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1 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S 2 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S 3 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Núcleo de Educação a Distância GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO Diagramação: Gildenor Silva Fonseca PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira. O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profissionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua- ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia 5 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S 6 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! . É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professora: Silvana Marques da Silva 7 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profisisional. 8 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Esta unidade abordará acerca da tradução e interpretação, desde suas origens à conceituação, ressaltará a amplitude desta temática apon- tando aspectos gerais das línguas orais e língua de sinais, especificamen- te, a tradução e interpretação em Libras. Para tanto, foram enfocados os seguintes tópicos: a) a origem da tradução e interpretação; b) conceituan- do tradução e interpretação; c) tradutor e intérprete de Língua de Sinais no mundo; d)tradutor e intérprete de Língua de Sinais no Brasil; e) funda- mentos da tradução interpretação; f) tradução e interpretação como campo disciplinar; g) competências e habilidades necessárias aos tradutores e in- térpretes; h) intérpretes de línguas orais X intérpretes de Língua de Sinais: trajetórias profissionais; i) o trabalho do tradutor de Libras: diferentes con- textos de atuação; j) o tradutor intérprete de Libras no contexto educacio- nal; k) formação educacional do tradutor intérprete de Libras; l) princípios básicos para a prática interpretativa em Língua de Sinais. Trata-se de um módulo voltado para os estudos da tradução e interpretação e o ato inter- pretativo, bem como as políticas públicas voltadas para as conquistas das pessoas surdas, com ênfase no profissional tradutor intérprete de Libras, o reconhecimento dessa profissão e as responsabilidades e condutas desta categoria. Essa temática justifica-se por sua riqueza e relevância social, haja vista que a tradução e interpretação são formas de romper as barrei- ras comunicacionais e aproximar culturas de diferentes povos, no caso da tradução e interpretação em Libras, promover a comunicação entre surdos e ouvintes brasileiros. Tradução. Interpretação. Libras. 9 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 A ORIGEM DA TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO Apresentação do Módulo ______________________________________ 11 17Conceituando a Tradução e Interpretação ______________________ Tradutores e Intérprete de Língua de Sinais no Mundo __________ Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais no Brasil ______________ Recapitulando _________________________________________________ 19 20 28 CAPÍTULO 02 FUNDAMENTOS DA TRADUÇÃO INTERPRETAÇÃO Tradução e Interpretação como Campo Disciplinar _____________ Recapitulando _________________________________________________ Competências e Habilidades necessárias aos Tradutores e Intérpretes ____________________________________________________ Intérpretes de Línguas Orais x Intérpretes de Língua de Sinais: Trajetórias Profissionais ________________________________________ 33 50 40 48 10 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Formação Educacional do Tradutor Intérprete de Libras ________ Princípios Básicos para a Prática Interpretativa em Língua de Sinais __________________________________________________________ Considerações Finais ___________________________________________ Fechando a Unidade ___________________________________________ Referências ____________________________________________________ Recapitulando _________________________________________________ 60 63 75 76 79 70 CAPÍTULO 03 O TRABALHO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS: DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO O Tradutor Intérprete de Libras no Contexto Educacional _______ 56 11 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S A tradução e interpretação são atividades remotas, tornaram campos de estudo amplo e inesgotável, uma área de suma importância para que povos de diferentes línguas possam se comunicar de maneira efetiva, assim como promover o acesso a importantes textos de diferen- tes temas. No Brasil, a tradução e interpretação em Língua Brasileira de Sinais-Libras iniciou-se de maneira informal, especialmente de forma voluntária no âmbito religioso. A partir da década de 80, esta profissão passou a ser vista como atividade laboral e de suma importância para que as pessoas surdas pudessem se expressar, exercer cidadania e, principalmente, participar das causas surdas. Muitas foram as lutas da comunidade surda para garantir o direito à comunicação de forma plena, esse direito à acessibilidade ocorreu, de forma mais notória, a partir da Lei 10.436 de 2002, quando por meio dessa legislação a Libras foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão. A partir daí, outras possibilidades se abri- ram ampliando os direitos da comunidade surda. Em 2005, esta Lei foi regulamentada pelo Decreto 5.626, que trouxe a obrigatoriedade do intérprete de Libras em sala de aula, com uma crescente demanda de interação entre surdos e ouvintes, especialmente no contexto educa- cional, esse profissional passou a ser mais requisitado, ampliando as possibilidades de contratação desta categoria. Em 2010, a Lei 12.319 regulamentou a profissão de tradutor e intérprete da Libras e ditou as competências e a formação exigida para atuação, ressaltando ainda as responsabilidades e condutas a serem seguidas. Faz-se necessário também abordar acerca das competências e habilidades necessárias aos tradutores e intérpretes, haja vista que o ato tradutório é altamente complexo e exige habilidades e competên- cias específicas desses profissionais, além disso, elencar os tipos de tradução e interpretação, assim como as semelhanças e diferenças da atuação entre intérpretes de línguas orais e de sinais. Muitos são os espaços e contextos de atuação do profissional tradutor e intérprete de Libras, no entanto, o que mais se destaca é o contexto educacional, e, como há muitas especificidades no âmbito escolar, nesta unidade será tratado também sobre paradigmas e rea- lidades dessa profissão no que tange à interpretação em sala de aula. Por fim, o módulo traz informações sobre a formação educa- cional do tradutor intérprete de Libras à luz das legislações; e princípios básicos para a prática interpretativa. É importante ressaltar que este estudo e a prática da interpre- 12 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S tação não se esgotam neste material, sugere-se que outras pesquisas sejam realizadas, e novas literaturas produzidas, ampliando ainda mais as possibilidades acerca desta prazerosa área que é a tradução e inter- pretação. 13 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S A comunicação entre os seres humanos sempre ocorreu das mais diversas formas e, para que possamos compreender esse fenô- meno, faz-se necessário uma retrospectiva. Nossos ancestrais já se co- municavam através de sons, gestos e diferentes expressões. Ao longo do tempo, com a evolução da linguagem, o homem primitivo passou a manifestar as ações e pensamentos por meio das pinturas rupestres, cujas interpretações são passíveis haja vista que, segundo GONTIJO (2004), existe o significante, a referência, dessa for- ma atinge-se o significado das pinturas, assim como retratam o modo de vida dos antepassados. PERLES (2006) relata que, “há cerca de 3.000 anos antes de Cristo, os egípcios representavam aspectos de sua cultura por meio de desenhos e gravuras colocados nas casas, edifícios e câmaras mortuá- rias”. Esse mesmo autor menciona sobre os primeiros meios de comu- nicação capazes de vencer a distância, entre eles os sonoros e visuais: A ORIGEM DA TRADUÇÃO & INTERPRETAÇÃO TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S 14 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S o tantã, berrante, gongo, sinais de fumaça entre outros. Logo, a comuni- cação é inerente ao ser humano e passa por processo de aprimoramen- to e evolução conforme a necessidade sociocultural, nesse aspecto, a eficácia e evolução dela ocorreu após a invenção da escrita por volta do século IV antes de cristo. Com o passar do tempo, a escrita ultrapassou os limites do registro e tem se tornado uma maneira de pensar, conceber, criar e ser. Por ser inventada, a escrita acarretou a aprendizagem formal como indispensável. Para que o homem tenha acesso a ela, muito além de saber decodificar as letras (em- bora seja o primeiro passo para o letramento), é preciso saber interpretá-la/ traduzi-la. (BRIKS, 2012, p.2.) A tradução é um campo amplo e inesgotável e possui várias ramificações, uma delas é o ato de traduzir registros de uma língua à outra ou mesmo termos de uma mesma língua, nesse aspecto, você, caro leitor, poderá se envolver com a riqueza que permeia os estudos da tradução, cuja ciência proporciona a aproximação de culturas e po- vos de diferentes espaços geográficos, e quebra de barreira linguística. No que tange à tradução nos registros escritos, para um me- lhor embasamento dessa temática, fizemos um apanhado, de forma resumida, acerca do processo da criação de registros, sugerimos que faça novas leituras sobre esse assunto e fique por dentro do processo evolutivo da escrita dos primórdios à contemporaneidade. É fascinante compreender o quão evolutivo é o processo de comunicação, os registros sempre ocorreram, no entanto, a invenção da escrita através do alfabeto possibilitou registros importantíssimos sobre os mais diferentes povos e sua civilização, história e ciência. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=tUWIp zYaKXw A tradução é uma área ampla e ramificada, uma ciência crucial para que povos de diferentes línguas possam a qualquer tempo e lugar se comunicar de maneira efetiva, assim como promover o acesso a im- portantes textos de diferentes temas. Com a globalização e revoluções tecnológicas, esta atividade tornou-se ainda mais forte e imprescindí- vel, pode-se dizer que a tradução é uma das atividades mais antigas 15 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S do mundo, difícil relatar a data precisa em que se iniciou o processo e necessidade desta, porém, pesquisas relatam que a torre de Babel foi o que impulsionou a necessidade do ato de traduzir, inclusive já foi descrita na Bíblia em Gênesis. A torre de Babel, supostamente, erguida por homens da Babilônia, cujo intuito era o de construir algo tão alto que chegasse ao céu, além disso eternizar seu nome para as próximas gerações. Observe o quadro abaixo onde Derrida (2002 ) aborda acerca da criação de novas línguas, fato que tornou imperativo o ato de traduzir para que os povos pudessem compreender a língua do outro e, assim, interagir. 16 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Quadro 01: Gênesis e a torre de Babel 11: 1 Toda a terra tinha uma só língua e se servia das mesmas palavras. 1 Alguns homens, partindo para o oriente, encontraram na terra de Se- naar uma planície onde se estabeleceram. 2 E disseram uns aos outros: “Vamos, façamos tijolos e cozamo-los no fogo.” Serviram-se de tijolos em vez de pedras e de betume em lugar de argamassa. 3 Depois disseram: “Vamos, façamos para nós uma cidade e uma torre cujo cimo atinja os céus. Tornemos assim célebre o nosso nome, para que não sejamos dispersos pela face de toda a terra”. 4 Mas, o senhor desceu para ver a cidade e a torre que construíram os filhos dos homens. 5 “Eis que são um só povo, disse ele, e falam uma só língua: se come- çam assim, nada futuramente os impedirá de executarem todos os seus empreendimentos. 6 Vamos: desçamos para lhes confundir a linguagem, de sorte que já não se compreendam um ao outro”. 7 Foi dali que o Senhor os dispersou daquele lugar pela face de toda a terra, e cessaram a construçãoda cidade. 8 Por isso, deram-lhe o nome de Babel, porque ali o Senhor confundiu a linguagem de todos os habitantes da terra, e dali os dispersou sobre a face de toda a terra. Fonte: DERRIDA,2002. Este mito bíblico está registrado no Antigo Testamento, per- cebe-se que há muito tempo a tradução é uma importante ferramenta de registro e compartilhamento de conhecimentos, porém ela se tornou objeto de estudo apenas na metade do século XX quando passou a ser reconhecida como campo acadêmico. 17 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S CONCEITUANDO A TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO Os conceitos de tradução e interpretação são vastos e distin- tos, dependendo da linha de estudo. Destacaremos alguns para com- preendermos as diferenças e ligações existentes entre eles. O termo tradução apresenta vários significados, entre eles os conceitos trazidos pelo dicionário on-line de português: Ação de traduzir, de passar para outra língua: tradução do português para o espanhol. Obra traduzida; texto que se traduziu: ele disse que não vai cobrar pela tradução; ler uma tradução de Homero. Ato de transpor uma mensa- gem de um formato para outro: tradução de um discurso. [Figurado] O que expressa ou reflete alguma coisa; interpretação, imagem, reflexo: tradução do pensamento de alguém. [Informática] Processo que decodifica uma lin- guagem informática; decodificação. (DICIO,2020) A autora Baker(1998) diz que a tradução é a habilidade da transferência de significados de uma língua à outra sem muitas mu- danças. Já Klein-Braley e Frankklin complementam essa ideia quando abordam que a tradução vai além de transferir significados, relaciona-se à cultura, ou seja, não são apenas léxicos e seus significados, mas o contexto que envolve a interpretação. De acordo com JAKOBSON (2007), o termo tradução pode ter duas vertentes a interlingual, aquela que envolve duas distintas línguas; a língua fonte, de origem, para a língua alvo, de chegada, a intralingual, que refere-se à tradução de termos dentro da mesa língua e a interse- miótica quando signos não verbais são traduzidos para a linguagem verbal. Conhecer o propósito e o público da língua alvo que receberá a tradução é de suma importância, haja vista que o ato tradutório, como vimos pelos autores supracitados, não está em traduzir palavra por pa- lavra, se assim fosse, o texto traduzido perderia o sentido, levando em consideração que cada língua possui gramática e cultura distintas. Vale ressaltar, portanto, que traduzir não significa apenas conhecer ou ser fluente nas línguas envolvidas, mas ter uma série de habilidades lin- guísticas e tradutórias, conhecer de maneira aprofundada as culturas de ambas línguas, fonte e língua alvo, e conhecimento acerca dos di- versos gêneros textuais. Outro fator extremamente relevante na tradução é conside- rar o contexto cujas palavras e termos estão inseridos, uma vez que uma mesma palavra pode acarretar vários significados, além disso, em qualquer língua existe metáforas, ou seja não se pode traduzir ao “pé da letra”. Ratificando essa ideia ALBIR apud LUCINDO( 2006) diz que 18 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S “tradução é um processo de reexpressão do sentido que as palavras e frases adquirem no contexto”. Dessa maneira, conclui-se que para tra- duzir é necessário que profissional tradutor tenha diferentes competên- cias, GONÇALVES e MACHADO (2006) cita uma lista de competências tradutórias que será detalhada no capítulo 2 desta unidade. Ainda sobre o conceito de tradução, QUADROS (2004) afirma que a tradução sempre abarca uma língua escrita, as diversas moda- lidades oral e sinalizada podem verter-se à língua escrita e vice-versa. Outra discussão que merece atenção apresentada pelos estu- dos da tradução como uma das suas ramificações é a interpretação, cuja atividade será verter da língua fonte para a língua alvo, podendo ser na modalidade oral ou sinalizada de maneira simultânea ou conse- cutiva. No que tange ao par linguístico Libras/Língua Portuguesa, cabe ao intérprete ter vasto conhecimento técnico, pois esse trabalho envolve processos de complexidade vasta, tendo em vista que envolve o contexto sociocultural do surdo, que deve ser levado em considera- ção, além de escolhas assertivas no que diz respeito ao léxico, estrutura gramatical e semântica; competindo a ele interpretar a língua falada para a sinalizada e vice-versa. LACERDA (2000) aborda sobre o ato tradutório, cuja profissão do tradutor-intérprete exige dar sentido da língua de origem à língua alvo, observando sempre os diferentes contextos de atuação. É na inte- ração verbal que o sentido do enunciado é construído na relação esta- belecida entre interlocutores. Por isso, não se pode afirmar que alguém que se comunique em Libras seja intérprete e do mesmo modo que muitos conhecedores da Libras não possuem habilidade para exercer tal ofício. A mesma ob- servação deve ser considerada para pais ou filhos de pessoas surdas. Essa complexidade, mencionada anteriormente, comporta variados ní- veis de aprendizagem e conhecimento (do técnico ao mestrado). Isso vai depender da demanda e do nível cultural, educativo da comunidade surda. Uma vez que os profissionais precisam ir se adequando ao nível de exigência e necessidade dos surdos que atendem. Intérprete é o profissional que domina a língua do país e tem domínio no uso da língua de sinais, possui competência e habilidades necessárias e possuir a qualificação especificada e determinada pelas legislações vigentes. No que tange ao papel desse profissional no contexto educa- cional, vale ressaltar que há uma diferenciação em relação ao profes- sor. Haja vista que este planejará e explanará o conteúdo, já aquele é responsável por interpretar as informações e mediar a comunicação entre os surdos e ouvintes de uma maneira geral. 