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ANÁLISE (artigos sobre o ensino de história)

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TACLA, Adriene Baron. Pesquisa e ensino de história antiga: para quê? Mare Nostrum, 
vol. 16, n.28, 2019, p. 146-161. 
LEITE, Priscilla Gontijo. Ensino de história, reformas do ensino e percepções da 
antiguidade: apontamentos a partir da atual conjuntura brasileira. Mare Nostrum, São 
Paulo, v. 8, n. 8, p. 13-29, 2017. 
 
 O estudo da antiguidade no currículo escolar brasileiro encontra-se entre as primeiras 
disciplinas de história dos alunos da educação básica, geralmente situado entre o 5° e 6° ano, 
sendo menos retomado nos primeiros anos do ensino médio. Essa disciplina em muito é 
sujeita à estrutura de narrativa linear do passado, normalmente vinculada a uma pretensão 
de ensinar os alunos sobre as primeiras “grandes civilizações”, a época de formação de 
“grandes impérios”, marcando o rompimento entre a história e a pré-história. No entanto, 
esta se encontra, em relação a, por exemplo, o estudo da história do Brasil, em uma situação 
menos privilegiada, decerto por uma visão nacionalista acerca do ensino de história, como 
também por preconceitos comuns sobre o estudo de povos geograficamente tão distantes. 
Mas por que não estudar a antiguidade? 
Para Tacla (2019) a visão de que o antigo é irrelevante parte de uma “concepção dos 
estudos da antiguidade como ‘futilidade’ de ensino elitista, que apenas serve para demonstrar 
erudição”. No entanto o que a torna elitista são as políticas públicas que procuram restringir 
o acesso ao estudo da antiguidade, que no mais renega a obrigatoriedade do ensino de história 
antiga aos alunos de escola pública, deixando-o apenas para a rede privada, o que, ai sim, se 
trataria de um elitismo socioeconômico do ensino de história antiga. Leite (2017) questiona 
a noção de erudição sobre o conteúdo da história antiga, comentando sobre alguns discursos 
de políticos no processo de impeachment de Dilma Rousseff que se apropriaram de aspectos 
da antiguidade, muitas vezes de forma equivocada, mas que para a autora demonstram a 
necessidade de se mostrarem eruditos ao evocarem esse passado, visto que por muito tempo 
o acesso a esse conhecimento era restrito a membros da elite. 
Ora, a própria permanência de elementos da antiguidade no linguajar político de 
nossa época evidentemente demonstra uma utilidade do aprendizado sobre tal época, 
palavras como “democracia, “ostracismo”, “barbárie”, e menções a figuras desse passado, 
frequentemente ecoam nos discursos inflamados dos políticos, ilustrando os noticiários. É 
mister a compreensão do significado de tais palavras, da apropriação de tais personalidades 
e acontecimentos da antiguidade para a compreensão dos usos (e até mesmo dos equívocos) 
destes. Para além da percepção de “fantasmas” do passado, o que de certa forma pressupõe 
tal conhecimento é a questão da alteridade, da diferença, da transformação no tempo. O 
sentido das palavras muda quando situadas em temporalidades distintas, determinados 
acontecimentos em determinada época e lugar são apreendidos de formas distintas em 
tempos e lugares diferentes, de tal forma que essa percepção estimula o desenvolver do 
pensamento histórico. Ao estudar culturas tão diferentes e se deslocar da sua realidade para 
entender o outro, o aluno mediante o ensino de história antiga tem a oportunidade de dentro 
de sala de aula se conectar com o diferente, o outro. Pode ser também percebido, por parte 
do professor, um conteúdo mais “interessante” para o aluno. Este se relaciona com as 
diversas maneiras que o presente se apropria desse passado através de filmes, séries e jogos 
eletrônicos, materiais que podem auxiliar o professor ao chamar a atenção dos alunos e 
instiga-los ao estudo da antiguidade, permitindo que os alunos se desprendam dos limites 
impostas pela necessidade de conhecer a história nacional, podendo ir mais além e conhecer 
um mundo muito mais diverso e abrangente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MORALES, Fábio A. Por uma didática da história antiga no ensino superior. Mare 
Nostrum, São Paulo, v. 8, n. 8, p. 79-114, 2017. 
 
