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Da porta de linho ate a nuvem d - Luciana Gomes da Silva

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LUCIANA GOMES DA SILVA
1ª Edição
UPBOOKS
ITAPIRA, SP
2019
DA PORTA
DE LINHO
ATÉ A
NUVEM
DE
GLÓRIA
UPBOOKS
[Casa Publicadora Bereana]
www.upbooks.com.br
contato@upbooks.net.br
Todos os direitos reservados.
Copyright 2019 por Luciana Gomes da Silva
Primeira edição 2019 – Impresso no Brasil
Editor Chefe: Eneas Francisco
Editor: Carla Montebeler
Revisão: Thais Santos
Capa: César Franca
Ilustrações: Santiago Angel Mesa
PROIBIDA A REPRODUÇÃO POR QUAISQUER MEIOS, SALVO EM BREVE CITAÇÕES, COM
INDICAÇÃO DA FONTE
Assim como O TABERNÁCULO foi a única
alternativa de redenção para os hebreus,
CRISTO é o nosso único Redentor.
SUMÁRIO
Agradecimentos ..............................................................................7
Introdução ..................................................................................9
Prólogo..................................................................................11
1. A importância do tabernáculo.............................................17
2. A importância histórico social ........................................... 23
3. A tenda do encontro............................................................ 31
4. Capacitados para a boa obra ............................................ 41
5. A nuvem e a escuridade ...........................................................49
6. A organização das tribos................................................... 59
7. Materiais do tabernáculo .................................................... 67
8. O ministério levítico................................................................ 85
9. Três clãs ................................................................................... 97
10. Presentes para os levitas ....................................................... 115
11. A consagração ..................................................................... 127
12. O sumo sacerdote perfeito ................................................ 145
13. As vestes do sumo sacerdote ................................................ 157
14. Mandamentos diversos ........................................................ 165
15. Móveis do tabernáculo ................................................... 177
16. Dentro da Arca ................................................................. 195
17. As Cortinas ......................................................................... 213
18. A mesa dos pães asmos ........................................................ 219
19. O castiçal de ouro puro ........................................................ 233
20. O altar do incenso .................................................................245
21. O Sal da aliança ...................................................................255
22. O átrio e seus objetos ..........................................................261
23. Cristo, a glória de Deus ......................................................273
A autora................................................................................ 279
AGRADECIMENTOS
A fascinação pelo conhecimento é um mérito divino. Ele é o Autor e
Consumador de todo intelecto humano. Sim, fomos criados para sentir prazer
ao aprender algo novo. Ele nos fez assim, amantes do conhecimento. 
Vivenciando todas as maravilhas de Deus que nos foram reveladas na
Sagrada Escritura, me deparei com uma construção luxuosa em pleno deserto
e me peguei pensando: O que Deus quer nos revelar por meio desta obra?
Desta forma iniciei mais uma jornada pela Bíblia, desta vez, da porta de linho
até a nuvem de glória. 
Ao longo da construção desta obra e no anseio pela busca de mais
conhecimento tive várias oportunidades para prantear, orar, pedir perdão, me
arrepender e buscar novos caminhos. Enfim, eu estava sendo ministrada
enquanto compunha esta obra, e te pergunto: De quem foi a ideia de escrever
este livro? Certamente divina. Deus nos impulsionou a fazê-lo. 
Desta forma agradeço a Deus por me fazer querer e por me ajudar a
realizar Sua vontade. Agradeço ao Espírito Santo por todas as vezes que, em
oração, me mostrava os caminhos. Agradeço a Jesus por ter vindo até a porta
de linho para me encontrar.
Agradeço ao meu marido, Djalma, um homem que tem me apoiado e me
amado acima das circunstâncias, um homem que acredita no meu chamado.
Aos meus filhos, Larissa e Lucas, minha maior riqueza. Aos amigos e
familiares que me apoiam sem medidas.
Agradeço a todos os leitores, a razão pela qual escrevi este livro. Foi por
você, todas as horas de pesquisa e escrita. Sinta-se honrado. 
Que Deus nos abençoe. 
“Porque Deus é o que opera em vós
tanto o querer como o efetuar,
segundo a sua boa vontade.” Filipenses 2:13
INTRODUÇÃO
Este livro tem como objetivo primordial trazer luz a assuntos concernentes à
tipologia do Cristo redentor e de Sua noiva amada. Para este propósito,
traçamos ao longo desta narrativa um caminho no tabernáculo que vai desde
a porta de linho, até a presença da Arca da Aliança. Objetivamos enfatizar
alguns dos detalhes encontrados ao longo desse caminho.
O tabernáculo, para o povo escolhido, era o lugar onde a nuvem da glória
de Jeová repousava. E qual é a importância desse lugar sagrado para nós, que
estamos debaixo de uma Nova Aliança? A resposta será esclarecida no
desfecho da leitura. Posso adiantar que através desta obra literária, você,
leitor, compreenderá a profundidade do plano salvífico de Deus. O plano de
habitar conosco por meio de Seu Filho, o Emanuel. Jesus é Aquele que
através de Sua missão salvadora “tabernaculou” entre nós. O apóstolo e
evangelista João, em seu livro, no capítulo 1 e no verso 14, diz que o
Unigênito do Pai habitou entre nós: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre
nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do
unigênito do Pai.” (João 1:14, JFA).
O texto citado acima é muito profundo por causa do termo grego usado
para a palavra habitou. A palavra traduzida do grego para o português é
eskēnōsen. Segundo o Dicionário Strong, na referência grega 4637, essa
palavra significa: “Eu habito como em uma tenda; acampamento; tenho meu
tabernáculo; residir (como Deus fez no tabernáculo antigo, um símbolo de
proteção e comunhão); morar”. Muitos teóricos, assim como o teólogo e
comentarista do texto bíblico Benson, usam o termo tabernaculou para
traduzir o grego eskēnōsen.
Embora a palavra tabernaculou não exista em nosso dicionário, ela pode
nos levar ao verdadeiro sentido do texto de João e à sua real intenção com
essa expressão. Jesus, para o apóstolo João, é o unigênito do Pai que
tabernaculou entre nós.
Não há como negar que o Mestre da Vida é o modelo primordial dessa
verdade revelada no deserto através do tabernáculo. A Sua missão, a Sua
morte e o Seu amor eterno apontam para aquele lugar de encontro. Em todo
metal e madeira entalhados com seus detalhes riquíssimos. Em todas as
cortinas bordadas. Na harmonia das cores e até mesmo nas medidas de cada
peça usada no tabernáculo existe uma verdade que aponta de forma direta,
graciosa e gloriosa para o Cristo redentor e para a igreja.
Te convido a olhar para Jesus como o nosso tabernáculo. Somos os
caminhantes no deserto da vida rumo à Canaã celestial. Assim como o
tabernáculo foi a única alternativa de redenção para os hebreus, Cristo é o
nosso único Redentor.
PRÓLOGO
Hoje é o décimo dia do sétimo mês no calendário judaico. Toda a nação de
Israel deixou suas terras e foi até o local onde estava o tabernáculo.
Certamente, este é um grande evento, marcado por muita alegria e paz.
Durante toda aquela celebração, o povo esperava pelo mais importante: o dia
em que Jeová perdoaria toda a nação, aceitando o sangue do inocente
derramado sobre o propiciatório. Tornando um povo pecador em remido,
divinamente aceito e justificado por meio de sangue inocente.
O dia da expiação era chegado. O sumo sacerdote se preparou. Santo ao
Senhor, estas são as inscrições feitas em ouro puro e que estão atadas em sua
testa. Vestiu-se de linho puro. Não comeu alimento imundo. Não ingeriu
bebidaforte. Seu coração e sua mente estão voltados para um dia tão
especial.
O sumo sacerdote está preparado e ao mesmo tempo se sente ansioso para
o encontro com a glória do Senhor no tabernáculo. As leis eram específicas.
Ninguém poderia adentrar no Santíssimo Lugar sem santidade. Um misto de
alegria e medo o rondava, pois sabia que sem santidade, a morte o encontraria
primeiro. O evento era solene. O momento era oportuno. A chance de ser
aceito diante de Jeová era única.
No átrio, o sumo sacerdote sacrificou os animais segundo os
mandamentos. Lavou-se na bacia de bronze. Suas emoções estão palpitantes.
Ele está diante do véu do Santo Lugar. Com poucos passos, ele entra. Come
do pão e sente o seu sabor amargo ao comê-lo. O pão que ele saboreia tem
impregnado em si os aromas do incensário. Enfim ele saboreia as libações do
fruto da vide.
Enquanto está no Santo Lugar, o sumo sacerdote também é iluminado pelo
candelabro, pois este é a única fonte de luz do local. Ele prazerosamente
aspira o perfume suave do incensário. Mesmo desfrutando daquele momento
ali dentro, seu coração sabe que nada daquela adoração é para si. O alimento,
a bebida, a luz, o perfume e os sacrifícios são exclusivamente para o Senhor.
O sumo sacerdote está sozinho. Ele entra ali pela primeira vez com o
sangue de um boi em sua mão direita e na outra, um incensário. O primeiro
animal sacrificado é por seus pecados e pelos pecados de sua família.
Com o coração palpitante, o sumo sacerdote se dirige ao véu que dá acesso
ao Lugar Santíssimo. Um véu é a única separação existente entre o Santo
Lugar e o Lugar Santíssimo. A Arca está lá. Ela é pura. Não pode ser tocada e
nem vista. Uma nuvem de Glória vinda do próprio Deus a envolve por
inteiro.
Suas mãos estão suadas e o silêncio do povo que o aguarda lá fora faz com
que sinta o peso deste ato sagrado. Ele prossegue. Entra na presença da Arca.
O sangue do animal sacrificado que está em suas mãos é aspergido no
propiciatório. Ele aprendeu que não há remissão dos seus pecados sem
sangue. O sumo sacerdote sabia que não havia entrado ali sem ser convidado.
Foi Deus quem o convidou e este mesmo Deus é quem traz resposta.
Como a resposta divina chegava? Ela chegava por meio de trombetas ou
por meio de uma voz que bradava do céu? Não! A vida era a resposta. Para
todos os que aguardavam do lado de fora do tabernáculo, o sumo sacerdote
ainda estar vivo era o sinal da aceitação divina.
Ele e sua família saem da presença da Arca remidos. Uma vez que ele está
justificado e santificado, está apto para sacrificar pelo povo. A partir daquele
momento, ele é o intercessor direto entre Deus e o povo.
