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LUCIANA GOMES DA SILVA 1ª Edição UPBOOKS ITAPIRA, SP 2019 DA PORTA DE LINHO ATÉ A NUVEM DE GLÓRIA UPBOOKS [Casa Publicadora Bereana] www.upbooks.com.br contato@upbooks.net.br Todos os direitos reservados. Copyright 2019 por Luciana Gomes da Silva Primeira edição 2019 – Impresso no Brasil Editor Chefe: Eneas Francisco Editor: Carla Montebeler Revisão: Thais Santos Capa: César Franca Ilustrações: Santiago Angel Mesa PROIBIDA A REPRODUÇÃO POR QUAISQUER MEIOS, SALVO EM BREVE CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE Assim como O TABERNÁCULO foi a única alternativa de redenção para os hebreus, CRISTO é o nosso único Redentor. SUMÁRIO Agradecimentos ..............................................................................7 Introdução ..................................................................................9 Prólogo..................................................................................11 1. A importância do tabernáculo.............................................17 2. A importância histórico social ........................................... 23 3. A tenda do encontro............................................................ 31 4. Capacitados para a boa obra ............................................ 41 5. A nuvem e a escuridade ...........................................................49 6. A organização das tribos................................................... 59 7. Materiais do tabernáculo .................................................... 67 8. O ministério levítico................................................................ 85 9. Três clãs ................................................................................... 97 10. Presentes para os levitas ....................................................... 115 11. A consagração ..................................................................... 127 12. O sumo sacerdote perfeito ................................................ 145 13. As vestes do sumo sacerdote ................................................ 157 14. Mandamentos diversos ........................................................ 165 15. Móveis do tabernáculo ................................................... 177 16. Dentro da Arca ................................................................. 195 17. As Cortinas ......................................................................... 213 18. A mesa dos pães asmos ........................................................ 219 19. O castiçal de ouro puro ........................................................ 233 20. O altar do incenso .................................................................245 21. O Sal da aliança ...................................................................255 22. O átrio e seus objetos ..........................................................261 23. Cristo, a glória de Deus ......................................................273 A autora................................................................................ 279 AGRADECIMENTOS A fascinação pelo conhecimento é um mérito divino. Ele é o Autor e Consumador de todo intelecto humano. Sim, fomos criados para sentir prazer ao aprender algo novo. Ele nos fez assim, amantes do conhecimento. Vivenciando todas as maravilhas de Deus que nos foram reveladas na Sagrada Escritura, me deparei com uma construção luxuosa em pleno deserto e me peguei pensando: O que Deus quer nos revelar por meio desta obra? Desta forma iniciei mais uma jornada pela Bíblia, desta vez, da porta de linho até a nuvem de glória. Ao longo da construção desta obra e no anseio pela busca de mais conhecimento tive várias oportunidades para prantear, orar, pedir perdão, me arrepender e buscar novos caminhos. Enfim, eu estava sendo ministrada enquanto compunha esta obra, e te pergunto: De quem foi a ideia de escrever este livro? Certamente divina. Deus nos impulsionou a fazê-lo. Desta forma agradeço a Deus por me fazer querer e por me ajudar a realizar Sua vontade. Agradeço ao Espírito Santo por todas as vezes que, em oração, me mostrava os caminhos. Agradeço a Jesus por ter vindo até a porta de linho para me encontrar. Agradeço ao meu marido, Djalma, um homem que tem me apoiado e me amado acima das circunstâncias, um homem que acredita no meu chamado. Aos meus filhos, Larissa e Lucas, minha maior riqueza. Aos amigos e familiares que me apoiam sem medidas. Agradeço a todos os leitores, a razão pela qual escrevi este livro. Foi por você, todas as horas de pesquisa e escrita. Sinta-se honrado. Que Deus nos abençoe. “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.” Filipenses 2:13 INTRODUÇÃO Este livro tem como objetivo primordial trazer luz a assuntos concernentes à tipologia do Cristo redentor e de Sua noiva amada. Para este propósito, traçamos ao longo desta narrativa um caminho no tabernáculo que vai desde a porta de linho, até a presença da Arca da Aliança. Objetivamos enfatizar alguns dos detalhes encontrados ao longo desse caminho. O tabernáculo, para o povo escolhido, era o lugar onde a nuvem da glória de Jeová repousava. E qual é a importância desse lugar sagrado para nós, que estamos debaixo de uma Nova Aliança? A resposta será esclarecida no desfecho da leitura. Posso adiantar que através desta obra literária, você, leitor, compreenderá a profundidade do plano salvífico de Deus. O plano de habitar conosco por meio de Seu Filho, o Emanuel. Jesus é Aquele que através de Sua missão salvadora “tabernaculou” entre nós. O apóstolo e evangelista João, em seu livro, no capítulo 1 e no verso 14, diz que o Unigênito do Pai habitou entre nós: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai.” (João 1:14, JFA). O texto citado acima é muito profundo por causa do termo grego usado para a palavra habitou. A palavra traduzida do grego para o português é eskēnōsen. Segundo o Dicionário Strong, na referência grega 4637, essa palavra significa: “Eu habito como em uma tenda; acampamento; tenho meu tabernáculo; residir (como Deus fez no tabernáculo antigo, um símbolo de proteção e comunhão); morar”. Muitos teóricos, assim como o teólogo e comentarista do texto bíblico Benson, usam o termo tabernaculou para traduzir o grego eskēnōsen. Embora a palavra tabernaculou não exista em nosso dicionário, ela pode nos levar ao verdadeiro sentido do texto de João e à sua real intenção com essa expressão. Jesus, para o apóstolo João, é o unigênito do Pai que tabernaculou entre nós. Não há como negar que o Mestre da Vida é o modelo primordial dessa verdade revelada no deserto através do tabernáculo. A Sua missão, a Sua morte e o Seu amor eterno apontam para aquele lugar de encontro. Em todo metal e madeira entalhados com seus detalhes riquíssimos. Em todas as cortinas bordadas. Na harmonia das cores e até mesmo nas medidas de cada peça usada no tabernáculo existe uma verdade que aponta de forma direta, graciosa e gloriosa para o Cristo redentor e para a igreja. Te convido a olhar para Jesus como o nosso tabernáculo. Somos os caminhantes no deserto da vida rumo à Canaã celestial. Assim como o tabernáculo foi a única alternativa de redenção para os hebreus, Cristo é o nosso único Redentor. PRÓLOGO Hoje é o décimo dia do sétimo mês no calendário judaico. Toda a nação de Israel deixou suas terras e foi até o local onde estava o tabernáculo. Certamente, este é um grande evento, marcado por muita alegria e paz. Durante toda aquela celebração, o povo esperava pelo mais importante: o dia em que Jeová perdoaria toda a nação, aceitando o sangue do inocente derramado sobre o propiciatório. Tornando um povo pecador em remido, divinamente aceito e justificado por meio de sangue inocente. O dia da expiação era chegado. O sumo sacerdote se preparou. Santo ao Senhor, estas são as inscrições feitas em ouro puro e que estão atadas em sua testa. Vestiu-se de linho puro. Não comeu alimento imundo. Não ingeriu bebidaforte. Seu coração e sua mente estão voltados para um dia tão especial. O sumo sacerdote está preparado e ao mesmo tempo se sente ansioso para o encontro com a glória do Senhor no tabernáculo. As leis eram específicas. Ninguém poderia adentrar no Santíssimo Lugar sem santidade. Um misto de alegria e medo o rondava, pois sabia que sem santidade, a morte o encontraria primeiro. O evento era solene. O momento era oportuno. A chance de ser aceito diante de Jeová era única. No átrio, o sumo sacerdote sacrificou os animais segundo os mandamentos. Lavou-se na bacia de bronze. Suas emoções estão palpitantes. Ele está diante do véu do Santo Lugar. Com poucos passos, ele entra. Come do pão e sente o seu sabor amargo ao comê-lo. O pão que ele saboreia tem impregnado em si os aromas do incensário. Enfim ele saboreia as libações do fruto da vide. Enquanto está no Santo Lugar, o sumo sacerdote também é iluminado pelo candelabro, pois este é a única fonte de luz do local. Ele prazerosamente aspira o perfume suave do incensário. Mesmo desfrutando daquele momento ali dentro, seu coração sabe que nada daquela adoração é para si. O alimento, a bebida, a luz, o perfume e os sacrifícios são exclusivamente para o Senhor. O sumo sacerdote está sozinho. Ele entra ali pela primeira vez com o sangue de um boi em sua mão direita e na outra, um incensário. O primeiro animal sacrificado é por seus pecados e pelos pecados de sua família. Com o coração palpitante, o sumo sacerdote se dirige ao véu que dá acesso ao Lugar Santíssimo. Um véu é a única separação existente entre o Santo Lugar e o Lugar Santíssimo. A Arca está lá. Ela é pura. Não pode ser tocada e nem vista. Uma nuvem de Glória vinda do próprio Deus a envolve por inteiro. Suas mãos estão suadas e o silêncio do povo que o aguarda lá fora faz com que sinta o peso deste ato sagrado. Ele prossegue. Entra