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PRÁTICAS DOCENTES NO AMBIENTE HOSPITALAR

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AULA 4 
P
Profª Eluane Mirian Santos Sanchez 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Nesta aula veremos algumas sugestões de práticas pedagógicas já 
elaboradas em classe hospitalar com as áreas do conhecimento língua 
portuguesa, matemática, ciências, história e geografia. Veremos também como a 
interdisciplinaridade pode ser útil para conectar uma área a outra. E, por fim, o 
que e como avaliar as práticas de CH e APD. 
Seguindo a fundamentação teórica já apresentada nas aulas anteriores, o 
professor deve observar a sua realidade de trabalho, planejar de modo 
colaborativo com a escola de origem do aluno e desenvolver práticas pedagógicas 
de acordo com os referenciais oficiais, como: “propor [...] práticas alternativas 
necessárias ao processo ensino-aprendizagem dos alunos” (Brasil, 2002, p. 22). 
Agindo dessa forma, o professor da CH e ADP terá um bom alicerce para, 
no momento do planejamento e da execução das práticas, envolver-se de forma 
criativa na elaboração de suas práticas e interagir com a dinâmica dos processos 
de saúde e o trabalho pedagógico. 
Você verá que uma prática leva a outra, que puxa a outra. Desse modo, 
cada professor vai elaborar, reelaborar e compartilhar suas atividades em 
ambiente hospitalar. 
Esteja preparado para estimular seus alunos a agirem. Juntos, vocês são 
os protagonistas da educação de qualidade! 
TEMA 1 – PRÁTICA EDUCATIVA: LEITURA E ESCRITA 
Você já estudou a respeito do processo de aquisição da linguagem escrita 
e o conceito de letramento. Recordando, temos que: “Letramento é, pois, a ação 
de ensinar ou aprender a ler e a escrever: o estado ou a condição que adquire um 
grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita” 
(Soares, 2009, p. 19). Aliada a esse conceito, o documento Pacto Nacional 
Alfabetização na Idade Certa (2015), impulsiona a prática pedagógica a priorizar 
o ensino da linguagem escrita tanto com alunos novos quanto com aqueles em 
outras etapas do ensino fundamental e médio. 
As práticas pedagógicas voltadas para o letramento podem ser ofertadas 
em todas as situações, ou seja, conforme o tempo do internamento (curto, longo 
ou recorrente) os alunos, podem ser convidados pelos professores do hospital a 
exercitarem a leitura e a escrita em seus diversos níveis. Para isso, depende a 
 
 
3 
criatividade do professor em criar estratégias significativas para os contextos. De 
acordo com a BNCC (2018), os eixos para o trabalho com língua portuguesa no 
ensino fundamental são os apresentados na Figura 1. 
Figura 1 – Eixos para o trabalho com língua portuguesa no ensino fundamental 
 
Fonte: BNCC (2018). 
No trabalho com a CH, o professor está apto a realizar práticas educativas 
que contemplem os conteúdos solicitados pela escola de origem do aluno, bem 
como os eixos da BNCC. Seguindo esse caminho, o trabalho pedagógico estará 
alinhado com o processo de equidade para aluno em tratamento de saúde. 
1.1 Prática de leitura: função social da linguagem escrita 
Uma das estratégias realizadas dentro dessa prática é o trabalho com 
literatura. 
Contudo, ter no ambiente hospitalar um acervo de livros é um desafio, pois, 
como sabemos, nesse espaço, o controle de infecção limita o uso de alguns 
materiais em certo estado de uso. 
Por conta disso, algumas medidas devem ser tomadas. Antes de começar 
a atividade, o professor deve pedir para o aluno higienizar as mãos com álcool 
70% (com glicerina). Após o uso, os livros devem ser limpos com álcool 70% 
comum. Outra medida é a reposição do acervo, trocando os livros que estão 
deteriorados. 
A prática de leitura, seja literatura ou conhecimentos gerais, é uma 
estratégia muito potente para adentrar no universo da sistematização dos 
conteúdos. 
 
