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Aula 8 CURSO DE CIÊNCIA POLÍTICA DISCIPLINA: Estado e Regulação PROFESSOR José Luiz Pagnussat 1º SEM/2021 (4142 (Noturno – 19h10 às 21h50) CARGA HORÁRIA: 60 h/a Unidade IV - RAZOES ECONÔMICAS PARA A INTERVENÂO DO ESTADO Evolução histórica do papel do Estado na Economia. As falhas de mercado e o papel regulador do Estado. Fragilidades sociais e a intervenção alocativa e distributiva do Estado. Unidade IV - A FUNÇÃO REGULADORA DO ESTADO Estrutura e funcionamento da regulação no Estado Brasileiro. O arranjo do processo decisório da regulação e as principais metodologias e ferramenta utilizadas. José Luiz Pagnussat O O que é Regulação? Posner (1974) Imposição de regras e controles pelo Estado, suportadas por meio de sanções e com a finalidade de dirigir, restringir ou altear o comportamento econômico de indivíduos ou empresas Di Pietro (2003) Regulação econômica: conjunto de regras de conduta e de controle da atividade privada do Estado, com a finalidade de estabelecer o funcionamento equilibrado do mercado. Regulação (âmbito jurídico): conjunto de regras de conduta e de controle da atividade econômica pública e privada e das atividades sociais não exclusivas do Estado, com a finalidade de proteger o interesse público. Mitnick (1980) Processo onde há restrição intencional na atividade do regulado por uma entidade externa não envolvida diretamente nas atividades do regulado. Aragão (2002) Conjunto de medidas legislativas, administrativas e convencionais, abstratas ou concretas, pelas quais o Estado determina, controla ou influencia o comportamento dos agentes econômicos, evitando que lesem os interesses sociais definidos no marco da Constituição e orientando-os em direções socialmente desejáveis. Tal ação pode ocorrer restringindo a liberdade privada ou meramente induzindo comportamentos. Ancine: “A finalidade da regulação é, portanto, a de cumprir com o interesse público por meio de metas pré- estabelecidas, sejam econômicas ou sociais.” ANS: “(...) conjunto de medidas e ações do Governo que envolvem a criação de normas, o controle e a fiscalização de segmentos de mercado explorados por empresas para assegurar o interesse público”. O O que é Regulação • OCDE (1997): regulação é o conjunto diversificado de instrumentos pelos quais os governos estabelecem requisitos para empresas e cidadãos. Quem faz regulação “... os órgãos e às entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, quando da proposição de atos normativos de interesse geral de agentes econômicos ou de usuários dos serviços prestados, no âmbito de suas competências.” (Decreto nº 10.411/20) “A política pública regulatória pode ser resumida em três categorias: econômica, social e administrativa. A regulação econômica é expressa pela intervenção direta nas decisões de setores econômicos, tais como formação de preços, competição, entrada e saída do mercado. A orientação regulatória da reforma do Estado tem buscado o aumento da eficiência econômica pela redução dos obstáculos à competição, pela desregulação e pela privatização. A regulação social consiste na intervenção pública nas áreas de saúde, segurança e meio ambiente para o incentivo ou provisão direta de bens públicos e a proteção do interesse público nacional ou supranacional. A regulação administrativa compreende os procedimentos administrativos (red-tape) por meios dos quais o governo controla e intervém nas decisões econômicas de firmas e indivíduos. Esses mecanismos burocráticos tendem a gerar alto ônus ao desempenho do setor privado. As reformas regulatórias visam eliminar as formalidades desnecessárias, simplificar as necessárias e promover transparência nos mecanismos de tramitação dos processos”. (Fonte: Costa, Ribeiro, Silva, Melo, RAP, 2001, pg. 194) file:///C:/Users/Enap/Downloads/6376-12166-1-PB.pdf Política Pública Regulatória file:///C:/Users/Enap/Downloads/6376-12166-1-PB.pdf Regulação • No mundo: • Feudalismo: pedágios para manter as