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DOR ABDOMINAL II Prof.: A chance da dor abdominal aguda ser uma doença orgânica é muito grande. Já a crônica é menos provável que se trate de uma patologia orgânica, mas existem algumas causas orgânicas e não orgânicas de dor abdominal crônica. O que está de vermelho é o que será abordado na aula e ainda temos a doença ulcerosa péptica que não está no quadro, mas que será abordada também. Livro: Trata-se de uma queixa muito comum dos pacientes que se dirigem ao consultório do gastroenterologista e do generalista. Algumas delas são desconfortos menores, de difícil diagnóstico, e outras podem ser consequência de enfermidades de maior importância, que, até por essa razão, são mais facilmente diagnosticáveis. O tipo de dor crônica poderá ser contínuo ou intermitente e pode estar relacionado à ingestão de alimentos, à evacuação, a momentos de grande ansiedade ou a doenças gerais. Também pode estar ligado a outros sinais ou sintomas, como febre, emagrecimento, distensão abdominal, aumento dos gases intestinais ou cirurgias anteriores. Prof.: é uma patologia funcional que está elencada no Critério de Roma. Vários estudiosos se reuniram para elaborar critérios diagnósticos de doenças funcionais, que são doenças que acabam tendo diagnóstico essencialmente clínico, ou seja, não há necessidade de exames para fechar o diagnóstico dessas patologias. E todas essas patologias foram agrupadas. Por definição dispepsia é grupo heterogêneo de sintomas recorrentes e crônicos localizados na parte superior do abdômen. No ambulatório é muito comum a gente discutir dispepsia e costumamos fazer a classificação em orgânica e funcional. A orgânica é quando a gente traz patologias por traz desses sintomas recorrentes e crônicos e a funcional quando a gente consegue fazer o diagnóstico através de critérios funcionais. O diagnóstico é clínico e é baseado nos critérios de Roma, que foram atualizados em 2016. É preciso ter um ou mais dos seguintes sintomas: ✓ Plenitude pós prandial ✓ Saciedade precoce ✓ Dor epigástrica (mais importante/mais prevalente) ✓ Ardor epigástrico Sem evidências de enfermidades estruturais: O exame de endoscopia precisa estar normal e não podem existir infecções por H. pylori e nem enfermidades orgânica, sistêmica ou metabólica que justifique os sintomas. Os sintomas têm que ter aparecido pelo menos 6 meses antes do diagnostico e tem que estar ativo durante os últimos 3 meses. Preciso ter 1 ou mais dos sintomas citados ativos nos últimos 3 meses, mas que surgiram 6 meses antes. Veja que quando vocês querem fazer o diagnóstico de síndrome dispéptica, vocês não estão necessariamente apontando para o diagnostico de dispepsia funcional. Síndrome dispéptica ou dispepsia é um grupo de sintomas que pode levar tanto ao diagnóstico de dispepsia orgânico quanto funcional. A gente subclassifica a dispepsia funcional em Síndrome do desconforto pós prandial e Síndrome da dor epigástrica, porque muitas vezes os pacientes se apresentam com um sintoma mais prevalente que o outro. A Síndrome do desconforto pós prandial apresenta como sintoma mais prevalente a plenitude pós prandial e a saciedade precoce, pelo menos 3 dias na semana, de forma mais prevalente do que a dor epigástrica. Já os com a Síndrome da dor epigástrica ele tem dor epigástrica e ardor intermitente de forma moderada a grave. Aqui é uma classificação acadêmica, vocês não precisam fazer essa classificação quando estiverem atendendo o paciente, precisam apenas enxergar se a doença é por conta de alguma patologia orgânica ou funcional. Prof.: A gente precisa ficar atentos se o paciente apresenta sintomas de alarme (emagrecimento, vômitos recorrentes, disfagia progressiva, sangramento, icterícia) porque a sua presença já levanta um alerta que, provavelmente, o quadro clínico não se deva a um quadro funcional, nos levando a pensar a algum quadro orgânico. É necessário durante a conduta diagnóstica na suspeita dessa patologia excluir o uso de AINEs e AAS ou qualquer outro antiagregante, porque sintomas decorrentes do abuso dessas medicações podem levar ao quadro clínico muito parecido com a dispepsia funcional. Se, por um acaso, além dos sintomas da dispepsia funcional (saciedade precoce, plenitude pós prandial, azia ou dor epigástrica) tiverem presentes sintomas típicos de refluxo, no primeiro momento, é importante fechar um diagnóstico, nem que seja provisório de doença do refluxo. Eu já passei para vocês que o diagnóstico de refluxo também é clínico, mas nela temos que ter pelo menos 2 sintomas: pirose e regurgitação 2 a 3 vezes na semana por um período de pelo menos 4 semanas, de acordo com o 3º Consenso brasileiro de doença do refluxo. Então se o paciente tiver esse critério, além dos sintomas dispépticos, você vai fechar o diagnostico de refluxo, porque é óbvio que ele tem, e voce vai seguir com o tratamento empírico. Se houver persistência dos sintomas provavelmente o diagnóstico dele não é DRGE, porque os sintomas de pirose também pode estar presente em um paciente que tem dispepsia funcional. Aí vocês vão se lembrar que lá na aula de DRGE eu citei o termo pirose funcional, que pode ser um diagnostico de sobreposição ao diagnostico de dispepsia funcional. É então possível você ter mais de um diagnóstico funcional no paciente que está em investigação. Uma outra situação importante na conduta diagnóstica nos pacientes dispépticos é afastar estrongiloidíase e Giardíase, porque são parasitoses que cursam com quadros clínicos muito sugestivo de dispepsia funcional. Então vocês precisam fazer exame parasitológico de fezes e o exame tem que ser pedido de forma correta, tem que ser seriado – baseado nas evacuações seriadas (se o paciente evacua 3 vezes ao dia, você vai ter 3 amostras, uma de cada evacuação. Se for 2 vezes, terá 2 amostras. Se evacua dia sim e dia não, você vai ter amostra sequenciadas). Outra necessidade durante essa investigação é afastar doença celíaca e intolerância a lactose, porque intolerâncias alimentares podem estar presentes em pacientes que tem um diagnóstico ou suspeita de dispepsia funcional. São as intolerâncias que conseguimos fazer a avaliação laboratorial, para nenhum outro alimento a gente consegue fazer essa investigação laboratorial. É importante não confundirem intolerância com alergia alimentar: a intolerância é um desconforto gastrointestinal que pode ser plenitude, azia, saciedade precoce, mas que ocorre na presença da ingestão de leites e derivados, no caso da intolerância à lactose, e da celíaca, no consumo de trigo. Outra observação que preciso fazer para vocês na confuta diagnostica quando estiverem suspeitando de dispepsia funcional é que a EDA deve ser realizada durante o período sintomático e sem uso de terapia antissecretora, porque alguns pacientes por conta própria inicia o uso de medicação para aliviar os sintomas, tendo um alívio em parte, mas não é interessante que submeta o paciente a EDA com uso dessas medicações. Prof.: Em relação ao tratamento, a abordagem é ampla e global. É importante fazer a recomendação de hábitos dietéticos. Não existe uma dieta específica para o paciente com dispepsia funcional, mas é importante ele reparar qual alimento desencadeia aqueles sintomas para evitar. A atividade física é recomendada para que ele tenha um funcionamento do TGI de forma adequada, já que ajuda a liberar determinadas substâncias que são favoráveis para manter o funcionamento digestivo adequado e a microbiota prevalecente de forma que seja benéfica para o hospedeiro. E é importante que façamos o tratamento desses pacientes na fase sintomática, porque vocês vão ver que os pacientes que são dispépticos apresentam ciclos de sintomatologia, cuja duração é variável. E como é feito o tratamento? A imagem cortou, mas a primeira setinha representa os pacientes que possui dor epigástrica, dispepsia funcional com prevalência de dor epigástricae a segunda setinha pacientes com prevalência de plenitude pós prandial. Os pacientes que apresentam os sintomas que o que prevalece é a dor vão fazer uso, inicialmente, dos IBP, se não obter sucesso usamos os procinéticos, se ainda assim não tiver sucesso aumento a dosagem dos IBP e passo a considerar a necessidade do uso de outras medicações que é o caso de antidepressivo tricíclico, psicoterápicos e faço uma investigação sobre a presença ou não do H. pylori. Os pacientes com sintomas dispépticos cujo sintomas de plenitude pós prandial é o mais importante a primeira medicação que usamos é o teste com uso de procinéticos, se não tiver sucesso, acrescento o IBP na dose usual, não havendo sucesso dobro a dose e acrescento antidepressivos e a psicoterapia. Na infecção por H. pylori vocês vão me perguntar se há relação com os sintomas dispépticos e a resposta é que não existe. O H. pylori não causa sintomas dispépticos. O H. pylori é uma bactéria que é associada a gastrite crônica, doença ulcerosa péptica, neoplasia gástrica, mas ele não causa sintomas péptico, mas uma das novidades que falei para vocês do Consenso de Roma IV, que foi a última atualização de 2016, é que na presença de sintomas dispépticos e na ausência de qualquer outra condição orgânica que não seja a presença de H. pylori é necessário fazer o tratamento da bactéria. É indicado fazer o tratamento da bactéria em um paciente que tenha sintomas dispépticos e não tenha mais nada, apenas a presença do H. pylori. Nem todos os pacientes que têm H. pylori vai ter apresentação clínica de determinada patologia, as vezes ele tem uma gastrite crônica, mas é uma gastrite subclínica, que não apresenta sintomatologia, porque a evolução da gastrite é variável e depende de algumas situações. Então, se estiverem tratando de um paciente com dispepsia funcional e teve toda aquela investigação, afastaram giárdia, afastaram intolerância e apenas