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Aula 2 Princípios norteadores do Direito Ambiental

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Direito Ambiental e Crimes Ambientais
Aula 2: Princípios norteadores do Direito Ambiental
Apresentação
Nesta aula, entenderemos a importância do estudo dos princípios para as disciplinas jurídicas e para o Direito Ambiental.
Depois, vamos analisar cada um dos princípios norteadores do Direito Ambiental, uma vez que se trata de disciplina
autônoma que tem princípios próprios.
A Constituição Federal de 1988 instituiu princípios para a disciplina que merecem destaque, como o princípio do
desenvolvimento sustentável e da dignidade da pessoa humana, que também vamos observar nesta aula.
Objetivos
Esclarecer a importância dos princípios para o estudo do Direito e para a disciplina Direito Ambiental;
Identi�car os princípios norteadores do Direito Ambiental;
Veri�car, frente à Constituição Federal, os princípios do Direito Ambiental que se relacionam com ela.
Princípios do Direito Ambiental
 (Fonte: Chinnapong / Shutterstock)
Nos princípios estão as proposições primárias do Direito. Eles estão
vinculados àqueles valores fundamentais de uma sociedade.
Comentário
O Direito Ambiental no passado não era considerado uma disciplina autônoma, mas sim um braço do Direito Administrativo.
Com o passar dos anos, a proteção e preservação do bem ambiental ganhou força e normatização própria.
Atualmente, o Direito Ambiental é uma matéria autônoma, com princípios próprios que servem para regular seus objetivos e
diretrizes, mas também auxiliam para que se possa conhecer as normas jurídicas existentes e que compõem o sistema
legislativo ambiental.
Pelos princípios consagrados no Direito Ambiental, retiram-se as diretrizes que permitem compreender a forma normativa pela
qual a proteção e a preservação do bem ambiental são vistas na sociedade.
Na aula anterior, abordamos as Conferências da ONU, que in�uenciaram no estudo do Direito Ambiental. Essas conferências
também tiveram papel importante dentro dos princípios norteadores da disciplina.
Em 1972 
A Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente Humano, que ocorreu em
1972, na cidade de Estocolmo, capital da
Suécia, estabeleceu 26 princípios que
praticamente resumem as preocupações
com o desenvolvimento e o meio ambiente.
Estes princípios foram importantes fontes
para os princípios norteadores do Direito
Ambiental brasileiro.
Declaração da Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente Humano.
Em 1992
Em junho de 1992, a Conferência das Nações
Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento,
realizada na cidade do Rio de Janeiro,
conhecida como Rio-92, também
estabeleceu, fruto da Declaração do Rio sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, 27
princípios ambientais globais.
A Declaração do Rio objetivou uma nova
parceria mundial e cooperação entre os
Estados, a sociedade e os indivíduos que a
compõem, trabalhando com o �m de criar
acordos internacionais que venham a
respeitar os interesses de toda a humanidade
e que protejam globalmente o meio ambiente
e o desenvolvimento.
Princípios mais importantes do Direito Ambiental
São princípios do Direito Ambiental:
 1. Princípio do direito humano;
 2. Princípio da cooperação;
 3. Princípio da participação ou democrático;
 4. Princípio da educação ambiental;
 5. Princípio da ubiquidade;
 6. Princípio da prevenção;
 7. Princípio da precaução;
 9. Princípio do usuário pagador;
 10. Princípio do desenvolvimento sustentável;
 11. Princípio da responsabilidade ambiental;
 12. Princípio da obrigatoriedade da intervenção estatal
na defesa do meio ambiente;
 13. Princípio do equilíbrio;
 14. Princípio do limite;

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javascript:void(0);
 8. Princípio do poluidor pagador;  15. Princípio da função socioambiental da propriedade
privada.
A seguir, vamos falar sobre cada um deles:
 Princípios do Direito Ambiental
 Clique no botão acima.
Princípios do Direito Ambiental
1. Princípio do direito humano
Por este princípio, entende-se que o meio ambiente é considerado uma extensão do direito à vida, portanto um direito
humano, de defender os valores fundamentais da pessoa humana, mesmo não explicitado nos caputs dos artigos 5º e
6º da Constituição Federal.
