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Planificação contábil rural APRESENTAÇÃO O plano de contas é um instrumento de trabalho fundamental para apoiar a atividade contábil nas empresas, principalmente porque ele oferece suporte ao registro das transações econômicas, o qual é o principal elemento formador dos relatórios financeiros gerados pela contabilidade. O plano de contas na atividade agropecuária carrega uma série de singularidades, dadas as características peculiares atribuídas às atividades rurais, tais como os estoques, as culturas permanentes, os ativos biológicos, as culturas em andamento, entre outros. Assim como nas empresas comerciais, industriais ou prestadoras de serviços, a estruturação do plano de contas é o primeiro passo para a organização do sistema contábil, o qual é fundamental para o tratamento das informações contábeis, financeiras e gerenciais da empresa. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá a importância da estruturação do plano de contas da empresa rural como uma ferramenta de acumulação e registro de informações imprescindível para a base do sistema contábil, sua dinâmica de utilização e os critérios de estruturação e customização de um plano de contas que seja capaz de contemplar a maioria das especificidades e particularidades exigidas pelas atividades rurais, tanto agrícolas como pecuárias. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever o conceito e a importância do plano de contas para a área rural.• Reconhecer a necessidade de utilização do plano de contas para a área agrícola e para a agropecuária, para fins gerenciais. • Identificar a estrutura e a composição do plano de contas para a área agrícola e para a agropecuária. • DESAFIO As empresas rurais, na atualidade, têm demandado atenção tanto quanto as empresas comerciais e as grandes corporações. Fato esse corroborado pela ampla participação do agronegócio na economia brasileira. A contabilidade aplicada ao agronegócio também tem apresentado desafios, ao projetar-se em um cenário sendo ferramenta indispensável no apoio à tomada de decisão, demonstrando sua importância desde a pequena propriedade rural até as grandes corporações agroindustriais. Em pequenas propriedades rurais, os processos de modernização são mais lentos, dadas as condições organizacionais em que essas propriedades estão estruturadas, quais sejam: gestão familiar centralizada, poucos recursos humanos especializados, entre outros. É muito comum encontrar registros informais relacionados aos gastos e às receitas, à quantidade de animais e à formação das culturas, sem qualquer critério ou classificação, apenas dados. Suponha que você atue em um escritório de contabilidade e tenha recebido o seguinte caso. quais seriam seus primeiros procedimentos em relação às informações que o Sr. João tem para estruturar a escrituração contábil de sua propriedade? INFOGRÁFICO A planificação contábil é um dos alicerces da contabilidade, constitui uma das estruturas fundamentais que dão suporte ao trabalho de escrituração contábil e também é parte fundamental na emissão de relatórios contábeis gerenciais e de apoio à tomada de decisão. Neste Infográfico, você verá caracteristicas fundamentais de um plano de contas, que podem garantir a qualidade e a utilidade das informações geradas pela contabilidade da empresa. CONTEÚDO DO LIVRO A contabilidade rural encontra seus fundamentos na contabilidade comercial, principalmente no que se refere à organização da escrituração contábil das empresas. O primeiro passo para a organização do ambiente na empresa antes de receber um sistema contábil, por mais simplificado que seja, é a estruturação do plano de contas, também conhecido como planificação contábil. No capítulo, Planificação contábil rural, do livro, Contabilidade setorial, você verá conceitos e exemplos relacionados à importância, à necessidade de uso e à estrutura de um plano de contas para uma empresa agropecuária. Boa leitura. CONTABILIDADE SETORIAL Luciana Paim Pieniz Planificação contábil rural Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever o conceito e a importância do plano