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Diarreia crônica

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José Eduardo Palacio Soares – Bloco Síndromes Pediátricas I – GT3 
DIARREIA CRÔNICA 
CONCEITO 
DIARREIA CRÔNICA: todo processo diarreico com duração superior a 30 dias ou a ocorrência de, pelo menos 3 
episódios de diarreia aguda em tempo inferior a 60 dias. 
DIARREIA PERSISTENTE: um episódio de diarreia aguda que se prolonga por mais de 14 dias, acometendo 
principalmente lactentes no 1º ano de vida, levando a distúrbios hidroeletrolíticos e comprometimento do estado 
nutricional. Ela se origina, geralmente, de um processo infeccioso agudo do intestino, provocando alterações 
anatômicas e um quadro de insuficiência digestiva. 
FISIOPATOLOGIA 
O aumento da osmolaridade intraluminal e da motilidade intestinal são as alterações fisiopatológicas presentes em 
crianças com diarreia. 
→O mecanismo osmótico ocorre quando a osmolaridade do bolo alimentar ou fecal é superior à do plasma, com 
consequente aumento do fluxo de água para a luz intestinal. Os processos que levam a esse distúrbio são: 
• Ingestão de partículas osmoticamente ativas; 
• Alteração na digestão de alimentos com produção de partículas osmóticas; 
• Má-absorção de nutrientes com aumento de partículas na luz intestinal; 
• Alteração no transporte de solutos para o meio interno; 
• Movimento ativo de íons do plasma para a luz intestinal; 
• Alteração na absorção ativa de íons. 
→O aumento primário da motilidade intestinal, com consequente diminuição do tempo do trânsito, está presente 
em: 
• Distúrbios funcionais: ex.: Síndrome do intestino irritável e diarreia funcional 
• Síndrome carcinoide (produção aumentada de serotoninas); 
• Tumores da suprarrenal (produção de catecolaminas); 
• Hipertireoidismo. 
ETIOLOGIA 
O prolongamento da diarreia na infância é causado por elevado número de doenças. 
Doenças responsáveis pelo alto número de episódios de processos diarreicos que se prolongam: 
• Diarreia funcional; 
• Síndrome do intestino irritável; 
• Intolerância secundária a carboidratos; 
• Alergia a proteína alimentar; 
• Parasitoses intestinais; 
• Desnutrição proteico-energética 
• Erro alimentar 
• Diarreia persistente 
 
 
 
 
 
