto renal quanto a retirada do medicamento de um local que o organismo não quer que ele esteja). Existe no SNC, nos astrócitos, na membrana dos canalículos biliares, nos túbulos renais, na placenta, etc. O SNC vai restringir que um fármaco permaneça no mesmo, e a placenta vai impedir que o fármaco seja transportado até o feto. Figura Resumo Essa figura é basicamente um resumo da aula, e foi requisitado pela professora que fosse preenchida. Difusão passiva – fármaco lipossolúvel sofrerá facilmente difusão através da membrana. O não lipossolúvel não sofrerá facilmente essa difusão, e dependerá da difusão facilitada, por exemplo. Fármacos ácidos fracos e bases fracas estarão na forma não-ionizada (lipossolúvel e sofre difusão através das membranas) e ionizada (o contrário). Através do poro: aquaporinas, por exemplo. Envolve canal iônico com pequeno diâmetro interno, não contribuindo muito para transporte de medicamento. O transporte de gases é mais efetivo (gás carbônico, oxigênio). Difusão facilitada – fármacos polares, que têm proteína transmembrana que ajudará no transporte desse fármaco a favor do seu gradiente de concentração. Transporte ativo – primário e secundário, contra o gradiente de [ ] – primário usa hidrólise de ATP e secundário usa energia da diferença de concentração iônica existente transmembrana de íons. Se divide em co-transporte (na mesma direção) e contra- transporte (direção oposta). Absorção Transferência de um fármaco do seu local de administração para o compartimento central e a amplitude com que isso ocorre. O compartimento central é a circulação sistêmica. A absorção do medicamento mostra a absorção do medicamento a partir da onde é administrado. Portanto, depende da via. Pode ser via oral ou intravenosa, por exemplo. Na intravenosa, já é administrado diretamente no compartimento central, não necessitando ser transferido. Se um fármaco é administrado via oral, será transportado, passará pelo estômago, intestino, sendo então absorvido e levado pela circulação-porta para a célula hepática e de lá atinge a circulação sistêmica. Portanto, existe um processo de transporte para que chegue à circulação sistêmica, o que demanda um tempo maior do que o fármaco que já foi administrado diretamente por via intravenosa. Uma fração do fármaco estará livre e outra se ligará as proteínas plasmáticas. A fração livre será transportada para seus locais de ação. No local de ação, a fração livre irá se ligar a receptores e exercer seu mecanismo de ação. A fração que se ligou, novamente através de uma constante de dissociação (o fármaco não ficara ligado todo o tempo), e o fármaco livre será novamente liberado e poderá retornar à circulação . Além do transporte para o local de ação, pode ser transportado para outros locais, em função do fluxo sanguíneo. Esses outros locais podem atuar como reservatórios teciduais, por afinidade. O tecido adiposo, por exemplo, é um reservatório de fármacos.Como exemplo, os benzodiazepínicos são utilizados, pois o tecido adiposo é lipofílico e o remédio também. Assim, devido ao transporte, acaba se acumulando e se transformando em reservatório de benzodiazepínico. Uma vez livre, o medicamento pode retornar para a circulação sistêmica. Se o fármaco permanecer acumulado, pode gerar uma hepatotoxicidade (no caso do fígado, por exemplo), uma fibrose (no caso do pulmão), etc. Por isso é importante que o medicamento retorne à forma livre. Quando o fármaco retorna do local de depósito, volta à circulação sistêmica e é transportado novamente para outros locais (como por exemplo o fígado - ocorrência da maior parte do metabolismo), onde serão metabolizados para poderem ser eliminados. A principal via de eliminação é a via renal. No entanto, alguma quantidade é eliminada também pelas fezes (como os sequestradores de ácidos biliares). Fármacos por via oral: a taxa de absorção para circulação sistêmica também vai depender da preparação do fármaco. A preparação sólida depende da dissolução da cápsula (da degradação do comprimido). Numa solução ou suspensão, a absorção é mais rápida que num comprimido. Biodisponibilidade Prescreve a percentagem na qual uma dose do fármaco chega no seu local de ação. Assim, se for um fármaco injetado pela via intravenosa, a biodisponibilidade é alta, pois chega rapidamente no local em que vai atuar. Por via oral, o medicamento pode iniciar a degradação já no estômago (devido ao ph ácido) que para alguns fármacos não é bom, por já dar início ao processo degradativo, de destruição do medicamento. No intestino, existem enzimas que degradam o fármaco e fazem o metabolismo do mesmo, mesmo antes de ser absorvido. Então, há perda de medicamento. Do intestino ele irá para a célula hepática, onde também há enzima que metaboliza e, novamente, há perda de fármaco. Após o fígado, o medicamento vai para a circulação sistêmica, e a biodisponibilidade desse fármaco é diminuída. Esse é o metabolismo de primeira passagem (que não pode ser chamado de metabolismo hepático, porque também ocorre no intestino). É assim denominado porque não havia a intenção dessa perda de medicamento, que sempre vai depender da via de administração. Se a capacidade do fígado de metabolizar ou de excretar (para a bile) for grande, isso levará a uma grande queda na biodisponibilidade do fármaco. Referências ▪ FUCHS, Flávio Danni; WANNMACHER, Lenita. Farmacologia Clínica: fundamentos da terapêutica racional. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.</li> ▪ GOODMAN, L.S; GILMAN, A. (eds.). As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12. Ed. Porto Alegre: Editora McGraw Hill, 2012.</li> ▪ MARTINS, Lisiane. Anotação da aula da Disciplina de Farmacologia. UNIVILLE. 06/03/2013.</li> ▪ RANG, H. P.; DALE, M. M. Rang & Dale. Farmacologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.