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//////////////// - 1 - //////////////// - 2 - Tiago Soares Barcelos Mário Cesar Souza de Oliveira José Augusto Tavares Ferreira (In Memorian) Organizadores DESENVOLVIMENTO, NATUREZA E GESTÃO: ESTUDOS PARA UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL VirtualBooks Editora //////////////// - 3 - © Copyright 2021, Organizadores e Autores 1ª edição 1ª impressão (Publicado em abril de 2021) Todos os direitos reservados e protegidos pela lei no 9.610, de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito do detentor dos direitos, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) DESENVOLVIMENTO, NATUREZA E GESTÃO - ESTUDOS PARA UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL. Organizadores e Autores. Pará de Minas, MG: VirtualBooks Editora, Publicação 2021. Ebook no formato PDF ISBN 978-65-5606-139-9 CDD- 658. Administração. CDD- 657. Contabilidade. Crescimento econômico; Sustentabilidade; Economia; Ambiente natura; biodiversidade; economia ecológica;Assistência Social; População em situação de rua; Fundo Municipal de Assistência Social. _______________ Livro publicado pela VIRTUALBOOKS EDITORA – livros impressos e e-books. http://www.virtualbooks.com.br Fone / WhatsApp (37) 99173-3583 - capasvb@gmail.com mailto:capasvb@gmail.com //////////////// - 4 - SUMÁRIO INTRODUÇÃO // 9 CAPÍTULO I O ECOSSISTEMA QUE CONTÉM E SUSTENTA O TODO // 19 Maysa Tharsilla da Silva Lima Wendel Barbosa da Costa Tiago Soares Barcelos Mário Cesar Sousa de Oliveira CAPÍTULO II A DICOTOMIA ENTRE CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL // 50 Jéssica Maria Fernandes Graceis Larissa de Souza Costa Tiago Soares Barcelos Mário Cesar Sousa de Oliveira CAPÍTULO III MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO // 65 Luany Silva Noleto Stephany Kelly Vieira de Souza Tiago Soares Barcelos Mário Cesar Sousa de Oliveira //////////////// - 5 - CAPÍTULO IV LOGÍSTICA REVERSA: DA DEFINIÇÃO À FINALIDADE // 93 Isabella Pereira Pinto Lucas Rios Caldas Tiago Soares Barcelos Mário Cesar Sousa de Oliveira CAPÍTULO V PASSIVOS AMBIENTAIS E A DESENGENHARIA DOS COMPLEXOS INDUSTRIAIS // 120 Alex Santos Alves Jhefinir Reis da Silva Lara Souza Santos Tiago Soares Barcelos Mário Cesar Sousa de Oliveira CAPÍTULO VI ENSAIO TEÓRICO SOBRE O PAPEL DO ESTADO NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO // 140 Nilzete Vieira dos Santos Tânia Moreira Araújo Vieira Tiago Soares Barcelos Mário Cesar Sousa de Oliveira //////////////// - 6 - CAPÍTULO VII GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: PROPOSTA DE CUMPRIMENTO DA LEI Nº 12.305/2010 NO MUNICÍPIO DE RONDON DO PARÁ/PA Á LUZ DO MUNICÍPIO DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON/PR // 155 Francisca Meire de Lira Siqueira Mavenira Gomes Tiago Soares Barcelos Mário Cesar Sousa de Oliveira CAPÍTULO VIII QUEIMA INADEQUADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS E A GESTÃO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE RONDON DO PARÁ // 174 Maria Edinazelia de Aguiar Rocha Miraci Matos do Carmo Tiago Soares Barcelos Mário Cesar Sousa de Oliveira CAPÍTULO IX COVID-19: ESTUDO DE CASO DA DISPENSAS DE LICITAÇÃO NAS COMPRAS PÚBLICAS DO ESTADO DO PARÁ // 192 David Nogueira Silva Marzzoni Tiago Soares Barcelos Mário Cesar Sousa de Oliveira //////////////// - 7 - CAPÍTULO X DISTRIBUIÇÃO DE RENDA E O DESIGUALDADE ECONOMICA: UM OLHAR SOBRE O MUNICÍPIO DE RONDON DO PARÁ // 212 Elky Cris da Silva Nazaré Letícia Nascimento Maciel Tiago Soares Barcelos Mário Cesar Sousa de Oliveira CAPÍTULO XI ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO: PREÇO DE REFERÊNCIA EM LICITAÇÕES // 243 Elder Carlos dos Santos Silva Tiago Soares Barcelos Mário Cesar Sousa de Oliveira CAPÍTULO XII POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS AOS MUNICÍPES EM SITUAÇÃO DE RUA: UMA ANÁLISE DO FUNDO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL EM RONDON DO PARÁ/PA // 264 Ana Carolina Coimbra Oliveira de Almeida Isabela Garcia de Sousa dos Santos Tiago Soares Barcelos Mário Cesar Sousa de Oliveira //////////////// - 8 - CAPÍTULO XIII EQUILÍBRIO ENTRE A DÍVIDA PÚBLICA SUSTENTÁVEL E O DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL NA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO CARAJÁS // 283 Laize Almeida de Oliveira Maiara Roldão Tiago Soares Barcelos Mário Cesar Sousa de Oliveira //////////////// - 9 - INTRODUÇÃO “Os analfabetos do século 21 não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender” Alvin Toffler (1928-2016) Este é o segundo livro da série Coletâneas Acadêmicas, organizado pela Faculdade de Administração, em parceria com a Faculdade em Ciências Contábeis, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, localizada em Rondon do Pará. Toda sua proposta nasce pela iniciativa dos (as) discentes da graduação em Administração e os (as) pós-graduandos (as) em Gestão Pública e Tributária. É uma felicidade e honra para nós, docentes e organizadores desse projeto, acompanhar o desenvolvimento surpreendente dos discentes, demonstrando que políticas públicas inclusivas, no interior do Pará, são elementares para formação de profissionais de alto nível, críticos e pragmáticos. Logo, a educação, como obrigação do Estado, é o principal caminho para o desenvolvimento, demonstrando o quão acertado foi a criação do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas no município de Rondon do Pará. Esse é o caminho para o progresso, para um país soberano e sério, calcado no conhecimento dos indivíduos para a máxima expressão de liberdade. O conhecimento nos tempos modernos consiste em uma forma de carta de alforria aos indivíduos, desprendendo de amarras pretéritas de um sistema econômico excludente, dentro de uma globalização da indiferença. Para tanto, se torna mais que necessário compreender os problemas atuais em duas escalas espaciais, //////////////// - 10 - da totalidade ao local. Desse modo, percebemos que nas últimas décadas ocorre uma alteração do vir-a-ser, isso, dentro de um sistema de produção e reprodução da vida humana, calcada sobretudo, no modelo capitalista. Essa armadilha social cuja pauta são as riquezas materiais por meio do consumo conspícuo imediato. Esse consumo representa o momento de reflexão e ponderação do devir social. Assim, compreendemos que não é possível visualizar a totalidade espacial, mas ao menos podemos pensar em sua concomitância, principalmente quando relacionada aos nossos impactos no planeta, cuja reflexão consiste no virão- a-ser. Nesse sentido, é importante compreender que a sociedade ocidental, remontando ao ideário iluminista, sai de uma natureza frágil em direção a uma sociabilidade que altera não apenas aos próprios indivíduos, mas também, e profundamente, à própria natureza. Essa dinâmica de um devir social se constrói a partir de uma perspectiva que confiava plenamente na impossibilidade da escassez dos recursos naturais. O ideário hegemônico consiste na falácia de uma constante renovação do ambiente natural e adaptação deste ao modo de vida humano. Seres que por intermédio da racionalidade podem erigir em um mundo natural distante da naturalidade por meio da exploração, alteração e manipulação dos recursos disponíveis. Dessa maneira, o capitalismo apresenta-se como sistema de produção e reprodução da vida humana, sob a legislatura de um mercado de contínua abastança e escassez; o capitalismo traz um modo de exploração, traz um possível molde de um mundo mais seguro para o desenvolvimento das sociedades em vulnerabilidade natural (sociedade). Nesse sentido, ele (capitalismo) também nos torna frágil frente às respostas que obtemos de um meio natural não ////////////////- 11 - mais renovável e constantemente assolado pelas alterações profundas decorrentes da conduta humana. Se, por um lado, nosso trunfo sobre a naturalidade é a atividade sensível, subjetividade objetivada e objetividade subjetiva, ou seja, o trabalho humano como égide das transformações que nos fazem demiurgos de um mundo novo, entrecruzado e, ao mesmo distante da naturalidade inicial à qual estávamos submetidos. Por outro lado, a constante necessidade por mercadorias forjadas por uma artificialidade ideal do mercado como forma controladora não apenas dos recursos, mas também das individualidades, nos impõe uma fragilidade para a qual não estávamos preparados. Dessa forma, o nosso tempo atual é o da ponderação sobre o nosso devir social, diante de um modo de exploração e alteração natural sob o qual vivemos - num suposto bem-estar - e que começa a nos transtornar diante de suas recentes consequências e também da percepção e do prognóstico daquilo que pode nos esperar adiante. Refletindo sobre as consequências e prognósticos que foi organizado o presente livro, sendo dividido em duas partes centrais: 1) modelos macros, analisando a superfície que se encontram as noções de totalidade; e 2) modelos micros, apresentando problemas e soluções do local, em especial o município de Rondon do Pará. Esse livro foi dividido em 13 capítulos, de forma indisciplinar, estando assim distribuídos: LINHA 1: MODELOS MACRO PARA A TOTALIDADE 1) Capítulo I – O ecossistema que contém e sustenta o todo – organizado por Maysa Tharsilla da Silva Lima e Wendel Barbosa da Costa. Esse capítulo versa sobre a importância dos sistemas ecológicos //////////////// - 12 - para o sistema econômico, sendo esses indissociáveis. Nos oferece uma leitura ecológica de suma importância, afinal, os sistemas econômicos não devem desconsiderar o primado biológico e físico de seus sistemas, estando bastante alinhado com as linhas da economia ecológica. 