 
4 
[...] a centralidade do texto como unidade de trabalho e as perspectivas 
enunciativo-discursivas na abordagem, de forma a sempre relacionar os 
textos a seus contextos de produção e o desenvolvimento de habilidades 
ao uso significativo da linguagem em atividades de leitura, escuta e 
produção de textos [...]. (BNCC, 2018, p. 67) 
O convite à leitura pode ser realizado de dois modos: de modo exploratório, 
ou seja, o professor faz uma pré-seleção dos livros e apresenta ao aluno como 
possibilidade de leitura. A escolha final é do aluno. 
Nessa proposta, haverá a leitura de acordo com o interesse do aluno. É 
comum haver uma “certa ansiedade” do aluno com frases do tipo: “há, mas tem 
muita coisa para ler”, ou eu “ainda não sei ler bem”, ou “acho melhor trocar por 
um livro mais fácil”. Nesse momento, é importante o professor auxiliar o aluno a 
conferir em suas escolhas e dar opções a esse aluno, tais como: 
1. Não é preciso ler tudo, leia até o seu interesse acabar. 
2. As imagens também são lidas. 
3. Diga o que você pensa sobre o que leu. 
Figura 2 – Prática com leitura em ambiente hospitalar 
 
Crédito: Eluane Sanchez. 
Os alunos gostam da possibilidade de escolher suas leituras e passam a 
falar sobre os temas que gostariam de ler. “Percebe-se também que a liberdade 
que a criança e o adolescente têm para ler os textos de sua escolha e para ler o 
quanto quiserem é um fator facilitador para o processo” (Carreira, 2016, p. 82). 
Sejam livros de conhecimentos gerais ou literatura, são uma boa oportunidade 
para a ampliação do repertório cultural do aluno e dos familiares. A oferta de leitura 
pode ser ampliada para os acompanhantes que também estão ali com o tempo 
de espera a ser qualificado com atividades educativas. 
 
 
5 
O professor pode fazer uma leitura compartilhada caso o aluno já saiba ler, 
pode ler e em seguida mostrar as figuras, ou, se possível, ler e mostrar as figuras 
concomitantemente. Essa forma de leitura valoriza a compreensão de alunos que 
precisam de um apoio visual. 
Quando o trabalho da classe hospitalar está ocorrendo em uma enfermaria, 
é possível afirmar que muitas coisas podem estar acontecendo. Sons e 
movimentos das demais pessoas, trabalhando e convivendo em um mesmo 
espaço. Contudo, a partir do posicionamento do professor em valorizar o momento 
da leitura, e perceber a melhor forma de encaminhar, o que passa a acontecer é 
que as demais pessoas passam a reconhecer o valor da atividade. É comum que 
a equipe médica tome a decisão de esperar o término da atividade, “para não 
atrapalhar o momento da leitura” – justificam os médicos, ou os familiares passam 
a deixam o ambiente mais silencioso, se envolvendo com outros afazeres ou 
pegando um livro para ler também. 
Caso a atividade esteja acontecendo em uma sala da classe hospitalar, ou 
no domicílio a questão do barulho é menos evidente; contudo, o professor também 
deve se valer das diferentes formas de encaminhamento. 
Outra possibilidade é o professor sugerir a leitura de um determinado livro. 
Para que o aluno aceite a sugestão, o professor pode explicar a sua intenção ao 
ofertar tal proposta: “Eu trouxe esse livro, porque o autor escreveu as palavras em 
uma ordem, e nós vamos ver juntos, que ordem é essa? Para isso preste atenção 
na primeira letra das palavras”. Ou ainda: “Com esse livro fala sobre animais, 
vamos ler, e em seguida, agrupar as diferenças entre eles”. Ou seja, o aluno sabe 
que o livro será um caminho para algo que vem a frente. 
Contudo, caso a leitura se estenda, há também por parte do professor a 
sensibilidade em perceber que a leitura abre possibilidades sensíveis, ou seja, 
caso o aluno queira, depois da leitura, também desenhar animais, o acordo pode 
ser refeito, e a atividade proposta, reelaborada com vista ao ensino, sem deixar o 
lúdico. “A gestação de um leitor ou leitora no sentido pleno [...] só acontece quando 
há um encantamento com o ato da leitura e com o contato com o livro” (Carreira, 
2016, p. 82). 
Dessa forma, a literatura abre um campo de trabalho em que o professor 
deve adentrar na sensibilidade das obras literárias para fazer desse momento um 
atode prazer e em seguida um ato de emancipação do sujeito que também 
aprende com os livros (Freire, 2011). 
 
