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Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 1 ESCOLA SUPERIOR TÉCNICA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRO-PECUÁRIAS CURSOS DE AGROPROCESSAMENTO ANALISE SENSORIAL DE ALIMENTOS dr. Nelson Francisco Cossa MAPUTO, 2018 Prefácio Este texto foi elaborado com o objectivo auxiliar o estudante durante as aulas e na sua formação. Ela não substitui a Bibliografia recomendada. Este texto faz referência a principais testes usados para fazer análise sensorial dos alimentos, sendo eles discriminativos, afetivos e entre outros. dr Nelson Francisco Cossa Agroprocessador ESTEC –UP – 2018 Ficha Técnica Agradecimentos Índice 1. INTRODUÇÃO Segundo o projecto de Norma Portuguesa 4263 (1994) podemos definir Análise Sensorial ou Exame Organoléptico como o “exame das características organolépticas de um produto pelos órgãos dos sentidos”, sendo, aí, organoléptica definida como “qualifica uma propriedade de um produto perceptível pelos órgãos dos sentidos”. Outras definições, retiradas de fontes diversas, definem a análise sensorial como "a análise de alimentos e outros materiais utilizando os sentidos" ou como a "definição e medida de um modo científico dos atributos do produto apercebidos pelos sentidos: vista, ouvido, cheiro, sabor e tacto", ou ainda como, "uma técnica cujo objectivo é a determinação das propriedades sensoriais ou organolépticas dos alimentos, isto é, a sua influencia sobre os receptores sensoriais cefálicos antes e apôs a sua ingestão e a investigação das preferências e aversões pelos alimentos determinadas pelas suas propriedades sensoriais". Sengundo NORONHA (2003) o homem carrega em si uma habilidade natural de selecção dos alimentos desde a sua infancia (preferencia ou reijeicao), sendo assim natural a preferencia, aceitabilidade ou nao de um produto. É uma tecnica existtente a milenios na produção de vinhos, cervejas e entre outros. Porem seu reconhecimento como tecnica com base científica inicia-se no seculo 20. 1.1.Historico de análise sensorial de alimentos A indústria de alimentos sempre se preocupou com a qualidade sensorial de seus produtos, entretanto, os métodos utilizados para medi-la variaram em função do estágio de evolução tecnológica da indústria. Para a indústria de alimentos dos países desenvolvidos, existe fases na metodologia de avaliação da qualidade sensorial (NORONHA, 2003). 1.1.1. Fases na metodologia de avaliação da qualidade dos alimentos 1.1.1.1.Período de 1950 a 1970 Abrangeu a Segunda Guerra Mundial a) Definição dos atributos primários que integram a qualidade sensorial dos alimentos e os órgãos sensoriais a eles relacionados; b) Normatização da forma e condições da realização da análise sensorial, bem como o tratamento estatístico aos dados obtidos. 1.1.1.2.Período após 1970 Instituiu-se que a qualidade sensorial de um alimento é o resultado da interação entre o alimento e o homem, que varia de pessoa para pessoa. Reconhece-se que a qualidade sensorial é função tanto dos estímulos procedentes dos alimentos como também das condições fisiológicas, psicológicas e sociológicas dos indivíduos que o avaliam (vide figura 1) (NORONHA, 2003). Figura 1: Qualidade sensorial Fonte: Freitas (2006) 1.2.Qualidade e interação dos sentidos Na análise sensorial existem três atributos de qualidade, que são: Qualitativos – rendimento, proporção dos ingredientes, pesos líquidos e drenados (fatores quantitativos). Não aparentes - factores que podem afectar o poder de venda do produto do ponto de vista da saúde e os que o consumidor pode avaliar por meio dos seus sentidos (informações nutricionais, adulterantes, etc). Sensoriais – o controle dos atributos sensoriais de qualidade não visa tanto à proteção do consumidor, mas é um meio para fabricantes de alimentos determinarem a preferência do mercado com a finalidade de obter um produto que satisfaça tais características a uma máxima economia de produção (NORONHA, 2003). Os diferentes atributos que compõem a qualidade sensorial dos alimentos são integrados no cérebro, na forma de uma impressão global de qualidade, mesmo sendo eles percebidos individualmente pelos sentidos humanos (vide figura 1). Figura 1: Sentidos humanos Fonte: Freitas (2006) 1.3.Aplicação da Analise Sensorial dos alimentos A Análise Sensorial permite determinar diferenças e caracterizar e medir atributos sensoriais dos produtos ou determinar se as diferenças nos produtos são detectadas e aceites ou não pelo consumidor. No desenvolvimento de produtos ou no controlo da qualidade, a compreensão, determinação e avaliação das características sensoriais dos produtos torna-se importante em muitas situações. De acordo com Duttcosky (1996), a avaliação sensorial fornece suporte técnico para a industrialização, marketing e controle de qualidade. Podemos citar avaliação do efeito das alterações nas matérias-primas ou no processamento tecnológico sobre o produto final. Redução de custos, controle de feito de embalagem sobre os produtos acabados. Algumas das situações apresentadas por Lyon et. al (1992): 1.3.1. Estudos de tempo de vida Data de validade "data até à qual será razoável esperar que o alimento retenha as suas propriedades específicas se sujeito a um armazenamento adequado". Factores que promovem alterações no produto: Temperatura Luz Embalagem Atmosfera Condições armazenamento, transporte e venda. Quanto tempo pode se ter o produto armazenado até que sejam perceptíveis mudanças nas qualidades sensoriais? Como é que as características sensoriais mudam com o armazenamento? Qual o período máximo de armazenagem a partir do qual fica inaceitável do ponto de vista sensorial? 1.3.2. Product Matching" (correspondencia de produto) Comparar um produto com um dado "produto alvo" e modificar as suas características sensoriais de modo a aproximar as suas características sensoriais do "produto alvo" Exemplos: Aproximação do produto "fabril" do produto desenvolvido na unidade piloto ou cozinha experimental. Aproximar o nosso produto do produto líder do mercado. (um sumo com sumo de marca compal) Aproximação de uma formulação "standard" quando há modificações de fornecedores de ingredientes. 1º. Definição do produto alvo: Como podemos descrever o produto alvo? Quais são as características chave que interessam ao consumidor? Quais são as principais características sensoriais que levam a gostar deste produto? Quais são as principais características deste tipo de produto? Quais são as características do produto alvo (líder do mercado)? 2º. Aproximação ao produto alvo/líder do mercado Será que este produto tem o mesmo perfil sensorial do produto alvo? Existe uma diferença perceptível entre esta "formulação" e produto alvo? Se há uma diferença, a que se deve? Como podemos aproximar o nosso produto do produto alvo? Será que as modificações efectuadas na formulação nos aproximaram das características sensoriais do produto alvo? Qual das duas formulações se aproxima mais do produto alvo? 1.3.3. Product Mapping Identificar a posição de um produto em relação aos seus concorrentes Identificar "falhas" em gamas de produtos Quais são os atributos dos produtos existentes no mercado? Quais as diferenças sensoriais entre os produtos existentes? Quais são as características dos produtos com maior e menor aceitação? Qual a combinação de características preferidas do consumidor? Será que as modificações efectuadasna formulação nos aproximaram das características sensoriais do produto alvo? 1.3.4. Especificações e Controlo da Qualidade O uso de especificações do produto na produção e fornecimento de produtos alimentares é essencial para as práticas normais de comercialização. "Um documento que identifica as características importantes do produto e que possa servir de base a um acordo entre o vendedor e comprador do produto" Quais são as especificações? Será que o produto está de acordo com as especificações? Qual a variação normal na qualidade que se deve esperar? Qual a variação para cada atributo? 1.3.5. Reformulação do produto Em todas as empresas é necessário, nalgum estádio da vida do produto, proceder a reformulações no produto. Estas reformulações podem ser devidas a diversas razões, tais como: Imperativos legais, mudanças de fornecedor de um ou mais ingredientes, modificações no processo de fabrico devido a modificações ou melhorias nos equipamentos, aspectos competitivos, etc. Estas razões levam a que seja necessário proceder a modificações no produto, quer para modificar ou manter a posição no mercado ocupada pelo produto. As técnicas de Análise Sensorial podem ajudar as empresas nas reformulações ao produto. As provas descritivas permitem caracterizar as modificações devidas a modificações nas receitas ou no processo, podendo também ser úteis para detectar se a concorrência produzir um produto idêntico ao da empresa constituindo uma ameaça à cota de mercado. A Análise Sensorial pode ajudar a responder às seguintes questões: • Se a receita/processo/embalagem mudar, como é que a qualidade vai ser afectada? • Será que a mudança vai ser superior a variação intrínseca do processo? • A modificação produz uma mudança efectiva do ponto de vista sensorial? • Até que ponto que podemos varia uma dada característica sensorial até que a aceitação (gostar/apetência) do produto seja afectada? 