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Módulo Tributo e Segurança Jurídica O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. Seminário III MÓDULO: TRIBUTO E SEGURANÇA JURÍDICA FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO Aluna: Mariana Carla de Araújo Silva IBET Maceió Questões 1. Que são fontes do “Direito”? Qual a utilidade do es- tudo das fontes do direito tributário? Defina o conceito de direito e relacione-o com o conceito de fontes do direito. Há divergências na doutrina a respeito das fontes do Di- reito. Paulo de Barros Carvalho em sua obra Direito Tribu- tário, Linguagem e Método afirma: Por fontes do direito havemos de compreender os focos ejetores de regras jurí- dicas, isto é, os órgãos habilitados pelo sistema para pro- duzirem normas, numa organização escalonada, bem como a própria atividade desenvolvida por essas entidades, ten- do em vista a criação de normas. O significado da expres- são fontes do direito implica refletirmos sobre a circuns- tância de que regra alguma ingressa no sistema do direito positivo sem que seja introduzida por outra norma, que Módulo Tributo e Segurança Jurídica O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. chamaremos, daqui avante, de “veículo introdutor de nor- mas”. Logo, seguindo esse raciocínio, entende-se que as fontes do direito estão presentes na enunciação. O estudo das fontes do direito tributário é extremamente relevante, levando-se em conta que um dos princípios do direito tributário é o da estrita legalidade. Sendo assim, através do estudo das fontes é possível analisar o aspecto de validade das normas de direito tributário. A respeito do conceito de direito há uma pluralidade de acepções. Paulo de Barros Carvalho assevera: “o direito é um plexo de normas jurídicas positivadas em determinado país.”. Portanto, as fontes do direito são onde “nasce o di- reito”, momento em que as normas jurídicas passam a ser positivadas e ingressam no ordenamento jurídico. 2. Os costumes, a doutrina, os princípios de direito, a jurisprudência e o fato jurídico tributário são fontes do direito? E as indicações jurisprudenciais e doutri- nárias, contidas nas decisões judiciais são concebidas como “fontes de direito”? Os costumes, a doutrina, os princípios do direito, a juris- prudência e o fato jurídico tributário não são fontes do di- reito, pois, não originam um novo direito, estes influenci- am a linguagem do direito. Por fim, as decisões jurispru- denciais e a doutrinárias também não são fontes do direito positivo, pois, como afirma Paulo de Barros Carvalho “Seu discurso descritivo não altera a natureza prescritiva do direito.”. 3. Quais são os elementos que diferenciam o conceito de fontes do Direito adotado pela doutrina tradicional e da doutrina de Paulo de Barros Carvalho? Relacione o conceito de fontes do Direito de acordo com a dou- trina de Paulo de Barros Carvalho com a atividade da Módulo Tributo e Segurança Jurídica O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. autoridade administrativa que realiza o lançamento de ofício. Há diferença quando o crédito é constituído pe- lo contribuinte? A doutrina não é pacifica com relação às fontes do direito. Contudo, para a maioria da doutrina tradicional, as fontes do direito representam elementos fáticos, históricos, so- ciológicos, materiais e formais que antecedem o “surgi- mento” do direito e das normas jurídicas. E neste sentido, grande parte da doutrina afirma que as leis, os costumes, a jurisprudência e a doutrina são fontes do direito. Por outro lado, Paulo de Barros Carvalho afirma que as fontes do di- reito são aquelas ditas como “focos ejetores de normas ju- rídicas”. Sendo assim, não considera leis, costumes, juris- prudência e doutrina como fontes do direito. Logo, enten- demos que a fonte do direito está no processo de enuncia- ção. Relacionando o conceito de fontes do Direito ao lança- mento de ofício entende-se que esse é uma fonte do direito, pois, trata-se de um ato de vontade, com procedimento próprio e executado por autoridade competente, ocorren- do, assim, a enunciação. Além disso, o crédito constituído pelo contribuinte, também possui essas características. 