 
José Eduardo Palacio Soares – Bloco Síndromes Pediátricas I – GT3 
 
José Eduardo Palacio Soares – Bloco Síndromes Pediátricas I – GT3 
EXAME CLÍNICO 
Os principais aspectos que devem ser avaliados na história da moléstia atual (HMA) e exame físico de uma criança com 
processo diarreico crônico são: 
1) INÍCIO DA DIARREIA: a época do início da diarreia deve ser a mais precisa possível. 
• 1ºano de vida: causas mais frequentes são alergia alimentar e intolerância secundária a carboidratos 
• Entre 1 e 4 anos: as etiologias mais comuns são parasitoses (principalmente giardíase) e diarreia 
funcional. Nessa faixa etária também pode ocorrer desnutrição proteico-energética; 
• Após os 4 anos: intolerância à lactose torna-se a etiologia frequente. 
2) HISTÓRIA ALIMENTAR: deve-se investigar a correlação entre a diarreia e o período de amamentação ao seio; a 
época de introdução de cada alimento; ingestão de nutrientes de alto poder alergênico; os alimentos que mais causam 
intolerância (cafeína, chocolate, morango, corantes, conservantes); as dietas hiperosmolares; o consumo excessivo de 
líquidos e carboidratos; e a influência da introdução e da retirada de alimentos sobre o curso da diarreia. 
3) FATORES EPIDEMIOLÓGICOS: 
• Ocorrência de viagens antes do início dos sintomas, que sugere mudanças na microbiota intestinal; 
• Ingestão de água ou alimentos contaminados; 
• Contato com águas naturais em zonas endêmicas (ex.: esquistossomose); 
4) TRATAMENTO E CIRURGIAS PRÉVIAS: 
• Ingestão repetida de laxativos 
• Uso de antimicrobianos (pode alterar a microbiota intestinal, principalmente se usado nas últimas 6 a 
8 semanas); 
• Remoção da válvula ileocecal (relacionado a diarreia por supercrescimento bacteriano do intestino 
delgado); 
• Ressecção intestinal ocasiona síndrome do intestino curto 
5) SÍNDROME INFLAMATÓRIA: 
6) CARACTERÍSTICAS DAS EVACUAÇÕES: pelas características das evacuações, pode-se ter orientação do segmento 
intestinal mais afetado: 
• Intestino delgado: frequência evacuatória é baixa (1 a 5 vezes ao dia). 
-A dor abdominal, quando presente, atinge o mesogástrio e o flanco direito 
-Ocorre, geralmente, distensão abdominal e não há tenesmo; 
- Fezes volumosas, de cor clara e odor desagradável, contém alimentos maldigeridos e não 
apresentam muco, pus ou sangue. 
• Intestino grosso: frequência evacuatória elevada (mais de 10 vezes). 
- Dor abdominal, se presente, atinge o flanco esquerdo, fossa ilíaca e o hipogástrio 
- Não há distensão do abdome e frequentemente há tenesmo; 
- Volume fecal diminuído, cor escura, sem odor ou com odor pútrido, sem alimentos 
maldigeridos e pode apresentar muco, pus ou sangue. 
7) CONDIÇÕES ASSOCIADAS: 
• Passado de infecções graves e frequentes (imunodeficiência); 
• Consanguinidade (doenças genéticas); 
• História familiar de atopia – alergia alimentar 
• Dor abdominal (parasitoses, síndrome do intestino irritável, neoplasias e isquemia mesentérica. 
José Eduardo Palacio Soares – Bloco Síndromes Pediátricas I – GT3 
8) CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO: 
A avaliação nutricional considerando peso, estatura, prega cutânea e perímetro cefálico deve ser realizada. 
Informa a repercussão da doença sobre o organismo, principalmente quando há má-absorção intestinal. 
9) ALTERAÇÕES DO APARELHO DIGESTÓRIO: 
• Úlceras aftosas na boca, associadas a doença inflamatória intestinal e alergia alimentar; 
• Distensão abdominal: má-absorção de carboidratos e giardíase; 
• Lesões perianais 
• Tônus e contratilidade do esfíncter anal alterados, avaliados pelo toque retal, com consequente escape fecal, 
sugestivos de acometimento muscular ou neurológico; 
• Sangramento intestinal, detectado na alergia alimentar, em algumas parasitoses, nas doenças inflamatórias 
intestinais. 
• Alterações cutâneas: exantemas, urticárias, comuns na alergia alimentar 
• Dermatite perianal associada a distensão abdominal e eliminação de fezes explosivas: indica alteração na 
absorção de carboidratos, principalmente da lactose frequente em na diarreia persistente. 
10) SINAIS EXTRAINTESTINAIS: 
Os principais sinais extraintestinais que devem ser pesquisados são: 
• Estado de hidratação 
• Estado nutricional 
• Toxemia, sugestivo de infecção 
• Anemia, comum na alergia alimentar 
• Sinais respiratórios (sibilos, rinite, hemoptise): relacionados à alergia alimentar 
11) HISTÓRIA SEXUAL: 
Atividade sexual sem proteção é fator de risco para infecção por HIV e, consequentemente, para causas infecciosas 
do processo diarreico associado à síndrome de imunodeficiência adquirida. 
EXAMES COMPLEMENTARES 
COPROLÓGICOS 
• Exame parasitológico de fezes 
 
• Dosagem de gordura fecal: verificar esteatorreia 
 
• Pesquisa de gordura fecal: glóbulos grandes e numerosos de gordura por amostra sugerem má-absorção 
lipídica; 
• Pesquisa de substâncias redutoras nas fezes: auxilia no diagnóstico de má-absorção de carboidratos; 
• Pesquisa de sangue oculto nas fezes: indicado nos casos que cursam com anemia. Teste positivo indica doença 
inflamatória intestinal, neoplasias ou alergia alimentar; 
• Pesquisa de leucócitos nas fezes: leucócitos nas fezes indica processo diarreico inflamatório 
• PH fecal: pH<5,3 indica má-absorção de carboidratos; 
• Dosagem de eletrólitos nas fezes: Na diarreia secretória a concentração de eletrólitos, principalmente sódio 
(>80 mEq/L), está elevada 
• Osmolalidade fecal: Baixa osmolalidade (<290) indicam contaminação das fezes com água ou urina diluída. 
Valores elevados (>290) indicam componente secretório na produção da diarreia. 
 
