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Inventário de semoventes APRESENTAÇÃO As atividades agropecuárias desenvolvidas nas empresas rurais envolvem, direta ou indiretamente, o uso de animais. Predominantemente, utilizam os equinos como animais de trabalho, mas até pouco tempo ainda utilizavam os bovinos como animais de tração. Em se tratando de atividades econômicas, a criação de animais para geração de renda - a atividade pecuária propriamente dita - merece cuidados especiais no que se refere ao reconhecimento e ao registro contábil, principalmente em função da natureza dos bens, conhecidos como bens móveis ou semoventes. Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá a abordagem contábil dispensada a esse tipo de ativo, suas especificidades e a forma de evidenciação de seu registro e cálculo da depreciação. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar o inventário de semoventes.• Reconhecer a classificação dos semoventes na contabilidade.• Identificar o registro contábil dos bens semoventes e sua depreciação.• DESAFIO Nas propriedades rurais, é importante conhecer os elementos que fazem parte do ativo, em especial, o estoque de semoventes. O controle desses bens permite uma contabilidade adequada, pois eles estarão classificados de acordo com sua finalidade, ou seja, reprodução, renda e trabalho. A partir dessas informações, relate em quais grupos patrimoniais os animais do Sr. Manoel devem estar registrados, incluindo os bezerros recém-nascidos, e justifique sua resposta. INFOGRÁFICO O controle dos estoques de semoventes e de rebanhos nas propriedades rurais não é uma tarefa simples. Ativos vivos demandam rotina intensa de trabalho e cuidados especiais no manejo, na saúde e na alimentação. Caso contrário, esses ativos não serão capazes de gerar renda, apoiar os processos de trabalho ou se reproduzirem adequadamente. Os controles operacionais são uma estratégia importante a ser implementada na empresa rural como forma de apoio aos processos e a fim de garantir a geração de informações oportunas e fidedignas. Veja mais no Infográfico a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO A contabilidade das empresas rurais dedica-se, predominantemente, à escrituração dos fatos contábeis ocorridos nas entidades ligadas ao meio rural, obedecidas as regras e os princípios contábeis vigentes e assegurados por lei. Em meio a tantas outras demandas, destaca-se a necessidade de gestão nas propriedades rurais, tarefa cada vez mais desafiadora e que eleva o papel da contabilidade a outro nível. Se, inicialmente, sua função restringia-se a atender às necessidades fiscais e regulamentares legais, hoje, além dessas, a utilidade e a oportunidade das informações geradas pela contabilidade atravessa fronteiras, principalmente ao estar alinhada ao padrão internacional IFRS, igualando-se aos demonstrativos financeiros emitidos nos Estados Unidos e na Europa. No capítulo Inventário de semoventes, da obra Contabilidade Setorial, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer o Balanço Patrimonial e o Demonstrativo de Resultado do Exercício, elementos importantes no registro, na divulgação e no controle das informações nas empresas que atuam no ramo agropecuário. Boa leitura. CONTABILIDADE SETORIAL Laurise Martha Pugues Inventário de semoventes Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar o inventário de semoventes. Reconhecer a classificação dos semoventes na contabilidade. Identificar o registro contábil dos bens semoventes e sua depreciação. Introdução A atividade pecuária nas empresas rurais é relacionada à criação de animais de diversas espécies. Conforme Crepaldi (2016), o termo “pecuária” costuma remeter a bois e vacas, mas ele engloba todos os animais que vivem em coletividade (rebanhos), quer sejam bois e vacas, búfalos, carneiros, ovelhas ou aves, que incluem frangos, patos, marrecos, faisões, perus, etc. Esses animais também podem ser definidos como “semoventes”, ou seja, animais adquiridos para prestar serviços a dada empresa ou para gerar renda. A principal