estradas, fiscalização da venda de peixes frescos, etc. (Turcyn, 2001). • 1887: primeira Agência Reguladora Americana (Interstate Commerce Comission). • No Brasil: • 1849: Construção do Rio São Francisco por contratação de empresários, com tarifas definidas: (pessoa a pé = 20 réis; a cavalo, 160 réis; animal grande porte carregado, 120 réis; animal pequeno porte descarregado, 20 réis...) Histórico da Regulação no Brasil Evolução no Brasil Inicio dos anos 1990 Investidores pedem maior segurança jurídica nas privatizações 1996-1998 Aneel Anatel ANP Primeiras agências estaduais multissetoriais 1999-2001 ANS ANA Ancine ANTT Antaq Anvisa 2006-2012 Anac PRO-REG Eventos de capacitação e consultoria a projetos piloto 2016-2020 ANM Guias de AIR, Avaliação de Políticas Públicas, Governança Lei das Agências Lei da Liberdade Econômica Decreto de AIR MAS... O sistema regulatório vai muito além das Agências Reguladoras!! Porém, durante muito tempo ficou restrito a esses entes. Cuidado: a regulação pode gerar custos e falhas regulatórias! Regulação e Política Pública Conjunto de programas ou ações governamentais necessárias e suficientes para a provisão de bens ou serviços à sociedade, financiados por recursos orçamentários ou por benefícios de natureza tributária, creditícia ou financeira Instrumento por meio do qual o Estado intervém no comportamento dos agentes, de modo a promover o aumento da eficiência, segurança, crescimento econômico e ganhos de bem-estar social Regulação Política Pública Objetivo da Regulação Possibilitar que o setor regulado funcione adequadamente, atendendo aos interesses públicos correlatos e proporcionando a mais plena fruição dos direitos fundamentais Análise de Impacto Regulatório - AIR Apresentação do Guia A regulação é uma forma contemporânea de ação do Estado [...] para estabelecer obrigações que devem ser cumpridas pelo setor privado, pelos cidadãos e pelo próprio governo [...] um dos principais instrumentos por meio dos quais os governos promovem o bem-estar social e econômico dos seus cidadãos. Pode, contudo, a regulação se transformar em obstáculo a esses mesmos objetivos, pois quando excessiva e desproporcional, pode impedir a inovação ou criar barreiras desnecessárias ao comércio, à concorrência, ao investimento e à eficiência econômica Torna-se vital portanto a AIR ... Análise de Impacto Regulatório para avaliação prévia à edição de atos normativos para verificar os seus prováveis efeitos e a razoabilidade do impacto sobre os agentes econômicos ou os usuários dos serviços prestados. https://www.gov.br/casacivil/pt-br/centrais-de-conteudo/downloads/diretrizes-gerais-e-guia-orientativo_final_27-09-2018.pdf/view 8 https://www.gov.br/casacivil/pt-br/centrais-de-conteudo/downloads/diretrizes-gerais-e-guia-orientativo_final_27-09-2018.pdf/view Análise de Impacto Regulatório - AIR O que é AIR? Processo sistemático de análise baseado em evidências que busca avaliar, a partir da definição de um problema regulatório, os possíveis impactos das alternativas de ação disponíveis para o alcance dos objetivos pretendidos. A AIR é ferramenta que contribui para melhoria da qualidade regulatória, avalia benefícios, custos e efeitos das regulações novas ou alteradas. Para que serve? Orientar e subsidiar a tomada de decisão. Quando é aplicável? Deve preceder a adoção e as propostas de alteração de atos normativos de interesse geral dos agentes econômicos, de consumidores ou usuários dos serviços prestados. https://www.gov.br/casacivil/pt-br/centrais-de-conteudo/downloads/diretrizes-gerais-e-guia-orientativo_final_27-09-2018.pdf/view 9 https://www.gov.br/casacivil/pt-br/centrais-de-conteudo/downloads/diretrizes-gerais-e-guia-orientativo_final_27-09-2018.pdf/view Análise de Impacto Regulatório - AIR O que é AIR: Ferramenta fundamental para auxiliar os governos na análise dos impactos da regulação e melhoria da qualidaderegulatória. A AIR garante que a ação governamental seja justificada e apropriada. Decreto 10.411, Art. 