na presença da Arca. O sangue do animal sacrificado que está em suas mãos é aspergido no propiciatório. Ele aprendeu que não há remissão dos seus pecados sem sangue. O sumo sacerdote sabia que não havia entrado ali sem ser convidado. Foi Deus quem o convidou e este mesmo Deus é quem traz resposta. Como a resposta divina chegava? Ela chegava por meio de trombetas ou por meio de uma voz que bradava do céu? Não! A vida era a resposta. Para todos os que aguardavam do lado de fora do tabernáculo, o sumo sacerdote ainda estar vivo era o sinal da aceitação divina. Ele e sua família saem da presença da Arca remidos. Uma vez que ele está justificado e santificado, está apto para sacrificar pelo povo. A partir daquele momento, ele é o intercessor direto entre Deus e o povo. Ao se voltar para o átrio, o sumo sacerdote continua sua incumbência. Um dos dois bodes escolhidos para a ocasião é sacrificado. Ele caminha pela segunda vez rumo ao Santíssimo Lugar. Em suas mãos está o sangue do bode, que representa remissão dos pecados da nação. O sangue do animal inocente é levado pelas mãos do sumo sacerdote para ser entregue ao Senhor. Aquele sangue satisfaz a justiça divina e é recebido como uma paga pelos pecados da nação. O sumo sacerdote adentra a nuvem de glória e sai de lá pela segunda vez com vida. O povo se alegra intensamente com a remissão que o Senhor proporcionou. O sumo sacerdote ainda não terminou sua missão. Existe mais uma tarefa a ser cumprida neste dia. Ele precisa aspergir o sangue do bode que foi sacrificado sobre a cabeça do segundo bode; este será enviado para o deserto. O pobre animal é solto no deserto sozinho, cheio de sangue sobre si, o que com certeza atrai predadores. Naquele momento, o bode expiatório levará sobre si a culpa do povo para longe deles. E pagará com sua vida pelo pecado da nação. Todo cerimonial é muito extenso e intenso. O sumo sacerdote, com voz cansada, diz ao povo: “Está consumado!”. Sabemos que estava temporariamente consumado. O sacrifício cobriu por mais uma vez o pecado do povo, mas não o extirpou para sempre. A ira de Deus foi aplacada, e não satisfeita. Em Cristo, essa cerimônia foi perfeitamente cumprida e aceita como vicária. *No tempo de Moisés e Josué, todo o povo se apresentava diante do tabernáculo no deserto, depois de conquistarem Canaã. Durante o período dos juízes de Israel até o reinado do monarca Saul, eles se reuniam em Siló. Anos mais tarde, o Rei Davi instalou o tabernáculo em Sião, mas foi seu filho e sucessor, Salomão, que aprimorou o tabernáculo, construindo um suntuoso Templo na capital do reino, em Jerusalém. É importante lembrar que todas as funções e peculiaridades do tabernáculo foram mantidas no Templo. Capítulo 1 A IMPORTÂNCIA DO TABERNÁCULO “E me farão um santuário, para que eu habite no meio deles.” Êxodo 25:8 A primeira questão a ser introdutoriamente tratada é a divisão do tabernáculo. É preciso estar ciente de que apesar de ser único, ele se subdividia em três repartições: o átrio, o Lugar Santo e o Santíssimo Lugar. Cada uma dessas repartições continha objetos e móveis sagrados. No átrio havia dois objetos: o altar de bronze e a bacia de bronze. No Lugar Santo havia três objetos: o altar de incenso, a mesa dos pães asmos e o candelabro. No Santíssimo lugar havia um único objeto: a Arca da Aliança. SEGREDOS DE DEUS Existem segredos e mistérios escondidos no tabernáculo a serem desvendados ao longo do texto. Sabemos que as maravilhas do Senhor se dão em Suas formas de guardar verdades por detrás de Suas obras. O escritor de Provérbios, no capítulo 25, no verso 2 nos diz: “A glória de Deus é encobrir as coisas”. Na versão NTLH, o texto se apresenta assim: “Respeitamos a Deus por causa daquilo que ele esconde de nós”. Todavia, a segunda parte do versículo que se refere a nós diz: “[...] mas a glória dos reis é tentar descobri- las”. Deus tem segredos guardados que estão prontos a serem revelados a quem os buscar. Assim também nos diz o texto de Jeremias: “Clama a mim e responder-te-ei, anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes.” (Jeremias 33:3, AA). Existe uma infindável fonte de conhecimento e novidade em um Deus eternamente criativo, sábio e conhecedor dos corações sedentos por Seus segredos. O QUE SÃO FIGURAS? “[...] e estas coisas foram-nos feitas em figura...” (1 Coríntios 10:6). Uma figura é uma ilustração do que é real. Sendo assim, ao voltarmos os nossos olhos para a estrutura do tabernáculo, não há como negar que este é uma figura da graça salvadora que viria por meio de Cristo. Uma graça que naqueles dias ainda estava, em parte, encoberta. Ao olharmos para o tabernáculo, vemos que, no átrio, Jesus é o Redentor que na cruz se entregou à morte por nós, na figura do altar de bronze. Um lugar onde Suas palavras nos limpam como águas puras, na figura da bacia de bronze. No Lugar Santo, Cristo é a comunhão com Sua Noiva, na figura da mesa dos pães, no pão e no vinho. Ele ilumina a igreja pela gloriosa luz da Santa Palavra, através da revelação do Espírito Santo, na figura do candelabro de ouro puro. Cristo intercede pela igreja e traz sentido à adoração que é feita por meio da oração que sobe como cheiro suave até o Pai por meio dEle, na figura do altar de incenso. No Santíssimo Lugar, Cristo carrega em Si a essência do Seu santíssimo ministério terreno, na figura da Arca da Aliança. A Arca é o lugar onde Deus repousa Sua glória, e dentro da Arca havia três objetos: as tábuas da lei, um pote de maná e uma vara que pertencia à Arão. Nessas figuras vemos o Cristo que viveu sem pecar em nenhum ponto da Lei, pois carregava dentro de Si as tábuas da Lei. Ele alimenta as nações com Suas palavras eternas que eclodem do céu, assim como Deus alimentou multidões no deserto, na figura do maná. Jesus tem toda a autoridade nos céus e na terra para exercer o sacerdócio eterno, na figura da autoridade sacerdotal sobre a vara de Arão. CONSTRUIR CONFORME O MODELO O mandamento principal para Moisés sobre a construção do santuário era este: construir conforme o modelo, ou seja, cumprir todas as medidas e parâmetros mostrados por Deus no Monte Sinai. Moisés viu o tabernáculoeterno, por isso pôde construir um tabernáculo conforme o que havia visto. O apóstolo João declara que esse tabernáculo que foi feito em pleno deserto não passa de uma miniatura do tabernáculo eterno: “E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus.” (Apocalipse 21:3, ACF). Deus queria tudo perfeito, pois através dessa habitação iria (de forma limitada) restaurar a comunhão que outrora havia se perdido no Jardim e que agora é restaurada parcialmente com o homem por meio do tabernáculo. Essa comunhão só veio a ser completa em Jesus Cristo. O Senhor Deus habitou, fez morada com os filhos de Israel enquanto caminhavam no deserto, por meio do tabernáculo; o Espírito Santo veio da glória para habitar conosco por meio de Cristo. É como se pudéssemos (tanto Israel quanto a igreja) fazer uma degustação do que será desfrutar de Sua presença eternamente. A partir da instituição do tabernáculo, os filhos de Jacó desfrutavam da companhia do Senhor no meio do arraial. Viviam diariamente milagres e maravilhas por causa da presença sobrenatural e visível do Deus Altíssimo que havia acampado entre eles. Deus se manifestava de várias maneiras visíveis ao povo. Uma delas era por meio da nuvem de fumaça, que de dia guiava o povo e lhes protegia do calor escaldante. Outra manifestação era a torre de fogo, que durante a noite os aquecia das baixas temperaturas do deserto. Essas formas manifestas de Deus pairavam sobre o tabernáculo. Que maravilha sobrenatural! O tabernáculo foi erguido para ser a habitação de Deus entre o povo. Isso é um fato, mas é necessário olharmos para o contexto histórico-social do povo de Israel após o Êxodo, um período em que eles estavam se agrupando como uma nação. Haviam vivido por gerações como escravos no Egito e debaixo das influências do lugar. No Egito antigo, a dinastia familiar era a forma de sucessão: filho sucedia seu pai no trono, e assim por diante. Eles estavam acostumados a presenciar essa forma de regimento. Contudo, após serem livres, Deus os anuncia uma boa notícia, declarando: “Eu serei o Rei de vocês”. Uma afirmativa que certamente pareceu estranha para muitos deles, e isso não é difícil de imaginar. Quanta confusão foi gerada no meio deles por causa dessa nova forma de regimento, a teocracia, e junto dela o monoteísmo. Teocracia porque a partir daquele dia, Deus seria o Rei da nação hebreia, e monoteísmo porque Deus seria o único Deus. O tabernáculo servia para ser o palácio do Senhor, e a Arca da Aliança o Seu trono. “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.” (Deuteronômio 6:4, ACF). O contexto social e ético deles no Egito era bem diferente das novas propostas de Deus. Junto com a construção do tabernáculo, inicia-se uma Nova Aliança para os filhos de Jacó. DISPENSAÇÕES A Teologia divide os períodos da história bíblica em dispensações que se subdividem ao longo desta, como no desenrolar de um tapete. As dispensações são definidas como: dispensação da inocência (que vai da criação até o dilúvio); em seguida, temos a dispensação patriarcal (iniciada com Noé e indo até o Êxodo); a dispensação da lei mosaica (quando Moisés sobe no Monte Sinai e ali se encontra com o Senhor. Com esse evento sobrenatural, as Leis são dadas ao povo hebreu); a dispensação da graça (iniciada com o advento do Espírito Santo); e a dispensação milenial (dentro de uma visão escatológica do fim). Estamos tratando neste livro sobre os fatos ocorridos na dispensação da Lei mosaica, que tem como símbolo as duas tábuas de pedra que foram entregues ao líder Moisés no Monte Sinai. As duas tábuas escritas dos dois lados traziam as seguintes instruções: não matar, não