característica de um semovente é possuir movimento próprio, ser um bem móvel. Os semoventes podem ser animais selva- gens, animais domésticos ou rebanhos de animais das propriedades rurais. O registro dos inventários desses animais nas organizações rurais é cercado de regras e especificidades. Neste capítulo, você vai conhecer os procedimentos contábeis relacionados ao registro de semoventes. Além disso, vai ver como ocorrem a classificação e a depreciação desses bens. 1 Especificidades do inventário dos semoventes A atividade pecuária, em especial no Brasil, geralmente está relacionada à criação de bois e vacas para a produção de carne (gado de corte) — tanto no sistema intensivo como no semi-intensivo e no extensivo — e à criação de vacas para a produção de leite. Adjacente a essas duas atividades, e não menos importante, tem-se a criação de bezerros e novilhos, frutos das fêmeas em idade reprodutiva. Além disso, no Sul do Brasil, ainda se mantém a tradição de criar cavalos crioulos como renda para muitas propriedades, pois esses animais são bastante resistentes e apropriados para o trabalho no campo. Os animais existentes nas propriedades rurais, sejam eles búfalos, ovelhas, car- neiros, porcos ou aves, constituem o grupo de semoventes, que deve ser registrado no ativo da empresa rural e receber tratamento contábil adequado, como qualquer outro ativo. No entanto, para fins de organização contábil, os semoventes precisam estar organizados em grupos que os distingam de acordo com a sua finalidade, como você pode ver a seguir (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2017). Animais de reprodução: matrizes e reprodutores. Animais de trabalho: cavalos, muares. Animais de renda: gado de leite, gado de corte, cavalos crioulos, suínos e aves. Conforme Crepaldi (2016), o levantamento do inventário dos animais para posterior registro nos estoques deve obedecer a uma classificação lógica, identificando os semoventes de acordo com a sua finalidade, o que implica reconhecer igualmente os custos relacionados a eles e a valoração para fins de registro, seja a custo histórico ou a valor de mercado. O controle dos estoques nas empresas que trabalham com atividades pecuárias deve ser bastante crite- rioso, e a contabilidade oferece dois tipos de inventário que podem ser utilizados nas empresas rurais: o inventário periódico e o inventário permanente. O inventário periódico é um método de contagem utilizado apenas no final de cada período, quando ocorre o encerramento do exercício. Já o controle de inventário permanente, considerado o mais indicado para a atividade pecuária, propõe que o controle seja contínuo, regular; à medida que as transações ocorrem, a contabilidade vai sendo atualizada, o que acontece quase diariamente. Quando o que se busca é a qualidade e a confiabilidade da informação contábil, não é possível optar pelo método mais simples, principalmente se a empresa possuir processos operacionais complexos e um número de transações que justifique o controle permanente dos estoques. Em relação à mensuração do custo do estoque, o método do custo, con- forme Crepaldi (2016), é representado pelos custos contabilizados ao longo do desenvolvimento e do crescimento biológico do animal. Tal custo é referente a medicamentos, vacinas, alimentação, mão de obra empregada no manejo e custos indiretos rateados. Já o método do valor de mercado, segundo o mesmo autor, considera o rebanho dos animais pelo preço corrente de mer- cado, que normalmente é o preço de custo. Assim, o custo fica destacado no estoque a preço de mercado, com um resultado reconhecido anualmente Inventário de semoventes2 pela confrontação da diferença entre o valor de mercado atual e o valor do período anterior. Por essemétodo, o lucro é calculado anualmente; quando se dá a venda dos animais, ocorre o fluxo de caixa do lucro econômico. Assim, realiza-se o registro contábil da baixa na conta estoque e, em contrapartida, a inclusão de valores a receber na conta caixa. O resultado da empresa rural, quando ela utiliza o método do valor de