1.3.6. Detecção de Cheiros e Sabores estranhos ao produto Fontes de contaminação: Contacto com superfícies pintadas, envernizadas, solventes, tinta, etc... Repavimentações Desinfectantes, detergentes Embalagem, tintas, fecho a quente, ... Atmosfera 1.3.7. Aceitabilidade do produto pelo consumidor A objectivo principal de uma empresa é vender os produtos que fabrica. É então imprescindível o desenvolvimento e fabrico de produtos que sejam de agrado do consumidor. O conhecimento das características requeridas pelos consumidores é uma das aplicações mais importantes da Análise Sensorial no desenvolvimento de novos produtos e no marketing. A Análise sensorial poderá, neste caso, ajudar a obter resposta às seguintes perguntas: • Que produto é preferido? • Qual dos produtos é mais apreciado? • O consumidor gosta/não gosta da aparência/sabor/textura? Quanto? • Quanto é que poderemos modificar o produto sem que os consumidores deixem de gostar dele? 1.4.Caracteristicas sensoriais A nossa “máquina” de análise sensorial é composta pelos nossos sistemas sensoriais: olfativo, gustativo, tátil, auditivo e visual. Esses sistemas avaliam os atributos dos alimentos, ou seja, suas propriedades sensoriais (AnzaldúaMorales, 1994). De outro lado temos a percepcao sensorial que é o acto ou efeito de perceber, reconhecimento dos sentidos no reconhecimento de um objecto, receção de um estímulo, sensação, intuição. Pode-se dizer que a percepcao ocorre quando o observador toma consciência da sensação. O ser humano guarda as percepcoes e quando elas são mudadas ocorre a impressão. O estímulo provoca uma irritabilidade nos receptores. Os cinco sentidos ou receptores que são utilizados na percepcao do alimento, determinando a qualidade específica da percepcao, são eles: Visão – Estimulo Físico Olfato – Estimulo químico Tato – Estimulo físico Audição – Estimulo físico Gosto – Estimulo químico 1.4.1. Sentidos humanos envolvidos nas avaliações sensoriais e propriedades 1.4.1.1.Visão e Cor Os olhos são os órgãos físicos que nos permite o sentido da visão. O receptor é a retina que contem dois tipos de células: os cones e os bastões. Os cones para detetar a cor e os bastões para visualizar a forma e a luz escura. O olho é mais efetivo para detetar diferenças de cor e forma do que qualquer instrumento OLIVEIRA (2010). Quanto a cor, é o primeiro contacto do consumidor com um produto, geralmente, é com a apresentação visual, onde se destacam a cor e a aparência. Todo produto possui uma aparência e uma cor esperadas que são associadas às reações pessoais de aceitação, indiferença ou rejeição. A forma geralmente está relacionada à forma natural, ou a uma forma comercial consagrada culturalmente. A cor de um objeto possui três características distintas que são o tom, determinado pelo comprimento de onda da luz refletida pelo objeto; a intensidade, que depende da concentração de substâncias corantes dentro do alimento e o brilho, que é a quantidade da luz refletida pelo corpo em comparação com a quantidade de luz que incide sobre o mesmo (Teixeira et al, 1987; Huy, 1992; Anzaldúa-Morales, 1994). 1.4.1.2. Olfacto e Odor O nariz é o órgão físico que nos permite o sentido de olfato, que nos capacita a sentir o cheiro, quando estamos fisiologicamente saudáveis. Cheiros são produzidos por misturas complexas de moléculas odoríferas. Segundo a ABNT, odor é a propriedade sensorial perceptível pelo órgão olfativo quando certas substâncias voláteis são aspiradas (ABNT, 1993). Evita-se o termo cheiro em análise sensorial. Essas substâncias, em diferentes concentrações, estimulam diferentes receptores de acordo com seus valores de limiar específicos. Muitas substâncias possuem notas características, e os alimentos podem ser compostos por várias dessas notas, como, por exemplo, notas doces e notas ácidas na maçã, cujos especialistas em odores identificam facilmente, principalmente por sua memória olfativa (Teixeira et al, 1987; Anzaldúa-Morales, 1994). Ainda segundo Teixeira et al (1987), outras características do odor são a intensidade, a persistência e a saturação; a primeira tem relação com a própria característica do odor (nota) e a concentração; a persistência (a segunda característica) também pode estar relacionada indiretamente com a intensidade, mas está diretamente relacionada ao tempo de duração. Já a saturação está relacionada com a capacidade do sistema nervoso central em se acostumar ao odor e passar a não percebê-lo conscientemente. O aroma é a propriedade de perceber as substâncias aromáticas de um alimento depois de colocá-lo na boca, via retronasal. Esta propriedade é essencial para compor o sabor dos alimentos, a qual podemos comprovar quando estamos resfriados e, então, não sentimos o sabor dos alimentos. Os provadores de vinho, chá ou café avaliam esta característica, apertando tais amostras com a língua contra o palato, induzindo a difusão das substâncias aromáticas pela membrana palatina, e também aspirando pelo nariz para perceber o odor das substâncias que se volatilizam na boca (Anzalcúa-Morales, 1994; ABNT, 1993). De acordo com OLIVEIRA (2010) o nariz humano é muito sensivel as variedades de odores, sendo que essa sensibilidade varia com individuo e diminui com a idade. As perceções patológicas para o odor são: Anosmia: deficiência de sensibilidade aos estímulos Hiperosmia: percepcao aumentada do odor Hiposmia: percepcao reduzida do odor, normalmente devido à doença Heterosmia: troca de odores Cacosmia: percepcao permanente de odor desagradáveis. Técnica de aspiração: A técnica adequada para testar odor é a fazer aspirações rápidas para contacto adequado do odor com os recoptores sensoriais, evitando inalações profundas e longas. Deve-se aspirar uma determinada amostra o tempo suficiente paratomarem uma decisão a respeito do aroma que estão sentindo, porem este tempo não deve ser muito longo, tornando-os confusos ou mesmo dessensibilizados. Outra particularidade é que os candidatos devem sempre manter a boca fechada durante o processo de aspiração OLIVEIRA (2010). Na avaliação do odor de um produto pode ocorrer o mascaramento de um odor por outro odor e apos certo tempo de exposição a um determinado odor, o individuo deixa de percebe-lo. 1.4.1.3.Gosto A lingua é o orgao fisico que nos permite o sentido do gosto, atraves das papilas gustativas e é uma das propriedades sensoriais da cavidade bucal relacionadas ao paladar, percebidas na boca. É a identificação, através das papilas gustativas, das características básicas (ou gostos primários) dos alimentos, ou seja, os gostos ácidos, amargos, doces e/ ou salgados (Teixeira et al, 1987; Huy, 1992; ABNT, 1993; Anzaldúa-Morales, 1994). É importante ressaltar que existem pessoas com adequada percepção para algum(s) desses gostos básicos que pode(m) apresentar percepção pobre ou nula para outro(s) (Anzaldúa-Morales, 1994). Os compostos usados como referencia para os gostos básicos são: Doce: sacarose Salgado: cloreto de sódio Ácido: ácido cítrico Amargo: cafeina Umami: glutamate de sódio Metálico: sulfato de heptahidrato de ferro Segundo OLIVEIRA (2010), a sensibilidade aos gostos varia entre os indivíduos. Percepcoes patológicas geralmente causadas por acidentes, uso de fármacos, fatores genéticos que são: Ageusia: perda do sentido do gosto Hipogeusia: decréscimo da sensibilidade do gosto, Parageusia: alterações na sensibilidade do gosto (troca de sabores) Hipergeusia: acuidade excessiva ou aumentada da perceção do gosto . O sabor (equivalente em português para a palavra inglesa flavour), é um atributo complexo, definido como experiência mista, mas unitária de sensações olfativas, gustativas e táteis percebidas durante a degustação (ABNT, 1993). O sabor é influenciado pelos efeitos táteis, térmicos, dolorosos e/ou sinestésicos, e essa inter-relação de características é o que diferencia um alimento do outro. Quando um sabor não pode ser definido claramente é denominado sui generis, porém, por meio da análise sensorial, pode-se obter o perfil do sabor do alimento, que consiste na descrição de cada componente de um produto. Algumas características devem ser levadas em consideração em alguns alimentos (ou ingredientes de alimentos) e uma delas é o tempo de percepção, ou seja, o tempo para ser percebida pelo paladar. Outra característica importante para se observar é o sabor residual que permanece na boca algum tempo após o alimento ser deglutido (Teixeira et al, 1987; Huy, 1992; ABNT, 1993; AnzaldúaMorales, 1994). Técnica de sabor A quantidade da amostra que um candidato coloca na boca deve ser padronizada e adequada para cada avaliação. Para amostras com baixo desenvolvimento de sabor, é importante que permaneçam por um certo tempo na boca do provador, antes de serem deglutidas ou guspidas. Quando isso ocorre, o tempo de permanência destas amostras na boca também deve ser padronizada. Entretanto a deglutinação realça o sabor, porém pode causar fadiga sensorial se muitas amostras são analisadas. Por isso é necessário enxaguar a boca, porem uma vez feito, o procedimento deve ser repetido em todas as avaliações. Para este efeito usa-se agua mineral que é o recomendável mas também pode ser usado agua potável, biscoitos agua e sal ou torradas OLIVEIRA (2010). 