 
José Eduardo Palacio Soares – Bloco Síndromes Pediátricas I – GT3 
 
BIOQUÍMICOS 
• Teste respiratório para má-absorção de carboidratos 
• Teste de sobrecarga de açucares 
• Dosagem de D + xilose 
• Avaliação da funçãopancreática 
• Dosagem de cloreto no suo 
BIÓPSIAS E ENDOSCOPIAS 
• Biópsia jejunal 
• Retossigmoidoscopia e colonoscopia 
• Endoscopia digestiva alta 
 
HEMATOLÓGICOS 
• Hemograma: parâmetros observados: anemia (presente em processos diarreicos que causam má-absorção); 
eosinofilia (parasitoses intestinais e alergia alimentar); neutrofilia (doenças com componente bacteriano); 
 
• Velocidade de hemossedimentação e proteína C reativa 
• Anticorpos para HIV 
• Dosagens quantitativas e qualitativas de imunoglobulinas 
 
MICROBIOLÓGICOS 
• Cultura do Aspirado Intestinal 
• Coproculturas 
IMAGEM 
• Trânsito intestinal com contraste de bário 
• Angiografia mesentérica 
• Estudos ultrassonográficos 
• Tomografia computadorizada 
DIAGNÓSTICO 
Muitas vezes só história clínica e exame físico são suficientes, como: no erro alimentar, na alergia e intolerância a 
nutrientes, desnutrição proteico-energética, na diarreia funcional, síndrome do intestino irritável e na diarreia 
persistente. 
Entretanto, em outros casos, exames complementares são necessários. 
A biopsia jejunal está alterada na doença celíaca e alergia alimentar. 
O teste do H2 expirado elucida má-absorção de açúcares e crescimento bacteriano no delgado. 
Confirma-se suspeita de erro alimentar se ocorrer interrupção do processo diarreico com a retirada da dieta de 
substâncias como sorbitol, lactose, sacarose, glicose, corantes ou conservantes. 
José Eduardo Palacio Soares – Bloco Síndromes Pediátricas I – GT3 
TRATAMENTO 
As doenças que causam diarreia serão tratadas de maneira específica. 
Entretanto, existem condutas comuns que devem ser aplicadas em todos os pacientes: 
• Determinar e tratar déficit de ferro, cálcio, magnésio, fósforo, oligoelementos e vitaminas; 
• Oferecer à criança dieta que promove constipação, para reduzir as perdas fecais durante a propedêutica; 
• Tratar possíveis atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor; 
• Diagnosticar e tratar os distúrbios emocionais da criança e da família, decorrentes de uma enfermidade 
crônica. 
PRINCIPAIS DOENÇAS CAUSADORAS DE DIARREIA QUE SE PROLONGA 
DIARREIA FUNCIONAL 
• 3 ou mais episódios de evacuações diárias, não dolorosas, de fezes volumosas e não formadas em período 
superior a 4 semanas. 
• As dejeções são feitas enquanto o paciente está acordado. 
• Início do processo entre 6 e 36 meses 
• Não há comprometimento do estado nutricional. 
• Sintomas se resolvem espontaneamente em idade escolar. 
• Devem ser excluídos: infecção intestinal ou do trato urinário, uso de laxantes ou antibióticos. 
• Na história dietética devem ser pesquisados: superalimentação, consumo excessivo de sucos de frutas ou 
sorbitol, ingestão de muito carboidrato e pouco lipídio, além de alérgenos. 
TRATAMENTO: evitar dieta restritiva que induz a privação calórica. Os pais devem ser bem orientados quanto à 
benignidade do quadro e que não há participação do alimento na etiologia da doença. 
SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL 
• É um distúrbio gastrointestinal funcional, portanto, não há alterações anatômicas ou bioquímicas. 
• Acomete crianças maiores/adolescentes. 
• Predomínio de diarreia ou constipação, com padrões variáveis de defecação. 
DIAGNÓSTICO: clínico, baseado em sinais e sintomas, e uma história bem detalhada de dor ou desconforto abdominal, 
que ocorreu em pelo menos 12 semanas (não necessariamente consecutiva), nos 12 meses anteriores e veio 
acompanhada de 2/3 das características: melhora com a defecação, início associado a mudanças da frequência das 
evacuações, início associado a mudanças nas características físicas das fezes. 
• Estado nutricional e crescimento não são afetados. 
• HF de colite inespecífica, constipação e distúrbios funcionais do AD é comum à suspeita de fatores 
psicológicos, individuas e familiares envolvidos na patogênese. 
EXAMES COMPLEMENTARES: não estão indicados em quadro clinico característico, mas é importante descartar: 
parasitoses, doenças inflamatórias, infecções bacterianas, intolerância a lactose, doença celíaca, etc. Ficar atento aos 
sinais de doença orgânica, como: dor ou diarreia que interrompem o sono, sangue nas fezes, atraso no crescimento, 
febre, erupções na pele, edema, etc. 
TRATAMENTO: lembrar aos pais da autenticidade da dor, explicar o que é doença funcional, falar sobre fatores 
comportamentais e ensinar técnicas que possam diminuir a intensidade da dor. 
• Alguns pacientes apresentam melhora com óleo de hortelã-pimenta em capsulas de liberação entérica. Em 
pacientes com predomínio de diarreia: antiperistálticos podem ser benéficos. 
• Pacientes com constipação: uso de procinéticos e fibras. 
• Consumo de carboidratos em excesso deve ser evitado (gera gases ao ser fermentado) e as crianças devem 
comer pausadamente e manter dieta mesmo nas crises. 
 