A Constituição Federal (CRFB/88) estabelece, em seu art. 1º, que entre os fundamentos do Estado Democrático de
Direito está o da dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III), o fundamento precípuo de todo o sistema
constitucional.
O meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental da pessoa humana e está vinculado ao direito
à sadia qualidade de vida, que deve ser protegido e preservado para as presentes e futuras gerações (direito
intergeracional).
Esse princípio tem previsão na Declaração de Estocolmo, fruto da Conferência da Organização das Nações Unidas que
ocorreu em 1972, na cidade de Estocolmo.
Inicialmente, essa conferência apresenta sete considerações básicas, tendo em vista a necessidade de um ponto de
vista e de princípios comuns para inspirar e guiar os povos do mundo na preservação e na melhoria do meio ambiente.
Esse princípio está presente na Declaração de Estocolmo na Consideração nº 1 e nos princípios 1 e 8:
Consideração 1. O homem é ao mesmo tempo criatura e criador do meio ambiente, que lhe dá sustento físico e lhe
oferece a oportunidade de desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente.
A longa e difícil evolução da raça humana no planeta levou-a a um estágio em que, com o rápido progresso da
Ciência e da Tecnologia, conquistou o poder de transformar de inúmeras maneiras e em escala sem precedentes o
meio ambiente.
Natural ou criado pelo homem, é o meio ambiente essencial para o bem-estar e para gozo dos direitos humanos
fundamentais, até mesmo o direito à própria vida.
Na Conferência Rio-92, tal questão está esculpida no princípio 1.
A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81), em seu artigo 2°, também evidência esse princípio ao
estabelecer que a norma tem por �m a preservação e melhoria da qualidade ambiental, com vistas ao
desenvolvimento sustentável.
2. Princípio da cooperação
O princípio da cooperação tem por base ser indispensável cooperar para controlar, evitar, reduzir e eliminar
e�cazmente os efeitos prejudiciais que determinadas atividades venham a produzir no meio ambiente.
Dependendo da extensão causada ao meio ambiente, o dano ambiental pode ultrapassar a fronteira de determinado
município ou estado.
Então, esse princípio, no ordenamento jurídico nacional, tem por �m fazer que os entres públicos cooperem uns com
os outros para desestimular ou evitar o deslocamento de qualquer atividade, resíduo ou substância que venha a causar
degradação ao meio ambiente e coloque em risco a saúde da população.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 4°, inciso IX, prevê que o Brasil nas relações internacionais deve reger-se
por alguns princípios, dentre eles a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade.
Esse princípio está presente nos números 22 e 24 da Conferência de Estocolmo. Na Declaração do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, estabelecida na Rio-92, o princípio da cooperação está previsto em diversos princípios,
dentre eles os números 5, 7, 9 e 12.
Perante as Conferências Internacionais da Organização das Nações Unidas, esse princípio busca a cooperação entre
os países, seja através da cooperação técnica e cientí�ca para diminuir a degradação do meio ambiente, seja através
de uma cooperação social para diminuir a pobreza mundial, o consumismo e a poluição em todas as suas formas.
Em nosso país, a cooperação se dá entre o poder público em todas as esferas da federação e também entre as
empresas, na busca da preservação e proteção do meio ambiente.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 4°, inciso IX, estabelece o princípio da cooperação, ao disciplinar que a
República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos princípios da cooperação entre os povos
para o progresso da humanidade.
3. Princípio da participação ou democrático
Este princípio estávinculado à democracia direta ou participativa, uma vez que assegura a todos os cidadãos o direito
pleno de participar da elaboração de políticas públicas ambientais.
São mecanismos de participação popular na elaboração dessas políticas:
A participação de iniciativa popular nos procedimentos legislativos, a realização de referendos sobre leis e a
atuação de representantes da sociedade civil em órgãos colegiados dotados de poderes normativos;
A sociedade pode atuar diretamente na defesa do meio ambiente, participando na formulação e na execução de
políticas ambientais, por intermédio da atuação de representantes da sociedade civil em órgãos colegiados
responsáveis pela formulação de diretrizes e pelo acompanhamento da execução de políticas públicas;
Mecanismo de participação popular direta na proteção do meio ambiente, na utilização de instrumentos
processuais que permitem a obtenção da prestação jurisdicional na área ambiental e que estão à disposição do
cidadão e da coletividade brasileira na tutela do meio ambiente, como a Ação Popular, a Ação Civil Pública e o
Mandado de Segurança Coletivo.