1.4.1.4.Tacto e Textura Os sentidos do tacto e audição simultaneamente permitem a percepcao da textura de alimentos e bebidas. A textura é definida como todas as propriedades reológicas e estruturais (geométricas e de superfície) de um alimento pelos recptores mecânicos, táteis e eventualmente pelos receptores visuais e auditivos. A sensação do tacto pode ser classificada em: Sensações somesteticas: terminações nervosas superficiais na pele, epiderme, derme e tecido subcutâneo. Sensação: tacto, pressão, calor, frio, coceira e cocegas. Nos alimentos: granulosidade, arenosidade, cristalinidade e floculação são consideradas sensações somesteticas OLIVEIRA (2010). Sensações cinestéticas: fibras menores do músculo, tendões e ligamentos. Firmeza adesividade e viscosidade são sensações cinestéticas. Outro uso da sensação cinestética é o toque ao alimento, como por exemplo o exame da maturação de frutas OLIVEIRA (2010). A textura é a principal característica percebida pelo tato. É o conjunto de todas as propriedades reológicas e estruturais (geométricas e de superfície) de um alimento, perceptíveis pelos receptores mecânicos, táteis e eventualmente pelos receptores visuais e auditivos (ABNT, 1993). A textura se manifesta quando o alimento sofre uma deformação (quando é mordido, prensado, cortado, etc), e é através dessa interferência na integridade do alimento que se pode ter noção da resistência, coesividade, fibrosidade, granulosidade, aspereza, crocância, entre outras (tab. 1). As propriedades da textura podem ser classificadas em três categorias: mecânica, geométrica e de composição, que por sua vez podem ser subdivididas em primárias e secundárias, (Anzaldua-Morales, 1984). Para alimentos líquidos, tal deformação se chama fluidez; para alimentos semi-sólidos ao invés de textura, denomina-se consistência (Teixeira et al, 1987; Huy, 1992; AnzaldúaMorales, 1994). 1.4.1.5.Som e audição Os alimentos possuem sons característicos, que são reconhecidos pela experiência prévia do consumidor quando são consumidos ou preparados; sendo associado principalmente à textura do alimento (TEIXEIRA et al, 1987. Segundo OLIVEIRA (2010) os sons provocados pela mordida ou mastigação completam a percepcao da textura e fazem parte da satisfação ao comer. As vibrações de mastigação e deglutição alcançam o ouvido interno por meio da trompa de Eustáquio ou pelos ossos do cranio. TABELA 1: Definições de algumas características primárias de textura PROPRIEDADES DEFINICOES Dureza Física: força necessária para deformar o alimento. Sensorial: força requerida para comprimir um alimento na boca até sua ruptura. Coesividade Física: força que pode deformar um material antes de romper. Sensorial: grau até o qual se comprime uma substância antes de rompê-la. Viscosidade Física: taxa de fluxo por unidade de força. Sensorial: força requerida para retirar um líquido de uma superfície. Elasticidade Física: taxa a qual um material deformado regressa a sua condição inicial depois de retirar a força deformante. Sensorial: grau ao qual regressa um produto a sua forma original uma vez que já tenha sido comprimido pelos dentes. Adesividade Física: trabalho necessário para vencer as forças de atração entre a superfície do alimento e a superfície dos outros materiais que o alimento entra em contato. Sensorial: força requerida para se retirar o material aderido à boca durante seu consumo Fonte: Larmond (1976), citado por Anzaldúa-Morales (1994). RESUMINDO Tabela 2: Atributos sensoriais Fonte: Freitas(2006) 1.5.Factores que afectam a analise sensorial Tempo: planejamento, seleção de provadores, elaboração de questionários, treinar provadores, conduzir o teste, fazer analise e processar os dados. Economicos: gasto em muitas amostras e pagamento de de provadores Disponibilidade das amostras: necessidade de muitas amostras e repetição de muitos testes, diferentemente de análises físicas e químicas. Condição da amostra: não deve estar deteriorada Importância da decisão: análises sensoriais importantes devem ser efetuadas mesmo que gastem tempo e dinheiro. 1.6.Condições para a execução das provas Os ensaios sensoriais, com a excepção de provas de envolvam consumidores, devem ser conduzidos num local apropriado,especialmente construído, ou adaptado para o efeito (sala de provas, ou laboratório de análise sensorial). Segundo a NP 4258:1993 este local deve, no mínimo, ter: Um local de ensaio que permita o trabalho individual e/ou em grupo; Um local para a preparação das amostras (cozinha). De acordo com a mesma norma é desejável a existência das seguintes áreas: Gabinete administrativo, Vestiário, Local de relaxe ou descompressão; Instalações sanitárias. Além destas áreas podemos ainda considerar que para certas aplicações poderá ser necessária A existência de um local próprio, e separado da zona de preparação das amostras, para a recepção e codificação de amostras (quando por exemplo é necessário garantir a confidencialidade de marcas); Um local próprio para o armazenamento das amostras quando a quantidade das amostras a tratar não permitir o seu armazenamento na zona de preparação; (iii) uma sala de espera (Figura 2-1). 1.6.1. Local de Ensaio Como características gerais é recomendado que o local de ensaio obedeça às seguintes características: 1.6.1.1.Localização O Local de ensaio deve estar na vizinhança da sala/cozinha de preparação das amostras. É recomendável que o local de preparação e de ensaio sejam contíguos, no entanto o acesso ao local de ensaio não deve ser feito pela sala/cozinha de preparação das amostras. (COI/T.20/Doc.no.6, 1987) 1.6.1.2.Temperatura e Humidade A temperatura e humidade do local de ensaio deve ser constante e controlável. Em geral é recomendada uma temperatura de 20 ± 2 ºC e uma humidade relativa entre 60% e 70%. 1.6.1.3.Ruído O local para a realização das provas deve ser isento de ruídos externos. Em certas situações poderá ser necessário insonorizar o local. 1.6.1.4.Odores O local de ensaio deve ser bem ventilado e livre de odores. Poderá ser utilizado ar condicionado equipado com filtros de carvão activado. Pode-se ainda aumentar ligeiramente a pressão no local de ensaio de modo a reduzir a entrada de ar de outras zonas. Desejavelmente haverá renovação contínua de ar no local de ensaio a uma velocidade adequada às provas a realizer (NORONHA, 2003). O local deve ser revestido de material de fácil limpeza, isento de odores e que não absorva os cheiros. Para tal não deverão ser utilizados alcatifas, tapetes, papel de parede, mosaicos porosos, etc. 1.6.2. Cor das instalações A cor do local de ensaio e dos equipamentos deve ser neutra (branco, branco sujo ou cinzento claro) de modo não influenciar a avaliação do produto. 1.6.3. Iluminação geral A iluminação em análise sensorial é um factor que necessita de ser controlado, especialmente no caso da avaliação e do aspecto. A iluminação geral do local de ensaio deve ser uniforme, sem sombras e controlável. São recomendadas lâmpadas que tenham uma temperatura de cor aproximada de 6500 K. No caso de ensaios realizados com consumidores a iluminação deve ser o mais aproximada possível da iluminação natural (NORONHA, 2003). 1.6.4. Cabinas de prova para ensaios individuais Em certas provas é necessário que os provadores estejam em cabinas de ensaio individuais de modo a serem limitadas as distracções e de modo a evitar que comuniquem entre si. 1.6.4.1.Número de cabinas O número de cabinas dependerá do espaço disponível, do número de provas que será necessário realizar normalmente. É recomendado um número mínimo de três cabinas, sendo o número normalmente situado entre cinco a dez cabinas. 1.6.4.2.Implantação das cabinas As cabinas poderão ser amovíveis, embora seja recomendável que sejam fixas. As cabinas de ensaios deverão estar devidamente identificadas. Nos casos em que as cabinas sejam situadas ao longo da parede que separa o local de ensaio do local de preparação das amostras (cozinha) é recomendável a existência de aberturas para a passagem das amostras. Estas aberturas deves estar situadas ao nível da bancada de serviço e serem munidas de portas corrediças ou postigos verticais de fecho fácil (Figura 2-2). F i g u r a 2 - 2 C a b i n a s d e p r ova e qu i p a d a s c o m d o i s t i p o s d e p a ss a - p r a t o s ( COI/T.20/Doc.no.6 , 1987 ) As cabinas devem estar equipadas com um dispositivo que permita ao provador avisar o responsável que está pronto para começar a prova ou que já a terminou. Este dispositivo poderá ser simplesmente um interruptor que ligue uma lâmpada. As cabinas poderão ser equipadas com tinas e dotadas de água potável corrente. Devendo neste caso ter cuidado para assegurar a higiene e eliminar possíveis odores. 1.6.4.3.Dimensões das cabinas As cabinas devem ter no mínimo 90 cm de largura, 60 cm de profundidade e 75 cm de altura se as provas forem realizadas com os provadores sentados ou 85 cm se os provadores estiverem de pé (Figura 2-3). Os separadores entre as cabinas devem ir além da bancada de maneira a isolar os provadores. É recomendada uma extensão de até 30 cm, além da bancada. Os assentos devem ser reguláveis e o seu ajustamento não deverá ser fonte de ruído. 1.6.4.4.Iluminação A iluminação no interior das cabinas deve ser uniforme, sem sombras, controlável e de intensidade suficiente para permitir a avaliação das características das amostras. É recomendável a utilização de lâmpadas que tenham uma cor próxima dos 6500 K. Tendo em vista a dissimulação de diferenças e cor e de outras características que possam influenciar a apreciação, as cabinas poderão estar equipadas com iluminação especial, podendo-se recorrer a atenuadores, lâmpadas coradas, filtros corados ou a luz mono cromática (e.g. lâmpada de vapor de sódio). As cores verdes e vermelha são as mais utilizadas para mascarar diferenças. Nos ensaios realizados com consumidores dever-se-á escolher uma iluminação tão próxima quanto possível da iluminação natural. 