José Eduardo Palacio Soares – Bloco Síndromes Pediátricas I – GT3 
INTOLERÂNCIA SECUNDÁRIA A CARBOIDRATOS 
Mais comum em lactentes jovens e em desnutridos. 
Há agressão da mucosa jejunal com diminuição da atividade das dissacaridases, principalmente a das lactase e 
sacarase. 
O açúcar ingerido e não hidrolisado pelas enzimas intestinais é metabolizado no cólon por bactérias em 
monossacarídeos, ácidos orgânicos, H2 e CO2. Ocorre aumento do fluxo de água e secreção hidroeletrolítica pelo 
efeito dos ácidos para a luz intestinal. 
A frequência de evacuações é alta, fezes liquefeitas, com odor acre, eliminadas de maneira explosiva e podem ser 
espumosas. 
SINTOMAS: cólica, distensão abdominal por acúmulo de gases e geralmente, eritema perianal. Eles desaparecem 
quando se retira da dieta o açúcar mal tolerado. 
COMPROVAÇÃO DIAGNÓSTICA: pesquisa de substancia redutora nas fezes ou pela utilização do teste de hidrogênio 
expirado. 
TRATAMENTO: exclusão temporária do açúcar suspeito da dieta. A tolerância é restabelecida em dias ou semanas, 
quando a estrutura e funções da mucosa intestinal retornam ao normal. 
Obs: após os 4 anos, ocorre diminuição espontânea da atividade da lactase e muitas crianças tornam-se intolerantes 
a esse açúcar. A incidência varia entre etnias e populações. No nosso meio: 30% dos indivíduos após 6 anos, não 
toleram lactose. 
ALERGIA A PROTEÍNAS ALIMENTARES 
Comum em lactentes jovens. Acomete até 7% das crianças. A alergia a proteína do leite bovino é a mais frequente e 
por isso a mais estudada. 
ALERGIA PRIMÁRIA 
Acomete as crianças desde o nascimento, quadro clínico se inicia nos primeiros 12 meses de vida. É mais comum em 
filhos de pais também alérgicos. Estão presentes reações de hipersensibilidade do tipo I, III e IV (em forma isolada ou 
associada). 
Ocorrem manifestações clínicas do tubo digestivo, vias respiratórias e/ou pele. 
No aparelho digestório as reações podem se iniciar em até 30 dias após ingestão do alérgeno. São comuns: diarreia 
aguda, colite com ou sem sangramento, vômitos, cólicas, dor abdominal recorrente, asma brônquica e dermatite 
atópica. 
Nas manifestações crônicas: mais frequente é diarreia aquosa de início insidiosa, mas pode apresentar também colite 
crônica (com ou sem sangramento), síndrome da má-absorção intestinal, anemia, emagrecimento, irritabilidade, asma 
de repetição, refluxo gastroesofágico, dermatite. 
DIAGNOSTICO: teste desafio (retira-se a proteína agressora da dieta e quando houver melhora clínica faz-se a 
reintrodução. O aparecimento dos sintomas em até 30 dias confirma o diagnóstico.). 
TRATAMENTO: retirada da proteína agressora da dieta. 
Quanto mais precoce o início da doença, por mais tempo a criança permanecerá intolerante. A maioria dos pacientes 
volta a tolerar o leite com até 2 anos de exclusão (em alguns isso ocorre após os 5 anos). 
 