</li> Vias de Administração de Fármacos Editora: Lisiane Martins. Absorção Transferência de um fármaco de seu local de administração para o compartimento central e a amplitude com que isso ocorre. » É um dos determinantes de escolha de vias de administração e doses. » Se a absorção é lenta, o efeito pode ser retardado. » Depende do movimento transmembranas, do fluxo sanguíneo no sítio, extensão e espessura da superfície de absorção e vias de administração escolhidas. » Situações fisiológicas (menstruação) ou patológicas (edema, inflamação) a modificam. » Pode ser intencionalmente retardada, por meio de complexação do fármaco com outro composto. ▪ Quanto mais lipossolúvel, melhor a absorção do fármaco, pois o medicamento passa mais facilmente pela bicamada lipídica. É importante lembrar que o tecido adiposo é um importante reservatório de fármacos, a exemplo do Diazepam. ▪ Quanto menor o peso molecular, maior a absorção do fármaco. ▪ O medicamento é melhor absorvido na forma não-ionizada, de modo que atravessa mais rápido a membrana celular. ▪ Quanto mais alta a concentração, maior a chance de absorção do fármaco. ▪ Quanto maior a vascularização, maior a absorção. ▪ Órgãos maiores absorvem mais, devido a alta superfície de absorção. ▪ A albumina é a principal proteína que se liga aos medicamentos. Fração livre: De menor peso molecular, é a fração ativa. É ela que sofre transporte através da membrana, e constitui a menor proporção. Biodisponibilidade: » Proporção (em percentagem) e velocidade de aparecimento na corrente sanguínea de determinada dose administrada. Quando 100% da dose atinge a corrente circulatória, diz-se que a biodisponibilidade equivale a 1. Deve ser levada em conta no cálculo das doses necessárias ao estabelecimento de concentrações terapêuticas. » Pode ser afetada pelo grau de desintegração e dissolução das formas farmacêuticas nos fluidos orgânicos. Fatores que influenciam a absorção de fármacos também fazem variar a biodisponibilidade. » Influencia resposta clínica e escolha de doses e vias de administração. » Situações clínicas que alteram a farmacocinética também podem modificar a biodisponibilidade (por exemplo a diminuição da metabolização hepática). Vias de administração Enterais – Fármaco entra em contato com qualquer segmento do trato digestivo (vias sublingual, oral e retal) Parenterais – Não utilizam o tubo digestivo. Dividida em direta e indireta DIRETA: Compreende as áreas acessadas por injeção (intravenosa, intramuscular, subcutânea e outras) INDIRETA: as que dela (injeção) prescindem (cutânea, respiratória, conjuntiva, etc). Cada via pode ser abordada por diversos métodos de administração (injeção, infusão, instilação, deglutição, inalação, sondagem nasogástrica, fricção, etc), nela se usando variadas formas farmacêuticas. Os efeitos podem ser locais ou sistêmicos. Via Enteral Via oral É considerada o método mais utilizado, muitas vezes o preferido devido a mais fácil administração. É considerado também o mais seguro. Desvantagem: absorção limitada (associada à hidrossolubilidade do fármaco), pois é o fármaco lipossolúvel que atravessa a membrana das células. Pode ocorrer vômito quando um fármaco causa irritação da mucosa gástrica. Assim haverá eliminação do fármaco antes mesmo de ser absorvido. Também pode haver destruição de fármacos por ação de enzimas digestivas ou devido à acidez estomacal, levando a desintegração da cápsula ou comprimido, o que leva à perda de atividade do medicamento. Também pode haver irregularidades na absorção e produção relacionada ao uso do fármaco junto com alimentos ou mesmo concomitante a outro medicamento. Isso porque se o fármaco for usado com alimentos, haverá retardo do esvaziamento gástrico, o que levará a uma diminuição/retardo do tempo de absorção do mesmo. Além disso, alguns medicamentos também se ligam a certos alimentos, e uma vez que isso acontece, também há diminuição da absorção. Ex: alguns medicamentos que se ligam ao alumínio, ao magnésio, a cálcio. No entanto, pode ser indicado o uso do medicamento junto com a alimentação para evitar irritação da mucosa (é melhor ter a absorção diminuída do que piorar o quadro do paciente). Uma vez ocorrida essa ligação, serão formados complexos maiores que irão impedir a absorção. Então, além de retardar, pode haver perda de parte do fármaco. No caso do uso de dois fármacos ao mesmo tempo, eles podem competir pelo sistema de absorção. Ex: se dois medicamentos utilizam o mesmo transportador, estarão competindo pelo meio de transporte, o que vai fazer com que haja redução da absorção de um (ou ambos) os medicamentos. Os fármacos do TGI também sofrem ação de enzimas, o que diminui então a quantidade de fármacos a serem absorvidos, pois elas irão metabolizar/degradar esse medicamento, formando compostos diferentes que não serão absorvidos. Ex.: enzimas da mucosa intestinal. Sofrendo açãode enzimas, há perda da absorção, ou atividade dos medicamentos. A absorção pelo TGI depende da área de absorção: quanto maior for a área disponível, mais rápida será a absorção do medicamento. Também depende do fluxo sanguíneo na área absortiva (quanto maior o fluxo sanguíneo, mais rápida a absorção do medicamento). O estado físico do fármaco (preparação sólida) também é importante, pois se for uma cápsula ou comprimido haverá dependência do tempo de desintegração dessa cápsula ou comprimido para que haja liberação do medicamento, influenciando também na absorção de fármaco. Se for uma solução, o fármaco estará livre e, assim que ingerido, começará o processo de absorção (pois não dependerá da desintegração). Outros fatores envolvem hidrossolubilidade ou lipossolubilidade porque a forma lipossolúvel será absorvida mais facilmente, e concentração de fármaco no local de absorção (quanto maior quantidade houver no local de absorção, mais rápida será). A maior parte da absorção pelo TGI ocorre de forma passiva, mostrando que haverá dependência da lipossolubilidade. E para os fármacos que são compostos iônicos: ácidos e bases fracas dependerão do pH do meio e da lipossolubilidade do fármaco (forma não ionizada do medicamento). Um ácido fraco tende a se concentrar mais num meio mais básico, pois é onde estará mais ionizado (pois ionizado ele não sofre absorção na membrana). De acordo com esse conceito de pH, um ácido fraco será melhor absorvido no estômago, e uma base fraca será melhor absorvida no intestino. Porém o epitélio do estômago é revestido por uma camada de muco, diminuindo muito a área absortiva. A área de absorção dele (1m² ) é muito menor que a do intestino delgado (mais ou menos 