de contas para a área rural. Reconhecer a necessidade de utilização do plano de contas para as áreas agrícola e agropecuária, para fins gerenciais. Identificar a estrutura e composição do plano de contas para as áreas agrícola e agropecuária. Introdução A contabilidade empresarial, inegavelmente, sofreu inúmeras mudanças ao longo dos últimos anos. O último grande advento foi marcado pela adequação dos procedimentos contábeis ao padrão das normas interna- cionais, conhecido como IFRS (International Financial Reporting Standards), em que várias alterações foram introduzidas. No entanto, é importante salientar que a planificação contábil se manteve inalterada, pois é por meio dela que a empresa, independentemente do ramo de atividade que exerça, estruturará os dados coletados, registrando-os de maneira uni- forme, a fim de garantir a qualidade dos relatórios financeiros e a acurácia das informações por eles geradas. Todavia, a contabilidade das empresas não poderia desempenhar seu papel se não estivesse alicerçada sobre um plano de contas capaz de refletir com integridade os processos e as funções necessárias ao registro e ao controle das transações cotidianas. Neste capítulo, você conhecerá o conceito de plano de contas e a importância da planificação contábil aplicada à empresa rural. Além disso, reconhecerá a necessidade de utilizar o plano de contas no registro de transações e eventos da contabilidade das empresas rurais. Por fim, verá um exemplo da estrutura de um plano de contas específico para empresas que desenvolvem atividades agropecuárias. A planificação contábil e sua relevância para a contabilidade rural Segundo Iudícibus e Marion (2016, p. 49), plano de contas é o conjunto de contas, previamente estabelecido, para orientar a contabilidade de uma empresa. O plano de contas é estruturado de forma ordenada e leva em consideração algumas características fundamentais, como o tamanho da empresa, o ramo de atividade, o sistema contábil, os interesses dos usuários etc. Ou seja, o plano de contas é a base sobre a qual a contabilidade estabelecerá o registro de suas operações diariamente, possibilitando registrar e controlar de forma adequada a movimentação patrimonial da entidade. A planificação das contas contábeis tem como função principal classificar os elementos patrimoniais, conforme os grupos a que pertencem, facilitando, assim, a acumulação dos dados e o registro das transações. A delimitação e a definição das contas que irão compor o plano dependerá do tipo de empresa e da natureza de seus negócios, devendo também considerar quem serão os usuários das informações reportadas pela contabilidade. Em uma empresa rural, se comparada a uma empresa prestadora de serviços, as contas relacionadas com os estoques possuem maior relevância, devendo, portanto, possuir um maior detalhamento em sua apresentação, a fim de prever o maior número de situações dentro daquela realidade operacional. Já para uma empresa prestadora de serviços, a conta-salário e os encargos com mão de obra direta e indireta e despesas com pessoal com certeza serão mais relevantes, exigindo maior grau de detalhamento, para que a contabilidade possa registrar todos os fatos relacionados à natureza das atividades de prestação de serviços que envolvem, predominantemente, pessoas. O Quadro 1, a seguir, apresenta um modelo simplificado de plano de contas, considerando as particularidades da empresa rural associadas às contas de estoque. Planificação contábil rural2 Fonte: Adaptado de Marion (2014). 