tiverem como informação a bactéria positiva, vai tratar, porque é uma das indicações do tratamento da bactéria H. pylori: paciente com sintomas dispépticos com suspeita de dispepsia funcional que não tem nenhum outro achado que sugira doença orgânica. Tem alguns medicamentos experimentais que já estão sendo utilizados no EUA, mas ainda não foram liberados para utilizar aqui no que desrespeito a dispepsia funcional. Livro: A dispepsia consiste em um grupo heterogêneo de sintomas persistentes ou recorrentes, localizados na região superior do abdome (epigástrio). Os sintomas dispépticos podem estar associados a uma doença digestiva específica (p. ex., úlcera péptica, neoplasia gástrica, parasitoses intestinais, dentre outras), classificada como orgânica. Contudo, a maioria dos pacientes com queixas dispépticas crônicas que se submetem a investigações laboratoriais, endoscópicas e ultrassonográficas não apresenta qualquer alteração que justifique os sintomas – são, portanto, considerados portadores de dispepsia funcional, um dos distúrbios gastrointestinais funcionais mais frequentes da prática clínica. De acordo com o Consenso de Roma III, os seguintes critérios são necessários para o diagnóstico de DF: • Haver queixas dispépticas durante os últimos três meses e que se iniciaram, no mínimo, há seis meses. • É fundamental a presença de um ou mais dos seguintes sintomas: - empachamento pós- prandial; - saciedade precoce; - dor epigástrica; - queimação epigástrica. • Ausência de lesões estruturais (incluindo a realização de endoscopia digestiva alta) que possam justificar os sintomas. Para uma melhor orientação propedêutica e terapêutica, esse consenso sugere que os pacientes com DF sejam classificados em duas síndromes, de acordo com o sintoma principal: • Síndrome do desconforto pós-prandial: predominam os sintomas de empachamento pós-prandial e/ou saciedade precoce, que tenha ocorrido várias vezes por semana nos últimos três meses. Outros sintomas que, quando presentes, reforçam o diagnóstico são: distensão do abdome superior, náuseas pós-prandial e eructações. Pode coexistir síndrome da dor epigástrica. • Síndrome da dor epigástrica: predomina dor ou queimação epigástrica, moderada a intensa, intermitente, ocorrendo, no mínimo, uma vez por semana, nos últimos três meses. Dor não aliviada pela defecação ou eliminação de flatos. As características da dor não preenchem critérios para o diagnóstico dos distúrbios funcionais da vesícula biliar ou esfíncter de Oddi. Outros sintomas que, quando presentes, reforçam o diagnóstico: A dor pode ter características de queimação, mas sem irradiação retroesternal (excluindo pirose). A dor é usualmente induzida ou aliviada pela alimentação, podendo, porém, ocorrer em jejum. A síndrome do desconforto pós-prandial pode coexistir. A fisiopatologia da DF permanece desconhecida. Contudo os conhecimentos nesta área evoluíram muito nos últimos anos. Vários fatores etiopatogênicos têm sido considerados, como a hipersecreção ácida, a dismotilidade gastroduodenal, a hipersensibilidade visceral, a alteração da acomodação gástrica, a gastrite associada ao Helicobacter pylori, além dos fatores psicossociais. Acredita-se que a fisiopatologia seja multifatorial, ou seja, uma combinação desses fatores parece ser responsável pelo quadro clínico. Entretanto, o real papel de cada um deles no desencadeamento da sintomatologia dispéptica crônica permanece controversa. Pacientes com DF frequentemente associam piora dos seus sintomas relacionados à ingestão de determinados alimentos. É possível que os alimentos possam agir sobre mecanorreceptores no trato gastrointestinal superior, assim como estimular a secreção de ácido.2,3,8 Além disso, os lipídios podem induzir a liberação de peptídeos como colecistocinina com efeitos na fisiologia gastrointestinal.19 Existe também a possibilidade de que um subgrupo de dispépticos funcionais possa apresentar alergia ou hipersensibilidade a determinadas substâncias alimentares. É importante avaliar se outros componentes alimentares, como os polissacarídeos fermentáveis, estão implicados na gênese dos sintomas da DF. Alguns autores consideram que os fatores dietéticos possam causar mudanças da microbiota intestinal com consequente disbiose e microinflamação da mucosa, capazes de determinar anormalidades motoras, secretoras e sensoriais. O diagnóstico é fundamentalmente clínico e baseia-se nos Critérios Roma III já descritos. Não é necessário realizar uma propedêutica extensa, especialmente em pacientes com sintomas típicos e que não apresentam sinais de alarme (emagrecimento, vômitos recorrentes, disfagia progressiva, presença de sangramento, icterícia). É essencial realizar história clínica e exame físico detalhados, uma vez que a anamnese é o grande subsídio do médico para o diagnóstico, a seleção dos pacientes a serem investigados e a escolha da terapêutica adequada. A presença de sinais e sintomas de alarme implica a continuidade da propedêutica. Dessa forma, os exames complementares devem ser realizados de forma individualizada e, em alguns casos, pode ser realizado um teste terapêutico antes de se iniciar a propedêutica. A endoscopia digestiva deve ser realizada durante um período sintomático e, preferencialmente, sem terapia antissecretora. As biopsias devem ser feitas rotineiramente durante o procedimento endoscópico, visando, também, a detectar o H. pylori. Em pacientes jovens e sem sinais de alarme, testes não invasivos para pesquisa do H. pylori (teste respiratório, antígeno fecal ou sorologia), quando disponíveis, podem ser solicitados e, nos casos positivos, recomenda-se realizar o tratamento de erradicação do microrganismo (estratégia testar e tratar). Nesses casos, o exame endoscópico somente é indicado para aqueles que persistirem sintomáticos após o tratamento de erradicação. Os exames parasitológicos de fezes devem ser solicitados de forma seriada (no mínimo três amostras) e é fundamentala realização das técnicas de concentração das larvas (Baermann modificado por Moraes e suas variações) e o exame direto das fezes, especialmente para a pesquisa de giardíase e estrongiloidíase. -Recomenda-se, ainda, realizar testes para excluir doença celíaca e intolerâncias alimentares (principalmente lactose e frutose) nos casos em que houver suspeita clínica. É também essencial avaliar a presença de cofatores psicológicos, ambientais e dietéticos e o uso de medicamentos que possam ocasionar ou agravar a sintomatologia dispéptica. O tratamento da DF ainda representa um dos grandes desafios para o gastroenterologista e, até o momento, não existe uma terapêutica que seja realmente eficaz. O principal objetivo do médico ao tratar pacientes dispépticos funcionais continua sendo o alívio dos sintomas (dor epigástrica e/ou do desconforto pós-prandial) e a melhora da qualidade de vida. Novos e recentes conhecimentos fisiopatológicos nessa área trazem expectativas muito favoráveis nas pesquisas de novos fármacos capazes de atuar sobre a motilidade gastroduodenal (exercendo um efeito procinético), a hipersensibilidade visceral (reduzindo o limiar de sensibilidade), a microbiota e a inflamação da mucosa. Entretanto, ainda é bastante escasso o arsenal terapêutico para esse enorme grupo de pacientes. Uma parcela considerável dos pacientes obtém alívio dos seus sintomas com simples mudanças em seu estilo de vida e com a adoção de hábitos salutares em seu cotidiano, como uma alimentação adequada e atividade física regular. Embora alguns pacientes relacionem a piora dos seus sintomas com a ingestão de determinados alimentos, nenhuma dieta específica está indicada. Os alimentos que agravam o quadro obviamente devem ser evitados. Intolerâncias específicas (p. ex., ao glúten, à lactose e à frutose) devem ser consideradas e, se confirmadas, orientações dietéticas específicas estão indicadas. A queixa de empachamento pós - -prandial habitualmente melhora com a redução de alimentos gordurosos, enquanto a saciedade precoce pode ser aliviada com o fracionamento das refeições. Os fatores psicológicos devem ser sempre abordados, e é essencial esclarecer ao paciente a possível correlação dos seus sintomas com ansiedade, depressão e estresse. O tratamento psicoterápico tem se mostrado eficaz em um subgrupo de pacientes. O tratamento medicamentoso tem como principal objetivo aliviar o sintoma predominante, e a estratégia terapêutica depende basicamente da natureza e da in - tensidade dos sintomas, do grau do comprometimento funcional e dos fatores psicossociais envolvidos. Vários medicamentos são utilizados para o tratamento dos pacientes dispépticos crônicos, destacando-se: antissecretores, procinéticos, antibióticos para erradicação do H. pylori e antidepressivos. Prof.: vocês precisam enxergar essa síndrome como sendo uma doença do eixo cérebro – intestino. Então muitas vezes vamos pensar que o paciente está fingindo, mentindo, com invenção ou com uma frescura, mas é uma síndrome que tem um diagnóstico clínico que precisa ser respeitado, assim como o tratamento. Mulheres jovens são as mais acometidas. Segundo o Consenso de Roma IV, o paciente tem que ter dor abdominal recorrente, pelo menos 1 dia por semana nos últimos 3 meses, com início há 6 meses antes do diagnóstico. A dor abdominal está associada a pelo menos 2 dos seguintes sintomas: defecação, mudança na frequência das fezes ou mudança na forma das fezes. Necessariamente é preciso afastar os sinais de alarme para dar o diagnóstico de SII: pacientes > 50 anos que não tenha tido nenhuma triagem prévia para câncer de intestino e que tenha sintomas SII (o fato de já ter 50 anos já é indicativo da colonoscopia para investigação de câncer colorretal); mudança recente do hábito intestinal nos últimos 30 – 60 dias; sangramento oculto, pode ser apresentação de melena ou hematoquezia ou