 
6 
1.2 Escrita: a partir das unidades menores do texto 
Na CH e no APD, o convite à escrita é dinâmico, com inúmeras 
possibilidades que são elaboradas e reelaboradas continuamente. 
Na prática, observa-se que a partir dos 4 anos de idade as crianças em 
tratamento de saúde passam a ter interesse pelas atividades pedagógicas. 
Sabendo que o aluno internado pode estar em um tratamento contínuo, ou seja, 
com internamentos recorrentes, é importante que o contato com a pedagogia 
hospitalar lhe ofereça exercícios de escrita, pois, desse modo, naquele dia, aquele 
aluno terá alguma prática educativa sistemática com esse aprendizado. 
Impossível imaginar como é a rotina de cada um, mas é importante que o 
professor da classe hospitalar esteja pronto a construir conhecimento com os 
alunos sempre que tiver a oportunidade. 
Desse modo, a partir dos 4 anos: de modo lúdico, propor brincadeiras com 
o alfabeto; apresentar cantigas; jogo quebra-cabeça; jogo da memória com esse 
tema; apresentar a escrita do nome da criança; fazer um crachá para ela, propor 
o desenho do retrato e a escrita do nome; com massinha, fazer as letras do 
alfabeto. 
Com alunos um pouco mais experientes, propor atividades que estimulem 
a consciência dos sons das letras. A criança em fase de alfabetização, ao se 
ausentar da escola, necessita de apoio para que seu processo de aprendizagem 
seja minimamente fragmentado, pois o aprendizado da leitura e escrita é intenso 
no primeiro ano. Nessa fase inúmeras atividades podem ser motivadoras para o 
aluno. 
Figura 3 – Trabalho com unidade menor da escrita 
 
Crédito: Eluane Sanchez. 
 
 
7 
Com alunos que estão alfabetizados, é o momento de o professor trabalhar 
com os diversos gêneros textuais. Nessa etapa, o professor da CH e APD podem 
se valer de sua criatividade e observação para encaminhar ao seu aluno 
atividades como: escrita de carta, carta aberta, entrevista com profissionais, relato 
de experiência, livro da vida, livro de receitas, escrita de peça de teatro. 
1.3 Leitura e escrita: diferentes métodos para auxiliar o aluno 
O professor da CH e do APD deve ser um pesquisador dos métodos de 
alfabetização, com vistas a não ter preferência por um ou outro, e sim observar 
como a escola de origem do aluno está encaminhado essa questão, para então 
seguir essa linha de atuação. Outra possibilidade é auxiliar o aluno, usando um 
método contrário ao da escola, complementando a aprendizagem, se for o caso. 
Vale ressaltar que o professor da CH e APD trabalhará sempre em colaboração 
com a escola com vistas a contribuir na aprendizagem daquele aluno. 
TEMA 2 – PRÁTICA EDUCATIVA COM MATEMÁTICA 
Desenvolver práticas educativas com Matemática com alunos em 
tratamento de saúde é um desafio a ser realizado partindo da contextualização 
dos conteúdos, pois, como já é sabido, o aluno em tratamento de saúde, precisa 
inicialmente de uma abordagem sensível. Na perspectiva da pedagogia histórico 
crítica (Saviani, 2008) contextualizar a matemática com a realidade do aluno, é 
uma forma de sensibilizá-lo para a importância dessa área do conhecimento. 
Figura 4 – Prática com Matemática 
 
Crédito: Eluane Sanchez. 
 