mercado para a avaliação do estoque, é calculado a partir do reconhecimento da receita por valoração dos estoques dos produtos que encerram características especiais, como crescimento do gado, estufas de plantas, reservas florestais, etc. Nesses casos, é possível reconhecer a receita mesmo antes da venda, pois existe a avaliação de mercado (preço), que é objetiva em estágios distintos da maturação dos produtos. Assim, realiza-se um lançamento contábil a débito do estoque, adicionando-se a diferença de preço aos custos incorridos e o crédito do ganho econômico à conta de resultado chamada “superveniência ativa” (BRASIL, 1999). 2 Reconhecimento dos ativos classificados como semoventes Os semoventes, embora reconhecidos como bens móveis, têm seu registro localizado no grupo do ativo imobilizado, no subgrupo dos ativos biológicos para produção, tais como matrizes e reprodutores, animais de trabalho, entre outros. Os ativos biológicos para produção são aqueles que produzem ativos biológicos consumíveis (rebanhos para venda) ou produtos agrícolas para venda (leite). Nesse caso, o ativo biológico é aquele que continua produzindo, apesar de, ao longo do tempo, perder seu potencial de produção e de geração de novos ativos. Já os animais de trabalho não produzem produtos agrícolas para venda, mas são utilizados para a manutenção da atividade operacional da empresa rural, o que dá a eles características de ativo imobilizado e de ativo biológico. Conforme o item 5 da Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) TG 29, para que um ativo seja considerado biológico, ele não precisa necessariamente ser responsável pela geração de um produto agrícola, podendo apenas participar de tal geração. Os rebanhos bovinos para venda deverão, por exemplo, ser classificados no ativo circulante, mais especificamente nos estoques, como ativos biológicos consumíveis maduros. Os custos com a criação do rebanho devem ser regis- trados no ativo segundo a sua realização; por exemplo, o touro destinado à 3Inventário de semoventes venda, o touro destinado à reprodução e o equino destinado a trabalhos dentro da fazenda devem ser incluídos nas contas correspondentes. Para compreender melhor, observe a seguir uma estrutura com as principais contas do grupo estoques relacionadas à atividade pecuária (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2017). ATIVO ATIVO CIRCULANTE ESTOQUES Semoventes Estoques prontos para venda Ativos biológicos consumíveis maduros Boi/vaca gordo(a) ( – ) ajuste por despesa de venda Novilho(a) de 31 a 36 meses ( – ) ajuste por despesa de venda Novilho(a) de 13 a 18 meses ( – ) ajuste por despesa de venda Bezerro(a) de 7 a 12 meses ( – ) ajuste por despesa de venda Bezerro(a) de 0 a 6 meses ( – ) ajuste por despesa de venda Estoques em formação Ativos biológicos consumíveis imaturos Boi/vaca magro(a) em ciclo de engorda ( – ) ajuste por despesa de venda Novilho(a) em crescimento (19 a 24 meses) ( – ) ajuste por despesa de venda Novilho(a) em crescimento (13 a 18 meses) ( – ) ajuste por despesa de venda Bezerro(a) em crescimento (7 a 12 meses) ( – ) ajuste por despesa de venda Bezerro(a) em crescimento (0 a 6 meses) ( – ) ajuste por despesa de venda ATIVO NÃO CIRCULANTE Imobilizado Ativos biológicos para produção maduros Matrizes para reprodução ( – ) ajuste por despesa de venda Inventário de semoventes4 Reprodutores Animais de trabalho ( – ) ajuste por despesa de venda Imobilizado em andamento Ativos biológicos para produção imaturos Matrizes em crescimento ( – ) ajuste por despesa de venda Reprodutores em crescimento ( – ) ajuste por despesa de venda Animais de trabalho em crescimento ( – ) ajuste por despesa de venda As contas apresentadas ilustram a situação de reconhecimento e registro de uma propriedade que possui semoventes das três categorias: reprodução (touros), trabalho (equinos, asininos, muares) e renda (bois, vacas, porcos, aves). Tais semoventes estão alocados no ativo circulante e no ativo não cir- culante, dependendo da sua natureza (para venda ou imobilizado) e do estágio de