2) Capítulo II – A dicotomia entre crescimento, desenvolvimento econômico e desenvolvimento sustentável – organizado por Jéssica Maria Fernandes Graceis e Larissa de Souza Costa. O debate proposto pelos autores segue a linha crítica aos atuais modelos hegemônicos da economia. O crescimento econômico preconizado pelos pensamentos neoclássicos liberais desconsidera em seus modelos o ambiente natural, dando a falsa sensação da possibilidade de crescimento infinito dentro de um planeta finito. Logo, se torna mais que necessário dar maior atenção aos modelos de desenvolvimento sustentável, por mais controversos que sejam, representando uma revolução na ação humana. 3) Capítulo III – Mecanismos de desenvolvimento limpo – organizado por Luanny Silva Noleto e Stephany Kelly Vieira de Souza. Visando apresentar alternativas sustentáveis, foi trabalhado nesse capítulo os mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL) integrado a proposta do Protocolo de Quioto. Visando a redução dos gases do efeito estufa essa alternativa se mostra eficiente aos modelos de desenvolvimento sustentável. Apesar dos países mais poluidores (EUA e China) não aderirem as cláusulas do protocolo, essa estratégia continua moderna, necessária no porvir, garantindo assim a perpetuação da espécie humana. //////////////// - 13 - 4) Capítulo IV – Logística reversa: da definição a finalidade – organizado por Isabella Pereira Pinto e Lucas Rios Caldas. A logística reversa é outra ferramenta indispensável ao pensarmos em desenvolvimento sustentável. Devido ao consumo conspícuo e a crescente demanda por bens materiais da sociedade, os sistemas produtivos necessitam em suas políticas empresariais uma destinação aos seus resíduos e rejeitos. O desperdício de natureza deve ser minimizado ao máximo, para garantir bons resultados organizacionais em devir. 5) Capítulo V – Passivos ambientais e a desengenharia dos complexos industriais – organizado por Alex Santos Alves, Jhenifer Reis da Silva e Lara Souza Santos. O Antropoceno é uma realidade irrefutável, em que a ação humana está modificando substancialmente os ecossistemas do planeta. Além disso, os passivos ambientais consistem em problemas graves em diversos territórios, afetando diversas populações. Visando soluções para mitigação dos passivos ambientais, a proposta apresentada nesse capítulo versa sobre a desengenharia dos complexos industriais. A desengenharia deve ser entendida como o final do ciclo de vida dos mais diversos projetos, dando uma solução a um novo uso do solo de um empreendimento industrial. Nada é eterno, e estruturas modernas do presente se transformaram em rugosidades espaciais no futuro, logo, se torna necessário um processo reverso de engenharia. Da mesma forma que se ensina a construir, deve-se aprender a desconstruir. 6) Capítulo VI – Ensaio teórico sobre o papel do Estado no desenvolvimento econômico – organizado por Nilzete Vieira dos Santos e Tânia //////////////// - 14 - Moreira Araújo Vieira. Fechando a linha macro temos nesse estudo sobre a importância do Estado para impulsionar o desenvolvimento econômico. O Estado é sim um forte aliado do mercado, mas se o objetivo for apenas o crescimento econômico, terão uma inação generalizada pelas instituições, calcadas no mercado. Esse tipo de modelo excludente deve ser superado, em que o Estado represente os anseios da sociedade, do espaço dos comuns. Para mitigar as desigualdades, por um processo de inclusão social, torna-se necessário políticas públicas inclusivas, pautadas no desenvolvimento sustentável e na participação popular. LINHA 2: MODELOS MICRO PARA O LOCAL 7) Capítulo VII – Gestão de resíduos sólidos: uma proposta de cumprimento da Lei n° 12.305/2010 no município de Rondon do Pará/PA: uma abordagem comparativa – organizado por Francisca Meire de Lira Siqueira e Maverina Gomes. É responsabilidade do poder público a gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), devido Política Nacional de Resíduos Sólidos, a partir da Lei nº 12.305/2010. Esse capítulo nos apresenta um estudo comparativo entre dois municípios, sendo Rondo do Pará, localizado no sudeste do Pará e o município paraense de Marechal Cândido Rondon. É possível perceber que com vontade política todo e qualquer município pode se tornar referência no desenvolvimento sustentável, utilizando das lições aprendidas a nível municipal. //////////////// - 15 - 8) Capítulo VIII – Queima inadequada de resíduos sólidos domésticos e a gestão ambiental no município de Rondon do Pará – organizado por Maria Edinazelia de Aguiar Rocha. Derivado de um modelo de crescimento econômico desordenado e insustentável no presente momento, um dos maiores desafios da espécie humana está relacionado aos resíduos sólidos. Esse trabalho visa apresentar aos leitores a problemática da queima inadequada de resíduos sólidos domésticos, e a necessidade de uma gestão ambiental eficiente. Utilizando o município de Rondon do Pará, apresenta a problemática no habito da população na incineração como método de descarte, carecendo de políticas para coibir essa prática. 9) Capítulo IX – Covid-19: estudo de caso da dispensa de licitações nas compras públicas do Estado do Pará – organizado por David Nogueira Silva Marzzoni. A pandemia da Covid-19 materializa a fragilidade do ser humano diante da complexidade ecossistêmica do planeta. Nesse sentido, ficou claro a importância do Estado e suas instituições na atuação ao seu combate, carecendo de medidas de fiscalização para aqueles maus gestores, que utilizam o dinheiro dos pagadores de impostos para benefício próprio. Logo, se torna necessário o máximo de transparência nas licitações públicas, otimizando os recursos públicos. Esse estudo apresenta um panorama geral sobre os gastos públicos no Estadodo Pará nesse momento de calamidade pública. //////////////// - 16 - 10) Capítulo X – Distribuição de renda e desenvolvimento sustentável: um olhar sobre o município de Rondon do Pará – organizado por Elky Cris da Silva Nazaré e Letícia Nascimento Maciel. Esse capítulo versa sobre a importância da distribuição de renda, elementar ao se pensar em desenvolvimento sustentável. Fazendo um resgaste histórico das políticas mediáveis ao combate à pobreza, apresenta a evolução desse pensamento, até o momento da criação da lei intitulada The 1601 Act for the Relief of the Poor (A Lei de 1601 para o alívio dos pobres). A humanidade trava um combate com a pobreza desde suas origens, mas nada justifica tamanha desigualdade dentro do moderno sistema econômico. Nesse sentido, a distribuição de renda deve ser compreendida como um direito fundamental e humano, na busca por mecanismos de distribuição justa. As autoras levam esse debate até o município de Rondon do Pará, demonstrando a importância de políticas inclusivas, como a renda mínima, para as famílias mais vulneráveis desse sistema excludente. 11) Capítulo XI – Economia do setor público: preço de referência em licitação – organizado por Elder Carlos dos Santos Silva. Esse capítulo oferece um debate sobre a administração pública com relação as licitações públicas. As compras no setor público não é uma função meramente burocrática, e sim, estratégica, por relacionar as melhores condições comerciais e técnicas. O autor apresenta as principais noções, conceitos e categorias sobre licitação pública, realizando posteriormente um estudo de caso na Secretária Municipal de Itinga do //////////////// - 17 - Maranhão. Percebe-se a importância da transparência nos processos, valorizando o custo/benefício do produto e serviço a ser ofertado para as instituições do Estado. 