200m², devido as vilosidades, o que aumenta bastante a área). Além disso, o fluxo sanguíneo do intestino delgado é muito maior que o do estômago. Então, considerando a área e o fluxo sanguíneo em cada local, diz-se que um fármaco sempre será absorvido em maior quantidade no intestino, e não no estômago. (Independente se ele é um ácido fraco ou base fraca). Esse conceito de partição de pH vai influenciar: se for uma base fraca no intestino, estará não ionizada, o que irá favorecer uma absorção mais rápida do que se for um ácido fraco, que no intestino estará mais ionizado (pois isso dependerá da cte de dissociação de cada medicamento). Além disso, qualquer fator que acelere o esvaziamento gástrico provavelmente (ver exceção) irá acelerar a absorção de fármacos pelo intestino, porque a maior parte de absorção é ocorre no intestino (mais rapidamente o medicamento é transportado para o local em que a absorção dele é melhor). E qualquer fator de retardo do esvaziamento irá retardar a absorção do fármaco no intestino. Isso porque o fármaco ficará mais tempo no estômago, demorando pra chegar no intestino delgado e ocorrer a maior parte da absorção do medicamento. Exceção: vômito, pois levará a perda do medicamento, então não haverá absorção no intestino. Contudo, esse caso não se enquadra na fisiologia normal, é patológico. Nós também podemos usar por via oral preparações com revestimento entérico. Esse revestimento é útil em fármacos que sofrem destruição em função do pH ácido do estômago ou que sejam irritantes para a mucosa. Esse revestimento entérico impede que o comprimido sofra desintegração no estômago. Se não houver essa desintegração, não será liberado e nem irritará a mucosa gástrica. Essas preparações fazem que o fármaco comece a ser desintegrado no intestino. Só que isso algumas vezes (para alguns medicamentos) também pode diminuir a absorção, por haver um retardo na desintegração. Porém, houve prevenção contra a ação do ph ácido ou contra a desintegração ou irritação da mucosa. Um exemplo de fármaco irritável para o estômago é o acido acetilsalicílico, tanto que indivíduos com problemas estomacais não devem fazer o uso, a não ser que haja preparação com revestimento entérico. O diclofenaco é um medicamento que possui revestimento entérico. Também existem preparações de liberação controlada. Essas preparações têm o objetivo de fazer com que o fármaco seja liberado e absorvido aos poucos, de forma constante. A vantagem é que se diminui a frequência de administração do medicamento. Geralmente se indica essa preparação para medicamentos que possuem uma meia-vida curta (considerada até 4 horas). Lembrando que meia-vida é o tempo necessário pra que a [ ] do fármaco no organismo seja reduzida à metade. Esse tipo de liberação diminui a incidência e a intensidade de efeito indesejado, pois haverá menor pico de [ ] de fármacos, visto que estará sendo absorvido de forma lenta. Assim, logo que é absorvido já começa o processo de distribuição, e consequentemente metabolismo e eliminação. Só que, às vezes, essas preparações podem falhar. Por exemplo, se o medicamento desintegrar e liberar todo o conteúdo que há dentro dele. Nesse caso, se falhar, a quantidade liberada seria muito maior do que a liberada numa dose normal de medicamento. Se ocorrer essa desintegração, haverá efeitos indesejados, com maior risco de toxicidade. O que contribui pra essas medicações falharem é a grande acidez estomacal e se forem administrados com uma dieta rica em lipídios (o excesso da gordura pode interagir com o veículo do comprimido, causando maior desintegração e liberação). Isso pode levar então a altas concentrações do fármaco na corrente sanguínea. Administração sublingual Administração através da mucosa oral. Para o fármaco ser absorvido através da mucosa oral ele tem que ser lipossolúvel e não pode estar na forma ionizada. Quanto mais lipossolúvel, mais fácil a absorção. Vantagem: ou pra medicamentos que são destruídos no ph ácido do estômago (instáveis ao pH) ou aqueles que sofram intensa metabolização antes da absorção. Ex: medicamentos que seriam degradados em grande quantidade no intestino ou no fígado, antes de chegar na circulação sistêmica. Assim, o fármaco tem drenagem direta para a veia cava superior, atingindo a circulação sistêmica sem passar pelo fígado. Dessa maneira, o medicamento não sofre o metabolismo hepático de primeira passagem. Já será usado numa dose certa para chegar diretamente na circulação (o que evita a toxicidade). Ex de medicamento: nitroglicerina – se fosse utilizada por via oral, não produziria efeito (seria totalmente metabolizada antes de chegar à circulação sistêmica). É um vasodilatador em pacientes hipertensos que, por via sublingual, é facilmente absorvida (é não iônica e lipossolúvel). Administração retal Geralmente usada para obter um efeito local. Mas também pode ser uma via para obter efeito sistêmico. É geralmente usada na forma de supositórios. Opção quando a via oral estiver impedida, como em caso de vômitos. 50% do fármaco absorvido no reto sofre passagem pelo fígado para chegar à circulação. Assim, somente 50% desse medicamento sofrerá o metabolismo de primeira passagem. Isso num primeiro momento é vantajoso, pois pela via oral todo o medicamento passará pelo metabolismo de primeira passagem. Dentre os inconvenientes, está a dificuldade da pessoa querer fazer uso de medicamentos por essa via, além da absorção ser irregular em algumas vezes, lenta ou alguns medicamentos serem irritantes da mucosa anal. Mas o supositório pode ser usado para favorecer a defecação, agindo com efeito local (causando distensão do reto e favorecendo o peristaltismo). Se o efeito for local a biodisponibilidade é maior. Via Parenteral A vantagem é que pode ser usada pra medicamentos que, se fossem usados via oral, seriam muito metabolizados antes de chegar na circulação sistêmica. Então ela pode permitir que o fármaco chegue na circulação sistêmica em sua forma ativa. A biodisponibilidade é mais rápida, pois o fármaco irá chegar à circulação sistêmica mais rápido do que se ele fosse usado via oral. Principaisvias parenterais: Intravenosa, subcutânea e intramuscular. Além disso, outra vantagem é no tratamento