1 ATIVO 1.1 Ativo circulante 1.1.1 Disponibilidades 1.1.2 Valores a receber 1.1.3 Estoques 1.1.3.1 Insumos (matéria-prima) 1. Sementes2. Adubos 3. Fertilizantes 4. Herbicidas 1.1.3.2 Ativos biológicos – culturas temporárias 1. Soja 2. Milho 3. Arroz 4. Feijão 1.1.3.3 Colheitas em andamento (culturas permanentes) 1. Café 2. Algodão 3. Laranja 1.1.3.4 Produtos agrícolas (prontos para venda/consumo) 1. Soja 2. Milho 3. Feijão 1.2 Ativo não circulante 1.2.1 Gado de leite 1.2.2 Pomar de laranjas 2 PASSIVO 2.1 Passivo circulante 2.1.1 Fornecedores 2.1.2 Empréstimos bancários 2.1.3 Folha de pagamento 2.1.4 Encargos sociais 2.1.5 Impostos a pagar 2.1.6 Contas a pagar 2.2 Passivo não circulante 2.2.1 Exigível a longo prazo 3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 3.1 Capital 3.2 Lucros DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 4 RECEITA BRUTA 5 CUSTOS/DESPESAS/DEDUÇÕES 5.1 Custos dos produtos vendidos 5.2 Despesas de vendas 5.3 Despesas administrativas 5.4 Despesas financeiras 5.5 Deduções 6 SISTEMA AUXILIAR DE CONTAS Quadro 1. Exemplo de um plano de contas simplificado de uma empresa agropecuária 3Planificação contábil rural O plano de contas, na perspectiva da gestão da propriedade rural, oferece destaque às contas de estoque, nas quais é possível, efetivamente, observar as principais diferenças entre a estrutura de contas de uma empresa comercial e a de uma empresa rural. Importância do plano de contas O plano de contas é um instrumento de trabalho da contabilidade que deve ser planejado antecipadamente, antes mesmo de a contabilidade da empresa ser implementada, já que ele servirá como alicerce para os lançamentos contábeis de todos os registros dos fatos administrativos da empresa. Pelo fato de ser planejado de forma antecipada, é importante salientar que cada empresa deverá ter um plano de contas que atenda especifi camente às suas necessida- des, de acordo com as particularidades e especifi cidades que sua atividade operacional exige. Nas empresas rurais, assim como nas empresas comerciais, industriais ou prestadoras de serviços, os registros contábeis também são essenciais, além de serem obrigatórios. Quando a empresa efetuar uma venda ou compra, seja à vista ou a prazo, a partir dos fatos, serão originadas operações a débito e a crédito, conhecidas por várias nomenclaturas (p. ex., contas a receber, clientes, contas a pagar, fornecedores a pagar, valores a receber de terceiros, etc.). A estruturação adequada do rol de contas, ou do elenco de contas que comporá o plano de contas, permitirá a uniformidade dos registros, independentemente do profissional que estiver encarregado do processo. No setor contábil de uma empresa, em que várias pessoas respondem pelas funções de registro e conci- liação contábil, um plano de contas estruturado de forma adequada evita que um mesmo tipo de operação possa ser registrado com nomenclaturas diferentes. Uma das mudanças mais importantes ocorrida com o advento da Lei nº. 11638 está relacionada com o imobilizado, agregando às práticas estabelecidas o padrão inter- nacional IAS 17, que propõe transferir para as empresas, além dos próprios bens, os benefícios e os riscos relacionados aos bens em uso, como, por exemplo, das operações de leasing (BRASIL, 2007). Isso modifica significativamente a estrutura do plano de contas das entidades, rumo à qualificação da informação contábil reportada aos usuários. Planificação contábil rural4 A utilidade do plano de contas nas empresas rurais Nas empresas rurais, o plano de contas pode ser muito útil ao produtor rural no momento da organização dos lançamentos dos fatos contábeis, dos custos de sua produção, do controle de seus estoques de produtos acabados e da sua produção em andamento. A estruturação do plano de contas é muito similar, se não idêntica, à estru- tura de um balanço patrimonial, em quem se encontram organizadas as contas que representam a estrutura patrimonial da empresa, ordenadas em grau de liquidez e exigibilidade. O grau de liquidez nas contas do ativo representa a rapidez com que as contas se transformam em dinheiro, ao passo que o grau de exigibilidade está relacionado com as contas do passivo, indicando em quanto tempo (prazo) as contas deverão ser liquidadas. Em uma empresa rural, a complexidade dos processos e as características específicas das atividades desenvolvidas exigem do contador a definição de um planejamento de contas que sirva como uma espécie de código de con- duta para o departamento contábil, a fim de evitar que cada profissional que efetue os registros utilize seu juízo de valor e os efetue de acordo com a sua interpretação. Desse modo, a definição do plano de contas da empresa deverá perpassar pela alta administração da