19 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Filme sobre o assunto: A intérprete. Uma ficção que trata dos desafios do intérprete no ato inter- pretativo. “Silvia Broome (Nicole Kidman) é uma intérprete das Nações Unidas que, por acaso, ouve uma ameaça de morte a um chefe de es- tado africano, planejada para ocorrer em plena Assembleia das Nações Unidas.” Disponível no link: http://www.adorocinema.com/filmes/fil- me-52502/ TRADUTORES E INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS NO MUNDO Podemos observar algumas particularidades destacadas do documento que consta o Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos, organizado pela Doutora Ronice Müller de Quadros, a forma- ção de intérpretes na Europa. Veja algumas habilidades desenvolvidas em seus cursos: Na Bélgica: leitura labial, significado da comunicação, o con- texto do mundo de uma pessoa surda, gramática, história, psicologia e outros. Na Inglaterra, dão destaque para a fluência na BSL, preocupando-se com a comunicação e em seguida com a interpretação. Utilizam a língua de sinais e não o inglês sinalizado. Os cursos são ofertados em tempo integral e financiados com recursos do governo, já na França, o profissional deve ter domínio da língua falada, ter conheci- mento da FSL e sobre a profissão de intérprete. Os tradutores e intérpretes na Alemanha são treinados para que tenham grande habilidade em tradução e interpretação, além de conhecimento do código de ética profissional e psicologia do surdo, du- rante um período de 2 anos, priorizando a qualificação dos professores formadores e de forma subsecutiva qualificação dos alunos. Na Dina- marca, possui duração de 2 anos com abordagem do contexto psico- lógico, biológico e cultural do surdo, além dos aspectos gramaticais, sintáticos e práticas de interpretação. Na Suécia, o curso com duração de 2 anos e há necessidade de uma avaliação de proficiência. Noruega para admissão no curso, exige-sedomínio da língua de sinais. França, 20 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S possuem uma formação legalizada, com duração de 2 anos e não há exigência de conhecimento ou domínio da língua de sinais local. Os intérpretes da Itália, Holanda e Dinamarca também são formados com recursos financeiros públicos. Os registros desses pro- fissionais variam de localidade para localidade. Apenas a Espanha exi- ge qualificação profissional. Na maioria dos casos, os intérpretes são pessoas experientes e reconhecidamente competente para exercer a função. Com relação à formação de intérpretes nos Estados Unidos percebemos um avanço nesse quesito, tendo em vista que o nível de conhecimento chegou ao mestrado, com realce para a interpretação da língua de sinais, fundamentado nas habilidades de comunicação. Dura 2 anos mais 1 verão. TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS NO BRASIL Por muito tempo, o papel do tradutor e Intérprete de Libras evidenciou-se nos trabalhos voluntários, muitos desenvolviam tal fun- ção dentro da própria família quando tinha algum familiar surdo, es- pecialmente no âmbito religioso. Segundo LEITE( 2004) no Brasil, a convocação oficial de intérprete se deu por meio do Imperial Instituto Nacional dos Surdos-mudos- INES, que, posteriormente, passou a se chamar Instituto Nacional de Educação de Surdos. O INES é uma grande referência com relação ao ensino de surdos no Brasil, sua fundação se deu por meio de um professor surdo, francês, Éduard Huet, esse professor apresentou a Dom Pedro II uma proposta de uma escola para surdos, a proposta foi concebida e por muito tempo, como Huet era francês, a língua mais praticada na escola era a Língua Francesa de sinais, por isso a Libras sofre influência dessa língua, como era a única escola, recebia surdos de várias regiões do Brasil. Na década de 80, quando ingressei no quadro de profissionais dessa insti- tuição, havia um funcionário técnico-administrativo (inspetor de aluno), cha- mado Francisco Esteves, que era reconhecido e respeitado pela comunidade escolar como sendo o único profissional com domínio da língua de sinais, denominada, na época, de mímica. O sr. Esteves, como era conhecido, sina- lizava livremente com os alunos surdos nos vários ambientes do INES (cor- redores, pátio, refeitório e dormitórios), mas não tão livremente em eventos no auditório da instituição, onde, oficialmente permitido.( LEITE, 2004, p,24) 21 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Imagem 1: INES Fonte: Sintufrj, 2019 Percebe-se que a Libras era utilizada de maneira informal, sur- ge então, no ano de 1988, as comissões de lutas das pessoas com de- ficiência, essa mesma autora supracitada relata que Ana Regina Cam- pello juntamente com João Carlos Carreira Alves representaram, luta no Rio de Janeiro, os surdos nessa. Ambos tinham acesso à interpreta- ção através do corajoso trabalho da Denise Coutinho, corajoso porque, nessa época, o ato de interpretar em público era um trabalho alvo de muitas críticas, a sociedade nesse período julgava que interpretar era um retrocesso à imagem social dos surdos, bem como do intérprete. No trabalho intitulado: “Os Papéis do Intérprete de Libras na Sala de Aula Inclusiva”, a autora Emile Marques Costa Leite, narra muito bem a tra- jetória do intérprete de Libras no Brasil e relata que a primeira experiên- cia de intérprete de Libras em sala de aula ocorreu na Escola Estadual Alceu Amoroso Lima, em Laranjeiras, uma escola próximo ao INES, a turma era do ensino médio e o intérprete que desempenhou a função foi João Carlos Carreira Alves. No entanto, a profissão passou a ser evidenciada e validada à medida que a comunidade surda participasse de maneira mais efetiva na sociedade. 22 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Nessa época, os intérpretes não tinham o status profissional que hoje pos- suem, mas muitos daqueles intérpretes que atuavam nesses espaços se tor- naram, ao longo dos anos, líderes da categoria e, atualmente, participam do cenário nacional enquanto articuladores do movimento em busca da profis- sionalização desse grupo, como membros e presidentes das associações de intérpretes de Língua de Sinais no país. (QUADROS, 2008). Apenas em meados de 1988, este profissional ganhou espaço como atividade laboral. A partir da organização da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos- FENEIS, entidade filantrópica, cuja finalidade é defender os direitos dos surdos, no que tange às polí- ticas públicas em prol da educação, saúde, cultura e assistência social entre outros. QUADROS (2004) relata que, em 1988, ocorreu o I Encontro Nacional de intérpretes de Língua de Sinais organizado pela FENEIS, promoveu o intercâmbio entre intérpretes do Brasil, e, em 1992, aconte- ceu o II Encontro Nacional de Intérpretes de Língua de Sinais, cuja ini- ciativa deu pela FENEIS que além do intercâmbio entre os intérpretes no país, promoveu discussões e votação do regimento interno do De- partamento Nacional de Intérpretes fundado e a aprovação do mesmo e que entre 1993 a 1994, aconteceu alguns encontros estaduais. A Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tra- dutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais - Febrapils foi fundada no ano de 2008, cuja fundação não tem duração determi- nada, é uma entidade sem fins lucrativos e apresenta personalidade jurídica de direito privado, representante da comunidade surda e/ou sur- docega, guias, intérpretes, tradutores e também das respectivas Asso- ciações. Está focada na formação/profissionalização/atuação dos TILS- Tradutor e Intérprete de Libras, construindo uma consciência coletiva de incentivo e valorização dos profissionais dessa área. A federação supracitada tem como missão a defesa e repre- sentação das Associações dos profissionais Tradutores e Intérpretes de Libras e guia-intérpretes. Sua atuação se dá especialmente sob três pilares: Formação inicial e continuada dos TILS; Febrapils atua sob três grandes pi- lares: a formação inicial e continuada dos TILS; a profissionalização para refletir sobre a atuação dos TILS à luz do código de conduta e ética; e o engajamento político dos TILS para construir uma consciência coletiva. (FE- BRAPILS,2008) A Febrapils é parceira da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos - Feneis, esta parceria visa um trabalho que 23 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S promova e defenda diferentes ações que favoreçam a acessibilidade linguística e cultural para as pessoas surdas e surdocegas, especifica- mente, na garantia de tradução e interpretação de excelência. Ademais, trata dos diversos aspectos de cunho legal no que tange à atuação des- ses profissionais, desde o código de conduta, revezamento e trabalho em equipe, notas públicas acerca dos concursos e bancas examinado- ras para seleção de Tradutores e Intérpretes de Libras. Em 2010, a Lei Federal nº 12.319 regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete de Libras, revisando todo o contexto ético, de for- mação, de função e de atuação desse profissional.” O tradutor e intér- prete terão competência para realizar interpretação das 2 (duas) lín- guas de maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e interpretação da Libras e da Língua Portuguesa” (BRASIL,2010). Vale ressaltar que esta lei sofreu alguns vetos, dessa forma no que concerne à formação do tradutor e intérprete de Libras, a exigência é de nível mé- dio, podemos observar que não contempla a mesma exigência do que determina o Decreto 5.626/05, que exige a formação em curso superior de Tradução e Interpretação em Libras- Língua Portuguesa. Quadro 02: Lei 12.319 Presidência da RepúblicaCasa Civil Subchefia para assuntos jurídicos LEI Nº 12.319, DE 1º DE SETEMBRO DE 2010. Mensagem de veto Regulamenta a profissão de tradutor e intérprete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacio- nal decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º Esta Lei regulamenta o exercício da profissão de tradutor e intér- prete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. Art. 2º O tradutor e intérprete terá competência para realizar interpreta- ção das 2 (duas) línguas de maneira simultânea ou consecutiva e profi- ciência em Tradução e Interpretação da Libras e da Língua Portuguesa. Art. 3º (VETADO) Art. 4º A formação profissional do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível médio, deve ser realizada por meio de: I - cursos de educação profissional reconhecidos pelo Sistema que os credenciou; II - cursos de extensão universitária; e 24 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de en- sino superior e instituições credenciadas por Secretarias de Educação. Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser realizada por organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por uma das instituições referidas no inciso III. Art. 5º Até o dia 22 de dezembro de 2015, a União, diretamente ou por intermédio de credenciadas, promoverá, anualmente, exame nacional de proficiência em Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portu- guesa. Parágrafo único. O exame de proficiência em Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa deve ser realizado por banca examina- dora de amplo conhecimento dessa função, constituída por docentes surdos, linguistas e tradutores e intérpretes de Libras de instituições de educação superior. Art. 6º São atribuições do tradutor e intérprete, no exercício de suas competências: I - Efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, sur- dos e surdos-cegos, surdos-cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e vice-versa; II - Interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua Portuguesa, as atividades didático-pedagógicas e culturais desenvolvidas nas institui- ções de ensino nos níveis fundamental, médio e superior, de forma a viabilizar o acesso aos conteúdos curriculares; III - Atuar nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino e nos concursos públicos; IV - Atuar no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim das instituições de ensino e repartições públicas; e V - Prestar seus serviços em depoimentos em juízo, em órgãos admi- nistrativos ou policiais. Art. 7º O intérprete deve exercer sua profissão com rigor técnico, zelan- do pelos valores éticos a ela inerentes, pelo respeito à pessoa humana e à cultura do surdo e, em especial: I - Pela honestidade e discrição, protegendo o direito de sigilo da infor- mação recebida. II - Pela atuação livre de preconceito de origem, raça, credo religioso, idade, sexo ou orientação sexual ou gênero. III - Pela imparcialidade e fidelidade aos conteúdos que lhe couber tra- duzir. IV - Pelas postura e conduta adequadas aos ambientes que frequentar por causa do exercício profissional. V - Pela solidariedade e consciência de que o direito de expressão é 25 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S um direito social, independentemente da condição social e econômica daqueles que dele necessitem. VI - pelo conhecimento das especificidades da comunidade surda. Art. 8º (VETADO) Art. 9º (VETADO) Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 1º de setembro de 2010; 189° da Independência e 122° da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Fonte: BRASIL,2010 A Regulamentação do intérprete de Libras e tantas outras con- quistas que esta categoria vem alcançando ganhou ainda mais força e notoriedade após a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, pois esta le- gislação reconhece a Libras como meio de comunicação, sendo utilizado um sistema linguístico visual-motor, com estrutura gramatical própria em que a transmissão de fatos e ideias são provenientes das experiências das comunidades surdas brasileiras. Essa lei também rege sobre a assis- tência e acesso em locais públicos e no âmbito educacional à comunica- ção efetiva e eficiente. Nesse paradigma, Segundo QUADROS (2004), foi uma grande conquista do povo surdo e, consequentemente, favoreceu o reconhecimento do profissional intérprete de Libras no Brasil. Ademais, o Decreto nº5. 626, de 22 de dezembro de 2005 traz definições sobre quem se enquadra nos padrões de uma pessoa com deficiência sobre a inclusão das Libras como disciplina curricular nos cursos de licenciatura e fonoaudiologia de todas as instituições públicas e privadas e nos âmbitos municipal, estadual e federal e do Distrito Fe- deral. E ainda dita as regras sobre a formação do Professor de Libras e do Instrutor de Libras, assim, como os processos de certificação e proficiência que irão garantir a habilitação para a função docente. Nesse decreto, também estão regidas as responsabilidades das instituições para que garantam a inclusão dos alunos surdos ou com deficiência auditiva no meio escolar e seus direitos inerentes à saú- de, desde ações preventivas, diagnóstico e assistência. O Poder Públi- co é incluído nos capítulos do decreto, sendo expostas as suas funções em relação à concessão, permissão de serviços no que diz respeito ao uso e propagação da Libras. Além disso, o decreto supracitado determina que “as institui- ções Federais de ensino deverão proporcionar aos alunos surdos os serviços de Tradutor e Intérprete de Libras- Língua Portuguesa em sala de aula em outros espaços educacionais (BRASIL, 2005). 26 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Ainda nesse contexto legal, a comunidade conta com o Estatu- to da Pessoa com Deficiência e seu Protocolo Facultativo (Decreto Le- gislativo nº 186, de 2008, de acordo com as previsões do §3º do artigo 5º da Constituição Da República Federativa do Brasil) e instituído pela Lei 13.146, de 2015, que destina assegura e promover o exercício dos direitos e liberdades fundamentais por pessoas deficientes, buscando a inclusão social em condições de igualdade. Com relação à Educação de surdos, as diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva dizem que Para a inclusão dos alunos surdos, nas escolas comuns, a educação bilíngue - Língua Portuguesa/LIBRAS, desenvolve o ensino escolar na Língua Portu- guesa e na língua de sinais, o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua na modalidade escrita para alunos surdos, os serviços de tradutor/ intérprete de Libras e Língua Portuguesa e o ensino da Libras para os demais alunos da escola (BRASIL, 2008, p. 17) Nessa perspectiva de bilinguismo, o profissional tradutor e in- térprete de Libras ganha ainda mais notoriedade, haja vista que ele será o mediador entre surdos e ouvintes, do par linguístico Libras e Língua Portuguesa. Em sua atuação, deve levar em consideração uma série de condutas a serem seguidas, por exemplo, ser fiel ao sentido do texto que será traduzido ou interpretado de uma língua a outra, ou seja, não cabe ao intérprete interferir no conteúdo da informação, mesmo que o intuito seja o de ajudar, pois o objetivo da interpretação é que se passe o que realmente foi dito pelos envolvidos no discurso, cabe ainda a este profissional ser imparcial, ou seja não deve expor sua opinião no discur- so da interpretação e reconhecer o seu nível de competência e buscar ajuda, quando julgar necessário, para aceitar trabalhos, especialmente palestras técnicas, além disso, o intérprete deve ter uma conduta ética com relação asvestimentas, sem adereços, para que não chame aten- ção indevida para si. Outro aspecto de suma importância presente no Art. 6º do có- digo de ética é a confidencialidade, condição essencial como forma de proteção aos envolvidos no trabalho, exceto em caso de interpretação no contexto jurídico, se houver judicialmente ordem de quebra de con- fidencialidade. Ademais, no Art. 10 do referido código de ética algumas res- ponsabilidades são atribuições do TILS, entre elas a de manter infor- mados e atualizados sobre diversos assuntos referentes à profissão, capacitação e formação continuada, ter postura e apresentar aparência adequada, para um melhor desempenho da função lançar mão de co- 27 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S nhecimentos linguísticos, técnicos e científicos, além disso, ser solidário com iniciativas que favoreçam a categoria, mesmo que não traga bene- fício direto. Aos TILS são vedadas algumas atitudes, tais quais: aconse- lhar ou opinar, salvo quando for requerido pelo solicitante, atitudes de concorrência desleal ou exploração de trabalho de colegas, é vedado ainda lançar mão de informações adquiridas no ato interpretativo para benefício próprio e o uso de substâncias que possam alterar o estado psicoemocional que leve ao prejuízo do desempenho profissional. Conheça na integra o código de conduta e ética do tradutor e intérprete de Língua de sinais. Acesse o Link: https://drive.google.com/file/d/0B7ZxCOYQ0QJmTUdtZ2xI- ZHlqQ1U/view Editora: Saraiva A tradução e interpretação são imperativas para a inclusão dos surdos nos diferentes contextos, seja educacional, jurídico, empresarial e em espaços de lazer. O profissional TILS faz o papel de mediador da comunicação entre pessoas surdas e ouvintes que não se comunicam em Libras, além disso, traduz da Língua Portuguesa para a Libras, e vice-versa, textos escritos, vídeos, áudios entre outros. Em suma, o papel do profissional intérprete de Libras é de extrema relevância na sociedade, haja vista que a comunicação é pri- mordial para o desenvolvimento do ser humano, e a interpretação do para linguístico Libras/ Língua Portuguesa torna-se imprescindível para a interação dos surdos, esta atuação exige responsabilidades, capaci- tações continuadas e diferentes competências e habilidades inerentes à profissão. 