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→ Está entre as 6 doenças mais importantes no planeta, de países subtropicais. São zoonoses, afetam animais domésticos (cães) e silvestres. → Ciclo heteroxemico, dependem de 2 hospedeiros: vertebrados - mamíferos e os invertebrados, que são mosquitos palha, cuja fêmeas são hematófagas. Não existe forma cística em nenhuma forma. → Do reino protozoa, filo sarcomastigophora (em que existem flagelos), do subfilo mastigophora (com 1 ou mais flagelos), classe zoomastigophorea. → Ordem: kinetoplastida em que pode haver um ou 2 flagelos no protozoário, nesse caso possuem um. → Da subordem trypanosomatina em que pode haver um flagelo livre. Família trypanosomatídeo – são parasitos obrigatórios, e as espécies com interesse médico são: trypanossoma cruzi, leishmania brasiliensis – LTA (principal da forma tegumentar), e leishmania infantum (único responsável pela LVA) – leishmaniose visceral americana. Existem outras espécies mais raras. → Há quatro formas clínicas: ✓ A forma cutânea localizada é caracterizada por lesões ulcerosas, indolores, únicas ou múltiplas; Corresponde ao local da picada. ✓ A forma disseminada apresenta múltiplas úlceras cutâneas por disseminação hematogênica ou linfática; ✓ A cutaneomucosa é caracterizada por lesões mucosas agressivas que afetam as regiões nasofaríngeas. Doença mutiladora, se não houver tratamento precoce o individuo poderá perder o nariz, será removido pelo processo inflamatório. ✓ Forma difusa com lesões nodulares não ulceradas – produzida principalmente pela leishmania amazonenses. → Morfologia: ✓ Formas amastigotas: destituídas de flagelos, apresenta-se tipicamente, ovoides ou esféricas, parasitos intracelulares obrigatórios do SFM (sistema fagocitário mononuclear) de vertebrados. São capacidades de se multiplicar no interior dos macrófagos. Enzimas lisossomais vão ajudar na multiplicação. ✓ Formas promastigotas: são formas alongadas em cuja região anterior emerge um flagelo livre. Presentes no trato digestivo e glândulas salivares de mosquitos palha (Lutzomyia sp.). Elas que vão invadir o organismo do hospedeiro vertebrado, serão injetados juntamente com a saliva as formas promastigotas. Serão especialistas em invadir as células do SFM, e invadindo as células as formas vão sofrer uma alteração morfológica e vão originar formas amastigotas, que estão adaptadas aos macrófagos e serão capazes de se dividir por divisão binária, até que os macrófagos se rompam e liberam essas formas amastigotas no meio extracelular, que serão fagocitados por outros macrófagos dando continuidade ao ciclo. ✓ Formas paramastigotas: apresentam-se ovais ou arredondadas. São encontradas aderidas ao epitélio do trato digestivo dos mosquitos pelo flagelo através de hemidesmossomas, então tem como finalidade manter os mosquitos parasitados por leishmania enquanto viverem. Vão se multiplicar continuamente originando essas formas durante a hematofagia, ou seja, quando os mosquitos vão se alimentar dos hospedeiros vertebrados, essas formas serão colocadas no organismo do hospedeiro – penetraram nas SFM e se transformarão em amastigotas. Obs.: o mecanismo da leishmania visceral é o mesmo, a diferença é que as formas do protozoário dos brasilienses e dos outros tegumentares, é que eles vão se multiplicar a nível de tecidos cutâneos ou na região nasofaríngea do indivíduo. Na visceral, os amastigotas se multiplicam em células de órgãos internos. Forma amastigota Forma promastigota → Ciclo biológico: → Então, por divisão binária e diferenciação as formas paramastigotas vão produzir formas promastigotas metaciclicas que são as formas infectantes – vão chegar até as glândulas salivares da fêmea, que quando for praticar hematofagia elas serão injetadas junto com a saliva no local da picada (reinicia o ciclo). → Vai fazer ação espoliativa sobre os macrófagos, se apropriar de nutrientes e vai realizar sua reprodução, determinando poderoso processo inflamatório que culminará com necrose de tecidos e abertura das lesões ulcerosas, ou lesões nodulares, conforme a forma clínica da doença. → O mosquito transmissor é o birigui ou palha, tem 2 mm de comprimento, tem corpo giboso, voa mal por isso – por pouco período, se criam tipicamente em solo úmido e rico matéria orgânica, áreas florestadas. É um inseto flebotomíneo, do gênero Lutzomyia, os machos são fitófagos, então as fêmeas são as únicas a poder transmitir a doença. Vivem até 50 dias, e uma vez infectadas vão continuar até morrer, voa a pequenas distancias, tem