de emergência, pois atinge a concentração máxima na corrente sanguínea em um minuto. Num paciente inconsciente é uma alternativa, pois não pode ser administrado nenhum medicamento via oral. Também é uma alternativa para crianças, pois têm crianças em que há muita dificuldade de fazê-la ingerir qualquer medicamento ou solução, pois acabam “colocando para fora” (e a mãe não sabe o quanto ela ingeriu da solução, ficando difícil completar a dose – principalmente no caso de antibióticos). Dentre as desvantagens: às vezes são dolorosas, dependendo da pessoa; e às vezes é necessário automedicação, precisando da contribuição do paciente para isso (se não tem ninguém para injetar nele, fica mais complicado, principalmente em idosos que possuem mais dificuldade). A absorção vai depender de difusão simples. Depende então do gradiente de concentração do fármaco existente, entre o local em que é aplicado e o plasma. Esse gradiente que vai favorecer o transporte. Também dependerá do fluxo sanguíneo no local da administração. Outra vantagem dessas vias é que na membrana endotelial dos capilares têm-se os canais iônicos, que favorecem a passagem dos fármacos hidrossolúveis. Tanto os lipossolúveis quanto hidrossolúveis podem ser usados via subcutânea ou via intramuscular. Administração transdérmica Através da pele. Depende da superfície em que o fármaco está sendo aplicado e da lipossolubilidade do medicamento (porque a epiderme é uma barreira lipídica). A derme é que vai permear a maior parte dos medicamentos, a epiderme não. Portanto, quanto maior a lipossolubilidade do fármaco, maior a absorção. A absorção na pele que sofreu abrasão/queimadura será maior porque a região está exposta. A inflamação e qualquer outro distúrbio que aumente o fluxo sanguíneo local e gere vasodilatação também favorece a absorção. A suspensão de medicamento em veículo (onde o fármaco está presente) oleoso também favorece a absorção, porque vai estar de acordo com a lipossolubilidade da pele. A fricção causa abrasão, que aumenta a absorção do medicamento. Ex.: adesivos de estrogênio, nicotina, para dor muscular. è A escopolamina age na cinetose (enjoo em resposta ao movimento. Ex.: ao andar de barco ou em uma montanha-russa). Via intravenosa O fármaco precisa estar em solução aquosa, porque esse medicamento será lançado diretamente na veia. Assim, a biodisponibilidade será rápida e completa (ou quase completa) quando comparada a outras vias. A injeção tem que ser dada de forma lenta e o fármaco atinge a circulação sistêmica em torno de um minuto. Desvantagens: Efeitos colaterais, porque há uma alta concentração de fármaco na corrente sanguínea e também nos tecidos. E, uma vez que chega à corrente sanguínea, começa o processo de distribuição desse medicamento, sendo maior o pico de concentração. Assim, o risco de efeito colateral também será maior. O fármaco também pode ser utilizado por infusão intravenosa contínua, através de bomba de infusão. Dessa forma, o medicamento é liberado na veia aos poucos e de forma constante. Isso é muito utilizado em hospitais. O pico de concentração é mais baixo na corrente sanguínea, pois à medida que ocorre o processo de absorção, já estará acontecendo o processo de distribuição também, e consequentemente o metabolismo e eliminação. Dessa maneira, diminui-se o risco de efeito colateral. Outra desvantagem é manter a veia desobstruída, o que às vezes para um paciente hospitalizado não é muito fácil (principalmente em idosos e aqueles que estão mais debilitados). Além disso, fármacos dissolvidos em veículos oleosos que precipitem no sangue e destruam hemácias e combinação de fármacos que formam precipitados não devem ser utilizados por via endovenosa. É necessário que seja solução aquosa. Via subcutânea Só poderão ser usados medicamentos que não sejam irritantes para os tecidos, caso contrário poderia até haver uma necrose tecidual. A absorção é constante e lenta se o fármaco for administrado na forma de grânulo de depósito ou veículo oleoso. Se for em solução aquosa, a absorção é rápida devido aos canais aquosos que irão facilitá-la. Se um efeito local é desejado, pode ser acrescentado um vasoconstritor a esse medicamento. Ex.: a lidocaína é um anestésico local que possui epinefrina (vasocontritor) em sua fórmula. A duração desse efeito local vai depender do tempo que o fármaco estiver na região. O vasoconstritor diminui a ação sistêmica e prolonga a ação local. Via intramuscular Pode ser usada solução aquosa e oleosa. Na aquosa, a absorção será rápida e poderá ser modulada pelo fluxo sanguíneo. Aquecimento e massagem no local favorecem a absorção, pois aumentam o fluxo sanguíneo e a absorção. Exercício e banho quente também favorecem a absorção. Isso também vai depender do local onde o medicamento está sendo administrado. Ex: deltóide e glúteo. Será melhor absorvido no deltóide, pois há menos gordura. Se o indivíduo sair andando depois de aplicar a injeção, a sua absorção será mais rápida do que um indivíduo que ficou em repouso, pois o aumento do fluxo sanguíneo favoreceu a absorção no primeiro caso. Já os medicamentos em solução oleosa terão absorção lenta e constante. Exemplo: antibióticos e substâncias irritantes. Via intra-arterial Administração do medicamento diretamente em uma artéria, para ter um efeito local e mais rápido. Exemplo: num tumor hepático pode-se utilizar a artéria hepática. Já num problema cardíaco, pode-se utilizar a artéria aorta. A vantagem é que a administração é no local, então não sofre metabolismo hepático de primeira passagem, e também não passa pelos pulmões (onde também há enzimas que metabolizam medicamentos). Via intratecal Administração no espaço subaracnoideo (entre as meninges). É importante em função da barreira hematoencefálica e hematoliquórica, que reduzem/ impedem/retardam o transporte de medicamentos até o sistema nervoso. Em função disso, a administração por essa via pode ser eficaz quando se quer um efeito rápido que, se fosse utilizada outra via demoraria muito tempo para chegar até o SN. Ex.: tratamento de infecções agudas no SNC, anestesia espinhal. Absorção Pulmonar Os medicamentos precisam ser gasosos e voláteis para poderem ser inalados pelo epitélio