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Graduação em Direito Direito Penal (Teoria do Crime) (ARA0225/3681159) 1001 Avaliação 1 Aplicação: 26 de abril de 2021 (08:30) Aluno (a): Tayna da Gama Carneiro, Matrícula: 202103419046 Instruções: 1. O limite para as respostas discursivas é de 20 linhas por questão. Serão utilizados como parâmetros de contagem: (i) a fonte Times New Roman; (ii) o tamanho 12. 2. A avaliação respondida deve ser encaminhada no formado pdf para o e-mail 35059084876@professores.estacio.br 3. O prazo de envio é de 24 horas após o início da avaliação. Questão 1 Conceitue os princípios da legalidade e da intervenção mínima (ou subsidiariedade) estabelecendo uma correlação lógica entre suas diretrizes e (i) a conjuntura política que fomentou a criação de ambos; (ii) a função do Direito Penal. Resposta= O princípio da legalidade é a exigência que tipifique o crime, seu teor está no art. 5º XXXIX, CF. é reproduzido no art. 1º do CP, a legalidade requer que a lei seja prévia, curta, escrita e estrita, ou seja se resume a uma limitação do poder punitivo do Estado, tem por objetivo impor limites ao arbitro judicial e impede a retroatividade da lei. A intervenção mínima, por sua vez é um modelo com o máximo de garantias e o mínimo de intervenção do Estado, tem por objetivo criminalizar, tutelar o bem jurídico mais relevante para a sociedade e que já tenha precedente para poder haverá criminalização, ou seja, é o ultimo recurso, uma força preventiva. Questão 2 Zembrano, nascido em 23/04/1988, passou a estar em situação de desemprego em 24/02/2021 em pleno contexto de pandemia. Sem renda, ele decide surpreender Zenóbio, funcionário de uma grande rede de supermercados, e, dentro do estabelecimento comercial, comete um roubo1 para subtrair alimentos que foram avaliados em R$80,00 (oitenta reais). Neste caso, poderá invocar-se a incidência do princípio da insignificância? Fundamente tal possibilidade com argumentos teóricos e jurisprudenciais. Resposta Sim poderá aplicar o princípio da insignificância, uma vez que, o ocorrido aconteceu por causa de um contexto politico social (desempregado, em pleno contexto de pandemia) e também a jurisprudência afirma que furtos com pequenos valores que não ultrapassam a importância de um salário-mínimo o juiz poderá decidir sobre dois tipos de valoração 1) Ser considerada insignificante: resultando na absolvição por atipicidade material. 2) Ser considerada furto privilegiado: continuando a ser crime, mas com os benefícios do § 2º do art. 155 do CP. Como o valor do ato não chegou nem perto de um salário-mínimo é um valor insignificante além do momento e do porquê de o acusado ter cometido tal ação, há de ser aplicado o princípio da insignificância, que é mais benéfico que o furto privilegiado. Trata-se de uma diferenciação que, na prática, acaba sendo muito subjetiva, variando de acordo com o caso concreto. Questão 3 Analise as assertivas abaixo, relativas ao tema princípios penais fundamentais, e, em seguida, indique a veracidade (V) ou falsidade (F) das mesmas. (F) A lesividade (ou ofensividade) é uma decorrência lógica da adoção do princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos como função do Direito Penal. Assim, tem-se que os 1 Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. mencionados princípios constituem diretrizes absoluta para a pessoa que – na condição de magistrada – que venha a aplicá-los para a resolução de um caso concreto. (F) Em regra, ninguém é responsável penalmente senão pelo próprio fato. Todavia, em caráter excepcional, essa diretriz (que traduz o princípio da pessoalidade) poderá ser relativizada caso o fato delitivo seja praticado por pessoa que – no aspecto psíquico ou biológico – seja incapaz de compreender o direito em sua plenitude. (V) Em essência, o princípio da culpabilidade apresenta-se como fundamento (e limite) da pena, além de indicar a adoção da responsabilidade subjetiva do autor de uma infração penal. (V) Pela perspectiva doutrinária dominante, o funcionamento do Direito Penal prescinde da ideia de bem jurídico, e deve pautar-se na estabilização das normas e expectativas cognitivas. (V Pelo entendimento dos tribunais superiores (STF e STJ) a aplicação do princípio da insignificância traduz a concepção de que o Direito Penal não deve ocupar-se de condutas que produzam resultado cujo desvalor (por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes) não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social. Questão 4 Em 1º de outubro de 2014, Elodie, 26 anos, foi morta – em contexto de violência doméstica – por seu marido, Peterson, na cidade de Oiapoque/AP. Tal fato, na época, foi tipificado como homicídio simples (art. 121, caput, do Código Penal)2, já que – na concepção do Delegado de Polícia