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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA- UNIPE PROF. LEDA MAIA A Sexualidade no Tempo • Pré-História • Os homens da Pré-História já, usavam cosméticos naturais para incrementar a paquera, faziam sexo em posições bem diferentes do usual. • É o que indicam os estudos feitos por arqueólogos baseados em objetos como estátuas e pinturas rupestres. • Na Idade da Pedra, métodos anticoncepcionais e masturbação já faziam parte da rotina sexual. A Sexualidade no Tempo • POSIÇÕES • Uma imagem encontrada em Ur, na Mesopotâmia, datada de 3200 a.C., mostra a mulher por cima do homem, posição também encontrada em obras de arte da Grécia, do Peru, da China, da Índia e do Japão. • Uma outra imagem pré-histórica mostra a mulher sentada com as pernas levantadas para facilitar a penetração do homem. A relação com penetração por trás também aparece com frequência. A Sexualidade no Tempo • CASAMENTO • No Paleolítico (do surgimento da humanidade até 8000 a.C.), a Idade da Pedra Lascada, os machos dominantes se casavam com várias mulheres. • Já no Neolítico (de 8000 a.C. até 5000 a.C.), a Idade da Pedra Polida, observando o estilo de vida dos bichos e o papel do macho na procriação, os homens passaram à ficar com uma fêmea só. A Sexualidade no Tempo • MASTURBAÇÃO • Não faltam exemplos da prática do sexo solitário na Pré- História: há de estátuas a bastões fálicos talhados em madeira ou em pedra. A Sexualidade no Tempo • PORNOGRAFIA ANCESTRAL • Os homens faziam estátuas eróticas que podem ser consideradas ancestrais da pornografia. Naquela época, a Europa vivia a Era Glacial, e as mulheres gordinhas teriam maior potencial de resistência. • Vênus de Willendorf. A Sexualidade no Tempo • PAQUERA • Na hora da paquera, o homem pré-histórico já tinha à disposição cosméticos feitos de plantas, como a hena, usada nos cabelos. • Sabe-se que extratos de beladona eram usados para dilatar as pupilas e, assim, chamar mais a atenção. • Havia ainda pigmentos avermelhados, que destacavam partes da pele, e jóias feitas de pedras, madeira ou dentes de animais. A Sexualidade no Tempo • CORPO A CORPO • Quando o homem virou bípede, o corpo passou a ter novos focos de atração sexual. • Os seios das mulheres, únicas fêmeas entre os primatas que têm seios permanentemente grandes, passaram a ser tão atrativos quanto as nádegas. • Assim, o ser humano passou a ser um dos poucos animais que fazem sexo cara a cara. A Sexualidade no Tempo • Antiguidade • Na Antiguidade, a prostituição era regulamentada, o divórcio começou a existir e havia até deuses do sexo. • Os documentos da Idade Antiga, que vai de 4000 a.C. ao século 5 d.C., mostram curiosidades sobre a vida sexual de povos como gregos, romanos e egípcios. A Sexualidade no Tempo • Os romanos, por exemplo, prezavam tanto o sexo que havia uma lei para não incentivar o celibato: a solteirice e a falta de filhos eram punidos, e as pessoas cheias de herdeiros tinham privilégios. • Os romanos também estudavam o corpo humano e já conheciam algumas doenças de natureza sexual. • Mesmo assim, algumas crendices sexuais bizarras permaneciam. Na Grécia, por exemplo, acreditava-se que o contato com uma mulher menstruada faria o vinho novo ficar azedo e faria as árvores não dar mais frutos. A Sexualidade no Tempo • À MODA ANTIGA • Prostituição e homossexualidade eram comuns, mas havia leis severas para punir abusos. • CASAMENTO • Os gregos e romanos eram monogâmicos - no império de Diocleciano, em Roma, a bigamia foi declarada ofensa civil. • Mas os greco-romanos descobriram que o amor não é eterno: foi nessa época que surgiu o divórcio. • Na Roma arcaica, as mulheres adúlteras podiam ser condenadas à morte - isso só mudou após uma lei do imperador Augusto, que trocou a pena para o exílio. A Sexualidade no Tempo • POSIÇÕES • Em Roma, as posições sexuais apareciam em pinturas, mosaicos e objetos de uso cotidiano, como lamparinas, taças e até moedas. • Em uma face, ficava a posição sexual, e, na outra, um número. Para alguns historiadores, as moedas eram fichas de bordel, e as posições com penetração tinham números maiores, indicando que poderiam ser mais valorizadas. A Sexualidade no Tempo • MASTURBAÇÃO • Nada de condenar o sexo solitário: na Grécia e na Roma antigas, a masturbação era vista como natural. • No Egito, a masturbação era até parte do mito da criação. • Um dos ditos piramidais afirma que Aton, o deus do Sol, teria criado o deus Shu e a deusa Tefnut através do sêmen de sua masturbação. A Sexualidade no Tempo • NO TRIBUNAL • A legislação sexual da Roma antiga era polêmica. • Eram puníveis com a morte: o adultério cometido pela esposa, o incesto e a relação sexual entre uma mulher e um escravo. • No estupro, a punição sobrava até para a vítima - se não gritasse por socorro, a virgem poderia ser queimada viva. • Entre as penas leves, estava a apreensão de propriedades de quem fizesse sexo anal. • No Egito, o adultério era mau negócio: os homens eram castrados e as mulheres ficavam sem o nariz. A Sexualidade no Tempo • HOMOSSEXUALIDADE • Na Grécia a homossexualidade masculina entre dois homens adultos era inaceitável socialmente, o que não quer dizer que não existia. • Tal como no caso dos romanos, o passivo era o alvo da condenação e da vergonha, porque ser penetrado remetia a um papel feminino de submissão (e a sociedade grega era tremendamente machista). A Sexualidade no Tempo • PEDERASTIA NÃO TINHA NADA A VER COM SEXO • Há uma tremenda confusão a respeito da pederastia entre os gregos, por ser cheia de sutilezas e regras. • A pederastia não tinha nada a ver diretamente com homossexualidade nem com pedofilia, do modo como as entendemos atualmente. A Sexualidade no Tempo • Era uma ligação de afeto de um homem adulto livre e da elite por um garoto, que tinha função pedagógica na formação de um cidadão da aristocracia. • É claro que às vezes o sexo se apresentava juntamente com a paixão, mas nem por isso a prática era aceita socialmente ou tolerada pelo Estado. • Seria inaceitável submeter um filho de família importante à penetração, por exemplo, porque era considerada um ato de violência. • Fosse na vagina, no ânus ou na boca, só às mulheres a submissão de serem penetradas seria apropriada. A Sexualidade no Tempo • PROSTITUIÇÃO • Regras para sexo pago eram diferentes na Grécia e em Roma. • GRÉCIA • As moças da vida não eram todas iguais - elas seguiam uma hierarquia. • CLASSE ALTA • Prostitutas de primeira classe, com treinamento intelectual e cultural. • CLASSE MÉDIA • Tocadoras de flauta e dançarinas, especialistas em ginástica e sexo oral. Geralmente eram imigrantes. • CLASSE BAIXA • Vendidas pela família, ganhavam mal e tinham poucos direitos. A Sexualidade no Tempo • PROSTÍBULOS PAGAVAM TRIBUTO • Os primeiros prostíbulos “oficiais” foram instituídos em Atenas por Sólon, que usou os tributos recolhidos para construir um templo para Afrodite, deusa que velava pela prostituição. • A ideia era deixar o sexo à disposição dos jovens para preservar as mulheres respeitáveis do adultério. A Sexualidade no Tempo • Essas prostitutas comuns eram escravas, ex-escravas, estrangeiras livres e meninas abandonadas ou vendidas pelos pais, bem como, filhas de prostitutas. • Era crime alguém incitar uma mulher ateniense à prostituição, bem como vender filhas ou irmãs que fossem cidadãs atenienses. • Em grego, a palavra prostituta “éporne”, que significa “aquela que está à venda”. Daí derivam as palavras “pornografia” e “pornográfico”. A Sexualidade no Tempo • HAVIA PROSTITUIÇÃO SAGRADA • Na rica cidade de Corinto, havia a prostituição sagrada, prática que vinha de sociedades agrárias. As servas sagradas