28 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2019 Banca: CETREDE Órgão: Pref. Juazeiro do Norte/CE Prova: Intérprete de Libras Qual decreto regulamentou a Lei 10.46/2002 que dispõe sobre a inclusão da Libras como disciplina curricular, formação do profes- sor, instrutor e tradutor/intérprete de Libras? Decreto nº: a) 6.526/2003. b) 2.536/2015. c) 5.626/2005. d) 5.652/2003. e) 6.625/2015. QUESTÃO 2 Ano: 2019 Banca: IDECAN Órgão: IFBP Prova: Professor EBTT - Letras - Língua Portuguesa Libras A Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, conhecida como Lei Brasi- leira de Inclusão, prevê expressamente que os tradutores e intér- pretes da Libras: a) Atuantes na educação básica devem, no mínimo, possuir bacharela- do em Letras/Libras. b) Atuantes na educação básica devem possuir um curso de formação de, no mínimo 250 h/a, na área de Tradução/Interpretação e certificado de proficiência na Libras. c) Quando direcionados à tarefa de interpretar nas salas de aula dos cur- sos de graduação e pós-graduação, devem possuir nível superior, com habilitação, prioritariamente, em Tradução e Interpretação em Libras. d) Quando direcionados à tarefa de interpretar nas salas de aula dos cursos de graduação, devem possuir, no mínimo, nível médio completo, com curso de formação de, no mínimo, 250 h/a em Tradução e Interpre- tação em Libras. e) Fluentes em Língua de Sinais com curso de especialização em Libras poderão atuar como tradutor/intérprete tanto no ensino básico como na graduação, excluindo-se apenas a atuação na pós-graduação QUESTÃO 3 Ano: 2019 Banca: COMPROV/UFCG Órgão: UFCG Prova: Tradutor Intérprete de Libras A Libras é a primeira língua dos surdos brasileiros, mas ainda muitas pessoas não a conhecem. Como a necessidade de comu- nicação é uma via de mão dupla, a profissão de intérprete serve 29 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S construir possibilidades de comunicação no exercício de suas competências entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e surdos-cegos, surdos-cegos e ouvintes. No Brasil, essa realidade demanda que exista o tradutor e intérprete de Libras atuando na Li- bras e na língua portuguesa oportunizando com sua profissão que eventos comunicativos de várias ordens aconteçam, por exemplo: aulas, seminários, conferências, reuniões, etc. A partir dessas con- siderações, responda marcando a alternativa correta sobre o nú- mero da Lei que regulamenta a profissão de intérprete e a data de sua criação. a) Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000. b) Lei 12.319, de 1 de setembro de 2010. c) Lei 10.436, de 24 de abril de 2002. d) Lei 8. 313, de 23 de dezembro de 1991. e) Lei 13.146, de 6 de julho de 2015. QUESTÃO 4 Ano: 2019 Banca: COMPROV/UFCG Órgão: UFCG Prova: Tradutor Intérprete de Libras O papel do intérprete é realizar a interpretação da língua falada para a língua sinalizada e vice-versa, devendo, porém, observar os preceitos éticos. Marque a alternativa INCORRETA. a) Confiabilidade (sigilo profissional). b) Parcialidade (o intérprete não deve ser neutro e interferir com opi- niões próprias). c) Discrição (o intérprete deve estabelecer limites no seu envolvimento durante a atuação). d) Distância profissional (o profissional intérprete e sua vida pessoal são separados). e) Fidelidade (a interpretação deve ser fiel, o intérprete não pode alte- rar a informação por querer ajudar ou ter opiniões a respeito de algum assunto, o objetivo da interpretação é passar o que realmente foi dito). QUESTÃO 5 Ano: 2019 Banca: IF/PE Órgão: IF/PE Prova: Tradutor Intérprete de Linguagem de sinais-Libras A presença de intérpretes de Língua de Sinais, no Brasil, em traba- lhos religiosos foi iniciada por volta dos anos: a) 1980. b) 1990. c) 1970. d) 2000. e) 1960. 30 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE Através do código de ética profissional, o tradutor e intérprete de Libras estará orientado em sua atuação, haja vista que este profissional é o mediador da comunicação entre pessoas surdas e ouvintes, com isso, estabelece uma relação com as partes envolvidas na interação conver- sacional, o que exige uma série de responsabilidades e condutas sérias e adequadas. Nesse sentido, relate 5 preceitos éticos que o intérprete de Libras deve ter no exercício da função. TREINO INÉDITO Sobre a profissão do tradutor intérprete de Libras, todas as alternativas abaixo estão incorretas, exceto: a) Os filhos que têm pais surdos são intérpretes de Libras. b) Professores de surdos também são intérpretes de língua de sinais. c) Qualquer pessoa ouvinte que domine a Libras tem também habilida- des e competências tradutórias, podendo ser intérprete de Libras. d) É papel do intérprete ao realizar a interpretação ter sigilo profissio- nal, discrição e ser fiel ao tema da interpretação, tendo em vista que o principal objetivo da interpretação é passar de uma língua à outra o que realmente foi dito. e) De acordo com o código de ética do intérprete, este profissional deve sempre encorajar as pessoas surdas a buscarem decisões legais ou outras a seu favor. NA MÍDIA Campanha chama a atenção para a falta de acessibilidade Com o intuito de mobilizar os canais de comunicação com relação à falta de acessibilidade, a Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia- Intérpretes - Febrapils eFederação Nacional de Educação e Integração dos Surdos - Feneis lançaram a campanha #LibrasNaTV, especialmente nesse momento de pandemia os surdos relatam Dificuldade que têm para receber as informações por meio dos canais de comunicação, haja vista que a maioria não tem a janela do intérprete. “Em tempos de pandemia é urgente que as diferentes mídias respon- sáveis pelo jornalismo se responsabilizem pela garantia de acesso às informações em Libras para nossa comunidade”, diz Thiago Pereira da Silva, 35, um dos líderes da comunidade surda de Piracicaba. 31 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Fonte: Jornal de Piracicaba Data:16 de Abril de 2020 Leia a notícia na íntegra: https://www.jornaldepiracicaba.com.br/cam- panha-chama-a-atencao-para-a-falta-de-acessibilidade/ NA PRÁTICA Torna-se urgente que as emissoras de TV e demais veículos de comu- nicação se atentem para essa campanha divulgada pelo jornal e difun- dida pelas redes sociais, os canais de comunicação devem garantir o direito à acessibilidade, pois a falta dela ocasiona a falta de informações necessárias trazendo prejuízos a toda comunidade surda. São mais de 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva no Brasil, segundo dados do IBGE, um número significativo que merece todo respeito e garantia de que seus direitos serão atendidos. 32 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Dando continuidade a esta unidade, neste capítulo, buscare- mos apresentar os estudos da Tradução e Interpretação enquanto cam- po disciplinar. Como foi tratado no capitulo 1, podemos constatar que a tradução é uma atividade que existe desde sempre, a partir do momento que há culturas, povos e línguas diferentes, podemos associá-los ao ato da tradução. Dessa forma, entende-se que o campo disciplinar da Tra- dução/Interpretação não foi algo “inventado”, mas construído ao longo de uma trajetória. Alguns estudiosos começaram a perceber a impor- tância de se refletir sobre o “fazer” tradutório. Aqui, discorreremos sobre este campo disciplinar que são os estudos da tradução, a formação que ela oferece e competências necessárias a esses profissionais, intérpre- tes de língua de sinais X intérpretes de línguas orais. No decorrer do capítulo, será abordado detalhadamente quais os códigos envolvidos na atividade tradutória, mapeamentos do campo disciplinar, ferramentas para a tradução interpretação, tipos de tradu- ção/interpretação e competências necessárias ao tradutor/intérprete. FUNDAMENTOS DA TRADUÇÃO INTERPRETAÇÃO TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S 33 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO COMO CAMPO DISCIPLINAR Para entendermos a importância da Tradução/Interpretação como campo disciplinar, faz-se necessário conhecer e reconhecer o su- jeito que atuava nesse espaço e o seu objeto de trabalho antes deste se tornar objeto de estudo científico. Percebe-se que a atividade de tradu- ção pode assumir naturezas diversas, de acordo com o que está sendo transmitido. E, no decorrer da história, nota-se que esse processo foi tratado de formas diferentes, obtendo-se também resultados sociais di- ferentes, conforme a visão e crenças destes profissionais. Contextualizaremos a partir desse momento os 04 principais modelos de tradutor/intérprete no que diz respeito às línguas de sinais. (LEITE, 2004) elenca como: 1) ajudador, 2) condutor, 3) facilitador da comunicação e 4) especialista bilíngue e bicultural. Quadro 3: Modelo de “papéis” do intérprete 1 – Ajudador Tem relação com o tempo em que a profissão de intérprete se encontra- va em fase de organização, nos Es- tados Unidos, quando a maioria das pessoas (amigos ou familiares de surdos) que tinham alguma influên- cia nas duas línguas, desempenha- vam essa função. 