4. Quais as diferenças entre ciência do direito e direito positivo? Desenvolva o fundamento descrito por Tárek Moysés Moussallem no sentido de que o “nascedouro do direito altera-se de acordo com a ciência que o in- vestiga”. Sob esse referencial, qual sua opinião sobre as fontes do direito para a ciência do direito? O direito positivo está voltado à disciplina do comporta- mento humano, com relação à intersubjetividade do sujei- to, instituindo-se para a organização das relações inter- pessoais. Ou seja, a relação intrasubjetiva do sujeito não Módulo Tributo e Segurança Jurídica O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. tem importância, leva-se em conta apenas aquilo que o ser humano exterioriza. Paulo de Barros Carvalho explica que o direito positivo tem caráter prescritivo, e a Ciência do Direito tem caráter descritivo, pois, dentre outros, tem as preposições do direito positivado como objeto de estudo. O fundamento de Tárek Moysés Moussalem afirma que o direito positivo é alterado à medida que a Ciência do Di- reito o estuda. É fato que o mundo social está em constante mudança, e a Ciência do Direito as investiga. Na minha visão, as fontes do direito positivo são um dos objetos de análise da Ciência do Direito. E Paulo de Barros Carvalho afirma que são fontes da Ciência do Direito todas aquelas que ajudam na compreensão do fenômeno jurídico. 5. Que posição ocupa, no sistema jurídico, norma inse- rida por lei complementar que dispõe sobre matéria de lei ordinária? Para sua revogação é necessária norma veiculada por lei complementar? (Vide anexos I, II, III IV e V). Não há hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. O que acontece é a distribuição material entre as espécies legais, é o que se entende da leitura da AI n. 702.533/RJ, no Anexo I. Nesse caso, a norma em comento, apesar de inse- rida no ordenamento jurídico por lei complementar, se enquadra apenas formalmente nos moldes de lei comple- mentar, pois, materialmente, se trata de lei ordinária. Sen- do assim, é possível a revogação dessa norma por lei ordi- nária. Contudo, no caso de matérias reservadas a lei com- plementar, sua revogação somente poderá ocorrer por lei complementar. 6. O preâmbulo da Constituição Federal e a exposição de motivos integram o direito positivo? São fontes do direito? (Vide anexos VI e VII). Módulo Tributo e Segurança Jurídica O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. Sim, embora o preâmbulo da CF e a exposição de motivos tenham características diferentes, ambos têm caráter prescritivo, portanto, integram o direito positivo. Contudo, em sentido oposto, o Min. Carlos Velloso, no julgamento da ADI n. 2076/AC, mencionada no Anexo VII, afirma que o Preâmbulo da CF se trata de posição ideológica do consti- tuinte, especificamenteno trecho “sob a proteção de Deus”, sendo assim, no julgamento da ADI em comento, o referido trecho, parte do preâmbulo, não foi considerado norma central. Seguindo o raciocínio anterior, considerando que o pre- âmbulo da CF e a exposição de motivos são parte integran- te do direito positivo, não é possível considerá-las como fontes do direito. 7. A Emenda Constitucional n. 42/03 previu a possibi- lidade de instituição da PIS/COFINS-importação. O Go- verno Federal editou a Lei n. 10.865/04 instituindo tal exação. (a) Identificar as fontes materiais e formais da Constituição Federal, da Emenda 42/03 e da Lei 10.865/04. (b) Pedro Bacamarte realiza uma operação de importação em 11/08/05; este fato é fonte material do direito? (c) O ato de ele formalizar o crédito tribu- tário no desembaraço aduaneiro e efetuar o pagamen- to antecipado é fonte do direito? a) Quanto às fontes formais: Constituição - Sua fonte for- mal é decorrente do procedimento estabelecido pelo poder constituinte originário; EC n° 42/03 - Emenda Constitu- cional; Lei n° 10.865/04 - Lei Ordinária. E as fontes mate- riais: O conteúdo que fora enunciado. b) Sim, quando esse fato é juridicizado torna-se fonte ma- terial do direito. c) Não, esses atos são considerados cumprimento de obri- gações tributárias. Módulo Tributo e Segurança Jurídica O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. 