responsável pela investigação da infração penal – inexistia na ordem jurídica vigente previsão de resposta penal diferenciada para homicídio praticado contra mulher (seja na Lei Maria da Penha, ou, no Código Penal). O inquérito policial que investigou essa ocorrência foi 2 Art. 121 – Matar alguém. Pena: reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos. concluído e enviado ao Ministério Público (para análise e tomada de providências cabíveis) em 20 de novembro de 2014. No dia 09 de março de 2015 foi editada a Lei Federal nº. 13.104, que modificou o artigo 121 do Código Penal para incluir o feminicídio como hipótese qualificadora do crime de homicídio (art. 121, §2º, inciso VI)3: inovação que entrou em vigor em 10 de março de 2015, e passou a agravar a pena quando o homicídio tenha sido praticado contra mulher por razão da condição de sexo feminino. Em 18 de março de 2015 o Promotor de Justiça que recebeu o inquérito formalizou Ação Penal (por meio de denúncia4) perante o Poder Judiciário local, solicitando – em seu pedido – que Peterson fosse julgado e condenado pela prática de feminicídio contra Elodie. Com base que nas diretrizes teóricas que regem a aplicação da lei penal, é juridicamente possível acolher o pedido formulado pelo Promotor de Justiça? Justifique. Resposta= Não é juridicamente possível acolher o pedido do promotor. Pois o princípio da irretroatividade impede, ela explica que ninguém pode ser punido por fato reconhecido como crime somente após sua prática principalmente se esse reconhecimento representa situação punitiva mais desfavorável ao acusado. Questão 5 Analise a premissa normativa e a hipótese seguintes e – após –indique a veracidade (V) ou falsidade (F) de cada uma das assertivas apresentadas. Premissa normativa: pela interpretação sistemática da atual disposição contida no artigo 269 do Código Penal, médico(a)s possuem o dever normativo de notificar aos órgãos fiscalizatórios 3 Art. 121, §2º - Homicídio qualificado. “Se o homicídio é comedido: VI - contra a mulher por razão da condição de sexo feminino” (feminicídio). Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. (Incluído pela Lei nº. 13.104, de 2015). 4 Denúncia é a petição inicial de uma ação penal pública. competentes a detecção de determinadas doenças. Em especial, aquelas destacadas pelo Ministério da Saúde nas Portarias (i) nº 1.271/2014, (ii) nº 204/GM/MS/2016 e (iii) nº. 264/2020. Hipótese: em 10/06/2020, na cidade de Macapá/AP, o médico Osnir concliu – após procedimentos clínicos e laboratoriais – que a paciente Lucrécia, sua amiga, apresentava Síndrome Respiratória Aguda Grave associada a Coronavírus (SARS-CoVb/MERS-CoV). Tal enfermidade, nos termos da Portarianº 264, publicada pelo Ministério da Saúde em 17 de fevereiro de 2020, deve ser imediatamente comunicada (dentro do prazo de 24 horas) para (i) o Ministério da Saúde, (ii) a Secretaria Estadual de Saúde e (iii) a Secretaria Municipal de Saúde. Todavia, por força da amizade que possuía com a paciente diagnosticada, o referido profissional da saúde – temendo a falta de leitos na cidade de Macapá/AP – não realizou qualquer comunicação aos órgãos competentes, permitindo-se, assim, que Lucrécia se deslocasse para a cidade de Brasília/DF, por meio de voo comercial. Assim, assegurar-se-ia para ela melhores condições de tratamento médico-hospitalar. Em momento posterior a falta de notificação foi descoberta e, assim, a Polícia Civil indiciou Osnir pela prática da conduta descrita no art. 269 do Código Penal5. (V) Pela perspectiva dogmática, a real compreensão do alcance do tipo penal imputado ao médico prescinde da integração de outro dispositivo normativo, já que o fato, por si só, demonstra a sua gravidade para a população. (V) Caso o Ministério da Saúde, após o ajuizamento da ação penal contra Osnir, edite uma nova portaria que exclua da Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças a Síndrome Respiratória Aguda Grave associada a Coronavírus será possível, em tese, que os efeitos da nova regulação retroajam, por força da caracterização de abolitio criminis. (V) Estruturalmente, o art. 269 do Código Penal é tido como uma “lei penal em branco”, já que a descrição abstrata do fato proibido se mostra lacunosa ou incompleta, necessitando, por isso, de outro dispositivo legal para extração do seu conteúdo normativo. 5 Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. (V) Ainda que a notificação da Síndrome Respiratória Aguda Grave associada a Coronavírus tenha ocorrido por situação excepcional (pandemia), haverá retroatividade dos efeitos que nova portaria que eventualmente venha a exclui-la do catálogo que doenças que, obrigatoriamente, devem ser comunicadas aos órgãos competentes. RESPOSTAS
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