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Imunologia dos Transplantes Introdução ● Transplantes consistem na substituição de órgãos e tecidos doentes ou mortas, por outros órgãos e tecidos saudáveis de um doador. Terminologia ● Enxerto (Processo de retirada de órgãos e tecidos) ● Doador (Doa o enxerto) ● Receptor ou hospedeiro (Recebe o enxerto) ● Transfusão (Transplante de de células sanguíneas) Classificação dos Transplantes ● Autólogo (Doador = receptor) ● Heterólogo (Doador ≠ receptor) ● Singênico (Indivíduos da mesma espécie, geneticamente idênticos) ● Alogênico (Indivíduos da mesma espécie, geneticamente seme- lhantes.) ● Xenogênico (Indivíduos de espécie diferentes.) ● Ortotópico (Mesma localização anatômica) ● Heterotópico (Localização anatômica diferente da normal.) ALOENXERTO (ALOGÊNICO) AUTOLOGO Princípios Gerais da Imunologia do Transplante ● O transplante de células ou tecidos de um indivíduo para outro geneticamente não idêntico leva invariavelmente à rejeição do transplante devido a uma resposta imune adaptativa. ● Rejeição após o primeiro transplante entre um doador e um receptor não idêntico (chamada rejeição de primeira fase) ocorre entre 10 e 14 dias. ● Já o segundo transplante do mesmo doador para esse receptor (chamada rejeição de segunda fase) ocorre mais rapidamente Rejeição de primeira e segunda fase de aloenxertos. A genética da rejeição do enxerto. Respostas Imunes Adaptativas aos Aloenxertos ● Aloantígenos ou Xenoantígenos ● Alorreativos ou Xenorreativos ● Os Aloantígenos desencadeiam respostas humorais e celulares ● Linfócitos T CD4 e Linfocitos T CD8 Respostas Imunes Adaptativas aos Aloenxertos ● A maioria dos antígenos que estimulam respostas imunes adaptativas contra aloenxertos são proteínas codificadas por genes polimórficos que diferem entre os indivíduos. ● Proteínas chamadas de moléculas de histocompatibilidade (MHC) ● Determinam se um tecido (histo, tecido) enxertado é compatível ou incompatível com o sistema imune do hospedeiro Reconhecimento de Aloantígenos pelas Células T ● As moléculas alogênicas do MHC de um enxerto podem ser apresentadas para o reconhecimento pelas células T do receptor de duas maneiras diferentes ● Via Direta ○ As moléculas intactas de MHC exibidas pelas células do enxerto são reconhecidas pelas células T do receptor sem a necessidade de processamento pelas APCs do hospedeiro ● Via Indireta ○ As moléculas de MHC do doador (alogênicas) são capturadas e processadas pelas APCs do receptor, e os peptídeos derivados dessas moléculas são apresentados em associação a moléculas de MHC próprias Ativação de Linfócitos T Alorreativos ● A resposta das células T a um enxerto de órgãos pode ser iniciada nos linfonodos que drenam o enxerto ● Alorreconhecimento direto: células dendríticas do doador no aloenxerto migram para tecidos linfoides secundários, onde apresentam diretamente as moléculas de MHC alogênicas para as células T do hospedeiro. ● Alorreconhecimento indireto: células dendríticas do receptor que entraram no aloenxerto transportam as proteínas do MHC do doador para os tecidos linfoides secundários e apresentam os peptídeos derivados destas proteínas do MHC a células T alorreativas do hospedeiro. Cultura Mista de Linfócitos (MLR) ● As respostas de células T alorreativas a moléculas MHC estranhas podem ser analisadas em uma reação in vitro. ● É um teste antecipado de rejeição do enxerto por célula T ● A MLR é induzida pelo cultivo de leucócitos mononucleares do receptor e doador Funções Efetoras de células T alorreativas ● Células T alorreativas CD4 e CD8 são ativadas por aloantígenos de enxerto causam rejeição por mecanismos distintos ● Células T auxiliares CD4 células efetoras produtora de citocina danificam os enxertos. ● Células