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Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. Roteiro para a prova de Percepção, Consciência e Emoção Questões 1. Como se origina o sistema nervoso em humanos? Quais os eventos celulares são responsáveis pelo desenvolvimento do sistema nervoso? O sistema nervoso central surge na 3ª semana de desenvolvimento intrauterino na forma de placa neural, a qual possui bordas laterais chamadas de pregas neurais que sofrem uma fusão, formando o tubo neural. Essa fusão começa na parte cervical e nos dois sentidos, cranial e caudal, sendo que as extremidades abertas do tubo são chamadas de neuróporos cranial e caudal, os quais possuem fechamento completo por volta do 25º ao 30º dia de vida embrionária. A parte cefálica do tubo possui as vesículas encefálicas primárias, que são o prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo, além das flexuras cervical e cefálica. Essas vesículas se diferenciam em 5 vesículas secundárias, as quais darão origem para diferentes partes do cérebro: 1. Telencéfalo: deriva do prosencéfalo e origina os hemisférios cerebrais 2. Diencéfalo: deriva do prosencéfalo e origina o tálamo, hipotálamo, hipófise, etc. 3. Mesencéfalo: origina os cólicos visual e auditivo. 4. Metencéfalo: deriva do rombencéfalo e origina cerebelo e ponte. 5. Mielencéfalo: deriva do rombencéfalo e origina o bulbo. O tubo neural é formado pelo neuroepitélio, que é composto de células neuroepiteliais, as quais dão origem aos diversos tipos de células que compõem o sistema nervoso: Neuroblastos: células com núcleo grande e arredondado, as quais se diferenciam em neuroblasto bipolar, com dois prolongamentos, e neuroblasto multipolar, com axônio e dendritos primitivos, até se desenvolver em um neurônio. Glioblastos: se diferenciam em astrócitos protoplasmáticos e astrócitos fibrilares, além de oligodendroglial. Células ependimárias: revestem o canal central da medula espinal. Outras células são a micróglia, que se desenvolve das células mesenquimais dos vasos sanguíneos, assim que o SNC se torna vascularizado. Existem ainda as células da crista neural, as quais se estendem por todo o tubo neural e migram lateralmente, formando os gânglios sensoriais dos nervos espinais e outras células, como células de Schwann, dura-máter, aracnoide, Odontoblastos, etc. Quanto a medula espinhal, ela é formada por 2 camadas: Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. 1. Camada do manto: formará a substancia cinzenta; sofre uma adição contínua de novos neuroblastos, formando as placas basais, que é o corno motor ventral da medula, e as placas alares, que é o corno sensorial dorsal. 2. Camada marginal: formará substancia branca, formada por fibras nervosas que saem dos neuroblastos do manto e sofrem mielinização. RESUMIDAMENTE: O SN se origina com a diferenciação celular, mais precisamente na neurulação, a qual acontece por volta da terceira ou quarta semana da embriogênese. Na embriogênese há uma migração celular, responsável por promover a indução do Ectoderma (folheto embrionário situado acima do notocorda) a se espessar e originar a placa neural (neuroctoderma), que por sua vez, se invagina criando o sulco neural, às pregas dentro dele se fundem e fecham, originando o tubo neural. Diante disso, parte do tecido das pregas é bloqueado, originado a crista neural. O tubo neural, no processo mais intenso de proliferação, é responsável por formar o Sistema Nervoso Central, originando cérebro, cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal, e a Crista neural vai formar o Sistema Nervoso Periférico, originando nervos, gânglios nervosos e terminações nervosas. Por fim, o Sistema Nervoso é composto por neurônios, células da glia e neurópilo, sendo responsável por detectar, analisar, transmitir e utilizar informações geradas por estímulos sensoriais, por meio de condução de impulsos nervosos elétricos e secreção de neurotransmissores químicos. 2. Como fatores biológicos e ambientais podem interferir na proliferação, diferenciação e migração celular? Os fatores biológicos e ambientais podem atuar como teratógenos, provocando anomalias congênitas, sendo que o embrião é mais sensível aos agentes no período de rápida diferenciação, principalmente até 8 semanas pós-concepção, quando estão formando tecidos e órgãos. Existem alguns mecanismos que explicam como ocorre essa interferência, sendo eles: 1. Antagonismo do folato: o folato é uma coenzima essencial para o crescimento do feto, e distúrbios no metabolismo dessa substância se associam aos defeitos no tubo neural, trato urinário, sistema cardiovascular e fendas orais. Entre os teratógenos que são antagonistas do ácido fólico temos o metotrexato e a sulfassalazina. 2. Estresse oxidativo: o desequilíbrio entre a formação de espécies reativas de O2 e os mecanismos antioxidantes de defesa das células e tecidos, gera oxidação irreversível de DNA, proteínas e lipídios, levando à inativação de enzimas e morte celular. Por exemplo a talidomida e o ácido valproico atuam dessa forma 3. Lesão de células de crista neural: a migração, proliferação e diferenciação dessas células são regulados pelo ácido retinóico, por isso a falta ou excesso de vitamina A pode gerar malformações por esse mecanismo. Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. 4. Lesão endócrina: interferências na liberação, ligação ou metabolismo dos hormônios sexuais endógenos, o que afeta mais fetos do sexo masculino. 5. Lesão vascular: alterações na circulação sanguínea da placenta, útero e feto, como a hipóxia ou obstrução do fluxo sanguíneo; causada pelos fármacos com propriedades vasoconstritoras ou vasodilatadoras 6. Alteração na interação receptor- enzima: é o caso por exemplo da enzima conversora de angiotensina e receptores de angiotensina II, causada pelo uso de inibidores de ECA durante o 2º e 3º trimestre de gestação, levando a sequelas como hipoplasia pulmonar e hipocalvaria. Entre os teratógenos principais, podemos citar o álcool, o tabaco e a talidomida. O álcool pode induzir a formação de radicais livres de oxigênio, os quais danificam proteínas celulares e lipídios, levando à apoptose. Além disso, ele causa a degeneração neural, principalmente dos neurônios dopaminérgicos, hipocampo, corpo caloso e cerebelo. O produto do seu metabolismo, o acetaldeído, inibe a sinalização para insulina, que é necessária para formação de sinapses, produção de acetilcolina, etc. Quanto ao tabaco, as duas principais substancias causadoras de danos ao feto são a nicotina e o monóxido de carbono (CO). A nicotina tem ação vasoconstritora, o que reduz a oferta de O2 para o feto e causa sofrimento fetal, além de diminuir o número de células neuronais, causando defeitos no tubo neural, como a espinha bífida. O CO também tem ação vasoconstritora, porém, em altas concentrações, ele causa agressões ao SNC do feto. A talidomida inibe a diferenciação cartilaginosa, que é a base da ossificação endocondral, além de inibir o aporte vascular dos brotos dos membros. Ademais, ela libera radicais livres e induz a apoptose de células embrionárias. 