A participação da população e o acesso à informação são considerados elementos essenciais para garantir a proteção
do bem ambiental.
A Constituição Federal de 1988 estabelece, em seu artigo 225, caput, que não é só dever do poder público, mas
também de todos nós, enquanto coletividade, proteger o meio ambiente e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
O princípio da participação também se encontra esculpido no princípio número 10 da Declaração do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, disciplinada na Rio-92.
4. Princípio da educação ambiental
Educação ambiental consiste nos processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de
uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de
forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal.
O Brasil, em 1999, instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.795/99), norma com conceitos, princípios
e objetivos próprios. A educação ambiental também está outorgada na Constituição Federal de 1988, no artigo 225,
§1°, inciso VI e na Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6.938/81, em seu art. 2º, inciso X, que expressam:
Perante a Carta Constitucional, para assegurar a efetividade do direito de preservar e defender o meio ambiente,
deve o poder público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública
para a preservação do meio ambiente.
O princípio da educação ambiental também está previsto na Declaração de Estocolmo, no número 19.
5. Princípio da ubiquidade
Pelo princípio da ubiquidade, como o meio ambiente tem característica difusa enquanto bem presente em todos os
lugares e de titularidade �uida, o bem ambiental não �ca limitado a uma determinada região ou território.
Esse princípio vem evidenciar que o objeto de proteção do meio ambiente deve ser levado em consideração sempre
que uma política, atuação, legislação sobre qualquer tema, atividade ou obra tiver que ser criada e desenvolvida.
Isso ocorre porque o Direito Ambiental tutela a vida e a qualidade de vida; assim, tudo o que se pretende fazer, criar ou
desenvolver deve antes passar por uma consulta ambiental, para saber se há ou não possibilidade de degradação ao
meio ambiente.
6. Princípio da prevenção
O princípio da prevenção está ligado a impactos ambientais conhecidos. Quando se tem conhecimento de que certa
atividade causará impacto ambiental, podem-se adotar medidas para que este dano ambiental não ocorra ou seja
minimizado.
Este princípio se aplica quando o perigo de dano ao meio ambiente é certo e há elementos consistentes para
assegurar que certa obra ou atividade é poluidora e por si só é capaz de causar dano.
Diante desta certeza, impõem-se ao agente criar ações para evitar que a degradação ao meio ambiente ocorra para
efetivamente evitá-las ou, ao menos, atenuar seus impactos.
Um bom exemplo desse princípio é a atividade de mineração, uma vez que é da natureza desta atividade degradar o
bem ambiental.
A própria Constituição Federal determina, em seu artigo 225, § 2°, que aquele que explorar recursos minerais �ca
obrigado a recuperar o meio ambiente que foi degradado, de acordo com as medidas e solução técnica instituída pelo
órgão público competente.
Outro exemplo adequado e pertinente é o licenciamento ambiental, matéria que vamos analisar mais adiante. Esse
procedimento administrativo é necessário para qualquer empreendimento e atividade que utilizem recursos
ambientais que sejam considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou ainda aqueles que possam causar
degradação ao meio ambiente.
Para que a degradação não exista, faz-se necessário adotar todas as providências possíveis para evitar o dano ou
minimizá-lo ao máximo.
O princípio da prevenção está previsto no caput do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, ao narrar que é dever
do Poder Público e à coletividade defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Este princípio é basilar no Direito Ambiental, uma vez que enfatiza a prioridade que se deve dar a todas as medidas que
previnem dano ao meio ambiente.
7. Princípio da precaução
O princípio da precaução tem por base a incerteza de que determinada obra ou atividade, ao ser realizada, possa vir a
causar impacto ao meio ambiente e, consequentemente, degradá-lo.
Contudo, diante da dúvida (incerteza) de que haverá o impacto ambiental, o agente deve adotar todas as medidas
possíveis e necessárias para evitar o dano e deste modo minimizar seus impactos.
O princípio da precaução pressupõe uma decisão a ser tomada quando a informação cientí�ca sobre o impacto que
determinada atividade pode causar ao meio ambiente é inconclusiva, insu�ciente ou até mesmo incerta e existe a
possibilidade de efeitos negativos ao meio ambiente e à saúde das pessoas.
