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Pediatria Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Cardiopatias Congênitas em Pediatria ➔ Sempre buscar informações pré-natais que possam indicar maior risco de cardiopatias no RN; ○ Condições/exposições maternas → Ex.: Rubéola, diabetes, LES, uso de difenilhidantoína (DFH), talidomida, lítio, álcool, anfetaminas, AAS, anti-inflamatórios, etc. ○ Cromossomopatias → Ex.: Síndrome de Down, Síndrome de Turner, etc; ⇨ Sempre que a ecografia apresentar fácies típicas de alguma síndrome genética, atentar para o risco de possíveis cardiopatias congênitas. ○ Condições fetais → Ex.: Hidropsia fetal, mal-formações extra-cardíacas, arritmias, retardo do crescimento intrauterino (RCIU), poli ou oligodrâmnios, etc. Cianose: ● Sinal clínico que pode estar presente em 3 situações na pediatria: ○ Periférica ou Acrocianose: ⇨ Cianose de extremidades ao nascer; ⇨ Decorrente de vasoconstrição cutânea; ⇨ Normalmente decorrente do frio (diferença de temperatura entre o útero e o ambiente externo); ⇨ Deve-se realizar aquecimento do RN. ○ Policitemia: ⇨ Hematócrito > 65%; ⇨ Lactente assintomático: Observação + Hidratação endovenosa; ⇨ Lactentes sintomáticos com hematócrito > 65% → Exsanguineotransfusão (com SF). ✓ Objetivo: Diminuir o hematócrito para ≤ 55%; ✓ Explicação: Feto se encontra em estado de hipóxia "fisiológica" durante a gestação, o que faz com que tenha elevados níveis de eritropoietina e que, ao nascer, apresente hematócrito elevado. ○ Central: ⇨ Evidente quando > 5g de hemoglobina são reduzidas; ⇨ Cor azulada em mucosas, língua e unhas; ⇨ Apresenta extremidades aquecidas; ⇨ Muitas vezes decorrente de shunt D-E intracardíaco ou intrapulmonar. Teste do Coraçãozinho: ● Oximetria de pulso; ● Rastreamento de cardiopatias congênitas críticas (dependentes de canal arterial pérvio); ● Deve ser realizado em todo RN aparentemente saudável, com IG > 34 semanas, antes da alta da Unidade Neonatal; ● Local de aferição: MSD + um dos MI; ○ Para a aferição adequada, é necessário que o RN esteja com as extremidades aquecidas e o monitor evidencie uma onda de traçado homogêneo. ● Momento da aferição: Entre 24 e 48h de vida, antes da alta hospitalar; ○ Se, ao nascer, o RN já apresentar soprologia ou cianose, não é necessário aguardar 24h. A realização do teste não descarta a necessidade de realização de exame físico minucioso e detalhado em todo o RN antes da alta hospitalar! 1 Pediatria Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Resultados: ○ Normal: SatO2 periférica ≥ 95% em ambas as medidas (MSD e MI) e diferença < 3% entre elas; ○ Anormal: Caso qualquer medida da SatO2 periférica seja < 95% ou houver uma diferença > 3% entre as duas medidas, uma nova aferição deve ser realizada após 1h. Caso o resultado se confirme , realizar ecocardiograma nas próximas 24h; ○ Limitações: Sensibilidade de 75% e especificidade de 99%, logo, algumas cardiopatias críticas podem não ser detectadas pelo teste, principalmente aquelas do tipo coarctação de aorta. Avaliação do Paciente: ➔ Como avaliar uma criança com defeito cardíaco congênito? ○ É cianótica ou aciatótica? → Inspeção; ○ Existe algum sopro, arritmia ou bulha característica? → Ausculta; ○ Existe congestão pulmonar → RX; ○ Existe hipertrofia de câmara? → ECG. ➔ Confirmação: Eletrocardiograma com doppler e fluxo à cores e/ou cateterismo cardíaco. Classificação das Cardiopatias: ● Acianóticas: ○ Hiperfluxo pulmonar → Comunicação interventricular (CIV), comunicação interatrial (CIA), defeito do septo atrioventricular (DSAV); ○ Obstrutivas → Coarctação de aorta (dependente de canal arterial pérvio). ● Cianóticas: ○ Tetralogia de Fallot. Defeito de Septo Interventricular: ● DSIV ou CIV; ● Abertura no septo interventricular; ○ Separa o VE do VD e uma pequena extensão do AD. ● Shunt E → D, causando hiperfluxo pulmonar; ○ O sangue vai do VE para o VD porque a pressão da circulação pulmonar é menor do que a da sistêmica. ● É a anormalidade cardíaca mais comum nos pacientes pediátricos; ● Não causa grandes consequências hemodinâmicas; ● Sopro holossistólico localizado ao longo de toda a borda esternal esquerda; ● Grandes defeitos → ICC, irritabilidade, aumento do esforço respiratório, má alimentação e baixo ganho de peso. Exames: ○ RX de tórax; ○ Ecocardiografia com doppler (mistura de sangue venoso e arterial aparece amarelo ou verde-água); ○ Cateterismo cardíaco, angiografia e RM (mais invasivos, atualmente utilizados em situações remotas, quando o ECG não consegue definir a CIV com precisão). 2 Pediatria Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Tratamento: ○ Depende: ⇨ Tamanho de defeito; ⇨ Idade do paciente; ⇨ Anatomia do defeito; ⇨ Gravidade dos sintomas. ○ Objetivo: Aliviar sintomas e promover crescimento normal; ○ Consevador x Não conservador; ○ Medicamentoso: ⇨ Diuréticos → Furosemida; ⇨ Inibidor da enzima conversora de angiotensina (reduz a pós-carga) → Enalapril ou Captopril; ⇨ Digoxina; ○ Cirurgia: Análise prévia! ○ Sugere-se correção antes de atingir a idade escolar. Defeito de Septo Interatrial: ● CIA; ● Shunt E → D; ● Sobrecarga de volume importante nas câmaras direitas → Aumento de AD e VD; ● Maioria dos pacientes é assintomática; ● Pode haver leve cianose no período neonatal; ● Tipos: ○ Defeitos de óstio primário → Compromete coxins endocárdicos (embriologia); ○ Defeitos de óstio secundário → Defeito na fossa (forame) oval (fetal). ● Ausculta: Hiperfonese de B1 e desdobramento de B2. Exames: ○ RX tórax → Aumento da área cardíaca e de circulação pulmonar. Coração triangular (por aumento do AD e VD; ○ ECG → Ritmo sinusal, prolongamento de PR; ○ Ecocardiograma → Define diagnóstico. Tratamento: ○ Cirúrgico → Com catéter (se o defeito apresentar até 2 cm) ou cirurgia aberta (toracotomia). Persistência de Canal Arterial: ● PCA; ● O canal arterial é normal no feto, porém, considerado anormal se persistir após o nascimento; ○ Antes do nascimento, faz a ligação entre as artérias aorta e pulmonar (vital); ○ Antes do nascimento o sangue passa diretamente do lado direito para o lado esquerdo do coração, sem atravessar os pulmões; ○ As prostaglandinas (principalmente PGE) mantém o CA aberto no período fetal. 3 Pediatria Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ● No RN o CA é funcionalmente fechado em até 72h e estruturalmente selado aos 3 meses de vida; ○ Após o nascimento, a presença do O2 é o principal fator responsável pelo fechamento do CA. ● Rubéola e outras infecções virais durante o 1º trimestre de gravidez frequentemente resultam em PCA; ● Fatores predisponentes: Menor estado socioeconômico (nutrição perinatal inadequada), prematuridade, etc; Quadro clínico: ○ Sopro sistólico irradiando para dorso, podendo ser contínuo; ○ Desconforto respiratório (taquipnéia, dispnéia, tiragem intercostal); ○ Apnéia; ○ Cianose; ○ Casos mais graves: Insuficiência cardíaca, congestão pulmonar, hipoperfusão tecidual, hipotensão, etc. Exames: ○ RX de tórax → Cardiomegalia; ○ Ecocardiograma → Medida do tamanho do canal e repercussão hemodinâmica. Tratamento: ● Tratamento de suporte; ● Pacientes com PCA grande (sinais e sintomas de