adulterar, não roubar, não caluniar, não cobiçar e honrar a teus pais. Ufa! Eles deveriam, de fato, andar em ordem, como uma nação escolhida. Esses mandamentos que citei eram somente o que deveria ser feito ao amigo, vizinho, parente e até mesmo ao forasteiro. Existe outra parte da Lei que se dirige ao próprio Deus, que diz: não terás outros deuses, não farás imagem de escultura para os adorar, não blasfemar o nome do Senhor, teu Deus, e guardar um dia exclusivamente para culto ao Altíssimo. Teocracia e monoteísmo andando de mãos dadas. Deus tem a primazia na Sua lei. Ele requer o trono do coração do Seu povo para Si. Jesus nos ensinou que os mandamentos se resumem em: amar a Deus sobre todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo. Se amarmos aos homens e a Deus, estaremos cumprindo o padrão teocrático monoteísta divino para a igreja. Não há como viver para Deus e Seus propósitos se não existir amor em nós e entre nós. As inscrições, que antes foram gravadas nas pedras, carregavam o poder da vida e da morte. Vida para aqueles que a amaram, e morte para aqueles que a desprezaram. A Lei era dura com seus algozes, contudo, muito prazerosa para seus amantes. A Lei estava sendo exposta para trazer tanto condenação quanto salvação. O Apóstolo Paulo diz em sua primeira carta aos Coríntios que o aguilhão da morte é o pecado, e o poder pecado é a Lei: “O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.” (1 Coríntios 15:56, JFA). Aos Romanos, o apóstolo diz que a Lei produz a ira, porque onde não há lei também não há transgressão: “Porque a lei opera a ira; mas onde não há lei também não há transgressão.” (Romanos 4:15, JFA). Partindo desse pressuposto, podemos observar que a Lei delineou os parâmetros da santidade divina e apontou os erros do transgressor, revelando os padrões exatos de uma santidade que havia se perdido no Éden. Dentre os principais objetivos da Lei dada àquele povo no deserto, um deles seria: o de começar uma nova nação ordeira e santa. Para esse propósito divino, os moldes éticos eram impecáveis. A nação recém-formada e ainda nômade (por 40 anos) precisava obedecer às tais leis, porque só assim deixariam de ter a mentalidade de escravos e viveriam como cidadãos honrados diante das nações vizinhas e de Deus. A dispensação da Lei ou a dispensação mosaica, como também é conhecida, durou até Cristo. Após a morte e a ressurreição do Messias, se instaurou uma Nova Aliança em Seu sangue. A este período que estamos vivendo deram o nome de dispensação da graça. Toda a Lei, juntamente com as bênçãos e maldições entremetidas nela, foi satisfeita em Jesus. Ele foi o aferidor de medidas da Lei. Por essa razão, os nossos ombros não carregam esse fardo pesado. Assim se entende as dispensações como sendo cinco: dispensação da inocência, patriarcal, mosaica, graça e milenial. Este é um assunto complexo e não tenho por objetivo encerrar ou explicar na totalidade esse tema tão abstruso. O tabernáculo não é uma velharia do passado bíblico, mesmo porque ele não foi feito por vontade humana. Ele é divino e eterno, não está condicionado nem ao tempo e nem às dispensações. Todas as verdades ali relevadas por sombra e alegoria são úteis e proveitosas para o tempo presente. O escritor da carta aos Hebreus é bem categórico nesse assunto, ele fala do serviço de Cristo e da igreja através de figuras com o tabernáculo: “Que é uma alegoria para o tempo presente, em que se oferecem dons e sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço.” (Hebreus 9:9, ACF). Algumas pessoas tendem a desprezar as verdades do tabernáculo por pensarem que essas coisas já não são exigidas e que estamos vivendo o tempo da graça. E elas estão certas, certíssimas! Contudo, as verdades do Antigo Testamento não podem ser esquecidas ou menosprezadas, pois foram elas que prepararam o caminho para a vinda do Messias. E disso não podemos nos esquecer jamais. A dispensação da Lei foi um pedagogo, um aio e um conselheiro usado até que Jesus se revelasse e como Salvador instaurasse a dispensação da graça. A Lei mosaica não traz vida em si, mas ela ensina a viver. Ela não era o caminho, ela apontava para o Caminho. Jesus Cristo é a vida perfeita e plena. Ele é o Caminho.Um plano lindo arquitetado desde o princípio pelo Senhor do universo. O apóstolo Paulo endereça uma de suas cartas aos cristãos da Galácia e diz que a Lei não justifica: “[...] porque, se a justiça vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão.” (Gálatas 2:21b, JFA). Embora a Lei ensine a santidade divina, ela não nos justifica perpetuamente diante dessa santidade requerida. A Lei e todos os sacrifícios, festas e o próprio tabernáculo apontavam para o Cristo redentor. E mais uma vez, o Apóstolo Paulo escreve sobre este assunto e em sua carta aos Romanos diz que a fé trouxe a promessa, com a Lei a promessa foi adquirida e que esta mesma Lei opera ou traz a ira de um Deus justo: “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Romanos 3:21-26, ARC). Capítulo 2 A IMPORTÂNCIA HISTÓRICO-SOCIAL “E me farão um santuário, para que eu habite no meio deles.” Êxodo 25:8 Capítulo 3 A TENDA DO ENCONTRO “Quando Moisés caminhava na direção da Tenda, todo o povo se levantava; cada um permanecia em pé, na entrada da sua própria tenda, e apenas seguiam Moisés com o olhar, até que entrasse na Tenda.” Êxodo 33:8 Ora, Moisés costumava montar uma tenda do lado de fora do acampamento e a chamava de Tenda do Encontro. Todas as pessoas que tinham uma questão para formular a Jeová dirigiam-se à Tenda do Encontro, que ficava armada fora do acampamento: “Quando Moisés caminhava na direção da Tenda, todo o povo se levantava; cada um permanecia em pé, na entrada da sua própria tenda, e apenas seguiam Moisés com o olhar, até que entrasse na Tenda. E acontecia que quando Moisés entrava na Tenda, baixava uma coluna de nuvem, parava à entrada da Tenda, e o SENHOR falava com Moisés. Sempre que o povo observava a coluna de nuvem parada à entrada da Tenda, todos se ajoelhavam em frente à entrada de suas próprias tendas, e curvavam-se com o rosto rente à terra, em sinal de respeito e adoração ao SENHOR.” (Êxodo 33:8-10, KJA). O texto acima nos diz que antes mesmo do tabernáculo ser construído, Moisés precisava falar com o Senhor diariamente. Seria complicado subir no Monte Sinai todos os dias, e ainda tinha a questão de estar presente para liderar o povo e julgar suas causas. Se ele se fixasse no Monte Sinai com Deus todos os dias, isso demandaria energia e tempo, e as questões pessoais do povo seriam negligenciadas. Qual foi a solução encontrada por Moisés? Construir para si uma tenda perto do povo, não obstante, fora do acampamento. Se era uma tenda diferenciada, muito ou pouco linda, feita com materiais comuns ou com detalhes bordados, isso o texto não nos diz. A única informação que sabemos é que quando Moisés se direcionava rumo àquele lugar, todo o povo se levantava e o expectava. Uma vez que Moisés entrava na Tenda do Encontro, uma coluna de nuvem pairava sobre ela e o Senhor falava com ele. O povo, estarrecido diante daquela grandiosidade (a presença do Senhor manifesta em uma nuvem de glória), reverenciava a Deus com o rosto rente à terra, e ali O adorava. A Tenda do Encontro foi um local de encontro alternativo, temporário, provisório, transitório, interino e breve, até que o tabernáculo ficasse pronto, possivelmente um ano depois do Êxodo. O tabernáculo foi inaugurado no primeiro dia do primeiro mês: “No dia primeiro do primeiro mês, arme a Tenda da Presença de Deus.” (Êxodo 40:2, NTLH). AS TÁBUAS O povo havia saído do Egito, cruzado o Mar Vermelho. passaram por vários lugares, até que se instalaram no sopé do Monte Sinai: “No terceiro mês depois que os filhos de Israel haviam saído da terra do Egito, no mesmo dia chegaram ao deserto de Sinai.” (Êxodo 19:1). Três meses depois do Êxodo, o líder Moisés é orientado a subir no Sinai. Por algumas vezes, ele vai acompanhado de Arão ou Josué; outras vezes, ele sobe sozinho: “Ao que lhe disse o Senhor: Vai, desce; depois subirás tu, e Arão contigo; os sacerdotes, porém, e o povo não traspassem os limites para subir ao Senhor, para que ele não se lance sobre eles.” (Êxodo 19:24, JFA). O texto acima fala da vez que Moisés recebeu as leis diversas para a organização da nação, que vão de Êxodo 19 até 24: “Depois disse o Senhor a Moisés: Sobe a mim ao monte, e espera ali; e dar-te-ei tábuas de pedra, e a lei, e os mandamentos que tenho escrito, para lhos ensinares. E levantando-se Moisés com Josué, seu servidor, subiu ao monte de Deus.” (Êxodo 24:12-13, JFA). Na segunda vez que Moisés é chamado a subir no Monte Sinai para se encontrar com o Senhor, o jovem e futuro sucessor, Josué, foi seu acompanhante. Foi nessa ocasião que as tábuas e as instruções do tabernáculo foram dadas. TÁBUAS QUEBRADAS É interessante citarmos que as tábuas originais da Lei foram quebradas por Moisés. Ele era um homem que demonstrava um temperamento impulsivo e por vezes agia sem pensar, isso o fez pagar um preço bem alto. Por outro lado da história, podemos pensar que Moisés fez o que fez porque era zeloso com a santidade divina. O texto bíblico relata que Moisés foi orientado por Deus a descer do Monte Sinai e voltar para o acampamento. Em seus braços estavam as tábuas originais, talhadas e escritas pelas mãos de Deus: “Chegando ele ao arraial e vendo o bezerro e as danças, acendeu-se lhe a ira, e ele arremessou das mãos as tábuas, e as despedaçou ao pé do monte. Então tomou o bezerro que tinham feito, e queimou-o no fogo; e, moendo-o até que se tornou em pó, o espargiu sobre a água, e deu-o a beber aos filhos de Israel. E perguntou Moisés a Arão: Que te fez este povo, que sobre ele trouxeste tamanho pecado? Ao que respondeu Arão: Não se acenda a ira do meu senhor; tu conheces o povo, como ele