Ao se voltar para o átrio, o sumo sacerdote continua sua incumbência. Um
dos dois bodes escolhidos para a ocasião é sacrificado. Ele caminha pela
segunda vez rumo ao Santíssimo Lugar. Em suas mãos está o sangue do
bode, que representa remissão dos pecados da nação. O sangue do animal
inocente é levado pelas mãos do sumo sacerdote para ser entregue ao Senhor.
Aquele sangue satisfaz a justiça divina e é recebido como uma paga pelos
pecados da nação.
O sumo sacerdote adentra a nuvem de glória e sai de lá pela segunda vez
com vida. O povo se alegra intensamente com a remissão que o Senhor
proporcionou.
O sumo sacerdote ainda não terminou sua missão. Existe mais uma tarefa
a ser cumprida neste dia. Ele precisa aspergir o sangue do bode que foi
sacrificado sobre a cabeça do segundo bode; este será enviado para o deserto.
O pobre animal é solto no deserto sozinho, cheio de sangue sobre si, o que
com certeza atrai predadores. Naquele momento, o bode expiatório levará
sobre si a culpa do povo para longe deles. E pagará com sua vida pelo pecado
da nação.
Todo cerimonial é muito extenso e intenso. O sumo sacerdote, com voz
cansada, diz ao povo: “Está consumado!”. Sabemos que estava
temporariamente consumado. O sacrifício cobriu por mais uma vez o pecado
do povo, mas não o extirpou para sempre. A ira de Deus foi aplacada, e não
satisfeita. Em Cristo, essa cerimônia foi perfeitamente cumprida e aceita
como vicária.
*No tempo de Moisés e Josué, todo o povo se apresentava diante do
tabernáculo no deserto, depois de conquistarem Canaã. Durante o período dos
juízes de Israel até o reinado do monarca Saul, eles se reuniam em Siló. Anos
mais tarde, o Rei Davi instalou o tabernáculo em Sião, mas foi seu filho e
sucessor, Salomão, que aprimorou o tabernáculo, construindo um suntuoso
Templo na capital do reino, em Jerusalém. É importante lembrar que todas as
funções e peculiaridades do tabernáculo foram mantidas no Templo.
Capítulo 1
A IMPORTÂNCIA DO
TABERNÁCULO
“E me farão um santuário, para que eu
habite no meio deles.”
Êxodo 25:8
A primeira questão a ser introdutoriamente tratada é a divisão do tabernáculo.
É preciso estar ciente de que apesar de ser único, ele se subdividia em três
repartições: o átrio, o Lugar Santo e o Santíssimo Lugar. Cada uma dessas
repartições continha objetos e móveis sagrados.
No átrio havia dois objetos: o altar de bronze e a bacia de bronze. No
Lugar Santo havia três objetos: o altar de incenso, a mesa dos pães asmos e o
candelabro. No Santíssimo lugar havia um único objeto: a Arca da Aliança.
SEGREDOS DE DEUS
Existem segredos e mistérios escondidos no tabernáculo a serem
desvendados ao longo do texto. Sabemos que as maravilhas do Senhor se dão
em Suas formas de guardar verdades por detrás de Suas obras. O escritor de
Provérbios, no capítulo 25, no verso 2 nos diz: “A glória de Deus é encobrir
as coisas”. Na versão NTLH, o texto se apresenta assim: “Respeitamos a
Deus por causa daquilo que ele esconde de nós”. Todavia, a segunda parte do
versículo que se refere a nós diz: “[...] mas a glória dos reis é tentar descobri-
las”.
Deus tem segredos guardados que estão prontos a serem revelados a quem
os buscar. Assim também nos diz o texto de Jeremias: “Clama a mim e
responder-te-ei, anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes.”
(Jeremias 33:3, AA).
Existe uma infindável fonte de conhecimento e novidade em um Deus
eternamente criativo, sábio e conhecedor dos corações sedentos por Seus
segredos.
O QUE SÃO FIGURAS?
“[...] e estas coisas foram-nos feitas em figura...” (1 Coríntios 10:6).
Uma figura é uma ilustração do que é real. Sendo assim, ao voltarmos os
nossos olhos para a estrutura do tabernáculo, não há como negar que este é
uma figura da graça salvadora que viria por meio de Cristo. Uma graça que
naqueles dias ainda estava, em parte, encoberta.
Ao olharmos para o tabernáculo, vemos que, no átrio, Jesus é o Redentor
que na cruz se entregou à morte por nós, na figura do altar de bronze. Um
lugar onde Suas palavras nos limpam como águas puras, na figura da bacia de
bronze.
No Lugar Santo, Cristo é a comunhão com Sua Noiva, na figura da mesa
dos pães, no pão e no vinho. Ele ilumina a igreja pela gloriosa luz da Santa
Palavra, através da revelação do Espírito Santo, na figura do candelabro de
ouro puro. Cristo intercede pela igreja e traz sentido à adoração que é feita
por meio da oração que sobe como cheiro suave até o Pai por meio dEle, na
figura do altar de incenso.
No Santíssimo Lugar, Cristo carrega em Si a essência do Seu santíssimo
ministério terreno, na figura da Arca da Aliança. A Arca é o lugar onde Deus
repousa Sua glória, e dentro da Arca havia três objetos: as tábuas da lei, um
pote de maná e uma vara que pertencia à Arão. Nessas figuras vemos o Cristo
que viveu sem pecar em nenhum ponto da Lei, pois carregava dentro de Si as
tábuas da Lei. Ele alimenta as nações com Suas palavras eternas que eclodem
do céu, assim como Deus alimentou multidões no deserto, na figura do maná.
Jesus tem toda a autoridade nos céus e na terra para exercer o sacerdócio
eterno, na figura da autoridade sacerdotal sobre a vara de Arão.
CONSTRUIR CONFORME O MODELO
O mandamento principal para Moisés sobre a construção do santuário era
este: construir conforme o modelo, ou seja, cumprir todas as medidas e
parâmetros mostrados por Deus no Monte Sinai. Moisés viu o tabernáculoeterno, por isso pôde construir um tabernáculo conforme o que havia visto.
O apóstolo João declara que esse tabernáculo que foi feito em pleno
deserto não passa de uma miniatura do tabernáculo eterno: “E ouvi uma
grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens,
pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com
eles, e será o seu Deus.” (Apocalipse 21:3, ACF).
Deus queria tudo perfeito, pois através dessa habitação iria (de forma
limitada) restaurar a comunhão que outrora havia se perdido no Jardim e que
agora é restaurada parcialmente com o homem por meio do tabernáculo.
Essa comunhão só veio a ser completa em Jesus Cristo. O Senhor Deus
habitou, fez morada com os filhos de Israel enquanto caminhavam no deserto,
por meio do tabernáculo; o Espírito Santo veio da glória para habitar conosco
por meio de Cristo. É como se pudéssemos (tanto Israel quanto a igreja) fazer
uma degustação do que será desfrutar de Sua presença eternamente.
A partir da instituição do tabernáculo, os filhos de Jacó desfrutavam da
companhia do Senhor no meio do arraial. Viviam diariamente milagres e
maravilhas por causa da presença sobrenatural e visível do Deus Altíssimo
que havia acampado entre eles.
Deus se manifestava de várias maneiras visíveis ao povo. Uma delas era
por meio da nuvem de fumaça, que de dia guiava o povo e lhes protegia do
calor escaldante. Outra manifestação era a torre de fogo, que durante a noite
os aquecia das baixas temperaturas do deserto. Essas formas manifestas de
Deus pairavam sobre o tabernáculo. Que maravilha sobrenatural!
O tabernáculo foi erguido para ser a habitação de Deus entre o povo. Isso é
um fato, mas é necessário olharmos para o contexto histórico-social do povo
de Israel após o Êxodo, um período em que eles estavam se agrupando como
uma nação. Haviam vivido por gerações como escravos no Egito e debaixo
das influências do lugar.
No Egito antigo, a dinastia familiar era a forma de sucessão: filho sucedia
seu pai no trono, e assim por diante. Eles estavam acostumados a presenciar
essa forma de regimento. Contudo, após serem livres, Deus os anuncia uma
boa notícia, declarando: “Eu serei o Rei de vocês”. Uma afirmativa que
certamente pareceu estranha para muitos deles, e isso não é difícil de
imaginar. Quanta confusão foi gerada no meio deles por causa dessa nova
forma de regimento, a teocracia, e junto dela o monoteísmo.
Teocracia porque a partir daquele dia, Deus seria o Rei da nação hebreia, e
monoteísmo porque Deus seria o único Deus. O tabernáculo servia para ser o
palácio do Senhor, e a Arca da Aliança o Seu trono. “Ouve, Israel, o Senhor
nosso Deus é o único Senhor.” (Deuteronômio 6:4, ACF).
O contexto social e ético deles no Egito era bem diferente das novas
propostas de Deus. Junto com a construção do tabernáculo, inicia-se uma
Nova Aliança para os filhos de Jacó.
DISPENSAÇÕES
A Teologia divide os períodos da história bíblica em dispensações que se
subdividem ao longo desta, como no desenrolar de um tapete.
As dispensações são definidas como: dispensação da inocência (que vai da
criação até o dilúvio); em seguida, temos a dispensação patriarcal (iniciada
com Noé e indo até o Êxodo); a dispensação da lei mosaica (quando Moisés
sobe no Monte Sinai e ali se encontra com o Senhor. Com esse evento
sobrenatural, as Leis são dadas ao povo hebreu); a dispensação da graça
(iniciada com o advento do Espírito Santo); e a dispensação milenial (dentro
de uma visão escatológica do fim).
Estamos tratando neste livro sobre os fatos ocorridos na dispensação da
Lei mosaica, que tem como símbolo as duas tábuas de pedra que foram
entregues ao líder Moisés no Monte Sinai.
As duas tábuas escritas dos dois lados traziam as seguintes instruções: não
matar, não adulterar, não roubar, não caluniar, não cobiçar e honrar a teus
pais. Ufa! Eles deveriam, de fato, andar em ordem, como uma nação
escolhida. Esses mandamentos que citei eram somente o que deveria ser feito
ao amigo, vizinho, parente e até mesmo ao forasteiro. Existe outra parte da
Lei que se dirige ao próprio Deus, que diz: não terás outros deuses, não farás
imagem de escultura para os adorar, não blasfemar o nome do Senhor, teu
Deus, e guardar um dia exclusivamente para culto ao Altíssimo. Teocracia e
monoteísmo andando de mãos dadas.
Deus tem a primazia na Sua lei. Ele requer o trono do coração do Seu povo
para Si. Jesus nos ensinou que os mandamentos se resumem em: amar a Deus
sobre todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo. Se amarmos aos
homens e a Deus, estaremos cumprindo o padrão teocrático monoteísta
divino para a igreja. Não há como viver para Deus e Seus propósitos se não
existir amor em nós e entre nós.
