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Coesão textual

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COESÃO TEXTUAL 
 (Prof. Danilo) 
 O que é Coesão? O que é coesão textual? 
• Quais as características do texto coeso? 
• A falta de coesão prejudica a coerência? 
 
 
Coesão textual 
 Coesão textual é a interligação entre 
todos os segmentos do texto. Ou seja, dos 
parágrafos entre si e das frases que compõem 
os parágrafos. E no nível frasal, a ligação entre 
as palavras e partículas que formam a frase. 
Isso é o que caracteriza um texto coeso. 
Exemplo de texto coeso 
 É sabido que o sistema do Império Romano dependia da 
escravidão, sobretudo para a produção agrícola. É sabido ainda 
que a população escrava era recrutada principalmente entre 
prisioneiros de guerra. 
 Em vista disso, a pacificação das fronteiras fez diminuir 
consideravelmente a população escrava. 
 Como o sistema não podia prescindir da mão de obra 
escrava, foi necessário encontrar outra forma de manter 
inalterada essa população. 
 (Platão; Fiorin. 2008, p .271) 
 
 A palavra ainda no 1º parágrafo serve para dar 
continuidade ao que foi dito anteriormente e acrescentar um outro 
dado: que o recrutamento de escravos era feito junto dos 
prisioneiros de guerra. 
 O 2º parágrafo foi iniciado pela expressão em vista disso, que 
estabelece uma relação de implicação causal entre o dado anterior e 
o que vem a seguir: a pacificação das fronteiras diminui o 
fornecimento de escravos porque eles eram recrutados 
principalmente entre os prisioneiros de guerra. 
 O 3º parágrafo foi iniciado pelo conectivo como, que manifesta 
outra relação de causa e efeito, pois foi necessário encontrar outra 
forma de fornecimento de escravos porque o sistema não podia 
prescindir deles. 
 
 Pode-se observar que os enunciados desse texto não 
estão amontoados caoticamente, mas estritamente interligados 
entre si; ao se ler, percebe-se que há conexão entre os três 
parágrafos. 
 A essa conexão interna dos parágrafos dá-se o nome de 
coesão. Um texto tem coesão quando seus vários enunciados 
estão organicamente articulados entre si, quando há 
concatenação entre eles. Essa coesão também chamada de 
conexão entre os vários enunciados não é fruto do acaso, mas 
das relações de sentido que existem entre eles. Essas relações de 
sentido são formalizadas por certa categoria de palavras, as quais 
chamamos de conectivos ou elementos de coesão. 
As palavras que, num texto, assumem a função 
de conectivos ou elementos de coesão, são 
várias, a saber: 
- as preposições: a, de, para, com, por, etc.; 
- as conjunções: que, para que, quando, 
embora, mas, e, ou, etc.; 
- os pronomes: ele, ela, seu, sua, este, esse, 
aquele, que, o qual, etc.; 
- os advérbios: aqui, aí, lá, assim, etc. 
A ligação ou conexão entre as palavras, expressões, 
frases e parágrafos do texto é chamada coesão textual. 
 Ex: período que começa o romance Iracema, de José de Alencar: 
 Verdes mares bravios de minha terra natal, onde 
canta a jandaia na fronde da carnaúba. (onde = elemento 
coesivo, e a conexão entre as duas partes = fenômeno de coesão) 
 Um dos principais mecanismos de coesão é a 
coesão pela retomada de termos (expressões ou 
frases já ditas) ou sua antecipação: 
 
 
 Coesão por retomada ou por antecipação 
 Retomada ou antecipação de uma palavra gramatical 
(pronomes, verbos, numerais, advérbios) 
Vejamos alguns exemplos: 
 “Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o 
abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar 
no curso primário: era tudo que sabíamos dele. 
 O professor era grande, gordo e silencioso, de ombros 
contraídos.” 
 (Clarice Lispector. A legião estrangeira. São Paulo, Ática, 1977, p.1) 
 
O possessivo seu e o pronome pessoal reto de 3ª. Pessoa ele antecipam 
a expressão o professor. São, pois, catafóricos. O pronome pessoal 
oblíquo o retoma a expressão seu trabalho anterior. É um anafórico. 
 
 
 
André e Pedro são fanáticos torcedores de futebol. 
Apesar disso, são diferentes. Este não briga 
com quem torce para outro time; aquele o faz. 
O termo isso retoma o predicado são fanáticos 
torcedores de futebol; este recupera a palavra 
Pedro; aquele, o termo André; o faz, o predicado 
briga com quem torce para o outro time. São, 
portanto, anafóricos. 
São anafóricos e/ou catafóricos os pronomes demonstrativos (este, 
esse, aquele), os pronomes relativos (que, o qual, cujo, onde), 
certos advérbios e locuções adverbiais (nesse momento, então, lá 
etc.) e os verbos ser e fazer, o artigo definido, o pronome pessoal de 
3ª. Pessoa (ele/ela; o/a; lhe). 
 
