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SEMINÁRIO DE CASA III 1.Que são fontes do “Direito”? Qual a utilidade do estudo das fontes do direito tributário? Defina o conceito de direito e relacione-o com o conceito de fontes do direito. Aqui, nos deparamos mais uma vez com o conhecido problema da polissemia de palavras e expressões, de modo que alguns cortes metodológicos são imprescindíveis para que se obtenha a resposta de tal questionamento. A professora Aurora Tomazini1, compactuando dos ensinamentos de Paulo de Barros Carvalho, ao falar sobre esse tema nos chama a atenção sobre a necessidade de delimitarmos logo de início a definição das palavras “fonte” e “direito”. Sem muitas variações, “fonte” nos remete sempre a ideia de origem, o que é bastante pertinente e conveniente para o estudo das fontes do direito. Já o vocábulo “direito” padece de sua ambiguidade característica, de modo que a definição que nos interesse nesse momento é aquela que coloca o direito como um conjunto de enunciados prescritivos, organizados em um sistema, reguladores das condutas humanas. Pois bem, como nasce o direito sob o ângulo jurídico? Qual sua fonte? Paulo de Barros2 entende por fontes do direito “os focos ejetores de regras jurídicas, isto é, os órgãos habilitados pelo sistema para produzirem normas numa organização escalonada, bem como, a própria atividade desenvolvida por essas entidades”. Essa atividade é o que o referido autor denomina de enunciação. Nesse sentido, Tomazini enfatiza que “sem o ato de vontade e a realização do procedimento próprio por autoridade competente, tal norma nunca existiria no mundo jurídico. É por isso que tomamos a enunciação como fonte do direito.” Dessa forma, o estudo das fontes do direito se mostra da maior importância, visto que através dele podemos analisar e identificar se um determinado processo legislativo possui vícios decorrente da não observância das regras de produção normativa do ordenamento jurídico. 2. Os costumes, a doutrina, os princípios de direito, a jurisprudência e o fato jurídico- tributário são fontes do direito? E as indicações jurisprudenciais e doutrinárias, contidas nas decisões judiciais são concebidas como “fontes de direito”? A professora Aurora Tomazini, de forma bastante elucidativa, se posiciona no sentido de não considerar os costumes, a doutrina, os princípios e a jurisprudência como fontes do direito, visto que, de acordo com seu entendimento, não possuem o condão de modificar o direito em si. Na mesma linha de raciocínio Tárek Moysés Moussallem3 diz que “os fatos jurídicos produtores de normas seriam aqueles juridicizados por normas de estrutura e não por normas de comportamento, o que de plano rechaça a possibilidade de o fato jurídico-tributário ser fonte do direito.” 1 Aurora Tomazini, Curso de Teoria Geral do Direito; 2 Paulo de Barros Carvalho, Curso de Direito Tributário, 2021; 3 MOUSSALLÉM, Tárek. Fontes do direito tributário. 2. ed. São Paulo: Noeses, 2006; Como compactuamos com o entendimento dos nobres juristas acima mencionados, não seria coerente considerarmos as indicações jurisprudenciais e doutrinárias nas decisões judiciais como fontes do direito. A doutrina, como ciência do direito que é, tem função crítico-descritiva, e por mais que certas posições doutrinárias possam parecer acertadas ou inovadoras, não possui força de alterar/influenciar o direito positivo. Da mesma forma, as indicações jurisprudenciais. Aqui, sempre voltamos para a questão central: Nada disso tem a força de modificar ou criar o direito. É válido lembrar do corte metodológico feito pelos autores que pregam este entendimento, sempre preocupados em se restringirem à dogmática jurídica, de modo que não discordam que tais elementos possam servir de fonte sob outros pontos de vista (Ex.: fonte psicológica do direito). 