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Resumo - Neuropsicologia

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Universidade Federal do Amazonas 
Tharcio Vito Marialva Ferreira 
Neuropsicologia – Prof. Walter Adriano Ubiali 
 
Resumo da Aula “Neuroquímica do Amor e Inteligência Emocional 
Neuropsicologia 2020 mulher auditiva, homem visual” 
 
O amor é um sentimento e um fenômeno envolto de mistérios para os seres 
humanos. O amor é responsável pelo nosso afeto, nossos relacionamentos, 
reprodução da espécie, pelo cuidado com o outro e até faz parte da organização de 
nossa sociedade. Temos lendas, histórias, músicas, filmes, séries e até datas 
comemorativas para o amor, e até a ciência se dedica a estuda-lo. 
A antropóloga Helen Fischer, que estudou a neuroquímica do amor em sua 
pesquisa, encontrou semelhanças na atividade cerebral de pessoas que acabaram de 
se apaixonar e pessoas casadas à uma média de 21 anos que se declaravam 
apaixonadas. Em ambos os grupos, a região responsável pela produção de dopamina 
chamada área ventral tegmental estava muito ativa. 
A dopamina é um neurotransmissor responsável pelo foco e nos deixa mais 
otimistas e serve como estimulante natural que dá foco ao indivíduo, o deixa mais 
otimista, dá motivação, prazer e desejo e que pode também trazer ansiedade e 
mudanças de humor no conforme aumentam ou diminuem os seus níveis. Esse 
neurotransmissor faz que o amor seja comparado a um vício, uma obsessão. A 
diferença entre pessoas que acabaram de se apaixonar e pessoas amando a 21 anos 
é que este segundo grupo possui outra área com grande atividade cerebral, o pálido 
ventral, e que trás o sentimento de apego. Ou seja, pessoas que acabaram de se 
apaixonar são muito ansiosas, seja pelo desejo de correspondência ou inseguranças, 
enquanto pessoas que amam a mais tempo são mais tranquilas, mais calmas e 
apegadas a quem amam. 
Helen Fischer também notou em suas pesquisas as diferenças entre homens 
recém apaixonados e mulheres recém apaixonadas. Os homens possuem uma 
atividade maior relacionada a estímulos visuais enquanto as mulheres possuem 
atividade maior relacionada a exercício da memória. A explicação que a pesquisadora 
traz é de que evolutivamente o homem precisava ver a mulher para saber se ela tinha 
boas características reprodutivas e até hoje a visão acompanha o amor nos homens, 
enquanto as mulheres usam a memória pra analisar os homens como bons parceiros 
ou bons pais. 
Os antidepressivos consumidos de forma irresponsável podem trazer sequelas 
severas para o equilíbrio dos neurotransmissores, principalmente da dopamina, que é 
o neurotransmissor associado diretamente com o amor. Esse tipo de substância tem 
como objetivo elevar o nível de serotonina, o que acontece de forma inversamente 
proporcional a dopamina, ou seja, antidepressivos inibem a dopamina para aumentar 
a serotonina. Isso interfere diretamente na capacidade de se apaixonar, se manter 
amando e até impulsos sexuais. 
Da mesma forma, o amor (ou a dopamina) trazem consigo a infelicidade 
acompanhada de criatividade. É notável que grandes artistas que produziram 
maravilhosas obras e compuseram maravilhosa músicas sofriam com a tristeza ou a 
depressão, ou até com o amor. Exemplos de grandes artistas assim podemos citar 
Amy Winehouse, Freddie Mercury e até Vicent van Gogh. O excesso de dopamina 
causa crises maníaco-depressivas, surtos psicóticos e alucinações, tanto que o amor 
pode ser comparado ao vício em drogas como a cocaína. Helen Fischer diz que 
quando o amor é correspondido e saudável é um vicio bom, o problema é quando há 
decepção, desprezo ou desilusão, transformando o amor em um vício péssimo e difícil 
de lidar. 
Como um vício, o amor também é uma obsessão. A forma como cada um lida 
com isso pode ser determinante para se apaixonar e permanecer amando e 
principalmente para ser correspondido. O ser humano muitas vezes confunde o “amar” 
com o “possuir”, principalmente por conta da cultura extremamente machista, cristã e 
monogâmica que possuímos. Muitos crimes são motivados por sentimentos mal 
resolvidos, assassinatos, brigas, tentativas de homicídio, abusos, etc. 
Helen Fischer definiu 4 tipos biológico: Construtores (Serotoninérgicos), 
Exploradores (Dopaminérgicos), Diretores (Testosterona) e Negociadores 
(Estrogênio). 
Os Exploradores tem tendências a serem mais curiosos, buscarem novidades, 
serem criativos, ousados, espontâneos, impulsivos, muito generosos, pessoas de 
mente aberta e liberais. Os construtores, que apresentam mais serotonina, são mais 
tradicionais, convencionais, pessoas precavidas, calmas, responsáveis, sociáveis, 
populares e leais. Os que apresentam mais testosterona, independente de sexo, 
esses são analíticos, lógicos, diretos, decisivos, determinados, emocionalmente 
contidos, categóricos, ambiciosos, viciados em trabalho, possuem facilidades com 
ciências exatas. Por último, o quarto tipo é dos Negociadores, que apresentam maior 
atividade de estrogênio, independente do sexo, que são indivíduos que tendem a ser 
mais abrangentes, contextuais, pensam holisticamente, imaginativos, possuem 
habilidades sociais, sabem se comunicar e se expressar verbalmente, expressivos 
sentimentalmente, idealistas e altruístas. 
Os exploradores tem mais tendência a se relacionar com pessoas do mesmo 
tipo pois precisam de alguém que lide com as coisas com a mesma empolgação ou 
que sejam tão impulsivos quanto para que se sintam bem, precisam de parceiros que 
acompanhem nas aventuras, enquanto que os construtores precisam de parceiros que 
também sejam construtores, que pensem igual, de forma tradicional, voltados a 
família, que sejam conscientes e leais. Isso não acontece nos tipos diretores e 
negociadores, que na verdade se completam e tem tendências de se relacionarem 
entre si, por exemplo o negociador pensa em diversas possibilidades e caminhos e o 
diretor é assertivo e prático para decidir, ser direto e determinado, por outro lado, o 
diretor não sabe lidar muito bem com as pessoas, algo que o negociador domina. 
Portanto, o amor é um sentimento, um fenômeno, uma emoção, e ao mesmo 
tempo é uma reação química, que acontece no cérebro por questões evolutivas de 
sobrevivência e reprodução. Lidar com o outro e conosco, em nossos próprios 
sentimos, é essencial para vivermos o amor em sua forma mais plena. 
 
 
 
Manaus, AM 
2020

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