pode ser pesquisa de sangue oculto nas fezes positiva; dor noturna ou na passagem das fezes; perde de peso; história familiar de câncer colorretal ou doença inflamatória intestinal; presença de massa abdominal palpável; anemia ferropriva. Se o paciente apresenta sintomas do quadro clínico da SII, mas apresente qualquer uma dessas condições a conduta vai ser diferente. Você não pode fechar um diagnóstico de SII mesmo que ele chegue com os critérios de Roma IV se ele apresentar qualquer um dos sintomas de alarme, tendo que seguir a investigação de doença orgânica. Estou falando isso porque o seguimento do paciente que tem SII vai ser um seguimento diferente. Prof.: Existe uma combinação de fatores que justificam o aparecimento da SII, o que se acredita é que existe uma integração entre o cérebro e o intestino, que também é conhecido como 2º cérebro, por tamanha comunicação existente. Determinadas infecções que não são possíveis isolar ou alimentos (FODMAP) aumentam a permeabilidade intestinal de determinados pacientes que estão suscetíveis geneticamente, que já tem uma plasticidade neuronal alterada, que passam por processo de infecções recorrentes possuindo uma sensibilidade intestinal a processos inflamatórios. Esse aumento de permeabilidade leva a alterações das junções intercelulares intestinal, que acabam levando uma absorção de material nocivo, ou seja, aquele material que habitualmente seria eliminado junto com as fezes acaba sendo absorvido porque houve alteração da permeabilidade e das junções, gerando um processo inflamatório local com influxo de células inflamatórias e liberação de mediadores e onde tem inflamação tem alteração da função neuromuscular do TI. Essa é a sequência de eventos que são sugeridas para explicar a SII. Prof.: FODMAPS é a tradução, em inglês, de fermento. Oligossacarídeos fermentados, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis. É um grupo de carboidratos simples que são altamente fermentados e isso permite com que eles quando ingeridos em determinadas quantidades desencadeiem sintomas de dor, de alterações consistência e de frequência das fezes. Esses alimentos entram na via digestiva e vão promover a produção de gases porque vão interagir de forma negativa no intestino desses pacientes, já que eles apresentam uma dificuldade no processo de digestão desses oligossacarídeos. Os gases vão produzir sintomas de distensão abdominal, flatulência, diarreia, alteração de consistência e frequência das evacuações. Essa tabelinha é para observar que são alimentos do nosso dia a dia (não vou cobrar). Prof.: A primeira conduta é eliminar os FODMAPs. Eu falei com vocês que na dispepsia funcional não existia um grupo de alimentos que desencadeassem os sintomas da dispepsia, o que não acontece na fisiopatologia da SII. E como fazemos a restrição? Não pode restringir aquela tabela tudo de uma vez só. O que orientamos é que suspenda por um período de 3 dia os alimentos do grupo de monossacarídeos, se não resolver os sintomas nos próximos 3 dias vão suspender mono e dissacarídeos, se não desaparecerem nos próximos dias vão suspender mono, di e alguns polióis. E aí vamos descobrir qual grupo de alimento que está causando os sintomas e a gente para a suspensão nesse grupo. Mantenho o paciente por um período máximo de 1 mês com essa restrição e depois vai voltando aos poucos para ver se já conseguimos dessensibilizar o organismo dele. Evidentemente que depois desse teste fazemos uma orientação alimentar tentando evitar esse tipo de alimento. Redução na ingesta de fibras insolúveis e aumento das solúveis. Isso daqui é clássico e muitas vezes vocês não sabem orientar fibras. O paciente que tem constipação intestinal vocês vão recomendar que faça o consumo maior de fibras insolúveis para aumentar o volume do bolo fecal, já que não é uma fibra absorvida. Já no caso da SII a gente precisa orientar a redução de fibras insolúveis e aumentar as solúveis, que são os grãos integrais, frutas, legumes,verduras e feijão. É preciso observar aqui que muitos desses alimentos estão na dieta FODMAPs, então é importante que os pacientes primeiro passem pela orientação de observar qual alimento que desencadeia os sintomas para depois você orientar na suplementação de fibras solúveis. Um terceiro item que a gente gosta de discutir nos pacientes com SII é a utilização de probióticos. Existe alguns trabalhos que alguns resultados apontam para que o uso de determinados cepas de bifidobactérias e lactobacillus, que são a flora bacteriana benigna que a gente tem, que luta para manter a homeostase intestinal e as cepas DSM 9843 são as melhores cepas para promover o tratamento desses pacientes. Obviamente que nem todos os pacientes vão ter acesso a isso que muitas vezes vão precisar ser manipulado ou vendidos na farmácia como medicação comercial mesmo. Utilização de drogas antiplasmóticas que é o caso da hioscina, pipavéria e otilônio (não vai ser cobrado os nomes) e o óleo de hortelã no controle da dor. Antidepressivos tricíclicos (ação anticolinérgica) devido a possibilidade de patologias psicossomáticas no quadro clínico do SII. E por último a utilização de drogas que são chamadas de procinéticas (lubiprostone e linaclotide). Livro: A síndrome do intestino irritável (SII) é uma entidade clínica que está incluída no grupo dos distúrbios funcionais digestivos crônicos e recorrentes, os quais se caracterizam por alterações motoras, da sensibilidade e das secreções dos diferentes segmentos do canal alimentar, e que não raramente comprometem mais de uma das suas vísceras ao mesmo tempo. A despeito de diferenças de localização e do padrão dos sintomas, esses distúrbios guardam entre si alguma semelhança quanto ao seu comportamento motor e sensitivo e sua relação com o sistema nervoso central. Partindo do princípio de que se originam exclusivamente na inadequação daquelas funções, explica-se a ausência de anormalidades estruturais e bioquímicas em todos os procedimentos complementares, laboratoriais e de imagem disponíveis até o momento para investigação diagnóstica. A fisiopatologia da SII não se encontra completamente esclarecida. Contudo, atualmente, admite-se que esse distúrbio multifatorial seja consequente a anormalidades no eixo cérebro-intestino com alterações em diferentes níveis do sistema nervoso central e entérico ou das suas interações – como é o caso da liberação de substâncias com atividade neuroendócrina, que responderiam pelos mecanismos responsáveis pelas disfunções motoras, sensitivas e de secreção, que representam a base dos sintomas. Os sinais originados no intestino, mesmo os de menor intensidade, têm uma área de registro pré-frontal e hipotalâmico maior nesses doentes, que nos indivíduos sadios, observada em ressonância magnética funcional. Como consequência, a resposta eferente do SNC retorna às vísceras abdominais com maior intensidade. Essa dupla via comunicante entre os dois sistemas é executada inconscientemente. Outros fatores têm sido pesquisados para explicar a fisiopatologia da síndrome e estão intimamente associados à disfunção neurológica. Algumas evidências sugerem que um subgrupo desses doentes apresenta inflamação de baixo grau na parede intestinal e comprometimento da função imunológica do intestino, o que levaria a um desempenho inadequado dos nervos que compõem o sistema nervoso entérico. O mesmo ocorreria em razão de mudanças da microbiota, que podem ter impacto no sistema imunológico intestinal, afetando a função neuroimune da víscera. O componente psicossocial finalizaria o conjunto dos mecanismos fisiopatológicos, por meio da participação de substâncias químicas, particularmente o hormônio liberador de corticotropina. O diagnóstico da SII é essencialmente clínico, pela inexistência de anormalidades físicas, achados laboratoriais, radiológicos e endoscópicos indicativos de doença orgânica. Essa condição obrigou os especialistas a estabelecerem critérios que caracterizassem as queixas mais frequentes, no sentido de oferecer segurança para definir a hipótese. Os critérios, desde os de Manning et al. até a última edição dos de Roma III, foram aperfeiçoados, com algumas mudanças introduzidas a cada revisão, considerando resultados de estudos publicados com grandes grupos de doentes e metodologia adequada. Com a intenção de criarem certa homogeneidade para o diagnóstico clínico da síndrome, Manning et al., estabeleceram um questionário com 15 possíveis sintomas e sinais. Seis sintomas/sinais foram significativamente mais frequentes nos doentes com SII: dor abdominal aliviada pela evacuação; • distensão abdominal referida ou visível; • maior frequência de evacuações; • fezes inconsistentes a partir do início do quadro doloroso; • muco; • sensação de evacuação incompleta. Para efeito de comparações, tabulamos os Critérios de Roma III. Afora a questão tempo e seguindo-se os demais Critérios de Roma é possível, apenas com os dados da anamnese, suspeitar de que se trate de um doente com SII. As queixas principais são representadas por dor ou desconforto abdominal que se aliviam com a eliminação do conteúdo colorretal, fezes ou gases. Para um número menor de doentes esse sintoma persiste ou se intensifica após a evacuação A dor pode não ter localização definida e ser variável (desde difusa ou na metade inferior do abdome ou, preferencialmente, no quadrante inferior esquerdo). Essa sensibilidade é acompanhada de mudança do hábito intestinal, inicialmente ocasional e, progressivamente, mais frequente até se tornar constante. O exame clínico não apresenta qualquer evidência de comprometimento geral, perda de peso ou sinais de carências. Todos os sistemas mostram - -se semiologicamente normais e, à propedêutica abdominal, não há aumentos viscerais ou massas palpáveis. Timpanismo de maior grau pode estar presente e, geralmente, a palpação