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DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ Na prática clínica, é muito importante o diagnóstico precoce da gravidez, o que tantas vezes coloca em riso o prestígio do médico. O diagnóstico pode ser clínico, hormonal ou ultrassônico. A gravidez deve ser suspeitada sempre que uma mulher em idade reprodutiva apresentar atraso menstrual, principalmente quando maior que uma semana. Diagnóstico clínico Os sintomas da gravidez são classificados em de presunção, probabilidade e de certeza. ➢ Sinais de presunção: o Atraso menstrual até 14 dias (amenorréia é o sinal mais precoce); o Náuseas e vômitos: durante o primeiro trimestre mais de 50% das mulheres sofrem esses sintomas. o Mudanças do apetite (disgeusia); o Fadiga, tontura, sialorréia (salivando em excesso), distensão abdominal e constipação, dispneia, congestão nasal, cãibras e lombalgia; o Percepção dos movimentos fetais pela paciente; o Polaciúria: aumento da frequência, devido a compressão da bexiga pelo útero em crescimento; o Nictúria: levantar para urinar à noite; o Aumento do volume e da sensibilidade álgica mamária; o Cloasma gravídico ou máscara gravídico: manchas provocadas pelo aumento da produção de melanina circundando parte da testa, ao redor do nariz, bochecha e lábio superior. o Linha nigra: pigmentação da linha alba; o Sinal de Halban: aumento da lanugem nos limites do couro cabeludo; o Tubérculos de Montgomery: glândulas sebáceas hipertrofiadas nas aréolas; o Rede de Haller: aumento da vascularização venosa na mama; o Sinal de Hunter: hiperpigmentação da aréola primária e aparecimento da aréola secundária com limites imprecisos. o Alterações cutâneas (estrias, hiperpigmentação da face-cloasma e linha nigra). o Colostro: (16ª semana), primeiro leite, cor amarelada. ➢ Sinais de probabilidade: o Atraso menstrual maior que 14 dias; o Amolecimento do colo uterino percebido pelo toque (semelhante a consistência labial) a partir de 6 semanas de gestação; o Sinal de Hegar: amolecimento do istmo uterino, durante o toque bimanual, a sensação é semelhante à separação do corpo da cérvice; o Sinal de Piskacek: assimetria uterina à palpação; o Sinal de Nobile-Budin: percepção do preenchimento do fundo de saco vaginal pelo útero gravídico (útero se torna globoso); o Alteração do muco cervical: torna-se viscoso, mais espesso e não se cristaliza; o Sinal de Goodel: amolecimento do colo uterino; o Sinal de Jacquemier ou Chadwick: coloração violácea da mucosa vulvar, do vestíbulo e meato uretral (entre 8 e 12 semanas); o Sinal de Kluge: tonalidade violácea da mucosa vaginal, resultante da congestão (entre 8 e 12 semanas); o Sinal de Osiander: percepção do pulso da artéria vaginal ao toque vaginal dos fundos de saco, isso ocorre devido à hipertrofia do sistema vascular; o Aumento do volume abdominal e volume uterino: fora da gestação o útero é intrapélvico, com 12 semanas é palpável na sínfise púbica, com 16 semanas é palpável entre sínfise púbica e cicatriz umbilical, e com 20 semanas é palpável na região da cicatriz umbilical. Há um erro na imagem acima, sinal de Jacquemier ou Chadwick observa-se externamente (vulva) e o sinal de Kluge observa-se internamente (colo uterino). ➢ Sinais de certeza: o Ausculta de batimentos cardiofetais por USG vaginal (7ª a 8ª semana), pelo Doppler (10ª ou 12ª semana), ou pelo estetoscópio de Pinard (18ª a 20ª semana); o Sinal de Puzos (rechaço fetal intrauterino): durante o exame bimanual, um discreto impulso no útero, por meio do fundo de saco anterior, deslocará o feto no líquido amniótico para longe do dedo do examinador. A tendência do retorno do feto faz com que ele seja novamente palpável (14ª semana); o Percepção e palpação dos movimentos fetais pelo examinador (18ª a 20ª semana); o Palpação dos segmentos fetais: nesse período o volume do feto é maior e começa-se a palpar cabeça e membros (18ª semana); Diagnóstico hormonal Atualmente, é considerado o melhor parâmetro para diagnóstico de gravidez. Apoia-se na produção de gonadotrofina coriônica humana (hCG). Uma semana após a fertilização, o trofoblasto, implantado no endométrio, começa a produzir hCG (antes mesmo de ser implantado já começa) em quantidades crescentes, que podem ser encontrados no plasma ou na urina da gestante. A concentração de hCG duplica a cada 29 a 53 horas durante os primeiros 30 dias após a implantação, aumento mais lento é sugestivo de gravidez anormal (ex: morte ectópica, morte embrionária precoce). A concentração máxima desse hormônio ocorre em 8 a 10 semanas de gestação, com média de 60.000 a 90.000 mUI/mL, mas o intervalo é bastante amplo (5.000 a 150.000), assim os níveis de hCG não são úteis para estimar a idade gestacional. Depois da 10ª semana, os níveis de hCG diminuem, atingindo concentração média de 12.000 mUI/mL na 20ª semana, novamente com uma ampla normalidade (2.000 a 50.000 UI/mL). A concentração de hCG permanece relativamente constante da 20ª semana até o término da gestação. Fatores que influenciam a escolha de fazer o teste na urina ou no soro incluem a duração do atraso menstrual, necessidade de precisão, conveniência e custo. Os testes de urina são menos sensíveis do que os do soro. Os testes de soro são preferíveis quando o atraso menstrual é menor que uma semana, especialmente quando a exclusão da gravidez é um fator importante no atendimento à paciente. ➢ Teste de gravidez no soro: método mais sensível para detectar hCG no início da gravidez é um teste de gravidez no soro. Detectam níveis hCG de 5 a 10 mUI/mL (testes qualitativos), enquanto um teste de beta-hCG de soro quantitativo de alta sensibilidade pode medir valores de hCG tão baixo de hCG (1 a 2 mUI/mL). A concentração de hCG no soro é maior que na urina, portanto no início da gravidez, um teste de gravidez no soro pode ser positivo, enquanto o teste de gravidez na urina ainda é negativo. Há basicamente dois tipos de testes para a identificação de hCG pelo soro: radioimunológico (RIA) e enzima-imunoensaio (ELISA). ➢ Teste de gravidez pela urina: é feito por testes imunológicos, visto que o hCG é uma proteína, que induz à formação de anticorpos (antissoro) em animais. O antissoro é utilizado para identificar hormônios na urina examinada. Indica-se a realização do exame após 10 a 14 dias da DUM, e deve ser realizado com a primeira urina do dia devido sua maior concentração, isso é para melhorar a sensibilidade. Diagnóstico ultrassonográfico É obrigatório a realização da ultrassonografia transvaginal no primeiro trimestre da gravidez. Com 4 a 5 semanas, na parte superior do útero, começa a aparecer uma formação arredondada, de contornos nítidos, denominada saco gestacional (SG). A partir de 5 semanas é possível visualizar a vesícula vitelina e com 6 semanas, o eco embrionário e a sua pulsação cardíaca (bcf). Em torno de 10 a 12 semanas, nota-se o espessamento do saco gestacional, que representa a placenta em desenvolvimento e seu local de implantação no útero. Com 12 semanas a placenta pode ser facilmente identificada e apresenta estrutura definida com 16 semanas.
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