3. Quais estruturas protegem o sistema nervoso? A proteção do SNC é feita pelas meninges, que são membranas conjuntivas divididas em: A. Dura-máter: é mais superficial e resistente, formada por tecido conjuntivo (TC) rico em fibras colágenas, vasos e nervos (local de sensibilidade intracraniana >> dores de cabeça). No encéfalo, ela apresenta os folhetos interno e externo, sendo este aderido aos ossos do crânio, funcionando como um periósteo. Além disso, esse folheto externo é bastante vascularizado, principalmente pela artéria meníngea média. Na medula espinhal, existe somente o folheto interno, por isso ela apresenta o espaço epidural. Em algum locais, os folhetos se separam e formam cavidades, sendo que quando elas são revestidaspor endotélio e possuem sangue, passam a ser chamadas de seios da dura-máter. Eles drenam o sangue das veias do encéfalo e globo ocular, seguindo para as veias jugulares internas, sendo divididos em seios da abóbada e seios venosos da base do crânio. B. Aracnoide: é uma membrana delicada, sendo separada da dura-máter pelo espaço subdural e da pia- máter pelo espaço subaracnóideo, que possui o liquor. Essa meninge apresenta: Trabéculas aracnóideas: atravessam o espaço para se ligar à pia-máter Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. Granulações aracnóideas: pequenos prolongamentos do espaço subaracnóideo que penetram no interior dos seios da dura-máter, ocorrendo passagem do liquor pela parede das granulações por meio de grandes vacúolos. Cisternas subaracnóideas: dilatações do espaço subaracnóideo que possuem grande quantidade de liquor, como a cisterna magna, que se liga ao IV ventrículo. C. Pia-máter: meninge mais interna, sendo que sua parte mais profunda recebe prolongamentos dos astrócitos e forma a membrana pio-glial. Dá resistência aos órgãos nervosos e forma a parede externa dos espaços perivasculares, nos quais existem prolongamentos do espaço subaracnóideo com liquor. O liquor, um fluido aquoso e incolor, também participa da proteção mecânica do SNC, ocupando o espaço subaracnóideo e as cavidades ventriculares. Possui mecanismo amortecedor contra choques e faz com que o SNC flutue, reduzindo o risco de traumatismo cranioencefálico resultante do contato com os ossos do crânio. É secretado pelas células ependimárias dos plexos coroides presentes nos ventrículos laterais, III e IV ventrículos. 4. Quais são as características e funções dos lobos corticais? Existem 5 lobos principais: frontal, temporal, parietal, occipital e insular ou ínsula Algumas referências ainda trazem o lobo límbico, que é um anel contínuo formado pelo giro do cíngulo, giro para-hipocampal e hipocampo, localizado na face medial de cada hemisfério cerebral >> atua na memória, aprendizagem, emoções, etc. Lobo Frontal: é separado do lobo parietal pelo sulco central e do lobo temporal pelo sulco lateral ou de Sylvius, possuindo funções motoras, de expressão linguística, memória e de planejamento mental do comportamento. Apresenta o giro pré-central, que contém a área motora primária, a qual controla ações mecânicas do movimento, como a velocidade. Possui também os giros frontais superior, médio e inferior, sendo que o inferior do hemisfério esquerdo é chamado de giro de Broca, onde se localiza a Área de Broca, essencial para articulação da fala. Composto também pelo giro do cíngulo e giros orbitais, que são importantes no processamento das emoções. Lobo temporal: é separado do lobo parietal pelo sulco de Sylvius, atuando na audição, aspectos mais elaborados da visão, compreensão linguística e alguns aspectos da memória. Apresenta o giro temporal superior, onde se localiza a área auditiva primária >> esse giro no lado esquerdo é especializado na fala O seu sulco temporal superior participa da percepção e localização dos sons O giro temporal inferior atua na percepção da forma visual e das cores, já o giro temporal médio atua na percepção do movimento visual. Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. Lobo parietal: é separado do lobo occipital pelo sulco parietocciptal, agrupando funções de sensibilidade corporal (tato, dor e posição dos membros), além de reconhecimento espacial. Apresenta o giro pós-central, onde se localiza a área somatossensorial primária Possui ainda o sulco intraparietal, que divide o lobo em 2 lóbulos: 1. Lóbulo parietal superior (LPS): possui áreas de processamento das informações somatossensoriais, importantes para autoimagem do corpo e para interação com o mundo a nossa volta. 2. Lóbulo parietal inferior (LPI): integra informações para percepção da linguagem, raciocínio matemático e cognição visuoespecial. Lobo occipital: possui funções relacionadas à visão, devido à presença do córtex visual primário, que atua nos estágios iniciais do processamento visual. Apresenta uma parte do giro occipitotemporal, o qual atua no reconhecimento facial. Lobo insular: a ínsula se localiza no fundo do sulco lateral, formando seu assoalho Apresenta partes dos lobos frontal, parietal e temporal, Atua no paladar, empatia, nojo, dor e equilíbrio Sua parte posterior é composta pela área gustativa primária É um componente do sistema límbico 5. Quais são as funções de áreas específicas nos lobos corticais? Ás áreas do córtex podem ser sensitivas ou motoras, sendo cada uma delas divididas em primárias e secundárias, além das de associação terciárias. As áreas sensitivas estão nos lobos parietal, temporal e occipital, sendo elas: Área somestésica primária (S1): está no giro pós-central e recebe impulsos de temperatura, dor, pressão, tato e propriocepção consciente. Área somestésica secundária (S2): está no lobo parietal superior; sua lesão gera agnosia tátil >> incapacidade de reconhecer objetos pelo tato Área visual primária (V1): localizada no lobo occipital e mostra o contorno do objeto. Áreas visuais secundárias: as principais são V2, V3, V4 e V5, se estendendo pelos lobos occipital, temporal e parietal; processam cores; reconhecem faces; percepção de movimento, velocidade e representação espacial dos objetos. Área auditiva primária (A1): está no giro temporal transverso anterior e recebe fibras do corpo geniculado medial, que saem pela radiação auditiva. Área auditiva secundária (A2): se relaciona aos tipos especiais de informação auditiva Área vestibular: está no lobo parietal e se informam a posição e o movimento da cabeça, sendo importante para a propriocepção consciente da orientação no espaço. Área olfatória: ocupa uma parte do giro para-hipocampal, conhecida como córtex piriforme. Área gustativa primária: está na parte posterior da ínsula, sendo ativada pelo pensamento ou visão de um alimento saboroso; possui neurônios sensíveis ao paladar, olfato e à sensibilidade somestésica da boca. Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. Área gustativa secundária: está na região orbitofrontal da área pré-frontal, recebendo aferências da ínsula. As áreas primárias e secundárias relacionadas com a motricidade são representadas por: Área motora primária (M1): ocupa uma parte do giro pré-central e dá origem a grande parte das fibras dos tratos corticoespinal e corticonuclear, responsáveis pela motricidade voluntária, principalmente na musculatura distal dos membros. Área pré-motora: é um tipo de área motora secundária do lobo frontal, atuando no planejamento motor, além de envolver grupos musculares com os do tronco ou da base dos membros. Área motora suplementar: está no giro frontal superior e atua no planejamento de sequencias complexas dos movimentos, por isso possui conexões aferentes com o corpo estriado. Existem ainda as áreas de associação terciárias, que ocupam o topo da hierarquia funcional do córtex, recebendo informações sensoriais de todas as áreas secundárias. Área pré-frontal: parte anterior não motora do lobo frontal, sendo responsável pelo comportamento inteligente. Possui 2 subáreas 1. Dorsolateral: envolve planejamento, organização, solução de problemas novos e memória operacional, que é de curto prazo. 2. Orbitofrontal: envolve o processamento de emoções, manutenção da atenção e supressão de comportamentos socialmente indesejáveis. Área parietal posterior: compreende todo o lobo parietal inferior e atua integrando as informações das áreas secundárias auditiva, visual e somestésica para gerar uma imagem mental completa dos objetos >> reúne cheiro, som, tato, nome e aparência do objeto Participa também do planejamento de movimentos, atençãoseletiva e percepção espacial >> lesões dessa área causa desorientação espacial generalizada Córtex insular anterior: é a parte anterior da ínsula, e atua na empatia, conhecimento da própria fisionomia como diferente de outras pessoas, sensação de nojo e percepção dos componentes subjetivos das emoções. Áreas límbicas: áreas que fazem parte do sistema límbico, se relacionando com a memória e as emoções. Área de Broca: é a área anterior da linguagem; está no giro frontal inferior e atua na atividade motora da expressão da linguagem, ou seja, na fala. Área de Wernicke: é a área posterior da linguagem; está na junção entre os lobos parietal e temporal e se relaciona com a percepção da linguagem, ou seja, o significado da fala. Informações do córtex visual passam para essa área, por isso ela também atua na leitura e escrita, assim como a área de Broca. Lesões dessas áreas causam as afasias. 6. O tronco encefálico pode estar envolvido com a perda da consciência? O sistema reticular ativador ascendente (SARA), presente na formação reticular do tronco encefálico, é formado por axônios sensitivos que são ativados por estímulos visuais, auditivos, dor, tato e pressão, fazendo a manutenção da consciência. Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. A inativação do SARA causa o sono, que é o estado parcial de consciência, porém a disfunção ou as lesões podem causar alterações no nível de consciência, até mesmo o estado de coma. 7. Quais são os níveis ou estados de consciência? A consciência é a capacidade do indivíduo de reconhecer a si mesmo e aos estímulos do ambiente, sendo que as alterações podem ocorrer no estado de alerta/nível de consciência ou no conteúdo da consciência, que são as funções mentais. As alterações do nível de consciência variam em: 1. Sonolência/letargia: redução do nível de consciência, sendo acordado com estímulos leves (verbais/toque). 2. Obnubilação: sonolento, com lentidão na fala e turvação moderada de consciência; responde a estímulos vigorosos. 3. Estupor: sonolência profunda, sendo acordado com estímulos vigorosos/dolorosos e repetidos, como chacoalhar ou beliscar. 4. Coma: estado de inconsciência de si mesmo e do ambiente, mesmo após vários estímulos de diferentes intensidades. Quanto aos estados que levam à alteração do conteúdo da consciência, temos: a) Delirium: desorientação, sensação de medo, irritabilidade, alucinações visuais, etc. b) Estado vegetativo persistente: é a síndrome acognitiva; retorna ao estado de alerta após certo tempo de coma, porém permanece a incapacidade de reagir ou interagir com estímulos ambientais. c) Abulia: grave apatia; não fala ou se movimenta espontaneamente, embora esteja alerta e reconheça estímulos do ambiente. d) Morte encefálica: dano encefálico irreversível, causando falência cardiovascular em alguns dias. 8. Qual a relação entre o sistema reticular ativador ascendente (SARA), a atenção e o estado de vigília? O SARA é um sistema de fibras sensitivas ascendentes da formação reticular, as quais ativam o córtex cerebral. São elas: a) Fibras noradrenérgicas do locus ceruleus b) Fibras serotoninérgicas dos núcleos do rafe c) Fibras colinérgicas da formação reticular da ponte, ou seja, fibras que saem do núcleo pedúnculo- pontino Existem 2 áreas da formação reticular de onde essas fibras se originam: Formação reticular mesencefálica: é responsável pelo estado de vigília normal, pois durante o dia os neurônios do SARA estão constantemente disparando potenciais de ação (PA), o que constitui a atividade elétrica diversificada na qual se encontra o cérebro. Essas descargas de PA do SARA causam uma dessincronização elétrica típica do estado de vigília, pois a intensidade do processamento de informações pelo córtex é diversificada. Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. Formação reticular talâmica: compõe o sistema tálamo-cortical e tem as funções de repassar o sinais do mesencéfalo para o córtex, causando uma ativação generalizada, e gerar sinais de ativação de algumas áreas específicas do córtex, promovendo o processo da atenção. 