profunda tende a ser dolorosa, difusa ou dos segmentos cólicos em particular, especialmente os segmentos do cólon esquerdo. Nenhuma alteração é observada na ausculta. Deve-se incluir inspeção anal e toque retal, que, em geral, se apresenta com maior sensibilidade. A investigação complementar, como dito, é desnecessária, desde que a hipótese tenha sido bem fundamentada nos critérios clínicos e na ausência de sinais ou sintomas de alarme. Em alguns doentes, entretanto, dúvidas exigirão alguma pesquisa, que deverá ser sempre individualizada, com base nos sintomas predominantes. Um mínimo de exames laboratoriais poderá auxiliar no diagnóstico diferencial, incluindo-se dosagem de hemoglobina, proteína C-reativa, albumina, T 4 e TSH. Nas fezes, especialmente nos casos com diarreia, além do protoparasitológico, sugere-se sua cultura para microrganismos que evoluem cronicamente, como Yersinia enterocolitica e Campylobacter jejuni, pesquisa de leucócitos, gorduras e sangue oculto. Atualmente, tem-se dado preferência à dosagem da calprotectina fecal, um marcador sensível quando se suspeita de doença inflamatória intestinal. Tal prática permite diferenciar o quadro diarreico entre funcional e orgânico. No caso de a anamnese identificar possível relação das queixas com a ingestão de leite e derivados ou cereais à base de trigo, centeio, cevada ou aveia, essas intolerâncias requerem testes específicos para sua confirmação. Além do tratamento medicamentoso, o sucesso terapêutico na condução dos casos de SII vai depender de uma boa relação entre o doente e o médico. É preciso ouvir suas queixas, em geral detalhadas, sabendo filtrar as informações importantes e dando total atenção aos temores que os afligem, como não ter havido qualquer anormalidade nos seus exames, o que, leigamente, pode significar uma doença oculta. Nos últimos anos, a questão dietética recebeu especial atenção, tanto por parte de gastroenterologistas quanto profissionais da área de nutrição por um crescente reconhecimentoda sua relação com alguns sintomas dos doentes com SII. Embora não devam ser aceitos como causa, certos alimentos podem despertar ou acentuar queixas de meteorismo, dor abdominal e alterações da motilidade.28 São representados, principalmente, por carboidratos de cadeia curta, incompletamente digeridos ou absorvidos, como lactose, frutose, oligossacarídeos, galacto- oligossacarídeos e os poliois (açúcar-álcool), sorbitol e manitol, no conjunto conhecidos pelo termo FODMAP. É preciso considerar que nem todos os doentes terão seus sintomas desencadeados por esses compostos, mas apenas aqueles maus absorvedores. Os açúcares referidos promovem, por sua osmolaridade, aumento no volume de água no intestino delgado e do seu trânsito, sendo rapidamente fermentados pela microbiota, com maior produção de gás no cólon. O tratamento farmacológico deverá se restringir aos períodos sintomáticos mais incômodos, considerando o tipo, a frequência e a intensidade dos sinto - mas e qualidade de vida do doente. Poderá ser suspenso durante as fases de remissão. Em relação à sensibilidade, para alívio da dor, recomenda-se algum dos antiespasmódicos/anticolinérgicos ou bloqueadores de canais de cálcio, por sua ação relaxante da musculatura lisa intestinal, exceção da loperamida, que não atua sobre esse sintoma. Por essa propriedade são utilizados: • nos quadros diarreicos, pois diminuem a motricidade; • nos quadros constipados, pois diminuem a espasticidade; • nos quadros alternados associados aos aumentadores do bolo fecal (psyllium, plantago, policarbofila cálcica). Os antidepressivos tricíclicos também são importantes miorrelaxantes, mas não devem ser prescritos para a forma constipada da SII. Seu emprego pode, ainda mais, contribuir para o controle dos doentes que associam comorbidades psiquiátricas e não tenham apresentado boa resposta ao esquema clássico de antiespasmódicos e fibras. Ansiolíticos fazem parte da abordagem medicamentosa da SII e são dirigidos para os casos nos quais a relação dos sintomas digestivos e estados de tensão seja muito evidente. Antimicrobianos têm sido propostos no tratamento do meteorismo, por vezes a queixa mais incômoda dos doentes com SII. Quando há condições para confirmar o sobrecrescimento bacteriano, que em boa parte dos casos é responsável por essa associação com as alterações motoras e sensitivas intestinais, esquema com metronidazol ou ciprofloxacina, por um período mínimo de 10 dias, tem mostrado resultados muito bons. Os probióticos constituem um novo grupo de produtos que vêm ganhando espaço na terapêutica da SII. Como alimentos funcionais, sua intenção é, de um lado, recompor qualitativamente a composição da microbiota intestinal, a qual tem mostrado evidências de sua alteração nos indivíduos afetados pela síndrome e, de outro, combater quantitativamente o sobrecrescimento bacteriano. Prof.: O diagnóstico é essencialmente histopatológico. A gente não dá esse diagnóstico de forma clínica e nem de forma endoscópica porque não é possível. Geralmente quando o paciente chega e nos informa esse diagnóstico é que ele já teve acesso a essa informação através da biopsia. Não é todo mundo que tem gastrite crônica que vai possuir sintoma. A maioria desses pacientes são assintomáticos e quando os sintomas aparecem podem ser muitas vezes inespecíficos como desconforto abdominal, dor abdominal, plenitude, náuseas, vômitos relacionados com a ingestão de alguns alimentos, de álcool ou algum estresse. É uma condição pré-cancerosa quando vem associado aos achados de atrofia, metaplasia ou displasia. Então o fato de ter gastrite crônica sem atividade inflamatória vocês vão passar a perceber nos laudos de EDA que os patologistas, por ter esse conhecimento de gastrite crônica ser uma condição pré-cancerosa, todos que eles laudarem, necessariamente, vão colocar “sem atrofia, sem metaplasia, sem displasia” juntamente com outras informações como a presença ou não do H. pylori, a presença de folículos, agregados linfoides ou não, etc. Mas como é que vamos saber se esses pacientes vão ou não evoluir para essa gravidade? Quais são os fatores de gravidade para essa evolução? Como a gastrite crônica está extremamente ligada a infecção pela bactéria, a virulência da H. pylori é um dos fatores que vai definir se essa paciente vai evoluir ou não para gravidade. Além disso, tem a suscetibilidade genética, a resposta imune do hospedeiro e a fatores ambientais que estejam associados a infecção por H. pylori que é tabagismo, elitismo, má alimentação. Quais são as doenças associadas de um modo geral a gastrite crônica, quando a gente fala de gastrite crônica a gente tenta encontrar gravidade em que tipo de doença? Principalmente câncer gástrico, mas também a gastrite crônica evolui para doença ulcerosa péptica. A gastrite crônica está também associada a determinados pólipos, a tumores carcinóides e a anemia perniciosa. Então são doenças associadas a gastrite crônica. Prof.: Quando vocês falam de gastrite crônica necessariamente estão falando para infecção por H. pylori. Então a infecção pela bactéria H. pylori é o grande fator causal da gastrite crônica, mas também existe outras causas, só que ela é que responde pela imensa maioria dos casos. Temos como outros fatores causais: a autoimunidade, aqueles pacientes que desenvolvem autoanticorpos contra determinadas agentes do organismo; infecção química que pode ser tanto irritação pela bile, pelo suco biliar, quanto pelo uso de anti-inflamatórios. A mucosa gástrica é uma mucosa que não foi preparada para receber a bile. A bile é uma substância que foi produzida para ser liberada no intestino, que tem mucosa diferente da gástrica. A presença de secreção biliar na câmera gástrica leva a um tipo de gastrite que chamamos de gastrite química. Outras causas de gastrite crônica que não seja H. pylori para quando eu perguntar na prova você saber me responder: irradiação em alguém que foi submetido a um tratamento radioterápico, determinadas drogas como a Ticlopidina, vasculites, que são doenças autoimunes da microvasculatura, chamando atenção para vasculite granulomatosas de Wegner, que é a vasculite que pode levar ao diagnóstico de gastrite crônica no seu curso. Ainda existe causas alimentares como a doença celíaca, a doença de Crohn e a sarcoidose. Toda a tabelinha em preto são os fatores causais da gastrite crônica. O que que é a bactéria H. pylori? Vou passar no geral para vocês... é uma bactéria gram -, espiralada, ou seja, pode se movimentar de forma espiral, porque tem flagelos e ela coloniza apenas o estômago (não existe H. pylori no intestino, no esôfago...) e sua prevalência tem uma situação inversa com a condição socioeconômica da população. Geralmente, essa bactéria é adquirida na infância e a infecção, na maioria das vezes, é assintomático ou inespecífica. A bactéria H. pylori consegue sobreviver no estômago porque tem inúmeros fatores de virulência: além dos flagelos que permitam que ela se locomova vivendo ou no antro – local preferido – ou no corpo, ela também tem a capacidade de produzir a urease que é uma enzima que vai degradar a ureia presente em determinadas secreções. A presença de polissacarídeos que vão permitir que ela faça a aderência na célula hospedeira e um processo de inflamação de forma mais fácil e tem ainda a presença de secreções, de enzimas como a protease, lipase, ajudando a promover a injuria da mucosa. Produz exotoxinas e as cepas que produzem são chamadas de VacA +, assim como CagA + que são fatores de virulência que permitem produzir determinadas proteínas que vão alterar a situação imunológica do hospedeiro. Prof.: Eu acabei de falar para vocês que gastrite crônica vocês têm que relacionar com carcinogênese. Existe uma cascata e eu preciso que vocês tenham conhecimento desse nome que é a cascata de Pelayo Correia, primeiro