é inclinado ao mal. Pois eles me disseram: Faze-nos um deus que vá adiante de nós; porque, quanto a esse Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu. Então eu lhes disse: Quem tem ouro, arranque-o. Assim mo deram; e eu o lancei no fogo, e saiu este bezerro.” (Êxodo 32:19-24, AA). O texto diz que ele viu o povo adorando com danças e júbilo a um bezerro de ouro. Ele ficou irado e arremessou as tais tábuas no chão. Ao olharmos com cuidado para o contexto, veremos um líder zeloso. Acredito que por amar sobremaneira ao Senhor, viu aquele povo como indigno de receber tudo o que Deus havia planejado para eles. Moisés estava diante de um povo que tão rapidamente voltou para a idolatria, o que manifesta o caráter deles. Estavam agindo com ingratidão com o que já haviam recebido até aquele dia, e se mostravam impacientes com o Senhor, procurando os seus próprios caminhos. O castigo chegou logo após o erro que cometeram. Foi preciso passar por um processo de julgamento e de perdão divino. Muitos deles perderam a vida. Penso em Moisés lá no Monte Sinai, muito empolgado com todo o projeto que Deus estava lhe dando. Ele precisava de materiais, de mão de obra especializada, não só para a construção, mas para os serviços do tabernáculo. Sua cabeça devia estar borbulhando com ideias e soluções, e com tamanha responsabilidade. Contudo, ao descer do Monte Sinai, avista uma nação que rejeitou o seu único Deus, mesmo antes de desfrutar de Sua presença. Moisés perde o controle, se irrita e quebra as tábuas originais. As tábuas da Lei já não existem mais, qual estatuto guiará o povo? As tábuas que foram quebradas por um ato espontâneo de Moisés eram essenciais para o projeto divino. Naquele momento da história, Deus, com Sua graça e misericórdia infinita, orienta Moisés paraque novas tábuas fossem feitas: “Mas ninguém suba contigo, nem apareça homem algum em todo o monte; nem mesmo se apascentem defronte dele ovelhas ou bois. Então Moisés lavrou duas tábuas de pedra, como as primeiras; e, levantando-se de madrugada, subiu ao monte Sinai, como o Senhor lhe tinha ordenado, levando na mão as duas tábuas de pedra.” (Êxodo 34:3-4, AA). Moisés teve que talhar e carregar as novas tábuas para o cume do Monte Sinai. Uma subida íngreme, uma caminhada em meio a pedras no caminho. Muito possivelmente tenha sido um trabalho árduo. Moisés não teve ajudantes, nem Arão e nem Josué, ele subiu sozinho. Embora Moisés tenha talhado as novas tábuas de pedra, o texto deixa claro que quem escreveu nas tábuas foi o Senhor, pois dEle vem o nosso único padrão de santidade e ética. Uma pincelada da Graça nas páginas do Antigo Testamento, onde podemos entender que é Deus quem nos estendeu uma nova chance após a queda do homem no Éden. GRAÇA DIVINA Com relação às primeiras tábuas, Deus havia talhado e escrito nas pedras, e infelizmente elas foram quebradas. Na segunda ocasião, é Moisés quem talha as novas tábuas e as leva ao Senhor. A pedra onde a Lei foi escrita tipifica o nosso coração. Nele, Deus quis escrever a Sua Lei perpetuamente. Naquele momento histórico vivenciado no deserto, existe uma bela tipologia entre Adão e nosso Senhor Jesus: “O pecado de um só homem, Adão, fez com que a morte dominasse toda a natureza humana, mas todos os que receberam a maravilhosa graça e justificação de Deus terão, agora, o domínio da vida, através do ato também de um só, Jesus Cristo.” (Romanos 5:17, OL). Adão foi feito pelas mãos do Pai e mesmo assim ele transgrediu, trazendo a morte e a separação eterna sobre todos os seus descendentes. Adão tinha talhada em seu coração a Lei de Deus, contudo, isso não o impediu de se quebrar. Por providência divina e remidora, o Cristo perfeito não quebrou as leis. O Cristo que desceu de Sua morada celestial, despiu-se de Sua glória e veio como um homem salvar a humanidade quebrada, se manteve inalterado: “[...] mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens.” (Filipenses 2:7, ACF). O autoesvaziamento de Cristo só foi possível porque Ele é Deus, não cabe a nenhum ser humano caído. Esse é um processo inteiramente divino. Jesus se humilhou e se esvaziou, talhando em Si as novas tábuas para as levar ao Pai. Passou por sofrimentos grandiosos enquanto cumpria Seu dever de resgatador. Durante Sua estadia aqui na terra, viveu como homem, e mesmo sendo homem, Ele não transgrediu a Lei. Cristo foi perfeitamente correto em toda a Sua missão. Cristo está tipificado nas pedras talhadas por Moisés no pé do Monte Sinai. Foi Cristo quem conquistou para nós o direito de eternidade que outrora fora quebrado pelo pecado de Adão. Nosso Remidor Jesus é a primícia dos que irão ressuscitar. Por causa dEle, nós teremos os nossos corpos transformados e veremos o Pai. Aleluia! O processo de construção do tabernáculo se inicia pelos primeiros objetos, que são: as tábuas de pedra. As novas tábuas da Lei precisavam de proteção. Uma Arca deveria ser construída com esta finalidade primordial: protegê-las e guardá-las. Capítulo 4 CAPACITADOS PARA A OBRA “E o encheu do Espírito de Deus, dando-lhe destreza, habilidade e plena capacidade artística, para desenhar e executar trabalhos em ouro, prata e bronze, para talhar e lapidar pedras e entalhar madeira para todo tipo de obra artesanal. E concedeu tanto a ele como a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, a habilidade de ensinar os outros. A todos esses deu capacidade para realizar todo tipo de obra como artesãos, projetistas, bordadores de linho fino e de fios de tecidos azul, roxo e vermelho, e como tecelões. Eram capazes de projetar e executar qualquer trabalho artesanal.” (Êxodo 35:31-35, NVI). A Sagrada Escritura coloca “holofotes” no tabernáculo devido a seu grande valor. Vemos que desde o dia da revelação dada a Moisés no Monte Sinai até o livro do Apocalipse, existem detalhes minuciosos e importantes sobre o tabernáculo. Basta abrirmos o livro de Êxodo que encontraremos cerca de 12 capítulos dedicados à sua explanação. Mas não podemos nos esquecer daquele que com grande honra recebeu o projeto do santuário e o viu em sua forma original. Para construir o que Deus havia instruído a Moisés, era necessário muito material e mão de obra especializada. Para contribuir com o andamento da construção, o próprio Deus convoca vários homens que foram escolhidos dentre o povo. E esses foram os construtores oficiais, os quais pelo Espírito Santo foram dotados de inteligência, competência, conhecimento e habilidade para fazer todo tipo de trabalho artístico necessário naquela obra específica. Eles foram cheios de sabedoria para fazer artesanato, trabalhando em ouro, prata e bronze. A obra é de Deus e é Ele quem escolhe e capacita os trabalhadores. Esses homens eram os escravos que outrora foram desprezados e desonrados pelos egípcios. Todavia, tiveram suas vidas mudadas quando receberam o dom do Espírito Santo para lapidar pedras preciosas e entalhar madeira de forma artesanal. Já não eram escravos, eram artistas dotados de sabedoria divina, passaram a ser exímios desenhistas e estilistas. Eram exímios em obras de materiais como: madeira, prata, ouro e tecidos, que eram materiais usados tanto para sua construção, quanto para a sua manutenção. Esses artesãos também receberam o dom de ensinar o que haviam recebido por dom divino. Deus os deu um coração disposto a serem mestres para os jovens aprendizes. A humildade foi implantada naqueles homens. O que vale ajuntarmos conhecimento e não ensinarmos o que sabemos aos jovens aprendizes da jornada da vida? Não perca a chance de se sentar com um jovem, adolescente e conversar com ele sobre escolhas certas e as consequências que as escolhas erradas suscitam por toda uma vida. Não perca a chance de se assentar com seus filhos à sós (sem televisão, sem eletrônicos), só você e eles. Conte-lhes sobre sua infância, coisas simples da vida (de como foi aprender a andar de bicicleta). Tenho certeza de que eles vão amar ouvir essas histórias. Conte sobre suas aventuras e suas quedas. Existe uma canção popular que pode reviver esses conceitos em nossos corações. A canção se chama Trem bala, da Ana Vilela, que diz: “Segura teu filho no colo, sorria e abraça teus pais enquanto estão aqui.”. Enfim, a vida está cheia de aprendizes vorazes em busca de bons mestres. Participe da construção intelectual dos que estão próximos de você. O NAGID DE DEUS Os artistas do tabernáculo estavam preparados e estabelecidos como mão de obra especializada pelo próprio Deus. Quero atentar para um detalhe bem importante: eles não dispunham de ferramentas de medição, como temos nos dias atuais. É válido lembrar que estamos falando de povos antigos, com pouquíssimos recursos técnicos de medição arquitetônica. Como eles fizeram as medidas da construção? Para a execução daquele trabalho de construção do tabernáculo era necessária uma medida padronizada, única e específica. Como lograr essa medida perfeita em pleno deserto? Agora entra a participação ativa de Moisés durante a construção. Ele foi escolhido por Deus para ser o padrão de medidas do santuário. Vamos compreender esse padrão por meio da compreensão da palavra hebraica muitas vezes usada para príncipe. No Dicionário Strong, na referência 5057: “instrumento medidor”, ou o nagid. Nagid é uma palavra hebraica que tem conotação com a palavra líder; príncipe ou aquele que vai na frente. Da raiz Nagad: “ser visível, ser conspícuo”. A palavra líder em inglês é ruler, a mesma palavra usada para uma régua, que é um instrumento usado como parâmetro básico de medida. Um líder ou um nagid era primordial para a construção da morada do Senhor. O próprio Deus foi quem deu as medidas, porém era o líder quem cedia os parâmetros. Moisés era o padrão através do qual era possível estabelecer uma comparação. Ficou bem esclarecidoque nagid é aquele que se deixa