As inscrições, que antes foram gravadas nas pedras, carregavam o poder
da vida e da morte. Vida para aqueles que a amaram, e morte para aqueles
que a desprezaram. A Lei era dura com seus algozes, contudo, muito
prazerosa para seus amantes. A Lei estava sendo exposta para trazer tanto
condenação quanto salvação.
O Apóstolo Paulo diz em sua primeira carta aos Coríntios que o aguilhão
da morte é o pecado, e o poder pecado é a Lei: “O aguilhão da morte é o
pecado, e a força do pecado é a lei.” (1 Coríntios 15:56, JFA).
Aos Romanos, o apóstolo diz que a Lei produz a ira, porque onde não há
lei também não há transgressão: “Porque a lei opera a ira; mas onde não há
lei também não há transgressão.” (Romanos 4:15, JFA).
Partindo desse pressuposto, podemos observar que a Lei delineou os
parâmetros da santidade divina e apontou os erros do transgressor, revelando
os padrões exatos de uma santidade que havia se perdido no Éden.
Dentre os principais objetivos da Lei dada àquele povo no deserto, um
deles seria: o de começar uma nova nação ordeira e santa. Para esse propósito
divino, os moldes éticos eram impecáveis.
A nação recém-formada e ainda nômade (por 40 anos) precisava obedecer
às tais leis, porque só assim deixariam de ter a mentalidade de escravos e
viveriam como cidadãos honrados diante das nações vizinhas e de Deus.
A dispensação da Lei ou a dispensação mosaica, como também é
conhecida, durou até Cristo. Após a morte e a ressurreição do Messias, se
instaurou uma Nova Aliança em Seu sangue. A este período que estamos
vivendo deram o nome de dispensação da graça. Toda a Lei, juntamente com
as bênçãos e maldições entremetidas nela, foi satisfeita em Jesus. Ele foi o
aferidor de medidas da Lei. Por essa razão, os nossos ombros não carregam
esse fardo pesado.
Assim se entende as dispensações como sendo cinco: dispensação da
inocência, patriarcal, mosaica, graça e milenial. Este é um assunto complexo
e não tenho por objetivo encerrar ou explicar na totalidade esse tema tão
abstruso.
O tabernáculo não é uma velharia do passado bíblico, mesmo porque ele
não foi feito por vontade humana. Ele é divino e eterno, não está
condicionado nem ao tempo e nem às dispensações. Todas as verdades ali
relevadas por sombra e alegoria são úteis e proveitosas para o tempo
presente.
O escritor da carta aos Hebreus é bem categórico nesse assunto, ele fala do
serviço de Cristo e da igreja através de figuras com o tabernáculo: “Que é
uma alegoria para o tempo presente, em que se oferecem dons e sacrifícios
que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço.”
(Hebreus 9:9, ACF).
Algumas pessoas tendem a desprezar as verdades do tabernáculo por
pensarem que essas coisas já não são exigidas e que estamos vivendo o tempo
da graça. E elas estão certas, certíssimas! Contudo, as verdades do Antigo
Testamento não podem ser esquecidas ou menosprezadas, pois foram elas
que prepararam o caminho para a vinda do Messias. E disso não podemos nos
esquecer jamais.
A dispensação da Lei foi um pedagogo, um aio e um conselheiro usado até
que Jesus se revelasse e como Salvador instaurasse a dispensação da graça. A
Lei mosaica não traz vida em si, mas ela ensina a viver. Ela não era o
caminho, ela apontava para o Caminho. Jesus Cristo é a vida perfeita e plena.
Ele é o Caminho.Um plano lindo arquitetado desde o princípio pelo Senhor
do universo.
O apóstolo Paulo endereça uma de suas cartas aos cristãos da Galácia e diz
que a Lei não justifica: “[...] porque, se a justiça vem mediante a lei, logo
Cristo morreu em vão.” (Gálatas 2:21b, JFA).
Embora a Lei ensine a santidade divina, ela não nos justifica
perpetuamente diante dessa santidade requerida. A Lei e todos os sacrifícios,
festas e o próprio tabernáculo apontavam para o Cristo redentor. E mais uma
vez, o Apóstolo Paulo escreve sobre este assunto e em sua carta aos Romanos
diz que a fé trouxe a promessa, com a Lei a promessa foi adquirida e que esta
mesma Lei opera ou traz a ira de um Deus justo:
“Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho
da lei e dos profetas; isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para
todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença. Porque todos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados
gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual
Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua
justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus;
para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo
e justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Romanos 3:21-26, ARC).
Capítulo 2
A IMPORTÂNCIA
HISTÓRICO-SOCIAL
“E me farão um santuário, para que eu
habite no meio deles.”
Êxodo 25:8
Capítulo 3
A TENDA DO ENCONTRO
“Quando Moisés caminhava na
direção da Tenda, todo o povo se
levantava; cada um permanecia em pé,
na entrada da sua própria tenda, e
apenas seguiam Moisés com o olhar,
até que entrasse na Tenda.”
Êxodo 33:8
Ora, Moisés costumava montar uma tenda do lado de fora do acampamento e
a chamava de Tenda do Encontro. Todas as pessoas que tinham uma questão
para formular a Jeová dirigiam-se à Tenda do Encontro, que ficava armada
fora do acampamento:
“Quando Moisés caminhava na direção da Tenda, todo o povo se
levantava; cada um permanecia em pé, na entrada da sua própria tenda, e
apenas seguiam Moisés com o olhar, até que entrasse na Tenda. E acontecia
que quando Moisés entrava na Tenda, baixava uma coluna de nuvem, parava
à entrada da Tenda, e o SENHOR falava com Moisés. Sempre que o povo
observava a coluna de nuvem parada à entrada da Tenda, todos se ajoelhavam
em frente à entrada de suas próprias tendas, e curvavam-se com o rosto rente
à terra, em sinal de respeito e adoração ao SENHOR.” (Êxodo 33:8-10, KJA).
O texto acima nos diz que antes mesmo do tabernáculo ser construído,
Moisés precisava falar com o Senhor diariamente. Seria complicado subir no
Monte Sinai todos os dias, e ainda tinha a questão de estar presente para
liderar o povo e julgar suas causas. Se ele se fixasse no Monte Sinai com
Deus todos os dias, isso demandaria energia e tempo, e as questões pessoais
do povo seriam negligenciadas.
Qual foi a solução encontrada por Moisés? Construir para si uma tenda
perto do povo, não obstante, fora do acampamento. Se era uma tenda
diferenciada, muito ou pouco linda, feita com materiais comuns ou com
detalhes bordados, isso o texto não nos diz. A única informação que sabemos
é que quando Moisés se direcionava rumo àquele lugar, todo o povo se
levantava e o expectava. Uma vez que Moisés entrava na Tenda do Encontro,
uma coluna de nuvem pairava sobre ela e o Senhor falava com ele. O povo,
estarrecido diante daquela grandiosidade (a presença do Senhor manifesta em
uma nuvem de glória), reverenciava a Deus com o rosto rente à terra, e ali O
adorava.
A Tenda do Encontro foi um local de encontro alternativo, temporário,
provisório, transitório, interino e breve, até que o tabernáculo ficasse pronto,
possivelmente um ano depois do Êxodo. O tabernáculo foi inaugurado no
primeiro dia do primeiro mês: “No dia primeiro do primeiro mês, arme a
Tenda da Presença de Deus.” (Êxodo 40:2, NTLH).
AS TÁBUAS
O povo havia saído do Egito, cruzado o Mar Vermelho. passaram por
vários lugares, até que se instalaram no sopé do Monte Sinai: “No terceiro
mês depois que os filhos de Israel haviam saído da terra do Egito, no mesmo
dia chegaram ao deserto de Sinai.” (Êxodo 19:1).
Três meses depois do Êxodo, o líder Moisés é orientado a subir no Sinai.
Por algumas vezes, ele vai acompanhado de Arão ou Josué; outras vezes, ele
sobe sozinho: “Ao que lhe disse o Senhor: Vai, desce; depois subirás tu, e
Arão contigo; os sacerdotes, porém, e o povo não traspassem os limites para
subir ao Senhor, para que ele não se lance sobre eles.” (Êxodo 19:24, JFA).
O texto acima fala da vez que Moisés recebeu as leis diversas para a
organização da nação, que vão de Êxodo 19 até 24: “Depois disse o Senhor a
Moisés: Sobe a mim ao monte, e espera ali; e dar-te-ei tábuas de pedra, e a
lei, e os mandamentos que tenho escrito, para lhos ensinares. E levantando-se
Moisés com Josué, seu servidor, subiu ao monte de Deus.” (Êxodo 24:12-13,
JFA).
Na segunda vez que Moisés é chamado a subir no Monte Sinai para se
encontrar com o Senhor, o jovem e futuro sucessor, Josué, foi seu
acompanhante. Foi nessa ocasião que as tábuas e as instruções do tabernáculo
foram dadas.
TÁBUAS QUEBRADAS
É interessante citarmos que as tábuas originais da Lei foram quebradas por
Moisés. Ele era um homem que demonstrava um temperamento impulsivo e
por vezes agia sem pensar, isso o fez pagar um preço bem alto. Por outro lado
da história, podemos pensar que Moisés fez o que fez porque era zeloso com
a santidade divina.
O texto bíblico relata que Moisés foi orientado por Deus a descer do
Monte Sinai e voltar para o acampamento. Em seus braços estavam as tábuas
originais, talhadas e escritas pelas mãos de Deus:
“Chegando ele ao arraial e vendo o bezerro e as danças, acendeu-se lhe a
ira, e ele arremessou das mãos as tábuas, e as despedaçou ao pé do monte.
Então tomou o bezerro que tinham feito, e queimou-o no fogo; e, moendo-o
até que se tornou em pó, o espargiu sobre a água, e deu-o a beber aos filhos
de Israel. E perguntou Moisés a Arão: Que te fez este povo, que sobre ele
trouxeste tamanho pecado? Ao que respondeu Arão: Não se acenda a ira do
meu senhor; tu conheces o povo, como ele é inclinado ao mal. Pois eles me
disseram: Faze-nos um deus que vá adiante de nós; porque, quanto a esse
Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe
aconteceu. Então eu lhes disse: Quem tem ouro, arranque-o. Assim mo
deram; e eu o lancei no fogo, e saiu este bezerro.” (Êxodo 32:19-24, AA).
O texto diz que ele viu o povo adorando com danças e júbilo a um bezerro
de ouro. Ele ficou irado e arremessou as tais tábuas no chão. Ao olharmos
com cuidado para o contexto, veremos um líder zeloso. Acredito que por
amar sobremaneira ao Senhor, viu aquele povo como indigno de receber tudo
o que Deus havia planejado para eles.