GONÇALVEZ, A. T. M.; SILVA, Gilvan V. da. O ensino de história antiga nos livros 
didáticos brasileiros: balanços e perspectivas. In: CHEVITARESE, André L.; CORNELLI, 
Gabrielle; SILVA, Maria Aparecida de O. (org.). A tradição clássica e o Brasil. Brasília: 
Archai-UnB/Fortium Editora, 2008. p. 21-34. 
 
QUE RELAÇÃO PODEMOS ESTABELECER ENTRE O LIVRO DIDÁTICO E O 
ENSINO DE HISTÓRIA ANTIGA NAS UNIVERSIDADES? 
 
 Uma relação, de certa forma direta e evidente, existe entre o ensino de história antiga 
na universidade e os livros didáticos: os profissionais que se formam nas universidades tanto 
produzem conhecimento histórico, quanto ensinam história na educação básica, eles tanto 
podem influenciar a produção do material didático como farão uso deste em sala de aula. 
Há, a princípio, uma relação de dependência entre ambos os lados: por um lado, o aluno que 
ingressa no ensino superior recebeu, em grande parte, aprendizado sobre história (e 
possivelmente desenvolveu o gosto pela disciplina) através da educação básica, tendo seus 
professores ministrado as aulas com relações específicas entre estas e o livro didático; por 
outro lado, o ensino de história antiga nas universidades implica o interesse, ou o 
desinteresse, dos ingressantes na especialização destes nesse campo do saber histórico, assim 
como suas práticas docentes e sua relação com os conteúdos da história antiga impressos no 
material didático usado. 
 Alguns aspectos dessa relação podem ser observados na variedade de conteúdos 
apresentados nos livros didáticos. Quando por muito tempo a história como disciplina 
acadêmica esteve vinculada a consolidação dos Estados Nacionais, a produção de materiais 
didáticos e o ensino dessa disciplina na educação básica de certa forma estendeu essa 
concepção, apresentando o passado da humanidade como uma trajetória de unificação das 
ações humanas, encaminhando-se para a homogeneização das culturas e a identificação dos 
sujeitos como pertencentes a uma realidade sem contradições. Atualmente a história 
ensinada se compromete muito mais a ruptura de tais concepções monolíticas da sociedade, 
embora o livro didático ainda carregue inúmeros resquícios dessas ideias (GONÇALVEZ; 
SILVA, 2008). 
 As mudanças ocorridas nos livros didáticos são resultantes das novas abordagens 
sobe a própria disciplina no ensino superior, e os novos sentidos atribuídos ao ensino de 
história. Atualmente a construção de cidadania, sempre presente nas propostas visadas ao 
ensino básico, se relaciona com a consolidação da democracia, os direitos humanos e a 
questões referentes a construção de identidade dos sujeitos. O caráter efêmero e dinâmico 
da própria disciplina histórica se estende ao caráter idêntico do livro didático, que conhece 
atualizações mediante o avanço da disciplina. 
 O caso da história antiga e sua relação coma dinâmica dos livros didáticos é evidente 
no momento em que esta disciplina, nos meios acadêmicos, passou por intensas mudanças 
de paradigmas recentes. A crítica ao conteúdo de história antiga nos livros didáticos 
encontra-se na ordem do dia, influenciando as novas edições e as políticas públicas que ditam 
os rumos do ensino da disciplina no ensino básico, o crescente número de especialistas na 
área, os canais de divulgação especializados e os grupos de pesquisa são pontos de influência 
nessa mudança de abordagens encontradas no livro didático, uma evidencia clara da relação 
entre o ensino superior e a produção do material. O livro didático, portanto, encontra-se 
sujeito às mudanças ocorridas no ensino da disciplina nas universidades.