9. Quais são os tipos de células do tecido nervoso e suas funções? O tecido nervoso é composto pelos neurônios e pela neuroglia, a qual difere no SNC e no SNP. Os neurônios são células bastante excitáveis e que se comunicam entre si ou com células musculares e secretoras. Atuam recebendo, processando e enviando informações na forma de impulsos nervosos. A neuroglia é formada pelos gliócitos, os quais conseguem se multiplicar por mitose. A neuroglia do SNC é formada por: a) Astrócitos: podem ser protoplasmáticos, presentes na substancia cinzenta, ou fibrosos, presentes na substancia branca, sendo que os dois possuem expansões que se apoiam em capilares sanguíneos, tendo como função a sustentação. Controlam no nível de potássio extraneuronal, pois captam K+ Ajudam na recaptação do glutamato Armazenam glicogênio Ocupam áreas lesadas do tecido nervoso Secretam fatores neurotróficos que ajudam na manutenção dos neurônios. b) Oligodendrócitos: podem ser satélites, se localizando próximo ao pericário e aos dendritos, ou fascicular, formando a bainha de mielina dos axônios. A bainha é formada pelas diversas voltas dos seus prolongamentos ao redor do axônio, sendo que apenas 1 oligodendrócito consegue mielinizar de 20 a 30 axônios. c) Micróglia: está nas substancias branca e cinzenta, possuindo função fagocítica, pois removem células mortas e microrganismos invasores. Adquirem forma ameboide e migram para locais de lesão, onde se proliferam Possuem antígenos >> resposta imune do SNC d) Células ependimárias: formam o epitélio de revestimento simples dos ventrículos cerebrais, aqueduto cerebral e do canal central da medula espinhal. Um tipo especial recobre os plexos coroides, formando o liquor. A neuroglia do SNP é formada por: a) Células satélites: envolvem os pericários, gânglios sensitivos e do SNA. b) Células de Schwann: circundam os axônios para formar a bainha de mielina e também ajudam na regeneração axônica, pois secreta fatores tróficos Cada célula forma um curto cilindro de mielina, onde dentro encontra-se o axônio, e o restante da célula fica achatado sobre a mielina, formando o neurilema (citoplasma e núcleo da célula). Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. 10. Quais são as estruturas de um neurônio? A maioria dos neurônios apresenta 3 estruturas: 1. Corpo celular: possui um núcleo com 1 ou mais nucléolos evidentes e o citoplasma, que é o pericário, apresentando diversas organelas, como ribossomos, reticulo endoplasmático, aparelho de Golgi e mitocôndrias em abundância. Alguns ribossomos ficam concentrados em pequenas áreas do citoplasma, formando os corpúsculos de Nissl, que são acumulações basófilas. É de onde partem os prolongamentos >> dendritos e axônio Atua na síntese de todas as proteínas neuronais e na degradação e renovação dos componentes da célula, inclusive das membranas. 2. Dendritos: são curtos e ramificados, formando dendritos de menor diâmetro e as espinhas dendríticas, que são expansões da membrana plasmática. Cada espinha consegue se conectar com 1 ou 2 terminais axônicos, formando sinapses axodendríticas. Recebem estímulos e os transformam em alterações no potencial de repouso da membrana, que se propagam para o corpo do neurônio e em seguida para o cone de implantação do axônio 3. Axônios: prolongamento longo e fino que se origina no corpo ou no dendrito principal, na região chamada cone de implantação. Apresenta porção terminal que estabelece a conexão com outros neurônios ou células efetuadoras. No caso dos neurônios chamados neurossecretores, essa porção terminal secreta polipeptídeos nos capilares sanguíneospróximos 11. Quais são as etapas necessárias para ocorrência de um potencial de ação? O potencial de ação inicia com uma alteração do potencial de repouso da membrana na zona de disparo, saindo de um potencial negativo (entre -60 mV a -70 mV) para um positivo, terminando com um retorno rápido ao negativo. Esse potencial possui as seguintes fases: a) Estágio de repouso: é o potencial da membrana ante de iniciar o de ação, onde ela está polarizada e pouco permeável ao Na+. Essa membrana está polarizada devido à bomba de sódio-potássio, que bombeia 3Na+ para fora e 2K+ para dentro, mantendo um gradiente elétrico. b) Estágio de despolarização: a membrana fica rapidamente muito permeável ao Na+, que se deslocam para dentro do axônio. Essa fase é excitatória, onde a carga negativa do citoplasma reduz e o potencial aumenta para valor positivo de 70 mV a 110 mV. c) Estágio de repolarização: os canais de sódio começam a se fechar e os de potássio de abrem mais do que o normal, ocorrendo a saída da K+, sendo que o potencial de repouso negativo é reestabelecido. Pode ocorrer ainda um estágio de hiperpolarização, que é inibitório, onde a membrana se torna muito permeável ao K+ e potencial se tornar muito negativa. 12. Como ocorre a comunicação entre os neurônios? Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. Ocorre por sinapses nervosas. Divide-se em: SINAPSES ELÉTRICAS: Utiliza canais iônicos para comunicação entre dois neurônios. Não polarizadas: A comunicação entre os neurônios ocorre nos dois sentidos. SINAPSES QUÍMICAS: Dependente de neurotransmissores. Os NEUROTRANSMISSORES RÁPIDOS são classificados em classe, como: o Classe I: Acetilcolina (é um neurotransmissor que tem função no sistema nervoso autonomo, sistema nervoso somatico, envolve-se na memoria, sono REM...). o Classe II (aminas): Norepinefrina, epinefrina, dopamina, serotonina e histamina. o Classe III (aminoácidos): GABA, glicina, glutamato e aspartato. o Classe IV: Óxido nítrico e adenosina. Os NEUROTRANSMISSORES LENTOS/NEUROPEPTÍDEOS são classificados como: o Hormônio liberadores hipotalâmicos: TRF, GnRH, GHIH. o Peptídeos hipofisários: ACTH, PRL, TSH, GH. o Peptideos que agem no intestino e no cérebro: Encefalina, substância P, gastrina, CCK, VIP. o De outros tecidos: Angiotensina II, calcitonina, bradicinina. Vesiculas sinapticas armazenam neurotransmissores. 13. Quais eventos são necessários para ocorrer a liberação de um neurotransmissor? A liberação do neurotransmissor é desencadeada pela chegada de um potencial de ação ao terminal axonal. A despolarização da membrana do terminal causa a abertura de canais de cálcio dependentes de voltagem nas zonas ativas. Há uma grande força condutora impulsionando o ca2+ para o interior. A concentração em repouso de Ca é muito baixa, assim, os íons de ca inundarão o citoplasma dos terminais axonais assim que os canais forem abertos. A elevação resultante nesse canal é a causa da liberação dos neurotrsnmissores da vesícula sináptica. 14. Como o neurotransmissor pode ser recaptado ou degradado? Recaptado: Ocorre pela membrana pré-sináptica pela bomba de captação. Degradado: Após a sinapse ser efetiva, o neurotransmissor sai da fenda sináptica. Também, pode ocorrer por causa da acetilcolina. O neurotransmissor, depois de desencadear o potencial pós-sináptico, difunde-se para fora da fenda sináptica, onde será degradado por enzimas, como a monoaminooxidase (MAO), que é uma enzima que degrada neurotransmissores de serotonina, adrenalina, noradrenalina e dopamina, ou ele pode ser recaptado pelas células próximas, pela membrana pré-sináptica pela bomba de captação. 15. Qual é a constituição do sistema sensorial em humanos? O nosso sustento sensorial é formado por órgãos dos sentidos, como visão, audição gustação/paladar, olfato, tato/somestesia, os quais contêm células sensoriais, que são especializadas e capazes de captar estímulos Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. internos, como os proprioceptores enteroceptores, e externos, os exteroceptores e os quimioceptores, por exemplo, bem como como as terminações nervosas dos neurônios que também são capazes de captar estímulos. 