2º, define análise de impacto regulatório – AIR, como: “procedimento, a partir da definição de problema regulatório, de avaliação prévia à edição dos atos normativos de que trata este Decreto, que conterá informações e dados sobre os seus prováveis efeitos, para verificar a razoabilidade do impacto e subsidiar a tomada de decisão” Segundo a OCDE: “A AIR é uma ferramenta regulatória que examina e avalia os prováveis benefícios, custos e efeitos das regulações novas ou alteradas” “[...] AIR prepara provas para os tomadores de decisões políticas acerca das vantagens e desvantagens de possíveis opções políticas por meio da análise dos seus impactos potenciais”. 10 CONCEITOS DECRETO Nº 10.411, de 30 de junho de 2020 (DOU 01/07/20) Art. 2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: I - análise de impacto regulatório - AIR - ............ II - ato normativo de baixo impacto - aquele que: a) não provoque aumento expressivo de custos para os agentes econômicos ou para os usuários dos serviços prestados; b) não provoque aumento expressivo de despesa orçamentária ou financeira; e c) não repercuta de forma substancial nas políticas públicas de saúde, de segurança, ambientais, econômicas ou sociais; III - avaliação de resultado regulatório - ARR - verificação dos efeitos decorrentes da edição de ato normativo, considerados o alcance dos objetivos originalmente pretendidos e os demais impactos observados sobre o mercado e a sociedade, com sua implementação; IV - custos regulatórios - estimativa dos custos, diretos e indiretos, ... a ser incorridos pelos agentes econômicos, pelos usuários dos serviços prestados e, se for o caso, por outros órgãos ou entidades públicos, para estar em conformidade ...., além dos custos que devam ser incorridos pelo órgão ou pela entidade competente para monitorar e fiscalizar o cumprimento dessas novas exigências e obrigações por parte dos agentes econômicos e dos usuários dos serviços prestados; V - relatório de AIR - ato de encerramento da AIR, que conterá os elementos que subsidiaram a escolha da alternativa mais adequada ao enfrentamento do problema regulatório identificado e, se for o caso, a minuta do ato normativo a ser editado; e VI - atualização do estoque regulatório - exame periódico dos atos normativos de responsabilidade do órgão ou da entidade competente, com vistas a averiguar a pertinência de sua manutenção ou a necessidade de sua alteração ou revogação. Análise de Impacto Regulatório - AIR Princípios da boa regulação A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) no documento Recomendação sobre Melhoria da Qualidade Regulatória propõe um roteiro segundo o qual a boa regulação deve (p. 22 do Guia): • buscar resolver problemas e alcançar metas claramente definidas e ser eficaz na consecução desses objetivos; • ser fundamentada em evidências e proporcional ao problema identificado; • estar fundamentada em uma base legal sólida; • produzir benefícios que justifiquem os custos; • considerar a distribuição dos seus efeitos entre os diferentes atores e grupos; • minimizar os custos administrativos e eventuais distorções de mercado resultantes de sua implementação; • ser clara e compreensível aos regulados e usuários; .... (e executores ...) • ser consistente com outros regulamentos e políticas; .... (qual norma seguir ...) • ser elaborada de modo transparente, com procedimentos adequados para a manifestação efetiva e tempestiva de atores e grupos interessados; e • considerar os incentivos e mecanismos para alcançar os efeitos desejados, incluindo estratégias de implementação que potencializem seus resultados. 