desenvolvimento em que se encontram (estoques maduros ou imaturos). Outro elemento importante são as variações patrimoniais, que devem ser expressas nas demonstrações contábeis. A variação patrimonial é originada, essencialmente, em decorrência da mudança de valor de um item patrimo- nial (variação econômica no valor do bem). Conforme Crepaldi (2016), essa diferença pode ser decorrente do valor escriturado em comparação ao valor praticado no mercado. Há dois fatores preponderantes para essa variação: (1) o gado, por meio de seu crescimento natural, ganha peso e envergadura com o passar do tempo, de modo que o ativo fica sujeito a constante aumento de valor econômico real; (2) na pecuária pelo ciclo operacional extenso, a rotatividade do estoque é lenta, acarretando os efeitos da inflação, com a perda do poder aquisitivo da expressão monetária registrada. Dessa forma, é essencial que se reconheça as variações. As variações patrimoniais podem ocorrer ainda em virtude de ganhos econômicos, como o nascimento de um bezerro, que configura uma variação positiva. Já uma perda econômica se dá, por exemplo, a partir da morte de um dos animais do rebanho, caracterizando uma variação negativa. Essas variações, positivas ou negativas, devem ser evidenciadas na demonstração do resultado do exercício. Contabilmente, as contas para registro são conhecidas como “superveniências ativas” e “insubsistências ativas”. Conforme Crepaldi (2012), as superveniências ativas são os acréscimos, os ganhos em relação ao ativo da empresa rural. Esses acréscimos ocorrem com 5Inventário de semoventes o nascimento de animais e os ganhos decorrentes do crescimento natural do gado. As superveniências ativas são variações patrimoniais positivas. Por sua vez, as insubsistências ativas são reduções do ativo da empresa decorrentes de perdas, fatos fortuitos, anormais e imprevistos. É o caso de mortes e do desaparecimento de animais do rebanho. As insubsistências ativas são varia- ções patrimoniais negativas. Elas devem ser evidenciadas nas demonstrações contábeis da seguinte forma: Demonstração de resultado do exercício Receita bruta Receita do gado bovino Venda do gado bovino Variação patrimonial líquida Superveniências ativas (ganhos por nascimento/ crescimento/desenvolvimento biológico) (–) Insubsistências ativas (perdas por morte) Ao valor do rebanho que morre no período base, deve-se atribuir o va- lor contábil (o preço real de custo, quando a contabilidade assim o registra, ou o preço corrente no mercado atribuído na última avaliação). Esse valor será lançado contra a conta do ativo em que se achava registrado o animal, encerrando-se a conta contra o resultado do período (insubsistências ativas). É necessário observar, para o lançamento da baixa, se o valor do animal já se encontra registrado na contabilidade. Isto é, só pode ser “baixada” a cria que nasce morta quando precedida do lançamento que consigne o nascimento, por exemplo (BRASIL, 1970, 1976, 1999). 3 Registro e depreciação de semoventes no balanço patrimonial A depreciação é um elemento patrimonial importante e representa a perda de valor dos bens — pelo uso, pelo desuso, pelo desgaste físico, pela ação da natureza ou ainda pela perda da capacidade de gerar receitas. Geren- cialmente, é possível considerar a depreciação como uma parcela dos bens reservada para substituí-los ao fi nal de sua vida útil, assim que eles tiverem de ser substituídos ou passarem por reforma. A depreciação, para Inventário de semoventes6 o empresário rural, sempre foi um tema difícil de discutir, pois representa, na prática, um gasto nãodesembolsável e difícil de considerar como um custo efetivo do período. Em relação aos semoventes, principalmente àqueles registrados nos ativos não circulante, imobilizado ou fixo, estão sujeitos à depreciação: benfeitorias, máquinas e equipamentos e animais semoventes. Os animais, com o passar do tempo, perdem a sua capacidade de reprodução e a sua força de trabalho, daí o desgaste que justifica a depreciação dos semoventes (MARION, 2014). No entanto, na fase de