pulmonar. O acesso a circulação é rápido em função da área pulmonar ser grande, o que é uma vantagem (absorção quase instantânea). No caso de uma doença pulmonar, o fármaco será aplicado diretamente no seu local de ação (não passa pelo metabolismo de primeira passagem – exemplo da asma). O pulmão também é considerado uma via de eliminação de medicamentos (anestésicos voláteis inalados e eliminados por essa via), além de ser considerado um reservatório de fármacos. O pulmão é uma partição lipídica, podendo armazenar fármacos lipofílicos (bases fracas na forma não-ionizada). Aplicação tópica através das mucosas Diretamente nelas, pelo efeito local. Nos olhos, fármacos oftálmicos administrados diretamente nos olhos (efeito tópico – exemplo do colírio), utilizados para efeito local. Pode ocorrer absorção sistêmica indesejada, porque existe a drenagem através do canal nasolacrimal, fazendo com que chegue à corrente sanguínea sem sofrer metabolismo de primeira passagem, podendo gerar efeito colateral indesejado. No caso de infecção ou traumatismo craniano, há aumento da área exposta, o que aumenta a taxa de absorção sistêmica do medicamento. è Creatinocinase: está presente no músculo (por isso pode ocorrer sua liberação) e é uma enzima presente no músculo cardíaco. Geralmente se pede seu exame para confirmar infarto agudo do miocárdio. No entanto, também pode ocorrer liberação por dano muscular (na injeção intramuscular), o que não significaque a pessoa teve um infarto. Portanto, se o médico desconfia de um infarto, precisa saber se o indivíduo está fazendo uso de injeção intramuscular. A enzima permanece alta durante 3 a 4 dias, depois retorna ao normal. Escolha da Via o Objetivo terapêutico; o Características próprias do fármaco; o Conveniência do paciente; o Factibilidade nos serviços de saúde. Equivalentes farmacêuticos: Quando os fármacos apresentam as mesmas quantidades e concentrações dos mesmos princípios ativos, mesma forma farmacêutica e idêntica via de administração. Referências ▪ FUCHS, Flávio Danni; WANNMACHER, Lenita. Farmacologia Clínica: fundamentos da terapêutica racional. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.</li> ▪ GOODMAN, L.S; GILMAN, A. (eds.). As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12. Ed. Porto Alegre: Editora McGraw Hill, 2012.</li> ▪ MARTINS, Lisiane. Anotação da aula da Disciplina de Farmacologia. UNIVILLE. 13/03/2013. Administração e Excreção dos Fármacos Editora: Amanda Lewandowski da Silva DISTRIBUIÇÃO DOS FÁRMACOS Depois de sofrer absorção ou administração sistêmica no sangue, o fármaco se distribui para os líquidos intersticiais e intracelulares. A distribuição depende: - Débito cardíaco; · - Permeabilidade capilar; · - Fluxo sanguíneo local; · - Volume tecidual. O fígado, os rins, o cérebro e outros órgãos bem irrigados recebem, primeiramente, a maior parte do fármaco, enquanto os tecidos menos irrigados (músculos, pele, vísceras, tecido adiposo) irão receber secundariamente, e de forma mais lenta o medicamento. PROTEÍNAS PLASMÁTICAS (importante) Alguns fármacos circulam pelo sangue ligados á proteínas plasmáticas e, dessa forma, têm a ação farmacológica inativada. Como exemplo tem-se a albumina e a glicoproteína ácida alfa 1, que se ligam, respectivamente, a fármacos ácidos e básicos. Esse gênero de ligação caracteriza-se por ser reversível. Alguns fatores influenciam a ligação fármaco-proteína, como a concentração plasmática do fármaco, afinidade às proteínas e número de locais de ligação disponíveis. Hipoalbuminemia secundária à doença hepática grave ou à síndrome nefrótica diminui a ligação proteica do fármaco e, dessa maneira, aumenta a porção ativa do medicamento. Por outro lado, doenças como infarto do miocárdio, doença de Crohn e câncer aumentam a ligação proteica dos fármacos alcalinos, através do aumento da glicoproteína ácido alfa 1. Quando um fármaco se liga a uma proteína plasmática a concentração nos tecidos e nos locais de ação fica limitada, assim como a filtração. Neste processo, a concentração do fármaco livre não se altera imediatamente, logo, não influenciará na concentração do fármaco ligado. Já na secreção tubular renal e no metabolismo, a concentração do fármaco livre diminui. Isso levará a uma dissociação (separação) do medicamento que antes estava ligado a proteínas, como forma de equilibrar a fração livre e a ligada. LIGAÇÃO AOS TECIDOS Quando um fármaco está sendo transportado pela corrente sanguínea ele pode encontrar um tecido pelo qual tenha afinidade e, se ligar a esse tecido que servirá de reservatório. Assim, o reservatório prolongará a ação local do fármaco e até mesmo, em locais distantes. Essa acumulação é reversível e pode ser exemplificada pelo uso prolongado de um anti-malárico quinacrina, o qual se acumulará no fígado. Exemplos de reservatórios Tecido adiposo Fármacos lipossolúveis se acumulam nesse tecido. É um reservatório muito estável devido a pobre irrigação sanguínea. Exemplo: três horas após a administração intravenosa de tiopental, um anestésico geral, 70% do medicamento se desloca para o tecido adiposo. O uso prolongado de benzodiazepínicos para controle da ansiedade, por exemplo, leva a acumulação do fármaco no tecido adiposo. Entretanto, quando o nível sérico do benzodiazepínico diminuir, haverá um “resgate” no reservatório. Desse modo, causará efeitos indesejáveis, como sonolência logo pela manhã. Ossos Carac te r i za - se po r se r um re se rva tó r i o de l i be ração l en ta . O antibiótico tetraciclina se acumula nos ossos e dentes. Metais pesados como o chumbo e rádio também ficam armazenados no tecido ósseo, o qual os liberará de forma lenta, gerando um efeito tóxico. A acumulação de um fármaco nos ossos é uma vantagem terapêutica para indivíduos com osteoporose. REDISTRIBUIÇÃO A inibição do efeito farmacológico com a interrupção da administração pode ocorrer por excreção, metabolismo e redistribuição. Esta consiste na transferência de um medicamento do local de ação para outros tecidos. Exemplo: tiopental, anestésico intravenoso, altamente lipossolúvel, que chega ao cérebro um minuto após a administração. Depois da injeção, o tiopental direciona-se para outros tecidos, diminuindo a