12 Por que regular e por que flexibilizar? Por que regular? Alguns mercados falham em emitir os sinais corretos de preço que garantem as escolhas adequadas que maximizariam o bem-estar social. A regulação é o instrumento por meio do qual a Administração Pública atua, com vistas a assegurar a eficiência de mercado, melhoria na segurança, crescimento econômico e ganhos de bem-estar social (SEAE, 2021, p. 6). Por que desregular? O excesso de normas, burocracia, falhas regulatórias e institucionais geram ineficiência econômica, perda de competitividade internacional, piora no ambiente de negócios ... e consequentemente piora no bem estar ... Se utilizada de modo arbitrário e desproporcional, a regulação pode gerar efeitos nocivos substanciais aos mercados e à sociedade como um todo (SEAE, 2021, p. 6) [...] Os custos da implantação de medidas regulatórias não podem exceder seus benefícios (SEAE, 2021, p. 7). O Brasil no Índice Global de Competitividade Fardo da Regulação Governamental No seu país, o quão oneroso é para as empresas cumprir com os requisitos da administração pública (por exemplo, licenças, regulamentos, relatórios? Medidas do Governo Federal - Lei 13.784, de 20/set/2019 - “Revogaço” regulatório - “Revisaço” regulatório DESBUROCRATIZAÇÃO/ CUSTO BRASIL 2019: O Relatório do Fórum Econômico Mundial (WEC – World Economic Forum) aponta que o Brasil ocupa a 71ª posição entre 141 países no ranking global de competitividade (Minfra e FDC) Segundo o Inmetro 14 Evidências Normas legais e regulatórias adotadas no Brasil entre 1988 e 2020 Ao completar 32 anos da Constituição Federal de 1988, legislação brasileira é complexa, confusa e de difícil interpretação Mais de 6,4 milhões de normas editadas; Isso significa a edição, em média, de 800 normas por dia útil; 419.387 normas tributárias; Cerca de 2,17 norma tributária por hora (dia útil); Em 32 anos, houve 16 emendas constitucionais tributárias; Foram criados inúmeros tributos, como CPMF, COFINS, CIDES, CIP, CSLL, PIS Importação, COFINS Importação, ISS Importação; Em média, cada norma tem 3.000 palavras. Saúde, Educação, Segurança, Trabalho, Salário e Tributação são temas que aparecem em 45% de toda a legislação. Somente 4,15% das normas editadas no período não sofreram nenhuma alteração. Fonte: Ibpt, 2020. Desde 05 de outubro de 1988 (Constituição Federal), até 28/09/2020, foram editadas 6.475.682 de normas que regem a vida dos cidadãos brasileiros. Isto representa, em média, 554 normas editadas todos os dias ou 800 normas editadas por dia útil. Falha regulatória Normas adotadas no Brasil entre 1988 e 2020 Normas Gerais Federais No âmbito federal, foram editadas 168.642 normas desde a promulgação da Constituição Federal, 6 emendas constitucionais de revisão, 108 emendas constitucionais, 2 leis delegadas, 116 leis complementares, 6.308 leis ordinárias, 1.612 medidas provisórias originárias, 5.491 reedições de medidas provisórias, 13.318 decretos federais e 141.680 normas complementares (portarias, instruções normativas, ordens de serviço, atos declaratórios, pareceres normativos, etc.). Fonte: Ibpt, 2020. Normas Gerais Estaduais Os Estados editaram 1.860.778 normas, sendo 424.043 leis complementares e ordinárias, 605.046 decretos e 831.689 normas complementares. Normas Gerais Municipais Os Municípios são responsáveis pela edição de 4.446.262 normas, divididas em 742.878 leis complementares e ordinárias, 850.077 decretos 2.853.307 normas complementares. Segundo a SEAE (2021, p. 7) estudo realizado em 2020, pela Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (SEPEC, 2020), indicou que o Custo Brasil consome das empresas um valor de aproximadamente R$ 1,5 trilhão, cifra que representa 22% do PIB. Desse valor total, somente o custo para atuar em ambiente jurídico- regulatório eficaz tem uma diferença entre 160 a 200 bilhões ao ano em relação à média dos países da OCDE. DOING BUSINESS 2013 E 2020 - FACILIDADE EM SE FAZER NEGÓCIOS Fonte: Adaptado de http://portugues.doingbusiness.org/data/exploreeconomies/brazil TOPICOS DO RANKING DB 2020 Rank DB 2013Rank Brasil/ indicador OCDE Ricos China Melhor Desemp. Global (Ranking) 124 121 124 31º 1º Abertura de empresas 138 121 11 procedimentos 13,5 dias 4,9 9,2d 6,5 25,6d 1 0,5d Obtenção de alvarás de construção 170 126 19 procedimentos 384 dias 12,7 152,3d 14,8 132,3 - - Obtenção de