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Copyright © 2018 by Mara Cléia Barbosa de Farias Silvério e Anderson Silvério Bento de Farias S587d Mara Cléia B. Farias Silvério e Anderson Silvério B. Farias Desfrutando o Manancial – Uma cosmovisão da vida cristã/ Mara Cléia Barbosa de Farias Silvério e Anderson Silvério Bento de Farias. 1ed ampliada – Paraíso do Norte, PR. ISBN:978-85-93661-59-4 Copyright [2018] by Mara Cléia Barbosa de Farias Silvério e Anderson Silvério Bento de Farias Todos os direitos desta edição reservados aos autores da obra. 1. Cristianismo 2. Devocional Índice para catálogo sistemático: 1. Cristianismo e teologia cristã CDD230 2. Moral Cristã e teologia devocional CDD240 “[...] Obrigado, minha doçura, minha honra e minha segurança, meu Deus. Obrigado pelos teus dons [...]” (HIPONA, 2017). A ti, Senhor, seja tributada toda honra e louvor possíveis, pois Tu és o grande responsável por esta obra. Diagramação Mara Cléia B. Farias Silvério Capa Mara Cléia B. Farias Silvério Aos nossos pais, Maria Barbosa, Lindinalva Silvério e Estevo Bento. A todos os pastores que passaram por nossa jornada, em especial pastor Vanderley Pereira e missionária Angélica Silvério. INDÍCE PREFÁCIO Revisão Gilberto ZambotiINTRODUÇÃO É CHEGADO O TEMPO DA RECONSTRUÇÃO DEUS É O SENHOR O AMOR A DEUS REQUER OBRAS OLHANDO PARA JESUS OS FRUTOS E AS COBRANÇAS O ESPÍRITO SANTO NÃO É UM APETRECHO PERSEVERANDO NO DIA MAU NÃO SEJA INDIFERENTE A DOR DO OUTRO O AMOR SEM PENEIRA O QUE VOCÊ FAZ NÃO ME DEIXA OUVIR O QUE VOCÊ FALA DEUS QUER QUE VOCÊ SOFRA VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO A DISPUTA: O VELHO HOMEM QUER SURGIR E QUANDO A FOME CESSAR? DEUS NÃO QUEBRA ALIANÇAS AINDA HÁ ESPERANÇA NÃO SUBESTIME O OUTRO SER DISCÍPULO DE JESUS COLHENDO PELA GRAÇA EVANGELHO SIMPLES E ACESSÍVEL TRANSFORMANDO O LUGAR ONDE ESTAMOS SOMOS APENAS INSTRUMENTOS SENDO CANETA O CHAMADO O CHAMADO NÃO SE CUMPRE SOZINHO EXPECTATIVAS FRUSTRADAS CHAMADO CUMPRIDO — CADÊ A PROMESSA? MIRANDO O CÉU CERCADOS COMO JERUSALÉM DESFRUTANDO O MANANCIAL AGRADECIMENTOS REFERÊNCIAS N PREFÁCIO Ao examinar as páginas deste livro, surpreendi-me com o que encontrei: um devocional riquíssimo com ensinamentos que ao mesmo tempo são simples e óbvios, mas também profundos. Só quem tem vida com Deus ou já saciou sua sede nEle pode expor pensamentos como esses! Caro leitor, você encontrará alimento para sua alma nestas páginas! Embora seja um devocional diário o que sugere ler um capítulo por dia, tenho certeza que em alguns momentos a leitura o prenderá de tal forma que não conseguirá parar. Sinceramente espero que os temas abordados aqui lhe façam pensar no cristianismo que vivemos, pois vejo nesta geração cristãos perdidos sem um alvo ou com alvos errados, contudo percebi nas palavras aqui como Deus usou os autores para dar um foco, quem sabe redirecionar alguns e iluminar outros a fim de que possamos entender, viver e desfrutar da boa, perfeita e agradável vontade de Deus, sendo tudo aquilo que Ele nos chamou para ser! Que este “manancial” seja ferramenta nas mãos de Deus para sua vida, assim como foi para a minha! GILBERTO ZAMBOTI INTRODUÇÃO a vida, passamos por muitos altos e baixos. Em alguns dias experimentamos uma felicidade incontestável, noutros, porém, enfrentamos as mais densas trevas que parecem nos sucumbir. “Depois de confessarmos a Cristo tudo mudará para melhor”, essa é uma promessa feita por muitos e alguns, fatalmente, creem nela. Claro que Cristo disse “Vinde a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei” (Mt 11.28),seguramente Ele proferiu essas palavras, no entanto, veja bem, não