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TCC - Inconstitucionalidade do requisito da esterilização voluntária

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
REGIANE VERÍSSIMO FRANCISCO 
 
 
 
 
 
(IN)CONSTITUCIONALIDADE DO REQUISITO DE CONSENTIMENTO DO 
CÔNJUGE PARA ESTERILIZAÇÃO VOLUNTÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2021 
2 
 
(IN)CONSTITUCIONALIDADE DO REQUISITO DE CONSENTIMENTO DO 
CÔNJUGE PARA ESTERILIZAÇÃO VOLUNTÁRIA 
 
 
Artigo científico ao curso de Direito das 
Faculdades Metropolitanas Unidas, como 
requisito parcial para obtenção do título de 
bacharel, sob orientação do Prof. Ricardo 
Cotrim Chaccur. 
Data da aprovação: 
Banca Examinadora: 
Professor Orientador: Ricardo Cotrim 
Chaccur 
Professor: 
Professor: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 SÃO PAULO 
2021 
3 
 
(IN)CONSTITUCIONALIDADE DO REQUISITO DE CONSENTIMENTO DO 
CÔNJUGE PARA ESTERILIZAÇÃO VOLUNTÁRIA 
 
Regiane Veríssimo Francisco 
 
Resumo: A proposta do presente trabalho é apresentação da evolução 
histórica, sociológica e principalmente jurídica da esterilização voluntária que é 
um método contraceptivo com 99% de eficácia e, que encontra barreiras na 
legislação brasileira através da Lei 9.263/96, que traz em seus artigos diversos 
requisitos para que o procedimento cirúrgico seja realizado, por ser um assunto 
de grande relevância e tratar do planejamento reprodutivo. A crítica essencial 
deste trabalho será ao art. 10º da lei supracitada que dispõe que caso o indivíduo 
esteja em sociedade conjugal deverá ter autorização do cônjuge para realizar a 
cirurgia, sendo essa questão uma consequência da abordagem que o país 
sempre teve da natalidade e seus meios de controle de evitar a regulação de 
tópicos sensíveis e criando uma situação de instabilidade e insegurança. Essa 
questão vai de encontro com os direitos de personalidade, e os direitos 
reprodutivos, como também a luta de principalmente mulheres por diversas 
barreiras históricas pela autodeterminação de seus corpos, existindo uma clara 
violação do direito à liberdade e também a dignidade da pessoa humana. Com 
base nessa problemática e analisando a ADI n° 5.097 e 5.911, e também a PL 
4515/20 que prevê alterações na atual Lei de Planejamento Familiar, quanto ao 
consentimento do cônjuge e seus outros requisitos para realização da 
esterilização voluntária. O estudo também examina como funcionam as leis de 
planejamento reprodutivo e a requisição do consentimento do cônjuge em outros 
países, para que haja uma verificação adequada do panorama mundial referente 
a está temática. 
Palavras-chave: Contracepção. Esterilização Voluntária. Lei de 
Planejamento Familiar. Anuência do cônjuge. 
 
4 
 
UNCONSTITUTIONALITY OF THE SPOUSE'S CONSENT REQUIREMENT 
FOR VOLUNTARY STERILIZATION 
 
Abstract: The purpose of this final paper is to present the evolution 
historical, sociogical and mainly legal of voluntary sterilization. It’s an effective 
contraceptive method, but meets barriers in Brazilian legislation through Law No. 
9263/96. The device brings in articles several requirements for the surgical 
procedure are carried out, for being a matter of great relevance as the planning 
of human reproduction therefore several aspects will be considered. The 
essential review of this final paper will be to Article No. 10 of the aforementioned 
law that provides that if a individual is in a conjugal society, he or she must have 
authorization from the spouse to execute the method of contraception, this 
question being a consequence of the country approach to birth and means of 
control to avoid the regulation of delicate topics and creating a situation of 
instability and insecurity. This question goes against the personality rights and 
reproductive rights, also the struggle of mainly women for various historical issues 
for the self-determination of their bodies, with a clear violation of the right to 
freedom and also the dignity of the human person. Based on this problem and 
analyzing ADI No. 5.097 and 5.911, and also PL 4515/20, which foresees 
changes in the current Family Planning Law, regarding age, and the spouse 
consent to perform voluntary sterilization. The study also examines how planning 
laws and the request for consent work in other countries, so that there is an 
adequate verification of the world panorama regarding this thematic. 
Keywords: Contraception. Voluntary sterilization. Family Planning Law. 
Spouse consent. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Evolução dos direitos de personalidade trouxeram reflexões importantes 
sobre liberdade individual, correlacionada ao direito à dignidade, à vida, à 
integridade no binômio de forma física e psíquica, segurança e cidadania. A partir 
5 
 
desta união indivisível de direitos a personalidade inclusive normatizada na 
Constituição de 1988, como cláusula pétrea tornando direitos e garantias 
individuais parte de um conjunto da lei que devem refletir nas legislações 
subsequentes. 
Enquanto os direitos reprodutivos são uma continuidade dos avanços do 
direito de personalidade, porquê ao tratar de questões individuais, como a 
sexualidade, concepção e contracepção se fazer necessária a reflexão sobre 
que condições estão sendo criadas para proteção à pessoa, contemplado pelo 
direito à saúde que compreende essa formação de direitos reprodutivos. 
Os direitos reprodutivos são uma conquista muito recente, sendo a 
Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD) no ano 
de 1994, na cidade do Cairo essencial na abordagem referente aos 
procedimentos quanto ao desenvolvimento do ser humano e a promoção da 
saúde. Muitas questões referentes a esterilização já eram discutidos, porém 
recebendo reprovação do poder público, sendo no Brasil por muito tempo 
fomentada a política de promoção à natalidade, motivado por ideias de aumento 
populacional e consequentemente o aumento no número de trabalhadores. 
Apenas em 1997 através da Portaria nº 144 do Ministério da Saúde 
ocorreu a permissão para a realização da laqueadura tubária e da vasectomia 
por meio Sistema Único de Saúde (SUS), e ainda, promover a capacitação dos 
médicos responsáveis pelo procedimento com o oferecimento de atendimento 
multidisciplinar, informação e acesso a todos os métodos contraceptivos 
disponíveis. 
Com a Constituição Federal de 1988 o direito ao Planejamento Familiar 
foi positivado no art. 226, §7°, anos depois ocorreu o surgimento da Lei 9263/96, 
que trouxe requisitos para esterilização voluntária, como o consentimento do 
cônjuge para indivíduos na constância da sociedade conjugal, e penalidades 
caso algum dos requisitos não sejam cumpridos para realização da esterilização. 
Ocorreram então contestações de alguns dos requisitos da Lei de Planejamento 
Familiar, como a idade, consentimento do cônjuge e a necessidade de já ter 
filhos, foi então que por meio de Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5097 e 
a 5911, que ainda se encontra em trâmite no Superior Tribunal Federal (STF). 
6 
 
Ainda, para que ocorresse uma modificação legislativa referente ao requisito 
supracitado, foi feita o Projeto de Lei n° 4083/20 que retira o requisito do 
consentimento do cônjuge para a esterilização voluntária. 
O trabalho também analisa o funcionamento da legislação do 
planejamento reprodutivo em outros países em comparação a adotada no Brasil 
e quais são os métodos são adotados por essas nações. 
 
