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Parnasianismo O Parnasianismo foi um movimento literário de caráter exclusivamente poético, que surgiu na França, na segunda metade do século XIX. Por conta das novas descobertas e invenções da época, os parnasianos buscavam interpretar as questões humanas através do materialismo, cientificismo e positivismo. O contexto da época envolvendo revolução industrial, invenções e grande avanço na economia fez com que a mentalidade das pessoas mudassem, refletindo até mesmo nas obras, deixando a emoção do Romantismo de lado e dando lugar a impessoalidade e valorização da ciência. Características do Parnasianismo Objetividade: Os temas tratados são baseados na realidade. Impessoalidade: As emoções do escritor e o que ele pensa sobre não interferem na abordagem do tema. Valorização da estética: Buscam a perfeição na estética, pois nesse movimento a poesia é valorizada por sua beleza em si. Então utilizam: · Vocabulário culto. · Mesmo número de sílabas poéticas para cada verso. · Descrição de cenas e objetos. · Não utilização de palavras da mesma classe gramatical. · Predomínio de termos eruditos e raros. Valorização da Mitologia e da cultura clássica: É muito comum esses temas aparecerem nas poesias parnasianas. Destaque ao erotismo e à sensualidade da mulher. Vaso Chinês Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o Casualmente, uma vez, de um perfumado Contador sobre o mármor luzidio, Entre um leque e o começo de um bordado. Fino artista chinês, enamorado Nele pusera o coração doentio Em rubras flores de um sutil lavrado, Na tinta ardente, de um calor sombrio. Mas, talvez por contraste à desventura – Quem o sabe? – de um velho mandarim Também lá estava a singular figura: Que arte, em pintá-la! A gente acaso vendo-a Sentia um não sei quê com aquele chim De olhos cortados à feição de amêndoa. Alberto de Oliveira Oposição ao RomantismoParnasianismo: · Valorização da cultura clássica. · Estética perfeita · Impessoalidade · Objetividade · Destaque ao erotismo e sensualidade da mulher. Romantismo: · Oposição ao Clássico. · Versos livres. · Indivíduo como centro das atenções. · Sentimentalismo. · Fuga da realidade. · Exaltação do amor e da mulher O Espelho de Vênus Por Edward Burne A Cavalgada A lua banha a solitária estrada. Silêncio! … Mais além, confuso e brando, O som longínquo vem se aproximando Do galopar de estranha cavalgada. São fidalgos que voltam da calçada; Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando, E as tropas a soar vão agitando O remanso da noite embalsamada… E o bosque estala, move-se, estremece… Da cavalgada o estrépito que aumenta Perde-se após no centro da montanha. E o silêncio outra vez soturno desce… E límpida, sem mácula, alvacenta, A lua a estrada solitária banha… Raimundo Correia Adeus À Europa Adeus, oh terras da Europa! Adeus, França, adeus, Paris! Volto a ver terras da Pátria, Vou morrer no meu país. Qual ave errante, sem ninho, Oculto peregrinando, Visitei vossas cidades, Sempre na Pátria pensando. De saudade consumido, Dos velhos pais tão distante, Gotas de fel azedavam O meu mais suave instante. As cordas de minha lira Longo tempo suspiraram, Mas alfim frouxas, cansadas De suspirar, se quebraram. Oh lira do meu exílio, Da Europa as plagas deixemos; Eu te darei novas cordas, Novos hinos cantaremos. Adeus, oh terras da Europa! Adeus, França, adeus, Paris! Volto a ver terras da Pátria, Vou morrer no meu país." Gonçalves de Magalhães A Liberdade Guiando o Povo por Eugène Delacroix Monte Parnaso O nome Parnasianismo deriva Do termo “Parnaso”, que segunda a lenda da mitologia grega era o monte da Fócida, na Grécia Central, consagrada ao Deus Apolo e as musas da poesia. A escolha do nome provocou o interesse dos parnasianos pela tradição clássica. Acreditavam que, apoiando-se nos modelos clássicos, estariam combatendo os exageros de emoção e fantasia do Romantismo e, ao mesmo tempo, garantindo o equilíbrio que desejavam. “Achei que o fato do nome ser relacionado à mitologia grega reforça mais ainda o gosto pelo tema mitológico.” A Tríade Parnasiana Formada pelo fato de três autores terem se destacado mais no movimento, sendo eles Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira. Sobre eles Olavo Bilac (1865-1918) Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 16 de dezembro de 1865. Filho do cirurgião do exército, Brás Martins dos Guimarães e de Delfina Belmira Gomes de Paula, só conheceu o pai em 1870, quando este voltou da Guerra do Paraguai. Teve uma infância cercada de histórias e hinos militares. Dedicou-se à poesia e ao jornalismo, publicou suas primeiras poesias, em 1883, na Gazeta Acadêmica. Em 1888, Olavo Bilac publicou seu primeiro livro, Poesias, contendo as Panóplias, Via Láctea e Sarças de Fogo. Em 1889, a letra do Hino à Bandeira. Opondo-se ao governo de Floriano Peixoto, em 1893, foi preso e exilado em Ouro Preto, então capital de Minas Gerais, onde escreveu “O Caçador de Esmeraldas”. Em 1897, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Em 1907, no auge da popularidade, é eleito o primeiro Príncipe dos Poetas Brasileiros, O livro “Profissão de Fé” se tornou uma espécie de postulado do