1.6.5. Espaço para o trabalho de grupo A sala reservada ao trabalho de grupo deve ser suficientemente espaçosa para aí caber uma mesa suficientemente grande para cinco ou dez provadores. A mesa deverá suficientemente larga para se poderem colocar as amostras e utensílios necessários em frente de cada participante. Mesas mais sofisticadas poderão ser equipadas com um centro móvel para permitir passar as amostras para os diversos participantes (Figura 2- 4) Quando não existem cabinas individuais, ou de modo a aumentar o número de zonas de avaliação individual, a mesa utilizada para o trabalho de grupo poderá ser equipada com tabiques amovíveis de modo a criar zonas de trabalho individual. É aconselhável a existência de um quadro ou outro meio (e.g. folhas instaladas num cavalete) que permita fazer anotações durante os trabalhos. A iluminação do local e cor das instalações devem obedecer às características mencionadas anteriormente para a zona de prova individual. 1.7.Preparo e apresentação das amostras A sala de preparo de amostras deve possuir todo o material necessário para o trabalho. Alguns equipamentos, como: balança analítica, provetas, termômetros, destilador de água, banhos-maria, geladeira, forno, fogão, bandejas e pia são imprescindíveis. As amostras devem ser apresentadas em recipientes adequados, uniformes, limpos, sem odores ou sabores residuais e em tamanho adequado. Para líquidos usa-se aço inox, vidro e alguns plásticos, sendo que para bebidas quentes se pode usar cerâmicas e para bebidas muito frias, vidros. Para alimentos sólidos se pode usar pratos ou pires de papel, plástico ou vidro, além de folha de alumínio. Os talheres devem ser preferencialmente de aço inox (NORONHA, 2009). Para os degustadores não sofrerem qualquer influência psicológica, as amostras devem ser devidamente preparadas antes de serem apresentadas para a análise (Chaves,1980; Monteiro, 1984; Teixeira et al, 1987; Moraes, 1988; AnzaldáuaMorales, 1994). As cores, por exemplo, podem influenciar a análise sensorial de um alimento, tanto no que diz respeito à identificação de sabores (um grande número de pessoas é incapaz de identificar sabores em bebidas incolores) quanto na medição da aceitabilidade de um produto. Com o objetivo de minimizar estes efeitos, lança-se mão de lâmpadas coloridas (azuis, vermelhas ou alaranjadas) nas cabines de análise sensorial (TEXEIRA, 2009). Quanto ao odor/aroma, é importante que o ambiente de prova tenha circulação de ar adequada. A duração da análise e o intervalo entre uma prova e outra devem ser suficientes para evitar saturação dos receptores olfatórios, principalmente se a análise for exclusivamente sobre odor (Chaves, 1980; Monteiro, 1984; Teixeira et al, 1987; Moraes, 1988). Quanto ao sabor, alguns alimentos, como o requeijão, a manteiga e a margarina, necessitam da utilização de veículos para realização desta prova. Neste caso, deve-se atentar para que esse veículo seja o mais insípido e inerte possível (Anzaldúa-Morales, 1994). Quando se pretende analisar o som do alimento é necessária a eliminação de ruídos estranhos, que podem alterar a percepção e a atenção do juiz que estiver realizando a prova (TEXEIRA, 2009).. 1.7.1. Apresentação das amostras 1.7.1.1.Temperatura Segundo NORONHA (2003) as amostras devem, normalmente, ser servidas à temperatura normal de consumo. As frutas, doces, produtos de pastelaria e panificação devem ser apresentadas à temperatura ambiente. As verduras e carnes cozidas, assadas ou fritas devem, em geral, ser aquecidas a cerca de 80ºC e depois colocadas em banho maria a uma temperatura constante próxima dos 60ºC. As bebidas quentes e sopas devem ser servidas a 60-66ºC As bebidas que normalmente se tomam frescas (refrescos, sumos de fruta, leite) deverão ser servidas a 4ºC-10ºC. Os gelados e sobremesas geladas deverão ser apresentados a cerca de –1ºC. É recomendável retirá-los do congelador e colocá-los no frigorífico cerca de 5 minutos antes do início da prova. 1.7.1.2.Horário das provas As provas que envolvam a boca (degustação) não deverão ser realizadas nas duas horas a seguir ao almoço. A melhor hora para a realização deste tipo de provas é entre as 10:00 h e a hora do almoço, ou então ao fim da tarde. A melhor hora para a realização das provas varia de provador para provador dependendo do seu ritmo biológico. A melhor hora é aquela em que o provador está mais acordado e as suas capacidades mentais estão no máximo (NORONHA, 2003). 1.7.1.3.Quantidade de amostra A quantidade de amostra a fornecer aos provadores está, muitas vezes, limitada às quantidades de amostra existentes e número de provadores a utilizar. No entanto recomenda-se que em provas discriminativas sejam fornecidos pelo menos cerca de 30 ml, no caso de amostras líquidas e 25-30g no caso de amostras sólidas. 1.7.1.4.Limpeza entre as amostras 1.7.2. Factores que podem influenciar as respostas 1.7.2.1.Factores fisiológicos a) Adaptação A adaptação sensorial é a modificação temporária da acuidade de um órgão sensorial devido a estimulação contínua ou repetida (Pr NP 4263:1994). Em análise sensorial a adaptação é uma importante, e não desejável, causa de variabilidade nos limiares e avaliações de intensidade. b) Ampliação ou diminuição Em misturas poderá observar-se a ampliação ou a diminuição de um estímulo: Antagonismo – Acção conjugada de dois ou mais estímulos, cuja associação provoca um nível de sensação inferior ao esperado da sobreposição dos efeitos de cada um dos estímulos tomados separadamente (Pr NP 4263:1994). Sinergismo – Acção conjugada de dois ou mais estímulos, cuja associação provoca um nível de sensação superior ao esperado da sobreposição dos efeitos de cada um dos estímulos tomados separadamente (Pr NP 4263:1994). Camuflagem – Diminuição da intensidade ou modificação da qualidade de percepção de um estímulo por acção simultânea de um outro (Pr NP 4263:1994). Ampliação - Aumento da intensidade ou modificação da qualidade de percepção de um estímulo por acção simultânea de um outro. 1.7.2.2.Factores psicológicos a) Erro de expectativa O responsável pela realização da prova só deverá fornecer aos provadores a informação estritamente necessária para a sua realização. O fornecimento de informação demasiada sobre as amostras ou objectivo do estudo poderá influenciar as respostas dos provadores. Os provadores geralmente detectam aquilo que estão à espera de detectar. Por esta razão não é recomendável que participem nas provas pessoas directamente envolvidas na realização da experiência ou investigação em curso, nem pessoas que tenham interesse nos resultados da prova. As amostras devem ser codificadas e apresentadas aleatoriamente aos provadores. b) Erro de habituação Os provadores, como as outras pessoas são “animais de hábitos”. Os erros de habituação aparecem normalmente na prova de séries de amostras em que os estímulos vão gradualmente aumentando ou diminuindo de intensidade, por exemplo no Controlo da Qualidade. Os provadores têm a tendência, nestes casos, de repetir as classificações e assim não detectarem tendências ou mesmo a não detectar amostras defeituosas. A habituação é frequente e poderá ser combatida pela apresentação de amostras manipuladas ou apresentação de produtos diferentes. c) Erro de estímulo O provador, na tentativa de responder correctamente ao que lhe é solicitado, pode, nalgumas situações, ser influenciado por características não relevantes do produto. Em provas discriminativas pode ir procurar indícios que indiquem diferenças entre amostras, tais como, tamanho, cor, tipo de corte, etc. Para diminuir a ocorrência deste erro é necessário que a aparência das amostras seja o mais uniforme possível. Poderão ser utilizadas lâmpadas coloridas para mascarar a aparência das amostras (ver 2.1.7.4). d) Erro lógico Este erro, relacionado com o anterior, ocorre quando um provador chega a uma dada conclusão porque pensa que uma dada característica está logicamente associada com outra. Por exemplo um provador pode associar um sabor mais ácido a um queijo mais claro e assim indicar como mais ácida a amostra de queijo mais clara mesmo que a tenha apercebida menos ácida. A utilização de lâmpadas ou filtros coloridos poderia minimizar o erro nesta situação. e) Efeito de halo Este erro pode ocorrer quando se solicita ao provador que avalie simultaneamente duas ou mais características do produto. Os provadores tendem nesta situação a criar uma impressão global do produto e classificar a característica mais relevante de acordo com esta impressão. Para as outras características tenderá a atribuir classificações próximas. f) Ordem de apresentação das amostras A (incorrecta) ordem de apresentação das amostras poderá induzir alguns efeitos indesejáveis: Efeito de contraste A apresentação de uma amostra de boa qualidade seguida de uma amostra de má qualidade pode levar a que esta última tenha classificações inferiores às que teria se fosse apresentada isoladamente. O contrário também se aplica. Este efeito ocorre principalmente em provas hedónicas mas poderá ocorrer também em provas