usar ou se disponibiliza como instrumento medidor, ou medida principal. Moisés foi o aferidor de medidas do tabernáculo. Não há como falarmos de medidas e parâmetros do tabernáculo sem mencionarmos Aquele que é perfeito e que estava tipificado em Moisés. Cristo é o nosso nagid perfeito. As medidas estabelecidas para a salvação da humanidade foram dadas pelo próprio Deus através de Sua Lei perfeita e justa. Suas medidas são altíssimas. Não há dúvidas de que para nós (com nossos delitos e pecados) tais medidas são, de fato, inalcançáveis. MEDIDAS PERFEITAS É muito lindo vermos no texto sagrado que todas as medidas do tabernáculo foram efetuadas com as mãos, os dedos e os braços de Moisés. Ele foi a metragem padronizada da construção. Ao longo do texto de Êxodo sobre as medidas do tabernáculo, tais termos são frequentemente usados: O palmo (que é a medida entre a ponta dos dedos extremos com a mão espalmada, ou seja, do polegar ao dedo mínimo): “[...] será de um palmo o seu comprimento, e de um palmo a sua largura.” (Êxodo 28:16, JFA). O palmo menor (que é a largura da mão, na base dos quatro dedos): “Fez- lhe também, ao redor, uma moldura da largura de um palmo menor.” (Êxodo 37:12). O côvado (que é a distância entre o cotovelo e a ponta do dedo médio): “[...] e a sua largura de um côvado e meio.” (Êxodo 25:17). As medidas do tabernáculo e as medidas de santidade foram preestabelecidas por Deus. O homem, após a queda, passou a não ter condições de alcançá-las. Para o propósito de alcançar as tais medidas de santidade divina foi que Jesus veio até nós. Ele atuou como o aferidor da medida perfeita, o nagid do Senhor. Jesus se oferece para ser o parâmetro da santidade excelente. Ele é o padrão correto para o homem caído e imperfeito se alinhar novamente na justiça do Senhor. Não há tabernáculo sem padrão de santidade divina. Não existe habitação do Espírito Santo em nós sem que Jesus possa primeiro ser o padrão de santidade divina. “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1 Coríntios 6:19, ARA). Cabe a nós carregar e apregoar Cristo em nossas reuniões, pregações e em nosso caminhar diário. Ele já fez tudo. Nos constrói como igreja diariamente. Somos a morada do Senhor no deserto desta vida, somos Seus tabernáculos. Deus, por Sua misericórdia e graça, enviou o Espírito Santo para habitar com Sua igreja (o tabernáculo de Deus) até a consumação dos séculos. Ele é o ouro que cobre a Arca e por meio de Cristo (Arca), Deus habita conosco. O ARQUITETO E SEU TABERNÁCULO Deus foi o grandioso engenheiro. Ele mesmo desenhou e arquitetou toda a planta de Sua habitação. Essa verdade nos faz saber que Deus é o arquiteto por excelência da nossa história. Ele conhece cada cantinho e cada detalhe da nossa estrutura, nossas emoções, fraquezas e desejos mais íntimos. Se não aceitarmos o propósito para o qual fomos criados, que é o de receber a salvação em Cristo através do Espírito Santo que nos santifica, para então sermos novamente e eternamente a morada dEle e nos entregarmos como sacrifícios vivos, santos e perfeitos em Seu altar todos os dias, nunca veremos, de fato, a Sua glória eterna. O Apóstolo Paulo em sua primeira carta aos cristãos em Corinto enfatiza a importância de a igreja ser a morada do Senhor e afirma que na atual dispensação da Graça, o tabernáculo são os salvos em Jesus: “Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Coríntios 3:16, AA). Essa verdade deve estar bem estabelecida em nosso entendimento para que possamos nos aprofundar cada vez mais nesta maravilhosa revelação: nós, o corpo de Cristo, somos Seu tabernáculo. O lugar aonde os pecadores virão para se encontrarem com Jesus. Como ser um tabernáculo? Com o nosso testemunho diário, com as nossas palavras e com as mensagens que pregamos em nossos altares. A mensagem do Evangelho precisa, mais do que nunca, deixar de ser humanista e narcisista. O alvo do cristão é apontar o Cristo Salvador às nações que ainda estão desnorteadas da verdade divina, e nunca falar de nós mesmos. Capítulo 5 “Mas o povo permaneceu a distância, ao passo que Moisés aproximou-se da nuvem escura em que Deus se encontrava.” Êxodo 20:21 A NUVEM E A ESCURIDADE Até o momento, não há mais dúvidas de que o objetivo principal da construção do tabernáculo é único: ele foi preparado para que Deus habitasse com o homem em comunhão plena. Essa habitação não foi uma iniciativa do povo peregrino, mas foi manifestação da iniciativa divina. É Deus desejando habitar com a humanidade por meio da manifestação de Sua graça, através do tabernáculo. O povo havia saído do Egito pelas mãos poderosas do Senhor. Muitos milagres e maravilhas aconteceram. Mas o coração do povo ainda estava preso aos costumes egípcios de adoração a outros deuses, estavam completamente ligados ao modus vivendi daquele povo, que era a cosmovisão politeísta. Após serem libertos da escravidão egípcia, caminharam por cerca de 3 meses e finalmente chegaram ao pé do Monte Sinai, o lugar onde todo o plano e planejamento do tabernáculo, juntamente com as leis, é revelado a Moisés. No Monte Sinai, Deus manifesta Sua presença de forma extraordinária. Uma nuvem densa cobre o cume do monte; trovão, relâmpagos e fumaça. O monte tremia. De longe, eles ouviam um sonido crescente de uma trombeta ou de um shofar, que soava tão forte ao ponto de fazer o povo estremecer. Moisés falava do arraial e Deus lhe respondia lá do Monte Sinai. Até que o Senhor o chamou para subir no monte e adentrar naquela nuvem espessa. O povo foi orientado a ficar no pé do monte, para que não morresse. Moisés se chegou por várias vezes com medo à escuridade divina. O povo recuava, e ele superava seu pavor e se aproximava. A maravilhosa manifestação da glória que contemplaram trouxe um tremendo pavor no arraial, e com medo da morte, procuraram se afastar de Deus. Todavia, Moisés era completamente atraído. Existe uma palavra em hebraico para o ato de Moisés se aproximar. O termo “aproximou-se”, que vem da raiz hebraica nagash, pode ser analisado no Dicionário Hebraico Strong, na referência 5066. Ela é usada em Êxodo, capítulo 20, verso 21, que diz: “Mas o povo permaneceu a distância, ao passo que Moisés aproximou-se da nuvem escura em que Deus se encontrava” (NVI). E também pode ser traduzido como: “ele foi atraído para perto”, ou “foi feito se aproximar”. Feita uma definição simples do hebraico da forma correta usada no termo, entendemos que Moisés se aproximou não por vontade própria, mas por ter sido atraído pelo Senhor. Na carta aos Hebreus, capítulo 12, no verso 21, o texto nos diz que Moisés estava assombrado e tremendo naquele momento. E tão terrível era a visão, que Moisés disse: “Estou todo aterrorizado e trêmulo” (JFA). Existe um lugar para onde Deus está a nos atrair. Não há como esquecer que a obra salvífica de Cristo sempre nos atrai à cruz. Somos levados cativos a ela, para ali vivermos as maravilhas da redenção. No mesmo texto citado anteriormente em Êxodo, capítulo 20, verso 21, o termo “escuridade” aparece. Esse termo vem do hebraico araphel, na referência 6205 no Dicionário Hebraico Strong. A sua tradução pode ser: “densas nuvens”. Araphel é o termo usado para expressar uma ideia básica, é como se o céu estivesse bem perto. As transcrições bíblicas para o português variam quanto a tradução dessa palavra. A tradução da Bíblia Almeida Atualizada diz “trevas espessas”. A Nova Versão Internacional diz “nuvem escura”. Mas todas elas nos apontam a direção correta, para a tradução escuridade, ou simplesmente como se o céu estivesse perto. A nuvem que cobre e traz a escuridade é chamada de anan. Anan cobre o ambiente para que este se torne escuridade. Sua referência no Strong é 6051. Anan aparece pela primeira vez em Gênesis, capítulo 9, versos 13, 14 e 16. A nuvem que trouxe o sinal da aliança noética, o arco-íris, tambémé anan: “O meu arco tenho posto nas nuvens, e ele será por sinal de haver um pacto entre mim e a terra. E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, e aparecer o arco nas nuvens, então me lembrarei do meu pacto, que está entre mim e vós e todo ser vivente de toda a carne; e as águas não se tornarão mais em dilúvio para destruir toda a carne (AA)”. Curiosamente, o texto de Ezequiel, capítulo 1 e verso 28 fala da aparência do arco-íris que aparece na nuvem. Este era o aspecto do resplendor, o aspecto da semelhança da glória do Senhor. Como o aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor em redor: “Este era o aspecto da semelhança da glória do Senhor; e, vendo isto, caí com o rosto em terra, e ouvi uma voz de quem falava.” (AA). A segunda vez que aparece a palavra anan é em Êxodo, capítulo 13, nos versos 21 e 22, se referindo à nuvem que acompanhou a jornada do povo no deserto: “E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite. Não desaparecia de diante do povo a coluna de nuvem de dia, nem a coluna de fogo de noite.” (JFA). Números, capítulo 9, dos versos 15 ao 23 relata esse evento, onde a nuvem da glória, anan, guia o povo: “No dia em que foi levantado o tabernáculo, a nuvem cobriu o tabernáculo, isto é, a própria tenda do testemunho; e desde a tarde até pela manhã havia sobre o tabernáculo uma aparência de fogo. Assim acontecia de contínuo: a nuvem o cobria, e de noite havia aparência de fogo. Mas sempre que a nuvem se alçava de sobre a tenda, os filhos de Israel partiam; e no lugar em que a nuvem parava, ali os filhos de Israel se acampavam. À ordem do Senhor os filhos de Israel partiam, e à ordem do Senhor se acampavam; por todos os dias em que a nuvem parava sobre o tabernáculo eles ficavam acampados. E, quando a nuvem se detinha sobre o tabernáculo muitos dias, os filhos de Israel cumpriam o mandado do Senhor, e não partiam. Às vezes a nuvem ficava poucos dias sobre o tabernáculo; então à ordem do Senhor