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DE PERSONALIDADE E 
DO DIREITO REPRODUTIVO NO MUNDO E NO BRASIL ATÉ A 
LEI 9263/96 
 
Os fundamentos do direito de personalidade na legislação brasileira foram 
positivados na Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, tratando dos direitos 
de propriedade, à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, entre outras 
garantias que caracterizam esse relevante direito que visa o indivíduo. 
Outra importante legislação que trata os direitos individuais de 
personalidade é o Código Civil de 2002, estabelecidosdo art. 11 ao 21, 
configurando-se principalmente pelo direito à vida, integridade física, honra, 
imagem, nome e intimidade priorizando a dignidade da pessoa. 
 
2.1 A evolução histórica do direito de personalidade – Da antiguidade à 
contemporaneidade 
 
Ao expor as noções de direito de personalidade é necessário observar 
a origem e motivação. Na Grécia em seu período clássico cada cidade-estado 
ou polis, traziam no seu ordenamento jurídico, o seu próprio estatuto, onde os 
7 
 
cidadãos livres e chefes de família tinham acesso às assembleias e a pratica de 
atos jurídicos.1 
A base para proteção da personalidade humana naquela formação de 
sociedade era a demonstração na noção de desprezo à injustiça, proibição da 
prática de atos excessivos de uma pessoa contra outra, e a prática de atos de 
abuso indecoroso contra pessoa humana.2 
Em Roma a teoria jurídica da personalidade restringia-se aos 
indivíduos que reunissem os três status, o status libertatis, o status civitatis e o 
status família, as outras pessoas da sociedade apenas possuíam direitos em 
função de seu status na sociedade.3 
Com a queda do império romano após 500 anos de existência, com a 
chegada da Idade Média várias mudanças ocorreram, contudo cada vez mais a 
igreja tomava espaço dentro do sistema político daquele momento, com a 
evolução do direito de personalidade ficou estagnado.4 
Com o humanismo, foram feitas reflexões quanto as condições humanas 
importaram na estrutura e um direcionamento mais apurado sobre o direito 
abrangente de personalidade, nascendo em conjunto com às ideias de 
existência de um direito subjetivo, preceituado como direito geral de 
personalidade, para buscar um ideal de justiça.5 
Com a extinção da monarquia absolutista dos Borbouns mediante a 
Revolução Francesa de 1789, ocorreu a criação da Declaração dos Direitos do 
Homem e Cidadão trazendo direitos personalidade, à segurança, liberdade, 
propriedade, e dando destaque a igualdade entre as pessoas, e os elementos 
referentes a sua limitação, fundamentando-se principalmente nos pensadores, 
Montesquieu, Voltaire e Rousseau. Nessa mesma época a Assembleia Nacional 
 
1 SILVA, Hugo Gregório Hg Mussi. A origem e a evolução dos direitos da personalidade e a sua 
tutela no ordenamento jurídico brasileiro. Pesquisa de Iniciação Científica (Graduação em 
Direito) - Toledo Prudente Centro Universitário, 2016, p. 6. 
2 Idem p. 6. 
3 SOUZA, Rabindranath Valentino Aleixo Capelo. O direito geral de personalidade: Coimbra, 
Coimbra Editora, 1995, p. 47. 
4 Idem, p. 53. 
5 SZANIAWSKI, Elimar. Direitos de personalidade e sua tutela: 2ª ed. São Paulo, Revista dos 
tribunais, 2005, p.38. 
8 
 
instituiu o Estado Liberal viabilizando direitos individuais que se tornaram 
princípios internacionais.6 
Após o abandono de ideias da Idade Média de forma completa o 
racionalismo ganhou espaço, assim o positivismo jurídico e a teoria dos direitos 
inatos na discriminação e subdivisão do que viria a ser a tutela do homem e de 
sua personalidade, um designado ao ramo do direito público de personalidade e 
o outro ao direito privado de personalidade. Ocorreu a busca pela doutrina e 
jurisprudência em designar o que seriam os direitos de personalidade privados 
e os direitos de personalidade públicos.7 
Frente aos direitos de personalidade, estariam os direitos fundamentais 
do indivíduo, com a finalidade de proteger a pessoa, através da tutela do direito 
político, da ingerência ou atividade considerada abusiva do Estado, limitando o 
poder do governo através da exigência de uma atitude de abstenção do mesmo.8 
Avançando na história, com o fim da 2° Guerra, e suas graves 
violações decorrentes desse período, somada a desestabilização econômica, as 
reflexões sobre dignidade e a necessidade de criar barreiras normativas para 
evitar novas situações como as realizadas durante a guerra, sendo formada a 
Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH) em 1948 através da 
Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral9. Trazendo em seus artigos objetivos 
a serem atingidos, como a liberdade, a igualdade e respeito quanto a aspectos 
pessoais, dando destaque a necessidade de enfrentar discriminações. 
 Já no Brasil, com a Constituição Federal de 1988 os direitos e garantias 
relativas a pessoa foram enumerados na lei que traçou as prerrogativas para que 
independentemente da raça, classe ou gênero, o direito à liberdade, dignidade e 
igualdade fossem indissociáveis da pessoa. Anteriormente, a Constituição de 
1891 já trazia a proteção a dignidade da pessoa humana no art. 1°, inciso III.10 
 
6 Idem, p. 40 
7 Ibidem, p.13 
8 SILVA, op. cit., p. 45 
9 ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. 
Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/91601-declaracao-universal-dos-direitos-humanos. 
Acesso em:18 de maio de 2021. 
10 A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios 
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de direito e tem como fundamentos: 
https://brasil.un.org/pt-br/91601-declaracao-universal-dos-direitos-humanos
9 
 