asseverou que nos daria descanso imediato ou resolveria angústias e problemas instantaneamente, mas sim que nos aliviaria.Ao analisarmos a definição fornecida pelo Dicionário do Aurélio, notamos que alívio é diferente de descanso por vários motivos, enquanto o primeiro refere-se ao ato de livrar-nos do que incomoda, o último pressupõe apenas uma diminuição da carga. Estamos caminhando sob um sol escaldante e com muita sede, mas ainda há muito por andar, alguém nos oferece um copo d’água gelada, bebemos, matamos a sede momentaneamente, todavia o caminho é longo e mais a frente voltaremos a sentir sede. Percebe? Não era um descanso, já que não chegamos ao destino final, e sim um abrandamento para o calor. Nesse sentido, este livro tem a função de fornecer um rápido desafogo para sua alma enquanto os dias vêm e vão, e um pouco de refrigério que tanto procuramos em meio às nossas dores interiores que somente Deus é capaz de conhecer. Faremos isso através de uma cosmovisão cristã a respeito dos acontecimentos que permeiam a vida. Oramos para que Deus opere em você, leitor, o alívio que nós experimentamos durante esta dura jornada que é servir a Cristo frente a uma sociedade conturbada e apóstata. Nas próximas páginas você irá se deparar com verdades singelas, usualmente amarrotadas e esquecidas no guarda-roupa do coração ansioso e ofegante que dia após dia tende a desviar-se do Senhor. Trata-se, portanto, de uma cosmovisão acerca da vida cristã. Nestes 30 devocionais esperamos que você consiga desfrutar o manancial de águas vivas! “Aquele que beber da água que eu der jamais voltará a ter sede”. (João 4.14) É CHEGADO O TEMPO DA RECONSTRUÇÃO “A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos exércitos; e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos exércitos.” (Ag 2.9) Durante 70 anos o povo de Israel permaneceu em cativeiro babilônico, assim se cumpriram algumas profecias acerca do exílio e tanto da derribada como da reconstrução do templo de Jerusalém. O rei Davi, conhecido como “o homem segundo o coração de Deus” (At 13.22), anelou construir uma casa de dedicação total ao Senhor, contudo foi seu filho, rei Salomão, que pode executar tal desejo (1 Cr 22.7-10). O templo era suntuoso e rico, empenhou-se o melhor de tudo para sua construção (1 Cr 22.1-4). Todavia não foi o suficiente, pois quando nossos corações e motivações estão voltados para o sustento do ego, nada pode surtir efeito positivo em Deus(Tg 4.6). Segundo John MacArthur, na obra Chaves Para o Crescimento Espiritual: A retirada da glória de Deus ocorreu em estágios progressivos, quase como se Deus saísse com relutância e grande tristeza. Ezequiel relata como a glória se retirou, passo a passo. A glória ergueu-se do querubim esculpido e pairou sobre a porta. Depois, saiu do portal e descansou sobre as asas dos querubins vivos da visão de Ezequiel. Então a glória de Deus subiu do meio de Jerusalém e ficou sobre o monte, a leste. E finalmente a manifestação da glória não era mais visível, pois voltara ao céu. Deus retirou Sua glória do Templo e levou-a de volta ao Seu trono. O Senhor havia se afastado dali, uma vez que o povo preferiu voltar-se para si e para os deuses pagãos, corrompendo assim a maravilhosa — e até então tida como — habitação do Deus Altíssimo. A invasão à Jerusalém sobreveio. Utensílios do templo foram roubados, incontáveis homens, mulheres e crianças foram assassinadas. Sobraram apenas destroços (2 Re 25; 2 Cr 36. 