José Eduardo Palacio Soares – Bloco Síndromes Pediátricas I – GT3 
ALERGIA SECUNDÁRIA À PROTEÍNA DO LEITE BOVINO 
Provavelmente é desencadeada pela absorção de macromoléculas por uma mucosa intestinal que se tornou pouco 
seletiva, geralmente por uma inflamação ou lesão gerado por quadro infeccioso.DIAGNÓSTICO: teste do desafio. 
TRATAMENTO: retirada da proteína agressora. 
A tolerância a proteína agressora é restabelecida com a normalização da mucosa intestinal. 
Opções de substituição 
1. Leite materno 
2. Formulas com proteína de soja 
3. Hidrolisados proteicos de caseína, lactoalbumina ou soja. 
4. Sensibilidade extrema: formulas quem contém aminoácidos, triglicérides de cadeia média e glicose. 
5. Famílias de baixo poder econômico: fórmula cuja proteína é a carne de frango. Nesses casos tem que fazer 
complementação de cálcio e ir acrescentando legumes e verduras à alimentação (assim que for possível), além de 
iniciar polivitamínicos e ferruginosos para suprir a deficiência da dieta. 
PARASITOSES INTESTINAIS 
As parasitoses podem levar a diarreia intermitente, a giardíase é a causa mais comum. 
Lactentes menores: diarreia inespecífica, fezes liquefeitas, amarelo-esverdeadas. 
Infecções maciças (principalmente em crianças maiores): má-absorção, com fezes volumosas amarelo-palha e com 
alimentos mal digeridos. EF: distensão do abdome. 
Outros parasitos também podem levar a esse quadro. 
Diarreia colônica: contém muco, eliminadas com grande frequência me pequenas quantidades, pode haver sangue e 
é frequente o tenesmo evacuatório. 
DESNUTRIÇÃO PROTEICO-ENERGÉTICA PRIMÁRIA 
A diarreia nesses casos pode estar ligada a: hipocloridria, supercrescimento bacteriano do intestino delgado, lesões 
tróficas da mucosa, deficiência de dissacarídeos, alergia a proteínas alimentares, insuficiência pancreática e déficit 
imunológico, além da frequente associação de parasitoses e infecções intestinais. 
A diarreia não apresenta características especiais. 
DIAGNÓSTICO investiga-se parasitoses e infecções, além de outros mecanismos fisiopatológicos. 
TRATAMENTO: realimentação lenta e gradativa, utilizando alimentos em pequenos volumes. Há possibilidade de 
haver intolerância a lactose e as proteínas do leite bovino, portanto deve-se adequar a dieta a esses casos. Em alguns 
casos é necessário utilizar enzimas pancreáticas por algumas semanas e nos quadros em que não há melhora clínica, 
suspeitar de supercrescimento bacteriano. 
 