Este princípio não deve ser confundido com o da prevenção, apesar de serem parecidos. No princípio da prevenção,
não há a necessidade de prova de�nitiva de que a ameaça do dano irá se concretizar, pois é praticamente certa,
enquanto no princípio da precaução o que prevalece é a incerteza de que a atividade irá degradar o meio ambiente.
Desta forma, a prevenção pressupõe uma razoável previsibilidade dos danos que poderão ser causados ao bem
ambiental, enquanto a precaução pressupõe uma razoável imprevisibilidade dos danos que poderão a vir acontecer
dada a incerteza cientí�ca dos processos ecológicos envolvidos.
8. Princípio do poluidor pagador
É um dos princípios mais importantes do Direito Ambiental. Merece desde logo destacar que o conceito de poluidor
está disciplinado na Política Nacional do Meio Ambiente, em seu artigo 3°, inciso IV.
Pela norma, poluidor é qualquer pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, que direta ou indiretamente
venha a degradar o meio ambiente.
O princípio do poluidor pagador determina que o poluidor tem a obrigação de arcar com as despesas, com o �m de
evitar o dano ambiental (caráter preventivo) e/ou, uma vez ocorrido o dano, em razão da atividade desenvolvida, ser
responsável por sua reparação (caráter repressivo).
Assim, o poluidor deverá arcar com todo o prejuízo, de forma integral, pelos danos que causou ao bem ambiental.
Para sua aplicação, os custos sociais externos que acompanham o processo de produção (v.g. valor econômico
decorrentes de danos ambientais) devem ser internalizados, ou seja, o custo resultante da poluição deve ser assumido
pelos empreendedores de atividades potencialmente poluidoras nos custos da produção.
Assim, o causador da poluição arcará com os custos necessáriosà diminuição, eliminação ou neutralização do dano
ambiental.
Tem como fundamento legal o artigo 14, § 1º da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei 6.938/81 e o artigo
225, § 3º da Constituição Federal.
9. Princípio do usuário pagador
O princípio do usuário-pagador tem por base a cobrança de um determinado valor econômico para que seja utilizado o
bem ambiental.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Este princípio determina que quem utiliza o meio ambiental deve suportar o custo por sua utilização. Esse valor não
seria uma taxa abusiva, nem con�guraria um enriquecimento sem causa, mas apenas uma quantia a ser paga pela
utilização do bem ambiental.
Neste princípio, a premissa é que os bens ambientais, principalmente os recursos naturais, são patrimônios da
coletividade e assim não podem ser “apropriados”, como a água, o ar e o solo, mesmo que algumas vezes possa incidir
sobre esses bens justo título de propriedade.
Um exemplo deste princípio seria a utilização de um serviço público de água ou esgoto pelo usuário. Neste sentido,
este usuário só deve pagar pelo serviço se utilizou o bem.
Este princípio não tem a mesma natureza reparatória nem punitiva do poluidor pagador, uma vez que não está
associado à infração ou ilicitude.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei 6.938/81, em seu art. 4º, inciso VII, narra que o poluidor e o
predador devem recuperar ou reparar, através de indenização pecuniária, os danos causados ao bem ambiental.
10. Princípio do desenvolvimento sustentável
O conceito da expressão desenvolvimento sustentável foi apresentado ao mundo em 1987, através do relatório
intitulado Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório de Brundtland. É o desenvolvimento que encontra
as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades.
Não se pode negar que a maioria dos países tem economia capitalista, mas por este princípio, deve-se coadunar o
crescimento econômico com o uso racional dos recursos naturais, com vistas ao bem-estar social. Trata-se de um dos
princípios mais importantes do Direito Ambiental.
Este princípio procura conciliar a proteção ao meio ambiente com o desenvolvimento econômico, com o objetivo de
gerar melhoria na qualidade de vida de todos nós.
A Constituição Federal de 1988 expressa esse princípio ao referenciar o dever de defender e preservar o meio ambiente
para as presentes e futuras gerações, expresso no caput do artigo 225.
Ainda na Constituição, o capítulo da Ordem Econômica também faz menção à defesa do meio ambiente, ao a�rmar
que a ordem econômica, que é fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por �m assegurar
a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observado, dentre outros princípios, a proteção
ambiental, artigo 170, inciso VI da Constituição Federal.