descritivas. Efeito de Grupo Uma boa amostra incluída num grupo de más amostras pode, nalgumas situações, obter uma classificação inferior do que se fosse apresentada isoladamente. Este efeito é o oposto ao efeito de contraste. Erro de tendência central Amostras colocadas no centro de um grupo são mais frequentemente seleccionadas que amostras nos extremos. Em provas triangulares (ver 6.1) a amostra diferente, quando colocada na posição central, tem uma maior probabilidade de ser seleccionada. PadrõesOs provadores tendem a utilizar todas as pistas disponíveis e detectam rapidamente qualquer padrão na ordem de apresentação das amostras. Erro temporal/tendência posicional A atitude dos provadores sofre modificações subtis ao longo de uma série de provas. Pode varias desde a expectativa, ou mesmo gulodice, em relação à primeira amostra, até indiferença, fadiga ou náusea em relação à última. A primeira amostra pode ser preferida ou rejeitada de um modo extremo. Em provas de curta duração poderá haver uma tendência a preferir a primeira amostra enquanto que em provas de longa duração poderá observar-se que a última amostra é a mais preferida. Em provas discriminativas obtêm-se melhores resultados no primeiro grupo avaliado. g) Sugestão mútua A resposta dos provadores poderá ser influenciada pelos outros provadores. Para prevenir a sugestão utilizam-se cabinas individuais (ver 2.1.7) de modo a que o provador não tenha acesso às respostas dos outros provadores, ou simplesmente à sua expressão facial. Os provadores não serão autorizados a falar enquanto realizam as provas. h) Falta de motivação A motivação dos provadores é muito importante para a obtenção de bons resultados. É fundamental que as provas se desenrolem de forma planeada e eficiente, já que a desorganização poderá provocar o desinteresse dos provadores. O interesse dos provadores poderá ser mantido informando-os periodicamente do seu desempenho. Os provadores também deverão de tempos em tempos ser relembrados da importância e utilidade do painel para manterem o interesse. i) Extravâgancia e timidez Alguns provadores tendem a utilizar os extremos das escalas, o que pode influenciar o resultado global do painel. Outros tendem a ficar-se sempre pelo meio das escalas, minimizando assim as diferenças apercebidas entre amostras. De modo a que seja possível obter resultados reprodutíveis e significativos é necessário monitorizar continuamente o desempenho dos provadores na utilização de escalas. Os provadores poderão ser (re)treinados no uso das escalas utilizando amostras já avaliadas pelo painel ou utilizando amostras de referência. 1.7.3. Tipos de provadores Podemos considerar vários tipos de participantes (provadores) nas provas de análise sensorial (prNP 4264:1994; NP ISO 8586-1:2001; ISO 8586-2:1994): Participante ou provador (assessor) – qualquer pessoa que participe num ensaio sensorial; Participante ou provador candidato – qualquer pessoa que, sendo candidata, ainda não tenha participado num ensaio sensorial Participante ou provador iniciado (initiated assessor) – qualquer pessoa que já tenha participado num ensaio sensorial; Provador – participante perspicaz, sensível, seleccionado e treinado para avaliar mediante os órgãos dos sentidos as características organolépticas dum produto; Provador qualificado (selected assessor) – provador escolhido pela sua capacidade para efectuar um ensaio sensorial; Provador perito (expert) – provador qualificado que, pela sua grande experiência do produto é capaz de efectuar, individualmente ou em júri, a avaliação sensorial desse mesmo produto. A norma ISO 8586-2:1994(E) refere a existência de dois tipos de peritos (expert): Provador perito (expert assessor) – provador qualificado com um alto grau de sensibilidade sensorial e experiência na metodologia de análise sensorial, capaz de realizar ensaios consistentes e repetíveis em vários produtos. Provador perito especializado (specialized expert assessor) – provador perito com experiência adicional como especialista no produto e/ou processo e/ou marketing, com capacidade para efectuar ensaios sensoriais ao produto e avaliar ou predizer os efeitos de modificações nas matérias primas, receitas, processamento, armazenamento, envelhecimento, etc. 2. MÉTODO SENSORIAL DISCRIMINATIVO 2.1.Prova triangular As provas triangulares são provas utilizadas para determinar diferenças sensoriais (inespecíficas) entre dois tratamentos ou produtos ou seja verificam se existe diferença entre duas amostras que sofreram tratamentos diferentes, como verificar se mudanças de ingredientes, processamento, embalagem ou armazenamento, acarretou alterações sensoriais no produto. Serve para detetar pequenas diferenças e por este motivo é utilizado antes de outros testes, porque não avalia o grau, nem caracteriza os atributos responsáveis pela diferença ou seja, avalia o produto globalmente. 2.1.1. Características É utilizado para verificar se existe diferença percetível entre dois produtos comparando-se três amostras, onde dois são iguais e 1 diferente. Devem-se apresentar as amostras e perguntar qual a amostra diferente; Recomenda-se 20 a 40 provadores, embora em casos mais simples possam se utilizar 12 provadores; Pede-se ao provador para marcar no questionário a amostra diferente; A análise estatística se baseia no número de acertos. Por se tratar de um teste rápido, objetivo e de pouca fadiga, normalmente se aproveita a mesma sessão do provador para aplicar dois ou três grupos de testes independentes. O número de respostas corretas necessárias para estabelecer diferenças significativas é encontrado na tabela. Probabilidade de acerto ao acaso 1/3. Ao provador são apresentadas três amostras codificadas, sendo-lhe indicado que uma delas é diferente das outras duas. É solicitada a identificação da amostra que é diferente. Nesta prova são possíveis dois tipos de apresentação das amostras: dois As e um B ou dois Bs e um A. Cada um dos tipos de apresentação deve ser apresentado o mesmo número de vezes. Nos casos em que a ordem de prova das amostras é especificada existem um total de 6 modos diferentes para realizar a prova: ABB, BAB, BBA, BAA, ABA e AAB. Neste caso cada modo deve ser utilizado o mesmo número de vezes, o que implica que o número de provadores seja um múltiplo de 6. Às amostras deve ser atribuída uma codificação aleatória, sendo preferível que a codificação varie de avaliador para avaliador de modo a prevenir influências (acidentais ou deliberadas) entre provadores. 2.1.2. Recolha de dados Existem dois modos possíveis de recolha de dados. No primeiro, escolha forçada, o provador é obrigado a escolher uma das amostras, mesmo que não consiga identificar nenhuma diferença entre as amostras provadas. No segundo modo é dada a opção ao provador de declarar que não encontrou diferença entre as amostras. No caso de painéis de provadores treinados é preferível o método que permite ao provador declarar que não detecta diferenças entre as amostras, dado que neste caso a informação nos poderá ser útil para aferir da natureza das amostras. No caso de painéis de provadores não treinados (e.g. painéis de consumidores) deve-se optar pela escolha forçada, visto que a dar-se a oportunidade ao provador de optar por não ter de fazer uma escolha o provador poderá ter tendência a tomar esta opção que poderemos considerar como a mais “fácil”. Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 37 O modo de tratar os dados dependerá do método escolhido para a recolha de dados (escolha forçada ou não). 2.1.3. Análise dos resultados A probabilidade de, nesta prova, um dado provador escolher ao acaso a amostra diferente é de 33,3% (1/3). O problema que se põe é de saber, para um dado número de provadores, qual o número de respostas corretas a partir do qual podemos afirmar que existe um diferença entre as amostras. O número de respostas corretas necessário para se obter uma diferença significativa a um dado nível de significância pode ser obtido através da Tabela. Os valores da tabela foram calculados utilizando a distribuição Binomial. Para uma explicação aprofundada ver página 59 e seguintes. Tabela Número mínimo(crítico) de respostas correctas para os testes de diferença mais usuais a dois níveis de significância. n Unilaterais Bilateral Duo-trio e Diferença Direccional Triangular Dois-em cinco Diferença direccional 5% 1% 5% 1% 5% 1% 5% 1% 5 5 6 4 5 3 3 - - 6 6 7 5 6 3 4 6 - 7 7 7 5 6 3 4 7 - 8 7 8 6 7 3 4 8 8 9 8 9 6 7 4 4 8 9 10 9 10 7 8 4 5 9 10 11 9 10 7 8 4 5 10 11 12 10 11 8 9 4 5 10 11 13 10 12 8 9 4 5 11 12 14 11 12 9 10 4 5 12 13 15 12 13 9 10 5 6 12 13 16 12 14 9 11 5 6 13 14 17 13 14 10 11 5 6 13 15 18 13 15 10 12 5 6 14 15 19 14 15 11 12 5 6 15 16 20 15 16 11 13 5 7 15 17 21 15 17 12 13 6 7 16 17 22 16 17 12 14 6 7 17 18 23 16 18 12 14 6 7 17 19 24 17 19 13 15 6 7 18 19 25 18 19 13 15 6 7 18 20 O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 38 26 18 20 14 15 6 8 19 20 27 19 20 14 16 6 8 20 21 28 19 21 15 16 7 8 20 22 29 20 22 15 17 7 8 21 22 30 20 22 15 17 7 8 21 23 40 26 28 19 21 8 10 27 29 50 32 34 23 26 10 11 33 35 60 37 40 27 30 11 13 39 41 70 43 46 31 34 12 14 44 47 80 48 51 35 38 14 16 50 52 90 54 57 38 42 15 17 55 58 100 59 63 42 46 16 19 61 64 Tabela gerada utilizando a função CRIT.BINOM do Micrososft© EXCEL 2000. Para valores de n não tabelados e para outros níveis de significância o número crítico pode ser calculado no EXCEL utilizando a seguinte fórmula “CRIT.BINOM (n; p; 1-x%)+1” onde n, representa o número de respostas, p a probabilidade de acerto ao acaso (e.g. 1/3 para a prova triangular) e x o nível de significância. Para testes bilaterais dividir x por 2. Exemplo: Situação: Uma empresa esta testando uma nova embalagem para o molho de tomate e deseja saber se a nova embalagem provocara alteração percetível na cor do produto, apos 4 meses de armazenamento. Objetivo do teste: Determinar se a interação da nova embalagem com o molho causara alteração percetível na cor do produto. Planeamento: Aplicar o teste triangular com 30 provadores, utilizando a ficha de avaliação da figura abaixo: Ficha: Nome____________________________________________________Data__/__/___ Você esta recebendo 3 amostras codificadas. Duas amostras são iguais e uma é diferente. Por favor, avalie a cor das amostras da esquerda para a direita. Circule a amostra com cor diferente. 