 
José Eduardo Palacio Soares – Bloco Síndromes Pediátricas I – GT3 
ERROS ALIMENTARES 
Afeta principalmente lactentes. 
Oferta de dietas hiperosmolares, formulas lácteas concentradas, sucos ou doces com alto teor de sorbitol, ingestão 
excessiva de sucos e doces ricos em carboidratos, principalmente monossacarídeos e dissacarídeos. 
Deve-se atentar para a história alimentar para fazer correção dietética. 
DOENÇA CELÍACA 
É uma enteropatia do intestino delgado proximal associada a permanente intolerância ao glúten. 
Alterações histopatológicas se fazem presentes, como: atrofia das vilosidades, hipertrofia das criptas, aumento da 
celularidade da lâmina própria e de linfócitos intraepiteliais. 
Há relação do início dos sintomas com a ingestão do glúten, com um período de latência de, em média, 3 meses. 
SINTOMAS: fezes volumosas, amarelo-palha, com alimentos mal digeridos, evacuando de 1 até 5x ao dia. Apetite em 
geral diminui, instala-se quadro de progressiva desnutrição. Criança está irritada, é dependente, chora fácil. 
Apresenta-se desnutrida, pálida, edema de membros inferiores, abdome globoso e flácido, submaciço à percussão. 
Musculatura de membros e glúteo se torna hipotrófica. 
Há involução do Desenvolvimento neuropsicomotor. 
SUSPEITA DIAGNÓSTICA é feita pela clínica e presença de anticorpos antigliadina, antiendomísio e/ou 
antitransgutaminase tecidual elevados. O DIAGNÓSTICO é confirmado pela biopsia jejunal. 
TRATAMENTO: dieta sem glúten pelo resto da vida. 
FIBROSE CÍSTICA 
A diarreia ocorre devido a insuficiência exócrina do pâncreas. 
Há má digestão de alimentos, principalmente lipídeos, com consequente esteatorreia. 
Pode haver quadro de hipoproteinemia, deficiência de vitaminas, coletasse, e equivalente do íleo meconial. 
DIAGNÓSTICO é confirmado pelo aumento de sódio e cloro no suor. 
A gordura fecal está muito aumentada e a biopsia jejunal encontra-se normal. 
TRATAMENTO DIETÉTICO: uso de enzimas pancreáticas em doses que levem a remissão dos sintomas. Também se 
recomenda uso de triglicerídeos de cadeia média na dieta e a ingestão diária de vitaminas lipossolúveis em doses 2x 
mais que as necessidades normais. 
DIARREIA PERSISTENTE 
Aproximadamente 2 a 3% dos casos de diarreia aguda evoluem por tempo superior a 2 semanas. 
Principais fatores relacionados à má-nutrição da diarreia: má-absorção de açúcares (principalmente lactose), 
desenvolvimento de alergia à proteína na dieta, supercrescimento bacteriano do ID, redução do pool de sais biliares 
e disfunção da válvula ileocecal. 
EXAME FÍSICO: comprometimento do estado nutricional. 
 
 
José Eduardo Palacio Soares – Bloco Síndromes Pediátricas I – GT3 
CONCEITUAÇÃO DA DIARREIA PERSISTENTE: 
 
Forma leve: diarreia pode ser intermitente, perdas hidroeletrolíticas não significativas, pouca repercussão sobre 
estado nutricional, mas existe incapacidade de ganhar peso e o valor de albumina sérica está normal. Boa parte das 
vezes existe má-absorção de lactose e pode haver alergia a proteína do leite de vaca. 
Forma moderada: maior frequência evacuatória, instabilidade hidroeletrolítica, sinais clínicos evidentes de perda de 
peso e pode haver diminuição da albumina sérica. 
Forma grave: Também chamada de diarreia protraída, tem perdas intestinas importantes, instabilidade 
hidroeletrolítica e agravamento significativo do estado nutricional. Também pode haver: baixos níveis de albumina, 
anemia e possíveis alterações tróficas da pele. É frequente o aparecimento de infecção sistêmica (principal causa de 
morte). 
EXAMES ÚTEIS: verificação visual das fezes (coloração, consistência, cheiro, presença de sangue, pus, restos 
alimentares, parasitos); avaliação do pH, cujo valor abaixo de 6 e presenta de corpos redutores acima de 0,5g% 
caracterizam intolerância aos açucares da dieta. 
Má-absorção de lactose pode ser detectada com a utilização do Clinitest. 
Exame microscópico de fezes sem coloração: pode identificar piócitos, cistos, trofozoitos e parasitos. 
Coprocultura tem valor restrito e não é boa para identificar patógeno. 
Exames como hemograma, dosagem sérica de proteínas, sódio, cloro, potássio, fosforo, cálcio, ureia e creatinina 
podem ser necessários. 
Nos casos de má-evolução: avalia-se a absorção de D-xilose, gordura fecal, hidrogênio expirado. A necessidade desses 
exames indica a internação para fazer o correto diagnóstico das causas menos comuns. 
OBS: Deve-se tomar cuidado com os exames de urina, devido dificuldades de colheita (própria diarreia e dermatite da 
área genital). 
 