16. Como é organizado o trajeto das vias aferentes? As grandes vias aferentes (ou sensitivas) são aquelas que levam aos centros nervosos suprassegmentares impulsos originados nos receptores periféricos, permitindo ao indivíduo uma perfeita percepção do mundo que o rodeia, possibilitando-o adaptação às adversidades deste meio. Em cada uma das vias aferentes, contêm os seguintes elementos: o receptor, o trajeto periférico, o trajeto central e a área de projeção cortical. O receptor: é representando por terminações nervosas sensíveis ao estímulo que caracteriza a via. Admite-se a especificidade do receptor, ou seja, a existência de receptores especializados para cada uma das modalidades de sensibilidade. O trajeto periférico: compreende um nervo espinhal ou craniano e um gânglio sensitivo anexo pelo qual o estímulo sensitivo percorrerá até alcançar o sistema nervoso central. O trajeto central: durante este trajeto central, as fibras que constituem as vias aferentes se agrupam em feixes (tractos, fascículos e/ou lemniscos) de acordo com suas funções. O trajeto central das vias aferentes compreende ainda núcleos relés, nos quais se localizam os neurônios de associação (II, III ou IV) da via considerada. A área de projeção cortical: localizada no córtex cerebral ou no córtex cerebelar. No primeiro caso, a via nos permite distinguir os diversos tipos de sensibilidade (é uma interpretação consciente); no segundo caso, ou seja, quando a via termina no córtex cerebelar, o impulso não determina qualquer manifestação sensorial (a via é inconsciente), sendo utilizada pelo cerebelo para a realização de seu papel primordial de integração motora. 17. Onde o estímulo sensorial é processado? O estímulo sensorial é processado no sistema sensorial, o qual é representado por várias regiões do sistema nervoso que estão conectadas entre si, como córtex visual, auditivo, gustativo, olfatório e somestésico, possibilitando as sensações. Ele é composto por neurônios interligados, processadores de informações que chegam do ambiente, ou seja, os estimulo sensoriais, que são captados através de receptores que são células de primeira ordem. Essas células podem ser neurônios ou não e se conectam com os neurônios de segunda ordem através de sinapses. Em seguida, com os de terceira ordem e assim por diante. Por fim, as informações que são passadas dos receptores até o córtex cerebral seguem através de vias aferentes pela região dorsal da medula espinhal. 18. Como ocorre o processamento da audição e da visão? O aparelho auditivo é composto por orelha externa, orelha média e orelha interna. No ouvido externo, a pina (pavilhão auditivo) coleta e direciona o som através do canal auditivo (meato acústico externo). O canal auditivo amplifica e afunila o som até a membrana timpânica que, por sua vez, coleta o som e faz vibrar os ossículos do ouvido médio seguindo a ordem: martelo, bigorna e estribo. Este, então vibra contra a janela Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. oval da cóclea. A membrana timpânica, por sua vez, é responsável por converter a propagação área do som em propagação mecânica, a partir do momento em que ela vibra em direção ao martelo. No processo visual há 2 mecanismos: o processo de transdução ou sensação, o qual consiste na conversão da energia física luminosa em energia elétrica nos neurônios, logo, corresponde à etapa fotoquímica da visão; e a percepção, que diz respeito à seleção, organização e interpretação de estímulos a partir dos órgãos sensoriais que ocorre no córtex cerebral. Ademais, no seu trajeto atéa retina, as ondas luminosas atravessam os seguintes refrativos do bulbo do olho: córnea, humor aquoso, lente ou cristalino e humo vítreo. 19. Quais são as principais funções da região frontal do cérebro? A região frontal do cérebro é composta pelo lobo frontal onde se relaciona com as seguintes áreas e funções: Área motora primária: Responsável pelos movimentos voluntários Área de Broca: Responsável por expressão da língua falada e atividade motora Área somestésica: Responsável pela sensibilidade somática geral, como: Temperatura, dor, pressão, tato e propriocepção consciente Área pré-frontal: Divide-se em dorsolateral e orbitofrontal. o Dorsolateral: Responsável pelo planejamento, funções executivas, tomada de decisão e memória de trabalho. o Orbitofrontal: Responsável pelo processamento de emoções, afetividade e centro inibitório de atitudes. 20. Qual a relação entre lobo frontal, estruturas subcorticais, cerebelo e as respostas motoras? O lobo frontal, é o maior lobo do córtex, ele está localizado na parte da frente do cérebro e é nele onde acontece o planejamento de ações e movimentos. Estão inclusos no lobo frontal o córtex motor (controla e coordena a motricidade voluntária do indivíduo), e o córtex pré-frontal (executa a aprendizagem motora e os movimentos de precisão). O cerebelo, por sua vez, tem sua função exclusivamente motora, atuando no equilíbrio e coordenação de movimentos em geral, por meio da conexão neocerebelar com o córtex motor do lobo frontal e com o tálamo. Dessa forma, o cerebelo trabalha em conjunto com os núcleos da base na execução e no desenvolvimento de movimentos finos, delicados e assimétricos que exigem coordenação nervosa bem elaborada. Para que esse trabalho seja feito, as conexões aferentes e eferentes do lobo frontal, por intermédio de fibras, fazem essa transmissão delicada de informações para o planejamento motor. 21. O que significa a terminologia atraso global do desenvolvimento? Qual o comprometimento? Como se realiza a investigação diagnóstica? O atraso global do desenvolvimento, como o nome implica, é diagnosticado quando um indivíduo não atinge os marcos do desenvolvimento esperados em várias áreas do funcionamento intelectual. Esse diagnóstico é utilizado para indivíduos que estão incapacitados de participar de avaliações sistemáticas do funcionamento intelectual, incluindo crianças jovens demais para participar de testes padronizados. A deficiência intelectual pode ser consequência de uma lesão adquirida no período do desenvolvimento, decorrente, por exemplo, Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. de traumatismo craniano grave, situação na qual um transtorno neurocognitivo também pode ser diagnosticado. Para o diagnostico se utiliza especificadores. 22. Como a linguagem e a aprendizagem são processadas de acordo com a neurociências? Há potencialização de sinapses; aumento dos ramos dendríticos e tamanho das espinhas dendríticas e números de sinapses por neurônios; alterações e ativação de áreas motoras que podem durar até 8 semanas. 