O desenvolvimento sustentável exige dos governos políticas públicas de saneamento, educação ambiental,
�scalização no efetivo cumprimento das normas ambientais, diminuição do consumismo, eliminação da pobreza e da
poluição.
11. Princípio da responsabilidade ambiental
Este princípio engloba a responsabilidade da pessoa que causa dano ao meio ambiente. É possível que uma única
conduta lesiva ao meio ambiente impute ao causador do dano responsabilidades civil, penal e administrativa. Essas
responsabilidades podem ocorrer de forma individual ou cumulativa.
Este princípio teve sua origem na responsabilidade objetiva consagrada no art. 14, § 1º da Lei nº 6.938/81 (Política
Nacional do Meio Ambiente), que dispõe que é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade.
A Constituição Federal de 1988 rati�cou o exposto pela Política Nacional do Meio Ambiente, ao disciplinar, em seu § 3º
do artigo 225, a responsabilidade ambiental nas esferas administrativa, penal e civil.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Por este princípio, o poluidor, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responderá por suas ações ou
omissões que causarem dano ao meio ambiente, �cando sujeito a sanções cíveis, penais ou administrativas.
12. Princípio da obrigatoriedade da intervenção estatal na defesa do meio ambiente
Esse princípio está determinado no item 17 da Declaração de Estocolmo de 1972 (Conferência da ONU sobre meio
ambiente).
Dispõe o citado documento que:
Deve ser con�ada às instituições nacionais competentes a tarefa de plani�car, administrar e controlar a utilização
dos recursos ambientais dos Estados, com o �m de melhorar a qualidade do meio ambiente.
Também se encontra disciplinado no artigo 174 da Constituição Federal, que estabelece que:
Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de
�scalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor
privado.
Esses dispositivos expressam o dever do Poder Público em atuar na defesa do meio ambiente, tanto no âmbito
administrativo quanto no legislativo e até no jurisdicional, cabendo ao Estado adotar as políticas públicas e os
programas de ação necessários para cumprir esse dever imposto.
Ressalta-se que se a defesa do meio ambiente é um dever do Estado; a atividade dos órgãos e agentes estatais na
promoção da preservação da qualidade ambiental passa a ser, consequentemente, de natureza compulsória.
Com isso, torna-se viável exigir do Poder Público o exercício efetivo das competências ambientais que lhe foram
outorgadas, evidentemente com as regras e contornos previstos na Constituição Federal e nas leis.
13. Princípio do equilíbrio
É o princípio pelo qual devem ser pesadas todas as implicações de uma intervenção no meio ambiente, buscando-
se adotar a solução que melhor concilie um resultado globalmente positivo. (Paulo Bessa Antunes)
Por este princípio, devem-se veri�car todas as consequências cabíveis da intervenção no meio ambiente, destacando
inclusive o que determinada medida pode trazer de útil à sociedade, sem sobrecarregar o meio ambiente.
Trata-se de um princípio disciplinado para a Administração Pública, na qual esta deve analisar e veri�car todas as
intervenções que serão efetuadas no meio ambiente, antes de adotar qualquer conduta ou decisão.
14. Princípio do limite
Por este princípio, o poder público deve estabelecer parâmetros para as emissões de partículas, ruídos e presença de
corpos estranhos no meio ambiente, uma vez que há a primazia da qualidade de vida para todos, seja nos centros
urbanos ou nas áreas rurais.
Este princípio vincula-se ao exercício do poder de polícia exercido pela Administração Pública, uma vez que cabe a esta
�scalizar e orientar a sociedade como um todo quanto aos seus limites em extrapolar e assim dani�car o bem
ambiental.
Ele tem fundamento no artigo 225, §1°, inciso V da Constituição Federal e no artigo 9°, inciso I da Lei n. 6,938/81
(Política Nacional do Meio Ambiente).
Um exemplo de princípio do limite é a lei do silêncio, na qual diversas leis municipais ou estaduais estabelecem
restrições, ao determinar parâmetros para a geração de ruídos principalmente durante o horário noturno.