O jurista Gustavo Tepedino, defende que a constituição tenha feito uma 
cláusula de tutela geral de promoção da pessoa humana, sendo assim a escolha 
dignidade da pessoa humana como a base da República, e a não exclusão de 
direitos e garantias mesmo que sendo apenas decorrentes de princípios 
adotados pela Carta Magna, criam essa clausula que dá a pessoa valor máximo 
para o ordenamento.11 
Os direitos de personalidade abrangem o indivíduo de forma completa, 
protegendo a pessoa no âmbito de físico e moral, sendo aspectos que atingem 
o ser humano de forma subjetiva inerentes à pessoa e sua personalidade.12 
O jurista Flávio Tartuce, faz alguns importantes apontamentos que 
baseiam a normatização dos direitos relativos a personalidade no Brasil, sendo 
a vida e a integridade, nome da pessoa natural e jurídica, imagem, honra e suas 
repercussões e a intimidade.13 
Esses direitos são reconhecidos como direitos subjetivos, protegidos pelo 
Estado brasileiro, surgindo assim um encontro de grandeza jurídica entre o 
direito privado, a liberdade pública e o direito constitucional, sendo consequência 
o fruto de lutas pela tutela dos direitos personalíssimos.14 
A dignidade como autonomia envolve, em primeiro lugar, a 
capacidade de autodeterminação, o direito do indivíduo de decidir os rumos da 
própria vida e de desenvolver livremente sua personalidade. Significa o poder de 
fazer valorações morais e escolhas existenciais sem imposições externas 
indevidas. Decisões sobre religião, vida afetiva, trabalho, ideologia e outras 
opções personalíssimas não podem ser subtraídas do indivíduo sem violar sua 
dignidade.15 
 
[...] III – a dignidade da pessoa humana. 
11 TEPEDINO, Gustavo. A tutela da personalidade no ordenamento civil-constitucional 
brasileiro. Temas de direito civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2004. T. I, p. 50. 
12 Idem, p. 102 
13 TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 8. Ed. Rio de janeiro: Forense, 2018, p. 102-103. 
14 FERMENTÃO, Cleide Aparecida Gomes. Os Direitos da Personalidade e a subjetividade do 
direito. Revista Jurídica Cesumar, v. 6, n. 1, p. 241-266, 2006, p.4. 
15 BARROSO, Luís Roberto. A dignidade da pessoa humana do direito constitucional 
contemporâneo: Natureza jurídica, conteúdos mínimos e critérios de aplicação. Wordpress, 
2010. 
10 
 
Não é possível a fragmentação entre o direito de personalidade 
jurídica e a dignidade da pessoal humana, porquê na segunda fica demonstrado 
todo respeito a aspectos subjetivos da condição humana referentes ao 
primeiro.16 
 
 2.2 A evolução histórica dos Direitos Reprodutivos até a Lei 9263/96 
 
Os direitos reprodutivos, vem tomando cada vez mais espaço comos 
debates e discussões advindos principalmente de movimentos feministas, 
reivindicando ao poder público medidas para garantia quanto autonomia da 
vontade quanto a sexualidade, interrupção da gravidez, maternidade, 
esterilização e reprodução assistida e tudo que isso implica na vida da mulher 
contemporânea. 
A nomenclatura direitos reprodutivos ocorreu a partir da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos que é um documento com diversas proposições 
com repercussões internacionais, organizada pela Organização das Nações 
Unidas (ONU), em 1948. Apesar de não ocorrer uma referência direta o art. 16 
da Declaração traz a igualdade entre gêneros quanto fundar uma família e as 
escolhas tomadas a partir disso. 
O marco de fundamental referente aos direitos reprodutivos foi a 
Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD) de 1994, 
realizada na cidade do Cairo17, e reforçados em 1995 na Conferência 
Internacional sobre Mulheres ou também denominada como a Conferência de 
Pequim, na China.18 
A CIPD foi importante na abordagem quanto aos procedimentos que 
correlacionavam o desenvolvimento do indivíduo e o fomento da saúde, como 
 
16 SPINELI, Ana Claudia Marassi. Dos Direitos da Personalidade e Dignidade da Pessoa 
Humana. Revista Jurídica Cesumar, v. 8, n. 2, jul./dez. 2008, p. 381. 
17 PATRIOTA, Tania. Relatório da Conferência Internacional sobre População e 
Desenvolvimento (Conferência do Cairo). UNFPA Brasil, 2007. 
18 ONU. IV Conferência Mundial sobre a Mulher com tema central “Ação para a Igualdade, o 
Desenvolvimento e a Paz”. 1995. 
11 
 
forma de superação das ações realizadas que tinham como foco apenas o 
controle populacional.19 
 Durante o século XX, a esterilização voluntária foi amplamente 
utilizada de forma forçada em pessoas com algum tipo de doença considerada 
hereditária ou deficiência mental ou física, durante a Alemanha nazista com ideal 
baseado na eugenia20. Esse método discriminatório tornou-se objeto da “Lei para 
a prevenção da descendência de pessoas com doenças genéticas”, promulgada 
em 14 de julho de 1933. Entretanto, com a perda da guerra e o fim do nazismo 
a esterilização não foi considerada uma boa prática médica.21 
O Brasil em seu período colonial (1530-1815) teve sua estruturação 
inicialmente no setor agrícola e para que esse trabalho fosse executado era uma 
necessidade de primeira ordem, que os brasileiros tivessem famílias 
numerosas.22 
Após um período de estagnação quanto aos direitos reprodutivos foi 
durante o governo de Getúlio Vargas (1937-1945) ocorreu o incentivo do 
casamento e que as famílias fossem numerosas, a regulamentação e 
desestímulo ao trabalho feminino através de incentivos financeiros, bem como 
outros privilégios às famílias que participassem dessa iniciativa, além de custos 
adicionais a casais sem filhos ou pessoas solteiras.23 
Com o Decreto Federal n° 20.291 de 1932, que proibia funcionários 
da saúde promover práticas que impedissem a concepção ou interrompessem a 
gestação, que foram reforçados com a Lei de Contravenções em 1941, em seu 
art. 16, e, as práticas supracitadas eram coibidas.24 
 
19 FRANZE, BENEDET, WALL, Ana Maria Alves Kubernovicz, Deisi Cristine Forlin e Marilene 
Loewen. Contextualização e resgate histórico dos direitos sexuais e reprodutivo. 2018. 
20 Eugenia é um termo criado em 1883 por Francis Galton (1822-1911), significando "bem 
nascido". Galton definiu eugenia como "o estudo dos agentes sob o controle social que podem 
melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente". 
21 SOUZA, Carola Maciel de. Lei do Planejamento Familiar e o Direito da Mulher Dispor do Próprio 
Corpo: Análise Aos Requisitos Para a Esterilização Voluntária. Âmbito Jurídico, 2019. 
22 NUNES, Maria José Fontelas Rosado. De Mulheres, Sexo e Igreja: Uma pesquisa e muitas 
interrogações. In: Alternativas Escassas. Saúde, Sexualidade e Reprodução na América Latina. 
São Paulo PRODIR; Rio de Janeiro, Ed. 34, 1994, p. 180 e 181. 
23 ALVES, J. E. D. As Políticas populacionais e o planejamento familiar na América Latina e no 
Brasil. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Ciências Estatísticas, 2006. p. 22. 
24 BRASIL. Câmara dos Deputados. Decreto Federal n° 20.291, de 11 de janeiro de 1932. 
12 
 