Moisés estava diante de um povo que tão rapidamente voltou para a
idolatria, o que manifesta o caráter deles. Estavam agindo com ingratidão
com o que já haviam recebido até aquele dia, e se mostravam impacientes
com o Senhor, procurando os seus próprios caminhos.
O castigo chegou logo após o erro que cometeram. Foi preciso passar por
um processo de julgamento e de perdão divino. Muitos deles perderam a
vida.
Penso em Moisés lá no Monte Sinai, muito empolgado com todo o projeto
que Deus estava lhe dando. Ele precisava de materiais, de mão de obra
especializada, não só para a construção, mas para os serviços do tabernáculo.
Sua cabeça devia estar borbulhando com ideias e soluções, e com tamanha
responsabilidade. Contudo, ao descer do Monte Sinai, avista uma nação que
rejeitou o seu único Deus, mesmo antes de desfrutar de Sua presença. Moisés
perde o controle, se irrita e quebra as tábuas originais. As tábuas da Lei já não
existem mais, qual estatuto guiará o povo?
As tábuas que foram quebradas por um ato espontâneo de Moisés eram
essenciais para o projeto divino. Naquele momento da história, Deus, com
Sua graça e misericórdia infinita, orienta Moisés paraque novas tábuas
fossem feitas:
“Mas ninguém suba contigo, nem apareça homem algum em todo o monte;
nem mesmo se apascentem defronte dele ovelhas ou bois. Então Moisés
lavrou duas tábuas de pedra, como as primeiras; e, levantando-se de
madrugada, subiu ao monte Sinai, como o Senhor lhe tinha ordenado,
levando na mão as duas tábuas de pedra.” (Êxodo 34:3-4, AA).
Moisés teve que talhar e carregar as novas tábuas para o cume do Monte
Sinai. Uma subida íngreme, uma caminhada em meio a pedras no caminho.
Muito possivelmente tenha sido um trabalho árduo. Moisés não teve
ajudantes, nem Arão e nem Josué, ele subiu sozinho.
Embora Moisés tenha talhado as novas tábuas de pedra, o texto deixa claro
que quem escreveu nas tábuas foi o Senhor, pois dEle vem o nosso único
padrão de santidade e ética. Uma pincelada da Graça nas páginas do Antigo
Testamento, onde podemos entender que é Deus quem nos estendeu uma
nova chance após a queda do homem no Éden.
GRAÇA DIVINA
Com relação às primeiras tábuas, Deus havia talhado e escrito nas pedras,
e infelizmente elas foram quebradas. Na segunda ocasião, é Moisés quem
talha as novas tábuas e as leva ao Senhor. A pedra onde a Lei foi escrita
tipifica o nosso coração. Nele, Deus quis escrever a Sua Lei perpetuamente.
Naquele momento histórico vivenciado no deserto, existe uma bela
tipologia entre Adão e nosso Senhor Jesus: “O pecado de um só homem,
Adão, fez com que a morte dominasse toda a natureza humana, mas todos os
que receberam a maravilhosa graça e justificação de Deus terão, agora, o
domínio da vida, através do ato também de um só, Jesus Cristo.” (Romanos
5:17, OL).
Adão foi feito pelas mãos do Pai e mesmo assim ele transgrediu, trazendo
a morte e a separação eterna sobre todos os seus descendentes. Adão tinha
talhada em seu coração a Lei de Deus, contudo, isso não o impediu de se
quebrar.
Por providência divina e remidora, o Cristo perfeito não quebrou as leis. O
Cristo que desceu de Sua morada celestial, despiu-se de Sua glória e veio
como um homem salvar a humanidade quebrada, se manteve inalterado: “[...]
mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se
semelhante aos homens.” (Filipenses 2:7, ACF).
O autoesvaziamento de Cristo só foi possível porque Ele é Deus, não cabe
a nenhum ser humano caído. Esse é um processo inteiramente divino.
Jesus se humilhou e se esvaziou, talhando em Si as novas tábuas para as
levar ao Pai. Passou por sofrimentos grandiosos enquanto cumpria Seu dever
de resgatador. Durante Sua estadia aqui na terra, viveu como homem, e
mesmo sendo homem, Ele não transgrediu a Lei. Cristo foi perfeitamente
correto em toda a Sua missão.
Cristo está tipificado nas pedras talhadas por Moisés no pé do Monte
Sinai. Foi Cristo quem conquistou para nós o direito de eternidade que
outrora fora quebrado pelo pecado de Adão. Nosso Remidor Jesus é a
primícia dos que irão ressuscitar. Por causa dEle, nós teremos os nossos
corpos transformados e veremos o Pai. Aleluia!
O processo de construção do tabernáculo se inicia pelos primeiros objetos,
que são: as tábuas de pedra. As novas tábuas da Lei precisavam de proteção.
Uma Arca deveria ser construída com esta finalidade primordial: protegê-las
e guardá-las.
Capítulo 4
CAPACITADOS PARA A OBRA
“E o encheu do Espírito de Deus, dando-lhe destreza,
habilidade e plena capacidade artística, para desenhar e
executar trabalhos em ouro, prata e bronze, para talhar e
lapidar pedras e entalhar madeira para todo tipo de obra
artesanal. E concedeu tanto a ele como a Aoliabe, filho de
Aisamaque, da tribo de Dã, a habilidade de ensinar os
outros. A todos esses deu capacidade para realizar todo tipo
de obra como artesãos, projetistas, bordadores de linho fino
e de fios de tecidos azul, roxo e vermelho, e como tecelões.
Eram capazes de projetar e executar qualquer trabalho
artesanal.” (Êxodo 35:31-35, NVI).
A Sagrada Escritura coloca “holofotes” no tabernáculo devido a seu grande
valor. Vemos que desde o dia da revelação dada a Moisés no Monte Sinai até
o livro do Apocalipse, existem detalhes minuciosos e importantes sobre o
tabernáculo. Basta abrirmos o livro de Êxodo que encontraremos cerca de 12
capítulos dedicados à sua explanação. Mas não podemos nos esquecer
daquele que com grande honra recebeu o projeto do santuário e o viu em sua
forma original.
Para construir o que Deus havia instruído a Moisés, era necessário muito
material e mão de obra especializada. Para contribuir com o andamento da
construção, o próprio Deus convoca vários homens que foram escolhidos
dentre o povo. E esses foram os construtores oficiais, os quais pelo Espírito
Santo foram dotados de inteligência, competência, conhecimento e habilidade
para fazer todo tipo de trabalho artístico necessário naquela obra específica.
Eles foram cheios de sabedoria para fazer artesanato, trabalhando em ouro,
prata e bronze. A obra é de Deus e é Ele quem escolhe e capacita os
trabalhadores.
Esses homens eram os escravos que outrora foram desprezados e
desonrados pelos egípcios. Todavia, tiveram suas vidas mudadas quando
receberam o dom do Espírito Santo para lapidar pedras preciosas e entalhar
madeira de forma artesanal. Já não eram escravos, eram artistas dotados de
sabedoria divina, passaram a ser exímios desenhistas e estilistas. Eram
exímios em obras de materiais como: madeira, prata, ouro e tecidos, que eram
materiais usados tanto para sua construção, quanto para a sua manutenção.
Esses artesãos também receberam o dom de ensinar o que haviam recebido
por dom divino. Deus os deu um coração disposto a serem mestres para os
jovens aprendizes. A humildade foi implantada naqueles homens.
O que vale ajuntarmos conhecimento e não ensinarmos o que sabemos aos
jovens aprendizes da jornada da vida? Não perca a chance de se sentar com
um jovem, adolescente e conversar com ele sobre escolhas certas e as
consequências que as escolhas erradas suscitam por toda uma vida. Não perca
a chance de se assentar com seus filhos à sós (sem televisão, sem
eletrônicos), só você e eles. Conte-lhes sobre sua infância, coisas simples da
vida (de como foi aprender a andar de bicicleta). Tenho certeza de que eles
vão amar ouvir essas histórias. Conte sobre suas aventuras e suas quedas.
Existe uma canção popular que pode reviver esses conceitos em nossos
corações. A canção se chama Trem bala, da Ana Vilela, que diz: “Segura teu
filho no colo, sorria e abraça teus pais enquanto estão aqui.”. Enfim, a vida
está cheia de aprendizes vorazes em busca de bons mestres. Participe da
construção intelectual dos que estão próximos de você.
O NAGID DE DEUS
Os artistas do tabernáculo estavam preparados e estabelecidos como mão
de obra especializada pelo próprio Deus. Quero atentar para um detalhe bem
importante: eles não dispunham de ferramentas de medição, como temos nos
dias atuais. É válido lembrar que estamos falando de povos antigos, com
pouquíssimos recursos técnicos de medição arquitetônica.
Como eles fizeram as medidas da construção? Para a execução daquele
trabalho de construção do tabernáculo era necessária uma medida
padronizada, única e específica. Como lograr essa medida perfeita em pleno
deserto? Agora entra a participação ativa de Moisés durante a construção. Ele
foi escolhido por Deus para ser o padrão de medidas do santuário.
Vamos compreender esse padrão por meio da compreensão da palavra
hebraica muitas vezes usada para príncipe. No Dicionário Strong, na
referência 5057: “instrumento medidor”, ou o nagid.
Nagid é uma palavra hebraica que tem conotação com a palavra líder;
príncipe ou aquele que vai na frente. Da raiz Nagad: “ser visível, ser
conspícuo”. A palavra líder em inglês é ruler, a mesma palavra usada para
uma régua, que é um instrumento usado como parâmetro básico de medida.
Um líder ou um nagid era primordial para a construção da morada do Senhor.
O próprio Deus foi quem deu as medidas, porém era o líder quem cedia os
parâmetros.
Moisés era o padrão através do qual era possível estabelecer uma
comparação. Ficou bem esclarecidoque nagid é aquele que se deixa usar ou
se disponibiliza como instrumento medidor, ou medida principal. Moisés foi
o aferidor de medidas do tabernáculo.
Não há como falarmos de medidas e parâmetros do tabernáculo sem
mencionarmos Aquele que é perfeito e que estava tipificado em Moisés.
Cristo é o nosso nagid perfeito. As medidas estabelecidas para a salvação da
humanidade foram dadas pelo próprio Deus através de Sua Lei perfeita e
justa. Suas medidas são altíssimas. Não há dúvidas de que para nós (com
nossos delitos e pecados) tais medidas são, de fato, inalcançáveis.