15. Princípio da função socioambiental da propriedade
Este princípio consagra a sobreposição do interesse público ao privado. O poder estatal, que é em tese ilimitado, será
limitado todas as vezes que atingir direitos e garantias individuais, mas deve-se registrar que a proteção do bem
ambiental, por ser de natureza pública, prevalece sempre em relação aos interesses privados.
A Constituição Federal de 1988 garante o direito de propriedade, consagrado no artigo 5º, inciso XXII, também deixa
cristalino que este tem função social determinada na redação do artigo 5º, inciso XXIII; no artigo 170, inciso III; artigo
182, §2º (função social da propriedade urbana) e artigo186, inciso II (função social da propriedaderural).
Atividade
1. As imagens a seguir são fruto da atividade de mineração que, por sua natureza, causam grande degradação ao meio
ambiente. Diante do estudo desta aula, quais princípios norteadores do Direito Ambiental você identi�ca cabíveis ao visualizar
essas imagens?
 (Fonte: Cáritas Brasileira)  (Fonte: kakteen / Shutterstock)
2. Após assistir ao vídeo a seguir, identi�que os princípios norteadores do Direito Ambiental que não foram respeitados.
Video
Monitoramento aéreo de desmatamento ilegal e queimadas
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3. Assinale a opção correta com relação aos princípios do Direito Ambiental.
a) O ressarcimento do dano ambiental deve ocorrer, preferencialmente, mediante indenização em dinheiro, e, secundariamente, pela
reparação natural do ambiente degradado.
b) Conforme o princípio do limite, o particular que pretenda desenvolver atividade ou empreendimento que cause significativa
degradação ambiental tem o dever de fixar parâmetros que levem em conta a proteção da vida e do próprio meio ambiente.
c) Em conformidade com o princípio do desenvolvimento sustentável, o direito ao desenvolvimento econômico deve ser exercido de
modo a permitir que sejam atendidas as necessidades do tempo presente, sem comprometer as das gerações futuras.
d) O princípio do poluidor pagador estabelece que a pessoa, física ou jurídica, antes de desenvolver atividade considerada causadora de
degradação ambiental, terá de pagar para evitar a contaminação.
e) O princípio do limite consagra que a população deve estabelecer limites para a poluição sonora e visual.
4. Dispõe o artigo art. 170, inciso VI da Constituição Federal de 1988 que:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por �m assegurar a
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: VI - defesa do meio
ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus
processos de elaboração e prestação.
Este artigo e inciso da Constituição Federal estão vinculados ao princípio ambiental do(a):
a) Limite
b) Prevenção
c) Intervenção estatal na propriedade privada
d) Precaução
e) Desenvolvimento sustentável
5. Que princípio norteador do Direito Ambiental resulta de intervenções necessárias à manutenção, preservação e restauração
dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente?
a) Princípio do limite
b) Princípio da prevenção
c) Princípio da intervenção estatal na propriedade privada
d) Princípio da precaução
e) Princípio do desenvolvimento sustentávelReferências
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em: http ://www .planalto .gov .br /ccivil_03 /constituicao
/constituicaocompilado .htm. Acesso em: 23 jul. 2019.
BRASIL. Lei n. 6.938, de 31 de ago. de 1981. Brasília, ago. 1981. Disponível em: http ://www .planalto .gov .br /ccivil_03 /LEIS
/L6938 .htm. Acesso em: 23 jul. 2019.
BRASIL. Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Disponível em: http ://www .planalto .gov .br /ccivil_03 /leis /l9795 .htm. Acesso
em: 23 jul. 2019.
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. 18. ed. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2018.
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Direito Ambiental esquematizado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
SIRVINKAS, Luis Paulo. Manual De Direito Ambiental. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
THOMÉ, ROMEU. Manual de Direito Ambiental. 9. ed. Bahia: JusPodium, 2019.
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THOMÉ, ROMEU. Manual de Direito Ambiental. 9. ed. Bahia: JusPodium, 2019.
Próxima aula
Direito Ambiental e sua proteção constitucional;
Competência Constitucional Ambiental.
Explore mais
Leia os textos:
Política Nacional de Educação Ambiental, Lei n. 9.797/99
Instituto Brasileiro de Sustentabilidade (INBS). Seis importantes princípios do direito ambiental.
Assista ao vídeo:
Compreendendo as dimensões do desenvolvimento sustentável. ONU Brasil.
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