No mesmo período o economista Thomas Malthus apresentou uma 
de suas principais ideias sobre o crescimento populacionais, para o economista 
“A população, quando não obstaculizada, aumenta a uma razão geométrica. Os 
meios de subsistência aumentam apenas a uma razão aritmética”. 25 
 Na visão do economista a ausência de medidas de controle de 
natalidade em alguns anos o mundo passaria por fomes e extrema pobreza. Ao 
mesmo tempo com a divulgação de métodos contraceptivos e a criação da pílula 
anticoncepcional em 1960, esse medicamento chegou ao Brasil por ações de 
movimentos feministas. Com a ideia de Malthus somada a chegada da pílula 
anticoncepcional em 1960, simples e barata, criou-se a partir daí pressão 
estrangeira para que o nosso país adotasse uma política de planejamento 
familiar, porém nenhuma medida foi tomada nesse aspecto. 
Durante a Ditadura Civil-Militar foi mantida a posição natalista, com 
objetivo de que com o crescimento demográfico haveria o preenchimento de 
espaços vazios de regiões do Planalto Central e Amazonas.26 
Em 1967 uma Comissão Parlamentar Inquérito (CPI) para investigar 
as denúncias sobre a polêmica das “esterilizações maciças” de mulheres na 
região Amazônia, que não trouxe naquele momento conclusões específicas e 
nem mudanças na política pública referente a esterilização. A sociedade se 
mantinha patriarcal e pró-natalista as classes mais altas que concordavam com 
uma política que ficasse alheia aos métodos de contracepção que estavam 
 
25 MALTHUS,Thomas Robert. “Crescimento demográfico e produção de alimentos: primeiras 
proposições”, p. 57. In: SZMRECSÁNYI, Tamás. (org) Thomas Robert Malthus. Coleção Grandes 
Cientistas Sociais nº 24, São Paulo: Ática, 1982. 
26 “A doutrina da Segurança Nacional, adotada pelo regime militar no período 1964-1970, 
assegurou a posição natalista, incluindo expectativas quanto ao crescimento demográfico e o 
preenchimento dos espaços vazios de regiões no Amazonas e Planalto Central. Esta 
preocupação ficou bastante clara no Programa Estratégico de Desenvolvimento (1968-1970) do 
governo Costa e Silva. Este mesmo governo reafirmou suas convicções natalistas face ao 
desenvolvimento e à segurança, em mensagem dirigida ao Papa Paulo VI, por ocasião da 
publicação da Encíclica Humanae Vitae (1968) de forma a não contrariar a posição oficial da 
Igreja Católica, diante da política controlista da natalidade”. CANESQUI, Ana. “Notas sobre a 
constituição da política de planejamento familiar no Brasil: 1965-1977”. In: ENCONTRO 
NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 3, Vitória, ES, 1982. Anais. São Paulo: ABEP, 
1982, pp. 101-130. 
13 
 
surgindo, apenas gerou mais pressão e hostilidade a ideias de planejamento 
familiar.27 
Na década de 1970, que as reivindicações que envolviam os Direitos 
Reprodutivos estavam centradas nas lutas das mulheres pela autonomia 
corporal, e o controle da própria fecundidade e atenção especial à saúde 
reprodutiva. Foi um período fortemente marcado pela luta para 
descriminalização do aborto e pelo acesso à contracepção.28 
As mulheres brasileiras a partir do I Encontro Internacional Mulher e 
Saúde em 198429 em Amsterdã tornaram-se cada vez mais participativas nos 
debates internacionais em um tema que as atravessava em seu cotidiano, e que 
em seu país as políticas públicas eram recentes e pouco abrangentes aos 
aspectos gerais de saúde. 
As feministas integraram as reivindicações de reforma sanitárias que 
também possuíam aspectos urgentes para sociedadebrasileira pela mudança 
dos modelos imposto até aquele momento, junto a esse cenário ocorreu a 
criação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher de 1983. Os 
princípios que norteavam essa programa era a ampliação e qualificação do 
planejamento familiar, a garantia de oferta e informações sobre métodos 
anticoncepcionais.30 
E em 1988, o Código de Ética Médica vedou a possibilidade cirurgia 
com finalidade de esterilização voluntária, entretanto independentemente dessa 
proibição, o procedimento ainda ocorria no setor privado de saúde.31 
 
27 MERRICK, T.W, GRAHAM, D. População e desenvolvimento econômico no Brasil. Rio de 
Janeiro, Zahar, 1981, p. 342. 
28 VENTURA, Miriam. Direitos Reprodutivos no Brasil: 3.Ed. Brasília: FUNDO DE POPULAÇÃO 
DAS NAÇÕES UNIDAS – UNFPA, 2009, p. 24. 
29 MATTAR, Laura Davis. Reconhecimento jurídico dos direitos sexuais: uma análise 
comparativa com os direitos reprodutivos. Sur, Rev. int. direitos human., São Paulo , v. 5, n. 
8, p. 60-83, Junho de 2008. 
30 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações 
Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher: Princípios 
e Diretrizes / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações 
Programáticas Estratégicas. – 1. ed., 2. reimpr. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2011. 
P.69. 
31 BERQUO, Elza; CAVENAGHI, Suzana. Direitos reprodutivos de mulheres e homens face à 
nova legislação brasileira sobre esterilização voluntária. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 
19, supl. 2, p. S441-S453, 2003. 
14 
 