desenvolvimento dos animais, quando estão registrados como animais “imaturos”, em fase de crescimento, não faz sentido falar em depreciação. Afinal, nessa fase, os animais ainda não atingiram sua maturidade produtiva nem o ápice de sua eficiência, para, em seguida, iniciar seu processo de declínio e começar a perder sua capacidade de trabalho/reprodução. As fases de desenvolvimento e transição dos animais não são de fácil identifi- cação, mas normalmente estão associadas ao ciclo reprodutivo. Quando um animal atinge tal ciclo, pode-se considerar que ele já está em sua fase madura e suficientemente eficiente. Segundo Marion (2010, p. 61): Outro aspecto importante na determinação da depreciação do gado de re- produção é que se deveria considerar o valor residual correspondente ao seu peso multiplicado pelo preço por arroba que se conseguiria no frigorífico, por ocasião de sua venda, após castrado e engordado para o abate, o que acontece sempre que não é mais utilizado como reprodutor. O método mais utilizado para calcular a depreciação é o método linear ou das cotas constantes. Esse método considera em sua fórmula três elementos básicos: a vida útil do bem em anos, o valor residual do bem ao final de sua vida útil e o valor de aquisição do bem (MARION, 2010). A fórmula de cálculo é simples: A seguir, no Quadro 1, veja alguns tipos de semoventes e informações acerca da sua vida útil e do seu percentual de depreciação anual, para fins de registro contábil. 7Inventário de semoventes Fonte: Adaptado de USP/ESALQ (2014). Vida útil do bem Taxa anual de depreciação Animais de renda Bovinos reprodutores 8 anos 12,5% ao ano Matrizes reprodutoras 10 anos 10% ao ano Suínos reprodutores 4 anos 25% ao ano Animais de trabalho Burros de tração 12 anos 8,33% ao ano Cavalos de sela 8 anos 12,5% ao ano Bois de carro 5 anos 20% ao ano Quadro 1. Vida útil e taxas anuais de depreciação de semoventes Na literatura, é possível encontrar valores referenciais para determinar a vida útil e o percentual de depreciação de inúmeros bens móveis e imóveis. No entanto, recomenda-se prudência, principalmente no caso de animais que sofrem a ação biológica do tempo e o desgaste natural. A perda da capacidade fisiológica dos animais a ponto de comprometer sua produtividade deve ser avaliada por um profissional, de modo a garantir ao proprietário rural que as informações geradas reflitam adequadamente a situação. Marion (2012) trazem uma referência importante acerca do registro da depreciação no balanço patrimonial. Para ilustrar, são demonstrados a seguir o grupo do ativo não circulante e o registro da depreciação como conta redutora dos ativos registrados nesse grupo. ATIVO NÃO CIRCULANTE IMOBILIZADO Semoventes Rebanhos permanentes Reprodutores Matrizes ( – ) Depreciação acumulada de rebanhos Animais de trabalho Inventário de semoventes8 Cavalos e éguas Burros e mulas Animais de reprodução ( – ) Depreciação acumulada de animais de trabalho Animais e aves de cria Ovinos Caprinos Suínos ( – ) Depreciação acumulada de animais e aves de cria Veja que a depreciação é uma conta que reduz o valor patrimonial dos ativos não circulantes imobilizados. Além disso, mesmo não sendo um valor que afeta diretamente o fluxo de caixa, a depreciação representa a desvalorização produtiva dos principais ativos da empresa, pois mensura e reporta a perda de capacidade ao longo do tempo, mostrando que os ativos deixam de contribuir para a geração efetiva de receitas. Como exemplo prático, admita que um touro avaliado em R$ 60.000,00 tem uma vida útil estimada em oito anos, período no qual vai permanecer junto às matrizes para a reprodução (monta), além de mais dois anos para a coleta de sêmen (inseminação artificial). Assim, avalia-se a vida útil do reprodutor em 10 anos, com uma taxa de depreciação de 10% ao ano. O touro atualmente pesa 700 kg e, se fosse vendido ao frigorífico, valeria R$ 1.800,00. Presumindo que o peso desse animal vai ser o mesmo até o final de sua vida útil, o valor a ser depreciado é R$ 58.200,00 (R$ 60.000,00 – R$ 1.800,00). Para compreender