cor de palha e geralmente se afasta até 500 metros do local onde se criou como larva. Os hábitos são fim da tarde e início da manhã, são ativos. O parasito induz o hospedeiro a se alimentar mais. FORMAS CLÍNICAS → Leishmaniose cutânea simples: ✓ O principal agente etiológico é a leishmania brasiliensis (forma cutâneo mucosa, simples e disseminada), provoca lesão típica chamada úlcera-de-Bauru, ferida brava, ferida seca e bouba. ✓ A leishmania guyanensis produz lesão única do tipo cratera de lua e essa pode se disseminar, dando úlceras pelo resto do corpo – metástases linfáticas. Pode produzir então forma cutânea simples e forma cutâneo disseminada. ✓ Leishmania amazonenses: principal na transmissão da forma difusa. Não é muito comum no ser humano, produz lesão ulceradas simples e limitadas, contendo numerosos parasitos nos bordos da lesão. ✓ Patologia: na área do tegumento onde se processa a ação parasitária, ocorre reação inflamatória, caracterizada por: hiperplasia histiocitária, edema e infiltração celular e hipertrofia do epitélio. Frequentemente a inflamação cutânea evolui para necrose, formando uma úlcera rasa ou uma ulceração profunda de bordos salientes, com o fundo da úlcera granuloso e limpo. A contaminação bacteriana secundária tende a alterar esse quadro histológico – purulência; dessa forma a lesão vai a passar a ser dolorosa. Tratamento pode ser doloroso, as injeções fazem com que indivíduos abandonem. Diagnóstico é feito a partir das amastigotas encontradas nos macrófagos. promastigotas infectantes (metaciclicas) são inoculadas atraves da picada no individuo serão fagocitadas pelos macrófagos teciduais e no interior dos fagossomos: se transformam em amastigotas que são adaptados e se dividem a quantidade deles aumenta exponencialmente e os macrofágos se rompem as formas amastigotas no meio extracelular são incorporadas novamente uma parte, quando os mosquitos fizerem hematofagia, vão ser interiorizadas: no trato gastro intestinal do mosquito vão se transformar em promastigotas chegando no intestino se transformam em paramastigotas (forma permanente) Nódulo: epiderme intacta, forte infiltrado de macrófagos, muitos parasitos. Ulceração inicial: superficial, forte infiltrado de linfócitos, macrófagos e números parasitos. Úlcera estabilizada com lesão satélite: por disseminação dos parasitos, tendencia que as lesões se fusionem. Lesão cicatrizada: com o tratamento aparece uma fibrose dérmica sem parasitos. → Forma cutâneo mucosa: ✓ A disseminação via corrente circulatória vai atingir mucosas destruindo tecidos moles e duros. A situação é a mesma, com inflamação necrose e destruição. A primeira área destruída é o septo nasal, ele arria – nariz de tapir. Pode ocorre também na região bucal (palato e lábios) e laringe. Principal agente etiológico é o L. brasiliensis. ✓ Pode haver colonização por larvas de moscas. → Leishmaniose cutânea difusa (LCD): ✓ Associada a deficiência imunológica, caracteriza-se pela formação de lesões difusas não ulcerosas por toda a pele, contendo grande número de amastigotas. A LCD está estreitamente associada a uma deficiência imunológicado paciente. Causada pela L. amazonenses. → Tratamento: ✓ Antimoniais trivalentes: glucantime, antimoniato de meglumine por via intramuscular. Taxa de cura em torno de 70%. ✓ Pentamidinas; menos eficazes e mais tóxicas que glucantime, como 2° opção, via intramuscular; porém são indicadas na infecção por L. guianensis. ✓ Anfotericina B: administrada gota a gota. ✓ Azitromicina: via oral, sem efeitos colaterais e capaz de curar 85% dos casos. Efeitos colaterais: cefaleia, artralgias, mialgias e até depressão da medula óssea. Não há método seguro para o controle de cura, que exige repetidos testes diagnósticos (PCR, imunofluorescência etc.). As lesões mucosas podem surgir tempos depois da “cura” dos processos cutâneos - recidivas. → Diagnóstico: anamnese, com base nas características. Laboratorial: ✓ Exame direto de esfregaços corados, remove da borda da lesão o material; ✓ Exame histopatológico, fragmento de pele obtido pela biópsia. O encontro de amastigotas ou de um infiltrado inflamatório compatível pode definir ou sugerir o diagnóstico. ✓ Cultura de fragmentos de tecido: meio NNN, favorece o desenvolvimento dos amastigotas para melhor visualização. → Métodos imunológicos: 1. Resposta Celular: Teste de Montenegro: teste imunológico mais utilizado no Brasil, sensibilidade varia entre 84,5 e 100%. Consiste em inocular o antígeno (0,1 ml) intradermicamente na face interna do braço. Interpretação