15-23; Jr 39; Jr 52). Alguns Israelitas, chamados de remanescentes, foram levados à Babilônia — inimiga de Israel — e lá permaneceram até que a ordem de Deus mudou. No contexto do versículo citado, o profeta Ageu levanta-se com grande autoridade diante de um povo que não possuía perspectivas de reconstrução daquele local, mesmo entendendo o caráter probo de Deus. Porventura Ele falaria e não cumpriria? (Nm 23.19) A nação estava desacreditada e não conseguia vislumbrara possibilidade daquela promessa ser realizada, no entanto Deus decide usar alguém para reafirmar seu compromisso e exortar seu povo, pois esse novamente estava prestes a corromper-se (V 2-6). Faça-se uma breve analogia: imagine que o primeiro templo representa o nosso primeiro patamar com Deus, isto é, nosso primeiro contato com Ele. Este templo original — relacionamento— é extasiante, repleto de intimidade e consagração, ao confiarmos tanto nesse quesito intimidade–consagração deixamos de olhar para Deus e passamos a confiar no nosso próprio mérito. Esquecemos que o véu foi rasgado mediante o sacrifício de Jesus (Mt 27.51). É por meio dEle, o Cristo, que temos paz com Deus (Rm 5.1). A partir daí ruímos, caímos e ficamos cativos de nós mesmos. Parece que não mais poderemos regressar e tal qual o filho pródigo imaginava parece ser esse o nosso fim. Entretanto, Deus não nos abandonará à própria sorte sem ter com isso algo a nos ensinar (Ezequiel 16.60-63).Retome o caminho! A bíblia faz um alerta: aquele que caiu, volte de onde caiu, e recomece (Ap 2.5).Volte a praticar as obras antigas que lhe acresciam a amizade com Deus, mas agora com o conhecimento melhor acerca de quem Ele é e principalmente de quem você é, da sua função nessa relação — de servo, não senhor. Ao tomarmos consciência da nossa pequenez diante de um Deus que projetou e deu vida a todas as coisas, passamos a receber dEle a paz que buscamos, pois podemos repousar na certeza de que não depende absoluta e unicamente do que fazemos, mas do que Ele deseja fazer. Após tudo isso a paz que excede todo entendimento andará continuamente com você, basta apenas dar o primeiro passo. Corrija sua rota e corra para Deus! DEUS É O SENHOR “Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: ‘Por que me fizeste assim? ’” (Rm 9.20) No devocional anterior, vimos a respeito da correção a que o povo de Deus foi submetido, aprendemos que nossa atitude deve ser de arrependimento frente à nossa conduta diante de Deus, devendo voltar atrás e recomeçar nosso relacionamento compreendendo nosso papel nessa relação. Nesse contexto, queremos trazer à luz a pergunta do escritor aos romanos: quem somos para questionarmos a vontade dAquele que nos formou? A resposta é objetiva: nada somos. Nada sequer podemos fazer. É tudo por meio dEle (Fp 2.13). O problema é que nosso ego possui gritos ensurdecedores, e isso prejudica nossa percepção de que Deus tem o domínio de tudo. Quando as adversidades chegam a tendência é ficarmos ansiosos e preocupados. No entanto, tudo isso acontece porque sabemos que o controle da situação não está em nossas mãos. A notícia boa é que certamente está nas mãos de alguém que sabe utilizá-lo melhor. Como John Stott proferiu que “A dolorosa tesoura de podar está em mãos seguras”, portanto não devemos nos preocupar. Talvez a circunstância que você está enfrentando não é favorável como você desejava que fosse, e tudo fugiu do seu comando. Deus trabalha assim. Quando as coisas escapam do nosso controle é porque estão sob o domínio dEle, com isso nosso orgulho e egocentrismo são completamente moídos. Esses dois não suportam a ideia de que algo esteja fora do seu governo. Para o ego é tal coisa inadmissível, e por isso nos desesperamos sem ao menos entender o porquê. Deus está trabalhando através dessa situação para nos transformar