Conforme a Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS) 
realizada pelo Ministério da Saúde em 1996, a esterilização era o método 
contraceptivo mais utilizado no Brasil, é estimado que em 1996, 38,5% das 
mulheres de 15 a 44 anos foram submetidas à esterilização.32 
Poucos anos depois em 1988 tivemos uma nova constituição que 
trouxe de forma normatizada diversos parâmetros de direitos humanos que 
impôs a adequação das instituições para as novidades da Constituição Federal 
Cidadã, que recebe esse nome por garantir direitos fundamentais, e foi 
vanguardista ao tratar do direito de família, ela não trouxe em seu texto nenhuma 
disposição direta aos direitos reprodutivos, contudo como esses direitos estão 
ligados ao direito de dignidade da pessoa humana não há como desconectar um 
conceito de outro e ainda o importante princípio do planejamento familiar. A 
constituição não tirou da família seu papel de base da sociedade, mas deixou 
seus membros como agentes de determinação das escolhas de formatação e 
estrutura. 
Ainda, em seu art. 226, §7 a CF, torna o Planejamento Familiar uma 
das bases da sociedade, sendo de livre decisão do casal ficando sob 
responsabilidade deles a paternidade, e o dever do Estado é propiciar os 
recursos necessários para exercício desse direito. Sendo possível destacar que 
o constituinte deu uma visão pouco abrangente sobre as construções familiares 
brasileiras já que o mesmo fala em seus parágrafos anteriores sobre famílias 
monoparentais e poder familiar exercido de forma igual entre homem e mulher. 
Conforme a lição de Gonçalves, o direito ao planejamento familiar foi 
tratado na Constituição Federal de 1988, fundando-se nos princípios da 
paternidade responsável e na dignidade da pessoa humana.33 
 
32 BRASIL. Ministério da Saúde. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da 
Mulher – PNDS 2006: dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança/ Ministério da 
Saúde, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009, p. 96. 
33 No tocante ao planejamento familiar, o constituinte enfrentou o problema da limitação da 
natalidade, fundando-se nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade 
responsável, proclamando competir ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para 
o exercício desse direito. Não desconsiderando o crescimento populacional desordenado, 
entendeu, todavia, que cabe ao casal a escolha dos critérios e dos modos de agir, “vedada 
qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais e particulares”. GONÇALVES, Carlos 
Roberto. Direito civil brasileiro: Direito de família. Vol. VI. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 17. 
15 
 
Durante o período de ausência de regulamentação sobre a 
esterilização cirúrgica voluntária, o Código Penal dispôs que constituía crime de 
lesão corporal grave, exceto nos casos de riscos para a saúde da mulher.34 
 A possibilidade de esterilização voluntária ainda foi tratada pelo 
legislador35 como algo que não deveria ser levada em conta, mesmo sendo 
praticada pela população de forma irregular. Essa falta de regulamentação 
demonstra que o Brasil ia a passos muito curtos a ruptura da cultura que 
promovia a natalidade. 
A positivação da laqueadura e vasectomia no Sistema Único de 
Saúde com credenciamento e capacitação dos médicos e além disso a 
promoção do atendimento em caráter multidisciplinar ocorreu com a Portaria nº 
144 de 1997 do Ministério da Saúde. 
Após dois anos ocorreu a substituição pela Portaria nº 48, e com ela 
trouxe inovações como em regra a proibição da laqueadura durante o período 
de parto, aborto ou em até 42 dias após estes, conforme dispõe o art. 4°, 
parágrafo único da Portaria citada anteriormente36. 
Foi então no mesmo ano da autorização da esterilização cirúrgica que 
foi criada a Lei n° 9.263/1996, a Lei do Planejamento familiar que impõe diversas 
condições e trata a esterilização como última alternativa possível aos métodos 
contraceptivos, por sua seriedade por se caracterizar como um meio caro e com 
possibilidade de irreversibilidade, mas também por uma herança na qual 
historicamente a esterilização fosse algo danoso, no décimo artigo da lei 
referente a possibilidade de esterilização. 
É então no §5°37 da lei que encontra-se a temática principal desse artigo, 
pois um critério para possibilitar a esterilização voluntária é necessidade em caso 
 
34 BASTOS, Camila Ferraro. ESTERILIZAÇÃO E PLANEJAMENTO FAMILIAR: UMA ANÁLISE 
À LUZ DA POSSIBILIDADE DA DISPOSIÇÃO RELATIVA SOBRE O CORPO. Monografia 
(Graduação em Direito) – Faculdade Baiana de Direito. Salvador, p. 31. 
35 BRASIL. Decreto nº 144, de 20 de novembro de 1997. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, 
DF, 27 de novembro de 1997. 
36 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria n. 48, de 11 de fevereiro 
de 1999. 
37 § 5º Na vigência de sociedade conjugal, a esterilização depende do consentimento expresso 
de ambos os cônjuges. 
 
16 
 
de sociedade conjugal que o cônjuge disponha sobre o corpo do outro por meio 
de autorização para que a esterilização possa ocorrer. 
Outra importante questão referente ao art. 10 é que a inobservância dos 
requisitos e condições pode constituir crime punível com reclusão de 2 anos até 
8 anos, onde a pena pode ser aumentada em um terço em caso de 
descumprimento do §2°, conforme o art. 15 da lei supracitada, usando o direito 
penal como um meio punitivo em sua forma mais grave que é a retirada da 
liberdade. 
No art. 1238 da mesma lei traz a vedação do induzimento, instigação de 
forma individual com pena de reclusão de 1 ano a 2 anos se ocorrer de forma 
dolosa, ou coletiva é considerado crime de genocídio, esses complementos a 
vedação estão disposto no art. 1739. 
Pelo histórico Brasileiro quanto aos direitos reprodutivos já tratados 
aqui fica demonstrado que tal medida cerceia o direito da pessoa, já que desde 
o Brasil colônia pessoas principalmente do gênero feminino acabam sob a tutela 
patriarcal, desta vez já próximo do século 21 por meio da lei que desrespeita a 
autonomia dos indivíduos sobre algo tão íntimo qual sua reprodução. 
A lei de planejamentofamiliar tentou estabelecer o desencorajamento 
da esterilização, a partir de requisitos que demandam da pessoa além de seu 
consentimento expresso quanto o procedimento, sua idade que precisa 
ultrapassar a alcançada pela capacidade civil ou dois filhos vivos, e ainda o tão 
destacado neste trabalho que é o consentimento do cônjuge, que tira do 
indivíduo a palavra final sobre essa questão que é a escolha sobre seus direitos 
reprodutivos. 
O texto da constituição utiliza o termo “planejamento familiar” em seu 
art. 226, o termo atual e amplamente utilizado é o “planejamento reprodutivo”, 
 
38 Art. 12. É vedada a indução ou instigamento individual ou coletivo à prática da esterilização 
cirúrgica. 
39 Art. 17. Induzir ou instigar dolosamente a prática de esterilização cirúrgica. 
Pena - reclusão, de um a dois anos. 
Parágrafo único - Se o crime for cometido contra a coletividade, caracteriza-se como genocídio, 
aplicando-se o disposto na Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956. 
 