MEDIDAS PERFEITAS
É muito lindo vermos no texto sagrado que todas as medidas do
tabernáculo foram efetuadas com as mãos, os dedos e os braços de Moisés.
Ele foi a metragem padronizada da construção.
Ao longo do texto de Êxodo sobre as medidas do tabernáculo, tais termos
são frequentemente usados:
O palmo (que é a medida entre a ponta dos dedos extremos com a mão
espalmada, ou seja, do polegar ao dedo mínimo): “[...] será de um palmo o
seu comprimento, e de um palmo a sua largura.” (Êxodo 28:16, JFA).
O palmo menor (que é a largura da mão, na base dos quatro dedos): “Fez-
lhe também, ao redor, uma moldura da largura de um palmo menor.” (Êxodo
37:12).
O côvado (que é a distância entre o cotovelo e a ponta do dedo médio):
“[...] e a sua largura de um côvado e meio.” (Êxodo 25:17).
As medidas do tabernáculo e as medidas de santidade foram
preestabelecidas por Deus. O homem, após a queda, passou a não ter
condições de alcançá-las. Para o propósito de alcançar as tais medidas de
santidade divina foi que Jesus veio até nós. Ele atuou como o aferidor da
medida perfeita, o nagid do Senhor.
Jesus se oferece para ser o parâmetro da santidade excelente. Ele é o
padrão correto para o homem caído e imperfeito se alinhar novamente na
justiça do Senhor. Não há tabernáculo sem padrão de santidade divina. Não
existe habitação do Espírito Santo em nós sem que Jesus possa primeiro ser o
padrão de santidade divina. “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário
do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não
sois de vós mesmos?” (1 Coríntios 6:19, ARA).
Cabe a nós carregar e apregoar Cristo em nossas reuniões, pregações e em
nosso caminhar diário. Ele já fez tudo. Nos constrói como igreja diariamente.
Somos a morada do Senhor no deserto desta vida, somos Seus tabernáculos.
Deus, por Sua misericórdia e graça, enviou o Espírito Santo para habitar
com Sua igreja (o tabernáculo de Deus) até a consumação dos séculos. Ele é
o ouro que cobre a Arca e por meio de Cristo (Arca), Deus habita conosco.
O ARQUITETO E SEU TABERNÁCULO
Deus foi o grandioso engenheiro. Ele mesmo desenhou e arquitetou toda a
planta de Sua habitação. Essa verdade nos faz saber que Deus é o arquiteto
por excelência da nossa história. Ele conhece cada cantinho e cada detalhe da
nossa estrutura, nossas emoções, fraquezas e desejos mais íntimos. Se não
aceitarmos o propósito para o qual fomos criados, que é o de receber a
salvação em Cristo através do Espírito Santo que nos santifica, para então
sermos novamente e eternamente a morada dEle e nos entregarmos como
sacrifícios vivos, santos e perfeitos em Seu altar todos os dias, nunca
veremos, de fato, a Sua glória eterna.
O Apóstolo Paulo em sua primeira carta aos cristãos em Corinto enfatiza a
importância de a igreja ser a morada do Senhor e afirma que na atual
dispensação da Graça, o tabernáculo são os salvos em Jesus: “Não sabeis vós
que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1
Coríntios 3:16, AA).
Essa verdade deve estar bem estabelecida em nosso entendimento para que
possamos nos aprofundar cada vez mais nesta maravilhosa revelação: nós, o
corpo de Cristo, somos Seu tabernáculo. O lugar aonde os pecadores virão
para se encontrarem com Jesus.
Como ser um tabernáculo? Com o nosso testemunho diário, com as nossas
palavras e com as mensagens que pregamos em nossos altares.
A mensagem do Evangelho precisa, mais do que nunca, deixar de ser
humanista e narcisista. O alvo do cristão é apontar o Cristo Salvador às
nações que ainda estão desnorteadas da verdade divina, e nunca falar de nós
mesmos.
Capítulo 5
“Mas o povo permaneceu a distância,
ao passo que Moisés aproximou-se da
nuvem escura em que Deus se
encontrava.”
Êxodo 20:21
A NUVEM
E A
ESCURIDADE
Até o momento, não há mais dúvidas de que o objetivo principal da
construção do tabernáculo é único: ele foi preparado para que Deus habitasse
com o homem em comunhão plena. Essa habitação não foi uma iniciativa do
povo peregrino, mas foi manifestação da iniciativa divina. É Deus desejando
habitar com a humanidade por meio da manifestação de Sua graça, através do
tabernáculo.
O povo havia saído do Egito pelas mãos poderosas do Senhor. Muitos
milagres e maravilhas aconteceram. Mas o coração do povo ainda estava
preso aos costumes egípcios de adoração a outros deuses, estavam
completamente ligados ao modus vivendi daquele povo, que era a cosmovisão
politeísta.
Após serem libertos da escravidão egípcia, caminharam por cerca de 3
meses e finalmente chegaram ao pé do Monte Sinai, o lugar onde todo o
plano e planejamento do tabernáculo, juntamente com as leis, é revelado a
Moisés.
No Monte Sinai, Deus manifesta Sua presença de forma extraordinária.
Uma nuvem densa cobre o cume do monte; trovão, relâmpagos e fumaça. O
monte tremia. De longe, eles ouviam um sonido crescente de uma trombeta
ou de um shofar, que soava tão forte ao ponto de fazer o povo estremecer.
Moisés falava do arraial e Deus lhe respondia lá do Monte Sinai. Até que o
Senhor o chamou para subir no monte e adentrar naquela nuvem espessa. O
povo foi orientado a ficar no pé do monte, para que não morresse.
Moisés se chegou por várias vezes com medo à escuridade divina. O povo
recuava, e ele superava seu pavor e se aproximava.
A maravilhosa manifestação da glória que contemplaram trouxe um
tremendo pavor no arraial, e com medo da morte, procuraram se afastar de
Deus. Todavia, Moisés era completamente atraído.
Existe uma palavra em hebraico para o ato de Moisés se aproximar. O
termo “aproximou-se”, que vem da raiz hebraica nagash, pode ser analisado
no Dicionário Hebraico Strong, na referência 5066. Ela é usada em Êxodo,
capítulo 20, verso 21, que diz: “Mas o povo permaneceu a distância, ao passo
que Moisés aproximou-se da nuvem escura em que Deus se encontrava”
(NVI).
E também pode ser traduzido como: “ele foi atraído para perto”, ou “foi
feito se aproximar”. Feita uma definição simples do hebraico da forma
correta usada no termo, entendemos que Moisés se aproximou não por
vontade própria, mas por ter sido atraído pelo Senhor.
Na carta aos Hebreus, capítulo 12, no verso 21, o texto nos diz que Moisés
estava assombrado e tremendo naquele momento. E tão terrível era a visão,
que Moisés disse: “Estou todo aterrorizado e trêmulo” (JFA).
Existe um lugar para onde Deus está a nos atrair. Não há como esquecer
que a obra salvífica de Cristo sempre nos atrai à cruz. Somos levados cativos
a ela, para ali vivermos as maravilhas da redenção.
No mesmo texto citado anteriormente em Êxodo, capítulo 20, verso 21, o
termo “escuridade” aparece. Esse termo vem do hebraico araphel, na
referência 6205 no Dicionário Hebraico Strong. A sua tradução pode ser:
“densas nuvens”.
Araphel é o termo usado para expressar uma ideia básica, é como se o céu
estivesse bem perto.
As transcrições bíblicas para o português variam quanto a tradução dessa
palavra. A tradução da Bíblia Almeida Atualizada diz “trevas espessas”. A
Nova Versão Internacional diz “nuvem escura”. Mas todas elas nos apontam
a direção correta, para a tradução escuridade, ou simplesmente como se o céu
estivesse perto. A nuvem que cobre e traz a escuridade é chamada de anan.
Anan cobre o ambiente para que este se torne escuridade. Sua referência no
Strong é 6051.
Anan aparece pela primeira vez em Gênesis, capítulo 9, versos 13, 14 e 16.
A nuvem que trouxe o sinal da aliança noética, o arco-íris, tambémé anan:
“O meu arco tenho posto nas nuvens, e ele será por sinal de haver um
pacto entre mim e a terra. E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre
a terra, e aparecer o arco nas nuvens, então me lembrarei do meu pacto, que
está entre mim e vós e todo ser vivente de toda a carne; e as águas não se
tornarão mais em dilúvio para destruir toda a carne (AA)”.
Curiosamente, o texto de Ezequiel, capítulo 1 e verso 28 fala da aparência
do arco-íris que aparece na nuvem. Este era o aspecto do resplendor, o
aspecto da semelhança da glória do Senhor. Como o aspecto do arco que
aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor em
redor: “Este era o aspecto da semelhança da glória do Senhor; e, vendo isto,
caí com o rosto em terra, e ouvi uma voz de quem falava.” (AA).
A segunda vez que aparece a palavra anan é em Êxodo, capítulo 13, nos
versos 21 e 22, se referindo à nuvem que acompanhou a jornada do povo no
deserto:
“E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar
pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os alumiar, a fim de que
caminhassem de dia e de noite. Não desaparecia de diante do povo a coluna
de nuvem de dia, nem a coluna de fogo de noite.” (JFA).
Números, capítulo 9, dos versos 15 ao 23 relata esse evento, onde a nuvem
da glória, anan, guia o povo:
“No dia em que foi levantado o tabernáculo, a nuvem cobriu o
tabernáculo, isto é, a própria tenda do testemunho; e desde a tarde até pela
manhã havia sobre o tabernáculo uma aparência de fogo. Assim acontecia de
contínuo: a nuvem o cobria, e de noite havia aparência de fogo. Mas sempre
que a nuvem se alçava de sobre a tenda, os filhos de Israel partiam; e no lugar
em que a nuvem parava, ali os filhos de Israel se acampavam. À ordem do
Senhor os filhos de Israel partiam, e à ordem do Senhor se acampavam; por
todos os dias em que a nuvem parava sobre o tabernáculo eles ficavam
acampados. E, quando a nuvem se detinha sobre o tabernáculo muitos dias,
os filhos de Israel cumpriam o mandado do Senhor, e não partiam. Às vezes a
nuvem ficava poucos dias sobre o tabernáculo; então à ordem do Senhor
permaneciam acampados, e à ordem do Senhor partiam. Outras vezes ficava a
nuvem desde a tarde até pela manhã; e quando pela manhã a nuvem se
alçava, eles partiam; ou de dia ou de noite, alçando-se a nuvem, partiam.