em pessoas melhores. Deus está forjando o nosso caráter! (Hb 12.7; 2 Co 4.17; Ap 21.4). Tal como o vaso que não questiona se está pronto ou não e que não possui qualidades cujo dono não lhes deu, assim devemos ser. Sabemos que tudo cooperará para o nosso bem — se verdadeiramente amamos a Deus— (Rm 8.28), portanto não se desespere e não queira fazer o Seu trabalho! Ele é o Senhor, nós somos os servos. Ele é o oleiro, nós talvez nem sejamos vaso, — pode ser que ainda estejamos na condição de barro — e por isso sofremos no processo de transformação, e dói, é normal. Precisamos compreender que Deus sabe o que faz, nossa visão falha, limitada e humana é que não consegue discernir isso. Acima de tudo, peçamos ajuda ao Espírito Santo para que assim como Jó obedeceu em meio a tantas crises, também consigamos obedecer em meio a tantas lágrimas, dores e dificuldades. Deus é nosso bom amigo e ajudador fiel. Você pode clamar, e Ele pode te ouvir! Não se esqueça desta verdade: Deus é o Senhor, e a Ele devemos confiar todas as esferas de nossas vidas (Salmos 54.4), isso pressupõe uma entrega não somente parcial, mas absoluta. Quando entregamos tudo a Deus podemos ter em nossos corações a plena convicção de que verdadeiramente Ele trabalha ao nosso favor. O AMOR A DEUS REQUER OBRAS “Porque nisto consiste o amor a Deus: em obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados.” (I Jo 5.3) Amor sem obediência, não é amor! Essa é, para muitos, uma afirmação rude, e a fim de explicá-la utilizaremos o cotidiano das famílias de modo que tal declaração fique nítida em nossa mente. Hoje, não há um núcleo familiar definido e coeso: é impossível afirmar que existe um pai, uma mãe, e um casal de filhos em toda casa, isso é certo, mas independentemente do núcleo familiar, sabemos que os netos quando criados pelos avôs os consideram pais, bem como sobrinhos criados pelos tios consideram os mesmos de tal maneira, e assim por diante. Dito isso, prossigamos. É possível demonstrar amor por nossos pais desobedecendo a suas ordens e petições, e em seguida presenteá-los? Será que, em sã consciência, nossos pais aceitariam isso como prova de amor? Você aceitaria? Provavelmente não. Nós vivemos na era do “quem ama demonstra com atitudes”, pois com Deus funciona basicamente dessa maneira. Deixe-nos explicar com outro exemplo: quando você está amando o coração acelera ao vislumbrar até mesmo a sombra da pessoa querida. Quando você está amando, o desejo de estar perto é contínuo e sente-se plenamente satisfeito com a presença do ser amado. Por fim, fará o que estiver em seu alcance para manter essa presença constante, agindo de modo que não magoe ou machuque os sentimentos e valores dessa pessoa. E por que com Deus acreditamos ser diferente? Por qual motivo nós O adoramos na igreja e vamos beber cerveja depois? Por qual razão rendemos culto a Ele, mas assim que o culto acaba prostituímos nossos corpos desfrutando do sexo ilícito? Por que, então, separamos dias específicos da semana para O louvar e, no entanto, no restante dos nossos dias dizemos com todas as atitudes que Ele não é o Senhor de nossas vidas? Queremos com isso não apontar defeitos e erros por mero prazer, mas exortá-lo a rever atitudes que pode por equívoco, desconhecimento ou mesmo fraqueza estar tomando. Usualmente podemos até não cometer pecados grotescos como os expostos há pouco, portanto desejamos alertá-lo para o fato de que existem ações que violam o padrão de Deus, mas mesmo assim são consideradas apenas “impuras” aos olhos de alguns, como exemplo, temos as “mentiras necessárias”, ou mesmo o consumo de músicas seculares que exaltam todos os itens especificados no início do texto e em nada glorificam a Deus. Nossa visão é de que tanto a impureza quanto a violação dos mandamentos de Deus são considerados pecados e devem ser evitados (1 Co 10.31). Vários homens e mulheres que tinham o coração voltado para Deus erraram, mas se arrependeram. Paulo por muitos anos perseguiu os cristãos (At 8. 