de resultados: ✓ Forma cutânea simples de LTA, a reação inflamatória pode variar de acordo com a evolução da doença, sendo maior nas úlceras crônicas. ✓ Na forma mucosa a reação inflamatória intensa: flictemas e necrose. ✓ Na forma difusa é usualmente negativa 2. Resposta Humoral: Reação de imunofluorescência indireta (RIFI). Referências: NEVES (cap 15) e REY (cap 5). → Típica de países tropicais e subtropicais, umas 6 maiores endemias do planeta e considerada negligenciada. Vem aumentado no Brasil, em cães de regiões urbanas e periurbanas e com essa possibilidade ela vai ser uma zoonose, e a disseminação para seres humanos vem crescendo. → É muito mais agressiva porque o protozoário invade órgãos internos, determinando quadro clínico crônico que pode ser muito grave e determinar óbito se o diagnóstico não for precoce. → Enfermidade infecciosa generalizada, crônica, caracterizada por: ✓ Febre irregular e de longa duração, por conta do ciclo migratório dos protozoários via corrente circulatória, podem ser encontrados em amostras de sangue e livres em meio da corrente. ✓ Hepatoesplenomegalia: relacionada a ação dos parasitos no fígado e no baço, mas principalmente no fígado – a multiplicação dos amastigotas na célula de Kupffer e a determinação de lesões que afetam o sistema porta-hepático. ✓ Pancitopenia – porque os protozoários vão invadir células do SFM, se interiorizar no organismo e posteriormente os protozoários vão atingir medula óssea hematógena, redução de taxas globais de células sanguíneas. ✓ Linfadenopatia, anemia com leucemia, pela depleção da taxa de células do sangue. ✓ Hipergamaglobulinemia por conta da resposta imunológica que potencialmente é poderosa, causa lesões renais; hipoalbuminemia. ✓ Emagrecimento e estado de debilidade progressiva levando a caquexia, ou seja, perda de peso demasiada e óbito advém desses quadros clínicos. → Na Índia é conhecida como “Kala-azar”, doença mortífera. → Agente etiológico no Brasil é a Leishmania infantum chagasi, não sobrevive em tecidos cutâneos. Nome é porque as crianças são muito afetadas pela forma grave, e os homens são os principais afetados. → Aspectos biológicos são praticamente os mesmos da tegumentar: formas amastigotas, promastigotas e paramastigotas. Vários animais vertebrados e mamíferos tem a forma visceral da doença, os cães são os principais reservatórios dessas formas amastigotas. → Transmissão: mosquito Lutzomya longipalpis, produz saliva com maxadilam, um vasodilatador muito importante, que facilita a invasão das amastigotas aos vasos sanguíneos em relação ao organismo do hospedeiro, impede a resposta imunológica. → Ciclo biológico: o mesmo da tegumentar. Promastigotas se transformam em amastigotas adaptadas aos macrófagos, se multiplicam nesses macrófagos, são liberados para invadir outros macrófagos e outras células que vão ter a capacidade de abandonar o conjuntivo e cair na corrente circulatória e carrear com elas os amastigotas que vão passar a se multiplicar avidamente nas células do SFM dos órgãos internos do hospedeiro. ✓ A fêmea ao se alimentar do sangue de um individuo com a forma visceral vai sugar as formas amastigotas que por sua vez no trato gastrointestinal da fêmea vão dar promastigotas, que vão gerar paramastigotas (arredondadas e com flagelos curtos) – formas de reserva do protozoário no intestino do mosquito. E essas vão originar promastigotas metaciclicas. ✓ Chegando as glândulas salivares e a faringe do mosquito essas formas serão inoculadas juntamente com a saliva, dando início ao ciclo no hospedeiro vertebrado mais uma vez. → Sob a forma de amastigotas, os parasitos crescem sobretudo nas células de Kupffer do fígado e nas do sistema fagocítico mononuclear do baço, da medula óssea e dos linfonodos, e dessa forma se espalham por todo o organismo. Imagem de um macrófago cheio de amastigotas: → Também crescem nos pulmões, rins, suprarrenais, nos intestinos (podem ocorrer crises diarreicas, mas não haverá eliminação de formas do protozoário nas fezes – não é capaz de produzir cistos) e na pele. → As células hospedeiras destruídas permitem a disseminação dos parasitos, que podem ser vistos circulando no sangue, inclusive no interior de monócitos. → Mecanismos de transmissão: vetor, acidente de laboratório, transfusão sanguínea, transfusão sanguínea, uso de drogas injetáveis, transmissão congênita (células do SFM infectadas por amastigotas que atravessam a fina membrana que separa a circulação fetal materna ou durante o contato do sangue materno com o do