Quer fosse por dois dias, quer por um mês, quer por mais tempo, que a
nuvem se detinha sobre o tabernáculo, enquanto ficava sobre ele os filhos de
Israel permaneciam acampados, e não partiam; mas, alçando-se ela, eles
partiam. À ordem do Senhor se acampavam, e à ordem do Senhor partiam;
cumpriam o mandado do Senhor, que ele lhes dera por intermédio de
Moisés.” (JFA).
Essa palavra aparece novamente na narrativa bíblica em Levítico, capítulo
16, no verso 2. Nessa narrativa, Deus está dando instruções quanto ao
ministério sacerdotal, e que se o sumo sacerdote entrasse no Santíssimo
Lugar, onde a nuvem habitava e Deus aparecia por meio dela, ele certamente
morreria. Ele poderia entrar lá, contudo, uma vez por ano. Isso se dava no dia
determinado, ao qual se chama: dia da expiação, ou Yom Kippur. “Disse,
pois, o Senhor a Moisés: Dize a Arão, teu irmão, que não entre em todo
tempo no lugar santo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está
sobre a arca, para que não morra; porque aparecerei na nuvem sobre o
propiciatório.” (JFA).
Um outro evento importante para os hebreus trouxe a nuvem para perto, e
junto dela a escuridade. Está na narrativa do primeiro livro dos Reis, no
capítulo 8, nos versos 10 ao 12: a nuvem veio sobre os levitas e sobre todos
que estavam presentes na inauguração do Templo que Salomão havia
construído. E no verso 12, o rei Salomão se pronuncia, dizendo: “O Senhor
disse que habitaria numa nuvem escura (araphel)”.
“E sucedeu que, saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a
casa do Senhor; de modo que os sacerdotes não podiam ter-se em pé para
ministrarem, por causa da nuvem; porque a glória do Senhor enchera a casa
do Senhor. Então falou Salomão: O Senhor disse que habitaria na escuridão.”
(JFA).
O termo nuvem está, de certa forma, ligado à palavra fogo e à escuridade,
e isso acontece em praticamente todos os textos citados acima. Vejamos mais
algumas dessas eventualidades.
Deuteronômio, capítulo 5, no verso 22 diz: “Falou o Senhor estas palavras,
do meio do fogo, da nuvem e da escuridade…”. O salmista, no salmo 97, no
verso 2 diz: “Nuvem e escuridade estão ao redor dele…”. Ezequiel, capítulo 1
e verso 4 diz: “[...] e uma grande nuvem, com um fogo a revolver-se…”.
Ezequiel, capítulo 34, no verso 12 diz: “[...] e as farei voltar de todos os
lugares por onde andam espalhadas no dia de nuvem e escuridade.”.
O texto bíblico também apresenta uma visão escatológica para o termo.
Veja que Joel, capítulo 2, no verso 2 diz: “[...] dias de nuvens e de trevas
espessas…”. E em Sofonias, no primeiro capítulo, o verso 15 diz: “[...] dia de
nuvens (anan) e de escuridade (araphel).”, “[...] aquele dia é um dia de
indignação…”.
Os textos falam do Dia do Senhor, e se referem a esse dia como dia de
nuvens e de escuridade.
Enfim, essa nuvem cobriu o monte por vários dias. E no sétimo dia, do
meio daquela escuridade, Deus chama Moisés. Aquela era a nuvem da glória
divina. Êxodo, capítulo 24, versos 16 e 17 diz que a aparência da glória era
como de um fogo consumidor:
“Também a glória do Senhor repousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o
cobriu por seis dias; e ao sétimo dia, do meio da nuvem, Deus chamou a
Moisés. Ora, a aparência da glória do Senhor era como um fogo consumidor
no cume do monte, aos olhos dos filhos de Israel.” (JFA).
O fato de estarmos diante do Senhor é um privilégio. Sua presença nos faz
ver quem somos. Diante de Deus somos pequenos. Porque como humanos,
nossos sonhos são limitados à nossa cosmovisão. Nossos sentimentos variam
de acordo com o nosso dia. Nossa alegria vai de alto à baixo em fração de
segundos. Somos simplesmente humanos, e Deus é Deus.
Naquela nuvem espessa, não se via nada além da glória manifesta do
Senhor. Quando estamos diante da presença do Senhor, nada mais deve
importar. Porque se estamos em meio à Sua escuridade, não enxergamos nada
além da Sua nuvem de glória. Não havendo espaço para nosso ego, o orgulho
se dissipa diante dEle.
E esse grande dia em que somos atraídos à Sua glória, às vezes acontece
em particular. Deus teve uma conversa isoladamente com Moisés no período
em que ele era apenas um pastor de ovelhas em Midiã. Nesse dia, a presença
do Senhor estava manifesta em um arbusto, e esse arbusto não se consumia
pelo fogo. Deus o chamou de profeta e líder enquanto estavam sozinhos, pois
Moisés precisava enxergar sua humanidade e fragilidade diante da grandeza
do Criador.
Existem princípios lindos no relato do chamado de Moisés. Posso destacar
vários atos marcantes no teatro de sua vida. Um deles certamente seria o dia
em que ele se vê diante de uma sarça ardente no Monte Horebe e ali conversa
com o Anjo do Senhor: “Apareceu-lhe o Anjo do Senhor numa chama de
fogo, no meio de uma sarça; Moisés olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e
a sarça não se consumia.” (Êxodo 3:2, JFA).
Haverá momentos únicos que servirão de crescimento em nossa vida
ministerial, no nosso chamado e na nossa intimidade com Deus. Esses
momentos são com Ele e nós, a sós. Em uma comunhão singular e particular.
A multidão não precisa ver. Na solidão, Deus levou o pastor a se ver como
príncipe.
Uma maravilhosa ilustração pode tentar definir esse conceito, O bambu e a
samambaia:
“Olhe em redor. Você está vendo a samambaia e o bambu? Pois bem, a
Vida se encarregou de semear, a um só tempo, a samambaia e o bambu. A
ambos não faltaram água, luz, seiva… A samambaia cresceu rapidamente.
Seu verde brilhante cobria o solo. Porém, da semente do bambu nada saía.
Apesar disso, a Vida não desistiu do bambu. No segundo ano, a samambaia
cresceu ainda mais brilhante e viçosa. E, novamente, da semente do bambu,
nada apareceu. Mas a Vida não desistiu do bambu. Noterceiro ano, no
quarto, a mesma coisa. Mas no quinto ano, um pequeno broto saiu da terra.
Aparentemente, em comparação com a samambaia, era muito pequeno, até
insignificante. Seis meses depois, o bambu cresceu mais de 5 metros de
altura. Ele ficara cinco anos afundando raízes. Aquelas raízes o tornaram
forte e lhe deram o necessário para sobreviver. Essa dor que você sente e
aparenta ser sem propósito, ao longo de todos esses anos é, na verdade, o
rasgo de suas raízes. Elas estão se tornando mais profundas aí dentro.” (autor
desconhecido)
Capítulo 6
A
ORGANIZAÇÃO
DAS TRIBOS
Moisés ainda teve resistências quando Deus o chamou no Sinai, apesar de ele
ter experimentado do sobrenatural e da presença da glória no Monte Horebe.
Moisés permanece no Sinai por 40 dias e 40 noites conversando com o
Senhor. Naquele momento de fogo, glória, fumaça e trovões, ele recebe o
direcionamento das leis, do sacerdócio, dos mandamentos escritos nas pedras
e de toda a construção do tabernáculo, inclusive a sua localização. Tudo
minuciosamente planejado por Deus.
Deus pediu que o tabernáculo se instalasse no meio das tribos. O Deus
minucioso em detalhes orienta Moisés em todo o processo.
É necessário falarmos das repartições das tribos de Israel enquanto
caminhavam no deserto com detalhes mais específicos, para que tenhamos
uma visão esclarecida de onde o tabernáculo se instalou.
Enquanto caminhavam no deserto, as tribos se dividiram em
agrupamentos, e cada tribo com seus descendentes. Felizmente, existem dois
censos realizados nesse período e que são muito úteis. O livro de Números,
capítulo 1 tem o primeiro censo, e o segundo censo está no capítulo 26 de
Números. Censos que têm aproximadamente 38 anos distantes um do outro.
Os homens que eram contados tinham de 20 anos para cima, até uma idade
em que não se pode guerrear mais.
Dos 40 anos do povo no deserto, não sabemos muitos detalhes porque,
curiosamente, a Bíblia relata aproximadamente 1 ano e meio do povo no
deserto. No entanto, aproximadamente 38 anos são ocultados das páginas
sagradas. Quando lemos de Êxodo 12 até Números 14, verso 45, ali estão
registrados esses 1 ano e meio de história. De Números, capítulo 14, verso 45
até Números 20, verso 14, são 38 anos de história. De Números 20, verso 14
até Números 36, verso 13, são aproximadamente os 6 meses da história final
dessa caminhada no deserto rumo à Canaã.
Enfim faremos uma comparação entre os dois censos. Neste momento é
preciso ressaltar que a tribo de Levi não foi contada nos censos. Os motivos
eram simples, sacerdócio e serviço militar. Por serem uma tribo sacerdotal,
estavam isentos de ir à guerra.
Entre um censo e outro, pôde ser percebida uma diferença de 1.820
pessoas a menos. O tabernáculo será nossa referência geográfica, porque ele
se localizava no meio das 12 tribos.
Ao sul do tabernáculo, três tribos: Rúben, com 46.500 homens; Simeão,
com 59.300 homens; e Gade, com 45.650 homens.
Ao leste do tabernáculo, três tribos: Judá, com 74.600 homens; Issacar,
com 54.400 homens; e Zebulon, com 57.400 homens.
A oeste do tabernáculo, três tribos: Efraim, com 40.500 homens;
Manassés, com 32.200 homens; e Benjamin, com 35.400 homens.
Ao norte do tabernáculo, três tribos: Dã, com 62.600 homens; Aser, com
41.500 homens; e Naftali, com 53.400 homens. Num total de 603.550
homens de 20 anos para cima.
A tribo de Levi é dividida em três clãs pela linhagem de seus filhos:
Gérson, Coate e Merari. A oeste, os gersonitas, com 7.500 homens. Ao norte,
os meraritas, com 6.200 homens e ao sul, os coatitas, com 8.600 homens. À
frente do tabernáculo, que era ao leste, estavam acampados Moisés, Arão,
Miriã e suas famílias, que também eram levitas.
COMO SÃO BELAS AS TUAS MORADAS
Não há como mencionarmos a organização das tribos e a localização do
tabernáculo sem citarmos a narrativa que nos apresenta o profeta Balaão.