1–3); Davi matou um homem inocente por ter se interessado pela esposa do mesmo e ter praticado adultério com ela (2 Sm 11.15); Abraão cometeu erros incitados por Sara, sua esposa, que era afligida por não ter filhos (Gn 16). Todavia, Paulo tornou-se um grande apóstolo (At 9.21), Davi ficou conhecido como “o homem segundo o coração de Deus” (At 13.22), e Abraão juntamente com Sara são pais das nações (Gn 17; Rm 4.17). Isso não significa, no entanto, que Deus faz vista grossa ao pecado. Todos eles cometeram erros, e as consequências vieram, apesar disso, suas falhas não apagaram a linda história que o Senhor havia preparado para os tais. Nota-se que Deus é fiel para perdoar os nossos pecados e nos ajudar (1 Jo 1.9). Ele nos ama e se nós o amamos devemos fazer nossa parte, cuidando de cumprir Sua Lei, que longe de nos matar, é para nosso bem e nossa integridade física,moral e espiritual. Deus nos ama, e provou isso com obras (João 3.16). Nós o amamos, e devemos provar da mesma maneira! OLHANDO PARA JESUS “(...) tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé.” (Hb 12.2) No devocional anterior, apresentamos um rápido ensinamento sobre a necessidade de aplicarmos os mandamentos de Deus à nossa vida a fim de demonstrar nosso amor. Uma pergunta, no entanto, poderia surgir: de que modo conseguirei isso? Será por minhas próprias forças? Hoje, resolveremos essas questões. Veja bem, o autor aos Hebreus explica como podemos suportar as provações e tentações aqui na Terra. No capítulo 12, no versículo 2, enfatiza: olhando para Jesus. Essa é uma recomendação que deve ser encarada como uma ordem para que dentro de nós isso seja cada vez mais real. Incube-nos manter os olhos em Jesus, pois Ele é o “autor e consumador da fé”! Ele é o autor da nossa fé como meio de salvação. Sabendo disso, temos uma consolação ainda maior em Jesus. Os grandes heróis da fé (Hb 11) não tinham Jesus como hoje temos. Embora servissem ao mesmo Deus, eles não possuíam as palavras de Jesus para lhes dar maior garantia de seu bom destino. Serviram a Deus com integridade de testemunho e esta é a maior certeza deles: a fé, pois pela fé mesmo não alcançando as promessas, viram-nas de longe (Hb 11.13). Seus testemunhos foram aprovados, mesmo sem terem visto a Cristo ou sequer ouvido falar dEle, nem mesmo uma palavra proferida por Jesus chegou aos ouvidos dos tais, todavia apesar de todos esses pormenores, foram espelho de Cristo, “(...)E Deus não se envergonha de ser chamado de o Deus deles, porque ele mesmo preparou uma cidade para eles” (Hb 11.16b). Hoje, nós temos Jesus! Temos, na realidade, mais do que o citado acima: o que os heróis da fé não possuíam. Nós desfrutamos de mais do que Suas palavras descritas na bíblia. Possuímos o Seu testemunho, as escrituras e o mais sublime: contamos com Sua gloriosa e constante presença, essa que é garantida por Ele mesmo (2 Co 1.20–22). Se quisermos, verdadeiramente, obedecer aos mandamentos de Deus, podemos fazê-lo olhando para Ele, Jesus, o verbo que se fez carne, é a maior prova de obediência a Deus! E Ele mesmo disse que voltaria ao Pai, contudo rogaria a Deus que enviasse o Espírito Santo que iria, entre várias funções, auxiliar-nos nas nossas dificuldades, lembrando-nos constantemente das palavras de Cristo, dos