pertenciam a templos dedicados à deusa do amor por toda a vida. • Sua função era fazer sexo com quem pagasse, sendo que o dinheiro ficava para o templo. • Acreditava-se que assim estariagarantida a fertilidade das mulheres e da terra. • No templo havia mais de mil servas sagradas. E era um serviço caro. A Sexualidade no Tempo • HETAIRAS, AS GUEIXAS DOS GREGOS • As hetairas eram prostitutas de luxo, consideradas companheiras dos homens nas ocasiões em que esposas, filhas e irmãs eram excluídas, devido à rigidez dos costumes em relação às mulheres. • Aliás, ao contrário das hetairas, esposas, filhas e irmãs de cidadãos livres eram pouco instruídas. As prostitutas de luxo eram belas, educadas, tocavam instrumentos musicais e dançavam. • Muitas acompanhavam os debates filosóficos com perspicácia e competência e algumas foram companheiras e/ou discípulas de filósofos, políticos e pessoas influentes. • Eram tremendamente bem pagas, viviam em mansões e acumulavam fortunas. Sua origem, porém, era a mesma das prostitutas comuns. A Sexualidade no Tempo • SAFO • Não há indícios de que Safo, atualmente considerada quase que a sacerdotisa do amor homossexual feminino, fosse lésbica, a não ser que usemos a palavra para designar sua origem (a ilha de Lesbos). • A poesia de Safo nos chegou de forma muito fragmentária, mas sabe-se que fazia poemas em homenagem a cada aluna que entrava ou saía da escola para meninas que mantinha. • Esses fragmentos de poemas podem ter dado origem à crença de que Safo tinha relacionamentos amorosos com mulheres, mas ela também escreveu sobre solidão, velhice, amor e separação. • O que se sabe é que Safo foi casada, provavelmente teve uma filha e se matou por causa da rejeição de um homem. A Sexualidade no Tempo • PROSTITUIÇÃO • ROMA • Registradas e pagadoras de impostos, as prostitutas se vestiam com tecidos floridos ou transparentes, e, por lei, não podiam usar a estola, veste das mulheres livres, nem a cor violeta. • Os cabelos deviam ser amarelos ou vermelhos. O lugar mais comum de trabalho delas era sob arcos arquitetônicos: a palavra fornicação vem do latim fornice, que significa arco. A Sexualidade no Tempo • MÃO BOBA? SÓ A ESQUERDA • Antes do cair da noite, eram permitidas as carícias, desde que feitas pela mão esquerda. • PAIXÃO É QUASE DOENÇA • A paixão amorosa era temida e era vergonhosa. Quando um romano se apaixonava loucamente, seus amigos consideravam que moralmente o sujeito caíra na escravidão ou perdera a cabeça por excesso de sensualidade. • AMOR E SEXO ERA PARA JOVENS • Não que os mais velhos não se apaixonassem ou não fizessem sexo, mas era de bom tom mostrar decoro. A Sexualidade no Tempo • POR RESPEITO, SÓ SEXO ANAL • Entre os antigos romanos, era comum que o marido evitasse fazer sexo vaginal com a sua esposa na noite de núpcias, em respeito à sua natural timidez de moça virgem. Como compensação, ele poderia sodomizá-la. • NO ESCURINHO • Também entre romanos, não se deveria fazer sexo antes do anoitecer. Durante o dia, era privilégio de recém-casados, logo após as núpcias. • Além de só se poder manter relações sexuais à noite, era de bom tom que fosse na penumbra. • Um homem honesto só teria a possibilidade de vislumbrar a nudez da amada se a lua passasse na hora certa pela janela aberta. A Sexualidade no Tempo • IDADE MÉDIA • Na era medieval, a vida entre quatro paredes ficou mais recatada por causa da influência da Igreja. • No mundo ocidental, tudo que era relacionado ao sexo - exceto a procriação - passou a ser pecado. Até pensar no assunto era proibido. • O único que se dava bem era o senhor feudal: além de colocar cinto de castidade em sua esposa, ele tinha o direito de manter relações sexuais com qualquer noiva em seu feudo na primeira noite do casamento dela. • Já no Oriente, em países asiáticos, a liberdade sexual era maior. Os