empresa, no sentido de contemplar os níveis decisórios, o perfil dos gestores e o tipo de informação necessária a cada um dos níveis organizacionais. Portanto, o plano de contas também pode ser um instrumento gerencial. A IFRS 16 (no Brasil, ratificada pela NBC TG 06 [R3]), que trata do arrendamento mercantil, exige que os arrendatários de áreas rurais reconheçam quase todos os contratos nos seus balanços patrimoniais, refletindo o seu direito de uso do ativo durante um deter- minado período e o uso do passivo associado para refletir os pagamentos do aluguel das terras. Essa alteração afeta sobremaneira os registros contábeis nas empresas rurais e a forma como as contas são apresentadas em sua estrutura patrimonial (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2017). Para saber mais sobre esse assunto, acesse o link a seguir. https://qrgo.page.link/zMJs2 5Planificação contábil rural Plano de contas para empresa agropecuária O primeiro fundamento necessário para a compreensão da estrutura do plano de contas é o agrupamento de contas, o qual pode ter sua estrutura customi- zada de acordo com as necessidades da empresa, o que, no caso das empresas rurais, é imprescindível. A adequação da estrutura básica à estrutura de uma empresa rural, com suas contas específi cas, fará que a ferramenta seja efi ciente e funcional no dia a dia da contabilidade. Um agrupamento de contas é composto por contas sintéticas e analíticas. As contas sintéticas são aquelas que representam os grandes grupos e sub- grupos das demonstrações financeiras. Já as contas analíticas representam um agregado de contas dentro das contas sintéticas, identificando, de forma mais específica, os direitos, obrigações, receitas, custos ou despesas que receberão os lançamentos. O Quadro 2, a seguir, apresenta um exemplo de contas sintéticas e analíticas. Fonte: Adaptado de Marion (2014). 1.1.3 Estoques 1.1.3.1 Insumos (matéria-prima) 1.1.3.1.01 Sementes 1.1.3.1.02 Fertilizantes 1.1.3.1.03 Adubos 1.1.3.1.04 Defensivos Quadro 2. Exemplo de contas sintéticas e analíticas de uma empresa agropecuária Por meio do Quadro 2, observa-se que a conta Estoques é uma conta sintética, pois representa um grande grupo do plano de contas, ou, ainda, um grande grupo pertencente ao ativo. A conta Insumos, por sua vez, Planificação contábil rural6 é uma conta sintética representativa de um subgrupo de Estoques. Em contrapartida, as contas Sementes, Fertilizantes, Adubos e Defensivos representam contas analíticas, pois identificam, com especificidade maior e mais detalhada, onde e como foram feitos os lançamentos relativos à movimentação das contas. Conforme Crepaldi (2016), cada tipo de empresa deverá, além de elaborar a planificação de suas contas de acordo com suas atividades operacionais, apresentar cada conta com as seguintes especificações. Título da conta: aqui deverá aparecer o nome da conta, tal qual apare- cerá nas demonstrações financeiras e em todos os registros contábeis nos quais será utilizada. Descrição da conta (finalidade): é importante que seja determinada a finalidade de uso dos registros da conta, a fim de evitar que umadecisão individual ou com viés de interpretação prejudique a escolha da conta no momento do lançamento. Esclarecimento acerca dos regulamentos e convenções internas que embasarão o uso do plano de contas e do sistema contábil da empresa: detalhamento elaborado pela equipe contábil responsável pela elaboração do plano de contas que contém o regramento e os fundamentos legais do sistema contábil da empresa. Módulo de funcionamento (débito ou crédito): se a conta é debitada ou creditada pelos recebimentos ou pelos pagamentos, pelas entradas ou pelas saídas registradas. O Quadro 3, a seguir, apresenta uma sugestão de plano de contas, estrutu- rado para uma empresa rural produtora de gado, grãos, café e laranja. Essas atividades, distintas entre si, caracterizadas por ciclos operacionais diversos, possuem infraestrutura específica e necessitam de um plano de contas com- pleto, capaz de atender a todas as necessidades informacionais e de registro da contabilidade. Como se percebe, as contas sintéticas e analíticas foram estruturadas de modo a atender a cada uma das atividades operacionais da empresa. 