A elipse , ou apagamento de um termo da frase, que puder ser 
recuperado pelo contexto, é também um expediente de coesão. 
Exemplos: A alguns a vida oferece muito; a 
outros, pouco. (elipse da forma verbal oferece) 
 Era muito orgulhoso. Ofendia-se, irritava-
se com qualquer brincadeira. (o complemento 
de ofendia-se que é com qualquer brincadeira, 
vem elíptico por antecipação) 
 
O papel dos elementos de coesão 
 Todas as palavras ou expressões que 
servem para estabelecer elos ou relações 
entre segmentos do discurso são consideradas 
elementos de coesão, tais como: então, 
portanto, já que, com efeito, porque, ora, 
mas, assim, daí, aí, dessa forma, isto é, 
embora, e tantas outras. 
Relação semântica dos elementos de 
coesão 
 O mais importante no uso desses elementos 
de coesão é que cada um deles tem um valor 
típico, pois, além de ligarem partes do discurso, 
estabelecem entre elas um certo tipo de relação 
semântica: causa, finalidade, conclusão, 
contradição, condição, etc. 
 Ex.: Israel possui um solo árido e pouco 
apropriado à agricultura, porém chega a exportar 
certos produtos agrícolas. (porém →relação de 
contradição) 
Relações semânticas dos elementos de coesão 
a) assim, desse modo: têm valor exemplificativo e 
complementar. A sequência introduzida por eles serve 
normalmente para explicitar, confirmar ou ilustrar o que 
se disse antes. Ex.: O Governador resolveu não se 
comprometer com nenhuma das facções em disputa 
pela liderança do partido. Assim, ele ficará à vontade 
para negociar com qualquer uma que venha a vencer. 
b) e: anuncia o desenvolvimento do discurso e não a 
repetição do que foi dito antes; indica uma progressão 
semântica que adiciona, acrescenta algum dado novo. 
Se não acrescentar nada, constitui pura repetição e 
deve ser evitada. Ex.: 
Este trator serve para arar a terra e para fazer colheitas. 
 o e introduz um segmento que acrescenta uma 
informação nova. Por isso seu uso é apropriado. 
Mas, ao dizer: Tudo permanece imóvel e fica sem 
se alterar. O segmento introduzido pelo e não 
adiciona nenhuma informação nova. Trata-se, 
portanto, de um uso inadequado. 
 
c) ainda: serve, entre outras coisas, para introduzir 
mais um argumento a favor de determinada 
conclusão, ou para incluir um elemento a mais 
dentro de um conjunto qualquer. Ex.: 
 
O nível de vida dos brasileiros é baixo porque os 
salários são pequenos. Convém lembrar ainda que os 
serviços públicos são extremamente deficientes. 
d) aliás, além do mais, além de tudo, além disso: 
introduzem um argumento decisivo, apresentado 
como acréscimo, como se fosse desnecessário, 
justamente para dar o golpe final no argumento 
contrário. Exemplo: 
 Os salários estão cada vez mais baixos porque 
o processo inflacionário diminui 
consideravelmente seu poder de compra. Além de 
tudo são considerados como renda e taxados com 
impostos. 
e) isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras: 
introduzem esclarecimentos, retificações ou 
desenvolvimentos do que foi dito anteriormente. 
 Exemplo: 
 Muitos jornais fazem alarde da sua neutralidade 
em relação aos fatos, isto é, de seu não 
comprometimento com nenhuma das forças em ação 
no interior da sociedade. 
f) mas, porém, contudo, todavia e outros conectivos 
adversativos: 
 
 São utilizados
para marcar oposição entre dois 
enunciados ou dois segmentos do texto. Às vezes, o 
significado pode estar implícito no texto. Exemplo: 
 
 Choveu na semana passada, mas não o 
suficiente para se começar o plantio. 
g) embora, ainda que, mesmo que: 
 São relatores que estabelecem ao mesmo 
tempo uma relação de contradição e de 
concessão. Constituem um expediente de 
argumentação vigoroso, pois, sem negar as 
possíveis objeções, afirma-se um ponto de vista 
contrário. Exemplo: 
 Ainda que a ciência e a técnica tenham 
presenteado o homem com abrigos confortáveis, 
pés velozes como o raio, olhos de longo alcance e 
asas para voar, não resolveram o problema das 
injustiças. 
h) Certos elementos de coesão servem para 
estabelecer gradação entre os componentes de uma 
certa escala. 
 Alguns como mesmo, até, até mesmo, situam 
alguma coisa no topo da escala; outros como ao 
menos, pelo menos, no mínimo, situam-na no 
plano mais baixo. 
 Exemplo 1: 
 O homem é ambicioso. Quer ser dono de 
bens materiais, da ciência, do próprio 
semelhante, até mesmo do futuro e da morte. 
 
Exemplo 2: É preciso garantir ao homem seu bem-
estar: o lazer, a cultura, a liberdade, ou, no mínimo, a 
moradia, o alimento e a saúde. 
Obs.: Um elemento de coesão pode, às vezes, criar 
um paradoxo semântico provocando 
determinados efeitos de sentido. Pode-se 
conseguir, por exemplo, um efeito de humor ou 
de ironia ou revelar preconceitos estabelecendo-
se uma relação de contradição entre dois 
segmentos que, usualmente, não são vistos como 
contraditórios. Sirva de exemplo a seguinte 
passagem: 
 Ela é mulher, mas é capaz. 
Bibliografia 
FIORIN, José Luiz. Para entender o texto: leitura 
e redação. José Luiz Fiorin, Francisco Platão 
Savioli. 17.ed. São Paulo: Ática, 2007. 
 
SAVIOLI, Francisco Platão & FIORIN, José Luiz. 
Lições de texto: leitura e redação. 5.ed. São 
Paulo: Ática, 2006.

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