homens orientais podiam, por exemplo, ter quantas mulheres quisessem, desde que conseguissem sustentar todas. A Sexualidade no Tempo • PAQUERA • Por volta do século XII, surgiu o chamado amor cortês. Na corte, o cavalheiro levava o lenço da mulher amada. Mas era uma amor platônico e infeliz . • Os casamentos eram arranjados por interesses econômicos, o cavalheiro e a dama quase nunca ficavam juntos. • Os noivos arranjados muitas vezes só se conheciam por meio de retratos pintados a óleo. A Sexualidade no Tempo • POSIÇÕES • Só uma posição era consentida pela Igreja: a missionária (atual papai-e-mamãe). Ela tem esse nome porque os missionários cristãos queriam difundir seu uso em sociedades onde predominavam outras práticas. • Para os cristãos, ela é a única posição apropriada porque, segundo São Paulo, a mulher deve sujeitar-se ao marido. • O recato entre quatro paredes era tamanho que, em alguns lares mais tradicionais, o casal se relacionava com um lençol com um furo no meio. A Sexualidade no Tempo • MASTURBAÇÃO • Para não incentivar o prazer sexual solitário, surgiram nessa época os mitos de que os meninos ficavam com espinhas ou calos nas mãos caso se masturbassem. • Se uma menina se tocasse, ou ela estaria tendo um encontro com Satã ou havia sido enfeitiçada por bruxas. A paranóia era tão grande que muitos tomavam banho vestidos - até o banho era considerado um ato libidinoso • CASAMENTO • A família da noiva, que podia casar logo após a segunda menstruação, pagava um dote (dinheiro ou bens) ao noivo, que tinha, geralmente, entre 16 e 18 anos. • Mas havia proibições: o casório entre primos de terceiro grau, e de parentes de até sexto grau. A Sexualidade no Tempo • CINTO DE CASTIDADE • Não há consenso entre os historiadores sobre a invenção do cinto de castidade, mas acredita-se que o modelo mais antigo seja o de Bellifortis, de 1405. • Feito de metal, ele tinha aberturas farpadas que permitiam urinar, mas não copular. Também foi inventada a infibulação, técnica de costura da vagina para garantir a fidelidade da mulher ao senhor feudal quando ele viajava. A Sexualidade no Tempo • Idade Moderna • Os costumes medievais recatados continuaram na Idade Moderna, mas a Reforma Protestante ajudou a tornar alguns deles menos rígidos. • O divórcio, por exemplo, que era proibido pelo catolicismo, passou a ser aceito na Igreja Anglicana. • Mas as igrejas protestantes que surgiram na Alemanha, Inglaterra e Holanda continuaram bem rigorosas no que se refere às práticas sexuais. • O que mudou foram os padrões de beleza - mulheres com cinturas fina e seios fartos passaram a ser as mais desejadas. A Sexualidade no Tempo • AMOR • Na Idade Moderna, começaram a ser mais comuns os casamentos por amor, e não apenas por interesse. O hábito de trocar cartas entre os apaixonados tornou-se comum. • CASAMENTO • De 1545 a 1563, o Concílio de Trento tornou a Igreja a responsável pelo casamento - antes, os casamentos eram só civis, e aconteciam em casa mesmo. A partir daí, passaram a acontecer diante de um membro da Igreja. A Sexualidade no Tempo • POSIÇÕES • No século XVI, o pintor italiano Giulio Romano pintou uma série de 16 desenhos para um livro de sonetos obscenos de Pietro Arentino, retratando várias posições sexuais. • E O KAMA SUTRA • Kama Sutra, foi escrito provavelmente entre os séculos III e IV, mas só foi popularizado no Ocidente a partir de 1883, quando ganhou uma tradução em inglês. • O livro contém a descrição de 529 posições sexuais. Há desde posições complexas, a situações simples. A Sexualidade no Tempo • PROSTITUIÇÃO • As prostitutas eram chamadas de cortesãs e seus quartos eram cheios de pentes, caixas de pó e frascos de perfume. • Havia dois tipos de cortesãs: • Algumas atendiam em casa (geralmente, depois da morte do chefe de família, quando ficavam sem dinheiro para o sustento) e