Balaão foi um profeta hebreu que viveu junto com o povo de Israel ainda
no tempo da peregrinação pelo deserto. A Sagrada Escritura conta que, certa
feita, ele recebe uma proposta comprometedora e má. O rei dos moabitas o
contratou para amaldiçoar a Israel. Isso mesmo, um profeta em Israel foi
chamado para amaldiçoar seu próprio povo. Ao fim de sua tarefa, Balaão
ganharia um prêmio, ou um pagamento. A história é bem extensa, se encontra
em Números, do capítulo 22 ao 24. Recomendo a leitura do texto na íntegra.
Vamos nos ater apenas ao desfecho dessa história. Balaão subiu ao monte
Peor, onde os historiadores acreditam ser um pico das montanhas de Abarim,
ao norte do Mar Morto, na Transjordânia. A narrativa nos diz que lá do
Monte Peor, Balaão viu os acampamentos de Israel de forma única e singular.
A Bíblia diz que ele viu o acampamento por completo e em absoluta
grandeza. Ao se maravilhar com o que estava avistando, ele disse um dos
versículos mais lindos da Sagrada Escritura. Ele se emocionou ao ver a forma
que as 12 tribos estavam organizadas ao redor do tabernáculo. “Como é
bonito o acampamento do povo de Israel! Como são belas as suas moradas!”
(Números 24:5, NTLH).
Mas o que, de fato, o profeta Balaão avistou para se emocionar? Veremos
pelo gráfico na pagina ao lado que o que estava sendo revelado lá era
maravilhoso demais.
Quem via o acampamento lá do alto conseguia ver a organização das
tribos, que por sua vez tem uma conexão muito forte com a cruz, pois esse
era o desenho que se formava no acampamento. Isso mesmo, uma cruz.
Que tipologia esplêndida. Como negar a existência do Cristo e o plano de
salvação que estava sendo revelado anos antes de Cristo entre as tendas dos
filhos de Israel?
Balaão vivia entre as tribos, mas não conseguia ver as maravilhas de Deus,
pois não O olhava de uma forma absoluta e contemplativa.
Algumas pessoas, assim como o profeta, deixam de contemplar o nosso
Salvador e Suas maravilhas que estão espalhadas por toda a Bíblia em cada
versículo só porque não a olham como um todo, como uma obra única e
completa.
151.450
157.500
MATERIAIS
DO
TABERNÁCULO
Capítulo 7
Relembrando que para que o tabernáculo fosse construído foi necessária mão
de obra especializada, medidas e muitos materiais específicos. Uma lista
desses materiais foi feita, exatamente da forma que Deus pediu. Esses
materiais foram entregues a Moisés pelo povo, e isso voluntariamente, pois
um coração voluntário era a exigência primordial.
É interessante voltarmos à narrativa bíblica do evento que aconteceu com
o povo durante o tempo que esperavam por Moisés, enquanto ele estava com
o Senhor no Monte Sinai. O povo ansiava uma resposta rápida, e Moisés
ficara no monte por 40 dias, que se pareceram dias eternos para um povo
ansioso e obstinado. Como o coração do ser humano é enganoso!
Tentaram se esquecer do Libertador e usaram o ouro que tinham
despojado dos egípcios para fazerem um ídolo. Um bezerro de ouro para que
pudessem adorar e clamar. Assim fizeram e terrivelmente lhes sobreveio a
angústia das consequências.
O ouro de Israel é o ouro das nossas vidas. A perfeita vontade do Senhor é
que o ouro que Ele mesmo nos concedeu de antemão, que são os nossos dons,
talentos e ministérios, fosse usado para a glória dEle no tabernáculo.
Infelizmente, com muita frequência não os usamos de forma correta. Por
causa da nossa ansiedade e autodependência.
Vivemos em um tempo de escândalos ministeriais, onde o “ouro” é usado
como símbolo de idolatria em nossas congregações, e não de benção para o
povo. Cantores e expositores da Palavra corrompidos pela glória desta terra.
Creio que a igreja pertence ao Senhor, e assim como Ele enviou Moisés para
intervir naquela situação, Ele nos enviará Sua Palavra.
SIMBOLISMOS
Existe um amplo simbolismo nos materiais que deveriam ser recolhidos
entre o povo e entregues à Moisés para a construção. Essa lista se encontra no
livro de Êxodo 25, versos 3 ao 7:
“Estas são as ofertas que deverá receber deles: ouro, prata e bronze, fios de
tecidos azul, roxo e vermelho, linho fino, pêlos de cabra, peles de carneiro
tingidas de vermelho, couro, madeirade acácia, azeite para iluminação;
especiarias para o óleo da unção e para o incenso aromático; pedras de ônix e
outras pedras preciosas para serem encravadas no colete sacerdotal e no
peitoral.” (NVI).
OURO
O primeiro item da lista era o ouro. O metal mais precioso de todos os
tempos. Seu simbolismo está ligado diretamente à divindade e à perfeição.
Apontando para o Deus Espírito Santo.
Podemos nos perguntar: E de onde veio tanto ouro? A resposta é bem
simples, pois esse ouro veio do Egito, por um ato de despojamento: “Os
israelitas obedeceram à ordem de Moisés e pediram aos egípcios objetos de
prata e de ouro, bem como roupas. O Senhor concedeu ao povo uma
disposição favorável da parte dos egípcios, de modo que lhes davam o que
pediam; assim eles despojaram os egípcios.” (Êxodo 12:35-36, NVI).
PRATA
O segundo material da lista é a prata. Nela está um símbolo de redenção e
de entrega total. A prata era usada para o resgate dos primogênitos do serviço
sacerdotal e na compra de escravos. Aponta para Jesus, o Deus Filho. Jesus
foi vendido por preço de prata, 30 moedas, valor de redenção dos
primogênitos: “Então Judas, aquele que o traíra, vendo que Jesus fora
condenado, devolveu, compungido, as trinta moedas de prata aos anciãos,
dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Responderam eles: Que nos
importa? Seja isto lá contigo.” (Mateus 27:3-4, AA).
COBRE
O terceiro material usado no tabernáculo é o cobre. Este é o símbolo do
julgamento divino. Apontando para a humilhação vicária de Cristo e como
esse ato saciou a justiça divina. Vemos aqui a figura do Deus Pai e Juiz
Soberano: “Fez, pois, Moisés uma serpente de bronze, e pô-la sobre uma
haste; e sucedia que, tendo uma serpente mordido a alguém, quando este
olhava para a serpente de bronze, vivia.” (Números 21:9, AA). “E, como
Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem
seja levantado.” (João 3:14, JFA).
CORANTES
Nessa lista se encontra o nome de alguns corantes; muitas cores foram
usadas na construção. Essas cores estavam presentes nas cortinas internas e
externas, nos véus das portas, nas vestes dos ministrantes e nos panos que
cobriam os móveis.
AS CORES CARREGAM UM SIMBOLISMO MARAVILHOSO:
Azul: A cor azul aponta para a Lei e as moradas celestiais. A Arca da
Aliança era coberta de pano azul enquanto transportada. O azul é a cor
daquele que é celestial. O ministério celestial de Cristo.
Púrpura: A cor púrpura usada no tabernáculo aponta para a realeza e a
beleza dos reis. O Filho do homem e Seu Reino sempiterno. O altar de bronze
era coberto por púrpura ao ser transportado.
A cor púrpura está ligada à poder e autoridade. As roupas de Daniel e
Mardoqueu eram púrpuras. “Então Belsazar deu ordem, e vestiram a Daniel
de púrpura, puseram-lhe uma cadeia de ouro ao pescoço, e proclamaram a
respeito dele que seria o terceiro em autoridade no reino.” (Daniel 5:29, JFA).
“Então Mardoqueu saiu da presença do rei, vestido de um traje real azul
celeste e branco, trazendo uma grande coroa de ouro, e um manto de linho
fino e de púrpura, e a cidade de Susã exultou e se alegrou.” (Ester 8:15, JFA).
O Novo Testamento cita uma cristã chamada Lídia. Ela era vendedora de
púrpura. “E certa mulher chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de
Tiatira, e que temia a Deus, nos escutava e o Senhor lhe abriu o coração para
atender às coisas que Paulo dizia.” (Atos 16:14).
Carmesim: A cor carmesim é o simbolismo do sangue sacrificial que
conduz à remissão dos pecados. Nela, vemos Jesus na cruz do calvário, que
carregou o pecado de muitos. A mesa dos pães era coberta de carmesim
enquanto era transportada.
A cor carmesim nos traz preceitos extremamente maravilhosos. Ela é
única e especial. O modo que essa coloração toma forma me atraiu muito.
Vamos ao texto em hebraico de Êxodo 25, verso 4. A palavra hebraica
para escarlate é tolá shani: “estofo azul, púrpura, carmesim (tolá shani), linho
fino, pêlos de cabras”.
O texto se refere a cor do pigmento extraído de um verme. Isso mesmo, de
um verme. Pois sabemos que todas as cores usadas no tabernáculo tinham
uma origem animal ou vegetal, afinal, estamos falando da cultura antiga do
Oriente Médio.
Tolá shani é o termo usado para falar dessa coloração, e sua referência no
Dicionário Hebraico Strong está no 8438. Uma tradução literal da palavra
seria assim: “o esplendor escarlate de um verme”.
O verme citado no texto é o coccus ilicis. A forma como esse verme faz a
coloração é, de fato, deslumbrante. A biologia nos diz que é o corpo da fêmea
quem produz o corante escarlate. A coloração avermelhada é adquirida por
um processo que o coccus ilicis passa, por isso é chamado de verme escarlate.
Assim se dá o processo: a fêmea coccus ilicis, quando fecundada e pronta
para se reproduzir, vai à procura de uma árvore para fazer seu casulo, de
preferência um tronco de carvalho. Voluntariamente, ela sobe o tronco e
segue seu desígnio. Ela se apega àquele tronco de tal maneira a criar um
casulo bem sólido. A coccus ilicis sabe que será definitivamente ligada a ele.
O objetivo principal de se apegar ao tronco e fazer uma espécie de casulo ou
casca protetora é para esconder as suas larvas, ou seus futuros filhos.
As larvas recém-nascidas ou os filhos da coccus ilicis ficam dentro do
casulo, junto com a mãe, até criarem maturidade para viverem sozinhos do
lado de fora. No período em que as larvas estão presas no casulo com a mãe e
vão crescendo, elas se alimentam do corpo da mãe, que ainda está viva. Eles
sabem que somente quando o verme escarlate (mãe) morre, é a hora de eles
saírem do casulo.
No fim de sua missão e no ato de sua morte, é criado dentro do casulo o
pigmento escarlate. Este é um pigmento tão forte que o tronco e seus filhos
ficam manchados por ele pelo resto de suas vidas. A cor escarlate é feita no
momento de sua morte. Como um sinal de que a mãe, dignamente, havia
dado a vida em favor de seus filhos.