T CD8 linfocitos T citotóxico ● Somente CTL que são geradas por reconhecimento direto de MHC alogênico podem matar células de enxerto, enquanto as CTL ou células T auxiliares geradas por reconhecimento alogênico direto ou indireto podem causar danos mediados por citocinas aos enxertos. Ativação de células B alorreativas e Produção de aloanticorpos ● A maioria dos aloanticorpos de alta afinidade é produzida por ativação de células T auxiliar dependente de célula B alorreativas. ● Os antígenos reconhecidos mais frequentemente pelos aloanticorpos na rejeição do enxerto são moléculas HLA doadoras, incluindo proteínas MHC de classe I e classe II. ● Anticorpos anti-HLA contribuem significativamente para a rejeição do aloenxerto. Padrões e mecanismos de rejeição de aloenxerto Rejeição hiperaguda ● A rejeição hiperaguda se caracterizada pela oclusão trombótica da vasculatura do enxerto que se inicia minutos ou horas após a anastomose entre os vasos sanguíneos do hospedeiro e do enxerto, e é mediada por anticorpos preexistentes na circulação do hospedeiro que se ligam aos antígenos endoteliais do doador. ● Nos primeiros dias após o transplante, a rejeição hiperaguda e frequentemente mediada por anticorpos IgM preexistentes, que estão presentes em altas titulação antes do transplante. ● Atualmente, a rejeição hiperaguda de aloenxertos, quando ocorre, é em geral mediada por anticorpos IgG dirigidos contra antígenos proteicos, tais como moléculas do MHC do doador, ou contra antígenos menos bem definidos. Rejeição aguda ● A rejeição aguda é um processo de lesão do parênquima do enxerto e dos vasos sanguíneos mediada por células T alorreativas e anticorpos. Rejeição celular aguda ● O principal mecanismo da rejeição celular aguda é a morte de células do enxerto mediada por CTL. ● Presença de mRNA Rejeição Aguda mediada por Anticorpos ● Aloanticorpos causam rejeição aguda ao se ligar a aloantígenos, principalmente moléculas HLA, em células endoteliais vasculares, causando lesão endotelial e trombose intravascular que resulta na destruição do enxerto. Vasculopatia de Enxerto e Rejeição Crônica ● Como a terapia para a rejeição aguda melhorou, a principal causa de falha dos aloenxertos de órgãos vascularizados tem sido a rejeição crônica. ● Uma lesão dominante da rejeição crônica em enxertos vascularizados é a oclusão arterial como consequência da proliferação de células musculares lisas da íntima, e os enxertos falham no fim, principalmente devido ao dano isquêmico resultante. Prevenção e tratamento da rejeição de aloenxertos imunossupressão para prevenir ou tratar a rejeição de aloenxertos ❖ inibidores de vias sinalizadoras de células T ● Os inibidores de calcineurina ciclosporina e FK506 inibem a transcrição de certos genes em células T, em especial aquelas que codificam citocinas como a IL-2. ● O fármaco imunossupressor rapamicina inibe a proliferação de células T mediada pelo fator de crescimento. ❖ Antimetabólitos ● Toxinas metabólicas que destroem as células T em proliferação são usadas em combinação com outros fármacos para tratar a rejeição de enxerto. ● Azatioprina ● MMF (micofenolato mofetil) ❖ Bloqueio de função ou esgotamento de anticorpos antilinfocitários ● Anticorpos que reagem com estruturas de superfície das células T e esgotam ou inibem as células T que são usadas para tratar episódios de rejeição aguda. ❖ Bloqueio coestimulatório ● Fármacos que bloqueiam as rotas coestimuladoras das células T reduzem a rejeição aguda de aloenxerto. ● O bloqueio simultâneo de B7 e CD40 mais efetivo ❖ Fármacos que focam aloanticorpos e células B alorreativas ● Anticorpos e células B que foram desenvolvidos para outras doenças estão agora, sendo usadas em pacientes de transplantes. ❖ Fármacos