tinham uma agente, a alcoviteira, que buscava clientes nas ruas. • Havia ainda as que trabalhavam em bordéis, tabelados pelo Estado. A Sexualidade no Tempo • LEIS • As leis da Idade Moderna mais humilhavam que puniam. O adultério, por exemplo, era "punido" na França com um desfile dos maridos traídos e das mulheres traidoras. • Os homens eram obrigados a montar um asno epassear pela cidade usando chifres, e as mulheres adúlteras também tinham que montar em um asno, besuntadas de mel e cobertas de penas, com um cesto na cabeça. A Sexualidade no Tempo • CIÊNCIA • Como os conhecimentos sobre sexo evoluíram na Idade Moderna: • 1495 - Soldados franceses em Nápoles dão sinais de tumores genitais. É o início da sífilis na Europa. • 1527 - É empregada pela primeira vez a expressão "doença venérea" por Jacques Bethercourt. • 1550 - Por volta dessa data, o médico italiano Gabriel Fallopius descreveu os órgãos reprodutivos femininos, e um deles ganhou seu nome: as trompas de Falópio, hoje chamadas de tubas uterinas. A Sexualidade no Tempo • CIÊNCIA • 1550 - A invenção da camisinha moderna também é creditada a Fallopius e ocorreu nessa década. Ele que recomendava o uso de um envoltório de linho sobre a glande para evitar a disseminação da sífilis. • 1554 - O médico alemão Johannes Lange descreve uma doença bizarra: a clorose (anemia), que atacava quem não fizesse sexo. Entre os sintomas, letargia e palidez. O tratamento: sexo. • 1595 - Invenção do microscópio moderno na Holanda; ele ganha esse nome somente em 1625, com Galileu Galilei. • 1677 - O holandês Antoine van Leeuwenhoek descobre o espermatozoide. A Sexualidade no Tempo • CIÊNCIA • O sexo começou a ser estudado de modo mais objetivo, particularmente com o desenvolvimento das ciências empíricas, como a Medicina e a Psicologia, e com o enfraquecimento da crença nas religiões e dos códigos morais. • O ato físico, praticado para aliviar tensões corpóreas ou para reprodução, ao longo dos anos transformou-se numa área básica para a moralidade e até mesmo para a forma de organização das sociedades. A Sexualidade no Tempo • CIÊNCIA • Nessa nova realidade, todo o movimento repressivo da sexualidade desencadeado durante os séculos XVI, XVII e XVIII, entra em fase de profundas transformações. • O trabalho de alguns médicos – com destaque para as figuras de Darwin e Freud - os tratados científicos, as transformações sociais e a superação de conceitos mecânicos e equivocados aceleram a transformação acerca dos conceitos relacionados à sexualidade. • De 1870 até a Primeira Guerra Mundial, surge o princípio de uma Ciência Sexual. A Sexualidade no Tempo • CIÊNCIA • A ciência passou, então, a ter papel de regulamentação na atividade sexual, classificando práticas sexuais. • Antes disso, o sexo era regulamentado pelo Estado, elites dominantes e pela Igreja. • Sexualização do pecado. • O ser humano tornou-se fragilizado e culpabilizado pelo desejo. • A virgindade foi exaltada. • Imagem negativa da mulher- A mulher foi quem levou o homem a pecar. A Sexualidade no Tempo • O casamento se opunha a virgindade e incentivava a volúpia carnal. • Dos males o casamento era o menor. • Práticas sexuais normais- destinadas a procriação. • Práticas sexuais anormais- práticas infecundas (masturbação, pedofilia, homossexualidade etc.). A Sexualidade no Tempo • A esterelidade era um indicador de alguma forma de impureza na vida conjugal. • Iluminismo- O homem não é mais entendido como um ser guiado pelos seus instintos, mas como um ser civilizado capaz de conter-se. • Começa a disseminar-se, então, um discurso sobre sexualidade que visa analisar, contabilizar, classificar a prática sexual, incluindo-a numa ordem não apenas moral, mas também racional. A Sexualidade no Tempo • CIÊNCIA • Sexo tornou-se Sexualidade – um objeto de estudo. Na prática, essa nova