Ao subir no carvalho, o verme escarlate sabe que não sairá de lá com vida.
Uma linda figura do que aconteceu com Cristo na cruz e nós, os Seus filhos.
Mas onde está Jesus nesse conceito? Pois bem, vemos essa comparação
em um dos salmos messiânicos. No salmo 22, no verso 6 está escrito: “Eu
sou um verme (tolá)”. A palavra hebraica para verme é tolá, o verme
escarlata. Uma tipologia do Cristo que deu a vida para os Seus filhos e que se
entregou como um sacrifício para muitos. Jesus disse em João, capítulo 10,
versos 17 e 18: “[...] Eu dou a minha vida...”.
Jesus nos alimenta com Seu corpo e Seu sangue. A nossa comunhão
restaurada com o Pai foi feita pela Nova Aliança através do sangue do
Cordeiro inocente. A cor escarlata que saiu do Cristo sofredor quando Ele
morreu deixou as marcas de salvação na Sua igreja. Somos manchados por
Seu sangue.
O autor da carta aos Hebreus, no capítulo 2, no verso 20 nos afirma o
seguinte: “Pois Deus, que cria e sustenta todas as coisas, fez o que era
apropriado e tornou Jesus perfeito por meio do sofrimento. Deus fez isso a
fim de que muitos, isto é, os seus filhos, tomassem parte na glória de Jesus.
Pois é Jesus quem os guia para a salvação.” (NTLH).
Quanta agonia Cristo sofreu na cruz! Um ato de amor realizado para que
pudéssemos cantar num só coro harmônico e O adorar: “Há poder, sim, força
e vigor neste sangue de Jesus”.
A linda jornada do coccus ilicis ainda não se findou. Após dar a sua vida
naquele madeiro, ela passa por uma grande metamorfose no terceiro dia após
sua morte. Ela perde a coloração e se transforma em uma cera totalmente
branca, que agora não tem mais a forma de um verme. Ela se desgruda do
tronco e cai no chão, branca como a neve.
Não há como não citarmos o que diz o profeta Isaías, no capítulo 1 e no
verso 18: “[...] ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se
tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim,
tornar-se-ão como a lã.” (AA).
Parece que profeta Isaías fez uma pequena referência ao processo do
verme escarlata (coccus ilicis) para nos mostrar o plano de redençãodivina.
Oh, glória!
Morte e ressurreição. Condenação e redenção. Quantos preceitos eternos e
divinos são encontrados em um único vermezinho, que assim como Cristo, se
entrega por muitos derramando o seu sangue. Após passar três dias na tumba,
Ele ressuscitou e subiu aos céus com Seu corpo glorificado.
Alguns tecidos também foram requisitados na lista. Tecidos finos, como o
linho branco, que é um símbolo de pureza e santidade. O linho branco cobria
todo o lado de fora do tabernáculo, como um muro que delimita o acesso
tanto das 12 tribos de Israel, quanto do homem comum que se encontrava do
lado de fora.
Esse linho branco aponta para uma justiça plena e inatingível. Se alguém
quisesse se encontrar com Deus, que habitava lá dentro, ele não poderia pular
os muros da justiça própria, pois só existia uma porta de acesso. Falaremos
dela mais adiante.
O homem não foi criado do lado de fora da “habitação plena de Deus”, ele
foi criado dentro, no Jardim do Éden. O homem foi expulso da “presença
plena de Deus”, afinal de contas, o Jardim do Éden representa a comunhão
plena e sem intermediários, e foi colocado para fora após sua queda.
Existe dentro de cada pessoa o desejo de voltar ao Jardim, ao que outrora
era a plena e perfeita comunhão com o Criador.
TECIDOS
PELOS DE CABRAS: Alguns tecidos foram requeridos com a finalidade de
cobrir a tenda. Um deles é o pelo de cabras. Este simboliza o pecador. Aponta
para os injustos. “Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará
umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes.” (Mateus 25:32,
NVI).
José teve sua capa manchada com sangue de um cabrito. Figura de Cristo
carregando sobre Si os nossos pecados. “Então eles mataram um bode,
mergulharam no sangue a túnica de José.” (Gênesis 37:31, NVI).
PELES DE CARNEIRO: As peles de carneiro carregam o símbolo dos que
foram salvos. Símbolo da igreja de Cristo, que é composta de gentios e de
judeus.
“Junto com os pães apresentem sete cordeiros, cada um com um ano de
idade e sem defeito, um novilho e dois carneiros. Eles serão holocausto ao
Senhor, juntamente com as suas ofertas de cereal e ofertas derramadas; é
oferta preparada no fogo, de aroma agradável ao Senhor.” (Levítico 23:18,
NVI).
Essas cortinas de carneiro eram tintas de vermelho. Assim como o Cristo
vencedor tem as vestes salpicadas de sangue: “Está vestido com um manto
tingido de sangue, e o seu nome é Palavra de Deus.” (Apocalipse 19:13,
NVI).
No Éden, após a queda, Adão foi vestido por Deus com peles,
provavelmente de carneiro. O texto referente às roupas que Deus fez para
Adão é Gênesis, capítulo 3, verso 21: “E o Senhor Deus fez túnicas de peles
para Adão e sua mulher, e os vestiu” (AA).
A palavra usada em hebraico é kuttoneth, referência no Dicionário
Hebraico Strong 3801, que traz um sentido literal de: “roupa usada para
cobrir ou túnica comprida, geralmente de linho”.
O comentarista de Cambridge Bible for Schools and Colleges diz: “O
verso presente dá a explicação tradicional da origem da roupa. A palavra
‘casacos’ dificilmente representa o hebraico tão bem como ‘túnicas’. O
hebraico Kuttoneth era uma espécie de camisa sem mangas, chegando até os
joelhos.”.
A narrativa bíblica diz que José do Egito ganhou uma túnica de mangas
longas de seu pai, e a princesa Tamar, filha do rei Davi, também usava uma
túnica de mangas longas. “Israel amava mais a José do que a todos os seus
filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores.”
(Gênesis 37:3, AA).
“Ora, trazia ela uma túnica talar; porque assim se vestiam as filhas virgens
dos reis. Então o criado dele a deitou fora, e fechou a porta após ela. Pelo que
Tamar, lançando cinza sobre a cabeça, e rasgando a túnica talar que trazia,
pôs as mãos sobre a cabeça, e se foi andando e clamando.” (2 Samuel 13:18-
19, AA).
PELES DE GOLFINHO OU TEXUGO: Um outro material requerido, bem útil no
deserto, são as peles de golfinho ou texugo. As peles de golfinho eram
comercializadas no antigo Oriente Médio por causa da sua durabilidade. Elas
carregam um símbolo de força e resistência contra as ações do tempo.
As peles de golfinho eram importadas. Não eram nativas do deserto. Nos
deparamos com um princípio cristão muito profundo, que anos mais tarde
Paulo usou em suas cartas, dizendo que somos peregrinos nesta terra: “A
nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo.” (Filipenses 3:20, NVI).
A pele de golfinho era usada como matéria-prima nos calçados dos filhos
de Israel na caminhada pelo deserto: “Pus-lhe um vestido bordado e sandálias
de couro (possivelmente peles de animais marinhos).” (Ezequiel 16:10a,
NVI).
O texto se refere àqueles sapatos que cresciam nos pés dos caminhantes do
deserto e não se consumiram por 40 anos: “Quarenta anos vos fiz andar pelo
deserto; não se envelheceu sobre vós a vossa roupa, nem o sapato no vosso
pé.” (Deuteronômio 29:5, AA).
Não há como passarmos por esse texto e não falarmos da suficiência do
Evangelho de Cristo. Os reformadores chamam essa suficiência de Sola
Scriptura, onde exaltam a Bíblia e sua primazia absoluta sobre a igreja cristã.
O apóstolo Paulo em sua carta aos Efésios, capítulo 6, no verso 15 diz:
“Calçados os pés na preparação do evangelho da paz.” (ACF).
A conexão dos sapatos duradouros dos filhos de Israel e o calçado do
cristão está na suficiência e durabilidade. Assim como os peregrinos do
deserto não trocaram seus calçados, os cristãos também são alertados a não
negarem o Evangelho durante a caminhada. Paulo nos ensinou esse princípio
primordial e essencial em sua carta aos Gálatas, capítulo 1 e verso 8:
“Contudo, ainda que nós ou mesmo um anjo dos céus vos anuncie um
evangelho diferente do que já vos pregamos, seja considerado maldito!”
(KJA). A proteção necessária para os nossos pés durante a jornada cristã é a
Bíblia.
Os filhos de Israel que olhassem para o tabernáculo no deserto viam
somente as cortinas externas, principalmente as cortinas de pele de golfinho.
Não havia beleza ou formosura nesse tipo de cobertura, contudo, ela durou
por cerca de 500 anos sem ser substituída. Elas representam a rejeição e
humilhação presentes no ministério terreno de Cristo: “Era desprezado, e
rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e,
como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não
fizemos dele caso algum.” (Isaías 53:3, AA).
As peles de carneiro e as peles de cabras estão embaixo e não eram
contempladas por ninguém. Um conceito ligado à redenção. Elas representam
o sacrifício vicário de Cristo.
A visão do sacerdote que adentrava o tabernáculo era bem diferente do que
se podia ser avistado do lado de fora. Ele via as cortinas de linho branco com
bordados, com querubins nas cores azul, púrpura e carmesim. Eram lindas e
representavam a beleza de Cristo e Sua glória.
Esses materiais formavam as coberturas externas do tabernáculo, que
curiosamente passaram a ser moradas de pássaros. O poeta, no salmo 84 e
verso 3, diz: “Até o pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, onde
ponha seus filhos, até mesmo nos teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu
e Deus meu.” (ACF).
O tabernáculo também servia de ninho para alguns pássaros do deserto:
“Respondeu-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos;
mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.” (Mateus 8:20, AA).
ACÁCIA
Na lista dos materiais requeridos, temos também a madeira de acácia. Um
simbolismo da natureza humana. A acácia é uma árvore linda e cheia de
espinhos. Vemos a ilustração da igreja, que é composta de pecadores
arrependidos que alcançaram salvação por meio da graça maravilhosa que há
na perfeição de Cristo.
AZEITE
O tabernáculo precisaria de materiais para manter a ordem do culto diário,
como o óleo ou azeite de oliva. O azeite seria usado para a unção e para
suprir o candelabro. Portanto, é um simbolismo da unção e do ministério do
Espírito Santo, que nos capacita para a caminhada cristã diária. O óleo
também

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