17 
 
porquê com essa terminologia demonstra a caráter individual, englobando 
diversos meios dessa reprodução, como a possibilidade do genitor solo, a 
adoção, biotecnologias, entre outras formas de reprodução e outros 
agrupamentos sociais que podem ser considerados família, não apenas a forma 
tradicional dessa construção. 
3 AS AÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE E O PROJETO DE 
LEI VISANDO A FLEXIBILIZAÇÃO DA NORMA; 
 
Ajuizada pela Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP) 
em 2014 trouxe como argumentação que o legislador com interesse de evitar a 
esterilização voluntária de forma precoce pela sociedade, teve como efeito o 
desestimulo, indo diretamente de encontro com preceitos fundamentais como à 
liberdade, o direito à vida e a igualdade como dispõe o art. 5° da Constituição 
Federal. 40 
Alega também a entidade que a necessidade de consentimento do 
cônjuge para o procedimento vai contra a autonomia privada e autonomia 
corporal que é um ponto primordial a liberdade protegida em nossa Constituição, 
ainda é para ANADEP um meio de ingerência quanto ao planejamento 
reprodutivo também protegido pela Carta Magna. 
Essa Ação Direta de Constitucionalidade tem como Relator o Ministro 
Celso de Melo que teve sua cadeira assumida pelo Ministro Kássio Nunes, seu 
tramite corre pelo rito célere art. 12, da Lei 9.868/9941 possibilitando que o 
plenário possa julgar o mérito diretamente. Está no momento pendente a 
julgamento. 
 Distribuída recentemente, a Ação Direta de Inconstitucionalidade 5911 
pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) com representação no Congresso 
Nacional, novamente o Relator é o Ministro Kássio Nunes. 
 
40 ANADEP, Ascom. ANADEP propõe ADIN contra limites da Lei de Planejamento Familiar. 
ANADEP, 2014. 
41 Lei da Ação Direta de inconstitucionalidade, com pedido liminar, caso o relator considere a 
matéria relevante, tendo importância na ordem social e segurança jurídica os prazos serão 
menores. 
18 
 
 Os argumentos trazidos por essa nova ADI vão além de embasamento 
jurídico e trazem alguns dados, de pesquisas realizadas em seis capitais 
Brasileiras, onde verificou-se que após seis meses da busca pela esterilização 
apenas um cerca de um terço das pessoas tinham conseguido realizar a cirurgia. 
Ainda, cerca de 8% das mulheres que aguardavam a realização do procedimento 
engravidaram.42 
Essa pesquisa confirma pontos trazidos pela anterior quanto o 
desestímulo inerente ao procedimento já que o tempo de execução é 
postergado, gerando inclusive a possibilidade de concepção, mesmo que as 
pessoas totalmente capazes para a vida civil tenham demostrado 
expressamente sua vontade quanto a esterilização já que outros métodos 
contraceptivos não tem um nível tão alto de eficácia. 
O PSB cita também possíveis danos à saúde em aspecto físico e 
psicológico, a dignidade das pessoas pela regulamentação e não realização, 
consequentemente cria-se uma demanda reprimida43. Conclui o partido com o 
requerimento que a Lei 9.263/96 seja declarada parcialmente inconstitucional, 
no que trata quanto ao consentimento do cônjuge, necessidade de filhos vivos e 
a idade de 25 anos para a realização da esterilização voluntária.44 
Ainda, a procura de meios para que os alguns artigos da Lei de 
Planejamento Familiar deixe de ser vigente no país, com isso foi criado o Projeto 
de Lei n° 4515/20 do Deputado Federal Denis Bezerra do Partido Socialista 
Brasileiro (PSB), o projeto traz em a diminuição da idade de 25 anos para 20 
anos, extingue a necessidade de já ter filhos vivos, possibilidade de esterilização 
 
42 “A ADI cita pesquisa realizada em seis capitais brasileiras (Palmas, Recife, Cuiabá, Belo 
Horizonte, São Paulo e Curitiba), que acompanhou homens e mulheres que buscavam a 
esterilização cirúrgica junto ao SUS, e verificou que após um período de cerca de 6 meses, 
apenas 25,8% das mulheres e 31% dos homens que demandaram a cirurgia haviam obtido 
sucesso. O partido destaca ainda o fato de que 8% das mulheres engravidaram durante o período 
de espera pela esterilização”. BERQUO, Elza; CAVENAGHI, Suzana. Direitos reprodutivos de 
mulheres e homens face à nova legislação brasileira sobre esterilização voluntária. Cad. Saúde 
Pública, Rio de Janeiro, v. 19, supl. 2, p. S441-S453, 2003. 
43 Quando uma demanda da população não é devidamente atendida, por ofertas satisfatórias, 
impedimentos ou falta de soluções adequadas. 
44 PSB ingressa com Adin no STF contra exigências para esterilização voluntária de mulheres. 
PSB 40 – Notícias, 2018. 
19 
 
no parto e também acaba com o requisito do consentimento do cônjuge para 
realização do procedimento cirúrgico.45 
Através dessa lei o acesso a possibilidade de esterilização será 
flexibilizado, porém sem garantia de que a questão da demora no atendimento 
seria sanado a partir da entrada em vigor do Projeto de Lei. 
Apesar da concordância com a exclusão do requisito do consentimento 
do cônjuge é importante que algumas barreiras ao procedimento sejam 
impostas, porquê a ideia da esterilização promovida sem as devidas informações 
pode se tornar uma medida dos governantes de controle populacional de 
pessoas pobres e assim consequentemente a diminuição de verbas de 
assistência aos cidadãos das classes econômicas mais baixas. 
Esse pensamento classista vai totalmente contra aos argumentos trazidos 
até aqui quanto aos direitos de personalidade e dignidade da pessoa humana, a 
promoção dessa noção obscura não deve ser validada e perpassa ideais 
neomalthusianos totalmente ultrapassados que decorrem do controle 
reprodutivo como uma forma de alcance ao desenvolvimento econômico, sem 
contrapartida quanto a promoção da educação reprodutiva e sexual, além de 
reflexões como outras práticas como o aborto. 
Outro projeto de n° 986/21 que trata exatamente de esterilização 
voluntária para pessoas em situação de vulnerabilidade através de autorização 
do judiciário, e também altera a necessidade de consentimento do cônjuge e 
diminuição da idade necessária de 25 anos para 18 anos. Sua autora Shéridan 
do Partido Social da Democracia Brasileira (PSDB-RR) dispõe que esse seria 
um bom método para que grupos que vivem em condições extremas e não 
possuem meios de sustento tivessem uma alternativa.46 
Esse é um exemplo claro da esterilização visando a diminuição de 
responsabilidade do Estado de garantir condições mínimas de dignidade e 
direitos garantidos por economia de gastos. Utilizando de fatores como a 
vulnerabilidade social como um modo de aconselhar e promover a prática esse 
 
45 BRASIL. Câmara dos Deputados. Notícias, 2020. 
46 HAJE, Lara. Projeto permite esterilização voluntária de pessoas em situação de 
vulnerabilidade social. Agência Câmara de Notícias, 2021. 
20 
 
procedimentocirúrgico e de certa forma minando outras alternativas que o 
cidadão poderia ter, usando o desespero como forma de diminuição de gastos 
públicos é revoltante. 
 