concentração plasmática. Como esse anestésico se liga pouco aos reservatórios cerebrais a redistribuição do mesmo é rápida. A anestesia a partir do tiopental tem início e término rápidos. SNC e líquido cefalorraquidiano A penetração do cérebro por um fármaco depende do transporte transcelular (através das membranas), devido às junções de oclusão nas células endoteliais dos capilares. As peculiaridades das células endoteliais dos capilares cerebrais e das células da glia formam a barreia hematoencefálica, a qual só pode ser transponível por fármacos lipofílicos. Exemplo: loratadina e difenidramina (anti-histamínicos) atuam em receptor para histamina H1, desse modo, a histamina não consegue se ligar, logo, esses fármacos terão efeito antagonista ao da histamina. A loratadina é usada nas reações alérgicas, como a rinite. A difenidramina previne náuseas e vômitos frente a algum movimento (viagem de avião, por exemplo), é mais lipossolúvel, conseguindo ultrapassar a barreira hematoencefálica. Fármacos hidrossolúveis só conseguem atravessar a barreira HE através de transportadores específicos. Para retirar os medicamentos do cérebro é necessário transportadores de membrana, de efluxo, como a glicoproteína P. Transferência placentária dos fármacos Determinantes: lipossolubilidade, ligação a proteínas e grau de ionização. Como o plasma fetal (7,0 – 7,2) é ligeiramente mais ácido que o plasma materno (7,4), os fármacos alcalinos fracos ficam retidos na placenta. Os medicamentos podem ser retirados da placenta por transportadores de efluxo (glicoproteína P) e poder ser trazidos pelos transportadores de afluxo, os quais podem causar efeitos colaterais ao feto. É o caso dos benzodiazepínicos, que quando administrados na mãe, de forma contínua, até pouco antes do parto podem causar síndrome de abstinência no bebê, que quando nasce fica sem o contato com o medicamento. EXCREÇÃO DOS FÁRMACOS São eliminados de forma inalterada ou são convertidos em metabólitos. Os órgãos excretores têm maior facilidade em eliminar compostos polares do que compostos lipossolúveis. É por isso que os fármacos lipossolúveis precisam ser metabolizados (tornar- se mais polar) para poderem ser excretados. O pulmão é a exceção a regra, pois é mais eficaz na eliminação de compostos apolares, como os gases anestésicos. Os rins, as fezes e o leite materno são os mecanismos de eliminação mais comuns, juntamente com o pulmão. Excreção renal É composta de três processos: filtração glomerular, secreção tubular ativa e reabsorção tubular passiva. Na filtração glomerular a quantidade de fármaco que chega ao lúmen do túbulo depende da taxa de filtração e da ligação dos fármacos as proteínas. Vale lembrar, que apenas a fração livre é filtrada. A secreção tubular ativa, que ocorre no túbulo proximal do rim, é mediada por transportadores, os quais fazem o trajeto do capilar para o lúmen tubular. A glicoproteína transporta ânions anfipáticos (que possuem uma parte hidrofílica e uma parte hidrofóbica) e a proteínatipo 2 carrega metabólitos conjugados, como o ácido glicurônico, o sulfato e o glutationa. No túbulo distal do rim, os transportadores de membrana são responsáveis pela reabsorção ativa do fármaco (do lúmen para a circulação sistêmica). Já a reabsorção passiva dos túbulos proximal e distal reabsorve ácidos e bases fracas nas formas não ionizada, esse processo depende do ph. Quando a urina tubular estiver mais alcalina, os ácidos fracos serão eliminados, porque estão ionizados. Quando a urina tubular estiver mais ácida a excreção do fármaco é diminuída, devido a pouca ionização do produto, embora a reabsorção aumente. O aumento da acidificação e alcalinização da urina auxilia na excreção de fármacos, no caso de uma intoxicação farmacológica, por exempo. - Recém nascido tem função renal baixa; - A velocidade de eliminação de um medicamento é maior em adultos do que em idosos. Excreção biliar Na membrana dos hepatócitos há transportadores (glicoproteína P e MRP2) que secretam fármacos e metabólitos na bile, que posteriormente serão liberados no trato gastrointestinal. Nos enterócitos também há transportadores secretores que funcionam transportando fármacos da circulação para o lúmen intestinal. Em seguida, esses fármacos podem ser reabsorvidos e voltar ao organismo, ao invés de serem eliminados nas fezes. Esse processo se chama reciclagem êntero-hepática e pode prolongar o efeito de um fármaco no organismo. Outras vias de excreção: suor, saliva, lágrimas, cabelos e leite materno. METABOLISMO DOS FÁRMACOS Normalmente o metabolismo gera metabólitos inativos em metabólitos mais polares, para serem mais facilmente eliminados. Mas também, se pode produzir metabólitos mais ativos ou tóxicos através do metabolismo. Este ocorre principalmente no fígado, trato gastrointestinal, rins e pulmões. Reação de fase I Introduz ou expõe um grupo funcional do composto. Em geral leva à inativação do fármaco, embora alguma vezes o ative. Um exemplo é o anti- hipertensivo enalapril, ingerido na forma inativa, como forma de se defender dos phs e secreções ácidas do trato gastrointestinal, e é ativado depois. Reação de fase II Nessa fase ocorre uma ligação covalente entre um grupo funcional de um composto ou do metabólito da fase I com uma substância hidrofílica (ácido glicurônico, sulfato, glutationa, acetato). Depois disso o conjugado se torna bastante polar e é inativado, sendo excretado rapidamente. Referências: 1. GOODMAN, L.S; GILMAN, A. (eds.). As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12. Ed. Porto Alegre: Editora McGraw Hill, 2012. 