23. Quais os tipos de memória? Memória operacional ou de trabalho: Este tipo de memória permite que informações sejam retidas por segundos ou minutos, durante o tempo suficiente para dar sequência a um raciocínio, compreender e responder a uma pergunta, memorizar o que acabou de ser lido para compreender a frase seguinte, memorizar um número de telefone durante o tempo suficiente para discá-lo. O córtex pré-frontal determina o conteúdo da memória operacional que será selecionado para armazenamento, conforme a relevância da informação naquele momento. Memória de curta e longa duração: permite a retenção de informações durante algumas horas até que sejam armazenadas de forma mais duradoura nas áreas responsáveis pela memória de longa duração. Segundo Izquierdo a memória de curta duração dura de 3 a 6 horas, que é o tempo que leva para se consolidar a memória de longa duração. A memória de longa duração depende de mecanismos mais complexos que levam horas para serem realizados. Por isso a memória de curta duração, que exige mecanismos de processamento mais simples, mantem a memória viva enquanto a de longa duração está sendo definitivamente armazenada. Estes dois tipos de memórias dependem do hipocampo. Entretanto, a memória de curta duração se extingue depois de algum tempo, enquanto a de longa duração é consolidada por meio da atividade do hipocampo, ficando armazenada em áreas corticais de associação de acordo com seu conteúdo, podendo aí permanecer durante muitos anos. 24. Como ocorre a consolidação da memória no hipocampo? Quais são os eventos moleculares envolvidos neste processo? O hipocampo, através do córtex entorrinal, recebe aferências de grande número de áreas neocorticais e através do fómix projeta-se aos corpos mamilares do hipotálamo. Recebe também fibras da amígdala, que reforçam a memória de eventos associados a situações emocionais. Recentemente foram descobertas também conexões com a área tegmental ventral e com o núcleo accumbens o que explica o reforço das memórias associadas a eventos de prazer. 25. O sono tem relação com os processos de aprendizagem, memória e linguagem? Sim. O sono desempenha papel fundamental no processo adaptativo (plasticidade neural). Estudos mostram que os processos neurais, como os que regulam o estado de sono, a plasticidade cerebral, a memória e a aprendizagem são indissociáveis. Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. A interferência do sono se manifesta na plasticidade cerebral e, consequentemente, na memória e na aprendizagem: 1) quando após um período de sono as redes neurais relacionadas à aprendizagem se ativam;2) quando determinadas regiões cerebrais se ativam após e durante os estados de sono REM (sono com movimentos oculares rápidos) e NREM (sono sem movimentos oculares rápidos) (Reimão & Aron, 1985); 3) quando a consolidação da memória e da aprendizagem depende do estado de sono; 4) quando se constata que os resultados do desempenho cognitivo obtido após o estado de sono REM são diferentes dos resultados obtidos após o estágio de sono NREM, e 5) quando os padrões de atividade cerebral, manifestos durante o estado de vigília, parecem se reproduzir nos padrões que ocorrem durante o estado de sono (Stickgold, 2005). Além disso, segundo estudos, um material verbal é mais facilmente aprendido quando o processo de memorização é seguido por um período de sono. Considerando-se 1) que os relatos oníricos estão repletos de fragmentos de experiências vividas; 2) que a taxa de sono l é proporcionalmente muito mais elevada no início da vida, período crítico para o desenvolvimento cognitivo, do que na idade adulta e na velhice; 3) e que os deficientes mentais apresentam baixa taxa de sono REM, os estudos que relacionam o estado de sono à memória enfatizando a fase do sono com maior ativação neural, ou seja, ao sono REM, atribuíram ao sono a função de associar e de acomodar as mais recentes experiências às antigas memórias. OBS: A aprendizagem é uma variante da memória. 26. Qual a importância do sono? O sono é muito importante para que haja a homeostase do corpo, aprendizagem e memórias. A necessidade do sono, seu nível de profundidade e duração, além de hábitos pessoais, é regulada por fatores circadianos (Processo C) e fatores homeostáticos (Processo S). Os fatores homeostáticos do sono representam a “necessidade de dormir”, provavelmente vinculada à acumulação de uma molécula metabólica hipnogênica, sendo que a adenosina parece ser uma dessas que preenche tal requisito. A utilização do glicogênio pelo corpo leva a progressivo aumento da adenosina no PB e à sua inibição, atuando assim como um regulador homeostático da necessidade de sono. Além disso, a adenosina é capaz de inibir os neurônios colinérgicosdo tegmento mesopontino, neurônios do sistema orexina/ hipocretina do hipotálamo e adicionalmente desinibir a área VLPO. 27. Quais são os aspectos psicológicos e neurobiológicos do ciclo sono-vigília? O ciclo sono-vigília permite a restauração do sistema imunitário, aumento do fluxo sanguíneo cerebral e o processo de aprendizagem e memória. Sendo assim, quando há distúrbios desse ciclo, são perceptíveis, perda excessiva de sono, armazenamento de informações prejudicada, alterações psicológicas, como maior nível de estresse e ansiedade, cansaço físico e habilidades sociais afetadas. 28. Quais são as fases ou estados do sono. Explique utilizando tipos de ondas e suas características. Sono não REM (sono de ondas lentas): o cérebro repousa. Sua taxa de consumo de oxigênio está em nível baixo e predomina o tônus parassimpático, como redução da FC e FR. Esse sono está relacionado com a consolidação de memórias. Além disso é gerado por neurônios colinérgicos da formação reticula e da junção ponte encefálica. É dividido em 4 fases: Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. 1. Fase da sonolência: marcada por contrações musculares e presença de ondas alfas. 2. Fase 2: possui predominância da onda delta, de baixa frequência. Apresenta redução dado tônus muscular, FR e sicronização de ondas. 3. As fases 3 e 4 constituem uma única etapa, caracterizada pela sincronização ondulatória. Há um aumento da amplitude ondulatória e as ondas continuam sendo delta. Além disso, há uma diminuição da FC e FR devido ao aumento da atividade parassimpática. Portanto, são consideradas as fases do sono profundo. Sono REM (sono de ondas rápidas): o consumo de oxigênio pelo cérebro é igual é maior do que em vigília, refletindo a atividade cortical. O indivíduo sonha e seus olhos movem-se rapidamente. Possui presença de onda beta e há dificuldade para despertar, que está associada com o movimento rápido dos olhos. Apresenta FC e FR irregulares associados com o aumento da atividade simpática. Nessa fase é comum a ocorrência de sonhos. 29. Como os pensamentos e emoções geram sensações em nosso organismo? A alegria, medo, tristeza, prazer e raiva são exemplos de emoções. Para que elas sejam compreendidas há uma divisão entre componente central/subjetivo, componente periférico/emocional. O componente periférico é a maneira como a emoção se expressa e envolve padrões de atividade motora, somática e visceral. O sistema límbico, através de suas diversas conexões com estruturas encefálicas e de suas conexões eferentes com o SNA é capaz de influenciar muitos aspectos do comportamento emocional. Além disso, existem evidências que o hipocampo está relacionado com a memória recente e de longo prazo. Os pensamentos, por sua vez, geram as emoções, seja alegria, ansiedade, medo, assim, ativará o sistema límbico, responsável por gerar as sensações no organismo. 