12) Capítulo XII – Políticas públicas voltadas aos munícipes em situação de rua: uma análise do fundo municipal de assistência social em Rondon do Pará – organizado por Ana Carolina Coimbra Oliveira de Almeida e Isabela Garcia de Souza dos Santos. Ao pensarmos em modelos distributivos e políticas públicas inclusivas, a assistência social é fundamental para o acesso a indivíduos em situação de vulnerabilidade. As autoras apresentam uma preocupação especial aos moradores em situação de rua, demonstrando o papel da assistência social para garantir o direito do cidadão e o papel do Estado. Apesar dos olhares preconceituosos aos moradores de rua, esses indivíduos carecem da restauração de sua dignidade, para uma futura recolocação na sociedade. Utilizando como estudo de caso o município de Rondon do Pará esse capítulo apresenta a importância do Fundo Municipal de Assistência Social (FMAS) para políticas públicas inclusivas, reduzindo vulnerabilidades sociais. 13) Capítulo XIII – Equilíbrio entre a dívida pública sustentável e o desenvolvimento municipal na região de integração do Carajás – organizado por Laize Almeida de Oliveira e Maiara Roldão. Esse capítulo faz o fechamento do livro, apresentando ao leitor a relação de equilíbrio entre dívida pública sustentável e o desenvolvimento municipal na região de integração do Carajás. As autoras apresentam a //////////////// - 18 - conceituação da Dívida Pública Municipal e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), a evolução da dívida pública brasileira e a necessidade de modelos sustentáveis nesse quesito. O desenvolvimento municipal é o centro do debate proposto, por ser capaz de promover o aumento do bem-estar e dinamismo econômico. Por fim, realizam uma proposição com relação aos investimentos, visto a necessidade de utilizar os recursos atrelados ao conceito de sustentabilidade e solvabilidade. Organizadores //////////////// - 19 - CAPÍTULO I O ECOSSISTEMA QUE CONTÉM E SUSTENTA O TODO Maysa Tharsilla da Silva Lima Wendel Barbosa da Costa Tiago Soares Barcelos Mário Cesar Sousa de Oliveira Resumo A compreensão da indissociabilidade entre homem e ecossistema e de suas relações, tem sido debatida ao longo dos últimos anos de forma recrudescente. Tal fato, deve-se de forma substancial aos avanços tecnológicos associados ao papel da economia e por conseguinte, a forma como o homem atua nessa relação. A definição conceitual para a terminologia ecossistema, deve passar antes de tudo pelos seus elementos formadores, quais sejam, bióticos e abióticos resultando em conjunto de organismos que vivem em determinado ambiente, onde deve-se entender o termo ambiente como algo macro e amplo – para além da natureza per si. Neste sentido, o objetivo deste capítulo é compreender os fundamentos conceituais e formadores do ecossistema, buscando ainda demonstrar seu papel em um contexto de crescimento econômico, a partir da lógica da finitude dos recursos naturais. O presente estudo busca, por meio da revisão de literatura, trazer reflexões desta relação dialética homem-natureza. Neste contexto o presente estudo permite entender que tais relações e conceitos precisam ser aprimoradas ou rediscutidas, tendo como premissa básica a ideia de finitude dos recursos, uma vez que a vasta literatura apresenta o conceito de sustentabilidade como sendo o uso //////////////// - 20 - dos recursos naturais a partir do pensamento nas gerações futuras. Palavras-chave: Ambiente natural, biodiversidade, desenvolvimento econômico, sustentabilidade, economia ecológica. INTRODUÇÃO Na atual conjuntura, o ambiente natural vem sofrendo mudanças extremas, seja no solo por resíduos químicos ou em florestas pelas queimadas. O uso desenfreado dos recursos naturais faz com que paisagens sejam modificadas pelas ações da humanidade, algumas vezes tornando os danos irreversíveis. Com a extensa exploração dos ecossistemas, recursos bióticos e abióticos acabam sendo extinguidos, caso não haja um equilíbrio entre consumo e preservação do meio ambiente e dos ecossistemas. Nesse cenário, espécies de animais e plantas não passaram de histórias para as futuras gerações. Para Kato e Martins (2016), o ecossistema acolhe os seres vivos e o ambiente de forma abrangente em sistemas que interagem entre si. Como faz parte da natureza, foi desenvolvida para buscando a estabilidade e equilíbrio, visto que os sistemas instáveis sobrevivem por menos tempo. Dito isso, a ecologia visa o estudo da interação entre o meio ambiente, organismos, populações e comunidades. Essa linha de pensamento apresenta maior visibilidade somente após o século XX, visto que antes ela era constantemente associada aos princípios do meio ambiente. A ecologia para Fernandes (2019), em sua temática ao livro do professor Leonardo Boff, é um estudo que pode ser utilizado na política pela amplitude e complexidade que requer para explora-la. Além disso, a ecologia possui quatro //////////////// - 21 - grandes vertentes: Ecologia Ambiental, Ecologia social, Ecologia Mental e Ecologia Integral. Tais vertentes são importantes para compreender a posição do ser humano na natureza, e entender a importância da preservação do ambiente natural. Embora na atualidade a natureza seja vista como objeto de exploração e um recurso de utilidade econômica, em meados do século VI a.C., no período cosmocêntrico, ela era utilizada pelos filósofos de Mileto como um meio de adquirir conhecimento por meio da experiência e observação. Com a intenção de encontrar uma explicação para a origem da vida, Tales de Mileto desenvolveu a teoria “tudo é água”. O filósofo usou a relação entre a água e os seres vivos, afirmando que a substância material primordial para a origem da vida seria a physis, a água, e os diversos seres existentes vieram a partir de sua transformação (BRUNI, 1993). Após a teoriade Tales sobre a physis Anaximandro de Mileto, discípulo de Tales, desenvolveu a teoria da arché, da natureza ser algo infinito. O filósofo utilizou como base para os seus estudos do cosmo a análise do ambiente que o cercava, principalmente na arquitetura das colunas de seu templo e a relação entre elas e seu estudo da cosmologia esférica. Anaxímenes de Mileto, discípulo de Anaximandro, se opôs a teoria de seu mestre de que o princípio de tudo seria o infinito por considerar vago, em partes ele concordava que poderia ser um elemento infinito, porém mais definido como o ar. Para Anaxímenes o mundo acomodava todos os seres vivos e o ar seria o elemento em comum, pois faria parte da alma de todos (PORFÍRIO, 2020; FREIRE, 2016). Os recursos naturais são todos os recursos provindo da natureza, podem ser categorizados como renováveis e não renováveis. Em outras palavras, os renováveis são aqueles que possuem naturalmente capacidade de //////////////// - 22 - reabastecimento (resiliência), já os não renováveis existem em escala limitada na natureza. Embora no período cosmocêntrico a natureza tenha sido o meio de estudo e reflexão para a busca da origem da vida e o cosmo, na atualidade, com a constante evolução da humanidade e modernização. Segundo Ribeiro et al. (2007) a natureza passou a ser vista pelo ser humano como fonte de enriquecimento ao invés de abrigo e alimentação. Após a revolução industrial este fato ficou mais evidente, espaços naturais foram modificados para se tornarem cidades e pessoas que viviam do plantio e da caça na zona rural migravam para as zonas urbanas em busca de uma oportunidade de emprego. A expansão dos municípios e a ocupação desenfreada de terras trouxe desequilíbrio ao meio ambiente, causando desproporção no âmbito social e natural, como bem relatado por Charles Dickens na Londres no período da revolução industrial. As extensas modificações que o ambiente natural sofre devido ao consumo desenfreado do ser humano, contribui com a degradação de biodiversidades e ecossistemas. Essas mudanças são responsáveis pela extinção de inúmeras espécies de plantas e animais, além de causarem prejuízos que podem dificultar a vida de todos no planeta. Parte das desigualdades sociais associadas a pobreza são decorrentes da destruição da natureza e pela perda de habitats naturais, o que afeta principalmente as populações em estado de vulnerabilidade. Dessa forma, a preservação dos ecossistemas é crucial para uma qualidade de vida contínua e para o desenvolvimento socioeconômico (COSTA, 2019). Neste sentido, o objetivo deste