7Planificação contábil rural Fonte: Adaptado de Rodrigues et al. (2016). 1 ATIVO 1.1 ATIVO CIRCULANTE 1.1.1 DISPONÍVEL 1.1.1.1 CAIXA 1.1.1.2 BANCOS/CONTAS MOVIMENTO 1.1.1.2.1 Banco do Brasil S.A. 1.1.2 CRÉDITOS 1.1.2.1 TÍTULOS/DUPLICATAS A RECEBER 1.1.2.1.1 Frigorífico Martelete 1.1.2.1.2 Frigorífico 2 Irmãos 1.1.4 ESTOQUES 1.1.4.1 ATIVO BIOLÓGICO 1.1.4.1.1 REBANHO BOVINO EM FORMAÇÃO 1.1.4.1.1.1 Bezerros de 0 a 8 meses 1.1.4.1.1.2 Bezerras de 0 a 8 meses 1.1.4.1.1.3 Novilhos de 9 a 18 meses 1.1.4.1.1.4 Novilhas de 9 a 18 meses 1.1.4.1.1.5 Novilhos 1.1.4.1.2 REBANHO BOVINO PARA CORTE 1.1.4.1.2.2 Gado de engorda – novilhos acima de 3 anos 1.1.4.1.2.3 Gado de engorda – novilhas acima de 3 anos 1.1.4.1.2.4 Touros descartados 1.1.4.1.2.5 Matrizes descartadas 1.1.4.2.1 CULTURA TEMPORÁRIA EM FORMAÇÃO 1.1.4.2.1.1 Milho 1.1.4.2.1.2 Soja 1.1.4.2.2 PRODUTOS AGRÍCOLAS COLHEITA (CULTURA TEMPORÁRIA) 1.1.4.2.2.1 Milho 1.1.4.2.2.2 Soja 1.1.4.3 INSUMOS PARA PECUÁRIA E OUTROS ANIMAIS 1.1.4.3.1.1 Sal 1.1.4.3.1.2 Sêmen 1.1.4.3.1.3 Suplementos minerais 1.1.4.3.1.4 Medicamentos veterinários 1.1.4.3.1.5 Rações para animais 1.1.4.3.1.6 Outros 1.1.4.4.1 INSUMOS PARA AGRICULTURA 1.1.4.4.1.1 Sementes 1.1.4.4.1.2 Inseticidas 1.1.4.4.1.3 Adubos e fertilizantes 1.1.4.4.1.4 Herbicidas 1.1.4.4.1.5 Formicidas 1.1.4.4.1.6 Fungicidas 1.1.4.4.1.7 Outros 1.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE 1.2.1 IMOBILIZADO 1.2.1.1 TERRAS 1.2.2.1.1.01 Área de exploração 1.2.2.1.1.02 Área de reserva florestal natural 1.2.2.1.2 PASTAGENS ARTIFICIAIS FORMADAS 1.2.2.1.3 PASTAGENS NATURAIS MELHORADAS 1.2.3.1.1 INSTALAÇÕES 1.2.2 ATIVO BIOLÓGICO 1.2.2.1 CULTURA PERMANENTE (COLHEITA EM ANDAMENTO) 1.2.2.1.01 Café 1.2.2.1.02 Laranja 2 PASSIVO 2.1 CIRCULANTE 2.1.1 OBRIGAÇÕES COM TERCEIROS 2.1.1.1 FORNECEDORES 2.1.1.2 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS 2.1.1.2.01 Banco do Brasil S.A. 2.1.1.2.02 (-) Encargos financeiros a transcorrer 2.1.1.3 SALÁRIOS A PAGAR 2.1.1.3.01 Salários a pagar – escritório 2.1.1.3.02 Salários a pagar – fazenda 2.1.1.4 ENCARGOS SOCIAIS A RECOLHER 2.1.1.5 ENCARGOS TRIBUTÁRIOS 2.1.1.6 CONTAS A PAGAR 2.1.1.6.01 Consumo de luz 2.1.1.6.02 Consumo de água 2.1.1.7 PROVISÕES 2.1.1.7.01 Férias – escritório 2.1.1.7.02 Férias – fazenda 2.1.1.7.03 13º salário – escritório 2.1.1.7.04 13º salário – fazenda 2.1.1.7.05 FGTS sobre 13º salário – escritório 2.1.1.7.06 FGTS sobre 13º salário – fazenda 2.1.1.7.07 Gratificação e participação a administradores 2.1.1.8 OUTRAS OBRIGAÇÕES 2.2 PASSIVO EXIGÍVEL EM LONGO PRAZO 2.2.1 OBRIGAÇÕES COM TERCEIROS 2.2.1.1 EMPRÉSTIMO EM MOEDA NACIONAL 2.2.1.1.01 Banco do Brasil S.A. 2.2.1.1.02 (-) Encargos financeiros a transcorrer 2.2.1.2 FINANCIAMENTO DE EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS 2.2.1.2.01 Banco do Brasil S.A. 2.2.1.2.02 (-) Encargos financeiros a transcorrer 2.2.1.3 TÍTULOS A PAGAR 2.2.1.3.01 Credor Santos LTDA 2.2.1.3.02 (-) Encargos financeiros a transcorrer 2.2.1.4 EMPRÉSTIMOS RURAIS 2.2.1.4.01 Banco do Brasil S.A. 2.4 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2.4.1 CAPITAL 2.4.1.1 CAPITAL SOCIAL 2.4.3 LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS 2.4.3.1 LUCROS ACUMULADOS 2.4.3.2 (-) PREJUÍZOS ACUMULADOS Quadro 3. Plano de contas para empresa agropecuária Planificação contábil rural8 É importante ressaltar que o levantamento do inventário da propriedade rural é uma parte crucial do processo para que as contas que irão compor o plano sejam definidas de modo a contemplar todos os elementos patrimoniais. Segundo Marion (2014), existem contas ou grupos, na área agrícola, que evi- denciam grandes variações em relação a outras atividades. Um exemplo é a conta “Estoque”, que, na agropecuária, recebe roupagem especial por meio das culturas temporárias (formadas ou em formação), das colheitas (em andamento ou concluí das). Outro grupo de contas que recebe tratamento diferenciado é o Imobilizado, no qual se encontram culturas permanentes (formadas ou em formaç ã o), benfeitorias no imóvel rural