Seus ensinamentos e vontade (Jo 14.26). O autor e consumador da nossa fé garantiu-nos Sua presença e por isso podemos ter esperança! Então, olhe para aquele que “suportou tamanha oposição dos nossos pecados contra si mesmo” (Hb 12.3). Olhe para Jesus toda vez que o orgulho, ódio, a insatisfação, a dor, oposição, incredulidade, o abandono, medo, cansaço, tristeza, desprezo, a traição e o pecado vierem te assolar. Quando pensarem desanimar ou se sentir frustrado: Olhe para Jesus! Vislumbre o testemunho que Ele nos deixou “para que não vos fatigueis, desfalecendo em vosso ânimo” (Hb 12.3). Jesus venceu todas as coisas e está com você. A nossa fé posta em nós por Ele (V.2) é que nos garante a vitória sobre o mundo (1 Jo 5.4), assim como Ele venceu (Jo 16.33). Não esqueça jamais de olhar para Jesus, o autor e consumador da nossa fé! OS FRUTOS E AS COBRANÇAS “Cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.” (Fp 1.11) Sabemos que depois de confessarmos a Cristo, recebermos seu perdão e seguirmos os seus mandamentos, experimentamos uma doce e, ao mesmo tempo, dura consequência: a produção de frutos! Quando pensamos em frutificação logo nos vem à memória o dever da mesma e, para alguns, dificilmente a lembrança sobre o tema vem livre de pressão e cobranças, pois recordamos das palavras de Jesus: “Todo ramo que, estando em mim, não der bom fruto, ele o corta” (Jo 15.2). Jesus não disse apenas: todo o ramo que não der fruto, ele o corta, mas enfatizou o fato de não dar bons frutos e essa é, para muitos, uma afirmação que causa terror. Veja bem, vamos nos recordar do ocorrido com Abel e Caim. Ambos ofertaram para Deus. Abel, do seu rebanho, já que era pastor. Caim, da sua colheita, já que era lavrador (Gn 4.2–5). Todavia, de uma, Deus se agradou, ao passo que a outra abominou. Deus preferia carne a vegetais? A resposta obviamente é negativa! Acontece que Abel ofertou de suas primícias, Caim, não. Não bastaram apenas os “frutos”, sim a qualidade desses. Sempre é muito fácil doar aquilo que está sobejando ou com defeito, no entanto é penoso ao homem oferecer o que mais lhe agrada. A dura cobrança quanto aos frutos reside em não apenas frutificar, mas frutificar com qualidade, e para tanto o objetivo final deve ser alcançado: a glória e louvor de Deus. Caso esse resultado não seja atingido, nossos frutos são desprezíveis. Se você que está lendo é um cristão autêntico e não um joio ou árvore que Deus não plantou, assim como nos é explicado no livro de Mateus, capítulo 15 e versículo 13, “toda planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada”, não há razão para temer o seu destino. Jesus Cristo sentenciou que “Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim” (Mt 24.14). Foi Jesus quem assegurou os resultados. A melhor notícia é que podemos participar desse feito, pois mesmo sendo Jesus o maior responsável, nós somos como seus cooperadores! O livro de Romanos é enérgico: oh, quão formosos são os pés dos que anunciam as boas novas! (Rm 10.15b), e claro que há muitas outras maneiras de frutificar, sendo essa, talvez, a principal. Acima de tudo, que seus frutos sejam bons, não somente à vista, aos olhos humanos, mas ao paladar. Deus provará nossos frutos (obras), se for de palha, madeira ou feno o fogo as consumirá! Como árvore semeada por Deus e como feitura dEle, você certamente atenderá o chamado do Senhor em tudo (Ef 2.10). A obra que Deus tem a fazer por meio de você é dEle e com certeza Ele é o maior interessado na concretização da mesma. Deus outorga a nós a responsabilidade de produzir bons frutos, no entanto, se já estamos agindo conforme Sua vontade, podemos