permaneciam acampados, e à ordem do Senhor partiam. Outras vezes ficava a nuvem desde a tarde até pela manhã; e quando pela manhã a nuvem se alçava, eles partiam; ou de dia ou de noite, alçando-se a nuvem, partiam. Quer fosse por dois dias, quer por um mês, quer por mais tempo, que a nuvem se detinha sobre o tabernáculo, enquanto ficava sobre ele os filhos de Israel permaneciam acampados, e não partiam; mas, alçando-se ela, eles partiam. À ordem do Senhor se acampavam, e à ordem do Senhor partiam; cumpriam o mandado do Senhor, que ele lhes dera por intermédio de Moisés.” (JFA). Essa palavra aparece novamente na narrativa bíblica em Levítico, capítulo 16, no verso 2. Nessa narrativa, Deus está dando instruções quanto ao ministério sacerdotal, e que se o sumo sacerdote entrasse no Santíssimo Lugar, onde a nuvem habitava e Deus aparecia por meio dela, ele certamente morreria. Ele poderia entrar lá, contudo, uma vez por ano. Isso se dava no dia determinado, ao qual se chama: dia da expiação, ou Yom Kippur. “Disse, pois, o Senhor a Moisés: Dize a Arão, teu irmão, que não entre em todo tempo no lugar santo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que não morra; porque aparecerei na nuvem sobre o propiciatório.” (JFA). Um outro evento importante para os hebreus trouxe a nuvem para perto, e junto dela a escuridade. Está na narrativa do primeiro livro dos Reis, no capítulo 8, nos versos 10 ao 12: a nuvem veio sobre os levitas e sobre todos que estavam presentes na inauguração do Templo que Salomão havia construído. E no verso 12, o rei Salomão se pronuncia, dizendo: “O Senhor disse que habitaria numa nuvem escura (araphel)”. “E sucedeu que, saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a casa do Senhor; de modo que os sacerdotes não podiam ter-se em pé para ministrarem, por causa da nuvem; porque a glória do Senhor enchera a casa do Senhor. Então falou Salomão: O Senhor disse que habitaria na escuridão.” (JFA). O termo nuvem está, de certa forma, ligado à palavra fogo e à escuridade, e isso acontece em praticamente todos os textos citados acima. Vejamos mais algumas dessas eventualidades. Deuteronômio, capítulo 5, no verso 22 diz: “Falou o Senhor estas palavras, do meio do fogo, da nuvem e da escuridade…”. O salmista, no salmo 97, no verso 2 diz: “Nuvem e escuridade estão ao redor dele…”. Ezequiel, capítulo 1 e verso 4 diz: “[...] e uma grande nuvem, com um fogo a revolver-se…”. Ezequiel, capítulo 34, no verso 12 diz: “[...] e as farei voltar de todos os lugares por onde andam espalhadas no dia de nuvem e escuridade.”. O texto bíblico também apresenta uma visão escatológica para o termo. Veja que Joel, capítulo 2, no verso 2 diz: “[...] dias de nuvens e de trevas espessas…”. E em Sofonias, no primeiro capítulo, o verso 15 diz: “[...] dia de nuvens (anan) e de escuridade (araphel).”, “[...] aquele dia é um dia de indignação…”. Os textos falam do Dia do Senhor, e se referem a esse dia como dia de nuvens e de escuridade. Enfim, essa nuvem cobriu o monte por vários dias. E no sétimo dia, do meio daquela escuridade, Deus chama Moisés. Aquela era a nuvem da glória divina. Êxodo, capítulo 24, versos 16 e 17 diz que a aparência da glória era como de um fogo consumidor: “Também a glória do Senhor repousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias; e ao sétimo dia, do meio da nuvem, Deus chamou a Moisés. Ora, a aparência da glória do Senhor era como um fogo consumidor no cume do monte, aos olhos dos filhos de Israel.” (JFA). O fato de estarmos diante do Senhor é um privilégio. Sua presença nos faz ver quem somos. Diante de Deus somos pequenos. Porque como humanos, nossos sonhos são limitados à nossa cosmovisão. Nossos sentimentos variam de acordo com o nosso dia. Nossa alegria vai de alto à baixo em fração de segundos. Somos simplesmente humanos, e Deus é Deus. Naquela nuvem espessa, não se via nada além da glória manifesta do Senhor. Quando estamos diante da presença do Senhor, nada mais deve importar. Porque se estamos em meio à Sua escuridade, não enxergamos nada além da Sua nuvem de glória. Não havendo espaço para nosso ego, o orgulho se dissipa diante dEle. E esse grande dia em que somos atraídos à Sua glória, às vezes acontece em particular. Deus teve uma conversa isoladamente com Moisés no período em que ele era apenas um pastor de ovelhas em Midiã. Nesse dia, a presença do Senhor estava manifesta em um arbusto, e esse arbusto não se consumia pelo fogo. Deus o chamou de profeta e líder enquanto estavam sozinhos, pois Moisés precisava enxergar sua humanidade e fragilidade diante da grandeza do Criador. Existem princípios lindos no relato do chamado de Moisés. Posso destacar vários atos marcantes no teatro de sua vida. Um deles certamente seria o dia em que ele se vê diante de uma sarça ardente no Monte Horebe e ali conversa com o Anjo do Senhor: “Apareceu-lhe o Anjo do Senhor numa chama de fogo, no meio de uma sarça; Moisés olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.” (Êxodo 3:2, JFA). Haverá momentos únicos que servirão de crescimento em nossa vida ministerial, no nosso chamado e na nossa intimidade com Deus. Esses momentos são com Ele e nós, a sós. Em uma comunhão singular e particular. A multidão não precisa ver. Na solidão, Deus levou o pastor a se ver como príncipe. Uma maravilhosa ilustração pode tentar definir esse conceito, O bambu e a samambaia: “Olhe em redor. Você está vendo a samambaia e o bambu? Pois bem, a Vida se encarregou de semear, a um só tempo, a samambaia e o bambu. A ambos não faltaram água, luz, seiva… A samambaia cresceu rapidamente. Seu verde brilhante cobria o solo. Porém, da semente do bambu nada saía. Apesar disso, a Vida não desistiu do bambu. No segundo ano, a samambaia cresceu ainda mais brilhante e viçosa. E, novamente, da semente do bambu, nada apareceu. Mas a Vida não desistiu do bambu. Noterceiro ano, no quarto, a mesma coisa. Mas no quinto ano, um pequeno broto saiu da terra. Aparentemente, em comparação com a samambaia, era muito pequeno, até insignificante. Seis meses depois, o bambu cresceu mais de 5 metros de altura. Ele ficara cinco anos afundando raízes. Aquelas raízes o tornaram forte e lhe deram o necessário para sobreviver. Essa dor que você sente e aparenta ser sem propósito, ao longo de todos esses anos é, na verdade, o rasgo de suas raízes. Elas estão se tornando mais profundas aí dentro.” (autor desconhecido) Capítulo 6 A ORGANIZAÇÃO DAS TRIBOS Moisés ainda teve resistências quando Deus o chamou no Sinai, apesar de ele ter experimentado do sobrenatural e da presença da glória no Monte Horebe. Moisés permanece no Sinai por 40 dias e 40 noites conversando com o Senhor. Naquele momento de fogo, glória, fumaça e trovões, ele recebe o direcionamento das leis, do sacerdócio, dos mandamentos escritos nas pedras e de toda a construção do tabernáculo, inclusive a sua localização. Tudo minuciosamente planejado por Deus. Deus pediu que o tabernáculo se instalasse no meio das tribos. O Deus minucioso em detalhes orienta Moisés em todo o processo. É necessário falarmos das repartições das tribos de Israel enquanto caminhavam no deserto com detalhes mais específicos, para que tenhamos uma visão esclarecida de onde o tabernáculo se instalou. Enquanto caminhavam no deserto, as tribos se dividiram em agrupamentos, e cada tribo com seus descendentes. Felizmente, existem dois censos realizados nesse período e que são muito úteis. O livro de Números, capítulo 1 tem o primeiro censo, e o segundo censo está no capítulo 26 de Números. Censos que têm aproximadamente 38 anos distantes um do outro. Os homens que eram contados tinham de 20 anos para cima, até uma idade em que não se pode guerrear mais. Dos 40 anos do povo no deserto, não sabemos muitos detalhes porque, curiosamente, a Bíblia relata aproximadamente 1 ano e meio do povo no deserto. No entanto, aproximadamente 38 anos são ocultados das páginas sagradas. Quando lemos de Êxodo 12 até Números 14, verso 45, ali estão registrados esses 1 ano e meio de história. De Números, capítulo 14, verso 45 até Números 20, verso 14, são 38 anos de história. De Números 20, verso 14 até Números 36, verso 13, são aproximadamente os 6 meses da história final dessa caminhada no deserto rumo à Canaã. Enfim faremos uma comparação entre os dois censos. Neste momento é preciso ressaltar que a tribo de Levi não foi contada nos censos. Os motivos eram simples, sacerdócio e serviço militar. Por serem uma tribo sacerdotal, estavam isentos de ir à guerra. Entre um censo e outro, pôde ser percebida uma diferença de 1.820 pessoas a menos. O tabernáculo será nossa referência geográfica, porque ele se localizava no meio das 12 tribos. Ao sul do tabernáculo, três tribos: Rúben, com 46.500 homens; Simeão, com 59.300 homens; e Gade, com 45.650 homens. Ao leste do tabernáculo, três tribos: Judá, com 74.600 homens; Issacar, com 54.400 homens; e Zebulon, com 57.400 homens. A oeste do tabernáculo, três tribos: Efraim, com 40.500 homens; Manassés, com 32.200 homens; e Benjamin, com 35.400 homens. Ao norte do tabernáculo, três tribos: Dã, com 62.600 homens; Aser, com 41.500 homens; e Naftali, com 53.400 homens. Num total de 603.550 homens de 20 anos para cima. A tribo de Levi é dividida em três clãs pela linhagem de seus filhos: Gérson, Coate e Merari. A oeste, os gersonitas, com 7.500 homens. Ao norte, os meraritas, com 6.200 homens e ao sul, os coatitas, com 8.600 homens. À frente do tabernáculo, que era ao leste, estavam acampados Moisés, Arão, Miriã e suas famílias, que também eram levitas. COMO SÃO BELAS AS TUAS MORADAS Não há como mencionarmos a organização das tribos e a localização do tabernáculo sem citarmos a narrativa que nos apresenta o profeta Balaão. Balaão foi um profeta hebreu que viveu junto com o povo de Israel ainda no tempo da peregrinação