capítulo é compreender os fundamentos do ecossistema que contém e sustenta o todo, trazer o entendimento através do estudo da ecologia e suas quatro vertentes, além de direcionar por meio de apanhado histórico o uso da natureza para os //////////////// - 23 - filósofos de Mileto, no período cosmocêntrico, em sua busca pela origem da vida e o cosmo. Visto a modernidade e a industrialização crescente, o capítulo busca, também, mostrar como o ser humano lida com a natureza e seus recursos, considerando a sua finitude e o valor que o ecossistema tem para a vida. O ECOCENTRISMO E SUAS QUATRO ECOLOGIAS A ecologia tem por objetivo o estudo do ambiente natural e sua relação com os organismos, populações e comunidades. Esse estudo demorou décadas para ser elaborado e apenas no século XX teve visibilidade, pois até então era confundida com ideologias do meio ambiente. O ecossistema, expressão atualmente usado e proposto pelo botânico Arthur George Tansley, era um assunto de interesse dos biólogos e seu significado estava no sentido mais amplo da natureza, sobrepondo os termos: organismos complexos e comunidade biótica, considerando somente bioma, proposto pelo britânico Frederic Clements (KATO E MARTINS, 2016). Ainda com Kato e Martins (2016), o ecossistema apresenta o sistema de uma forma que abrange os organismos e o meio, tendo dimensões variáveis desde um átomo até o universo em que cada sistema interage entre si. Os ecossistemas fazem parte dos sistemas que existem na natureza, são desenvolvidos visando um equilíbrio com a integração e a estabilidade através de uma seleção natural em que o equilíbrio mais estável sobrevive por mais tempo, as plantas, animais, clima e solo são elementos essenciais para a certificação de um ecossistema. De acordo com Ribeiro (2012), a palavra ecologia foi usada em 1869 pelo zoólogo Ernst Haeckel, no entanto, somente a partir de 1900 que a ecologia se tornou uma área científica diferente e revalidada. Na ecologia ao investigar //////////////// - 24 - sobre os elementos naturais e as relações existentes entre os seres vivos, compreende o ambiente e o representa assiduamente com organismo bióticas e abióticas 1 nas quais vivem, populações e comunidades, isto é, como o conjunto de influências do externo sobre os seres vivos. Segundo a Equipe Editorial (2019), a ecologia é considerada um neologismo criado pelo naturalista alemão Ernst Haeckel datada do século XIX. A palavra é formada por um prefixo eco-oriundo do grego oiko-, que significa lar ou casa. E um sufixo logia- proveniente de logos-, que faz alusão ao raciocínio, à palavra ou diretamente à ciência. Deste modo a ecologia pretende entender a forma como os seres dependem uns dos outros, numa imensa estrutura de correlação ao processo homeostático, estável e autorregulado. Para tal, conta com a participação de muitos atores sociais, não apenas cientistas, mas também ambientalistas e várias organizações da sociedade. Em direção abrangente, compreende-se ecologia como a maneira pelo qual os seres humanos entendem e imaginam à sua maneira de existência na terra, a maneira de residir no mundo (MURAD, 2019). O fato da ecologia ressaltar um exemplar de ambiente que considera as interações naturais, não implica que a mesma não se preocupe ou não tenha aplicações sociais. Essa ciência tornou-se de grande atenção e suas aquisições deveriam ser postas em prática em uma sociedade preocupada em certificar um prolongamento 1 “Os fatores bióticos e abióticos representam as relações existentes que permitem o equilíbrio do ecossistema. Os fatores bióticos correspondem às comunidades vivas de um ecossistema, que pode ser tanto uma floresta quanto um pequeno aquário. São exemplos: plantas, animais, fungos e bactérias. Já os fatores abióticos são os elementos físicos, químicos ou geológicos do ambiente, responsáveis por determinar, em larga escala, a estrutura e funcionamento dessas comunidades. São exemplos: água, solo, ar e calor” (Diana, 2020, p.1). //////////////// - 25 - duradouro, fundamentada na conservação da biodiversidade e no funcionamento harmonioso da biosfera (RIBEIRO, 2012). Logo, a ecologia deixou de ser um movimento de preservação das matas e das espécies, ampliando significativamente sua abrangência. A Terra como um organismo extraordinariamente ativo e complexo, que possui concordância e autonomia, a ecologia requer a colaboração de várias disciplinas, como a biologia, a química, a climatologia, a física, a etologia, a geografia, a economia e a sociologia. A ecologia tem uma interpretação filosófica, por idear uma assimilação mais ampla e não setorizada. Seu central princípio consiste na interconexão de todos os seres (MURAD, 2019). Para Fernandes (2018) e Sbardelotti (2016), a ecologia significa o estudo do planeta Terra, outrora julgada como um tema dentro da biologia, ela apresenta um estudo mais amplo e complexo que atualmente é utilizada na política. Boff (2012) destaca a sua teoria da ecologia ser dividida em quatro grandes vertentes: Ecologia Ambiental, alude sobre a extensa devastação do meio ambiente ebusca meios alternativos para reduzir a poluição. Ecologia Social, trata de inserir o ser humano na natureza e explica que qualquer crime cometido contra o meio ambiente é refletido na humanidade pois é uma parcela da natureza. Ecologia Mental, profere que consciente ou inconsciente o ser humano tem o instinto da dominação e a tendência a destruição, o que não deixa espaço para a benevolência e o cuidado com o meio ambiente. //////////////// - 26 - Ecologia Integral, nesta todos os seres vivos são igualmente importantes, os problemas do ser humano não são considerados maiores ou menores que os dos demais animais que vivem no planeta, o foco é a visão holística e a busca da preservação do meio ambiente. Segundo Sbardelotti (2016), a ecologia ambiental está voltada ao ambiente natural e a preocupação para que não sofra uma excessiva devastação, interferindo na qualidade de vida e na preservação de espécies, em processo de extinção. Ela prevê que a natureza está fora do controle da humanidade e busca meios e soluções alternativas em tecnologias menos poluentes. A sua importância se destaca pelo fato de buscar corrigir os excessos industriais e prevenir impactos ecológicos altos, pois sem a preservação do planeta a parte da biosfera será gravemente destruída, inviabilizando a possibilidade de vida no planeta. Além disso, Pereira (2020) destaca que a ecologia ambiental integra uma visão mais abrangente sobre o ambiente por inteiro, envolvendo especificidades e seus biomas com suas características singulares, além da teoria Gaia de que a Terra é um imenso organismo vivo. De acordo com Fernandes (2018), a ecologia social está associada não só com o meio ambiente, mas sim com o todo, e está voltada a qualidade de vida das pessoas e o desenvolvimento social, além de priorizar a mudança no estilo de vida para uma sociedade mais sustentável. Essa ecologia visa atender as carências básicas das pessoas, a exploração ambiental é incompatível com os princípios da ecologia social, pois as gerações futuras têm direito de viver em um ambiente habitável com relações justas. Se as explorações dos recursos naturais não forem reduzidas, a //////////////// - 27 - Terra não vai conseguir manter a humanidade, dado ao elevado desperdício de natureza. A ecologia social, também é conhecida como ecologia política, e além de priorizar as necessidades básicas das pessoas como o saneamento básico, educação de qualidade e um sistema de saúde decente, pois a injustiça social é uma violência contra o ser humano. A ecologia social e política tenta introduzir a sustentabilidade suprindo as carências humanas sem sacrificar os recursos naturais da Terra, além de considerar que as próximas gerações possuem o direito de herdarem um local habitável. A sociedade atualmente agrava a capacidade de regeneração do planeta, desrespeitando a capacidade de suporte. As pessoas são consumistas compulsivos, consumo conspícuo, e tais atos podem impulsionar uma grande crise na Terra (SBARDELOTTI, 2016). Na Terra, onde todos os seres vivos dependem uns dos outros para sobreviver, o ser humano é o que mais atua na degradação do próprio habitat e de todos os animais no ecossistema, diariamente poluindo terras, mares, rios e o ar. A ecologia mental é um entendimento que aborda principalmente a relação do ser humano com a natureza pós-revolução industrial e seu descaso com o meio ambiente. O foco da ecologia mental está relacionado com a alteração do pensamento antropocêntrico