587 246 894 Comentarios____________________________________________________ Delineamento - As seis ordens de apresentação das amostras deve ser casualizada entre os provadores: ABB, BAB, BBA, BAA, ABA e AAB. A equipe deve ser selecionada e treinada quanto ao uso do teste previamente. O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 39 Teste: triangular Data: Hora: Responsável: Produto: Molho de tomate Amostras A = embalagem nova B = embalagem normal Provador Delineamento Erro Acerto 1 A B A 2 B A B 3 A A B 4 A B B 5 B B A 6 B A A Resultados/ Conclusão Numero total de respostas: 30 Número de respostas indicando a amostra da embalagem nova como diferente: 13 Numero mínimo de respostas coincidentes para nível de significância de 5% =15. Se 13 <15, conclui-se que não há diferença significativa (p> 0,05) na cor entre as amostras acondicionadas na embalagem nova e na usual, apos 6 meses de armazenamento. 2.2.Teste duo-trio Prova de diferença em que uma amostra de referência é apresentada em primeiro lugar. Em seguida são apresentadas duas amostras, uma das quais idêntica à referência e a qual o provador deve identificar. O principal objectivo deste teste é verificar se existe diferença global perceptivel entre duas amostras que receberam tratamentos diferentes. O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 40 2.2.1. Caracteristicas A principal vantagem deste teste é que a referência é apresentada, evitando confusão. Este teste é adequado quando o produto tem características marcantes, como apimentado, oleoso, ou característica muito pouco intensas, que demandem ter uma amostra padrão. Mínimo de 15 provadores sendo ideal acima de 30. Para análise do teste deve-se conferir as respostas corretas e conferir na tabela 2. Probabilidade de acertar ao acaso é ½ As amostras devem ser servidas em todas as posições possíveis: P=A, AB P=A, BA P=B, AB P = B,BA 2.2.2. Aplicação A prova duo-trio é utilizada para determinar se existe uma diferença sensorial entre uma amostra e a referência. É especialmente apropriada quando a referência é bem conhecida pelos provadores, por exemplo, uma amostra proveniente da produção normal. 2.2.3. Procedimento Começa-se por apresentar ao provador a amostra de referência identificada. Em seguida são apresentadas duas amostras codificadas, uma das quais idêntica à referência. O provador deve identificar a amostra codificada igual à referência 2.2.4. Análise dos resultados O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 41 A hipótese nula é que não é possível distinguir entre a amostra e a referência. Sob a hipótese nula, a probabilidade de identificar a amostra que é idêntica à referência é P0=1/2, ou seja, em termos estatísticos a hipótese nula pode ser expressa como P0=1/2. O teste é unilateral. O responsável quer saber se é possível distinguir entre os dois produtos e rejeitará a hipótese nula em favor da hipótese alternativa, P> 1/2, se o número de respostas correctas exceder um determinado valor, para um dado nível de significância (ver Tabela 12-2). Exemplo Situação: Um fabricante deseja mudar o fornecedor de cacau por outro mais barato, porém, não quer que as características sensoriais de seu chocolate alterem. Objectivo de teste: Determinar se ao utilizar o cacau do fornecedor X causara alguma alteração perceptivel no produto. Seleçao da amostra: Preparar as duas amostras: formulação usual (A) e formulação com cacau do fornecedor X (B). Planeamento: Aplicar o teste DUO TRIO com 26 provadores, utilizando a ficha de avaliação abaixo: Nome____________________________________________________Data__/__/___ Você esta recebendo padrao P e duas amostras codificadas.Por favor, prove primeiro a amostra padrao e depois as outras duas amostras, da esquerda para direita. Circule no par a amostra igual a padrao. 587 248 Comentarios____________________________________________________ Delineamento; a ordem de apresentação deve ser balaceada entre os provadores: AB, BA, intercalando as amostras no padrao. Resultados/ conclusão Numero total de respostas: 26 O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 42 Número de respostas indicando a amostra igual ao padrao concorrente: 23 Numero mínimo de respostas coincidentes para nível de significância de 5% =18. Como 23 >18, por tanto existe diferença sensorial entre as duas amostras em nível de 5% de significância, logo, conclui-se que o cacau não deve ser substituído pelo produto de fornecedor X porque foi percebida uma diferenca sensorial significativa (p<0,05), entre as duas amostras. Nota: O teste DUO TRIO é mais simples par o provador, uma vez que é mais fácil procurar a amostra solicitada do que no teste Triangular. Porem, o teste Duo Trio é menos eficiente que o triangular porque a probabilidade de acertar ao acaso é ½ ao invés de 1/3 como no triangular. Assim como no teste triangular, o teste duo Trio verifica apenas se as amostras testadas são diferentes, não avaliando qualé a diferenca, ou se grande ou pequena. Ou seja avaliam diferenca GLOBAL. Exercício Um tecnólogo de alimentos deseja verificar se, ao mudar o fornecedor do aroma sabor bacon do seu salgadinho alterara o sabor original do seu produto, pois o produto do actual fornecedor teve um aumento considerável e este valor não pode ser repassado ao seu produto, pois o mesmo é um produto para classe C. Aplicou-se o teste DUO-Trio para verificar se há diferença sensorial entre o produto com aromantizante do fornecedor atual com novo fornecedor. Aplicou-se o teste Duo-Trio em 38 provadores e 19 respostas foram correctas. a) Escreva o objetivo do teste e os respetivos teste hipóteses? b) Apresente o resultado da análise e a sua conduta como tecnólogo, com base nos resultados obtidos no teste? c) Por que se optou pelo Duo-Trio ao se realizar o teste? 2.3.Teste de Comparação Pareada Os testes de comparação pareada são dierecionais, ou seja avalia um determinado atributo sensorial (doçura, acidez, etc.), por isso a conclusão sobre a diferença sera O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 43 apenas para o atributo específico que foi soluciando pelo julgador. Ex:verificar qual amostra é mais doce, ou mais ácida, ou mais aromática, etc. O teste consiste na apresentação de duas amostras e o provador deve dizer qual das duas tem maior intensidade de uma característica bem definida. A probabilidade de acerto ao acaso é de ½. As amostras devem ser servidas AB/BA. Quanto à equipe de provadores, seguem-se as recomendações do teste duo-trio, porem devem se garantir que os provadores dectam correctamente o atributo sensorial medido:doçura, acidez, aroma, firmeza, etc. Comparacao Pareada pode ser de: Teste de diferença direcional mono caudal Teste de diferença bicaudal 2.3.1. Teste de diferença direcional mono caudal Determinar se duas amostras se difere em um atributo especifico; É mais simples e mais utilizado, aplicado para determinar se há necessidade de aplicar outros metodods mais sofisticados; Duas amostras são servidas juntas. O julgador deve prova-la da esquerda para direita e deve detectar qual amostra é diferente; O provador requer o mínimo de treinamento, porem se for para reconhecer um sabor estranho em produtos já comercializados precisa de provadores altamente treinados. Deve-se usar em media 20 provadores Antes do teste deve-se fazer o reconhecimento do atributo apresentando amostras referencias, ate que os provadores reconhecam diferença. Exemplo: Situação: devido a troca do tipo de laranja para a realização do suco de laranja dem empresa X, observou-se que o suco fabricado com onovo tipo de laranja apresentavaum aacidez ligeiramente maior comparada ao suco realizado com o tipo anterior de laranja. Objectivo do teste: Determinar se o aumento na acidez do novo suco de laranja seria percebida sensorialmente. Seleção de amostras: A = suco de laranja dfeito com laranja antiga B =suco de laranja feito com nova laranja (mais acida) Planeamento O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 44 Aplicar o teste com 20 provadores, utilizando a ficha abaixo, perguntando se amostra Bé mais acida. Nome____________________________________________________Data__/__/___ Produto: suco de laranja Você esta recebendo duas amostras codificadas.Por favor, prove as amostras da esquerda para direita. Circule em cada par a amostra MAIS ACIDA. 