30. Quais são os substratos neurais envolvidos com a expressão das emoções? 1. Tronco encefálico: no tronco encefálico estão localizados vários núcleos de nervos cranianos, viscerais ou somáticos, além de centros viscerais como o centro respiratório e vasomotor. A ativação destas estruturas por impulsos nervosos ocorre nos estados emocionais, resultando nas diversas manifestações que acompanham a emoção, como choro e sudorese. Assim, o papel do tronco encefálico é principalmente efetuador, agindo na expressão das emoções. 2. Área do hipotálamo: o sistema límbico exerce uma ação inibidora sobre o hipotálamo posterior, que, quando liberado, funciona como agente de expressão das manifestações viscerais e somáticas que caracterizam a raiva. 3. Círculo de PAPEZ: o circuito de Papez, exceto a parte anterior do giro do cíngulo, está relacionado com a memória. Ademais, o centro do sistema límbico é a amígdala. 4. Córtex Cingular Anterior: está provavelmente relacionado com a depressão, entretanto, acredita-se que os núcleos das habênulas e outras áreas encefálicas também estejam envolvidas no quadro. 5. Córtex Insular Anterior: está relacionado com a percepção dos componentes subjetivos das emoções. Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. 6. Córtex Pré-Frontal Orbitofrontal: tem conexões com o corpo estriado e com o núcleo dorsomedial do tálamo, integrando o circuito em alça orbitofrontal-estriado-tálamocortical. 7. Hipotálamo: possui um papel como coordenador das manifestações periféricas das emoções, através de suas conexões com o sistema nervoso autônomo. 8. Área septal: compreende grupos de neurônios de disposição subcortical que se estendem até a base do septo pelúcido, conhecidos como núcleos septais. Esta área possui conexões extremamente amplas, como para a amígdala, hipocampo, giro do cíngulo, hipotálamo e formação reticular por meio do feixe prosencefálico medial. Através deste feixe, a área septal recebe fibras dopaminérgicas da área tegmentar vental e faz parte do sistema mesolímbico (sistema de recompensa do cérebro). Lesões bilaterais causam a “raiva septal”, caracterizada por hiperatividade emocional, ferocidade e raiva diante de condições normais. Além disso, a área septal também é um dos centros de prazer do cérebro e sua estimulação causa euforia. 9. Núcleos Accumbens: Faz parte do corpo estriado ventral e recebe aferências dopaminérgicas principalmente da área tegmentar ventral do mesencéfalo. Além disso, é o componente mais mportante do sistema mesolímbico, o qual é o sistema de recompensa ou de prazer do cérebro. 10. Habênula: Fica situada no trígono das habênulas, no epitálamo, abaixo e lateralmente à glândula pineal. É constituída pelos núcleos habenulares medial e lateral. As conexões do núcleo lateral são muito complexas e destacam- se as aferências que recebem dos núcleos septais pela estria medular do tálamo e suas projeções pelo fascículo retroflexo para o núcleo interpeduncular e para os neurônios dopaminérgicos do sistema mesolímbico. A habênula também possui ação inibitória sobre o sistema serotonérgico de projeção difusa. Assim, a habênula participa da regulação dos níveis de dopamina nos neurônios do sistema mesolímbico que constituem a principal área do sistema de recompensa (ou prazer) do cérebro. Alguns sintomas da depressão podem ser explicados pela queda da atividade dopaminérgica na via mesolímbica. Casos graves de depressão já foram tratados com a estimulação elétrica de alta frequência do núcleo lateral da habênula, o que inibe a atividade espontânea desse núcleo. 11. Amígdala: é considerada o componente mais importante do sistema límbico. Funções: as estimulações do grupo basolateral causam reações de medo e de fuga, já a estimulação dos núcleos do grupo corticomedial causa reação defensiva e agressiva. Além disso, a estimulação da amígdala causa uma variedade deccomportamentos sexuais e sua lesão causa hipersexualidade. Relação entre amígdala e o medo: O medo é uma reação de alarme que resulta na ativação geral do sistema simpático e liberação de adrenalina visando preparar o organismo para uma situação de perigo, na qual ele deve fugir ou enfrentar. 12.Sistema de recompensa do encéfalo: é composto por áreas que determinam estimulações com frequências mais elevadas e compõe o sistema dopaminérgico mesolímbico, formado por neurônios dopaminérgicos que, da área tegmentar ventral do mesencéfalo, passando pelo feixe prosencefálico medial, terminam nos núcleos septais e no núcleo accumbens, os quais, por sua vez, projetam-se para o córtex pré- Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. frontal orbitofrontal. Esse sistema premia com sensação de prazer os comportamentos importantes para a sobrevivência (como a fome, sede, sexo), mas também é ativado por situações cotidianas que causam alegria (como tirar nota boa em uma prova). 31. Por que as reações emocionais interferem na tomada de decisão? Porque nessesmomentos o sistema límbico se encontra alterado, assim, as conexões eferentes com o SNA também serão alteradas. Desse modo, fatores como, FC e FR altas, sudorese salivação serão respostas dessa alteração, o que dificulta o indivíduo a pensar corretamente como em situações em que o sistema límbico esteja em suas condições normais. 32. O estresse é bom? Como ocorre a síndrome da adaptação geral do ponto de vista imunológico, nervoso, endocrinológico e comportamental? O estresse normal é considerado bom, pois tira o corpo da inércia. Já o patológico que possui um caráter negativo e eu ocasiona sérios agravos. Em resposta à condição de estresse, Selye denominou como “Síndrome Geral de Adaptação” os eventos de resposta ao estresse que ocorrem em três importantes fases: (1) a reação de alarme, na qual o organismo percebe o estímulo estressante; (2) a fase de resistência, que consiste na tentativa de adaptação do organismo frente ao estímulo, (3) a fase de exaustão, quando o organismo perde a capacidade de adaptação. O estresse é uma resposta adaptativa fundamental à sobrevivência, presente não só em mamíferos, como também em outros vertebrados, e os mecanismos básicos e as moléculas envolvidas na resposta ao estresse são similares e bem preservados ao longo da evolução das espécies. Há diversas variações hormonais durante o estresse, as quais preparam o organismo para reagir frente à condição de estresse. Estas variações incluem: (1) aumento da secreção das catecolaminas (epinefrina e norepinefrina) pelo sistema nervoso autônomo; (2) liberação hipotalâmica do hormônio