e animais de trabalho. Para compreender a importância da escrituração contábil para uma pequena empresa rural, leia o artigo “Os benefícios da contabilidade rural para uma empresa agrícola de pequeno porte: um estudo de caso”, disponível no link a seguir. https://qrgo.page.link/UY2Ue O Quadro 4, a seguir, apresenta um exemplo de como as contas sintéticas e analíticas se dividem dentro da estrutura do plano de contas. As contas sintéticas são representativas dos grandes grupos e seus subgrupos, ao passo que as contas analíticas são aquelas nas quais são efetuados os lançamentos contábeis propriamente ditos. Contas sintéticas Contas analíticas ATIVO 1.1 ATIVO CIRCULANTE 1.1.1 BANCOS 1.1.1.1 Caixa Econômica Federal 1.1.1.2 Banco do Brasil S.A. 1.1.1.3 Bradesco Quadro 4. Contas sintéticas e contas analíticas 9Planificação contábil rural BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Brasília, 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 31 dez. 2019. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TG 06 (R3), de 24 de novembro de 2017. Dá nova redação à NBC TG 06 (R2) – operações de arrendamento mercantil. Brasília, 2017. Disponível em: http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2017/ NBCTG06(R3)&arquivo=NBCTG06(R3).doc. Acesso em: 31 dez. 2019. CREPALDI, S. A. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2016. IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2016. MARION, J. C. Contabilidade rural. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2014. RODRIGUES, A. O. et al. Contabilidade rural. 4. ed. São Paulo: Sage, 2016. Leitura recomendada DALMOLIN, A.; SILVERIO, A. C. Os benefícios da contabilidade rural para uma empresa agrícola de pequeno porte: um estudo caso. E-CAP, v. 3, n. 3, 2011. Disponível em: https:// periodicos.utfpr.edu.br/ecap/article/view/11174. Acesso em: 31 dez. 2019. Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Planificação contábil rural10 DICA DO PROFESSOR A elaboração do plano de contas para a empresa rural depende de um trabalho conjunto feito pelo contador e pelo administrador da empresa rural, no sentido de delimitar o tipo de informação que será relatada a partir dos relatórios contábeis, levando em conta que alguns grupos patrimoniais apresentam caracteristicassingulares. Nesta Dica do Professor, você conhecerá um pouco mais sobre as particularidades do plano de contas da empresa rural. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Em uma empresa rural, assim como em uma indústria, os processos produtivos demandam uma organização operacional bastante complexa, que envolve máquinas, pessoas e suprimentos. A matéria-prima que será transformada em produto final, na empresa rural, também conhecida como insumo, pode ser conceituada como: A) Exclusivamente produtos utilizados para a alimentação e a sanidade dos animais do início ao fim da criação. B) Todos os produtos utilizados na composição das culturas, do início ao fim do seu ciclo, tais como sementes, defensivos, fungicidas, inoculantes, entre outros. C) Máquinas e equipamentos utilizados nos processos de produção dos cultivos principais da propriedade, incluindo a depreciação. D) Todos os elementos físico-químicos empregados nos cultivos da propriedade durante o ciclo produtivo. E) As sementes que serão transformadas no produto principal cultivado pela empresa rural. 2) Os produtos agrícolas, nas empresas rurais, têm várias características, dependendo do tipo de ativo a que se identificam. Podem ser atribuídas características de ativos biológicos ou plantas portadoras, dependendo da sua finalidade. Quando um produto agrícola estiver registrado na conta estoques, no ativo circulante, ele estará representando: A) os bens que são considerados produtos acabados prontos para serem comercializados. B) os bens para subsistência dos proprietários da empresa. C) os bens que representam oportunidade de renda futura e manutenção de capital para a propriedade. D) Os elementos relacionados ao numerário da empresa, investido no ativo circulante. E) os cultivos principais da empresa, em fase de desenvolvimento. 