repousar nEle, compreendendo que O mesmo é quem garante, por meio do Espírito Santo, o resultado final. Frutificamos com qualidade quando estamos enraizados em Cristo! O ESPÍRITO SANTO NÃO É UM APETRECHO “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra.” (At 1.8) Depois de entendermos que confessando a Cristo Ele mesmo começa a operar em nós coisas grandiosas através da ação do Espírito Santo, precisamos saber como é esse agir do Grande Auxiliador, bem como a maneira pela qual se manifesta em nossas vidas. Num primeiro momento, devemos enfatizar o que o Espírito Santo não é. Ele não é um apetrecho podendo ser usado por poucos minutos e depois descartado, muito embora alguns ajam como se assim fosse. O Espírito Santo é manifesto, em poucas palavras, num modo de vida. Jesus Cristo antes de partir disse que rogaria ao Pai para que enviasse o Espírito Santo, esse viria para nos consolar e nos convencer, sendo também nosso intercessor diante do Pai e nosso conselheiro (João 15.26–27). Tal Espírito testificaria acerca de Jesus, e ora, é ele mesmo quem vive em nós se nascemos novamente com Cristo e se com Ele fomos crucificados (Gl 5.20). Logo, cabe a nós tão somente o dever de testemunhar a respeito de Cristo, mas de que modo? Frutificando! Em Gálatas, no capitulo 5 e no versículo 22, são relatados os frutos do Espírito Santo, tais como amor, longanimidade, mansidão, temperança e alguns outros, tudo isso testifica que temos um Senhor, um dono, alguém que vive em nós e age por meio de nós. Portanto, o Espírito Santo não é evidenciado somente por línguas estranhas ou qualquer outro movimento passageiro, ele é, antes de tudo, um viver que notoriamente glorificaa Deus. O nome limpo na praça, um bom vocabulário — ausência de palavras ásperas que possam denegrir o Evangelho e escandalizar outras pessoas —, é ajudar ao próximo, manter a paz familiar. Certa vez, o pastor Paul Washer, proeminente evangelizador da atualidade, proferiu a frase “Qualquer um que diz que Deus o salvou e continua a viver como vivia antes, eu pergunto: Deus o salvou de quê?” Se formos pensar no sentido profundo disso, chegaremos à mesma conclusão. O Espírito Santo é quem nos convence de todo engano, conforme já citamos aqui. Se Ele realmente habita em nós, conseguintemente abandonaremos as velhas práticas e com isso Deus será glorificado (Mt 3.8; Ef 4.22-24; Gl 2.20; 2Co 5.17). Talvez você precise de ajuda porque não tem forças para honrar a Deus com suas atitudes e sente-se em falta com Ele. Existe uma forma de conseguir graça para ser fiel, graça essa dada por Deus por causa da sua misericórdia (1 Co 7.25), o Espírito Santo pode suprir sua fraqueza (Rm 8.26a), porém a oração deve ter lugar primordial em sua vida, pois o Espírito nos ajuda em nossas orações e não no nosso silêncio(V. 26b). Gostamos de dizer que a oração é o espelho que o crente, firmado em Deus, usa para se olhar por dentro. Através dela ficamos cientes das nossas fraquezas e necessidades, assim o Espírito Santo auxilia-nos com maior eficácia, transformando exatamente aquilo que precisa ser transformado. O Espírito Santo não é um apetrecho, ele é Deus! E desde a criação até a consumação da nossa salvação tem nos fornecido meios para sermos fiéis ao Senhor, portanto que sua vida possa evidenciar os frutos dEle a fim de propagar o nome de Deus. Certamente há enorme regozijo nisso! Deixe o Espírito Santo evidenciar Cristo através da sua vida! PERSEVERANDO NO DIA MAU “Pois o homem não conhece a sua hora. Como os peixes que se apanham com a rede maligna, e como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se enlaçam também os filhos dos