Anti-inflamatórios ● Agentes inflamatórios, especificamente os corticosteróides, são frequentemente usados para reduzir a reação inflamatória a aloenxertos de órgãos. Métodos para reduzir a imunogenicidade dos aloenxertos ❖ A relação “Não rejeição do aloenxerto e sistema imunológico” Um aloenxerto podeser um tecido/órgão novo que veio de um outro organismo e cumpri o papel de restabelecer a integridade física e fisiológica de um indivíduo que teve tal órgão afetado. Porém esse transplante não ocorre entre o próprio paciente ou em pacientes geneticamente idênticos. Tudo que é novo chama atenção, por isso o sistema imunológico do receptor é o seu maior vilão! Quanto melhor estiver o sistema imunológico do receptor maiores as chances de rejeição do tecido. O sucesso do transplante é necessário que haja um enfraquecimento do sistema imune. Os Doadores ❖ Os doadores podem ser vivos ou falecidos, no entanto cada um possui suas particularidades quanto ao sucesso do transplante. ❖ Doadores vivos - têm menos chances de causar rejeição no receptor se possuírem uma compatibilidades com o receptor - pai, mãe, tio, tia, primos, irmãos tendem a ser fontes mais seguras de um sucesso. ❖ Sendo o doador vivo não parente do receptor, mas com boa compatibilidade, ele também será uma boa fonte de sucesso do procedimento. ❖ Doadores vivos estão limitados quanto ao que se pode doar - Parte do fígado, um rim, parte do intestino, um lobo do pulmão, partes do pâncreas. ❖ Doadores falecidos - quase todas as partes podem ser doadas, taxa de sobrevida do transplante tende a ser menor. Teste para verificar compatibilidade ❖ Tipagem sanguínea ABO - objetiva achar uma compatibilidade nos tipos sanguíneos do doador e receptor. Tenta evitar uma rejeição hiperaguda e é padrão em transplantes de coração e rim. ❖ Determinação de alelos de HLA expressos em células do doador e do receptor - visa verificar o grau de incompatibilidade entre os muitos genes de HLA entre os doadores, os parâmetros se dão em números de 0-6 quanto maior, maior o risco de rejeição. ex. de grupos (HLA-A, HLA-B e HLA-DR) ❖ Prova cruzada ou Cross Match - é considerado um transplante in-vitro, ele tenta simular o que pode ocorrer com o receptor ao receber tal órgão, através da verificação de anticorpos pré-formados específicos contra o antígeno do doador. essa pré-formação pode ser adquirida através de gestações, transfusões ou transplantes passados MHC ou complexo principal de histocompatibilidade = esse complexo codifica a superfícies das células e impede que corpos estranhos permaneçam no organismo através da resposta imunológica. HLA ou antígenos leucocitário humano = Nos seres humanos ele é o MHC. Teste para verificar compatibilidade ❖ Determinação de alelos de HLA expressos em células do doador e do receptor O outro lado dos imunossupressores Desde que os fármacos imunossupressores passaram a serem usados nos transplantes, as taxas de sobrevida dos aloenxertos aumentaram significamente, com a diminuição das atividades das células T o niveis de agressão ao novo órgão diminuíram muito. Porém existem consequências nessa terapia: ❖ Baixa imunidade - enfraquecimento das células T ❖ Porta de entrada para infecções oportunistas - herpes,citomegalovírus, infecções fungicas, infecções por protozoários e infecções parasitárias. ❖ Aumento das chances de desenvolver neoplasias - carcinoma cervical uterino, que é relacionado com o Papilomavírus Humano. ❖ Por essa razão os pacientes transplantados recebem também uma terapia antiviral profilática para infecções por herpesvírus. Referências ABBAS, Abul K.; PILLAI,Shiv; LICHTMAN, Andrew H.. Imunologia:Celular e Molecular. 9 ed. Rio De Janeiro: Editora Elsevier Ltda, 2019.
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