8. Diante do fragmento de direito positivo abaixo, res- ponda: LEI N. 10.168, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2000, D.O. 30/12/2000 Institui contribuição de intervenção de domínio econômico destinada a financiar o Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para o Apoio à Inovação e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: faço saber que o Con- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º Fica instituído o Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para o Apoio à Inovação, cujo obje- tivo principal é estimular o desenvolvimento tecnológico brasileiro, mediante programas de pesquisa científica e tecnológica cooperativa entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo. Art. 2º Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior, fica instituída contribuição de interven- ção no domínio econômico, devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimen- tos tecnológicos, bem como, aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior. § 1º Consideram-se, para fins desta Lei, contratos de transferência de tecnologia os relativos à exploração de patentes ou de uso de marcas e os de fornecimento de tec- nologia e prestação de assistência técnica. Módulo Tributo e Segurança Jurídica O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. § 1º-A. A contribuição de que trata este artigo não incide sobre a remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computa- dor, salvo quando envolverem a transferência da corres- pondente tecnologia. (Incluído pela Lei n.. 11452, de 2007). § 2º A partir de 1º de janeiro de 2002, a contribuição de que trata o caput deste artigo passa a ser devida também pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que te- nham por objeto serviços técnicos e de assistência admi- nistrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, bem assim pelas pessoas jurí- dicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior. (Redação da pela Lei 10.332, de 19.12.2001). § 3º A contribuição incidirá sobre os valores pagos, credi- tados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de remu- neração decorrente das obrigações indicadas no caput e no § 2º deste artigo. (Redação da pela Lei 10.332, de 19.12.2001). § 4º A alíquota da contribuição será de 10% (dez por cen- to). (Redação da pela Lei 10332, de 19.12.2001). (...) Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, aplicando-se aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2001. Brasília, 29 de dezembro de 2000; 179º da Independência Módulo Tributo e Segurança Jurídica O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. e 112º da República. (FERNANDO HENRIQUE CARDOSO) a) Identifique os seguintes elementos da Lei n. 10.168/00: (i) enunciados-enunciados, (ii) enuncia- ção-enunciada, (iii) instrumento introdutor de norma, (iv) fonte material, (v) fonte formal, (vi) procedimento, (vii) sujeito competente, (viii) preceitos gerais e abs- tratos e (ix) norma geral e concreta. (i) Estão presentes nos artigos 1º, 2º e 8º, que veiculam a mensagem motivadora da enunciação (as normas); (ii) Está presente em: “LEI N. 10.168, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2000, D.O. 30/12/2000”; “O PRESIDENTE DA REPÚ- BLICA: faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:” e “Brasília, 29 de dezembro de 2000; 179º da Independência e 112º da República.”; (iii) A lei nº 10.168/2000; (iv) São os fatos sociais e políticos inseridos na referida lei; (v) A lei ordinária nº 10.168/2000; (vi) Encontra-se previsto na CF; (vii) A União; (viii) Encontram-se no art. 1º da lei nº 10.168/2000; (ix) Encontram-se no art. 2º da lei nº 10.168/2000. b) Os enunciados inseridos na Lei n. 10.168/00 pelas Leis n. 11.452/07 e n. 10.332/01 passam a pertencer à Lei n. 10.168/00 ou ainda são parte integrante dos ve- ículos que os introduziram no ordenamento? No caso de expressa revogação da Lei n. 10.168/00, como fica a situação dos enunciados veiculados pelas Leis n. 11.452/07 e n. 10.332/01? Pode-se dizer que também são revogados, mesmo sem a revogação expressa dos Módulo Tributo e Segurança Jurídica O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. veículos que os inseriram? Os enunciados inseridos na Lei n. 10.168/00 passam a pertencer a esta lei. Portanto, caso haja a revogação da re- ferida lei, as leis inseridas a ela serão revogadas tacita- mente.
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