realidade, em que o sexo foi altamente racionalizado, permitiu o estabelecimento de critérios, construídos de acordo com a terminologia da ciência, para classificar a normalidade e a anormalidade. • A partir daí, a sexualidade tornou-se um tema de debate na sociedade. Breve Histórico da Ciência Sexual • O conceito de sexualidade existe há pouco mais de 200 anos e logo tornou-se um tema tabu. • Introduzida na ciência por August Henschel (1790/1856), botânico que realizou uma pesquisa sobre a sexualidade das plantas. • Inaugura o estudo da sexualidade. • Seguido por biólogos, filósofos e médicos no final do século XIX, a sexualidade torna-se área independente. Breve Histórico da Ciência Sexual • No final do século XIX repousa o postulado da atração sexual recíproca e natural de um sexo pelo outro, uma atração irreprimível que encontra sua fonte individual nos órgãos genitais. Breve Histórico da Ciência Sexual • O papel da sexualidade na determinação social era considerado secundário. • No entanto, CABANIS (1883-Fisiologista e Filósofo) vai começar a atribuir à sexualidade o essencial da determinação de toda a esfera de relações interpessoais. • A Sexualidade, é vista como geradora de laços e sentimentos sociais. Breve Histórico da Ciência Sexual • ENGELS (Filósofo e Cientista Social) – estuda os vínculos que condiciona a sexualidade, a constituição da família conjugal e afirma o direito paterno que regularia as relações sexuais. • A estruturação das relações e dos sentimentos conjugais e parentais no interior da família vão dando a medida da norma. • A organização social regula a manifestação da sexualidade. Breve Histórico da Ciência Sexual • Nessa época, toda sexualidade que não atendesse as normas sociais onde prevalecia a reprodução da espécie, seria considerada como uma aberração, degenerescência do instinto sexual natural. Breve Histórico da Ciência Sexual PRIMEIROS TRABALHOS SOBRE AS PERVERSÕES: 1860/1870 – Esquirol e Morel (Psiquiatras)-observaram os distúrbios da sexualidade onde os sujeitos cometeriam monstruosidades como: necrofilia, pedofilia, assassinatos sádicos, sob a denominação de: Monomanias instintuais (Esquirol). Perversões de instintos genésicos (Morel). Ambas enquadradas como loucuras hereditárias. Breve Histórico da Ciência Sexual • Esquirol e Morel- se serviram das considerações darwinianas da hereditariedade, como também tinham implicações higienistas a partir da ideia de seleção natural. • A espécie humana estaria ameaçada se a hereditariedade mórbida de certas raças se alastrasse. • Ao invés de garantir a permanência da espécie poderia levar a extinção. Breve Histórico da Ciência Sexual • Charles Lasègue (1877- Psiquiatra)- descreve pela primeira vez o exibicionismo como um ato impulsivo. • No século XIX e começo do século XX, as perversões vão estar ligadas a síndrome impulsivas e obsessivas. • É neste campo recente da clínica das perversões que irá se constituir uma sexologia como pretensões científicas. Breve Histórico da Ciência Sexual • Surgiu na Alemanha com Karl Ulrichs (1825- 1925- escritor alemão), o pensamento da homossexualidade como tendência natural. • Esse trabalho foi denominado de uranismo, e servirá de referência à existência de um “terceiro sexo” defendida pelos movimentos homossexuais. • Nesse trabalho Ulrichs argumenta os fatores biológicos como determinantes do terceiro sexo. Breve Histórico da Ciência Sexual • WESPHALL (1870- Psiquiatra) - Estudou a “inversão sexual” ligando-a à categoria das neuroses e refere-se a ela como uma degenerescência hereditária. Breve Histórico da Ciência Sexual BARÃO RICHARD VON KRAFFT-EBING- (1877- Psiquiatra) interessa-se pelos desvios sexuais e os agrupa em sua obra “Psicopatia Sexual” (1886). Divide os desvios sexuais em 4 grandes classes: 1. Anestesia do Instinto Sexual – provocado por enfraquecimento fisiológico. 