eletricidade 98 14 5 procedimentos 132 dias 4,4 74,8d 4,2 63,2d 3 18d Registro de propriedades 133 103 14 procedimentos 24,5 dias 4,7 23,6d 5,5 71,9d 1 1d Obtenção de crédito 104 105 Cobertura 81,2% 66,7% 23,8 100% Proteção de investidores 61 80 Transparência 6 5,7 2,6 7 Pagamento de impostos 184 160 10 pagamentos 1501 horas/ano 10,3 158,8h 20,6 173h 3 49h Comércio internacional 108 124 Tempo 49 horas Custo X US$ 862 12,7h 136,8 57,5h 381,1 1 0 Execução de contratos 58 121 731 dias 20,7% da divida 589,6 21,5% 581,1 47,2 120 0,1% Resolução de Insolvência 77 146 4 anos Custo 12% imóvel 1,7 9,3% 2,6 20,6 0,4 1% Pequena empresa precisa de 7 alvarás para funcionar No caso ilustrado abaixo a empresa tem 5 funcionários (CLT) e 5 PJ (contratos de prestação de serviços) Além dos 7 alvarás, a empresa tem que atender mais de 100 normativos (municipais, estaduais e federais), em diversas áreas (segurança, normas técnicas, ambientais, bombeiros, conselhos profissionais, etc.), grande número de taxas e outras cobranças. Lei da Liberdade Econômica (Lei nº 13.874, de 20 de setembro de 2019) CAPÍTULO IV DA ANÁLISE DE IMPACTO REGULATÓRIO Art. 5º As propostas de edição e de alteração de atos normativos de interesse geral de agentes econômicos ou de usuários dos serviços prestados, editadas por órgão ou entidade da administração pública federal, incluídas as autarquias e as fundações públicas, serão precedidas da realização de análise de impacto regulatório, que conterá informações e dados sobre os possíveis efeitos do ato normativo para verificar a razoabilidade do seu impacto econômico. Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a data de início da exigência de que trata o caput deste artigo e sobre o conteúdo, a metodologia da análise de impacto regulatório, os quesitos mínimos a serem objeto de exame, as hipóteses em que será obrigatória sua realização e as hipóteses em que poderá ser dispensada. Lei Geral das Agências Reguladoras (Lei nº 13.848, de 25 de junho de 2019) Art. 6º A adoção e as propostas de alteração de atos normativos de interesse geral dos agentes econômicos, consumidores ou usuários dos serviços prestados serão, nos termos de regulamento, precedidas da realização de Análise de Impacto Regulatório (AIR), que conterá informações e dados sobre os possíveis efeitos do ato normativo. DECRETO Nº 10.411, de 30 de junho de 2020 (DOU 01/07/20) Regulamenta a análise de impacto regulatório, de que tratam o art. 5º da Lei nº 13.874, de 20 de setembro de 2019, e o art. 6º da Lei nº 13.848, de 25 de junho de 2019. Art. 1º Este Decreto define as diretrizes e critérios mínimos para a elaboração de análise de impacto regulatório – AIR, prevista no art. 5º da Lei nº 13.874 ... 19 DECRETO Nº 10.411, de 30 de junho de 2020 (DOU 01/07/20) APLICAÇÃO a AIR Art. 3º A edição, a alteração ou a revogação de atos normativos de interesse geral de agentes econômicos ou de usuários dos serviços prestados, por órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional será precedida de AIR. § 1º No âmbito da administração tributária e aduaneira da União, o disposto neste Decreto aplica-se somente aos atos normativos que instituam ou modifiquem obrigação acessória. NÃO SE APLICA a AIR § 2º O disposto no caput não se aplica aos atos normativos: I - de natureza administrativa, cujos efeitos sejam restritos ao âmbito interno do órgão ou da entidade; II - de efeitos concretos, destinados a disciplinar situação específica, cujos destinatários sejam individualizados; III - que disponham sobre execução orçamentária e financeira; IV - que disponham estritamente sobre política cambial e monetária; V - que disponham sobre segurança nacional; e VI - que visem a consolidar outras normas sobre matérias específicas, sem alteração de mérito. DECRETO Nº 10.411, de 30 de junho de 2020 (DOU 01/07/20) DISPENSA de AIR Art. 4º A AIR poderá ser dispensada, desde que haja decisão fundamentada do órgão ou da entidade competente, nas hipóteses de: I - urgência; II - ato