e a inserção de uma consciência mais planetária na sociedade. Isso deriva da necessidade de se preservar todas as espécies de animais e plantas, sendo estes indispensáveis para o futuro da humanidade e do ecossistema. (PEREIRA, 2020). Para Sbardelotti (2016), a ecologia mental se ocupa com a mente e juntamente com o que ocorre dentro dela, porque tudo, de bom ou de mau, começa na mente dos humanos. Afirma que as causas da exiguidade da humanidade na Terra se refere ao modelo falho de preservação da sociedade atual (Antropoceno). Dentro da //////////////// - 28 - mente humana se iniciam os mecanismos que nos levam a uma batalha contra os recursos naturais da Terra, dado pela ganância da riqueza material de curto prazo. Eles se expressam por uma classe: a nossa cultura antropocêntrica. Este arcabouço se diverge da lei do universo: a solidariedade cósmica. Todos os seres são mutuamente dependentes uns dos outros e vivem dentro de uma teia de relações complexas. A ecologia integral para Fernandes (2018), é um novo âmbito, que engloba todas as coisas e questões das demais ecologias, sendo elas econômicas, políticas, sociais, educacionais e está inserida a sociedade e a cultura a qual pertencem as pessoas. Nela é tratada a relação entre todos os seres vivos, não vivos, naturais e culturais entre si e o ambiente natural. No contexto abrangente a ecologia integral é completa. Para Pereira (2020), nessa ecologia profunda, o ser humano deve despertar para uma nova visão holística da natureza, pois nela tudo se interliga. Com isso ele instiga que todos os esforços intelectuais da humanidade estejam necessariamente ecocentrados cujo o objetivo deve ser encontrar técnicas para cuidar do planeta Terra. Segundo Sbardelotti (2016), Fernandes (2018) e Pereira (2020), a ecologia trata das relações globais entre a Terra e o Universo, pois faz parte do Todo na interação entre cada um com o nosso planeta diariamente. Os seres humanos são seres pertencentes ao cosmo, unidos pelo universo gravitacional em que o ser humano é a própria Terra, um agregado de seres vivos. Nesse sentido, no cosmocentrismo, a propriedade do mundo natural, a natureza ou a vida ocupa um lugar central e fundamental na ordem da existência. Já o ecocentrismo retrata que todas as formas de vida são igualmente importantes, e a humanidade não está no foco central da existência. Assim, a ecologia não se trata apenas de preservar a natureza ou a soberania humana, ela é muito mais abrangente porque tudo está //////////////// - 29 - interligado, vida e saberes no planeta, convivendo todos em harmonia. Logo a seguir, o próximo tema procura mostrar o uso da natureza como objeto de estudo no período cosmocêntrico e a busca pela origem da vida segundo os filósofos da época. COSMOCENTRISMO, O ESTUDO DA NATUREZA E A ORIGEM DO COSMO A filosofia utiliza meios lógico-racionais para compreender, identificar e comunicar a realidade. Ela surgiu na Grécia antiga, no início do século VI a.C., após o abandono gradativo das explicações mitológicas e a busca por um conhecimento seguro. De acordo com Menezes (2019), Tales de Mileto é reconhecido como o primeiro filósofo do período cosmológico, no qual o estudo era focado no universo com base na razão. Nesse contexto, por meio do desmembramento das crenças mitológicas e a busca pela verdade, surgiu a filosofia. Os filósofos adquiriam conhecimento através da investigação da natureza e a busca da explicação do cosmo e a origem das coisas. Para Tierno (2017), o pensamento filosófico e científico foi desenvolvido não só por Tales de Mileto, mas também por Anaximandro e Anaxímenes. Esses três pensadores são frequentemente associados à escola milésia, ou são incluídos à escola jônica que é mais ampla, introduzida mais tarde pela antiga literatura de sucessões dado a natureza artificiosa da catalogação por escolas. A escola jônica está localizada no litoral ocidental asiático, situado em Mileto na Jônia, atualmente chamada Turquia. Os pensadores dessa escola Anaximandro, Anaxímenes e Tales são caracterizados pelo foco na busca da physis (processo de surgimento e desenvolvimento da natureza). O mundo nesse período estava se desvinculando //////////////// - 30 - das entidades mitológicase suas verdades absolutas. Nesse contexto, os filósofos analisavam a natureza exterior e averiguando racionalmente dados da experiência sensível, vejamos: frio, quente, pesado, leve, etc. Essas experiências eram consideradas como realidades em si, sem questionamentos (SANTOS, 2019). Tales de Mileto, o primeiro filósofo, afirmava que “tudo é água”, nos livros de história e filosofia a interpretação da frase aponta para o contexto do surgimento de uma filosofia da natureza, a determinação de uma substância material primordial foi uma das preocupações dos primeiros filósofos, concebida como princípio, origem e matriz de todas as coisas. Para Tales, essa substância, a physis, seria a água, e todos os seres existentes viriam a partir da água transformada. A teoria de Tales pode ser explicada a partir da biologia no qual ensina que não pode existir a vida sem a água, todos os seres vivos necessitam de água para sobreviver, e que o corpo é principalmente composto por água. A água está presente nos seres vivos desde a absorção de alimentos até a eliminação de resíduos, além de cooperar na dissolução de nutrientes e na distribuição por todo o organismo (BRUNI, 1993). Para Waizbort (2000), a frase de Tales “tudo é água” esconde um significado mais complexo, a água muda de forma, onde opera por parecença, pois infiltra-se e se mistura entre tudo, e é essa a razão do elemento ser mimético por sublimidade, diferente do fogo que consome tudo e acolhe todas as coisas para si. O “tudo é água” significa, por exemplo, que esse elemento possui muitas formas, sendo assim, é o elemento que atua por meio das similitudes. Anaximandro de Mileto, discípulo de Tales que viveu no século VI a.C., utilizava fundamentos científico- filosófica e ficou marcado por sua representação geométrica do espaço, mostrando a cosmologia esférica do sistema a //////////////// - 31 - teoria da arché da natureza ser algo infinito, tal pensamento marcou o surgimento da razão em Jônia resultante de um ideal de inteligibilidade. Anaximandro possivelmente tenha se baseado no ambiente cultural que o cercava para dar base aos seus estudos do cosmo, fundamentado a partir de um paradigma arquitetural, as simétricas colunas cilíndricas de seus templos são justificativas para encaixar-se a cosmologia esférica. Nesse sentido, é visto que as teorias cosmológicas de Anaximandro têm base no que é real e não veio de especulações forjadas do nada, em busca da substância primária simples, em que a persistência foi o passo mais importante na caracterização sistemática da realidade. Anaximandro foi o primeiro filósofo a descobrir as noções das estrelas e a distância entre elas e a Terra (FREIRE, 2016; SANTOS, 2019; ROSSETTI, 2010). Anaxímenes de Mileto, discípulo de Anaximandro viveu no período 585 a.C., questionava a definição da arché de seu mestre de que o princípio de tudo seria o infinito, mas concordava em partes, afirmando que poderia ser um elemento infinito, porém definido, o ar. Ele compreendia o ar como a substância que penetra todos os corpos e objetos da natureza. Na visão do filósofo o mundo seria um grande ser vivo que comporta todos os outros seres vivos, o ar seria parte da alma de todos e o elemento em comum entre todos os seres vivos (PORFÍRIO, 2020). Para Santos (2019), Anaxímenes, ultimo filósofo da escola milesiana ou jônica, teria caracterizado todas as coisas como modificações de um advento primordial, que para ele seria um ar infinito. De acordo com o filósofo, o universo teria origem a partir do processo de redução e concentração do ar infinito, ele observou que o ar tinha característica de sutileza, invisível, mas que está em todos os lugares. O fato de respirarmos deu a entender que o ar seja a causa da vida, e os outros elementos teriam derivados //////////////// - 32 - do ar, como a terra, em um estado de ar mais condensado, e o fogo no sentido reverso. Portanto, percebemos que o conceito cosmocentrismo pode ser compreendido como o período em que o mundo estava se desvinculando dos conceitos mitológicos e buscando respostas por meios lógicos. Os filósofos estavam concentrados, principalmente em descobrir a origem do cosmo através de experiências e análises. O principal objeto de estudo era natureza e o seu vínculo com o humano. Nesse sentido, visando compreender o ecossistema que