hipercirculação pulmonar, dispnéia, edema pulmonar) devem ser tratados com digoxina e diurético vigoroso; ● Endocardite bacteriana é uma complicação potencial de PCA (pensar em profilaxia); ● Clínico: Medidas de suporte (suporte respiratório, controle do balanço hídrico, diuréticos, aminas vasoativas e correção de distúrbios hidroeletrolíticos); ● Cirúrgico: Ideal nos 6 primeiros meses de vida. Interrupção completa do fluxo sanguíneo através do CA. Coarctação de Aorta: ● COA; ● Estreitamento (constrição) da junção do arco aórtico com a aorta descendente; ● 98% dos estreitamentos se localizam após a emergência da artéria subclávia esquerda; ● Sintomas: ○ Insuficiência cardíaca; ○ Angústia respiratória; ○ Choque cardiogênico. ● Sopro sistólico com clique de ejeção até frêmito (pode ser contínuo se manter PCA). Diagnóstico: ○ Clínico → Diferença entre pulsos de MMII e MMSS; ○ Ausência ou diminuição de pulsos em MMII. 4 Pediatria Gabriela TeixeiraATM 2024/2 ○ No exame físico do RN, os pulsos de MMII são ausentes se o canal arterial estiver fechado, se estiverem presentes, indica grande permeabilidade do CA; ○ Se ocorrer a contração do CA, teremos sinais graves de descompensação cardíaca, pois a aorta não apresentará luz suficiente para manter o fluxo vascular; ○ Uso de prostaglandinas → Dilatação do CA → Melhora clínica até tratamento posterior. ★ Como manter o CA aberto: ⇨ Evitar O2; ⇨ Hidratação adequada; ⇨ Prostaglandinas EV; ⇨ Stent CA; ⇨ Shunt cirúrgico. ○ Exames complementares → RX de tórax, ECG, ecocardiograma, arteriografía, angiotomografia computadorizada; ○ Cirúrgico → Tratamento padrão. Cateterismo por angioplastia com balão em pacientes com reestenose; ○ Endocardite é risco vitalício; ○ Aneurisma congênito (10%). Tetralogia de Fallot: ● 6% dos lactentes nascidos com cardiopatias congênitas; ● Etiologia desconhecida; ● 4 características: ○ DSIV (1); ○ Estenose pulmonar (infundibular) (2). ○ Cavalgamento aórtico (3); ○ Hipertrofia de VD (4). ● Chances de outras malformações extracardíacas (ex.: lábio leporino, fenda palatina, hipospádia, malformações esqueléticas, etc); ○ Exemplos de associações de malformações congênitas: ⇨ VACTERL → Verebral, Anal, Cardíaca traqueal, Esofágica, Renal e Membros (limbs). ⇨ CHARGE → Coloboma, Cardíaco (heart), Atresia de coanas, Retardo de crescimento e desenvolvimento, anomalias Genitais e Auditivas (ear). Exames Complementares: ○ RX tórax → Coração em bota; ○ Ecocardiografia → Estimar o gradiente pela via de saída do VD; ○ Cateterismo e Angiografia → Importantes para prognóstico cirúrgico. Sinais e Sintomas: ○ Cianose → Pode ser leve e indetectável em repouso, piora com atividade física; ○ Dispnéia → Ao esforço, menor tolerância ao exercício; ○ Crises de tetralogia → Cianose, ↑ FR e ↑ profundidade da respiração; ○ Baqueteamento digital; ○ Sopro sistólico de ejeção. 5 Pediatria Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Tratamento: ○ Clínico: ⇨ Para anormalidades não cardíacas; ⇨ Anemia ou policitemia; ⇨ Prevenir infecções; ⇨ Crises hipoxêmicas; ✓ Acocoramento ou agachamento → ↑ resistência arterial sistêmica e ↑ imediato da SatO2 arterial sistêmico. ⇨ Acidose metabólica; ⇨ Betabloqueador (propranolol). ○ Cirúrgico: ⇨ Anastomose Blalock-Taussig → Término-lateral entre artérias subclávia e pulmonar; ⇨ Anastomose Blalock-Taussig “Modificada” → Interposição de um tubo entre as artérias subclávia e pulmonar. ✓ Risco de endocardite infecciosa; ✓ Profilaxia antibiótica para procedimentos odontológicos ou cirúrgicos. 6
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