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HISTOLOGIA DA TIREOIDE E DAS PARATIREOIDES TIREOIDE - Anatomia: - Glândula endócrina localizada na parte anterior do pescoço - logo abaixo da laringe, na porção anterior e lateral da tra- queia - Formada por dois lobos laterais (direito e esquerdo) unidos por um istmo (uma fina faixa de tecido tireoide, que cruza a superfície anterior da segunda e terceira cartilagens traque- ais) - Com frequência, um lobo piramidal (lobo acessório, que se projeta superiormente ao istmo) estende-se superiormente a partir do istmo - Lobo piramidal: persistência do ducto tireoglosso (ca- nal estreito que conecta a porção posterior da língua a tireoide em desenvolvimento, que normalmente sofre regressão) - Fornecimento sanguíneo pela artéria tireoide superior e ar- téria tireoide inferior - Cada lobo está envolto por uma cápsula de tecido fibroso que emite septos para o interior do parênquima, separando-os em lobos irregulares - Estruturação do parênquima: - Folículos tireoideos: - Envolvidos na síntese e secreção dos hormônios tireoideos: tiroxina (T4), triiodothy- ronina (T3) - Síntese: a partir de uma glicoproteína (tireoglobulina) sintetizada e secretada no lúmen folicular. Posteriormente endocitada e hidrolisada (por lisossomas) para produzir T3 e T4. - Função geral T3 e T4: aumentar taxa do metabolismo basal - A tireoglobulina é produzida no retículo endoplasmático rugoso, transpor- tada para o aparelho de Golgi, onde é empacotada em grânulos secretores, liberados por exocitose para o lúmen folicular - Regulação principal da atividade tireoidiana: TSH hipofisário - Células parafoliculares (células C) - Envolvidas na síntese e secreção do hormônio calcitonina - Função calcitonina: reguladora da calcemia, junto com o paratormônio. - Unidade funcional: folículo tireoideo - Diâmetro de cada folículo varia em torno de 0,2 a 1 mm - Cada lobo tireoideo é formado pelos centros dessas estruturas (folículos) com morfologias mais ou menos esféricas, e cada um dos folículos é revestido por epi- télio simples (pode variar de cúbico simples para pa- vimentoso simples dependendo da atividade folicular) - No interior do lúmen há uma substância com aspecto de gel, chamado de coloide (rico em tireoglobulina, apresenta coloração rosada em H-E (eosinofilia) e é PAS positivo) - Entre os folículos há uma delgada quantidade de teci- do conjuntivo frouxo (fibras reticulares, grande quanti- dade de vasos sanguíneos (capilares fenestrados)) - São ricamente vascularizados: uma extensa rede de capilares fenestrados, derivados das artérias tireoideas superior e inferior, circunda os folículos - 4% do volume sanguíneo circula diariamente pela tireoide - Epitélio folicular: - Composto por dois tipos celulares: células foliculares (tipo principal) e células parafoliculares (10% da população ce- lular total dos folículos) - Está apoiado sobre uma membrana basal, delimitando uma cavidade central (luz do lúmen) - Célula folicular: polarizada, apresenta domínio apical, lateral e basolateral (ocupado por cisternas de retículo endoplasmático rugoso), na porção supranuclear há o aparelho de Golgi - Do domínio apical (apontado para o lúmen) surgem curtas microvilosidades que se projetam para o coloide - No domínio lateral observam-se junções intercelulares periapicais - Lisossomo apresenta papel importante na secreção hormonal - Células parafoliculares: - Exibem citoplasma claro, pouco corado - Diferença núcleo célula parafolicular e folicular: o da parafolicular é mais claro (cromatina menos condensada) e maior, enquanto o do folicular é menor e basó- filo - Estão localizadas na periferia do epitélio folicular e situam-se dentro da lâmina basal dos folículos (entre porção basal das células foliculares e membrana basal) - Rodeadas por prolongamentos basais das células foliculares - Podem formar pequenos grupos nos espaços interfoliculares - As células C não estão expostas ao lúmen do folículo (não entram em contato com o coloide) - Possuem numerosos grânulos secretores (eletrodensos, contendo citonina) no cito- plasma - não estão presentes nas células foliculares - Histofisiologia da glândula: - Produz três hormônios, essenciais para o metabolismo normal e a homeostasia - A tiroxina (3,3’,5,5’ tetraiodotironina, T4) e a 3,3’,5 triiodotironina (T3) são sintetizadas e secretadas pelas células foliculares - Ambos os hormônios regulam o metabolismo basal celular e tecidual e a