2877 469 Comentarios____________________________________________________ Hipotese nula (H0): Acidez A = Acidez B Hipotese alternativa (H1) Acidez B> acidez A Delineamento: Apresentar as amostras simultâneas e igualmente nas ordens AB e BA, aleatoriamente para cada provador. Analise de resultados Total de respostas: 20 Número de respostas correctas indicando a amostra B (com acidez mais alta) como a mais acida: 16 Numero mínimo de respostas coincidentes para o nível de significância: 5% =15 (p≤≤0.05) 1%=16 (p≤0.01) 0,1%=18 (p≤0.001) Resultado/conclusão Como o número de respostas foi 16, exieste diferença sensorial entre as aduas amostras em nível 1% de significância. Ou, há diferença estatisticamente significante na acidez entre as amostras a e B, onde Bé mais ácido que A (p≤0,01). Neste caso, podemos afirmar com 99% de certeza que a diferença entre as amostras é perceptivel. Nota: se apenas 14 pessoas indicassem a amostra B como sendo a mais acida não haveria diferença significativa entre elas. Isto não significa que as amostras fossem O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 45 iguais, mas sim, que a diferença não foi percebida sensorialmente com significância estatística (OLIVEIRA, 2010). 2.3.2. Teste de diferença bicaudal O objectivo é testar apenas se as médias (ou proporções) são iguais ou diferentes enão estabelecer qual delas é maior ou menor. E Geralmente possui duas Hipoteses. Exemplo: Situacao: Uma pesquisa demostrou que os consumidores preferem sucos naturais. Foram desenvolvidos dois tipod de po para suco de maracujá (A e B) com sabor muito próximo do suco natural de maracujá , e a industria quer saber qual dos dois tem característica mais próxima do suco natural. Objectivo do projecto: Desenvolver um produto com característica do suco de maracujá natural. Objectivo do teste: Verificar qualo sabor e mais paraeciido com o do sucop de maracujá. Planeamento do teste: Como diferentes pessoas podem ter ideias diferentes sobre o sabor do suco de mracuja fresco, são necessários 80 julgadores. A ficha para a realização do teste aparece abaixo. Nome____________________________________________________Data__/__/___ Produto: suco de laranja Prove o suco de maracujá da esquerda opara a direita e circule o numero relativo a amostra que você considerar como o sabor mais parecido com o suco de maracujá natural.. 459 856 Comentarios____________________________________________________ Hipóteses Hipótese nula (H0)> Amostra A=Amostra B (A e B tem sabores parecidos com suco de maracujá natural. Hipótese Alternativa (Amoostra A ≠ Amostra B, onde> O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 46 Amostra A é mais patrecida com suco natural de maracujá Amostra A é mais patrecida com suco natural de maracuja Nota Bem: Qualquer uma das alternativas é aceitável, pois não se tem indicação previa de qual amostra sabor mais próximo do natural, sendo caraterizado então, o teste BICAUDAL. Delineamento – apresentar as amostras simultâneas e igualmente nas ordens AB e BA. Resultado Numero total de respostas: 80 Contar qual das amostras foram mais indicadas. Numero de respostas indicando a amostra A como sabor mais fresco de laranja: 56 Olhar na tabela….os números equivalentes em nível de significância 5%, 1%, 0,1%, para 80 respostas: 5%=50, 1%=52, 0,1%=56 Logo, como 55 julgadores consideraram a amostra A como a mais oproxima do sabor natural e amostra A diferiu significativamente da aamostra B em o,1%, a amostra A foi considerada como o suco mais próximo de suco natural de maracujá. Observacoes Importantes: Sabendo- se qual amostra deveria apresentar maior intensidade do atributo avaliado utiliza-se o teste monocaudal. Se não se sabe qual amostra deveria apresentar maior intensidade do atributo avaliado utiliza-se o teste bicaudal 2.4.Teste de Ordenação São apresentados, em ordem aleatória, ao provador um conjunto de mais de duas amostras. Ao provador é solicitado que as ordene de acordo com a intensidade de um determinado atributo (NORONHA, 2003). Consite na apresentação de 3 ou mais amostras de maneira casualizada e balanceadad e os julgadores são solicitados a ordena- las ( na ordem crescenteou decrescente) quanto a intensidade de um determinadio atributo. Recomenda-se que o provador faca uma primeira ordenação das amostras e testa-as de novo para verificar se a ordem esta realmente correcta. Segundo OLIVEIRA, (2010), os resultados são calcyulados pela soma das ordens para cada amostra e avaliados estatisticamente pelo teste Friedman, usando a tabela de Newell e MacFarlane. Este teste estatístico indica diferenca critica entre os totais de O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 47 ordenação , de acordo com o numero de tratamentos testado e o numero de julgadores obtidos. Se duas amostras diferirem por um numero maior ou igual ao numero tabelado, pode se dizer que há diferenca significativa. Segundo NORONHA, (2003) prova de ordenação é mais rápida que outros métodos, senson particularmente útil nos casos em que se pretende efectuar uma pré selecção de amostras para análises subsequentes. Exemplo: Uma determinada linhagem de frango foi separada em três grupos, sendo que cada grupo foi alimentado com um tipo de racao diferente. Objectivo do teste: comparar a textura de carne branca de frango alimentado com três racoes diferentes Selecao de amostras: Preparar o frango, no mesmo processo de coccao, para compracao de textura da carne. Planeamento Aplicar o teste ordenação com 8 provadores, utilizando a ficha de avalicao abaixo. Ordenar as amostras de carne de acordo com a textura, sendo que a mais macia ordenada em primeiro lugar e a mais dura em ultimo. Nome____________________________________________________Data__/__/___ Produto: suco de laranja Você esta recebendo 3 amostras codificadas de carne. Por favor, prove as amostras da esquerda para direita. Ordene as amostras em ordem MAIS ACIDA. ________ _________ _________ Textura Macia textura dura Comentarios____________________________________________________ Delineamento: A ordem de apresentação das amostras deve seguir a ordem A, B, C. O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 48 Resultados: A partir da soma dos valores de cada amostra, faremos o quadro abaixo para achar a diferenca entre o total de cada amostra com as demais, constrói-se o qudro abaixo Provador Racao 1 Racao 2 Racao 3 P1 2 1 3 P2 1 2 3 P3 2 1 3 P4 1 3 2 P5 2 1 3 P6 2 1 3 P7 1 2 3 P8 2 1 3 Total 13 12 23 Numero de tratamento = numero de amostras = 3 Número de julgamentos = 8 Segundo a tabel….. a diferenca critica entre os totais de ordenação em nível de 5% e 10. Assim todas as amostras que diferem entre si por um valor maior ou a 10 são significativamente diferentes (p≤0,05). Comparacao das amostras R1-R2=13-12=1 não diferem entre si R1-R2=13-23=10 diferem entre si (5%) R2-R3=12-23=11 diferem entre si (5%) Conclusão: A carne branca de frango alimentado com as racoes 1 e 2 não houve diferenca significativa na textura mais dura em relação as demais, ao nível de significativa 5%. Portanto, as duas podem ser usadas para se obter uma textura macia. O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 49 2.5.Teste de Diferenca de Controlo ou Comparacao multipla Segundo NORONHA, (2003),é uma prova em que são apresentados aos provadores uma amostra de referência e mais uma ou mais amostras a testar. É solicitado aos provadores que avaliem a magnitude da diferença entre a amostra de referência e a(s) amostra(s) a testar, numa escala fornecida para esta finalidade. Esta prova é utilizada quando temos um duplo objectivo: por um lado: i. queremos verificar se existe uma diferença entre uma ou mais amostras e uma amostra de referência, por outro ii. queremos estimar a magnitude das diferenças existentes. Em geral uma amostra é designada por “referência”, “controlo”, “padrão” ou “testemunha”, e todas as outras amostras são classificadas em relação ao quanto diferem daquela amostra. Exemplo Situação: A empresa ESTEC – PROCESSMENT elaborar um hambúrguer com adicao de proteína de soja Objectivo de teste: determinar quanto de proteína de soja poderia ser adicionada ao hambúrguer sem que os provadores percebessem a diferença de sabor Planeamento: Aplicar o teste de dieferenca do controlo com 5 amostras usando delineamento de blocos completos e 20 provadores experientes em analise sensorial de hamburgueres. Os hambúrgueres testados continham: 0, 5, 10, 15 e 20% de proteína de soja. Dezasseis provadores foram convidados para avaliar essas amostras. A escala utilizada foi de 9 pontos, conforme a ficha aplicada abaixo: O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 50 Teste de comparação multipla Nome:____________________________Data__/__/__ Você esta recebendo uma amostra padrão (P) 5 amostras codificadas. Prove a amostra padrão e em seguida prove as 5 amostras codificadas. Avalie em termos globais, o grau da diferença entre a amostra padrão e as amostras codificadas. Utilize a escala abaixo 1 = nenhuma diferença do padrão 2 3 = ligeiramente diferente do padrão 4 5 = moderamente diferente do padrão 6 7 = muito diferente do padrão 8 9 = extremamente diferente do padrão No amostra Valor _________ ____________ _________ ____________ _________ ____________ _________ ____________ _________ ____________ Delineamento: A ordem de apresentação das amostras deve seguir a Padrao (P) e depois as 3 amostras codificadas, aleatórias sendo que entre uma delas deve ser ofertado o padrao novamente. Resultados. Apos a