2 – Condutor Projeta o intérprete como se fosse máquina e aparece ao longo dos últimos estágios de profissionali- zação. Na tentativa dos intérpretes em cumprir o modelo de condutor, como se fossem máquinas, surgem os problemas da qualidade e da responsabilidade pela interpretação realizada. 34 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S 3 – Facilitador da comunicação Conceito muito similar ao “Condu- tor”. Surdos e TILS começam um processo a sensibilizar-se para a hu- manidade das pessoas envolvidas na interpretação. Assim, o intérprete deixa de ser visto como máquina de tradução. 4 – Especialista bilíngue e bicul- tural É o modelo que leva em consideração os fatores situacional e cultural como sendo relevantes para o desempenho da tarefa de interpretar. Fonte: LEITE, 2004 Por muito tempo, a prática interpretativa em língua de sinais foi permeada e validada por alguns mitos, realidade é que o sujeito que desempenhava essa função era visto como alguém que detinha um co- nhecimento comunicativo, mesmo que elementar entre duas línguas. QUADROS (2004, p.29) pontua 03 principais: mitos - Professores de surdos são intérpretes de língua de sinais. O professor de surdos deve saber e utilizar muito bem a lín- gua de sinais. Mas, isso não implica ser intérprete de Língua de Sinais. Cada profissional desempenha sua função e papel que se diferenciam imensamente. - As pessoas ouvintes que dominam Língua de Sinais são intérpretes. Esse também é um equívoco, porque dominar a Língua de Si- nais não é o suficiente para a pessoa exercer a profissão de intérprete de Língua de Sinais. São necessárias habilidades e competências es- pecíficas. - Os filhos de pais surdos (codas) são intérpretes de Lín- gua de Sinais. Normalmente, os filhos de pais surdos intermediam as rela- ções entre os seus pais e as outras pessoas, mas desconhecem técni- cas, estratégias e processos de tradução/interpretação. O ato interpretativo é um ato também cognitivo-linguístico, com processos altamente complexos. Geralmente, o intérprete se coloca diante de duas pessoas que têm uma intenção comunicativa especifica, e é responsabilidade dele fazer com que isso ocorra de forma que o 35 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S produto da interpretação chegue sem influências e prejuízos que com- prometam a informação dada. Este intérprete deve ter conhecimentos técnicos e competências específicas para que suas escolhas sejam apropriadas, conseguindo, assim, a maior aproximação cultural, linguís- tica e social. Por entenderem a complexidade e necessidade de se refle- tir sobre os métodos utilizados e esse “fazer” tradutório, muitos foram os estudiosos e pesquisadores deste campo. Muitos artigos foram pu- blicados, geralmente, associados a disciplinas já estabelecidas, como: Linguística Aplicada e Literatura Comparada, mas não havia um campo específico para a Tradução/Interpretação. Essa realidade só se modifi- cou a partir do final do século XX, com James S. Holmes. A partir de 1972 através do pesquisador James homes, conso- lidou-se a tradução como um campo disciplinar institucionalizado. Em um congresso de Linguística aplicada, sediado em Estolcomo, Holmes apresentou oralmente o trabalho “The name and Nature of Translation Studies” (O nome e a natureza dos Estudos da Tradução). Apesar de ter sido publicado somente dezesseis anos depois, em 1988, é conside- rado o texto “fundacional” desse campo de estudos (VASCONCELLOS e JUNIOR, 2009). Holmes desenvolveu um mapa conceitual que descreve esse novo campo disciplinar. Posteriormente, vários outros pesquisadores fizeram novos mapas tomando como raiz este. Figura 1: Mapeamento dos Estudos da Tradução Holmes (1972) Fonte: VASCONCELLOS e JUNIOR (2009) 36 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IBR A S - G R U P O P R O M IN A S É possível notar a complexidade e especificidades do campo da tradução pela ramificação proposta nesse mapa, que faz a distin- ção entre estudos aplicados (voltados para a prática) e estudos puros (teóricos e descritivos). Para VASCONCELLOS e JUNIOR (2009, p.5), a relevância de se fazer o mapeamento de um campo disciplinar, “a constituição de seu status de profissional, e a conscientização desse profissional com relação aos possíveis desdobramentos e expressões do campo disciplinar no qual está inserido”. À medida que houveram avanços nos estudos desse campo disciplinar, consolida-se e reconhe- ce também o profissional da Tradução/ Interpretação. Fazer um mapeamento de um campo disciplinar significa, então, estabelecer os contornos e identidades de um conjunto de conhecimentos específicos, desenhando sua trajetória desde a origem e institucionalização, até os des- dobramentos atuais, coloridos por suas interfaces com outras disciplinas e práticas afins. (VASCONCELLOS, 2008, p.4). No primeiro mapa apresentado por Holmes, ainda não apa- rece o campo da Interpretação em Línguas de Sinais, nem sobre os TILS como subcategoria dos Estudos da Tradução - ET. Isso só ocorreu décadas depois, em que formas incluídas também outras subáreas im- portantes dos “ET”, como os estudos intersemióticos (principalmente, os relacionados à tradução de romances para o teatro), tradução do computador e/ou tecnológicos, dentre outros. Em 2002, o mapeamento feito por Williams & Chesterman mostra os avanços e novos desdobramentos do campo disciplinar “ET”, como podemos notar na figura 2. Figura 2: Mapeamento Estudos da Tradução Williams & Chesterman (2002) Fonte: VASCONCELLOS, 2008. 37 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Nesse mapeamento, a pesquisa na área de Tradução está di- vidida em 12 subáreas, e algo importante é que a área nove passa a contemplar a Interpretação, contendo dentro de si diferentes tópicos que elencam os tipos de interpretação, como o “Tipos Especiais de In- terpretação” que é a interpretação em Língua de Sinais e para surdos. Cada vez mais, os Estudos da Tradução abrangem um reper- tório cada vez maior de interesses disciplinares. Vamos verificar que novos interesses disciplinares emergem, adquirindo importância e sen- do apresentados como áreas sistematizadas e consolidadas, como é o caso de interpretação de línguas sinalizadas, que passam a constituir ramos do campo disciplinar”. (VASCONCELLOS e JÚNIOR, 2009, p. 7). Isso se confirma por meio da St. Jerome Publishing, uma das mais importantes editoras de obras sobre os Estudos da tradução. A tabela abaixo consta em seu sítio eletrônico e foi traduzido para o português no material “Estudos da Tradução I” da UFSC. Quadro 04: Subáreas Campo Disciplinar Tradução Interpretação - St. Jerome Publishing. 1 Tradução Multimídia e Audiovisual 2 Tradução Religiosa e Bíblica 3 Bibliografias 4 Interpretação para a Comunidade/ Interpretação de Diálogo/ Inter- pretação para Serviço Público 5 Interpretação Simultânea e de Conferência 6 Estudos Comparativos e Contrastivos 7 Estudos Baseados em Corpus 8 Interpretação Legal e Jurídica 9 Avaliação/Qualidade/Avaliação/Testes 10 História da Tradução Interpretação 11 Estudos Interculturais 38 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S 12 Estudos de Interpretação 13 Tradução Literária 14 Tradução (Auxiliada) por Computador 15 Trabalhos de Múltiplas Categorias 16 Estudos Orientados ao Processo 17 Metodologia e Pesquisa 18 Interpretação de Línguas Sinalizadas 19 Tradução Técnica e Especializada 20 Terminologia e Lexicografia 21 Gênero e Tradução 22 Tradução e o Ensino de Línguas 23 Tradução e Política 24 Tradução e a Industria da Língua 25 Políticas de Tradução 26 Teoria de Tradução 27 Formação do Tradutor e Intérprete Fonte: VASCONCELLOS e JÚNIOR, 2009. Nota-se nesse mapeamento mais subáreas, além das que tra- dicionalmente constavam no início das pesquisas voltadas para esse campo. São citados: (5) Interpretação Simultânea e de conferência, (8) Interpretação legal e jurídica, (10) História da Tradução e Interpretação, (12) Estudos de Interpretação, (18) Interpretação de Línguas Sinaliza- das, (27) Formação do Tradutor Intérprete. A Interpretação se consolida e ganha força, aparecendo cada vez mais nos desdobramentos dos 39 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Estudos da Tradução. Quanto à área (18) Interpretação de Línguas Sinalizadas(em Inglês “Signed Language Interpreting”), VASCONCELLOS (2008) apon- ta ter ocorrido algum equívoco ou “esquecimento” pela editora St. Je- rome que algum tempo depois lança uma série intitulada “The Sign Language Translator and interpreter”, é utilizado o termo ‘Sign” não “Signed”, a diferença