3) Em tempos de novas tecnologias de informação, comunicação e armazenamento de dados em nuvem, a contabilidade digital tem se tornado uma realidade. As empresas, independentemente do porte, têm se adequado às facilidades que esse serviço tem oferecido e que, embora mais ágil e prático, não deixa de exigir organização, disciplina e pontualidade na entrega dos documentos. Na empresa rural, não é diferente. No entanto, para adequar-se, a definição da estrutura contábil da empresa é um dos passos mais importantes, pois por meio dessa estrutura é que o empresário rural poderá ter controle das variações de seu patrimônio ao longo do tempo. A organização desses elementos em uma estrutura que atenda à lógica da escrituração contábil, chama-se: A) demonstrações financeiras obrigatórias. B) planificação contábil. C) plano de metas contábeis. D) orçamento para a empresa rural. E) balanço patrimonial. 4) É possível encontrar muita similaridade entre a contabilidade de uma empresa comercial e de uma empresa rural, no entanto, dadas as características e particularidades atribuídas às suas atividades e seus ciclos operacionais, algumas adequações são fundamentais para que as informações disponibilizadas nas demonstrações financeiras estejam adequadas às necessidades dos usuários. A conta produtos em processo, na empresa rural, é representada por qual conta e grupo? A) Produtos agrícolas, no ativo circulante. B) Ativos biológicos, no ativo não circulante (permanente) C) Culturas temporárias em formação, ativo circulante D) Culturas permanentes, ativo biológico, ativo não circulante E) Insumos agrícolas, ativo circulante 5) O que significa a seguinte afirmação: “no ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados”? A) Faz referencia à “ordem decrescente de grau de liquidez”, ou seja, o bem mais rapidamente conversível em dinheiro deve constar em primeiro lugar. B) Aqueles valores/bens a serem alienados em primeiro lugar devem constar, inicialmente, nas primeiras contas que aparecem no balanço patrimonial. C) No primeiro grupo de contas do balanço patrimonial são informados os direitos, e, após, os bens pertencentes à empresa. D) Inicialmente, no balanço patrimonial, são informados os bens de venda, e, após, os bens de capital. E) Os valores a serem liquidados em primeiro lugar deverão constar nas primeiras linhas do balanço patrimonial. NA PRÁTICA O campo de atuação do profissional contábil tem inúmeros vértices, desde o setor público, às grandes corporações privadas, até as entidades do terceiro setor. No entanto, o mais desafiador é o trabalho voltado para as pequenas empresas. Na área rural, esse trabalho torna-se ainda mais desafiador, pois o pequeno produtor rural ainda carrega consigo alguns receios acerca do sigilo dos dados e das informações sobre seu patrimônio. Aos poucos, esse cenário está se modificando, e o profissional da contabilidade vem se inserindo nesse contexto e tem conseguido muitos progressos. Acompanhe, no Na Prática, Lúcio, um contador que, tendo percebido a dificuldade do pequeno produtor, montou um roteiro para ajudá-lo a implantar a escrituração contábil como forma de buscar a inovação. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Contabilidade rural: particularidades, benefícios e dificuldades de aplicação no setor agrícola Neste estudo você conhecerá um pouco mais sobre os desafios do profissional da área contábil atuante no meio rural. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A contabilidade como instrumento de gestão dos estabelecimentos rurais Neste artigo, foi investigado o uso da contabilidade como instrumento de gestão das propriedades rurais, através de um estudo quantitativo realizado em 150 propriedades rurais no interior do RS. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Benefícios da contabilidade rural para a agricultura familiar: um estudo sobre famílias na cidade Capitão Poço – Pará Neste estudo, você verá os benefícios do uso da contabilidade rural para o controle e a tomada de decisão nas pequenas propriedades rurais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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