3. Quais são os elementos que diferenciam o conceito de fontes do Direito adotado pela doutrina tradicional e da doutrina de Paulo de Barros Carvalho? Relacione o conceito de fontes do Direito de acordo com a doutrina de Paulo de Barros Carvalho com a atividade da autoridade administrativa que realiza o lançamento de ofício. Há diferença quando o crédito é constituído pelo contribuinte? Um considerável número de juristas, pertencentes ao grupo da doutrina tradicional(integrado pela corrente majoritária) entendem que o direito pode ser criado/alterado pelo próprio direito (Ex.:Lei X ingressou no Sistema S baseada na Lei Y). Embora existam distinções classificatórias entre os autores tradicionais, a grande maioria considera que a lei(norma e documento normativo), os costumes, a doutrina e a jurisprudência são fontes do direito. Em meio a tais ideias, essa mesma doutrina divide as fontes em formais(lei, sentença, ato administrativo, resolução, portarias etc) e materiais(fatos da realidade social que motivam a produção). Pois bem, o professor Paulo de Barros Carvalho, de forma acertada, logo de início, rechaça a classificação das fontes utilizada pela doutrina tradicional(formais e materiais), e substitui a figura da fonte formal pelo “veículo introdutor de norma”(primário e secundário). As fontes primárias seriam: Lei Constitucional(Constituição Federal e Emenda C.), Lei Complementar, Lei Ordinária, Lei Delegada, Medida Provisória, Decreto Legislativo e Resolução do Senado. Por qual motivo são denominadas “primárias”? Porque introduzem, segundo Paulo de Barros, “regras inaugurais” ao ordenamento jurídico. Já as normas secundárias (decretos regulamentares; as circulares; portarias; atos normativos etc.), são hierarquicamente inferiores às normas primárias, não possuindo condão de por si só serem normas jurídicas completas. A doutrina tradicional, de forma confusa, não trata o presente tema com o rigor científico necessário e acaba por misturar as fontes jurídicas com as fontes de ciências diversas. 4.Quais as diferenças entre ciência do direito e direito positivo? Desenvolva o fundamento descrito por Tárek Moysés Moussallem no sentido de que o “nascedouro do direito altera-se de acordo com a ciência que o investiga”. Sob esse referencial, qual sua opinião sobre as fontes do direito para a ciência do direito? Apesar de ambos serem textos jurídicos e serem representados pela mesma palavra, Direito Positivo e Ciência do Direito são coisas distintas. Enquanto o Direito Positivo está relacionado ao campo das normas jurídicas(o texto legal/conjunto de enunciados), a Ciência do Direito estuda as proposições jurídicas, através da descritividade crítico-explicativa do ordenamento positivo. Sob o ponto de vista do tema fontes do direito, o que nos interessa acerca dessa distinção é a delimitação dos aspectos relevantes para a dogmática jurídica. Nesse sentido, a professora Aurora nos ensina, direcionada pelos ensinamento do professor Tárek, que o direito positivo pode ser tomado como objeto de várias ciências, de modo que cada uma delas se utilizará de diferentes fontes. Então, como foi dito, o ângulo do nosso estudo deverá ser sempre jurídico (a fonte está dentro do próprio Sistema), não nos servindo aquilo que é fonte para outras ciências. 5.Que posição ocupa, no sistema jurídico, norma inserida por lei complementar que dispõe sobre matéria de lei ordinária? Para sua revogação é necessária norma veiculada por lei complementar? (Vide anexos I, II, III IV e V). Nada impede, devido ao seu quórum qualificado, que uma lei complementar verse sobre matéria de lei ordinária. O que não é possível é lei ordinária tratar sobre matéria reservada à lei complementar, sob pena de ser considerada inconstitucional. Pois bem, considerando que não existe hierarquia legislativa, apesar da reserva relacionada à matéria tratada, não seria necessária norma veiculada por lei complementar para revogar norma inserida por pela mesma que dispõe sobre matéria de lei ordinária, sendo esta a posição adotada pelo Supremo Tribunal Federal. 6. O preâmbulo da Constituição Federal e a exposição de motivosintegram o direito positivo? São fontes do direito? (Vide anexos VI e VII) Embora o STF tenha se manifestado no sentido de que o preâmbulo não possui força normativa, acreditamos ser este um produto da enunciação e não a enunciação em si mesma, integrando, dessa forma, o direito positivo. Nesta mesma linha, a professora Aurora Tomazini4 coloca a exposição de motivos como um texto criado no curso de um processo enunciativo, ou seja, pertencente ao Sistema e também integrante do direito positivo. Aqui, o legislador, certamente por conta da importância do marco histórico(constituinte de 1988), fez algo incomum, que foi expressar em forma de enunciado a sua vontade, de forma quase literal. Por isso, a referida professora diz que a exposição de motivos é uma “enunciação-enunciada não presente no corpo do próprio documento (lei x, decreto legislativo y, medida provisória z, etc.), mas constante do sistema, a qual a enunciação-enunciada no documento se remete.”