 
8 
Como já dissemos na aula 3, o trabalho com jogos é muito bem-vindo para 
a compreensão de vários conceitos. Desse modo, para além dos jogos, uma 
prática desafiadora para alunos em tratamento de saúde, consiste em propor 
atividades que trabalhem com a realidade de modo significativo: “Colocar o aluno 
diante de uma situação desafiadora em que precise aplicar um conhecimento 
anterior e elaborar um novo para encontrar respostas ao desafio, aumenta a 
probabilidade de compreensão” (Portela em Mattos; Torres, 2010, p. 245). 
De acordo com a BNCC, são base para a criação de práticas em 
Matemática as unidades temáticas apresentadas na Figura 5. 
Figura 5 – Unidades temáticas para a criação de práticas em Matemática 
 
Fonte: adaptado de BNCC (2018). 
O conteúdo de Matemática é extenso e à medida que as escolas solicitam 
o trabalho com esses conteúdos, o professor da CH e APD também vai 
elaborando suas estratégias de ensino aprendizagem com os alunos em 
tratamento de saúde, buscando explicar o mundo que os cerca por meio da 
Matemática. 
TEMA 3 – PRÁTICA EDUCATIVA COM CIÊNCIAS, HISTÓRIA E GEOGRAFIA 
De acordo com a BNCC (2018), as unidades temáticas das Ciências da 
Natureza são as apresentadas na Figura 6. 
 
 
 
9 
Figura 6 – Unidades temáticas das Ciências da Natureza 
 
Fonte: adaptado de BNCC (2018). 
Na CH e APD esses temas podem ser desenvolvidos de acordo com a 
demanda das escolas de origem do aluno e sempre que o professor encontrar 
oportunidade para tal. Como práticas pedagógicas já realizadas com alunos nesse 
contexto, é possível citar: apreciação da natureza, plantio em vasos, apreciação 
de filmes (longa e curta metragem, ou animação) sobre temas relacionados à 
natureza. Diálogo e roda de conversa sobre as temáticas. Apreciação de músicas 
sobre o planeta terra. Criação de cartazes. Pesquisa e divulgação de assuntos 
relacionados ao corpo humano. 
Enfim, são inúmeras as possibilidades quando nos atemos à diretriz 
curricular e à observação atenta sobre qual tema incluir. Muitas vezes, um relato 
de experiência é muito útil para a criação de uma prática em ciências. Por 
exemplo, um menino, certa vez, contou que um gambá estava em sua casa. 
Observando o contexto da história trabalhou-se: devastação do hábitat de animais 
selvagens pela ação do homem e riscos ao meio ambiente. Com recursos como 
livros, ou sites na internet, ou aplicativos é possível elaborar uma boa prática em 
que professor e alunos investigam o tema e registram por meio de desenho e 
escrita. 
É possível o professor desenvolver com seus alunos práticas como: leitura 
de livros ou montagem de bonecos esquemáticos sobre o corpo, desenvolvimento 
do tema. Por exemplo: “como eu sou por dentro?” ou “a viagem do alimento”. 
Entrevista com profissionais da saúde. 
É comum os alunos quererem saber mais sobre seu corpo. Porém, caso a 
questão a saber seja relacionada à doença, é importante que o professor busque 
auxílio da equipe médica. 
 Na aula 5 falaremos sobre a abordagem da Educação em Saúde, em que 
veremos como o professor pode auxiliar de modo interprofissional nessa questão. 
Fique atento! 
 
 
10 
Por fim, seguindo a diretriz e os temas emergentes da área de Ciências, 
além de criatividade e observação, o professor pode elaborar boas práticas com 
seus alunos. As práticas exitosas podem ser replicadas e constantemente 
elaboradas. 
Em História e Geografia, o professor estará também constantemente 
elaborando e reelaborando suas práticas com vistas a atenta observação sobre 
os documentos oficiais e a realidade do aluno. 
Figura 7 – Unidades temáticas de Geografia 
 
