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Conceitos Gerais em Neurociências

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Conceitos Gerais em Neurociências
I. Evolução do SN e do comportamento
Filogênese (comparação entre animais de
diferentes níveis da evolução)
1. aumento de volume
2. aparecimento de sulcos e giros
-solução da natureza para aumentar a
quantidade de células presentes no tecido
sem aumentar o volume craniano.
-maior capacidade cognitiva e de
adaptação.
Ontogênese (comparação entre a própria
espécie dentro da evolução)
“A ontogênese reproduz a filogênese" = o
desenvolvimento da espécie humana
replica aquilo que aconteceu durante a
evolução .: aumento de volume e
aparecimento de sulcos e giros. O aumento
de complexidade do cérebro corresponde
ao aumento da capacidade cognitiva
Ex: desenvolvimento psicomotor do
recém-nascido: o meio em que a criança se
desenvolve no útero é aquoso,
correspondendo ao que aconteceu na
evolução, os animais menos complexos
(peixes) se iniciou na água. Em partos em
água a criança nasce tendo desenvoltura no
ambiente aquático, ao cortar o cordão
umbilical há a necessidade de ar e então
sai da água e não há tônus muscular para
desenvolvimento fora do ambiente aquoso,
havendo necessidade de desenvolver essa
sustentação do corpo; aprende a rastejar
(répteis), engatinha (quadrúpede),
gradualmente se sustenta em pé [marco
importante do desenvolvimento pois
permite que os membros superiores
estejam livres para explorar o ambiente e
desenvolver ferramenta (ocorre o
amadurecimento posterior do cerebelo e se
atinge equilíbrio em pé)]; ou seja, toda
uma série de desenvolvimento psicomotor
que reproduz o que também ocorreu na
evolução.
O cérebro está pronto aos 9 meses? O que
falta? Falta maturação.
Plasticidade
Para isso é necessário que se tenha
experiências, que significam ganho
adaptativo e cognitivo para enfrentar o
mundo. Além disso é necessário nutrição
(substrato alimentar) para que ocorra
plasticidade.
experiência + substrato = plasticidade
Plasticidade diz respeito sobre a não
rigidez do cérebro, não nasce pronto, é um
órgão plástico. É preciso moldá-lo a partir
das experiências individuais que, desde
que se tenha uma nutrição adequada, vão
produzir modificações cerebrais, na
circuitaria cerebral (o padrão sináptico da
pessoa vai ser montado a partir das
experiências vividas, não é
pré-determinado).
Por que nutrição adequada? Formar
sinapse requer proteínas, gordura,
vitaminas; todo o substrato nutricional é
fundamental para que ocorra plasticidade,
para que o neurônio possa ter seu padrão
de conexões formado a partir de
experiências.
Ou seja, alimentação e experiências são
fundamentais para o desenvolvimento da
criança. Por isso, a geração de videogame
não tem tanta desenvoltura motora quanto
a geração que brincou na rua. Perde-se em
uma área (motora) e ganha-se em outra
(raciocínio rápido e percepção apurada).
Por isso o ideal é mesclar experiências.
A plasticidade também implica em
conceitos éticos e morais, ou seja, a partir
das experiências vividas.
Período Crítico: janela de tempo na qual
uma função deve ser estimulada para que
se obtenha um pleno desenvolvimento da
mesma. Funções sensoriais, motoras e
cognitivas.
ex: se uma criança não tiver estimulação
linguística durante a primeira infância, a
linguagem dela irá se comprometer.
Se há privação da criança nesse período
crítico, a plasticidade tende a diminuir com
o passar dos anos e na vida adulta essa
função será comprometida.
A plasticidade sempre vai ocorrer,
independente da idade, mas é muito maior
na primeira infância.
Encefalização: a passagem de uma função
do nível subcortical para o nível cortical, o
que leva a uma melhora na capacidade da
mesma.
Hierarquia: é a característica funcional
típica do SN na qual as funções se
organizam em módulos (áreas) com
crescentes níveis de complexidade. Assim,
áreas hierarquicamente inferiores, quando
lesionadas, tendem a produzir déficits
menores; mas lesões em módulos
hierárquicos superiores levam a déficits
profundos e de difícil recuperação.
À medida que as funções vão saindo do
nível subcortical para o cortical, podendo
ter vários estágios nessa passagem, elas
vão se tornando mais complexas.
Encefalização e hierarquia são
complementares.
ex: desenvolvimento motor.
ex: “visão cega” (blindsight): o córtex
visual primário é lesionado; é uma visão
não-consciente, um resquício de visão .:
tem a habilidade espacial preservada
mesmo sem percepção consciente disso. A
lesão se dá apenas no córtex visual, mas os
olhos continuam funcionais e como
resultado ainda conseguem reunir
informações do ambiente, a única questão
é que falta o córtex visual para
processá-las e interpretá-las. Ou seja, a via
secundária é preservada. O córtex cerebral
está no topo da hierarquia (via
retino-genículo-estriado V1), sendo
fundamental para que se tenha consciência
da visão, mas a visão dada pelo
retino-colículo-pulvinar-extraviado V2
consegue manter alguma habilidade visual
(como desviar de objetos).
Ou seja, V1 é a região mais desenvolvida
para ter consciência visual, sem ela
consegue ver alguma coisa (V2), uma
visão prejudicada menor detalhista e sem
consciência, hierarquicamente inferior.
Caso Phineas Gage: lesão no córtex
frontal, teve mudanças na personalidade.
Primeira lobotomia frontal acidental.
Nos dias de hoje, as lobotomias químicas
são feitas, através de medicamentos
(agonistas e antagonistas).
Centro x Sistema Funcional
Sistema de centro: Lesão na área A a
função X desaparece. Mas na prática isso
não acontece, a função é comprometida
mas a longo prazo ela consegue se
recuperar em boa parte, portanto o
conceito de centro é abandonado.
Sistema funcional: várias áreas diferentes
(A, B, C D, E) formam um circuito/sistema
funcional, que trabalha de forma
harmônica e são responsáveis pela função
X.
A falta de uma região faz com que as
outras se reestruturem (plasticidade: novas
sinapses surgem) e
compensam boa
parte do prejuízo
inicial que
aconteceu com a
função X quando
essa área foi
lesada.
Percebe-se a disposição em pirâmide,
remetendo a uma
hierarquia: lesão na
região A, no topo,
irá trazer um
prejuízo maior a
função X do que a
lesão na região E
trouxe, mas mesmo assim o sistema
consegue se reorganizar e suprir o déficit.

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