José Eduardo Palacio Soares – Bloco Síndromes Pediátricas I – GT3 
TRATAMENTO: manutenção do estado de hidratação e adequada terapia nutricional. 
Hidratação: TRO é eficaz nos casos leves, nas formas graves deve-se avaliar a utilização inicial da via intravenosa. 
Dieta: Inicialmente é indicado dieta com baixo teor de lactose (pode-se utilizar formulas modulares praticamente sem 
lactose, que tem como fonte de carboidratos a dextrino-maltose e como fonte proteica as proteínas do leite de vaca). 
• Leite humano pode ser testado, pois é especifico e possui fatores de defesa que interferem na imunidade 
local, mas ele deve ser obtido de bancos de leite para diminuir o risco de infecções e além disso, seu uso não 
dispensa o acompanhamento adequado. 
• Substituição do leite de vaca: substituir por produtos lácteos fermentados (porque a lactose é parcialmente 
hidrolisada) ou uso de formula a base da proteína de soja (cuja fonte de carboidrato é sacarose ou 
dextrinomaltose). 
• Lactentes que recebiam sopas e frutas: mantê-los sem dieta láctea por um dia e dependendo do 
prolongamento dessa dieta, fazer suplementação adequada com cálcio. 
Obs: Casos de intolerância a lactose: recuperação da atividade da lactase se faz em 1 a 4 semanas, após 10-14 diasjá 
se pode tentar reintroduzir o açúcar. 
• Fórmulas a base de soja apresentam limitação devido a hipersensibilidade em até 50% dos casos. 
• A fórmula a base da carne de frango apresenta grande risco de contaminação e não deve ser utilizada sem 
acréscimo adequado de cálcio, oligoelementos e vitaminas. 
• Em alguns casos: utilização de fórmulas semielementares, que apresentam em sua composição nutrientes 
previamente digeridos. Mas o sabor dessa dieta não é agradável e é um produto de custo elevado, não 
acessível para baixa renda. 
Obs: Nos casos em que o volume de dieta aceito não é satisfatório pode haver uso de sonda nasogástrica. 
Obs: Lembrar que: ganho de peso é lento, principalmente nas formas graves e o controle do paciente deve ser diário. 
Se não houver melhora pode ser indicado internação. 
A maioria dos pacientes tolera o leite de vaca após 2 a 3 semanas de tratamento adequado, principalmente se a alergia 
for secundária, pois após a recuperação morfológica e funcional da mucosa gástrica, volta-se a tolerância, uma vez 
que a imunidade local do intestino não tem memória. 
Na alergia primária, desenvolve-se imunidade sistêmica e a intolerância se faz por mais tempo, sendo necessária a 
exclusão da dieta por período superior a um ano. Após reintrodução do leite de vaca a criança deve ser acompanhada 
por no mínimo 30 dias a fim de diagnosticar manifestações de sensibilidade tardia. 
MEDICAMENTOS 
• Uso rotineiro de medicamentos: não tem eficácia. 
• Diarreia com sangue e pus: provável infecção por Shigella. É indicado o uso de sulfatrimetoprim ou ácido 
nalidíxico por cinco dias. 
• Drogas antidiarreicas não tem valor comprovado no tratamento e podem onerar o tratamento e aumentar o 
risco de efeitos colaterais. 
• Uso de probióticos: pode ser indicado nos casos suspeitos de associação do uso de antibióticos. 
• Uso de zinco: indicado em todos os casos de diarreia persistente. Zinco está envolvido na síntese proteica, 
sendo importante na renovação celular intestinal.

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