Fonte: adaptado de BNCC (2018). 
O professor deve estimular o aluno a compreender o mundo que o cerca 
de modo crítico. As práticas com Geografia oferecem possibilidades dentro do 
ambiente hospitalar de: uso da internet para pesquisa dos diversos temas, 
reconhecimento do espaço geográfico por meio de mídias digitais como o Google 
Earth; leitura e criação de plantas baixa e mapas. Em pequenos grupos é possível 
trabalhar com gincanas em que os participantes devem falar sobre as diferentes 
culturas dos lugares do mundo. O ambiente hospitalar oferece um repertório rico 
em oralidade, em que o professor pode conduzir uma atividade com a diversidade 
geográfica e cultural dos participantes. 
 Muito oportuno o professor incentivar que o aluno escreva sobre o lugar 
onde mora, comparando diferentes paisagens. A leitura do espaço geográfico 
pode ser trabalhada por meio de fotografias da própria instituição de saúde, em 
que o aluno vai comparar a foto atual e a antiga,compreendendo que o espaço 
natural é modificado nas sociedades. Nesse sentido, o professor pode encontrar 
diversos recursos que oferecem um apelo sensível e estimular ao aluno a 
sistematizar o conteúdo. 
Em História a BNCC (2018) apresenta palavras-chave que dão suporte 
para a elaboração de questões, conforme podemos ver na Figura 8. 
espaço
território
lugar
região
natureza
paisagem
 
 
11 
Figura 8 – Unidades temáticas de História 
 
Fonte: adaptado de BNCC (2018). 
Trata-se de uma perspectiva problematizadora sob a qual o professor pode 
se utilizar a fim de criar situações-problema a partir da observação de um objeto. 
Por exemplo, o objeto da Figura 9. 
Figura 9 – Caravela 
 
Crédito: Michael Rosskothen/Shutterstock. 
As perguntas devem nortear a atividade de modo que o professor estimule 
os alunos a saberem: 
 O que você vê? 
 Se parece com os barcos atuais? 
 Em que época as caravelas eram utilizadas? 
 Quem navegava? Por quê? Para onde? 
 Qual fato histórico marca o uso desse meio desse meio de transporte? 
 
 
12 
Com essa abordagem, o professor da CH e APD tem um recurso para 
trabalhar com leitura e escrita, registro de pesquisa na internet, elaboração de 
linha do tempo, criação de maquetes, leitura de mapas, plantas baixa, leitura e 
escrita etc. 
A seguir, veremos que as práticas educativas da CH e APD podem ser 
trabalhadas de modo interdisciplinar. 
TEMA 4 – PRÁTICA EDUCATIVA E A INTERDISCIPLINARIDADE 
Inúmeras são as possibilidades de práticas em ambiente hospitalar e 
domiciliar. Por se tratar de um atendimento mais personalizado, as ações do 
professor: 
[...] devem estar estruturadas e (res)significadas e adaptadas em 
sintonia com as escolas de origem dos seus alunos/pacientes, exigindo 
do professor autonomia, criatividade, ações/práticas reflexivas, 
comprometimento, aceitação para o novo e disponibilidade para o 
trabalho em equipe, além de uma formação sólida e contínua. (Ferreira; 
Caldas; Pacheco, 2016, p. 33) 
De acordo com a BNCC (2018) é trabalho pedagógico: 
[...] decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos 
componentes curriculares e fortalecer a competência pedagógica das 
equipes escolares para adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e 
colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem. 
(BNCC, 2018, p. 16) 
Trazendo essas afirmativas para a CH e APD, conforme estudamos 
anteriormente, o professor deve valer-se de criatividade e resiliência para elaborar 
suas práticas de ensino aprendizagem em ambiente hospitalar, ou seja, serão 
bem-vindas práticas com um apelo sensível, que sejam trabalhadas de modo 
contextualizado, ou lúdico, ou ainda expressivo, Em geral, o momento da 
aprendizagem deve ser um horário prazeroso para o aluno. 
Assim o professor que atua nesse espaço deve proporcionar aos seus 
alunos diversas situações e atividades que gerem a elevação da 
autoestima, o desenvolvimento de processos de comunicação, tanto de 
forma oral quanto escrita, o pensamento lógico e racional para solucionar 
problemas e tomadas de decisões, bem como a aprendizagem sobre o 
exercício da cidadania, construindo valores de formação humana. (Vieira 
em Ferreira; Caldas; Pacheco, 2016, p. 30) 
Desse modo, é oportuno aproveitar para que as práticas sejam trabalhadas 
de modo interdisciplinar, visto que a questão da divisão entre as áreas do 
conhecimento é uma escolha didática. 
 