2. SILVA, AL. Anotações em sala de aula a partir da aula ministrada pela professora Daniela Dewling de Lima. 3. RANG, H. P.; DALE, M. M. Rang & Dale. Farmacologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. Farmacocinética - Modelos cinéticos - Compartimentos Editor: Giovani Meneguzzi de Carvalho Metabolismo de Primeira Passagem Refere-se ao metabolismo que a droga sofre antes de atingir a circulação sistêmica. A passagem do fármaco pelo organismo o degrada devido a ação de enzimas estomacais e intestinais, além de sua passagem pelo fígado. Deste modo a disponibilidade do fármaco diminui e a fração que chega na circulação sistêmica intacta é dita como biodisponibilidade. Farmacocinética É a resposta do organismo ao fármaco. Isto reflete as alterações na concentração do fármaco em relação à dose administrada. Os parâmetros que influenciam na disposição do medicamento são: Depuração, Volume de distribuição, Meia vida de eliminação e Biodisponibilidade. Depuração: Um sinônimo pode ser remoção. É a quantidade de fármaco (em volume de plasma) que está sendo eliminada do organismo por unidade de tempo. Assim, a depuração relaciona a velocidade de eliminação e a concentração plasmática do fármaco. Estado de equilíbrio é quando a taxa de eliminação é igual a taxa administração de um fármaco, desta forma a biodisponibilidade é total. Atinge-se 94% (um valor que já é satisfatório) desse estado após quatro meias vidas (t1/2) durante a administração continua do medicamento. Durante a primeira administração se tem 100% de concentração do fármaco, depois de sofrida a meia vida, elimina-se 50%. Na segunda dose haverá 150% de concentração (100 da dose administrada e 50 da dose restante), após ocorrida a meia vida haverá 75% de concentração do fármaco no organismo. Após a quarta administração já existirá 100% de concentração do medicamento no organismo e mais 100% da dose, ocorrerá a meia vida e 100% de concentração é eliminada restando 100%. Dose Quantidade de Fármaco no Organismo Quantidade de Fármaco Eliminado (meia-vida) 1 100% 50% 2 150% (100 dasegunda dose e 50 da primeira) 75% 3 175% 87,5% 4 187,5% 93,75% Volume de Distribuição: “É o volume de líquido que seria necessário para conter todo o fármaco presente no corpo na mesma concentração dosada no plasma.” Ele é diretamente proporcional a concentração de fármaco no corpo e inversamente proporcional a concentração de fármaco no sangue. Os principais compartimentos para os quais os fármacos se distribuem são: plasma (5%), líquido intersticial (16%), líquido intracelular (35%), líquido transcelular (2%) e gordura (20%). Quando um fármaco não é lipossolúvel (polar) ele fica confinado no plasma ou líquido intersticial, justamente por não conseguir atravessar as paredes dos capilares. Já os fármacos lipossolúveis (apolares) chegam a todos os compartimentos e podem ser acumulados no tecido adiposo. Deste modo, conclui-se que quando maior a solubilidade de um fármaco maior será o seu volume de distribuição. E para fármacos que se ligam muito a proteínas plasmáticas, menor será o volume de distribuição, uma vez que estarão “aprisionadas” no sangue e devido à ligação não atravessarão a parede do vaso. O volume de distribuição depende: da ligação do fármaco aos locais receptores; dos níveis de proteínas plasmáticas e teciduais (quanto menor este nível, maior será o transporte de fármaco livre); coeficiente de distribuição do tecido adiposo (quanto maior este coeficiente maior será o volume de distribuição); acúmulo em tecidos pouco irrigados (quanto menor o acúmulo maior o volume de distribuição). Além disso, o volume de distribuição pode variar com a idade, composição corporal e doenças. Por exemplo, devido a perda de albumina por cirrose, assim o fármaco fica mais livre, agindo por mais tempo. Exemplo dado em sala: DIGOXINA É um fármaco utilizado na insuficiência cardíaca e atua aumentando a força de contração. Por ser altamente lipossolúvel, o fármaco se distribui muito para músculos, tecido adiposo e Na+K+ - ATPase, já sua quantidade no plasma é pequena. Varfarina e Cloroquina: Outros exemplos dados em sala: VARFARINA é um anticoagulante oral e tem um baixo volume de distribuição. Assim, apresenta-se bastante ligado a proteínas plasmáticas e pouca quantidade nos tecidos. CLOROQUINA é um fármaco antimalárico que quase não se liga a proteínas e, portanto, uma quantidade muito pequena é encontrada no plasma. Estado de equilíbrio Como seu volume de distribuição é alto e seu transporte também é alto, o fármaco se acumula no tecido (retina). Meia Vida (T1/2): É o tempo necessário para a concentração do fármaco cair 50 %. Normalmente, é o tempo de administração entre as doses de um medicamento (de oito em oito horas; quatro em quatro). Para um paciente com insuficiência renal crônica a depuração está diminuída, sendo assim a concentração do fármaco permanece elevada por mais tempo. Tempo da meia vida é maior. Para um fármaco como o DIAZEPAN, medicamento tranquilizante e ansiolítico, lipofílico, que se acumula no tecido adiposo e que tem um elevado volume de distribuição. Tempo da meia vida é maior, já que a longo prazo há um aumento de sua concentração no plasma. Portanto, T1/2 é diretamente proporcionalao volume de distribuição e inversamente proporcional a depuração. Cinética de Primeira Ordem: É quando a velocidade de desaparecimento de um fármaco é exponencial. Uma fração constante é eliminada por uma unidade de tempo, ou seja, 50% são sempre eliminados. Este tipo de eliminação depende da concentração plasmática, pois com o aumento da administração do medicamento, mais fármaco será eliminado. Continua-se eliminando 50%, mas este 50% representa um valor maior. Cinética de Ordem Zero ou de Saturação: Este tipo de cinética difere da anterior, pois não segue um padrão exponencial de eliminação. Inicialmente é linear, pois o fármaco é removido a uma quantidade fixa, a qual não depende da concentração plasmática. Ou seja, se a dose aumentar não aumenta a eliminação. Isto ocorre com o etanol, a fenitoína (anticonvulsivante) e o salicilato. Pode-se explicar a cinética de ordem 0 pela saturação da enzima que metaboliza a substancia. Por exemplo, no caso do etanol, a enzima álcool desidrogenase atinge seu funcionamento máximo/velocidade de oxidação em baixas concentrações do etanol. Se a concentração ingerida for maior que a oxidada haverá acúmulo de álcool no sangue. Assim, a dose tem um efeito muito importante na duração da ação do medicamento já que uma quantidade constante é eliminada. Fatores importantes a serem considerados para a cinética de saturação: 1. Neste caso, portanto, a concentração plasmática no estado de equilíbrio é diretamente proporcional a dose. 2. A velocidade de queda da concentração plasmática do fármaco não depende da dose. 3. A interrupção da administração leva a