é que uma língua sinalizada se distingue de uma língua de sinais pela estrutura das unidades oracionais. Em uma língua sinalizada, os sinais básicos seguem as categorias da língua oral do país/região onde a comunicação ocorre. Seria o que chamamos no Bra- sil de “Português Sinalizado” ou “Bimodalismo”, que é quando alguém tenta repetir a estrutura da língua portuguesa através de gestos e sinais, o que é totalmente diferente da Libras, que é a primeira língua do surdo brasileiro, tendo uma estrutura própria e totalmente independente do português falado no Brasil. O crescimento real de pesquisas e institucionalização da Tra- dução/Interpretação em Línguas de Sinais como campo disciplinar dos Estudos da Tradução, efetivou-se após a publicação em 2007 de St. Jerome Publishing com o lançamento de “The Sign Language Trans- lator e Interpreter” (Tradução e Interpretação de Língua de Sinais). O mapeamento das Línguas de Sinais faz emergir discussões quanto as identidades profissionais dos sujeitos que atuam nesse campo, e que eles tenham uma formação ampla e com bases sólidas. Até então, no decorrer desta unidade, buscamos esclarecer as diferenças entre Tradução e Interpretação e o campo disciplinar Estu- dos da Tradução. A partir disso, falaremos em que os Estudos da Tra- dução contribuem para a formação e inserção dos TILS no mercado de trabalho. Este artigo apresenta um pouco mais sobre institucionalização dos Estudos da Tradução e a criação de cursos Universitários para a formação dos tradutores e Intérpretes. JÚNIOR, João Azenha, Os Caminhos da Institucionalização dos Estudos da Tradução no Brasil. Encontro Nacional da Associação de Pós-Graduação em Letras e Linguística, PUC – SP, 2006. Disponível em: http://letras.letras.ufmg.br/gttrad/os_caminhos_da_ietb.html 40 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S COMPETÊNCIAS E HABILIDADES NECESSÁRIAS AOS TRADUTO- RES E INTÉRPRETES Como já mencionado neste material, o ato tradutório é alta- mente complexo e exige habilidades e competências específicas des- ses profissionais. Antes de adentrarmos nessas competências e habi- lidades, apresentaremos quais os códigos envolvidos e os modelos de processos de Tradução/ Interpretação, para que fique mais claro para você leitor o que envolve esse “Fazer” Tradutório. O livro “Intérprete de Libras” apresenta a proposta de tipos de tradução feitas por Ronah Jakobson (1896-1982), que são: Tradução Intralingual, Interlingual e Intersemiótica. (RODRIGUES, 2011). Tradução intralingual ou reformulação – Consiste na interpre- tação dos signos verbais por meio de outros signos dentro da mesma língua. Ou seja, é uma tradução feita dentro da mesma língua, a língua fonte e a língua alvo é a mesma. Esse tipo de tradução pode ser enten- dido como uma paráfrase. Um exemplo é quando o trabalho é feito com textos do passado ou contemporâneos e temos que buscar equivalên- cia para o que foi dito em outra épocana mesma língua, ou em que as palavras são utilizadas fora do seu contexto usual. Tradução interlingual, ou tradução propriamente dita – Consis- te na interpretação dos signos verbais por meio de alguma outra língua. Quando há transposição da mensagem de uma língua para outra, ca- racteriza-se a tradução interlingual, ela pode ser considerada um fato do bilinguísmo, pois envolve o domínio de duas línguas diferentes. [...] no nível da tradução interlingual. Não há comumente equivalência com- pleta entre as unidades de código, ao passo que as mensagens podem ser- vir como interpretações adequadas das unidades de código ou mensagens estrangeiras [...] Mas frequentemente, entretanto, ao traduzir de uma língua para outra, substituem-se mensagens em uma das línguas, não por unidades de códigos separadas, mas por mensagens inteiras de uma outra língua. Tal tradução é uma forma de discurso indireto, o tradutor recodifica e transmite uma mensagem recebida de outra fonte. Assim, a tradução envolve suas mensagens equivalentes em dois códigos diferentes (JAKOBSON, 1975 apud RODRIGUES, 2011, p.38). Tendo em vista este mundo que cada vez fica mais globaliza- do, a tradução interlingual sempre teve um papel importante nas re- lações, mediações, acordos e tratados internacionais. Com o advento da internet, sua importância cresce mais, atualmente, é fácil encontrar textos científicos e seculares em diversas línguas na rede mundial de computadores. A grande realidade é que sem a tradução alguns setores 41 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S simplesmente não funcionariam. Tradução intersemiótica ou transmutação – Consiste na inter- pretação dos signos verbais por meio de sistemas de signos não ver- bais. Como por exemplo, se passa um romance ou conto para o cinema, vídeo em história em quadrinhos, poema para ilustrações de livro, ou de música a dança, música a pintura, etc. Nos três tipos de Tradução apresentados aqui, o objetivo prin- cipal é alcançar a mensagem pretendida, em uma situação ou outra talvez se nota algum grau de omissão ou inferência nesse processo, mas todos esses resultados irão depender das escolhas e tomadas de decisões feitas pelo tradutor/intérprete. Por isso, a importância de uma formação de qualidade e adequada a essa função. Agora que já apresentamos os códigos envolvidos na Tradu- ção/Interpretação, falaremos as modalidades de processos de Tradu- ção/ Interpretação do “fazer” tradutório. São três os principais modelos de tradução: Consecutiva, Si- multânea e Intermitente. Apresentaremos os autores e o sua aborda- gem de estudo de cada uma, o que fundamenta esses modelos e como se dá o seu processo tradutório. Interpretação Simultânea – Geralmente, nessa modalidade os intérpretes trabalham em duplas e se posicionam em cabines no fun- do da sala ou em alguma posição de visão privilegiada do ambiente. Utilizam fones de ouvido para receberem a mensagem do discurso e evitarem ruídos comunicativos. Ao mesmo tempo que escutam a men- sagem na língua fonte, por um pequeno “lag time” (tempo de atraso), transmitem a mensagem no outro idioma (língua-alvo), isso de forma simultânea e ininterrupta. [..] a vantagem dessa modalidade é a possibilidade de interpretação do dis- curso para várias línguas ao mesmo tempo, com a utilização de equipamen- tos adequados. Vale lembrar que, nesse caso, o cenário mais apropriado é a atuação de intérpretes que trabalhem com todos os pares de idiomas neces- sários para o evento, evitando, assim, o uso excessivo de “relay” – quando o intérprete ouve o discurso vindo da cabine de outro idioma e não diretamente do palestrante. (PAGURA, 2003 apud SCAPOL, 2018, p.4). A interpretação simultânea pode ocorrer mesmo com os parti- cipantes não estando no mesmo espaço físico, através de áudio confe- rência ou vídeo conferência. A interpretação simultânea também pode ser feita com o intérprete sentando-se próximo a até dois ouvintes, e ele transmite de forma simultânea o discurso, também por nome “in- terpretação sussurrada, também conhecida pelos termos em francês “chuchotage” ou em inglês “whispering”” (SCAPOL, 2018, p. 4). 42 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Na interpretação simultânea em Libras o posicionamento do intérprete é um pouco diferente, se for ocorrer a interpretação da Língua Sinalizada para a Língua Oral, o intérprete, geralmente, posiciona-se sentado na primeira fileira do evento, em frente ao palestrante, enquan- to ele sinaliza simultaneamente o intérprete verbaliza para a Língua Oral o discurso feito. Se a intenção interpretativa é que seja transmitida uma mensagem da Língua Oral para a Língua de Sinais, o intérprete deve se posicionar próximo ao palestrante ou a quem será o locutor, proporcionando que esses interlocutores tenham uma visão nítida e am- pla de tudo que acontece no espaço. Alguns cuidados técnicos do intér- prete de Libras no momento da interpretação simultânea são quanto a qualidade do som que está chegando aos participantes, para que seja sem ruídos e em um volume confortável, é importante frisar também a importância de uma boa iluminação, ambiente bem iluminado, mas que essa não cause desconforto visual. Interpretação Consecutiva – É o modelo de interpretação em que o intérprete acompanha todo o discurso ou um período longo de fala do locutor, ele faz anotações e, após esse período pré-estabele- cido, assume a palavra e transmite o que foi dito em um outro idioma. (PAGURA. 2003, p. 11). O modelo de Interpretação Consecutiva comumente é utilizado em pequenos eventos ou reuniões. Situações em que o discurso não cos- tuma ser muito longo tendo em vista que é duplicado o tempo de fala in- tercalando entre locutor e intérprete. Há também uma proximidade maior entre os participantes, geralmente só com dois idiomas envolvidos. Interpretação Intermitente - “A interpretação intermitente ocorre quando se interpreta entre as partes do discurso original, imediatamen- te após o orador original ter completado algumas frases ou palavras” (TORRES, 2012, p. 89). Esse modelo é bem similar ao consecutivo, o período entre a fala do locutor e intérprete são menores. Muitos profis- sionais, “grosso” modo, dizem que o modelo intermitente seria o media- no entre o tempo da interpretação simultânea e consecutiva. Na prática, isso é bem contestável, porque o tempo de recepção e transmissão da mensagem no modelo intermitente é bem maior que na simultânea. Tanto a interpretação simultânea, quanto consecutiva e intermitente exige a mobilização de capacidades variadas, são tarefas complexas, entremeadas de pormenores, mas que no fim, dizem respeito a se poder “transpor” uma mensagem de forma mais fidedigna possível de uma língua a outra. Assim por não terem uma característica fundamental em comum, essas modalida- des de interpretação se entrecruzam, pois uma, de certa forma, é evolução da outra. (RODRIGUES, 2011, p.63). 