normativo destinado a disciplinar direitos ou obrigações definidos em norma hierarquicamente superior que não permita, técnica ou juridicamente, diferentes alternativas regulatórias; III - ato normativo considerado de baixo impacto; IV - ato normativo que vise à atualização ou à revogação de normas consideradas obsoletas, sem alteração de mérito; V - ato normativo que vise a preservar liquidez, solvência ou higidez: a) dos mercados de seguro, de resseguro, de capitalização e de previdência complementar; b) dos mercados financeiros, de capitais e de câmbio; ou c) dos sistemas de pagamentos; VI - ato normativo que vise a manter a convergência a padrões internacionais; VII - ato normativo que reduza exigências, obrigações, restrições, requerimentos ou especificações com o objetivo de diminuir os custos regulatórios; e VIII - ato normativo que revise normas desatualizadas para adequá-las ao desenvolvimento tecnológico consolidado internacionalmente, nos termos do disposto no Decreto nº 10.229, de 5 de fevereiro de 2020. DECRETO Nº 10.411, de 30 de junho de 2020 (DOU 01/07/20) DISPENSA de AIR Art. 4º A AIR poderá ser dispensada, desde que haja decisão fundamentada do órgão ou da entidade competente, nas hipóteses de: [...] § 1º Nas hipóteses de dispensa de AIR, será elaborada nota técnica ou documento equivalente que fundamente a proposta de edição ou de alteração do ato normativo. § 2º Na hipótese de dispensa de AIR em razão de urgência, a nota técnica ou o documento equivalente de que trata o § 1º deverá, obrigatoriamente, identificar o problema regulatório que se pretende solucionar e os objetivos que se pretende alcançar, de modo a subsidiar a elaboração da ARR, observado o disposto no art. 12. § 3º Ressalvadas informações com restrição de acesso, nos termos do disposto na Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, a nota técnica ou o documento equivalente de que tratam o § 1º e o § 2º serão disponibilizados no sítio eletrônico do órgão ou da entidade competente, conforme definido nas normas próprias. Art. 5º A AIR será iniciada após a avaliação pelo órgão ou pela entidade competente quanto à obrigatoriedade ou à conveniência e à oportunidade para a resolução do problema regulatório identificado. As principais atividades da AIR As principais atividades da AIR 1. Definição do Problema Regulatório 2. Identificação dos atores afetados pelo problema 3. Identificação da base legal para atuação do órgão ou Instituição (ou Agência) 4. Definição dos objetivos desejados 5. Mapeamento das alternativas de ação 6. Análise dos Impactos das Alternativas 7. Identificação da melhor alternativa 8. Estratégia de implementação 9. Estratégia de fiscalização 10. Estratégia de monitoramento Consulta aos atores e sociedade A consulta aos atores, afetados pelo problema regulatório, pode ocorrer em todas as fases da AIR Fases da AIR 1) Definição e Análise do Problema Regulatório 2) Identificação dos atores afetados pelo problema 3) Identificação da base legal para atuação do órgão ou Instituição (ou Agência) 4) Definição dos objetivos desejados 5) Mapeamento das alternativas de ação 6) Análise dos Impactos das Alternativas 7) Identificação da melhor alternativa 8) Estratégia de implementação 9) Estratégia de fiscalização 10) Estratégia de Monitoramento ..................................................... - Considerações sobre a participação social - Mapeamento da experiência internacional - Comparação das alternativas para resolução do problema - Identificação e definição dosefeitos e riscos Art. 6º A AIR será concluída por meio de relatório que contenha: I - sumário executivo objetivo e conciso, que deverá empregar linguagem simples e acessível ao público em geral; II - identificação do problema regulatório que se pretende solucionar, com a apresentação de suas causas e sua extensão; III - identificação dos agentes econômicos, dos usuários dos serviços prestados e dos demais afetados pelo problema regulatório identificado; IV - identificação da fundamentação legal que ampara a ação do órgão ou da entidade quanto ao problema regulatório identificado; V - definição dos objetivos a serem alcançados; VI - descrição das alternativas possíveis ao enfrentamento do problema regulatório identificado, consideradas as opções de não ação, de soluções normativas e de, sempre que possível, soluções não normativas; VII - exposição dos possíveis impactos das alternativas identificadas, inclusive quanto aos seus custos regulatórios; VIII - considerações referentes às informações e às manifestações recebidas para a AIR em eventuais processos de participação social ou de outros processos de recebimento de subsídios de interessados na matéria em análise; IX - mapeamento da experiência internacional quanto às medidas adotadas para a resolução do problema regulatório identificado; X - identificação e definição dos efeitos e riscos decorrentes da edição, da alteração ou da revogação do ato normativo; XI - comparação das alternativas consideradas para a resolução do problema regulatório identificado, acompanhada de análise fundamentada que contenha a metodologia específica escolhida para o caso concreto e a alternativa ou a combinação de alternativas sugerida, considerada mais adequada à resolução do problema regulatório e ao alcance dos objetivos pretendidos; e XII - descrição da estratégia para implementação da alternativa sugerida, acompanhada das formas de monitoramento e de avaliação a serem adotadas e, quando couber, avaliação quanto à necessidade de alteração ou de revogação de normas vigentes. Relatório da AIR DECRETO nº 10.411 Esquema do processo de AIR do Inmetro Fonte: Inmetro. Nota Técnica nº 4/2020/Diqre/Dconf-Inmetro, p. 4 Documento colocado em tomada de subsídios https://www4.inmetro.gov.br/tomadadesubsidios https://www4.inmetro.gov.br/tomadadesubsidios As principais atividades da AIR 1. Definição do Problema Regulatório 2. Identificação dos atores afetados pelo problema 3. Identificação da base legal para atuação do órgão ou Instituição (ou Agência) 4. Definição dos objetivos desejados 5. Mapeamento das alternativas de ação 6. Análise dos Impactos das Alternativas 7. Identificação da melhor alternativa 8. Estratégia de implementação 9. Estratégia de fiscalização 10. Estratégia de monitoramento Consulta aos atores e sociedade Fase I da AIR (Nota Técnica) 1) Análise do Problema regulatório 1.1 Descritores do problema/ evidências (extensão, onde ocorre, frequência, grupos impactados) 1.2 Identificação das causas, causas das causas, causas raízes 1.3 Consequência do problema, efeitos nos agentes econômicos 2) Atores 2.1 Identificação dos atores – afetados pelo problema 2.2 Interesses, recursos, poder de influência e objetivos. 3) Base legal para atuação do órgão ou agência; 4) Descrição dos objetivos da atuação regulatória. 4.1 Objetivo geral 4.2 Objetivos específicos 4.3 Resultados e efeitos ....................................................... 5a) Consulta aos agentes afetados As principais atividades da AIR 1. Definição do Problema Regulatório 2. Identificação dos atores afetados pelo problema 3. Identificação da base legal para atuação do órgão ou Instituição (ou Agência) 4. Definição dos objetivos desejados 5. Mapeamento das alternativas de ação 6. Análise dos Impactos das Alternativas 7. Identificação da melhor alternativa 8. Estratégia de implementação 9. Estratégia de fiscalização 10. Estratégia de monitoramento Consulta aos atores e sociedade Fase II da AIR Mapeamento e análise das alternativas de ação 5) Mapeamento das alternativas de ação 5.1 Não ação (Status Quo) 5.2 Alternativas não Normativas (incentivos, mercado, informação, ação direta do governo, co e autoregulação) 5.3 Alternativas normativas (regulação econômica – preços, quantidade, qualidade nº de firmas; regulação social – determinação técnica, qualidade exigida) 6) Análise dos Impactos das Alternativas 6.1 Impactos diretos (C&B) 6.2 Impactos Indiretos (C&B) 6,3 Custos e benefícios regulatórios. 