filho no momento do parto). → Patogenia: as formas amastigotas se multiplicam rapidamente dentro dos macrófagos teciduais no sítio da picada do flebotomíneo. Posteriormente ocorre visceralização das amastigotas, principalmente em órgãos linfoides. A temperatura dos órgãos internos é meio grau maior, sendo letal para a L. brasiliensis, mas é fundamental para a multiplicação para a L. chagasi. → Período de incubação varia entre 2 e 7 meses. Existem indivíduos assintomáticos, sobretudo em áreas hiper endêmicas em que há muitos casos e o indivíduo repete quadro clínico várias vezes. → O que acontece na visceral é basicamente o que acontece na tegumentar, mas a nível de órgãos: 1. A hipertrofia e hiperplasia do sistema macrofágico das vísceras é a razão da hepatoesplenomegalia bem como das alterações da medula óssea hematógena. 2. Os histiócitos se transformam nesses locais em extenso campo de proliferação de amastigotas; 3. O baço aumenta de volume com cápsula espessa e polpa mostra predominância de macrófagos com consequente contração da circulação dos capilares e congestão do órgão. → Alterações fisiológicas e histopatológicas: ✓ Alterações Esplênicas: hiperplasia e hipertrofia das células do SFM – esplenomegalia. ✓ Alterações Hepáticas: hiperplasia das células do SFM e dilatação dos sinusoides. ✓ Alterações no Tecido Hemocitopoético: hiperplasia do setor histiocitário e formador de sangue. ✓ Alterações Renais: lesões pela presença de imunocomplexos circulantes. ✓ Alterações Pulmonares: pneumonia intersticial associada a infecções secundárias como broncopneumonia podendo levar a óbito. ✓ Alterações nos Linfonodos:infartamento. ✓ Alterações no Tubo Digestivo: edema e alongamento das vilosidades do jejuno e do íleo. Reduz absorção intestinal = quadros diarreicos. ✓ Alterações cutâneas: leishmaniose dérmica pós- calazar; queda de cabelos. → Formas clínicas: ✓ Assintomática: é comum na maioria dos indivíduos de áreas endêmicas. ✓ Oligossintomática ou Subclínica: mais frequente, sintomatologia é inespecífica – tosse seca, febre baixa recorrente, diarreia, sudorese, prostração. ✓ Aguda: forma semelhante à septicemia e caracterizada por diarreias, febre alta e tosse. ✓ Sintomática, crônica ou calazar clássico: febre irregular, emagrecimento, hepatoesplenomegalia (ascite e edema generalizado), pancitopenia, dispneia, cefaleia, dores musculares, perturbações digestivas e até retardo na puberdade (afetam a produção de hormônios pelas glândulas). → Epidemiologia no Brasil: é encontrada sobretudo nas zonas rurais, onde as casas ficam situadas próximo das matas, como as terras firmes da Amazônia, o litoral e as planícies dos grandes rios do Nordeste, vales úmidos e sopé das serras do sertão, assim como os vales boscosos da Bahia e de Minas Gerais. As Lutzomyia longipalpis (mosquitos) que ai se criam são hospedeiros e vetores, não intermediários. → Diagnóstico: encontra-se parasitos em aspirado de medula óssea, no baço ou de linfonodos, ou a punção esternal e de crista ilíaca (em crianças), é considerado o método padrão outro para leishmaniose, pois pode encontrar muitas formas amastigotas. ✓ Faz um esfregaço com esse material em lâmina adequada, fixa e cora para microscópio. ✓ Os métodos sorológicos (ELISA, imunoeletroforese ou a imunofluorescência indireta servem para inquéritos ou para quando não forem encontrados parasitos na microscopia. → Tratamentos: de primeira linha são feitos com antimoniais pentavalentes, de uso prolongado e administração parenteral, sendo preciso controlar os efeitos colaterais da doença. ✓ Antimoniato de meglumine; ✓ Estibogluconato de sódio; ✓ Segunda linha: pentamidina intravenosa e anfotericina também intravenosa e alopurinol via oral. → Controle das leishmanioses: requer estudos epidemiológicos preliminares sobre os fatores mais importantes do problema, conhecimento da área endêmica e da incidência da doença na população, estudo da fauna flebotômica local e sua densidade do decurso do ano. Inquérito sorológico na população canina é de fundamental importância e vacinar os cães. ✓ Combater os flebotomíneos vetores da infecção, aplicando inseticidas de ação residual nas casas e nos anexos, bem como nos abrigos de animais domésticos. Cipermetrina, na formulação pó molhável (PM) e a deltametrina, em suspensão concentrada (SC). Tratar todos os doentes, inclusive os assintomáticos. Recolher, tratar e isolar os cães sorologicamente positivos e de rua. Referências: NEVES (CAP 10) e REY (cap 6).
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