aplicação do teste e conferência do valor de cada amostra, criou-se a seguinte tabela: Provador Sem soja 5% 10% 15% 20% P1 1 1 2 3 4 P2 2 1 3 3 5 P3 1 2 3 4 5 P4 1 2 2 2 4 P5 2 2 3 3 4 P6 2 3 3 3 3 P7 3 3 3 4 4 P8 1 1 2 3 3 P9 1 3 3 3 2 P10 1 2 2 4 4 P11 1 2 1 5 5 P12 2 2 1 2 3 P13 2 3 2 3 5 O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 51 P14 1 1 1 3 5 P15 2 2 2 2 5 P16 3 2 3 2 5 Soma 26 32 36 49 66 Media 1.625 2 2.25 3.0625 4.125 A analise de daos e feita por meio de Analise de varianca, onde n=5 (amostras) P=provadores, N=numero total de observações. Dados do resultado do teste apos a analise em Excel ANOVA Source of Variation SQ (SS) gl (df) MQ(MS) F Valor – P (P-value) F critico Rows (provadores) 12.5875 15 0.839167 1.36635 0.193904 1.836437 Columns (amostra) 63.55 4 15.8875 25.86839 1.75E-12 2.525215 Error 36.85 60 0.614167 Total 112.9875 79 a) Faca o teste de Dunnett e avalie quais amostras diferem estatisticamente entre si. Resolução a) Dados Resposta: Entre os Provadores: P(α)=0.05 < Valor P= 1,836. Visto que o valor-P é maior que o P(α), não existe diferença significativa entre os provadores. Entre as amostras: P(α)=0.05 > Valor P= 1,75x10-12, existe diferença significativa entre as amostras. b) Conclua o resultado dos testes com base nos resultados estatísticos. Neste caso para verificar quais amostras diferem do controle aplica-se o teste de DUNNett que da o valor mínima de difertenca significativa (DMS 5%) para que dois tratamentos possam ser considerados significativamente diferentes. Dados Teste de DUNNETT O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 52 n=16 d(0.05) = 2.21 MQerro = 0.614 DMS α5% = d.α√ 2𝑀𝑄 𝑑𝑜 𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑛 DMS α5% = 2.21√ 2𝑥0.614 16 DMS α5% = 0.6143 Amostra & Padrao DMS amostra 5%-Padrao 0.375 > 0.6143 amostra10%-Padrao 0.625 > 0.6143 amostra 15%-Padrao 1.4375 > 0.6143 amostra 20%-Padrao 2.5 > 0.6143 Conclusão Em as amostras de 10%, 15%, 20% hamburgueres com adicao da proteina de soja houve diferença percetível em relacao a hamburgueres sem soja, isto é, houve percepcao de diferenca de sabor sendo que a amostra com 20% (amostra 20%-Padrao) de proteina de soja difere em maior ggrau em relacao as outras amostras o quer dizer não pode ser usado para a produção do produto e não houve diferença percetível na amostra com 5% isto é pode ser usado para a produção do produto. O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 53 3. MÉTODO SENSORIAL AFETIVO Nas provas hedónicas (ou afectivas, ou de consumidores) o provador indica a sua reacção subjectiva sobre o produto, indicando se gosta ou não gosta do produto, se o aceita ou não, ou se o prefere a um outro produto. Estas provas apresentam uma grande variabilidade e são as provas cujos resultados são mais difíceis de interpretar, já que tratam de opiniões completamente pessoais, como se costuma dizer “cada cabeça sua sentença” ou “gostos não se discutem” (NORONHA, 2003). Segundo OLIVEIRA (2010) os testes afectivos podem ser classificados em duas categorias: Testes de preferência Quando o Objectivoé avaliar a preferência do consumidor quando ele compra dois ou mais prodotos entre si. Onde a preferência pode ser definida como: Escolha de uma amostra em relação a outra Continuo psicológico do afectivo (percepção do agradável ate o desagradável) através dos quais baseiam-se a aescolha. Teste de aceitabilidade Quando o objectivo do teste é avaliar o grau com que consumidores gostam ou desgostam de um produto. Onde a aceitabilidade pode ser definida como: Expressao do grau de gostar; O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 54 Uma experiencia caracterizada por uma atitude positiva Pela utilização actual do produto (habito de comprar ou consumir um alimento) Aplicacao de Teste Afectivos Este tipo de provas é utilizado normalmente numa das seguintes situações: - Manutenção das características de um dado produto; - Melhoria ou optimização de um produto; - Desenvolvimento de novos produtos; - Avaliação do potencial de mercado Equipe de Participantes nos testes afectivos O grupo de pessoas para participar dos testes afectivos deve ser seleccionado comom amostragem representativa de uma populacacao, no caso o mercado consumidor, sobre a qual o analista estuda. Esse grupo de ve ser composto por consumidores ou consumidores em potencial do produto a ser testado, uma vez que os bens de consumo e serviços são direccionados para atingir populações alvo, mercados selecianados ou segmentados da população cuidadosamente seleccionados. Os factores que são considerados são idade, sexo, estado civil, localização geográfica, nacionalidade, raca, relegiao, educação, e.t.c. Locais de aplicação dos testes afectivos Os testes afectivos podem ser aplicados em ambiente de laboratórios, onde as condições são mais passíveis de controle, em locais centralizados (central location) em domicílios. Testes em Laboratorios Geralmente são feitos em cabines individuais; O numero de consumidores varia de 25 a 50 individuos; O numero de amostras testadas varia de 2 a 5 em cada sessão de teste É utilizado para selecção preliminar de amostras para futuros testes, gerar informações oara área de desenvolvimento de produtos e processos. O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 55 Tem como principais vantagens o controle no preparo e apresentação das amostras, rápido retorno dos resultados e baixo custo. Principal desvantagem é arealizacao do teste em condições e quantidades não similares aquelas em que o individuo consome o produto, o que pode influenciar na detenção e identificação dos atributos positivos e negativos. Testes de localização Central São aquelas que são conduzidas em locais ou áreas em que há um grande potencial de consumidores, como escolas, shoping centres, clubes ou locais similares. As pessoas podem ser pre-selecionadas interceptadas nos locais, inquiridas se desejam participar do teste e seleccionadas de acordo com os pre-requisitos estabelecidos no teste. Geralmente se colecta 50 a 300 respostas (pessoas) em cada local onde o teste é realizado e os produtos são preparados fora da visão dos provadores, servidos em pratos, copos xícaras ou em outra vasilha adequada codificados em números de três dígitos O número de resostas pode variar de 2 a 4 respostas Vantagens Os organizadores podem esclarecer quaisquer dúvidas prontamente e as condições são favoráveis á obtenção de alta percentagem de retorno das respostas de uma grande parcela de população testada. Desvantagens Menor possibilidade de controlo das condições de teste, menor individualidade nos julgamentos, barulhos, etc, se comparado com o teste realizado em laboratório O produto é testado é testado em condições não similares àquelas que normalmente consumiriam o produto e o custo é elevado. Testes domiciliares (“in home” Na maioria das vezes os testes representam a finalização do teste de consumidor. É realizado em casa do consumidor sob condições normais de uso do produto. O número de famílias pode variar de 50 a 100 familias, e o tamanho típico da amostra é de 75 a 300 familias por cidade, em 3 a 4 cidades diferentes. Geralmente são testados um ou dois produtos, para serem avaliados e comparados. O número maior de amostras envolve risco de menor retorno de O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 56 resposta devido a férias familiares, desistências, perda de formulários, desinteresse, cansaco et.c Vantagens O produto é preparado e consumido de forma global e sob condições reauis de uso; O julgamento é obtido sob condições estabelecidas de uso frenquente, ao invés de se basear numa primeira impressão de contacto com o produto, podem fornecer informações sobre compras de repetitivas, além de se obter maior numero de informações (embalagem, instruções de preparo, preco e outros, etc) porque as pessoas tem mais tempo disponíveis para preencher o questionário. Desvantagens O tempo longo para se ter resultados ( 1 a 4 semanas) Alto custo Questionários mal e/ou não respondidos e pouco ou nenhum controlo é possível sobres as condições de preparação e testes de produtos Na indústria de Alimentos Teste piloto de consumidor Preferência: recomenda-se no mínimo de 50 julgadores Probalidade de aceitação de um produto: recomenda-se um minmo de 100 provadores. Teste de consumidor Avaliacao em massa – exige grande número de pessoas, população pre-definida, aproximadamente 1000 individuos. Pouco viável economicamente – exige grande número de amostras. Teste de Aceitacao O desejo de uma pessoa adquirir um produto é o que se chama “aceitação”. A aceitação de um produto varia com os padrões de vida e base cultural e demonstra a reação do consumidor diante de vários aspectos como, por exemplo, o preço, e não somente se o juiz agradou ou não do produto (TEIXEIRA et al, 1987; MORAES, 1988). Segundo OLIVEIRA (2010) as melhores escalas hedónicas usadas são são aquelas balaceadas, uma vez que apresentam igual numero de categorias positivas e negativas, ao contrario das não balaceadas. As esacalas não balaceadas não são muito usadas por O relatório em análise sensorial Apontamentos de Análise Sensorial, ESAC, 2003 57 apresentarem mais termos no lado positivo da escala do que no negativo, que por sua vez apresenta termos mais espaçosos e alguns pesquisadores 4. O RELATÓRIO EM ANÁLISE SENSORIAL
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