liberador de corticotropina (CRH) na circulação e, após poucos segundos, o aumento da secreção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela pituitária; (3) diminuição da liberação do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) do hipotálamo e das gonadotrofinas da pituitária; e (4) aumento da secreção de prolactina, de hormônio do crescimento (GH) e de glucagon. Em caso de hemorragia, ocorre alta produção de arginina vasopressina (AVP) da pituitária e de renina do fígado. O aumento dos glicocorticóides e a diminuição dos hormônios gonadais ocorrem de maneira mais tardia. Estresse e sistema endócrino: Na reação simpática da Fase de Alarme do Estresse é onde ocorre maior secreção de hormônios anti-infl amatórios, como, um do s corticosteroides, a desoxicorticosterona, conheci da DOC. Este corticóide produz um aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, bem como um aumento da frequência respiratória e dilatação dos brônquios. Tudo isso permitirá maior circulação d e sangue, maior oxigenação dos tecidos. Também se verifica, contração do baço, com propósito de enviar mais glóbulos vermelhos ao sangue circulante; há maior liberação de glicose pelo fígado na corrente sanguínea, para fornecer mais energia aos músculos e ao cérebro; maior dilatação pupilar, aumentando o campo de visão; aumento de linfócitos no sangue, par a reparar possíveis danos físicos e defender contra eventuais agentes agressores. Porém, nas situações de ação exagerada do Sistema Simpático haverá não mais um a melhora da performance, mas uma queda em todas funções orgânicas, desde a perda da resistência imunológica, tornando-se mais vulnerável às doenças, perda d e tecidos Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. estruturais, até crises hipertensivas ou hipotensoras, diabetes, lesões de pele, cardíacas, etc. De modo geral, podemos dizer que, num primeiro momento, as suprarrenais aumentam a secreção de Noradrenalina, objetivando preparar o organismo para a ação, em seguida passa a liberar a adrenalina e, por fim o cortisol. E nessa fase do cortisol que já podemos antever uma possível exaustão geral. Na r eação simpática da Fase de Alarme do Estresse é onde ocorre maior secreção de hormônios anti -inflam atórios, por exemplo, um dos corticos teroides, a desoxicorticosterona, conhecida DOC. Estresse e sistema imune: Essa interação é de caráter bidirecional, o sistema imune também pode enviar mensagens ao SNC, através das citocinas pró-inflamatórias. As citocinas são importantes na investigação dos mecanismos da resposta ao estresse, uma vez que são polipeptídeos produzidos pelas células imunológicas em resposta a qualquer desequilíbrio da homeostase, como injúrias, inflamações e infecções. Além disso, elas também podem ser expressas pela maioria dos tipos celulares de regiões do cérebro. Citocinas presentes na circulação sanguínea podem ativar o SNC ao atravessar a barreira hematoencefálica. Também induzem a produção de óxido nítrico sintase e ciclo- oxigenase por células endoteliais cerebrais, estimulando, indiretamente, as atividades do SNC. Qualquer desequilíbrio entre a produção de citocinas pró- e anti-inflamatórias, com predomínio das inflamatórias, pode resultar em exacerbada resposta inflamatória, tanto por células imunes quanto cerebrais, culminando, no último caso, em um impacto no comportamento e no humor, ou até mesmo à progressão de doenças neurodegenerativas. Questões que caíram na prova discursiva 1.Para a ocorrência da transmissão de um impulso nervoso entre neurônios, ou respostas celulares no neurônio pós-sináptico, são necessários eventos eletroquímicos característicos e sequenciais. Deve ser considerada uma perturbação de ordem física ou química necessária para provocar um potencial de ação no neurônio pré-sináptico, na membrana que estava em repouso, e se a fibra nervosa contém mielina. Quando o impulso nervoso chega ao terminal axônico, são necessários eventos para ocorrer a liberação do neurotransmissor na fenda sináptica e, posteriormente, desencadeando atividade em seus respectivos receptores. Estes receptores podem estruturalmente formar um canal ou estarem acoplados à proteínas G e atuarem como ativadores de proteínas efetoras. Descreva os eventos que desencadeiam um potencial de ação na fibra nervosa e a liberação de um neurotransmissor na fenda sináptica e, em seguida, explique a atividade de um receptor acoplado à proteínas G, cite a proteína efetora e indique a atividade do segundo mensageiro sintetizado, considerando um neurotransmissor excitatório. 2.Cecília, 35 anos, tem crises epilépticas que impactam sua qualidade de vida e atividades de vida diária. Dr. Anderson, neurologista, após avaliar os exames da paciente, diagnosticou que ela tem epilepsia de lobo Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. temporal e informou que será necessário realizar uma cirurgia para remoção bilateral dos lobos temporais para diminuir as crises epilépticas e que, após a cirurgia, haverá um comprometimento da memória. Identifique o tipo de memória comprometida em decorrência da cirurgia de Cecília e descreva os mecanismos moleculares para que ocorra a consolidação da memória de longa duração, no hipocampo. 3. Luís Augusto, estudante de Medicina da UNIME, foi passear com um grupo de amigos em Mucugê–BA e foram visitar a cachoeira do Buracão e na mata de acesso se depararam com uma serpente Bothrops pirajai. Luís Augusto, ficou pálido, ofegante, começou a transpirar, as pernas ficaram trêmulas e o coração ficou acelerado. No dia seguinte, foram visitar o Parque Municipal de Mucugê e, quando entraram na trilha para visitar as cachoeiras, Luís Augusto teve os mesmos sintomas do dia anterior. Sabe-se que determinados estímulos ou situações são capazes de alterar o equilíbrio homeostático e de acordo com Hans Selye, este desequilíbrio é um estado que se manifesta por meio da síndrome da adaptação geral. Descreva os estágios alarme, resistência e exaustão da síndrome da adaptação geral, proposta por Hans Selye. 4. Luís Cláudio, 42 anos, sofreu um acidente automobilístico, com trauma de face e cursando diplopia e enoftalmia. Foi encaminhado à Unidade de Saúde, com sangramento na região do olho direito e perda do conteúdo ocular,por causa de uma fratura de base de órbita, conforme figura a seguir, e alteração do movimento do olho para o lado esquerdo. Foi sugerido pelo médico realizar uma cirurgia para reconstrução óssea do assoalho da órbita. Percepção, Consciência e Emoção. Ana Clara Silva Freitas. Descreva como ocorre a vascularização da órbita e cite os principais ossos que a compõem, evidenciando a área fraturada com base na tomografia. Em seguida, indique os músculos extrínsecos responsáveis pela movimentação do globo ocular e o músculo afetado que causou a alteração do movimento.
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