 
13 
Sob o ponto de vista da atualidade, a interdisciplinaridade oferece a 
compreensão de modo a valorizar a interação de duas ou mais disciplinas. O 
resultado dessa interação entre as áreas do conhecimento torna-se significativo 
para a compreensão da realidade. Na pedagogia hospitalar, as palavras: 
aproximação, complementação e contribuição estão presentes na concepção de 
trabalho interdisciplinar (Matos; Mugiatti, 2006). Na interdisciplinaridade o 
professor trabalha com o objetivo de dialogar e integrar os saberes, que são 
interligados em uma relação de copropriedade entre as disciplinas (Mutti, 2016). 
O professor pode elaborar uma atividade de sistematização para concluir a 
prática pedagógica ofertando exercícios de fixação do conteúdo estudado, essa 
atividade será mais um instrumento avaliativo para o processo. 
Figura 10 – Atividade de sistematização 
 
Crédito: Eluane Sanchez. 
Ao oferecer uma sistematização, planeje uma proposta com tempo de 
duração o suficiente para que o aluno não se canse. Evite repetições 
desnecessárias e fuja do automatismo, pois, como já vimos, o aluno em 
tratamento de saúde tem o direito à educação de modo adaptado e potencializado 
ao seu tempo para aprendizagem. 
TEMA 5 – AVALIAÇÃO 
Para finalizar esta aula, falaremos avaliação do processo de ensino-
aprendizagem dos alunos em CH e APD. 
O professor avalia o aluno de modo contínuo, processual e coletivo: “avaliar 
significa reconhecer as condições objetivas em que se dá a vida dos sujeitos 
 
 
14 
envolvidos no processo de construção do conhecimento e apontar caminhos para 
sua superação” (Arosa, 2007, p. 88). Partindo das demandas da escola de origem, 
da observação do contexto do aluno e seu tratamento, e da observação o e escuta 
atenta da identidade familiar, o professor avalia e retroalimenta o processo de 
aprendizagem. O professor também realiza a autoavaliação. Mediante o processo, 
revê suas estratégias, seus materiais e métodos. 
O sistema de tutoria é uma forma de acompanhamento em que o professor 
desenvolve com o aluno, família e escola de origem um vínculo de interação mais 
pontual. Estando criança e adolescente internados, conforme o internamento vai 
se alongando, o professor passa a considerar aquele atendimento como uma 
tutoria, ou seja, nessa forma de acompanhamento, o professor busca aprofundar 
o entendimento sobre a relação aluno, doença, aprendizagem, família, escola e 
sociedade. Em caso de tutoria, o contato com a escola será indispensável, bem 
como o registro das ações em uma ficha de atendimento, e, por conseguinte, a 
avaliação em forma de parecer descritivo. Ou seja, para além de um processo de 
construção da prática pedagógica, sob o qual o professor se autoavalia e avalia o 
aluno; a avaliação também será um documento que finaliza o atendimento, e que 
será entregue para a escola de origem do aluno. 
A forma com as CH e APD têm feito é um texto no modelo parecer 
descritivo. Desse modo, esse documento será feito de acordo com duas situações 
apresentadas. A primeira, em ambiente hospitalar, quando o aluno tiver alta. Em 
APD, caso esteja terminando seu período de afastamento da escola. A segunda, 
em caso de tratamento prolongado, o professor tutor fará avaliações de acordo 
com a escola, bimestre ou trimestre. 
O parecer descritivo será redigido para que o pedagogo escolar integre 
esse documento na avaliação da escola do aluno. Desse modo, o professor da 
CH e APD deve redigir um texto que auxilie o profissional da escola a 
compreender esse aluno e as adaptações e potencializações que foram utilizadas 
no contexto do tratamento. Desse modo, avaliar o aluno da CH e do APD é um 
processo que contempla as dimensões apresentadas na Figura 11. 
 