pelo deserto. A Sagrada Escritura conta que, certa feita, ele recebe uma proposta comprometedora e má. O rei dos moabitas o contratou para amaldiçoar a Israel. Isso mesmo, um profeta em Israel foi chamado para amaldiçoar seu próprio povo. Ao fim de sua tarefa, Balaão ganharia um prêmio, ou um pagamento. A história é bem extensa, se encontra em Números, do capítulo 22 ao 24. Recomendo a leitura do texto na íntegra. Vamos nos ater apenas ao desfecho dessa história. Balaão subiu ao monte Peor, onde os historiadores acreditam ser um pico das montanhas de Abarim, ao norte do Mar Morto, na Transjordânia. A narrativa nos diz que lá do Monte Peor, Balaão viu os acampamentos de Israel de forma única e singular. A Bíblia diz que ele viu o acampamento por completo e em absoluta grandeza. Ao se maravilhar com o que estava avistando, ele disse um dos versículos mais lindos da Sagrada Escritura. Ele se emocionou ao ver a forma que as 12 tribos estavam organizadas ao redor do tabernáculo. “Como é bonito o acampamento do povo de Israel! Como são belas as suas moradas!” (Números 24:5, NTLH). Mas o que, de fato, o profeta Balaão avistou para se emocionar? Veremos pelo gráfico na pagina ao lado que o que estava sendo revelado lá era maravilhoso demais. Quem via o acampamento lá do alto conseguia ver a organização das tribos, que por sua vez tem uma conexão muito forte com a cruz, pois esse era o desenho que se formava no acampamento. Isso mesmo, uma cruz. Que tipologia esplêndida. Como negar a existência do Cristo e o plano de salvação que estava sendo revelado anos antes de Cristo entre as tendas dos filhos de Israel? Balaão vivia entre as tribos, mas não conseguia ver as maravilhas de Deus, pois não O olhava de uma forma absoluta e contemplativa. Algumas pessoas, assim como o profeta, deixam de contemplar o nosso Salvador e Suas maravilhas que estão espalhadas por toda a Bíblia em cada versículo só porque não a olham como um todo, como uma obra única e completa. 151.450 157.500 MATERIAIS DO TABERNÁCULO Capítulo 7 Relembrando que para que o tabernáculo fosse construído foi necessária mão de obra especializada, medidas e muitos materiais específicos. Uma lista desses materiais foi feita, exatamente da forma que Deus pediu. Esses materiais foram entregues a Moisés pelo povo, e isso voluntariamente, pois um coração voluntário era a exigência primordial. É interessante voltarmos à narrativa bíblica do evento que aconteceu com o povo durante o tempo que esperavam por Moisés, enquanto ele estava com o Senhor no Monte Sinai. O povo ansiava uma resposta rápida, e Moisés ficara no monte por 40 dias, que se pareceram dias eternos para um povo ansioso e obstinado. Como o coração do ser humano é enganoso! Tentaram se esquecer do Libertador e usaram o ouro que tinham despojado dos egípcios para fazerem um ídolo. Um bezerro de ouro para que pudessem adorar e clamar. Assim fizeram e terrivelmente lhes sobreveio a angústia das consequências. O ouro de Israel é o ouro das nossas vidas. A perfeita vontade do Senhor é que o ouro que Ele mesmo nos concedeu de antemão, que são os nossos dons, talentos e ministérios, fosse usado para a glória dEle no tabernáculo. Infelizmente, com muita frequência não os usamos de forma correta. Por causa da nossa ansiedade e autodependência. Vivemos em um tempo de escândalos ministeriais, onde o “ouro” é usado como símbolo de idolatria em nossas congregações, e não de benção para o povo. Cantores e expositores da Palavra corrompidos pela glória desta terra. Creio que a igreja pertence ao Senhor, e assim como Ele enviou Moisés para intervir naquela situação, Ele nos enviará Sua Palavra. SIMBOLISMOS Existe um amplo simbolismo nos materiais que deveriam ser recolhidos entre o povo e entregues à Moisés para a construção. Essa lista se encontra no livro de Êxodo 25, versos 3 ao 7: “Estas são as ofertas que deverá receber deles: ouro, prata e bronze, fios de tecidos azul, roxo e vermelho, linho fino, pêlos de cabra, peles de carneiro tingidas de vermelho, couro, madeirade acácia, azeite para iluminação; especiarias para o óleo da unção e para o incenso aromático; pedras de ônix e outras pedras preciosas para serem encravadas no colete sacerdotal e no peitoral.” (NVI). OURO O primeiro item da lista era o ouro. O metal mais precioso de todos os tempos. Seu simbolismo está ligado diretamente à divindade e à perfeição. Apontando para o Deus Espírito Santo. Podemos nos perguntar: E de onde veio tanto ouro? A resposta é bem simples, pois esse ouro veio do Egito, por um ato de despojamento: “Os israelitas obedeceram à ordem de Moisés e pediram aos egípcios objetos de prata e de ouro, bem como roupas. O Senhor concedeu ao povo uma disposição favorável da parte dos egípcios, de modo que lhes davam o que pediam; assim eles despojaram os egípcios.” (Êxodo 12:35-36, NVI). PRATA O segundo material da lista é a prata. Nela está um símbolo de redenção e de entrega total. A prata era usada para o resgate dos primogênitos do serviço sacerdotal e na compra de escravos. Aponta para Jesus, o Deus Filho. Jesus foi vendido por preço de prata, 30 moedas, valor de redenção dos primogênitos: “Então Judas, aquele que o traíra, vendo que Jesus fora condenado, devolveu, compungido, as trinta moedas de prata aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Responderam eles: Que nos importa? Seja isto lá contigo.” (Mateus 27:3-4, AA). COBRE O terceiro material usado no tabernáculo é o cobre. Este é o símbolo do julgamento divino. Apontando para a humilhação vicária de Cristo e como esse ato saciou a justiça divina. Vemos aqui a figura do Deus Pai e Juiz Soberano: “Fez, pois, Moisés uma serpente de bronze, e pô-la sobre uma haste; e sucedia que, tendo uma serpente mordido a alguém, quando este olhava para a serpente de bronze, vivia.” (Números 21:9, AA). “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado.” (João 3:14, JFA). CORANTES Nessa lista se encontra o nome de alguns corantes; muitas cores foram usadas na construção. Essas cores estavam presentes nas cortinas internas e externas, nos véus das portas, nas vestes dos ministrantes e nos panos que cobriam os móveis. AS CORES CARREGAM UM SIMBOLISMO MARAVILHOSO: Azul: A cor azul aponta para a Lei e as moradas celestiais. A Arca da Aliança era coberta de pano azul enquanto transportada. O azul é a cor daquele que é celestial. O ministério celestial de Cristo. Púrpura: A cor púrpura usada no tabernáculo aponta para a realeza e a beleza dos reis. O Filho do homem e Seu Reino sempiterno. O altar de bronze era coberto por púrpura ao ser transportado. A cor púrpura está ligada à poder e autoridade. As roupas de Daniel e Mardoqueu eram púrpuras. “Então Belsazar deu ordem, e vestiram a Daniel de púrpura, puseram-lhe uma cadeia de ouro ao pescoço, e proclamaram a respeito dele que seria o terceiro em autoridade no reino.” (Daniel 5:29, JFA). “Então Mardoqueu saiu da presença do rei, vestido de um traje real azul celeste e branco, trazendo uma grande coroa de ouro, e um manto de linho fino e de púrpura, e a cidade de Susã exultou e se alegrou.” (Ester 8:15, JFA). O Novo Testamento cita uma cristã chamada Lídia. Ela era vendedora de púrpura. “E certa mulher chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que temia a Deus, nos escutava e o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia.” (Atos 16:14). Carmesim: A cor carmesim é o simbolismo do sangue sacrificial que conduz à remissão dos pecados. Nela, vemos Jesus na cruz do calvário, que carregou o pecado de muitos. A mesa dos pães era coberta de carmesim enquanto era transportada. A cor carmesim nos traz preceitos extremamente maravilhosos. Ela é única e especial. O modo que essa coloração toma forma me atraiu muito. Vamos ao texto em hebraico de Êxodo 25, verso 4. A palavra hebraica para escarlate é tolá shani: “estofo azul, púrpura, carmesim (tolá shani), linho fino, pêlos de cabras”. O texto se refere a cor do pigmento extraído de um verme. Isso mesmo, de um verme. Pois sabemos que todas as cores usadas no tabernáculo tinham uma origem animal ou vegetal, afinal, estamos falando da cultura antiga do Oriente Médio. Tolá shani é o termo usado para falar dessa coloração, e sua referência no Dicionário Hebraico Strong está no 8438. Uma tradução literal da palavra seria assim: “o esplendor escarlate de um verme”. O verme citado no texto é o coccus ilicis. A forma como esse verme faz a coloração é, de fato, deslumbrante. A biologia nos diz que é o corpo da fêmea quem produz o corante escarlate. A coloração avermelhada é adquirida por um processo que o coccus ilicis passa, por isso é chamado de verme escarlate. Assim se dá o processo: a fêmea coccus ilicis, quando fecundada e pronta para se reproduzir, vai à procura de uma árvore para fazer seu casulo, de preferência um tronco de carvalho. Voluntariamente, ela sobe o tronco e segue seu desígnio. Ela se apega àquele tronco de tal maneira a criar um casulo bem sólido. A coccus ilicis sabe que será definitivamente ligada a ele. O objetivo principal de se apegar ao tronco e fazer uma espécie de casulo ou casca protetora é para esconder as suas larvas, ou seus futuros filhos. As larvas recém-nascidas ou os filhos da coccus ilicis ficam dentro do casulo, junto com a mãe, até criarem maturidade para viverem sozinhos do lado de fora. No período em que as larvas estão presas no casulo com a mãe e vão crescendo, elas se alimentam do corpo da mãe, que ainda está viva. Eles sabem que somente quando o verme escarlate (mãe) morre, é a hora de eles saírem do casulo. No fim de sua missão e no ato de sua morte, é criado dentro do casulo o pigmento escarlate. Este é um pigmento tão forte que o tronco e seus filhos ficam manchados por ele pelo resto de suas vidas. A cor escarlate é feita no momento de sua morte. Como um sinal de que a mãe, dignamente, havia dado a vida em favor de seus filhos. Ao subir no carvalho, o verme escarlate sabe que não sairá de lá com vida. Uma linda figura do que aconteceu com Cristo na cruz e nós, os Seus filhos. Mas onde está Jesus nesse conceito? Pois bem, vemos essa comparação em um dos salmos messiânicos. No salmo 22, no verso 6 está escrito: “Eu sou um verme (tolá)”. A palavra hebraica para verme é tolá, o verme escarlata. Uma tipologia do Cristo que deu a vida para os Seus filhos e que se entregou como um sacrifício para muitos. Jesus disse em João, capítulo 10, versos 17 e 18: “[...] Eu dou a minha vida...”