melhor, observe o esquema a seguir (MARION, 2014). Depreciação do primeiro ano Valor contábil: R$ 60.000,00 ( – ) Valor residual: R$ 1.800,00 ( = ) Valor depreciável: R$ 58.200,00 Taxa de depreciação: 10% Depreciação do primeiro ano: R$ 5.820,00 (R$ 58.200 × 10%) Ativo não circulante Imobilizado Reprodutores: R$ 60.000,00 ( – ) Depreciação acumulada: R$ 5.820,00 Valor líquido: R$ 54.120,00 9Inventário de semoventes O valor residual do animal foi descontado do seu valor patrimonial, pois este representa a expectativa do valor pelo qual o touro poderá ser comercia- lizado ao final de sua vida útil produtiva. Mas lembre-se de que essa é apenas uma expectativa. Os valores e os percentuais de depreciação, bem como a determinação da vida útil, devem ser avaliados criteriosamente, caso a caso. Para saber mais sobre depreciação, acesse o link a seguir e confira na íntegra a NBC TG 27, que trata do ativo imobilizado. https://qrgo.page.link/xce4Y BRASIL. Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999. Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3000.htm. Acesso em: 18 fev. 2020. BRASIL. Parecer Normativo CST nº 57 de 30/07/1976. Disponível em: https://www.normas- brasil.com.br/norma/parecer-normativo-57-1976_92376.html. Acesso em: 18 fev. 2020. BRASIL. Parecer Normativo CST nº 551 de 15/12/1970. Disponível em: https://www.normas- brasil.com.br/norma/parecer-normativo-551-1970_91415.html. Acesso em: 18 fev. 2020. CREPALDI, S. A. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. CREPALDI, S. A. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2016. MARION, J. C. Contabilidade rural: contabilidade agrícola, contabilidade da pecuária. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2014. MARION, J. C. Contabilidade rural: contabilidade agrícola, contabilidade da pecuária, imposto de renda pessoa jurídica. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010. OLIVEIRA, D. L.; OLIVEIRA, G. D. Contabilidade rural: uma abordagem do agronegócio dentro da porteira. Curitiba: Juruá, 2017. USP/ESALQ. Depreciação: um item a considerar. 2014. Disponível em: http://www. milkpoint.com.br/radar-tecnico/gerenciamento/depreciacao-um-item-importante- -a-se-considerar-87142n.aspx. Acesso em: 18 fev. 2020. Inventário de semoventes10 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Leitura recomendada CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TG 27 (R4): altera a NBC TG 27 (R3) que dispõe sobre ativo imobilizado. 2017. Disponível em: http://www2.cfc.org.br/sisweb/ sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2017/NBCTG27(R4)&arquivo=NBCTG27(R4).doc. Acesso em: 18 fev. 2020. 11Inventário de semoventes DICA DO PROFESSOR A contabilidade é uma ferramenta de gestão indispensável, se for implementada de modo a congregar as áreas da empresa de forma sistêmica, integrada e comprometida com a qualidade das informações geradas. Nesse sentido, destaca-se sua importância nas empresasrurais junto aos sistemas de informação, os quais são o principal veículo de registro e de comunicação da contabilidade junto a seus usuários. Na Dica do Professor, você saberá o quanto é importante alinhar o trabalho da contabilidade, da planificação contábil e dos sistemas de informação quando se trata de atividade pecuária. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A economia brasileira está baseada especialmente na área rural, por esse motivo é importante que as empresas que atuam nessa área tenham clara a classificação de sua produção. No caso da pecuária, é possível classificar o gado bovino em três atividades distintas: Cria: produção do bezerro que é vendido após o desmame (período igual ou inferior a 12 meses). Recria: produção do novilho magro que é vendido para engorda (período de 13 a 23 meses). Engorda: a partir do novilho magro é produzido o novilho gordo para a venda (período de 24 a 36 meses). Diante dessa classificação, em qual grupo do balanço patrimonial pode-se classificar os bezerros nascidos entre 0 e 12 meses de idade? A) Ativo Circulante. B) Ativo Não Circulante. C) Estoque. D) Patrimônio Líquido da Empresa. E) Não Circulante Imobilizado. 