estudioso que teve a audácia de colocar apresença de infecção por H. pylori como sendo um dos fatores causais para o desenvolvimento de gastrite crônica e daí seguindo ao desenvolvimento de carcinogênese. O processo de inflamação crônica desencadeado na presença de H. pylori vai levar uma gastrite atrófica, principalmente iniciando pela incisura angularis (região anatômica que divide o corpo do antro) e daí prossegue para o corpo do estômago. A inflamação crônica causada pelo H. pylori leva a gastrite atrófica... inicialmente, o paciente teve lá na infância, onde ele teve contato com a bactéria, ocasionando uma hipocloridria que foi transitória, mas aqui essa gastrite atrófica vai levar uma perda glandular e metaplásica e vai manter aquela hipocloridria que foi inicialmente revertida no início da infecção, passando a ter uma hiposecreção ácida e uma redução do pepsinogênio e isso favorece o supercrescimento bacteriano que vai acontecer junto com a formação de compostos n-nitrosos carcinogênicos, que são aqueles compostos que se formam decorrentes da alimentação incorreta do paciente. Um paciente infectado por H. pylori está sujeito a uma desses fatores ambientais mostrado na imagem (fumo, má nutrição, alta ingestão de sal, deficiência de vitaminas) e esse conjunto de má alimentação leva a formação de compostos n-nitrosos, compostos que tem uma característica de promover carcinogênese. Essa combinação de fatores ambientais na presença da infecção por H. pylori vai desencadear uma série de consequência. Vocês sempre perguntam o motivo de alguns pacientes com essa infecção desenvolverem certos sintomas e outros não e isso se deve a existência de fenótipos de produção de ácido... então determinadas pessoas tem por genética um fenótipo de produzir ácido excessivamente e outras são baixas produtoras, respondendo de forma diferente a infecção, mesmo que estejam sobre os mesmos efeitos ambientais. Então aquele perfil que tem uma alta produção de ácido clorídrico ele vai ter a colonização do H. pylori principalmente no antro e no antro, uma vez que ele tenha um aumento de produção de bactéria na região do antro, ele vai promover gastrite atrófica, levando a perda de glândula e a formação de metaplasia, a hiposecreção ácida que permite que outras bactérias possam sobreviver no meio ácido que antes não tinham permissão para crescer, tendo um maior enfraquecimento da proteção da mucosa pela inflamação e o desencadear de ulcera duodenal. Então aquele paciente que geneticamente é um alto produtor de ácido ele vai ser um candidato a produzir úlceras duodenais. Já aquele paciente que tem uma baixa produção de ácido geneticamente determinado a colonização da bactéria vai se dar no corpo levando a atrofia e o desenvolvimento de úlcera gástrica e câncer gástrico. Geralmente aqueles pacientes com menos sintomas são os que tem baixa produção de ácido, mas se a gente pudesse escolher era melhor ser o de alta produção porque pelo menos saberíamos que a comorbidade é associada a úlcera duodenal e não neoplasia. Livro: A gastrite crônica (GC) é uma condição inflamatória da mucosa gástrica que pode afetar diferentes regiões do estômago e exibir graus diferentes de lesões da mucosa. Seu maior fator causal, o H. pylori, tem um longo período latente de infecção subclínica, durante o qual causa inflamação e dano da mucosa. A presença do H. pylori no estômago está sempre associada com lesão tecidual e achados histológicos de gastrite crônica ativa. Tipicamente, embora presente no antro e no corpo, o organismo é mais comumente encontrado no antro, onde encontra as condições ideais para sua sobrevivência. Histologicamente, observa-se infiltrado inflamatório composto de plasmócitos e linfócitos na lâmina própria. A inflamação ativa é evidenciada pela presença de neutrófilos na camada glandular e na superfície epitelial. Graus variados de inflamação podem ser detectados. Agregados linfoides são frequentemente observados na mucosa. São reconhecidos três tipos de gastrite: pangastrite, predominante de antro e predominante de corpo. Na gastrite difusa de antro ocorre secreção de ácido normal ou aumentada, e ela pode estar associada à úlcera duodenal e pouca ou nenhuma atrofia. A persistência da inflamação ocasiona o desenvolvimento de atrofia gástrica com hipocloridria ou acloridria. Essas alterações facilitam a migração proximal da bactéria e o desenvolvimento da gastrite do corpo ou multifocal, a qual tende a progredir para metaplasia intestinal e, depois, para o tipo intestinal do câncer gástrico. Outro fator importante para o resultado clínico da infecção pelo H. pylori é o estado secretor do hospedeiro. Existem diferentes modos de interação entre a secreção ácida gástrica e a gastrite associada ao H. pylori, dependendo do perfil secretor do hospedeiro antes da infecção. Em pessoas com perfil de secreção alta de ácido, a infecção pode conduzir a uma gastrite predominante de antro, com pouca ou nenhuma inflamação no corpo – padrão de gastrite predominante de antro. Esse padrão é mais comum em áreas industrializadas do mundo e está associado a um maior risco para úlcera duodenal. Entretanto, em pessoas com baixa secreção de ácido, a infecção pelo H. pylori pode causar gastrite progressiva no antro e corpo, com consequente diminuição da secreção de ácido – gastrite difusa ou predominante de corpo. Esse padrão é mais prevalente nas camadas menos privilegiadas da população; está associada a hipocloridria, atrofia gástrica, úlcera gástrica e aumento da incidência de adenocarcinoma. A gastrite crônica é uma condição pré-cancerosa e parece estar particularmente relacionada ao carcinoma gástrico do tipo intestinal. A prevalência de gastrite com alterações atróficas avançadas, metaplasias e alterações epiteliais displásicas, é mais comum que o esperado em pacientes com carcinoma gástrico do tipo intestinal e precede por anos a formação de carcinomas clinicamente evidentes. A carcinogênese gástrica é um processo multifatorial, relacionado com a interação de fatores genéticos do hospedeiro (secreção ácida gástrica e polimorfismos genéticos nas citocinas pró-inflamatórias), diversidade genética do H. pylori infectante (presença ou não de fatores virulentos – cepas com ilha de patogenicidade cag intactas) e fatores ambientais como os hábitos dietéticos e de higiene pessoal. A extensão e a gravidade da inflamação da mucosa gástrica, bem como o desfecho clínico da infecção, dependem de inúmeros fatores, entre os quais: a virulência da bactéria, a suscetibilidade genética do hospedeiro, a resposta imune, a idade em que ocorreu a infecção inicial e fatores ambientais. A inflamação gástrica de longa duração induzida pelo H. pylori frequentemente conduz à gastrite atrófica, que é considerada o primeiro passo importante na histogênese do câncer gástrico. Sua distribuição é geralmente multifocal e frequentemente associada à perda glandular e intestinalização da mucosa gástrica. A atrofia gástrica, principalmente quando afeta uma grande parte do corpo gástrico, tem, como consequência, hipossecreção de ácido e níveis diminuídos de pepsinogênio. A baixa acidez do suco gástrico permite a colonização do estômago por outras bactérias, as quais, por sua vez, podem promover a formação de fatores carcinogênicos. A gastrite crônica atrófica está frequentemente associada à metaplasia intestinal (MI), e ambas estão intimamente relacionadas com a infecção pelo H. pylori. Prof.: vocês vão perceber que vou citar algumas coisas aqui que já falei lá na gastrite porque é uma sequência óbvia como mostrei para vocês no slide. Então ela é caracterizada por soluções de continuidade da mucosa gastrointestinal secundaria ao efeito corrosivo do HCl e da pepsina, atingindo a submucosa e a muscular. Então não é uma patologia de acometimento de mucosa... vocês vão ver vários laudos de endoscopia com a informação de gastrite erosiva e o que diferenciaerosão de úlcera é que erosão é limitado a mucosa e erosão voce atinge submucosa e, as vezes, a muscular. A úlcera duodenal é 5 x mais frequente do que a gástrica e está relacionado com o perfil de pacientes que produzem ácido demais. As complicações de doença ulcerosa péptica podem ser tanto sangramento como perfuração e as perfurações são mais comuns na pequena curvatura e na parede anterior do bulbo. Existem as úlceras pépticas que chamamos de terebrantes que são aquelas úlceras que tiveram como complicação a perfuração e foram controladas pelo efeito do lobo hepático esquerdo ou do pâncreas dependendo de onde elas perfuraram. Então existe um mecanismo numa tentativa do organismo de defender do processo de perfuração, para conter mesmo. Existe uma relação muito forte com a presença do ácido cloreto. Desde 1910 já existia uma frase “no acid, no ulcer”, porque acreditava que para você desenvolver uma úlcera péptica era necessário a presença do ácido. A descoberta do H. pylori aconteceu pouco tempo depois e poderia mudar a frase para “no H. pylori, no ulcer” porque a grande causa da produção do ácido de forma exagerada é a presença dessa bactéria. Causas comuns: infecção por H. pylori e o uso de anti- inflamatórios. Existe outras causas, como paciente que apresenta doença de Crohn, com neoplasia, determinadas infecções, tuberculoses, herpes, citomegalovírus, etc. Prof.: É uma afecção de origem multifatorial. Aqui é aquela questão do fenótipo secretor do hospedeiro em contato com infecção por H. pylori. Existe 3 tipos de fenótipos: 1: O paciente que apresenta um fenótipo, ou seja, geneticamente ele foi determinado para ser autosecretor de ácido clorídrico, desenvolvendo uma gastrite de antro crônica e pode desenvolver úlcera duodenal. 2: um paciente que apresenta baixa secreção de ácido clorídrico determinada geneticamente vai desenvolver uma gastrite crônica do corpo e provavelmente uma úlcera gástrica ou neoplasia. 