2. Hiperestesia – instinto sexual ligado a fenômenos cerebrais (ninfomania, satiríase). Breve Histórico da Ciência Sexual 3. Paradoxia – instinto sexual que se manifesta fora dos períodos fisiológicos da idade adulta. 4. Parestesia do instinto sexual – manifesta-se fora do objeto natural da reprodução da espécie. Sua tese será submetida, sobre influência de outros autores, a modificações importantes. Enfatiza a natureza congênita e degenerativa das perversões. Breve Histórico da Ciência Sexual BINET(1887- Pedagogo/ Psicólogo) – reconheceu que a hereditariedade, oferece o terreno favorável à constituição das perversões, todavia não pode lhe dar sua forma ou característica. Assim o fato de um sujeito adorar um par de sapatos não pode ser explicado pela hereditariedade e possivelmente deve existir um determinismo histórico, fato na sua vida que desencadeia a característica da perversão devido a um terreno fértil para o desenvolvimento da perversão. Breve Histórico da Ciência Sexual • Binet (1887) formula a hipótese que a perversão seria causada por um acontecimento na infância tendo deixado sua marca sob a forma de uma associação mental. • Essa correção à tese degenerativa vai se tornar um pólo radicalmente oposto a degenerescência. Breve Histórico da Ciência Sexual • SCHRENCK-NOTZING (1889- Psiquiatra)- acredita que as perversões podem ser dissipadas a partir de um trabalho de sugestão hipnótica. • Com esse trabalho a perversão passa a ser considerada um processo reversível e não constitutivo. • Dessa forma a teoria da degenerescência saiu muito abalada. Breve Histórico da Ciência Sexual • Krafft-Ebing (1892) - redefine a teoria das perversões. • A teoria darwiniana vai ser aplicada à teoria da sexualidade tanto normal quanto patológica e as perversões serão redefinidas e a sexualidade é esquematizada da seguinte forma: • Se o desenvolvimento individual recapitula as etapas da filogênese as aberrações sexuais surgem como distúrbios de comportamento ontogenético. Breve Histórico da Ciência Sexual • Filogênese- estuda a gênese, origem evolutiva de um grupo. • Ontogênese- define a formação e desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação do óvulo até à morte do mesmo. Breve Histórico da Ciência Sexual • EXEMPLO: • Curiosamente, a sequência filogenética acompanha, dirá Freud, a ontogenética (ou seja, há aqui uma menção à ideia de recapitulação). • Nesse sentido, Freud irá argumentar que, no princípio, nossos ancestrais viviam em um ambiente de grande abundância, uma espécie de paraíso original, tendo livre acesso à comida e à cópula. Breve Histórico da Ciência Sexual • Entretanto, em função de mudanças climáticas ambientais drásticas (surgimento da era glacial), a humanidade foi forçada a alterar radicalmente seu comportamento a partir das incertezas em face das privações impostas pelas mudanças climáticas. • Com a continuação dos tempos glaciais, o homem, ameaçado em sua sobrevivência, renuncia ao prazer de procriar. Não há comida para todos. • É necessário, portanto, limitar a procriação. Essa limitação afeta mais duramente as mulheres do que os homens. Tal situação, dirá Freud, corresponde à histeria de conversão. Breve Histórico da Ciência Sexual • KRAFFT-EBING – Compreende o sadismo e o masoquismo como perversões cardeais, podendo um mesmo indivíduo apresentar ambas, todavia haverá predominância de uma perversão sobre a outra. MASOQUISMO: forma passiva, característica feminina. SADISMO: forma ativa, característica masculina. Breve Histórico da Ciência Sexual • A homossexualidade tem sua fonte na bissexualidade originária da espécie e do embrião. • A heterossexualidade se desenvolve normalmente por repressão e involução da tendência alternativa. Breve Histórico da Ciência Sexual • MOLL (1897) – Formula a teste de que a sexualidade manifesta-se na