. Jesus nos alimenta com Seu corpo e Seu sangue. A nossa comunhão restaurada com o Pai foi feita pela Nova Aliança através do sangue do Cordeiro inocente. A cor escarlata que saiu do Cristo sofredor quando Ele morreu deixou as marcas de salvação na Sua igreja. Somos manchados por Seu sangue. O autor da carta aos Hebreus, no capítulo 2, no verso 20 nos afirma o seguinte: “Pois Deus, que cria e sustenta todas as coisas, fez o que era apropriado e tornou Jesus perfeito por meio do sofrimento. Deus fez isso a fim de que muitos, isto é, os seus filhos, tomassem parte na glória de Jesus. Pois é Jesus quem os guia para a salvação.” (NTLH). Quanta agonia Cristo sofreu na cruz! Um ato de amor realizado para que pudéssemos cantar num só coro harmônico e O adorar: “Há poder, sim, força e vigor neste sangue de Jesus”. A linda jornada do coccus ilicis ainda não se findou. Após dar a sua vida naquele madeiro, ela passa por uma grande metamorfose no terceiro dia após sua morte. Ela perde a coloração e se transforma em uma cera totalmente branca, que agora não tem mais a forma de um verme. Ela se desgruda do tronco e cai no chão, branca como a neve. Não há como não citarmos o que diz o profeta Isaías, no capítulo 1 e no verso 18: “[...] ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã.” (AA). Parece que profeta Isaías fez uma pequena referência ao processo do verme escarlata (coccus ilicis) para nos mostrar o plano de redençãodivina. Oh, glória! Morte e ressurreição. Condenação e redenção. Quantos preceitos eternos e divinos são encontrados em um único vermezinho, que assim como Cristo, se entrega por muitos derramando o seu sangue. Após passar três dias na tumba, Ele ressuscitou e subiu aos céus com Seu corpo glorificado. Alguns tecidos também foram requisitados na lista. Tecidos finos, como o linho branco, que é um símbolo de pureza e santidade. O linho branco cobria todo o lado de fora do tabernáculo, como um muro que delimita o acesso tanto das 12 tribos de Israel, quanto do homem comum que se encontrava do lado de fora. Esse linho branco aponta para uma justiça plena e inatingível. Se alguém quisesse se encontrar com Deus, que habitava lá dentro, ele não poderia pular os muros da justiça própria, pois só existia uma porta de acesso. Falaremos dela mais adiante. O homem não foi criado do lado de fora da “habitação plena de Deus”, ele foi criado dentro, no Jardim do Éden. O homem foi expulso da “presença plena de Deus”, afinal de contas, o Jardim do Éden representa a comunhão plena e sem intermediários, e foi colocado para fora após sua queda. Existe dentro de cada pessoa o desejo de voltar ao Jardim, ao que outrora era a plena e perfeita comunhão com o Criador. TECIDOS PELOS DE CABRAS: Alguns tecidos foram requeridos com a finalidade de cobrir a tenda. Um deles é o pelo de cabras. Este simboliza o pecador. Aponta para os injustos. “Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes.” (Mateus 25:32, NVI). José teve sua capa manchada com sangue de um cabrito. Figura de Cristo carregando sobre Si os nossos pecados. “Então eles mataram um bode, mergulharam no sangue a túnica de José.” (Gênesis 37:31, NVI). PELES DE CARNEIRO: As peles de carneiro carregam o símbolo dos que foram salvos. Símbolo da igreja de Cristo, que é composta de gentios e de judeus. “Junto com os pães apresentem sete cordeiros, cada um com um ano de idade e sem defeito, um novilho e dois carneiros. Eles serão holocausto ao Senhor, juntamente com as suas ofertas de cereal e ofertas derramadas; é oferta preparada no fogo, de aroma agradável ao Senhor.” (Levítico 23:18, NVI). Essas cortinas de carneiro eram tintas de vermelho. Assim como o Cristo vencedor tem as vestes salpicadas de sangue: “Está vestido com um manto tingido de sangue, e o seu nome é Palavra de Deus.” (Apocalipse 19:13, NVI). No Éden, após a queda, Adão foi vestido por Deus com peles, provavelmente de carneiro. O texto referente às roupas que Deus fez para Adão é Gênesis, capítulo 3, verso 21: “E o Senhor Deus fez túnicas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu” (AA). A palavra usada em hebraico é kuttoneth, referência no Dicionário Hebraico Strong 3801, que traz um sentido literal de: “roupa usada para cobrir ou túnica comprida, geralmente de linho”. O comentarista de Cambridge Bible for Schools and Colleges diz: “O verso presente dá a explicação tradicional da origem da roupa. A palavra ‘casacos’ dificilmente representa o hebraico tão bem como ‘túnicas’. O hebraico Kuttoneth era uma espécie de camisa sem mangas, chegando até os joelhos.”. A narrativa bíblica diz que José do Egito ganhou uma túnica de mangas longas de seu pai, e a princesa Tamar, filha do rei Davi, também usava uma túnica de mangas longas. “Israel amava mais a José do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores.” (Gênesis 37:3, AA). “Ora, trazia ela uma túnica talar; porque assim se vestiam as filhas virgens dos reis. Então o criado dele a deitou fora, e fechou a porta após ela. Pelo que Tamar, lançando cinza sobre a cabeça, e rasgando a túnica talar que trazia, pôs as mãos sobre a cabeça, e se foi andando e clamando.” (2 Samuel 13:18- 19, AA). PELES DE GOLFINHO OU TEXUGO: Um outro material requerido, bem útil no deserto, são as peles de golfinho ou texugo. As peles de golfinho eram comercializadas no antigo Oriente Médio por causa da sua durabilidade. Elas carregam um símbolo de força e resistência contra as ações do tempo. As peles de golfinho eram importadas. Não eram nativas do deserto. Nos deparamos com um princípio cristão muito profundo, que anos mais tarde Paulo usou em suas cartas, dizendo que somos peregrinos nesta terra: “A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.” (Filipenses 3:20, NVI). A pele de golfinho era usada como matéria-prima nos calçados dos filhos de Israel na caminhada pelo deserto: “Pus-lhe um vestido bordado e sandálias de couro (possivelmente peles de animais marinhos).” (Ezequiel 16:10a, NVI). O texto se refere àqueles sapatos que cresciam nos pés dos caminhantes do deserto e não se consumiram por 40 anos: “Quarenta anos vos fiz andar pelo deserto; não se envelheceu sobre vós a vossa roupa, nem o sapato no vosso pé.” (Deuteronômio 29:5, AA). Não há como passarmos por esse texto e não falarmos da suficiência do Evangelho de Cristo. Os reformadores chamam essa suficiência de Sola Scriptura, onde exaltam a Bíblia e sua primazia absoluta sobre a igreja cristã. O apóstolo Paulo em sua carta aos Efésios, capítulo 6, no verso 15 diz: “Calçados os pés na preparação do evangelho da paz.” (ACF). A conexão dos sapatos duradouros dos filhos de Israel e o calçado do cristão está na suficiência e durabilidade. Assim como os peregrinos do deserto não trocaram seus calçados, os cristãos também são alertados a não negarem o Evangelho durante a caminhada. Paulo nos ensinou esse princípio primordial e essencial em sua carta aos Gálatas, capítulo 1 e verso 8: “Contudo, ainda que nós ou mesmo um anjo dos céus vos anuncie um evangelho diferente do que já vos pregamos, seja considerado maldito!” (KJA). A proteção necessária para os nossos pés durante a jornada cristã é a Bíblia. Os filhos de Israel que olhassem para o tabernáculo no deserto viam somente as cortinas externas, principalmente as cortinas de pele de golfinho. Não havia beleza ou formosura nesse tipo de cobertura, contudo, ela durou por cerca de 500 anos sem ser substituída. Elas representam a rejeição e humilhação presentes no ministério terreno de Cristo: “Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.” (Isaías 53:3, AA). As peles de carneiro e as peles de cabras estão embaixo e não eram contempladas por ninguém. Um conceito ligado à redenção. Elas representam o sacrifício vicário de Cristo. A visão do sacerdote que adentrava o tabernáculo era bem diferente do que se podia ser avistado do lado de fora. Ele via as cortinas de linho branco com bordados, com querubins nas cores azul, púrpura e carmesim. Eram lindas e representavam a beleza de Cristo e Sua glória. Esses materiais formavam as coberturas externas do tabernáculo, que curiosamente passaram a ser moradas de pássaros. O poeta, no salmo 84 e verso 3, diz: “Até o pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, onde ponha seus filhos, até mesmo nos teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu.” (ACF). O tabernáculo também servia de ninho para alguns pássaros do deserto: “Respondeu-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.” (Mateus 8:20, AA). ACÁCIA Na lista dos materiais requeridos, temos também a madeira de acácia. Um simbolismo da natureza humana. A acácia é uma árvore linda e cheia de espinhos. Vemos a ilustração da igreja, que é composta de pecadores arrependidos que alcançaram salvação por meio da graça maravilhosa que há na perfeição de Cristo. AZEITE O tabernáculo precisaria de materiais para manter a ordem do culto diário, como o óleo ou azeite de oliva. O azeite seria usado para a unção e para suprir o candelabro. Portanto, é um simbolismo da unção e do ministério do Espírito Santo, que nos capacita para a caminhada cristã diária. O óleo também
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