3: Paciente que apresenta normosecreção apresentando aquela gastrite crônica de evolução vagarosa principalmente de antro que não vai desenvolver úlceras. É aquele paciente que tem gastrite crônica desde que se entende por gente e ele sempre volta ao médico para fazer investigação, que é necessário mesmo fazer já que é carcinogênico, mas nunca vai evoluir para nada. A imagem de baixo é a que eu gostaria que vocês dessem uma atenção maior que fala dos mecanismos protetores da mucosa. A camada de muco (em cor rosa), a camada de baixo que seria de bicarbonato e depois vem uma camada com sequencias de células epiteliais gástrica... então houve uma ruptura, uma perda dessa camada inicial que favorece o aparecimento da úlcera. O desequilíbrio e a diminuição da atividade desses fatores de defesa é que vai levar o desencadear da úlcera. Temos como fatores agressivos os anti-inflamatórios, o HCL, a pepsina e o H. pylori. E como agentes protetores temos a camada de muco, a de bicarbonato, uma porção de prostaglandinas e o epitélio de revestimento. E o rompimento, uma alteração tanto na produção de prostaglandinas quanto na produção de bicarbonato e de muco que se dá na base das células epiteliais gástricas permite que essas substâncias agressivas cheguem através da corrente sanguínea e comecem a irrigar essas células e a promover essas interrupções dos fatores de defesa, tendo uma abertura para que ocorra o processo de lesão da borda superior da célula epitelial. O desequilíbrio entre os fatores causa isso. Prof.: O diagnóstico obviamente é dado pela EDA; a gente pode suspeitar pelo quadro clínico, mas é esse exame que fecha o diagnóstico. Aqui vocês têm 3 fotografias, mostrando 1º paciente com úlcera rasa, que muitas vezes é difícil de identificar no exame se é uma úlcera ou erosão. 2º: úlcera gástrica promovendo edema, é uma úlcera já revestida de fibrina, espessa. Essa mucosa quando voce vai biopsiar ela não é endurecida, é mole. 3º: úlcera duodenal que está se estendendo dando uma borda irregular, hiperemiada. O diagnóstico do H. pylori é feito por métodos invasivos ou não invasivos: Os métodos invasivos são aqueles que utilizamos a EDA e são 3: histologia, cultura e urease. Na histologia, que é o método de biopsia que mandamos para o patologista, a gente faz a utilização de 5 fragmentos de forma aleatória (2 fragmentos na região do antro, 2 na região do corpo e 1 na incisura angularis), com a pinça você precisa entrar 3 e=vezes, porque ela só consegue pegar 2 fragmentos por vez e é por isso que muitos profissionais acabam não fazendo o exame direito, entrando uma única vez. Quando dá a presença de úlcera fazemos a biopsia das bordas da úlcera, me dando informação se é benigna ou maligna. Então vou biopsiar os 5 fragmentos + bordas da úlcera, se presente. Uma outra forma de você descobrir é através da EDA fazer fragmentos e mandar para cultura ou através da urease, que vocês precisam saber interpretar. O laboratório dá para clínica inúmeros frascos descartáveis que tem a substância do caldo de ureia de Stuart, que foi o bioquímico que desenvolveu essa técnica de investigação. Quando você tira os 5 fragmentos da biopsia e coloca no caldo da ureia a bactéria que tem capacidade de transformar a ureia vai fazer uma reação química deixando-a rosa (urease +) e quando não existe bactéria ele não muda de cor (urease -). Como testes não invasivos temos o sorológico, que fazemos a solicitação para H. pylori e a presença do IgG mostra apenas houve a contaminação, porque ele pode se manter positivo mesmo depois da erradicação, seu declínio é bem vagaroso. Para gente é mais importante um IgG -, do que +. Tem o teste respiratório, que está esquematizado na fotografia ao lado, e é feito, geralmente, 8 semanas após o tratamento porque os testes sorológicos ainda vão estar positivos, mas se precisar de um teste não invasivo porque o paciente não tem condição de submeter a EDA, posso fazer já o teste respiratório, que é um dos primeiros testes que posso fazer depois de um tratamento. O paciente vai beber um conteúdo que tem ureia marcado com carbono 13 que é inofensivo e se tiver H. pylori no estômago vai ter a produção de bicarbonato com carbono 13 que foi marcado e o pulmão vai transformar esse bicarbonato em CO2 e o CO2 vai ser com o carbono marcado. 30 minutos depois você pode para o paciente expirar em uma bolsa e essa bolsa vai ser capaz de detectar o carbono 13. Se ele for identificado o carbono marcado a presença do H. pylori é +, se não é negativa. Outro teste é a pesquisa do antígeno fecal que usamos muito para crianças, porque nem todo bebê vai ser submetido a endoscopia. Prof.: O quadro clínico da doença ulcerosa péptica como a gente está na aula de dor abdominal vai ser dor epigástrica em queimação. Aqui tem uma diferenciação clínica de quem tem úlcera duodenal e úlcera gástrica... os pacientes que apresentam um quadro clínico de úlcera duodenal eles têm uma melhora dos sintomas com as refeições e o uso de antiácidos e os pacientes com úlcera gástrica tem pouca melhora ou piora com as refeições. Isso é uma definição acadêmica, na prática não nos prendemos a isso não. O quadro clínico de quem apresenta uma complicação vai ser em forma de melena, hematêmese, náuseas e vômitos, distensão abdominal, sinais de peristaltismo e irritabilidade hemodinâmica. O tratamento consiste em acabar com o que está causando a úlcera péptica e os principais são H. pylori e uso de anti- inflamatórios. Para tratar o H. pylori usamos Pyloripac IBP (representado na imagem) e os kit já prontos usamos nesse esquema: 4 comprimidos de um lado claro que significa uso pela manhã e 4 no lado escuro que é o uso a noite. O paciente ele vai tomar os 4 comprimidos antes do café da manhã, não é para colocar tudo na boca de uma vez e aí engasga, tendo um outro problema porque ele vai vomitar perdendo a dose da medicação. Ele precisa engolir um porvez e de preferência sentado e a dose do primeiro comprimido (vermelho e branco) que é a Claritromicina que é 500 mg de manhã e 500 mg a noite. O comprimido branco é o IBP que pode ser o omeprazol ou outros da mesma classe que vai depender do que vocês vão prescrever e os dois últimos são Amoxacilina que é 1 g pela manhã e 1 g pela noite. (Não vai cobrar) As fotografias mostram formas de tratar as complicações. Temos um sangramento em babação e através do canal de biopsia coloco uma agulha injetora e depois que injeto consigo estancar o sangramento com uma substância que é esclerosante. E na imagem abaixo temos uma úlcera sangrantes que fiz a colocação de hemoclips para aproximar os bordos da úlcera benigna, isso não se faz na maligna. E a imagem ao lado dos medicamentos é o plasma de argônio que é feita a utilização da via endoscópica e é utilizado para o tratamento de hemorragia do trato digestivo como um todo, tanto através de colonoscopia quanto da EDA e obviamente que o preço dele não disponibiliza ele para todo mundo. Isso não vai ser cobrado é só pelas informações mesmo. Livro: Por mais de um século, a úlcera péptica foi considerada uma doença de evolução crônica, de etiologia desconhecida, com surtos de recidiva e períodos de acalmia. A identificação e o isolamento do Helicobacter pylori (H. pylori) há pouco mais de três décadas representou significativo avanço na compreensão, no diagnóstico e no tratamento da doença ulcerosa péptica. As úlceras pépticas constituem soluções de continuidade da mucosa gastrointestinal secundárias ao efeito corrosivo do ácido clorídrico (HCl) e da pepsina, estendendo-se através da muscularis mucosae, atingindo a camada submucosa e, mesmo, a muscularis propria. Lesões mais superficiais são definidas como erosões, não atingem a camada submucosa e, portanto, não deixam cicatrizes. As úlceras pépticas podem se desenvolver em qualquer porção do trato digestório exposta à secreção cloridropéptica em concentração e duração suficientes. No entanto, o termo “doença ulcerosa péptica” geralmente é empregado para descrever ulcerações do estômago, duodeno ou ambos. O fator genético é, provavelmente, muito importante quanto ao fenótipo secretório de determinada população, não só pela variação na população de células parietais, mas também pelo limiar de sensibilidade das células envolvidas no processo secretório gástrico. O aforismo do médico croata Karl Schwartz, citado em 1910, “sem ácido, sem úlcera” (“no acid, no ulcer”), foi um marco no tratamento da úlcera péptica. A teoria cloridropéptica era um consenso, não havendo dúvidas quanto à explicação na gênese das úlceras. Não se discutia a importância do ácido clorídrico (HCl) e da pepsina na agressão à mucosa, mas, por que alguns ulcerosos apresentavam produção de ácido normal ou um pouco abaixo do normal? As úlceras duodenal e gástrica eram consideradas, pela maioria dos pesquisadores, iguais do ponto de vista fisiopatológico, ainda que nas primeiras, se observasse hipersecreção e, nas segundas, normo ou hipossecreção ácida. A importân cia dos mecanismos de defesa da mucosa era lembrada, estabelecendo-se que os indivíduos normais apresentavam equilíbrio entre os fatores agressivos e os defensivos e, quando alterado, favoreceria a eclosão da úlcera. Sabe-se, atualmente, que a úlcera é uma afecção de origem multifatorial. Fatores ambientais segura - mente desempenham papel importante na eclosão da úlcera nos indivíduos geneticamente predispostos e, entre eles, a infecção pelo H. pylori é, aparentemente, fundamental. 