produção de calor e influenciam o crescimento e o desenvolvimento do corpo - Secreção desses hormônios é regulada pelo TSH liberado pela adenohipófise (atra- vés do tireotrofo) - TSH: principal regulador da atividade folicular controla as diferentes etapas da biossíntese hormonal - o receptor para TSH está localizado na membrana basal da célula folicular, aco- plado a adenilato ciclase e leva a formação de AMPc, ativando a via de sinaliza- ção intracelular que aumenta a síntese de tireoglobulina e captação de iodeto - A calcitonina (tireocalcitonina) é sintetizada pelas células parafoliculares e atua como an- tagonista fisiológico do paratormônio - Importante na regulação da calcemia, pois reduz os níveis sanguíneos de cálcio ao suprimir a ação reabsortiva dos osteoclastos - Adicionalmente, promove o depósito de cálcio no osso, aumentando a taxa de calci- ficação do osteoide - Sua secreção é diretamente regulada pelos níveis sanguíneos de cálcio - Níveis elevados de cálcio estimulam a secreção, enquanto níveis baixos inibem - Etapas de biossíntese dos hormônios tireoideos: T3 e T4 1. Síntese e secreção da tireoglobulina (660 Kda): síntese na cisterna do RER e transpor- te para o complexo de Golgi, sendo empacotada e direcionada para o domínio apical, sofrendo exocitose e liberação para o coloide - Tireoglobulina e tireoperoxidade são transportadas na mesma vesícula - Tireoperoxidase fica presa na membrana apical da célula folicular 2. Captação e concentração de iodeto a partir do sangue pelo simporter de sódio/iodeto (localizado na membrana basolateral da célula folicular), sofrendo difusão 3. Liberação do iodeto no coloide por meio do transportador de iodeto/cloreto (conheci- do como pendrina e localizado na porção apical) 4. No coloide ocorre a oxidação do iodeto pela tireoperoxidase, sendo convertido em iodo. Para a oxidação, é necessário o peróxido de hidrogênio 5. O peróxido de hidrogênio ainda atua na organificação do iodo - incorporação do iodo nos resíduos tirosila presentes na tireoglobulina ‣ Formação do meet and ditch (mo- noiodotirosila: resíduo de tirosila que recebeu um íon iodo/ diiodotirosila: resíduo de tirosila que recebeu dois íons iodo) - Tireoglobulina: formada por duas subunidades e vários resíduos de tirosila, que tem afinidade por iodo - 1 meet (monoiodotirosila) + 1 ditch (diiodotirosila) forma T3 - 2 ditch formam T4 6. Formação dos hormônios T3 e T4, no coloide, por meio de acoplamentos oxidativos. 7. Reabsorção de coloide pela célula folicular - endocitose de gotículas de coloide, con- tendo tireoglobulina iodada, regulada pelo TSH. Uma vez dentro da célula, se funde com lisossomos, que vão liberar proteases. Essas proteases produzirão hidrólise da tireoglobulina, liberando o T3 e T4, incorporados na molécula de tireoglobulina iodada 8. Liberação de T3 e T4 da célula na circulação sanguínea - 99% desses hormônios circulam na corrente sanguínea associados a proteínas transportadoras, como albumina, globulina de ligação a hormônios tireoideos, etc - Apenas 1% circulará livremente - Produção, transporte e regulação dos hormônios tireoidianos - Quando há queda dos níveis séricos de T3 e T4: percebida pelo hipotálamo ou por sinais pro- venientes de outras regiões do sistema nervoso central, estimulando os núcleos do hipotálamo para liberação de TRH, que através do sistema porta-hipotalâmico-hipofisário é transportado para a pars distalis e estimula os tireotrofos a produziremTSH. TRH ainda é capaz de estimular os lactotrofos a produzirem e secretarem prolactina. - TSH via corrente sanguínea atinge a glândula tireoidea e estimula as diferentes etapas da bios- síntese hormonal, culminando na produção de T3 e T4. Esses hormônios são direcionados a órgãos alvos via sanguínea - envolvido com crescimento, desenvolvimento, metabolismo, pro- dução de calor corporal, etc - Geralmente T4 é produzido em maior quantidade, mas a forma ativa do hormônio é o T3. Em alguns órgãos como o fígado e rim, existem enzimas que convertem T4 em T3, que por via sanguínea pode exercer retroalimentação negativa a nível hipofisário ou hipotalâmico. - Calcemia: - Quando há um aumento nos níveis séricos de cálcio acima dos níveis normais, a tireoide libera calcitonina, que atua diminuindo os níveis séricos de cálcio. Se essa redução vai além dos níveis normais, a glândula paratireoidea libera paratormônio, que aumenta os ní- veis séricos de cálcio. Dessa maneira há uma manu- tenção