contem e sustenta o todo, se faz necessário entender a relação dialética entre o ser humano e natureza. Logo, o próximo capítulo buscará analisar a natureza como fonte de recursos, compreendendo qual o impacto do ser humano na natureza uma vez que muitos dos recursos naturais são finitos. NATUREZA COMO FONTE DE RECURSOS Recursos naturais são todos os elementos advindos da natureza, e é o responsável por garantir a sobrevivência de todos os seres vivos na terra, suprindo suas necessidades e garantindo o desenvolvimento, seja social, seja econômico. Os recursos naturais também podem ser classificados como renováveis e não renováveis, ou seja, recursos renováveis são aqueles que possuem uma grande capacidade de se renovar com o tempo, o que pode garantir sua continuidade dependendo da forma como é usada. Já os recursos não renováveis são os que não possuem capacidade de renovação, levando milhares de anos para seu processo ser finalizado, podendo acarretar problemas ao meio ambiente. Posto isso, o escopo desse subcapítulo consiste em apresentar aos leitores a necessidade e urgência de buscar maneiras sustentáveis e menos impactantes para a //////////////// - 33 - utilização dos recursos naturais, tendo em vista a crescente exploração dos recursos limitantes. Com o passar dos milênios e o avanço contínuo da sociedade, a espécie humana deixou de enxergar a natureza apenas como fonte de recursos alimentícios voltado para sua própria sobrevivência e começou a enxergar formas de enriquecer com o uso da terra. Isso ficou ainda mais evidente durante e após o período da revolução industrial e com o êxodo rural, pois a relação entre a sociedade e o ambiente natural passou a representar uma busca por lucro. Como afirma Ribeiro et al. (2007), as mudanças postas ao sistema natural pela apropriação dos seres humanos acarretaram no fato de que os municípios, assim como os seus acessos, apresentassem uma conjuntura oposta ao meio ambiente, causando desigualdades no âmbito social e natural. Logo, o uso dos recursos naturais e a exploração excessiva vem se tornando cada vez maior com a população que a cada ano só aumenta, tendo como limitante a própria natureza e a forma como a economia usa tal recurso. Thomas Malthus, considerado o pai da demografia por sua teoria populacional, afirmou em 1798 que o crescimento continuo da população de forma descontrolada poderia acarretar em uma grande catástrofe, uma vez que a produção de alimentos não estaria acompanhando esse mesmo aumento e seria questão de tempo para que diversos conflitos pudessem acontecer (BORGES, 2018). Atualmente, volta-se ao debate sobre o controle do aumento populacional, movimento conhecido como pós- malthusianismo, visto as dificuldades enfrentadas mundialmente em suprir as demandas e diminuir as discrepâncias existentes na contemporaneidade. Desse modo, segundo Oliveria (2011) com ânsia extrema em usar o ambiente natural como recurso socioeconômico, a humanidade está desconsiderando o fato de que a natureza é //////////////// - 34 - o seu principal e único meio de sobrevivência, sem ela não tem vida. Com os países cada vez mais desenvolvidos, a falta de políticas de controle dos recursos naturais vem contribuindo para a perca do ecossistema e da biodiversidade, causando uma delimitação na falta de opções para as futuras gerações (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991). Coma finalidade de uma busca constante pelo desenvolvimento, tanto de países já desenvolvidos, quanto de países ainda em desenvolvimento, surge a necessidade de formas de controle para os mercados, nacionais e internacionais, calcado pelo viés da sustentabilidade. Nesse sentido, carece de um vasto planejamento e de maneiras que possibilitem de forma menos impactantes e mais sustentáveis a utilização do solo, visto a urgência indubitável do desenvolvimento sustentável para continuidade da vida na terra, permitindo o desenvolvimento econômico, mas não deixando de lado a preocupação ambiental, ecológica e sustentável. Como afirma Jacob (2003), o receio com o desenvolvimento sustentável reflete a oportunidade de garantir transformações sociopolíticas que não afetem os meios ecológicos e sociais que suportam a sociedade. Para que haja uma continuidade dos recursos naturais se faz necessário mudanças, uma vez que muitos desses recursos são finitos. A ideia de recursos auto renováveis é um dos fatores que estimulam a falta de preservação do ambiente natural que ao longo de tanta exploração tem se agravado. Foi dito por Heráclito que “o tempo é como um rio… Você nunca poderá tocar na mesma água duas vezes, porque a água que já passou nunca passará novamente”, mas se a natureza não for preservada a água poluída hoje poderá ser objeto de consumo futuro. Logo, para Koch (2018) a conservação do meio ambiente não é //////////////// - 35 - um gasto, mas sim um investimento para as presentes e futuras gerações dos países. Assim, é fundamental que se possa assegurar melhorias na forma como a humanidade extrai seus recursos, como o uso do solo, os recursos hídricos, a conservação e uso da biodiversidade, além de garantir a proteção dos recursos da fauna e flora, recursos florestais, oceanos, proteção à atmosfera, consumo de energia e a qualidade do ar. Para Araújo, Lira e Cândido (2013), o desenvolvimento desenfreado das cidades aumenta as mudanças no espaço sendo indubitável a necessidade de órgãos que garantam a elaboração de políticas voltadas para o equilíbrio entre o crescimento social e da economia, além da proteção da natureza. Portanto, para que se possa alterar o modelo de economia vigente atualmente no Brasil e no mundo é necessário desenvolver formas mais sustentáveis que permita trabalhar sociedade e o uso dos recursos naturais de forma que assegure a continuidade dos recursos para todos, no presente e futuro. Isto posto, de acordo com Sarney (2000), na conjuntura atual, o aumento populacional e a procura pelo avanço econômico da sociedade têm contribuído para a pressão exercida de todos os recursos naturais. Garantir o acesso e a utilização mais sustentável desses recursos é um obstáculo a ser ultrapassado para o progresso da sociedade. A diminuição dos desperdícios e dos impactos do meio ambiente e o uso adequado da natureza garantirá reverter o esgotamento dos recursos naturais vistos hoje, assegurando o seu uso para as futuras gerações. A forma na qual a economia foi alicerçada no Brasil permitiu por muitos anos a exploração de todo sistema natural, causando uma degradação ambiental extremamente danosa. O uso não pensado dos recursos naturais voltando-o apenas para o crescimento econômico do país está longe de ser a melhor e/ou a única opção. Logo, a proporção das //////////////// - 36 - atividades econômicas deverá ser reavaliada afim de não utilizar de forma descontrolada os recursos naturais excedendo o seu tempo de regeneração, tão pouco emitindo resíduos que vá além de sua capacidade de absorção (FURTADO, 2010). No Brasil o setor agropecuário apesar de sua grande importância para economia é também uma das atividades que causam altas pressões ao ambiente natural, pois envolve muitas vezes desmatamento para criar pastagem voltado para criação de animais comercializáveis no âmbito nacional e internacional. Além disso, os setores agrícolas também interferem nos ciclos naturais de toda fauna, flora, rios e o próprio solo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2016), o Brasil faz parte dos países centrais no mercado internacional de produtos voltados para agricultura e pecuária como a soja, o café e as carnes. Outro setor bastante crescente no país é o da mineração, uma vez que está presente desde a colonização. Segundo o Portal da Mineração desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Mineração-IBRAM, nos primeiros meses de 2020 a balança mineral foi responsável por 50% do saldo da balança comercial brasileira destacando-se por gerar um superávit. Contudo, apesar da grande influência na economia nacional esses setores acabam causando grandes impactos, com elevado desperdício de natureza, não permitindo que o ambiente natural tenha o seu próprio tempo de regeneração. Ao utilizar a terra como fonte ilimitada de recurso, pouco se pensa no futuro do país ou mesmo na importância e na riqueza que essas fontes naturais poderiam ter e principalmente exercer para a vida. O ambiente natural como um todo é o que mantém a humanidade viva, atualmente passou-se a enxergar e a se falar mais sobre seu protagonismo, pois hoje começam a se //////////////// - 37 - sentir os efeitos devastadores causados por anos de contínua exploração. Outro fator extremamente evidente com a modernidade, é o quão consumista a sociedade se tornou, o que também é um agravante para o ambiente natural. O fato do poder de compra da população, tanto brasileira, quanto mundial, ter aumentado, permitiu que indústrias aumentassem suas produções com elevado desperdício de natureza. Tal fato é definido como consumo conspícuo pelo economista norte-americano Thorstein Veblen em sua obra ‘A teoria da Classe Ociosa’, justamente para referir ao consumo feito com o principal objetivo de exibir o poder aquisitivo das mais variadas classes sociais (COSTA, 2013). Logo, de acordo com a WWF-Brasil (2010), as transformações nas práticas de consumo do público brasileiro e o aumento da procura por mercadorias do setor agrícola e minera vêm causando fortes pressões na terra, o que têm motivado o aumento da pegada ecológica no ambiente. De acordo com Scarpa e Soares (2012), a definição de ‘pegada ecológica’ foi elaborada por dois cientistas canadenses chamados Mathis Wackernagel e William Rees em 1990. O termo é mundialmente conhecido atualmente como uma das maneiras de avaliar a demanda crescente da utilização dos recursos naturais pela humanidade. A Pegada Ecológica está associada diretamente ao avanço econômico, social e ecológico, isto é, ao uso coerente e justo de todos os recursos naturais. Ainda de acordo com Scarpa e Soares (2012), a utilização dos recursos naturais deve estar compatível com tempo de regeneração do planeta. Porém, os dados apresentados mostram que a população está consumindo 50% a mais do que o planeta consegue repor. Logo, precisaria de um planeta e meio para suportar os padrões de consumo atuais. É importe salientar que a contínua //////////////// - 38 - exploração dos recursos naturais, o aumento populacional, o desenvolvimento demasiado dos setores já supracitados e o aumento da pegada ecológica já estão trazendo grandes consequências para o planeta Terra. Logo, se torna central o debate do desenvolvimento sustentável, por considerar o valor dos recursos naturais. A seguir, o próximo tema tem como objetivo analisar e buscar compreender o valor de um ecossistema, visto a sua rica contribuição para todos os seres vivos. O VALOR DO ECOSSISTEMA O ecossistema é formado pela relação entre elementos bióticos e abióticos, sendo eles conjuntos de organismos que vivem em determinado ambiente. A palavra ecossistema foi proposta pelo cientista inglês Arthur Tansley considerado um dos precursores daecologia (EDITORIAL, 2019). Desde então surgem debates sobre o seu real valor para a continuidade da vida, principalmente na atualidade, pois é cada vez mais recorrente o aumento das explorações, queimadas, desmatamentos e poluição de rios e oceanos. O Brasil por exemplo é um dos países com mais biodiversidade e com um rico e vasto ecossistema, no entanto, apresentam índices preocupantes no que se refere ao ambiente natural e a manutenção e preservação das espécies encontradas no país. Logo, o escopo desse subcapítulo consiste em apresentar a necessidade de se manter a biodiversidade e o ecossistema presente no país. Isso se dá devido sua contribuição direta para a continuidade da vida de todos os seres vivos na Terra, além de relacionar as ações do ser humano ao ecossistema atual. A interferência humana nos habitats naturais é cada vez maior, com isso, o risco para perca da biodiversidade e do ecossistema fica ainda mais visível dado o modo de vida atual. Portanto, essas modificações ocorridas nos habitats //////////////// - 39 - naturais de inúmeras espécies, tanto em matas, quanto nos oceanos, causam prejuízos para os animais e também para humanidade, pois a biodiversidade e o ecossistema são essenciais para a permanência de todos no planeta. Para Costa (2019), assegurar a conservação dos ecossistemas é primordial para a qualidade da vida de todos, para o crescimento social e econômico. Grande parte das desigualdades sociais, pobreza e conflitos ocorrem pela destruição dos ecossistemas e crescentes perdas dos meios naturais, preferencialmente sobre as comunidades mais vulneráveis. Com isso, as explorações constantes feitas pelos seres humanos são fatores que dificultam diretamente a vida e corroboram para a diminuição e até mesmo extinção da biodiversidade. O Brasil está entre os países que possui maior capital natural do planeta. Possui um ecossistema que acolhem cerca de 20% de toda biodiversidade mundial e detêm 12% das reservas de água doce do mundo (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2018). Assim, fica claro a necessidade da utilização sustentável do meio ambiente e da preocupação para a manutenção das espécies em seus espaços naturais, além de encontra maneiras que possa melhorar, diminuir e mesmo acabar com as disparidades sofridas por uma sociedade desigual. O Brasil como um país tropical apresenta uma vasta diversidade de ecossistemas conhecidos mundialmente como a Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal. Tais sistemas naturais são responsáveis por milhares de espécies, muitas das quais são encontradas apenas nesses biomas. Apesar de seu rico valor para vida e até mesmo para a economia a longo prazo, as queimadas e o desmatamento são ainda mais recorrentes, como as queimadas registradas no Pantanal e na Amazônia no ano de 2020, destruindo áreas enormes desses biomas e dizimando espécies. Assim, de acordo com a ONG WWF-Brasil //////////////// - 40 - (2020), o desmatamento vem causando a perda e a degradação de habitats naturais, corroborando para perda da biodiversidade da fauna e flora no planeta. Proteger o meio ambiente e garantir o bem-estar e a continuidade do ecossistema é uma responsabilidade de todos, além de ser uma luta contra todas as crises climáticas advinda da superexploração e da destruição dos habitats naturais de diversas espécies causadas ao longo dos tempos. Logo, no Brasil, a Amazônia é a floresta mais biodiversa do mundo, no entanto, vem sofrendo severos impactos provocados pelo crescente avanço do desmatamento (VILLAR, 2020). As mudanças climáticas causadas pelo desmatamento contribuem para o aumento das queimadas em várias partes do país e gera desequilíbrios ecológicos, sendo mais um agravante para a destruição da fauna e flora. Ao longo dos anos grandes corporações usam e abusam de áreas verdes sem muito controle e fiscalização. A busca por lucros à curto prazo faz com que a superexploração seja "justificável". No entanto, já é visível os problemas que essas ações estão causando ao ambiente natural, a biodiversidade do país e consequentemente a saúde de todos os indivíduos que dela necessitam. A perda das florestas provocado pelo abuso do ser humano acarreta danos que se não reparado agora, não restará mais o que fazer, tão pouco o que lucrar. Como afirma Tiussu (2020), as ações humanas são errôneas, afeta do solo aos oceanos, devido ao uso extremo do ecossistema e o desmatamento sem precedentes, provocando a perda da biodiversidade em uma escala sem igual. Por isso é urgente a mudança de vida na qual a preocupação com a natureza fique no centro da tomada de decisões. Os benefícios proporcionados pela biodiversidade no Brasil influência não só o país, assim como o ecossistema e sua rica fauna e flora, que atraí atenção para as necessidades de se manter esses bens essenciais para a vida, gerando um //////////////// - 41 - bem-estar e até mesmo melhorando a economia. Contudo, na contemporaneidade o mau uso da natureza, como o desmatamento de terras, poluição e outras ações humanas, vem causando perdas de biomas e contribuindo para catástrofes ainda mais recorrentes, tanto no solo, quanto nos oceanos. Assim sendo, segundo o Ministério do Meio Ambiente (2018) em todo o planeta as pessoas usufruem e carecem do ambiente natural de maneiras diversas. A obtenção de água, comida, solos férteis, serviços de polinização natural e até mesmo a comodidade proporcionado pela frequentação de espaços naturais para lazer e espiritualidade são apenas alguns dos exemplos entre diversos outros benefícios, conhecidos como serviços ecossistêmicos. De acordo com Alho (2012), os serviços ecossistêmicos são responsáveis por auxiliar a vida na terra, e assim como o ser humano, que também é uma espécie biológica, que respira como diversos organismos, necessita de ar puro, água limpa e outros serviços advindos da vasta biodiversidade. Por isso é urgente a procura por meios para combater a devastação ambiental, assim como preservar a biodiversidade