eliminação lenta até chegar à depuração de primeira ordem, momento em que a enzima não está mais saturada. Modelo de Compartimento Único Admite que o ser humano compreende um único compartimento. Na realidade, este modelo é equivocado e não é aceito.Afirma-se que toda a administração do fármaco ocorre diretamente no compartimento central e que a distribuição do fármaco é instantânea por todo o volume. Isto é errôneo, pois o fluxo de sangue não é igual para todos os tecidos. Modelo de Múltiplos Compartimentos É o modelo que mais se aproxima da realidade. Divide-se em dois compartimentos: um compartimento central, em que estão o sangue e órgãos altamente irrigados (coração, cérebro, pulmões, rins e fígado); e um compartimento periférico/final/tecidual, em que estão os tecidos menos irrigados (músculo, pele, tecido adiposo e ossos). Para uma administração intra-venosa, o fármaco se distribui primeiro para o compartimento central e posteriormente para os compartimentos finais. Um fator importante a ser considerado neste modelo é que as moléculas do fármaco só podem entrar ou sair do compartimento tecidual por meio do compartimento central. Em uma alteração do fluxo sanguíneo como, por exemplo, na cirrose hepática, pode haver um acúmulo de fármaco em outros tecidos já que o fluxo de sangue no fígado está prejudicado. Em uma hipoperfusão tecidual (redução do fluxo sanguíneo), o compartimento final vai receber menos fármaco e haverá uma maior concentração de fármaco no compartimento central, pois ele é mais irrigado. Taxa de Absorção Na administração intravenosa rápida, demonstrada na curva 1, o início da curva logo após a administração já está no pico de concentração, ou seja, sua concentração plasmática é muito alta e vai diminuído progressivamente. A curva 2 representa a administração por infusão lenta, em que o pico de concentração aparece um pouco mais tarde que o da curva 1 e também um pouco mais baixo. A curva 3 representa uma administração via oral, percebe-se que o pico de concentração é mais baixo e aparece mais tardiamente que o da curva 2. A curva 4 representa uma preparação de concentração controlada. Através da análise do gráfico percebe-se que quanto mais lenta é a absorção, o pico de concentração aparece mais tarde e esta concentração é, também, mais baixa com um pico menos acentuado. Referências Bibliográficas: ▪ GOODMAN, L.S; GILMAN, A. (eds.). As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12. Ed. Porto Alegre: Editora McGraw Hill, 2012. ▪ Giovani Meneguzzi de Carvalho. Anotação aula da Disciplina de Farmacologia. UNIVILLE. 27/03/2013 ▪ RANG, H. P.; DALE, M. M. Rang & Dale. Farmacologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. Receptores e a Ação de Fármacos Como Agonistas ou Antagonistas Editor: João Francisco Petry Janela terapêutica e seus detalhes A resposta se inicia, e o efeito do fármaco aumenta conforme é absorvido e distribuído até alcançar um efeito máximo. A partir desse efeito máximo começa a eliminação do fármaco, e faz com que gradualmente o efeito do fármaco vá diminuindo, até que seu efeito “desapareça”, ou seja, fica abaixo da Concentração Eficaz Mínima. O efeito do fármaco é indicado pelo período que a concentração do fármaco está acima da Concentração Eficaz Mínima. Há outra CEM, para respostas adversas. E se a concentração do fármaco ultrapassá-la haverá toxicidade. Por isso a concentração do fármaco deve se manter dentro da janela terapêutica, para resposta desejada com o mínimo de toxicidade. Se o fármaco utilizado estiver na concentração da janela terapêutica, só 5 a 10 % das pessoas terão respostas adversas. O aumento da dose do fármaco aumenta a intensidade de ação do fármaco e também prolonga a duração da ação do fármaco, tendo mais riscos de causar toxicidade. Desta forma não é indicado aumentar a dose do fármaco para prolongar o tempo de ação, e sim, administrar outra dose. Se o fármaco não for tóxico suas doses podem ser aumentadas para aumentar a intensidade de ação do fármaco, um exemplo é a penicilina. Geralmente há um período de defasagem, é definido como o período em que a concentração do fármaco ainda não é suficiente para gerar um efeito. Receptores: principais definições. São componentes do organismo com o qual as substâncias químicas interagem. Para um esclarecimento sobre os receptores, alguns termos relacionados à eles serão explicados previamente. Possuem dois domínios: ▪ Domínio de acoplamento: aonde o fármaco se liga. ▪ Domínio efetor:responsável por uma propagação da mensagem, para que uma resposta possa ser dada. ▪ Ex: Proteína G. Possuem duas formas de atuação: ▪ Alvo celular ( proteína efetora: enzimas e canais iônicos). ▪ Indireta (transdutores –mensageiros intermediários- levam a mensagem até uma proteína efetora). Fármacos podem atuar nos receptores como: • Agonista- Simula o efeito do ligando, ou seja, simula o efeito da substância endógena. Agonista tem eficácia e afinidade. O ligando é uma substância química endógena, e que tem afinidade, ou seja, consegue se ligar ao receptor. • Agonista total- Tem eficácia total, consegue ativar o receptor e cria uma reposta máxima. • Agonista parcial- Eficácia parcial. Jamais vai gerar uma resposta máxima. • Antagonista- Impede a ligação do agonista endógeno. Tem afinidade pelo receptor, mas não tem eficácia, não produzindo uma resposta. Ele compete com a substância endógena (que normalmente se liga ao receptor) impedindo que ela se ligue ao receptor. Funciona como um obstáculo para a substância endógena se ligar ao receptor. • Agonista inverso- Estabilizam o receptor na conformação inativa Ativação dos receptores: • .Agonista- se liga à conformação ativa (do receptor) e desloca a reação, criando uma resposta. • Agonista parcial- Tem preferência pelo estado ativado, mas também se liga ao estado de repouso, gerando uma resposta parcial. • Agonista total- se ligará à conformação ativa, deslocando o equilíbrio para o estado ativo, gerando uma resposta máxima. • Antagonista – Não tem eficácia. Se liga na mesma proporção ao estado ativado e ao estado de repouso, de forma que não consegue deslocar a reação, não tendo uma resposta. * Está
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