Parnasianismo. Para ele, o poeta deveria trabalhar as palavras minuciosamente, procurando a perfeição formal, a pureza linguística e a elegância do vocabulário. Poesias, 1888 Via Láctea, 1888 Sarças de Fogo, 1888 Crônicas e Novelas, 1894 O Caçador de Esmeraldas, poesia, 1902 As Viagens, poesia, 1902 Alma Inquieta, poesia, 1902 Poesias Infantis, 1904 Crítica e Fantasia, 1904 Tratado de Versificação, 1905 Conferências Literárias, 1906 Ironia e Piedade, crônicas, 1916 A Defesa Nacional (1917) Tarde, poesia, 1919 (publicação póstuma) Raimundo Correia (1859-1911) Raimundo da Mota de Azevedo Correia era filho do Desembargador José Mota de Azevedo Correia e de Maria Clara Vieira da Silva. Nasceu dentro de um navio ancorado em água maranhenses , em 13 de maio de 1859. Estudou no Rio de Janeiro, no Colégio Nacional, hoje Pedro II. Em 1879 estreia na literatura com a obra Primeiros Sonhos. Em 1882 formou-se advogado pela Faculdade de Direito de São Paulo. Em 1883, publica Sinfonias, no qual se encontra seu mais conhecido soneto, As pombas, que lhe rendeu o epíteto de “poeta das pombas”. No ano de 1897 ele tornou-se sócio fundador da Academia Brasileira de Letras. Nela, ocupou a cadeira 5, cujo patrono era Bernardo Guimarães, e seu sucessor na cadeira foi Osvaldo Cruz. Ele se diferencia um pouco dos demais parnasianos porque sua poesia é marcada por um forte pessimismo, chegando até a ser sombria. Temas principais: Natureza - Melancolia da existência. Características básicas: Recursos visuais (plásticos) e sonoros na confecção dos versos - Tentativa de um sentido filosofante na poesia em geral. Obras: Primeiros Sonhos (1879) Sinfonias (1883) Versos e Versões (1887) Aleluias (1891) Poesias (1898) Alberto de Oliveira(1857-1937) Antônio Mariano Alberto de Oliveira, nasceu em Palmital de Saquarema, RJ, em 28 de abril de 1857. Era filho de José Mariano de Oliveira e de Ana Mariano de Oliveira. Diplomou-se em Farmácia, em 1884, e cursou a Faculdade de Medicina até o terceiro ano, onde foi colega de Olavo Bilac, com quem, desde logo, estabeleceu as melhoresrelações pessoais e literárias. Em 1892, foi oficial de gabinete do presidente do Estado, Dr. José Tomás da Porciúncula. De 1893 a 1898, exerceu o cargo de diretor geral da Instrução Pública do Rio de Janeiro. livro de estreia na literatura, em 1877, as Canções românticas. Concretiza-se o forte pendor pelo objetivismo e pelas cenas exteriores, o amor da natureza, o culto da forma, a pintura da paisagem, a linguagem castiça e a versificação rica. Durante toda a carreira literária, colaborou também em jornais cariocas: Gazetinha, A Semana, Diário do Rio de Janeiro, Mequetrefe, Combate, Gazeta da Noite, Tribuna de Petrópolis, Revista Brasileira, Correio da Manhã, Revista do Brasil, Revista de Portugal, Revista de Língua Portuguesa. Era um apaixonado bibliófilo, e chegou a possuir uma das bibliotecas mais escolhidas e valiosas de clássicos brasileiros e portugueses, que doou à Academia Brasileira de Letras. Temas principais: Natureza - Descritivismo de objetos Característica básica: Adesão completa e rígida a todos os princípios do movimento Obras: A Galera de Cleópatra À Minha Filha A Ti A vingança da porta Afrodite Alma em Flor Aparição nas Águas Aspiração Beijos do céu Bíblia do Sonho Caminho da Saudade Choro de vagas Cinco Sentidos Contraste Crescente de Agosto Flores Azuis Floresta convulsa Horas mortas Lição Quotidiana Lisboa entre outras ... Poemas da Tríade Fogo- Fátuo Cabelos brancos! dai-me, enfim, a calma A esta tortura de homem e de artista: Desdém pelo que encerra a minha palma, E ambição pelo mais que não exista; Esta febre, que o espírito me encalam E logo me enregela; esta conquista De ideias, ao nascer, morrendo na alma, De mundos, ao raiar, murchando à vista: Esta melancolia sem remédio, Saudade sem razão, louca esperança Ardendo em choros e findando em tédio; Esta ansiedade absurda, esta corrida Para fugir o que o meu sonho alcança, Para querer o que não há na vida! Olavo Bilac Beijos do céu Sonhei-te assim, ó minha amante, um dia: - Vi-te no céu; e, enamoradamente, de beijos, a falange resplendente dos serafins, teu corpo inteiro ungia... Santos e anjos beijavam-te... Eu bem via, beijavam todos o teu lábio ardente; e, beijando-te, o próprio Onipotente, o próprio Deus nos braços te cingia! Nisto, o ciúme - fera que eu não domo - despertou-me do sonho; repentino vi-te a dormir tão plácida a meu lado... E beijei-te também, beijei-te.., e, ai! como achei doce o teu lábio purpurino, tantas vezes assim no céu beijado! Alberto de Oliveira As Pombas Vai-se a primeira pomba despertada... Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas De pombas vão-se dos pombais, apenas Raia sangüínea e fresca a madrugada. E a tarde, quando a rígida nortada, Sobra, aos pombais, de novo, elas, serenas Ruflando as asas, sacudindo as penas Voltam todas em bando e em revoada... Também dos corações onde abotoam, Os sonhos, um por um, céleres voam Como voam as pombas dos pombais; No azul da adolescência as asas soltam, Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam E eles aos corações não voltam mais... Raimundo Correia
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