5 Isso explicaria por que a úlcera ocorre em indivíduos que secretam ácido em níveis próximo dos normais e por que indivíduos hipersecretores podem não apresentar úlcera. Alguns pesquisadores acreditam que o fator ácido não é o mais importante, mas, sim, a presença da bactéria. A liberação de citocinas inflamatórias e a resposta imunológica do hospedeiro seriam os moduladores da agressão que determinaria a presença e o tipo de doença que o hospedeiro infectado apresentaria.A variedade da cepa do H. pylori seria primordial na cascata de eventos que culminaria, eventualmente, na úlcera. Sugeriu-se, que o aforisma de Schwartz “no acid, no ulcer” fosse substituído por “no Helicobacter, no ulcer”. A fisiopatologia da lesão induzida por AINE/ AAS baseia-se na supressão da síntese de prostaglandinas. O mecanismo envolvido nessa situação indica a agregação de neutrófilos às células endoteliais da microcirculação gástrica, que reduz o fluxo sanguíneo gástrico efetivo, bem como a produção de muco prostaglandina-dependente e o comprometimento da capacidade de migração epitelial de células adjacentes à área lesada. A circulação da mucosa e a capacidade de defesa celular ficam comprometidas e a mucosa torna-se vulnerável à agressão de fatores intraluminais, como ácido clorídrico, pepsina, sais biliares, H. pylori e medicamentos. Quadro clínico: Os sintomas referidos pelos pacientes não permitem diferenciar úlcera duodenal (UD) e úlcera gástrica (UG) e, algumas vezes, são muito discretos, atípicos ou ausentes. Quando presente, a dor é habitualmente pouco intensa, em queimação, localizada no epigástrio, circunscrita e descrita como “dor de fome, queimadura ou desconforto na boca do estômago”. A dor mantém-se por semanas, de forma rítmica. A ritmicidade é relação íntima da dor com a alimentação: a melhora da dor com a ingestão de alimentos é relativamente frequente nos portadores de UD (chamada de dor em três tempos: dói-come-passa), ao passo que, em portadores de UG, a ingestão de alimentos às vezes piora ou desencadeia o sintoma (dor em quatro tempos: dói-come- passa-dói). Outra característica da dor da úlcera péptica é a periodicidade: períodos de acalmia (desaparecimento da dor por meses ou mesmo anos) intercalados por outros sintomáticos. O fato de o paciente ser despertado pela dor no meio da noite (clocking) é sugestivo da presença de úlcera, particularmente, duodenal. A pirose ou azia é comum nos pacientes com UD, em virtude da associação da UD com refluxo gastroesofágico. Outros sintomas dispépticos, como eructação, flatulência, sialorreia, náuseas e vômitos, não são próprios da úlcera péptica, mas podem estar associados. O exame físico nada acrescenta, a não ser nos casos de complicações, como hemorragia, estenose ou perfuração. O tratamento da úlcera péptica, seja ela gástrica ou duodenal, tem como objetivos: alívio dos sintomas, cicatrização das lesões e prevenção de recidivas e complicações. Até a descoberta do H. pylori, os dois primeiros objetivos eram facilmente alcançados, entretanto, ao final de um ano, praticamente todas as úlceras recidivavam. Atualmente, sabe-se que não basta cicatrizar a úlcera, mas há necessidade de erradicar a bactéria para evitar a recidiva. Cultivar uma boa relação médico-paciente é fundamental, explicando ao paciente a natureza de sua doença, inclusive do ponto de vista emocional. Quanto à alimentação e à dieta, nem o tipo, nem a consistência da dieta afetam a cicatrização da úlcera, mas é conhecido que alguns alimentos aumentam e/ ou estimulam a produção de ácido clorídrico e que outros são irritantes à mucosa gástrica. É importante recomendar aos pacientes que evitem alguns alimentos, assim como que parem de fumar, pois o fumo pode alterar o tempo de cicatrização da úlcera. As medicações que promovem a cicatrização da úlcera agem por dois mecanismos: fortalecendo os componentes que mantêm a integridade da mucosa gastroduodenal (pró-secretores) e diminuindo a ação cloridropéptica (antissecretores). Os pró-secretores atuam estimulando os fatores responsáveis pela integridade da mucosa, como muco, bicarbonato, fatores surfactantes, além de favorecer a replicação celular e o fluxo sanguíneo da mucosa. Os antissecretores são os medicamentos de escolha para a cicatrização da úlcera e dois grupos são atualmente utilizados: osbloqueadores do receptor H2 da histamina e os inibidores da bomba de prótons (IBP). Prof.: A pancreatite crônica acontece quando a gente tem a substituição irreversível do parênquima pancreático normal por áreas de fibrose pelo surgimento de estenose e irregularidade dos ductos pancreáticos. Então essa substituição do parênquima normal por fibrose vai levar a estenose e irregularidades dos ductos. A evolução da pancreatite crônica prossegue mesmo com a retirada da causa e a gente classifica a pancreatite crônica grosseiramente na imensa maioria das vezes em calcificante e obstrutivas. Existe uma comprovação que a pancreatite crônica não se desenvolve em todo mundo, por mais que faça uso de agentes agressores como o álcool e o tabagismo em determinadas pessoas não vai desenvolver, porque existe uma definição que a pancreatite é uma doença geneticamente determinada e se você não tiver a mutação dos genes CFTR, SPINK1 e PRSS1 não desenvolve e só vamos saber disso fazendo análise genética. Os fatores que levam ao desenvolvimento de pancreatite crônica são principalmente o álcool, tabagismo e desnutrição proteica. A gente acha que todo etilista vai desenvolver, mas na estatística temos que 5% desenvolvem. Nas mulheres a dosagem de álcool que precisamos para considerar fator de risco para pancreatite crônica é 80 ml de etanol puro diário por mais de 5 anos e nos homens são 100 ml de etanol puro diário por mais de 5 anos. Prof.: Tendeu-se desde 1988 que há uma necessidade de classificar a pancreatite crônica. Então ela já foi classificada como calcificante, obstrutiva, que essa classificação mais antiga, a classificação de Marselha, mas que levando mais consideração para atividade acadêmica. De causas calcificante temos o alcoolismo disparado como sendo a causa principal e de causa obstrutiva nós temos a obstrução benigna do ducto pancreático, paciente que desenvolveram estenose porque fez uma pancreatite aguda ou um trauma por conta de algum acidente ou um erro durante a realização de uma CPRE, paciente que apresenta pâncreas divisium que é uma causa obstrutiva de pancreatite crônica e existe causas inflamatórias também que são causas menos comuns, lembrando aqui da autoimunidade. Em 2001 foi tentado classificar a pancreatite crônica de outa forma, aí colocou em causas tóxico-metabólicas que novamente o álcool e o tabaco entraram sendo fatores de risco, hipercalcemia, ou seja, paciente que apresentam condições clínicas que desenvolvam hipercalcemia, que é o caso de hiperparatireoidismo, hipertriglicideremia. Lembra que falei para vocês na aula de pancreatite aguda que quando vocês recebem um paciente com esse quadro na emergência dentre os exames laboratoriais que vocês vão pedir amilase, lipase, para saber se existe aquela elevação de 3x o limite superior da normalidade vocês vão pedir também dosagem dos triglicérides porque existe também a possibilidade de triglicérides envolver pancreatite aguda e ser a causa de vários episódios sucessivos de pancreatite aguda. Então o paciente desenvolve a substituição do parênquima normal pelo parênquima fibroso por conta de uma condição que é relacionada ao metabolismo que é a presença dos triglicérides aumentado. E causas idiopáticas e autoimunes também. Uma outa forma de classificar mais recente ainda que é a classificação de Ammhein que distribuiu a pancreatite de forma a classificar de acordo com a presença dos fatores de risco que é álcool, tabaco, fatores nutricionais, hereditários, imunológicos e miscelânea que quando tem uma combinação de fatores que justificam a o=pancreatite crônica. No geral o que vamos levar em conta quando a gente falar em classificação é a de Marselha que leva em consideração causas calcificante, obstrutiva e inflamatórias. Prof.: O quadro clínico mais importante de quem tem pancreatite crônica ao contrário do que vocês falam que é a icterícia é a dor abdominal, que geralmente é uma dor em faixa, recorrente e incapacitante, leva o paciente a diminuir a ingestão calórica, diminuir a ingestão alimentar e, por isso, o emagrecimento é o segundo sintoma mais frequente. O paciente pode apresentar esteatorreia, mas lembre que ela vai ser desenvolvida naquele paciente que perder pelo menos 70% do pâncreas, então não esperem gordura nas fezes, não espere que o paciente vá relatar para vocês isso quando ele tem um diagnostico que não foi ainda determinado de pancreatite, porque isso só aparece com a perda de 70% do pâncreas e quando isso acontecer ele já tem dor abdominal e emagrecimento há muito tempo. Eu coloquei aqui para vocês aqui o Sinal de Cullen e o de Grey Turner (sinal de hemorragia retroperitoneal em paciente que tem doença pancreática, seja ela aguda ou crônica agudizada) porque não tinha falado na aula de pancreatite aguda, mas as vezes lembrem que o paciente pode ter uma pancreatite crônica e ser agudizada. Então ele pode chegar na emergência para vocês como um quadro clássico com o primeiro episódio de pancreatite aguda ou com um quadro de pancreatite crônica agudizado com alguma complicação devido a uma exacerbação, como um quadro de hemorragia retroperitoneal representada por esses sinais citados. Prof.: laboratorialmente falando a amilase e lipase normalmente não vem alteradas, na maioria das vezes vão estar normais. Bilirrubinas e fosfatases alcalinas quando alteradas vão indicar obstrução ductal. Quando vocês estiverem suspeitando de autoimunidade vocês vão pedir os marcadores ANCA, fator reumatoide, anticorpo anti musculo liso e no RX aquela imagem de calcificação do pâncreas vai aparecer em apenas 30% dos pacientes. Sem dúvida a tomografia vai ser o exame de grande necessidade para estagiar e dar o prognostico desse paciente, porque ele vai oferecer informações sobre calcificação, dilatação ductal, de coleção de fluidos e alteração do parênquima. Outros exames que podem ser realizados em