2) É comum que nas empresas agropecuárias ocorra a reprodução das fêmeas (bovina, equina ou suína, por exemplo) de forma intencional ou não, ocasionando aumento do rebanho. Também é comum haver morte de animais, até mesmo no parto, ou na sequência. A esses fatos, contabilmente, chamamos de superveniências e insubsistências. Esses fatos, em relação ao patrimônio da empresa são: A) permutativos. B) compensatórios. C) compostos. D) modificativos. E) mistos. 3) Na pecuária, os animais passam por transformações no decorrer de sua vida. Quando um bezerro troca de classe, ou seja, após passar o primeiro ano de vida, ele passa a ser um novilho (Ativos Biológicos), ao valor de mercado, o que aumentará a conta Estoque. Dessa forma, quando ocorre essa mudança, o valor dessa modificação deverá ser registrado em contrapartida de qual conta? A) Caixa. B) Contas a Pagar. C) Variação Patrimonial Líquida. D) Ativos Biológicos. E) Superveniência Ativa. 4) A criação de bezerros e de novilhos são frutos das fêmeas em idade reprodutiva ao longo de sua vida útil. Esses e outros animais existentes nas propriedades rurais - sejam eles búfalos, ovelhas, carneiros, porcos, aves - constituem o grupo de semoventes, que deverá ser registrado no ativo da empresa rural e receberá tratamento contábil adequado, tanto quanto qualquer outro ativo. Nessa situação, o novilho destinado à reprodução será ́ baixado no Estoque (Ativos Biológicos) e transferido para qual conta? A) Caixa. B) Contas a Pagar. C) Variação Patrimonial Líquida. D) Ativo Não Circulante Imobilizado em andamento (Ativos Biológicos). E) Bancos. Existem bovinos especializados para as produções de carne, de leite e os de raças mistas, para ambas as produções. Gado de corte significa o conjunto de raças bovinas 5) destinadas ao abate, para a produção de carne e de seus derivados, além de alguns subprodutos. Essas raças devem ser precoces, bem desenvolvidas, resistentes e ter um bom rendimento líquido de carne, no mínimo, 45%. A carne bovina é muito empregada, também, na produção e na fabricação de produtos em conserva. Em uma propriedade que tem a intenção de destinar parte do seu plantel ao gado de corte, indique em qual conta este bem deve ser contabilizado: A) Ativo Circulante. B) Ativo Não Circulante. C) Estoque. D) Patrimônio Líquido da Empresa. E) Não Circulante Imobilizado. NA PRÁTICA A contabilidade pecuária é um ramo da ciência contábil que traz muitas especificidades, devido às características da atividade, principalmente por tratar-se de um trabalho com ativos vivos, predominantemente. Torna-se fundamental priorizar a aplicação dos fundamentos e das prerrogativas legais que asseguram a geração de informações assertivas e fidedignas, tanto aos usuários internos quanto aos usuários externos. Atender aos preceitos legais é um dos principais fundamentos da ciência contábil, e quando se trata de registro de estoques e de inventários há, inclusive, norma própria que regulamenta os procedimentos atinentes. Neste Na Prática, você verá o caso de uma propriedade rural, especializada na criação de bovinos, que fez um comparativo entre dois métodos de valoração de estoques e chegou a resultados surpreendentes. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Pecuária de ciclo curto: mais eficiência na produção animal Há muita discussão acerca dos custos elevados da produção no campo, e muito tem sido feito em termos de tecnologia e de inovação a fim de buscar alternativas que minimizem custos ao produtor, encurtem ciclos de produção e melhorem a rentabilidade. Você já ouviu falar em pecuária de ciclos curtos? Sabe quais os impactos financeiros que ela pode gerar para os produtores? Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Mensuração e reconhecimento contabilístico dos ativos biológicos Para compreender um pouco mais a relação existente entre os ativos biológicos e os semoventes, leia o artigo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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