. Dessa forma, por estas razões, não consideramos o preâmbulo e a Constituição Federal como fontes do direito. 7. A Emenda Constitucional n. 42/03 previu a possibilidade de instituição da PIS/COFINS- importação. O Governo Federal editou a Lei n. 10.865/04 instituindo tal exação. (a) Identificar as fontes materiais e formais da Constituição Federal, da Emenda 42/03 e da Lei 10.865/04. (b) Pedro Bacamarte realiza uma operação de importação em 11/08/05; este fato é fonte material do direito? (c) O ato de ele formalizar o crédito tributário no desembaraço aduaneiro e efetuar o pagamento antecipado é fonte do direito? 4 Aurora Tomazini, Curso de Teoria Geral do Direito; (a) Constituição Federal: Veículo introdutor de norma(fonte formal). Paulo de Barros Carvalho classifica como um “veículo introdutor primário”. Produzida pelo poder constituinte originário/Assembleia Constituinte ( Fonte material); Emenda 42/03 (Lei constitucional): Veículo introdutor primário (fonte formal). Deve seguir os termos do art.60 da CF. Tem condão de alterar o texto constitucional, inserindo normas de mesma hierarquia. Seu procedimento requer maioria absoluta no Congresso Nacional, em ambas as casas. (Fonte material). Lei 10.865/04 (Lei ordinária): Veículo introdutor primário (fonte formal). Requer reunião de maioria simples no Congresso Nacional(fonte material). (b) Sim, desde que previsto na hipótese de incidência da norma. O fato social, quando está juridicizado, possui a capacidade de criar normas jurídicas. (c)Sim, a formalização de crédito tributário é seu lançamento, que por sua vez, é um ato administrativo (veículo introdutor de norma). O pagamento antecipado é fato juridicizado do mundo físico-social previsto como obrigação principal(fonte material). 8.Diante do fragmento de direito positivo abaixo, responda: a) Identifique os seguintes elementos da Lei n. 10.168/00: (i) enunciados-enunciados, (ii) enunciação-enunciada, (iii) instrumento introdutor de norma, (iv) fonte material, (v) fonte formal, (vi) procedimento, (vii) sujeito competente, (viii) preceitos gerais e abstratos e (ix) norma geral e concreta. (I) Suporte físico das normas jurídicas. Preceitos gerais, abstratos, individuais e concretos. Todo o conteúdo prescritivo(mensagem positivada). (II) Elementos identificadores do momento em que ocorreu o ato de enunciação: “29 DE DEZEMBRO DE 2000, D.O.30/12/2000”(data); “O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei”(agente competente); “Institui contribuição de intervenção de domínio econômico destinada a financiar o Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para o Apoio à Inovação e dá outras providências”(exposição de motivos); “Brasília” (local); (III) A própria Lei nº 10.168/00; (IV) Enunciação. É o processo/procedimento que resulta no produto; (V) Veículo introdutor da norma. É a própria lei; (VI) Procedimento constitucionalmente previsto( Ex.: Reunião de quórum necessário); (VII) Ente político: União. Órgão legiferante: Congresso Nacional. Órgão Sancionador: Poder executivo; (VIII) Art.1 e art.8; (IX) Art. 2º. b) Os enunciados inseridos na Lei n. 10.168/00 pelas Leis n. 11.452/07 e n. 10.332/01 passam a pertencer à Lei n. 10.168/00 ou ainda são parte integrante dos veículos que os introduziram no ordenamento? No caso de expressa revogação da Lei n. 10.168/00, como fica a situação dos enunciados veiculados pelas Leis n. 11.452/07 e n. 10.332/01? Pode-se dizer que também são revogados, mesmo sem a revogação expressa dos veículos que os inseriram? Os enunciados inseridos na Lei nº 10.168/00 pelas Leis nº 11.452/07 e nº 10.332/01 passam a pertencer à Lei nº 10.168/00, alterando integralmente ou parcialmente o seu conteúdo. No caso de expressa revogação da Lei 10.168/00, os enunciados introduzidos por outros veículos serão tacitamente revogados, visto que, apesar de terem sido introduzidos ao sistema em veículo diverso, fazem parte, na verdade, da lei que foi revogada. http://www.leidireto.com.br/lei-11452.html http://www.leidireto.com.br/lei-10332.html http://www.leidireto.com.br/lei-11452.html http://www.leidireto.com.br/lei-10332.html
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