 
 
15 
Figura 11 – Dimensões de avaliação do aluno da CH e do APD 
 
Fonte: elaborado pela autora. 
É importante que na redação do parecer, seja considerada: 
A experiência de adoecimento e hospitalização implica mudar rotinas; 
separar-se de familiares, amigos e objetos significativos; sujeitar-se a 
procedimentos invasivos e dolorosos e, ainda, sofrer com a solidão e o 
medo da morte – uma realidade constante nos hospitais. (Brasil, 2002, 
p. 10) 
A avaliação redigida pelo professor hospitalar será lida pelo professor 
escolar. O que ocorre nessa interação entre profissionais da educação é que os 
profissionais da escola não são aculturados com os processos de tratamento da 
saúde. Sendo assim, o que não pode ocorrer é a escola acharque o rendimento 
do aluno adoecido, caso tenha tido o atendimento da pedagogia hospitalar, tenha 
sido insatisfatório. Ou seja, a avaliação deve conter: o que foi observado, ou 
solicitado pela escola, o que foi possível ser realizado, e o que foi avaliado. Casos 
em que o aluno não pode ser atendido por questões do tratamento, ou apenas 
recusou o atendimento devem ser consideradas com normalidade, pois o Estatuto 
da Criança e Adolescente – ECA (1990), prevê o direito à saúde, com vistas ao 
indivíduo se ausentar das atividades educativas caso seja necessário. 
 Desse modo, o que ocorre, é que o aluno e a família passam a 
compreender e, por conseguinte, aderir ao trabalho da CH e do APD. Contudo, 
também pode ocorrer que o professor, em conjunto com o pedagogo e a equipe 
multiprofissional de saúde, avalie que determinado aluno não possa ser atendido 
pela CH, necessitando de repouso absoluto. Em outra situação, caso o aluno 
demonstre resistência para a atividade, é importante que o professor transmita a 
ele a mensagem de que os estudos podem ser retomados sempre que ele sentir 
vontade. E ainda sobre o aspecto da vontade, o professor pode conversar 
diretamente com a família, mediando os aspectos referentes à importância da 
aprendizagem na infância e na adolescência. 
Por fim, a avaliação é um momento onde CH e APD finalizam uma etapa 
do processo de garantia de equidade do aluno em tratamento de saúde. 
 
 
16 
REFERÊNCIAS 
AROSA, A. C.; SCHILKE, A. L. A escola no hospital: espaço de experiências 
emancipadoras. Niterói: Intertexto, 2007. 
BRASIL. Ministério da Educação. Classe hospitalar e atendimento pedagógico 
domiciliar: estratégias e orientações. Secretaria de Educação Especial. Brasília: 
MEC; SEESP, 2002. 
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão 
Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Brasília: MEC, 
SEB, 2015. Disponível em: <http://pacto.mec.gov.br/materiais-
listagem/item/download/21_9945a2941359afb9a5bc726869f697c5>. Acesso em: 
20 jan. 2020. 
BRASIL Estatuto da Criança e Adolescente. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 
1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso 
em: 20 jan. 2020. 
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular – BNCC. Brasília: Ministério da 
Educação, 2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. 
Acesso em: 20 jan. 2020. 
CARREIRA, D. O direito à educação e à cultura em hospitais: caminhos e 
aprendizagens do Pequeno Príncipe. Curitiba: Associação Hospitalar de Proteção 
à Infância Dr. Raul Carneiro, 2016. 
FERREIRA, H. P. de A.; CALDAS, I. F. P.; PACHECO, M. C. P. (Org.). Classe 
hospitalar: tessitura das palavras entre o escrito e o vivido. Curitiba: Appris, 2016. 
FREIRE, P. Educação e mudança. São Paulo: Paz e Terra, 2011. 
MATOS, E. L. M.; MUGIATTI, M. M. T. de F. Pedagogia Hospitalar: a 
humanização integrando educação e saúde. Petrópolis: Vozes, 2008. 
MATTOS, E. L. M.; TORRES, P. L. (Org.). Teoria e Prática na Pedagogia 
Hospitalar: o jogo no ensino da Matemática – recurso didático para a 
aprendizagem de crianças e adolescentes hospitalizados. Curitiba: Champagnat, 
2010. 
MUTTI, M. do C. da S. Pedagogia hospitalar e formação docente: a arte de 
ensinar, amar e se encantar. Jundiaí: Paco Editorial: 2016. E-book. 
 
 
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SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 10. ed. 
Campinas, SP: Autores Associados, 2008. 
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. 3. ed. Belo Horizonte: 
Autêntica, 2009.

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