criança precocemente como forma de antecipação da sexualidade adulta. • O AUTOR ACREDITA QUE: • Essas manifestações na criança são indiferenciadas, bissexuais e não patológicas. • As perversões sexuais, representam a uma fragilidade constitucional do componente heterossexual normal. Breve Histórico da Ciência Sexual • Apesar de reconhecer a sexualidade da criança, Moll (1897) divide a infância em dois períodos: • 1 a 7 anos- as manifestações sexuais devem despertar a suspeita de processos mórbidos. • Depois dos 8 anos- essas manifestações devem ser consideradas normais. Breve Histórico da Ciência Sexual H. ELLIS (1897/1910 Médico/Psicólogo)- Adere à teoria da interrupção do desenvolvimento para explicar o surgimento das perversões sexuais. Dá importância ao meio ambiente (tese associacionista- Binet) e em particular a sedução de crianças por adultos. Introduz noção de auto erotismo em relação às experiências sexuais ligadas a funções, orais, anais e uretrais aproximando-se de Freud (1905). Breve Histórico da Ciência Sexual • H. Ellis (1897/1910)- Foi o primeiro a escrever sobre a homossexualidade sem a caracterizar como doença ou crime. • A masturbação não conduzia a doenças graves. • Falou sobre os fenômenos transgêneros. • Era amigo de Freud e se correspondia com ele. • Assim, no momento em que Freud elabora sua teoria acumula-se um amplo material que vão inspirar suas posições. Breve Histórico da Ciência Sexual • Freud não se interessa muito pelas perversões. • Lança sobre as perversões mais um julgamento moral do que um olhar de um homem pela ciência. Se baseia nos trabalhos de Krafft-Ebing, Moll etc. • Rejeita a teoria da degenerescência e congênita para a explicação das condutas desviantes. • Encaminha essa discussão para uma abordagem psicológica ( a sexualidade é construída). Breve Histórico da Ciência Sexual • FREUD (1905), na análise de seus pacientes adultos vai detectar material de manifestações sexuais infantil levando-o a escrever os Três ensaios da sexualidade infantil. • A perversão é apresentada como uma regressão ligada a uma interrupção no desenvolvimento. • Os psiconeuróticos são todos seres de tendências perversas fortemente desenvolvidas, mas recalcadas e tornadas inacessíveis no decorrer da sua evolução. Breve Histórico da Ciência Sexual • Brasil • No Brasil com o texto Atentado ao Pudor: estudo sobre as aberrações do instinto sexual (1894). • O jurista Francisco José Viveiro de Castro inaugura uma explicação sobre alguns comportamentos sexuais os quais, quando praticados com frequência levaria homens e mulheres a loucura, atrofia e decadências dos órgãos sexuais. Breve Histórico da Ciência Sexual • Em 1906 o médico José Ricardo Pires de Almeida apresenta o trabalho sobre “As perversões e inversões do instinto genital” e adverte a respeito de uma sexualidade descontrolada. • Desta forma médicos e juristas condenavam sexo que não fosse a serviço da procriação e qualquer comportamento sexual que não atendesse essa demanda seria considerado desviante. Breve Histórico da Ciência Sexual Na década de 30 e 40 o debate sexualidade ganhou abrangência na sociedade brasileira e até religiosos defendem a necessidade de se falar em sexo. Afrânio Peixoto (1936) publica livro: “A educação da mulher” onde informa as funções biológicas do corpo e assim informar o que é certo e errado. Jaime Brasil no seu livro “A questão sexual” afirma que o conhecimento sexual é o antídoto contra uma sexualidade desordenada. Breve Histórico da Ciência Sexual • José Albuquerque escreveu vários livros, a saber: • Educação Sexual (1934). • Para nossos filhos varões quando atingirem a puberdade (1935). • O catecismo da educação sexual (1940). • Fundou o Círculo Brasileiro de Educação Sexual (1933) e organizou a I Semana de Educação Sexual.
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