7) Identificação da melhor alternativa; ....................................................... 9) Considerações sobre a participação social 11) Mapeamento da experiência internacional 12) Comparação das alternativas para resolução do problema 13 Identificação e definição dos efeitos e riscos As principais atividades da AIR 1. Definição do Problema Regulatório 2. Identificação dos atores afetados pelo problema 3. Identificação da base legal para atuação do órgão ou Instituição (ou Agência) 4. Definição dos objetivos desejados 5. Mapeamento das alternativas de ação 6. Análise dos Impactos das Alternativas 7. Identificação da melhor alternativa 8. Estratégia de implementação 9. Estratégia de fiscalização 10. Estratégia de monitoramento Consulta aos atores e sociedade Fase III da AIR 8) Estratégia de Implementação - Elaboração dos instrumentos e matérias para implementar a solução proposta - Ações para superação de desafios e implementação da proposta - Áreas responsáveis - Mecanismos de coerção - Cronograma, plano de comunicação 9) Estratégia de Fiscalização - Tipo de fiscalização recomendada - Áreas responsáveis - Dados ou informações - Preparação específica ou - Adaptação interna para fiscalização - Custos da fiscalização 10) Estratégia de Monitoramento; - Como será o acompanhamento - Indicadores e metas - estratégia de acompanhamento dos indicadores propostos ........................................................... i) Considerações sobre manifestações recebidas em participação social ii) Responsáveis pela AIR iii) Experiência internacional iv) Mensuração dos impactos sobre os diferentes grupos ou atores v) Abordagem do Risco na AIR Figura 1 – Processo de Análise de Impacto Regulatório (p.23) • Definição do Problema Regulatórios • Identificação dos atores afetados pelo problema • Identificação da base legal para atuação do órgão • Definição dos objetivos desejados • Mapeamento das alternativas de ação • Análise dos impactos das alternativas • Identificação do melhor alternativa • Estratégia de implementação • Estratégia de fiscalização • Estratégia de monitoramento Definição do Problema Regulatórios Identificação dos atores afetados pelo problema Identificação da base legal para atuação do órgão Definição dos objetivos desejados Mapeamento das alternativas de ação Análise dos impactos das alternativas Identificação do melhor alternativa Estratégia de implementação Estratégia de fiscalização Estratégia de monitoramento 30 Ciclo Regulatório Fonte: Guia de AIR da Casa Civil/PR, p. 24 CAPÍTULO 4. INSTRUMENTOS REGULATÓRIOS Organização dos instrumentos regulatórios segundo as modalidades de atuação Modalidades de atuação regulatória normativa e não normativa Atuação regulatória normativa Atuação regulatória não normativa Regulamentação Recomendação Orientação e Informação Autorregulação Corregulação Outros instrumentos (Fonte: Guia da Anvisa, pg. 52) Guia da Anvisa RDC – Resolução da Diretoria Colegiada Novo Guia de AIR do ME SEAE (Secretaria de Advocacia da Concorrência e Competitividade do Ministério da Economia). Guia para Elaboração de Análise de Impacto Regulatório - AIR. Brasília: ME, 2021. Novo Guia de AIR “O objetivo é trazer elementos da boa prática regulatória aos órgãos e às entidades da administração pública federal direta,autárquica e fundacional, quando da proposição de atos normativos de interesse geral de agentes econômicos ou de usuários dos serviços prestados, no âmbito de suas competências”. “Este Guia se adequa aos novos dispositivos do Decreto n° 10.411, de 30 de junho de 2020. Além disso, agrega informações relativas a processos em curso de inovação da advocacia da concorrência” “O Guia apresenta o conteúdo, os requisitos e as diretrizes de uma AIR, conforme o Decreto 10.411/2020”. “Orienta também para que estas análises levem em conta o impacto regulatório sobre ações empreendedoras e inovadoras”. (SEAE, 2021, p. 5) José Luiz Pagnussat WhatsApp: 61-999896705 Jose.pagnussat@enap.gov.br