pacientes com pancreatite crônica é a ecoendoscopia, que é aquele exame que é realizado através de um endoscópio, aparelho muito parecido com o usada na EDA, e ele vai me dá característica de cisto, da textura, se houve ou não a substituição completa do tecido pancreático, a porcentagem que esse tecido foi substituído por fibrose, a presença de dilatações do canal principal e dos canais acessórios, então fornece informações a mais de complicações para tentar justificar a sintomatologia daquele paciente. A CPRE vai ser reservada ao pré-operatório para aquele paciente que precisa fazer a cirurgia devido alguma complicação, por exemplo, ele chegou com uma pancreatite crônica agudizada, com sinais de Cullen e de Grey Turner sugerindo que tem uma hemorragia retroperitoneal então esse paciente vai precisar ser abordado cirurgicamente e é importante que a via biliar seja acessível, seja verificada antes da cirurgia e por isso faz um CPRE para garantir desobstrução da via biliar. Livro: As pancreatites crônicas (PC) caracterizam-se pela substituição irreversível do parênquima pancreático normal por áreas de fibrose e pelo surgimento de estenoses e irregularidades nos ductos pancreáticos. Tais lesões são, em geral, progressivas, mesmo com a retirada do fator causal. Há dois tipos principais de pancreatites crônicas – as calcificantes (PCCs) e as obstrutivas (PCOs) –, de acordo com classificação proposta em Roma em 1988, a qual, embora útil, não engloba outros tipos de pancreatites crônicas, em particular as pancreatites crônicas autoimunes (PCAs). As PCCs, assim denominadas porque se calcificarão com o passar do tempo, representam a quase totalidade dos casos de pancreatites crônicas e correspondem às pancreatites crônicas alcoólica, hereditária, nutricional, metabólica e idiopática. Tem sido dada importância cada vez maior à identificação de mutações genéticas que predispõem às pancreatites crônicas, o que pode ocorrer na pancreatite crônica hereditária, na fibrose císticaou, mesmo, nas pancreatites crônicas alcoólicas. As principais mutações identificadas até o momento são nos genes CFTR, SPINK1 e PRSS1. As PCO, bem mais raras e que não se calcificam, são consequentes a qualquer modificação anatômica que dificulte a drenagem de secreção pancreática para o duodeno, como estenose cicatricial, traumática, cirúrgica, endoscópica ou congênita do ducto pancreático principal, pancreas divisum etc. As pancreatites crônicas, particularmente as al - coólicas, predominam em homens entre 30 e 40 anos de idade. As formas hereditárias e nutricionais afetam in - divíduos mais jovens, na 1 a ou 2 a década de vida, ao passo que as formas obstrutivas, as metabólicas e as idiopáticas prevalecem em indivíduos acima dos 40 anos. As manifestações clínicas observadas geral - mente são características, sem variações importantes de um caso a outro, salvo as inerentes à própria fase evolutiva do processo. A dor é sintoma habitualmente presente e, em geral, a primeira exteriorização clínica da doença. Manifesta-se sob a forma de crises dolorosas recorrentes, intensas, localizadas no andar superior do abdome, com duração de 1 a 7 dias, intercaladas por períodos de acalmia variáveis de meses a anos, precipitadas, quase sempre, pelo abuso alcoólico e/ou por alimentação gordurosa. A sua fisiopatologia não é adequadamente conhecida, mas seu aparecimento é atribuído à hipertensão ductal provocada pela presença de rolhas proteicas nas fases iniciais da doença e por estenoses ductais nas fases mais tardias; inflamação perineural dos nervos intra e peripancreáticos também pode contribuir para o quadro doloroso. A redução do peso corporal é notada, pelo menos temporariamente, em quase todos os pacientes; o grau de emagrecimento depende, inicialmente, da frequência e da intensidade das crises dolorosas e, em seguida, do grau de envolvimento do parênquima glandular, determinando má absorção e diabete. A má absorção e o diabete melito são manifestações tardias da afecção, surgindo, em média, dez anos após o início das crises dolorosas, quando já houve comprometimento de mais de 70% do parênquima pancreático. Resultam, respectivamente, da substituição do parênquima secretor exócrino e endócrino pela fibrose. As complicações clínicas das pancreatites crônicas podem surgir em qualquer fase da doença, porém, são mais frequentes em suas fases mais iniciais, quando ainda não houve extenso comprometimento do parênquima pancreático. Podem ser locais ou sistêmicas. A icterícia, clínica e/ou laboratorial, observada em aproximadamente 25% dos pacientes, resulta da compressão do colédoco terminal, retropancreático, por aumento do volume da cabeça do pâncreas, secundário a edema, nódulos fibróticos, cálculos pancreáticos ou cistos cefálicos. Trata-se, em geral, de icterícia discreta, fugaz e apirética, com frequência e intensidade não relacionadas à fase evolutiva da doença, e sim com a relação anatômica entre colédoco terminal e cabeça da glândula. Os cistos, presentes em aproximadamente ⅓ dos pacientes, podem surgir em qualquer fase evolutiva da afecção, sendo pequenos, intraglandulares (cistos de retenção) ou maiores, extraglandulares (cistos necróticos). Podem, eventualmente, ser sede de complicações, como compressões de órgãos ou estruturas vizinhas (estômago, cólon, vesícula, colédoco), infecção (abscessos), hemorragia, fistulização para vísceras ocas ou para o peritônio livre (ascite) e, em cerca de 70% dos casos, têm resolução espontânea. Ascite, derrame pleural e, raramente, derrame pericárdico podem surgir durante a evolução da pancreatite crônica, sendo a ascite a mais frequente. Durante a evolução das pancreatites crônicas, os pacientes podem desenvolver hemorragia digestiva, exteriorizada sob a forma de hematêmese ou melena, causada, em geral, pela ruptura de varizes esofagogástricas, secundárias à compressão ou trombose da veia esplênica, pela presença de cisto ou pelo aumento de volume do pâncreas. Pode originar- se, também, da ruptura de vasos intracísticos e da formação de pseudomicroaneurismas. Podem estar presentes necrose pancreática, estéril ou infectada, abscessos e fístulas, mas são complicações raras. A associação com cirrose hepática nas fases iniciais das pancreatites crônicas é excepcional, mas, com a evolução da doença, após a instalação da má absorção do diabete melito, o fígado começa a se comprometer morfofuncionalmente. O diagnóstico das pancreatites crônicas depende de um contexto clínico apropriado (p. ex., homem jovem com intenso e prolongado consumo alcoólico e dor abdominal típica, perda ponderal, insuficiência exócrina e/ou endócrina) associado a exames que reflitam a perda da função pancreática e a presença de anormalidades anatômicas compatíveis. A dosagem das enzimas pancreáticas, em particular da amilase e da lipase, pode estar alterada no sangue durante as crises de exacerbação da doença, especialmente em suas fases iniciais, quando o parênquima pancreático ainda se encontra relativa - mente preservado. Nas fases finais da afecção, é relativamente comum encontrar níveis normais dessas enzimas, o que se justifica pela escassez da produção enzimática, secundária à extensa substituição do parênquima pancreático por fibrose. Quando houver colestase, a fosfatase alcalina e a gamaglutamiltransferase, além das bilirrubinas séricas, também podem se elevar. Nas fezes, a pesquisa qualitativa de gordura pode sugerir a síndrome de má absorção relacionada à insuficiência pancreática. A dosagem de gordura, após dieta padronizada (balanço de gordura fecal), é útil para o diagnóstico do grau de envolvimento do pâncreas. A TC abdominal, sobretudo a helicoidal, é útil no diagnóstico das afecções pancreáticas, possibilitando o acesso ao retroperitônio, com observação direta da glândula pancreática e dos tecidos adjacentes, sendo os principais achados tomográficos os cálculos intraductais, a dilatação do ducto pancreático principal e as alterações do parênquima glandular por edema, fibrose ou necrose e atrofia. Possibilita, também, como a US, diagnosticar e acompanhar determinadas complicações das pancreatites crônicas, em particular os cistos intra ou extraglandulares, ascite, necrose (infecta - da ou não), fístulas, abscessos, coleções líquidas, além de dilatações das vias biliares intra ou extra-hepáticas. Um dos aspectos importantes no tratamento das pancreatites crônicas exacerbadas é a analgesia.27-30 Tradicionalmente, a meperidina foi preferida em relação à morfina por um suposto risco de que esta aumentasse a pressão do esfíncter de Oddi; no entanto, não há evidências clínicas de que a morfina cause ou agrave as pancreatites. O cloridrato de tramadol (50 a 100 mg a cada 6 horas, em injeção intravenosa lenta) ou o cloridrato de buprenorfina (0,3 mg, por via intramuscular, até de 6 em 6 horas) são opções para estes pacientes, aliando boa potência analgésica a poucos efeitos adversos. Cerca de 20% dos pacientes portadores de pancreatite crônica são tratados cirurgicamente, especialmente quando há persistência das manifestações dolorosas, impossibilitando o exercício das atividades normais, mesmo após abstinência do álcool e cuidados terapêuticos adequados, ou quando surgem complicações durante a evolução da doença, como pseudocistos pancreáticos complicados, ascite, derrame pleural, necrose infectada, abscessos, fístulas pancreáticas, hemorragia digestiva de repetição ou incoercível e icterícia persistente. QUEM É O NOSSO PACIENTE? Paciente com giardíase. Paciente com úlcera gástrica Paciente com colicistite Tomografia mostrando líquido hidroaéreo, ou seja, paciente que está obstruindo. Paciente com neoplasia de colón. Paciente com SII. Paciente com diverticulite. Paciente com pancreatite aguda complicada. Paciente com gastroenterocolite.
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