4 DIREITO COMPARADO – LEI DE PLANEJAMENTO FAMILIAR 
NO MUNDO 
 
Com uma análise através do direito comparado é possível identificar 
diferenças no tratamento quanto aos requisitos necessários para a realização da 
esterilização voluntária em diversos países, das Américas e Europa. 
 Na França a esterilização voluntária é permitida pela Lei da Esterilização 
Contraceptiva n° 2001-588 de 4 de julho de 2001, traz como requisitos a 
maioridade, a apresentação de informações sobre o procedimento, o 
consentimento escrito e o período de quatro meses até a realização da 
esterilização. 
Em Portugal as normas quanto a esterilização voluntária estão consignadas na 
Lei n° 3/84, de 1984 que dispõe quanto a educação sexual e planejamento 
familiar, é em seu artigo 10 que determina que podem passar pelo procedimento 
as pessoas a partir dos 25 anos de idade, com uma declaração de vontade, e 
ainda nesse documento mencionando de que foram informados sobre os efeitos 
da intervenção cirúrgica.47 
 Não há nessa norma qualquer disposição a necessidade de 
consentimento do cônjuge como requisito para realização da esterilização, 
porém há uma outra intervenção de terceiro que é a possibilidade de objeção 
médica, que pode ser positiva ou negativa, porquê a observação de um 
profissional pode evitar problemáticas referentes a saúde do paciente, mas 
também por mera liberalidade o médico pode por algum motivo qualquer negar-
 
47 PORTUGAL. Lei 3/84, 24 de março de 1984. Diário da República, n.º 71/1984, Série I, p. 2, 
24 de março de 1894. 
21 
 
se a fazer o procedimento. A lei não consigna se há ou não necessidade de que 
o médico precise explicar a motivação da negativa quanto ao procedimento. 
 
 Na Argentina a regulamentação da esterilização voluntária advém da Lei 
Nacional, n° 26.130 de 2006 sendo o denominada como o “REGIMEN PARA 
LAS INTERVENCIONES DE CONTRACEPCION QUIRURGICA”, autorizando 
que qualquer pessoa a partir dos 16 anos possa sem necessidade de 
consentimento do cônjuge ou autorização judicial fazer o procedimento de 
laqueadura tubária ou vasectomia, sendo necessário que o médico e sua equipe 
alerte a pessoa sobre os aspectos centrais como métodos alternativos para 
contracepção, implicações do procedimento e efeitos da esterilização. 
 Outra disposição da norma Argentina é a possibilidade da negativa do 
médico sobre o procedimento como no caso de Portugal. 
 A regulamentação sobre o tema no Chile está disposto nas “Normas 
Nacionales Sobre Regulación de la Fertilidad”48 documento do Ministério da 
Saúde chileno, que como a Argentina dispõe que há necessidade de 
consentimento do cônjuge, sendo uma decisão pessoal do indivíduo que solicita, 
com capacidade mental e civil para realização do procedimento cirúrgico.49 
 Mais uma similaridade entre a Argentina e o Chile é a necessidade de um 
documento denominado “Consentimento informado” que depende única e 
exclusivamente do indivíduo que fará o procedimento após todas as informações 
médicas dadas ao paciente. 
Como em outros países, nos Estados Unidos a esterilização voluntária é 
permitida, para que ela seja realizada é preciso que o interessado no 
procedimento assine um consentimento informado conforme a lei federal 42 CFR 
§ 50.204 que regulamenta o tema. Deve o interessado receber do médico 
informações sobre métodos alternativos, descrição completa do procedimento, 
essa norma federal ainda dispõe em sua alínea “f” que não poderá ser requerido 
 
48 CHILE. Ministerio de Salud. Programa Nacional Salud de la Mujer. NORMAS NACIONALES 
SOBRE REGULACIÓN DE LA FERTILIDAD, 2016. 
49 Ibidem, p. 128. 
22 
 
consentimento do cônjuge por lei estadual para realização da esterilização 
voluntária.50 
É interessante notar que as lei supracitadas começaram a fazer parte das 
legislações são parte do século passado e o início deste, o que pode demonstrar 
que apesar das discussões e conquistas estabelecidas as questões referentes 
ao procedimento ainda não estivessem tão maduras, muitas das disposições 
referentes a requisitos demonstram similaridades, em destaque a importância da 
capacidade, as informações dadas pela equipe médica e o efeito irreversível da 
esterilização, e o consentimento documentado, que traz a segurança de estar 
sendo a vontade livre e consciente. 
Outra questão levantada é a objeção médica, instrumento adotado por 
Portugal e Argentina, que dá ao médico uma faculdade quanto a realização ou 
não da esterilização, isso como já citado tem dois aspectos relevantes, porquê 
pela formação o médico pode e tem o dever de fazer conclusões sobre as 
condições médicas de seus pacientes. Porém isso também pode gerar um 
problema que ocorre no Brasil com outros aspectos, como mostra a pesquisa 
trazida pela Ação Direta de Inconstitucionalidade do PSB, que é a não realização 
do procedimento por decisão não motivada pelo médico, deixando o paciente 
sem explicações claras sobre um assunto que tem consequências em sua 
própria existência. 
A legislação brasileira quanto a esterilização voluntária segue a mesma 
condição quanto a manifestação expressa de vontade, mediante documento 
escrito e firmado conforme o art. 10, inciso I, §1° da Lei 9263/9651. Porém se 
mostra ultrapassado em comparação a medidas internacionais, diante dos 
exemplos citados, onde existem reservas referentes ao procedimento, mas dão 
ao indivíduo a liberdade de escolha quanto à disposição de seus corpos para 
pessoas maiores e capazes, o Estado se responsabiliza por informar, quanto ao 
 