43 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S As modalidades acima podem ser utilizadas em diferentes contextos. Por otimizar e dinamizar o tempo de processo interpretativo, atualmente o modelo de interpretação mais utilizado é a simultânea. RODRIGUES, 2011, elenca alguns pontos que evidenciam a complexi- dade e responsabilidade que envolvem esse modelo interpretativo: • Não controla a produção do discurso da mesma forma que o palestrante, já que é este quem dita o ritmo. • Não pode ter, geralmente, o mesmo alcance de compreensão do assunto tratado se comparado ao público, posto que este, usualmen- te, interessa-se por palestras e conferências que tem a ver com sua for- mação profissional, acadêmica, com seus anseios e experiências pes- soais (comumente uma pessoa não vai a um congresso técnico sobre engenharia ambiental, por exemplo, se não tiver algumaafinidade com a área, o intérprete, comparado a essa pessoa, pode possuir menor bagagem de conhecimentos e termos próprios da área). • Deve contar com a memória de curto prazo muito mais ampla do que a do palestrante e do público, haja vista que esses podem lançar mão de anotações a qualquer momento da palestra. • Deve ser capaz de coordenar de modo adequado a com- preensão do discurso na língua-fonte até a produção do discurso na língua-alvo e utilização da memória de curto prazo ao passar do estágio de que recebem (input) para o estágio do que produz (output) durante toda a interpretação. Estes filmes mostram a atuação do tradutor intérprete, tanto das Línguas Orais quanto da Língua de Sinais em situações formais de atuação de trabalho, quanto em espaços informais. O Intérprete – The Interpreter (Original) (Martin Sulik, 103 mim, Bernilale Special). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?- v=y_VaO7972XU A família Bélier - La Famille Bélier (Original) (Eric Jehelmann, 106 minutos, Mars). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?- v=FpHvIAShQ94 https://www.youtube.com/watch?v=y_VaO7972XU https://www.youtube.com/watch?v=y_VaO7972XU https://www.youtube.com/watch?v=FpHvIAShQ94 https://www.youtube.com/watch?v=FpHvIAShQ94 44 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Competências Tradutórias Como já falado, são vários os contextos, tipos e modelos de tradução e interpretação que envolvem o ato tradutório, colocando o tra- dutor/intérprete sempre em uma dinâmica alerta e com tomadas rápidas de decisão, para que alcance o seu objetivo interpretativo, que é levar uma mensagem o mais “equivalente” possível à língua alvo. Para tanto, faz-se necessário que o tradutor/intérprete tenha em sua formação e consolide em sua prática, competências que tornem esse processo cada vez mais fluido e eficaz. QUADROS (2004) apre- senta 6 categorias de competências tradutórias elencadas por Roberts (1992), que são indispensáveis ao profissional da área. Quadro 5: Competências Tradutórias. Competência linguística Habilidade em manipular com as línguas envolvidas no processo de interpretação (habilidades em enten- der o objetivo da linguagem usada em todas as suas nuanças e habi- lidade em expressar corretamente, fluentemente e claramente a mesma informação na língua-alvo), os intér- pretes precisam ter um excelente conhecimento de ambas as línguas envolvidas na interpretação (ter ha- bilidade para distinguir as ideias principais das ideias secundárias e determinar os elos que determinam a coesão do discurso). 45 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Competência para transferência Não é qualquer um que conhece duas línguas que tem capacidade para transferir a linguagem de uma língua para outra; essa competência envolve a habilidade para compreender a articulação do significado no discurso da língua fonte, habilidade para interpretar o significado da língua fonte para língua-alvo (sem distorções, adições ou omissões), habilidade para transferir uma mensagem na língua fonte para a língua-alvo sem influência da língua fonte e habilidade para transferir da língua fonte para língua-alvo de forma apropriada do ponto de vista do estilo. Competência metodológica Habilidade em usar diferentes mo- dos de interpretação (simultâneo, consecutivo, etc.), habilidade para escolher o modo apropriado diante das circunstâncias, habilidade para retransmitir à interpretação, quando necessário, habilidade para encon- trar o item lexical e a terminologia adequada avaliando e usando-o com bom senso, habilidade para recordar itens lexicais e terminologias para uso no futuro. Competência na área Conhecimento requerido para com- preender o conteúdo de uma men- sagem que está sendo interpretada. 46 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Competência bicultural Profundo conhecimento das culturas que subjazem as línguas envolvidas no processo de interpretação (co- nhecimento das crenças, valores, experiências e comportamentos dos utentes da língua fonte e da língua- -alvo e apreciação das diferenças entre a cultura da língua fonte e a cultura da língua-alvo). Competência técnica Habilidade para posicionar-se apro- priadamente para interpretar, habi- lidade para usar microfone e habili- dade para interpretar usando fones quando necessário Fonte: QUAROS, 2004. Estudos desenvolvidos tempos depois acrescentam novas competências e frisam a importância da competência linguística, esta, que nesta unidade, já abordamos seu conceito. Dentre as novas com- petências que passam a compor esse universo, uma muito importante ao Tradutor/Intérprete é a competência referencial “ refere-se ao de- senvolvimento da capacidade de buscar conhecer e familiarizar com os referentes dos diversos universos em que uma atividade de Tradução/ Interpretação pode ocorrer.” (VASCONCELLOS e JÚNIOR, 2009, p.15). Isso significa, que mesmo o tradutor/intérprete não tenha conhecimen- tos específicos em determinada área como: médica, judicial, etc., mas ele pode aprender a buscar isso através de estratégias especificas e desenvolver um processo de tradução/interpretação com qualidade. Um pesquisador brasileiro chamado José Luiz Gonçalves em parceria com Ingrid Nunes Machado publicou, em 2006, um artigo que apresenta o panorama do ensino da Tradução no Brasil, bem como um quadro de competências necessárias a esses sujeitos. VASCONCE- LLOS e JÚNIOR (2011) apresentam e tecem comentários sobre este mapeamento. 47 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S Imagem 2: Categorias de Competências Fonte: VASCONCELLOS e JÚNIOR, 2011. Essa imagem apresenta 17 categorias descritas pelos autores, como sendo competências necessárias ao tradutor/intérprete, gosta- ríamos de poder nesse caderno apresentar detalhadamente cada uma delas, mas esse estudo se faz necessário também com atividades prá- ticas, por isso, para que possa continuar avançando em seus estudos, sugerimos que busque aprofundar os seus conhecimentos através das publicações na área, e mais que isso, quando pensamos em tradução/ interpretação, sabemos que é um ato cognitivo-linguístico prático, por isso, também é importante associar os conhecimentos adquiridos aqui a sua prática interpretativa. 48 TR A D U Ç Ã O E IN TE R P R E TA Ç Ã O D E L IB R A S - G R U P O P R O M IN A S INTÉRPRETES DE LÍNGUAS ORAIS x INTÉRPRETES DE LÍNGUA DE SINAIS: TRAJETÓRIAS PROFISSIONAIS Para finalizarmos esse capítulo, faremos alguns paralelos so- bre as diferenças e semelhanças dos tradutores/intérpretes de Línguas de Sinais e os das línguas orais. No que diz respeito às competências, habilidades e complexidade do “fazer” tradutório. Esses profissionais lidam com o mesmo objeto e buscam os mesmos resultados, que é a transmissão de uma mensagem da forma mais “equivalente” possível. As maiores diferenças entre esses profissionais estão relacio- nadas ao campo de trabalho e ao relacionamento e proximidade que costumam ter com os seus clientes. Como é descrito por PEREIRA (2008). Quadro 6: Intérpretes de Línguas Orais X Intérpretes de Línguas de Sinais. Tradutores e Intérprete de Lín- guas Orais Tradutores e Intérprete de Lín- guas Sinais 1 - Interpretam de/ para línguas orais. 2 - Seus clientes são pessoas ouvintes de diferentes em tornos geográficos. 3 - Seu campo de trabalho limita-se, normalmente, a encontros interna- cionais. 1 - Intérprete de/ para alguma língua de sinais. 2 - Seus clientes são pessoas sur- das e ouvintes do mesmo entorno geográfico. 3 - Seu campo de trabalho é tão amplo quanto as necessidades comunicativas e de informação de seus clientes. Diferenças nas Áreas de Atuação 1 - Tradução escrita
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