dos níveis séricos de cálcio - homeostasia do cálcio. Portanto, a calcemia é regulada por calcitonina e paratormônio. GLÂNDULAS PARATIREOIDES - 4 glândulas: duas superiores e duas inferiores. Número e posição pode variar. - Localizada na superfície posterior da glândula tireoide (duas superiores e duas inferiores) - A remoção acidental da glândula paratireoide normal durante uma cirurgia de tireoide (tireoidectomia parcial ou total) causa tetania, caracterizada por espasmos to- rácicos e dos músculos da laringe, levando à asfixia e morte, pela queda acentuada nos níveis séricos de cál- cio uma vez retirada a paratireoide fonte de paratormô- nio - As paratireoides são rodeadas parcialmente pelo parên- quima tireoideo. Apesar de estar presente dentro do parênquima tireoideo, apresenta cápsula própria de tecido conjuntivo - Estrutura histológica: - Cada paratireoide é rodeada por uma delgada cáp- sula de tecido conjuntivo - Septos estendem-se da cápsula até dentro da glândula, dividindo-a em lóbulos mal definidos e separando os cordões de célula densamente orga- nizados (cordões podem estar mais abertos ou mais fechados) - Adipócitos surgem no estroma glandular e no indi- víduo adulto chegam a constituir até 60-70% da massa glandular - Tecido adiposo unilocular - Uma rica rede de capilares sanguíneos fenestrados e de capilares linfáticos circundam o parênquima glandular. - O parênquima glandular é composto por duas popula- ções celulares: - Células principais: apresentam glânulos de para- tormônio e são mais numerosas - Células oxífilas: formam aglomerados de células, mas um arranjo semelhante a folículos também podem ser observados CÉLULAS PRINCIPAIS CÉLULAS OXÍFILAS Principal tipo celular Menos numerosas Surgem no desenvolvimento embrionário da glân- dula Surgem no indivíduo com cerca de 4 a 7 anos, e aumentam em número depois da puberdade Células poligonais e pequenas Células esféricas e maiores Núcleo central. Os núcleos das células estão mais próximos em razão da menor quantidade de cito- plasma Núcleos mais afastados em razão da maior quanti- dade de citoplasma Citoplasma palidamente corado Citoplasma acidofílico em razão do abundante nú- mero de mitocôndrias Produzem e secretam o paratormônio (hormônio hipercalcemiante) Atividade secretora desconhecida - Histofisiologia: - As células principais produzem e secretam paratormônio (PTH), que regula os níveis de cálcio e fosfato no sangue - es- sencial para vida - Secreção de PTH é regulada pelo nível sérico de cálcio por meio de um sistema de retroalimentação simples - Segmentos são retirados do pré-pró-paratormônio para formar o paratormônio propriamente dito - Efeitos do PTH - aumenta os níveis de cálcio e fosfato no san- gue de três maneiras: - Promove a liberação de cálcio das reservas ósseas (atu- ando sobre os osteoblastos pelo sistema de sinalização RANK/RANKL, promove a diferenciação de osteoclastos) - Nos rins estimula a reabsorção de cálcio pelo túbulo distal, enquanto inibe a reabsor- ção e fosfato no túbulo proximal - Aumenta a formação do 1,25-di-hidroxicolecalciferol (forma ativa da vitamina D3) hormonalmente ativo nos rins, promovendo a reabsorção tubular de cálcio - A absorção intestinal de cálcio é aumentada sob a influência de PTH, mas a vitamina D3 exerce maior efeito do que o PTH sobre a absorção intestinal de cálcio - O paratormônio ligado ao seu receptor no osteoblasto estimula a produção de duas proteínas: fator estimulante de colônia de macrófago (M-CSF) e ligante para receptor do ativador nuclear kappa (RANKL) - Monócitos que chegam a uma área de re- modelamento ósseo, começam a expressar o receptor estimulante para colônia de ma- crófagos. Uma vez ligado ao receptor, mo- nócito se diferencia em macrófago e come- ça a expressar RANK - Através desse receptor, o macrófago se liga ao RANKL (ligante do receptor do RANK expresso pelo osteoblasto) - Uma vez realizada essa ligação, macrófago se torna uma célula multinuclear, formando o precursor do osteoclasto. - A paratireoide durante esse processo de diferenciação, bloqueia a síntese de osteo- protegerina (glicoproteína produzida pelo osteoblasto que tem afinidade pelo RANKL maior do que a do RANK pelo RANKL) - RANK se separa do RANKL e forma-se um osteoclasto em repouso, que se torna funcional/ati- vo a partir do momento em que forma a zona selante e borda pregueada (que requer um tipo de integrina).
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