50 42 CFR § 50.204 - Informed consent requirement. 
51 § 1º É condição para que se realize a esterilização o registro de expressa manifestação da 
vontade em documento escrito e firmado, após a informação a respeito dos riscos da cirurgia, 
possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de contracepção reversíveis 
existentes. 
23 
 
procedimento especificamente e os efeitos, mas o poder da escolha é dada ao 
indivíduo. 
Nesse caso não há o que se falar em prejuízos à vida ou a outros direitos 
fundamentais que atinjam a sociedade, sendo assim a norma não deveria fazer 
uma pessoa depender de outra dentro da sociedade conjugal para conseguir ou 
não escolher um procedimento que diz respeito apenas a autonomia reprodutiva 
e corporal do indivíduo. 
É impossível fazer dissociações entre a herança a promoção natalista por 
toda a história do Brasil e as medidas adotadas pela lei é uma constatação difícil, 
inclusive criando punições penais que atualmente integram a Lei de 
Planejamento em seu em seu capítulo II, em art. 1552. 
Tais medidas demonstram que apesar de toda a caminhada referente a 
integralização dos direitos reprodutivos não foi atingido ainda a plenitude dessa 
concepção, enquanto indivíduos não puderem escolher sobre os meios 
contraceptivo seguros que farão uso, sem que o Estado intervenha para 
promover com a motivação de economizar recursos de auxílios sociais ou 
impedir o procedimento por um histórico de criação de barreiras para autonomia 
individual quanto aos métodos contraceptivos, a Constituição não estará sendo 
respeitada.
 
52 Art. 15. Realizar esterilização cirúrgica em desacordo com o estabelecido no art. 10 desta 
Lei. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, se a prática não constitui crime mais grave. 
 
CONCLUSÃO 
 
Os direitos de personalidade são o resultado de muitas reflexões da 
humanidade tendo seu início conhecido pela sociedade grega, depois romana, 
e tomando forma como conhecemos a partir da Revolução Francesa. Esse 
direito por tratar diretamente da complexidadehumana ao longos dos séculos foi 
sofrendo diversas ramificações, sem jamais perdendo a importância. 
 A partir da observação da família e sua formação mais ramificações aos 
direitos de personalidade foram criados, que fizeram chegar ao direito 
reprodutivo, que em primeiro momento foram estruturados a partir das ideias de 
Thomas Malthus em 1798, sobre o controle de natalidade, que foram sendo cada 
vez mais popularizada ao longo dos anos no mundo inteiro. 
 No Brasil, o marco para início da reflexão sobre os direitos reprodutivo foi 
a introdução da pílula anticoncepcional, que teve o uso proibido durante 
décadas. Com isso, outros métodos contraceptivos também mantinham-se 
proibidos pela Lei de Contravenções Penais também começaram a fazer parte 
das discussões referentes a reprodução humana. 
 Com a Constituição Federal de 1988, foi expressamente garantida a 
dignidade da pessoa humana que possui base estrutural nos direitos de 
personalidade, que é fundamento da norma em seu art. 5°. O Planejamento 
Familiar também foi previsto na Constituição, em seu art. 226, §7°, sob o 
princípio da paternidade responsável e a escolha do casal quanto ao 
planejamento referente a família. 
 Anos mais tarde com a Lei 9263/96 a esterilização voluntária mediante 
vasectomia ou laqueadura tubária, foi regulamentada, e permitida através do 
Sistema Único de Saúde (SUS) após o cumprimento de requisitos, como a idade 
de 25 anos ou dois filhos vivos, um consentimento documentado e caso a pessoa 
esteja casada o consentimento de seu cônjuge, apesar disso, seguindo as 
antigas regulamentações caso algum dos requisitos do art. 10 não seja 
cumprindo gerando sanção em caráter penal. 
25 
 
 O consentimento do cônjuge fere diretamente os direitos de personalidade 
quanto ao indivíduo, tirando do maior e capaz e devidamente informado pela 
equipe médica, a escolha de dispor sobre seu corpo, quanto a uma decisão que 
afeta apenas a pessoa sobre seus direitos reprodutivos. 
Com as contradições da Lei de Planejamento Familiar, duas ADI foram 
levadas ao Supremo Tribunal Federal, pela Associação Nacional dos Defensores 
Públicos com crítica direta a necessidade do consentimento na sociedade 
conjugal, vai contra a autonomia privada e autonomia corporal que é um ponto 
primordial a liberdade protegida em nossa Constituição, já ADI proposta pelo 
Partido Socialista Brasileiro quanto ao tema exposto alegou aspectos similares 
que ainda não possuem decisão. 
Ainda, dois Projetos de Lei foram criados e estão aguardando votação 
para que a idade necessária seja diminuída, e tire-se a alternativa de 
necessidade de dois filhos vivos, e que seja extinta a necessidade de 
consentimento do cônjuge. 
Diante dessas possibilidades de declaração inconstitucionalidade ou 
promulgação de nova legislação é necessário fazer uma anotação relativa a 
necessidade de não usar a flexibilização da norma para propagação da 
esterilização para que pessoas em situação de vulnerabilidade social sejam 
levadas ao procedimento por ausência do cumprimento das garantias 
constitucionais pelo poder público, e sendo consequência a diminuição dos 
gastos públicos com auxílios sociais. 
A flexibilização, não pode ser usada como meio do Estado de tirar de si 
as responsabilidades consonantes em lei, seu foco deve ser a permissão para 
que o indivíduo possa de forma responsável decidir sobre questões que o afetam 
pessoalmente, como o caso da esterilização voluntária. 
Foi feito ainda no trabalho comparações normativas entre a Lei do 
Planejamento Familiar e as legislações de outras nações sobre o tema. Em 
outros países ficou demonstrado que tendo capacidade civil, informações 
médicas sobre o procedimento e um documento denominado consentimento 
informado é possível realizar a esterilização, isso mostra que a pessoalidade do 
procedimento cirúrgico é garantida para esses cidadãos. 
26 
 
 Demonstra-se que nossa legislação sobre o tema precisa de avanços até 
respeitar os preceitos de sua própria Constituição Federal e observar as normas 
internacional sob o tema para reflexões sobre a adotada em nosso próprio país, 
respeitando também suas peculiaridades mas em busca da plenitude do respeito 
a parâmetros dados pelo direito de personalidade, inclusive indicando os limites 
razoáveis e assim alcançando a dignidade da pessoa humana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
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https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-20931-11-janeiro-1932-507782-publicacaooriginal-1-pe.html#:~:text=Regula%20e%20fiscaliza%20o%20exerc%C3%ADcio,no%20Brasil%2C%20e%20estabelece%20penas.&text=2%C2%BA%20S%C3%B3%20%C3%A9%20permitido%20o%20exerc%C3%ADcio%20das%20profiss%C3%B5es%20enumeradas%20no%20art
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https://www.camara.leg.br/noticias/691550-projeto-flexibiliza-regras-para-laqueadura-e-vasectomia/
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