existente no planeta e continuar com o ecossistema. No entanto, torna-se ainda mais difícil dado a inércia do poder público e de parte da sociedade que ainda acredita que a natureza não exerce importância crucial para a permanência da humanidade, tendo forte impacto em todo o ambiente e levando consequências diretas para os próprios serviços ecossistêmicos que são fornecidos pela natureza para a sociedade, tornando ainda mais longínquo o pensamento de desenvolvimento sustentável tão necessário para o meio ambiente e para a humanidade. //////////////// - 42 - CONCLUSÃO Com os constantes avanços da ciência e tecnologia o mundo e a própria civilização foram evoluindo e desvinculando com conceitos mitológicos que eram tidos como verdades absolutas. Filósofos/cientistas passaram a buscar meios lógicos e explicações teóricas para razão de tudo, quando, onde e por que existe. O próprio planeta Terra até os dias atuais despertam interesse e vários estudos de quando surgiu e se é possível existirem outros planetas iguais ou similares com prováveis seres vivos. Nisso, ao longo dos anos bilhões de recursos financeiros foram e continuam sendo usados para encontrar vidas em outros planetas, vidas além da terra, enquanto a mesma sofre pela ganância e egocentrismo do ser humano. As externalidades negativas provocadas ao ambiente natural ao longo dos tempos e a pegada ecológica de toda a sociedade nos mostra que independente de quantos planetas tenhamos à disposição, ainda não será suficiente, tendo em vista a devastação que cada indivíduo e o setor econômico vem provocando, carecendo de uma demanda cada vez maior. Biomas estão sendo devastados, matas sendo desmatadas, oceanos sendo poluídos, enquanto a fauna e a flora perdem seuesplendor. Logo, em poucos anos a construção de um futuro melhor não passará de um pensamento utópico. A cada momento torna-se inviável a construção de um sistema voltado apenas para o crescimento tendo em vista a finitude dos mais diversos recursos naturais. Negócios que não se preocupam com seu impacto ambiental, presente em uma era onde a informação ou a desinformação pode ser compartilhados de forma rápida, proporciona um efeito dominó de devastação, de barbárie. O desafio de nosso tempo se refere a um modelo de civilização em devir contra a barbárie do presente. //////////////// - 43 - Assim, percebe-se que a vasta biodiversidade vista no passado já não é tão recorrente no presente. Portanto, enquanto não buscarmos maneiras para que os seres humanos possam coexistirem com os meios naturais a biodiversidade, não haverá o porvir. O futuro deixará de existir caso a humanidade não compreender a importância do ambiente natural e seus serviços e funções ecossistêmicos, essenciais para a vida. 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Acesso em: 7 maio 2020. //////////////// - 50 - CAPÍTULO II A DICOTOMIA ENTRE CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Jéssica Maria Fernandes Graceis Larissa de Souza Costa Tiago Soares Barcelos Mário Cesar Sousa de Oliveira Resumo: A percepção para o termo crescimento econômico liga-se de forma unívoca a um processo de majoração de riqueza, fomentado muitas fezes vezes pela ação neoliberal do Estado. O crescimento econômico, em sua essência não se traduz de forma sine qua non, em um processo de desenvolvimento no sentido de promoção de qualidade de vida e bem-estar da população. Sendo a função do Estado promover qualidade de vida para a população, este trabalho tem por condão apresentar, por meio de uma revisão bibliográfica, a dicotomias conceituais entre os termos crescimento e desenvolvimento, abordando seus reflexos para uma sociedade plena e sustentável. Neste sentido, as reflexões trazidas permitem entender que tais abordagens não são excludentes e sim complementares, corroborando para uma atuação do Estado de forma mais digna e sustentável. Palavras-Chave: Crescimento econômico; Desenvolvimento econômico; Sustentabilidade; Desenvolvimento sustentável; Economia. //////////////// - 51 - INTRODUÇÃO A economia é o que movimenta o mundo, sendo ela de todas as formas e tamanhos. Existem economias que crescem rapidamente, enquanto outras tardam a crescer (JONES, 2000). Rodrigues (2012) refere-se ao desenvolvimento como uma condição necessária para alcançar o crescimento econômico. Para Dias e Correia (2016), o desenvolvimento econômico visa a busca pela conciliação entre o desenvolvimento e a economia, envolvendo variáveis ambientais, econômicas e sociais. Samuelson e Nordhaus (1988), explicam que crescimento e desenvolvimento econômico podem até parecer sinônimos, mas seus conceitos são totalmente diferentes. Segundo os autores, o crescimento econômico está relacionado ao crescimento per capita, ou da renda real de uma economia em determinado período de tempo. Já o desenvolvimento econômico é visto como qualitativo e tem como conceito alocar os recursos em diferentes esferas do campo da economia, tendo como função a distribuição igualitária e a melhoria dos indicadores, como: alimentação, educação, moradia, saúde, pobreza entre outros. O crescimento econômico é o aumento da produção de bens e serviços ofertados a um país. Dado como quantitativo, esse crescimento é medido pelo Produto Interno Bruto (PIB), servindo para medir o percentual de todos os bens e serviços produzidos por todas as organizações operantes dentro do país e região. Já o PIB per capita tem como função medir o crescimento econômico por pessoa. (MILLER, 2007). O desenvolvimento econômico está relacionado a melhoria do bem-estar da sociedade, sendo avaliado e medido pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Mota e Barcelos (2018) afirmam que o conceito fundamental do IDH consiste de uma análise das riquezas //////////////// - 52 - de uma economia, mas dando o destaque para as vidas humanas. Para avaliar e medir os índices do desenvolvimento é preciso levar em consideração os indicadores principais como educação, saúde e renda. Conforme Cabige (2015) esse critério é uma das formas para comparar o crescimento e desenvolvimento econômico. Para Smith (1937) é a partir do crescimento econômico que se é possível alcançar o desenvolvimento. No entanto, um alto nível de crescimento econômico nem sempre significa que ocorrerá uma distribuição justa na qualidade de vida ou um desenvolvimento econômico justo para as pessoas. O desenvolvimento tem como foco a distribuição justa dos recursos econômicos para o bem-estar da humanidade, sendo o conceito de desenvolvimento econômico uma base para desenvolvimento sustentável, que tem por escopo se preocupar com a escala sustentável. O crescimento e desenvolvimento econômico não possuem muita preocupação com o ambiente natural e desperdício de natureza, se tornando cada vez mais escassos, sendo discutido por todas as nações. Estes recursos naturais são limitados, e são utilizados como meio de produção para gerar bens e riquezas, carecendo de um prazo para a sua devida resiliência. Por este motivo se faz necessário a obtenção de medidas para a preservação do meio ambiente, pois sem esse não há economia, por mais que muitos economistas acreditem que a economia ocorra no vazio. A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), realizou um relatório formado pela ONU, denominado como Futuro Comum, e a partir deste relatório o desenvolvimento sustentável começou a ser debatido mundialmente. Este relatório aponta as condições da natureza e as relações de como os países estão adotando o desenvolvimento com relação a //////////////// - 53 - preservação ao ambiente natural. Foi por meio do relatório Brundtland, que o desenvolvimento sustentável ficou reconhecido como o desenvolvimento que “satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazerem as suas próprias necessidades”. (CMMAD, 1991). O desenvolvimento sustentável tem como objetivo assegurar a disponibilidade a longo prazo e a durabilidade dos recursos naturais (FERNANDES, 2003). Mas para que isso ocorra, é preciso ter planejamento adequado, tendo como limites a sustentabilidade, sempre buscando equilíbrio entre o social, econômico e aos recursos naturais utilizados (FIORILLO, 2011). CRESCIMENTO ECONÔMICO E AS SUAS FINALIDADES Sachs (2004) afirma que o crescimento econômico é um acúmulo de capital, que as vezes não vem acompanhado de uma distribuição justa. O desenvolvimento econômico é o contrário, sendo a melhoria do padrão de vida das pessoas com base no aumento de renda per capita, por meio do desenvolvimento
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