homens no mau tempo, quando este lhes sobrevém de repente.” (Ec 9.12) Compreendemos através dos devocionais anteriores a necessidade de estarmos ligados a Jesus Cristo, e termos o auxílio do Espírito Santo para que nossas atitudes possam glorificar a Deus. Agora, queremos expor uma realidade permanente na vida de todos os cristãos: o dia mau. Oh! Quão trágico é para o homem que não detém o pleno conhecimento da verdade! (1 Re 10.8; Sl 51.6; Pv 1.7; 3.13), “porque o Senhor dá a sabedoria, da sua boca procedem o conhecimento e o entendimento” (Pv 2.6). Homens e mulheres sábios com certeza buscam a direção em Deus para conseguir resistir ao dia mau (Rm 13.14; Ef 6.13), outros, infelizmente, sequer se preparam para ver este dia chegar. Quem conheceu a mente do Senhor? (Jó 11.7; Rm 11.34; 1 Co 2.16a) ou quem foi seu conselheiro? (Rm 11.34), os pensamentos de Deus ao nosso respeito são muito mais altos e elevados do que os nossos (Jó 11.8; Jó 37.5; Sl 139.6), assim não sabemos como ou quando este dia mau chega (Ec 3:11), mas sem dúvida se fará presente em algum momento. Isso é garantido pelo próprio Cristo, “no mundo tereis aflições” (Jo 16.33a). Certo dia, Jesus disse ao Seu discípulo: O que eu faço hoje tu não entendes agora, mas mais tarde compreenderás (Jo 13.7). A Palavra do Senhor é clara: de Gênesis a Apocalipse Deus se mantém soberano. Ele detém o conhecimento de tudo (Sl 147.5; 139.1–5), Ele está em todo lugar (Sl 139.7–8), e sem sombra de dúvidas sabe o que está fazendo em nossas vidas, pois sempre está no controle (Jó 12.12; Fp 2.13; Lm 3.37), nós não entendemos no primeiro momento, todavia após sucessivas crises ou acontecimentos, o próprio Deus nos revelará não necessariamente o que está por acontecer (embora Ele também possa fazer isso), mas o motivo de tudo o que se passou. Não há falha nos planos do Senhor dos Exércitos, nunca houve (Js 21.45, 23.14; 1 Re 8.56). Como o discípulo da narrativa, nós também não compreendemos os porquês de Deus. O dia da grande angústia chega para todos! Ezequiel, em um dado momento de sua vida, perdeu “a delícia de seus olhos” (Ez 24.16), sua esposa, por desígnio de Deus, para demonstrar ao povo de Israel o que lhe estava sucedendo: Deus está ensinando alguém através da sua vida, portanto a sua conduta diante do dia mau é determinante para que outras pessoas sigam firmes até Ele (Ezequiel 24.15–27). O próprio Senhor, conhecendo nossos corações (Pv 15.11) e sabendo das nossas limitações irá liberar o escape, e não mandará cargas maiores do que nossos ombros possam suportar (1 Co 10.13), pois nenhum dia mau nos sobrevém para nossa desgraça. Deus não tem prazer na morte do ímpio (Ez 18.32; Ez 33.11) dirá então que um filho seu padeça qualquer sofrimento sem ter um propósito para tanto. Veja bem: Deus “quer” que você sofra, mas não sem um objetivo (1 Pe 2.20–21; Dt 8.2). A Palavra de Deus nos garante que nossa morada não é aqui (2 Co 5.1– 5). Como o escritor aos Hebreus nos ordenou: olhe para Jesus (Hb 12:2). O lugar para qual iremos não permite entrada de pecado ou qualquer resquício mundano, e por isso estamos sendo forjados, aqui, para um dia estarmos lá. O dia mau certamente é usado por Deus como o fogo que purifica o ouro, mostrando-nos quem somos e como Deus quer que sejamos. Deus deseja que você esteja com Ele, mas não de qualquer maneira. Um dia o apóstolo Paulo nos disse que o sofrimento e as tribulações que aqui passamos não se podem comparar com a glória que há de ser revelada em nós (Rm 8.18), por isso permita que Deus te molde para que você possa alcançar essa promessa! Logo estaremos juntos com Jesus, e assim veremos que tudo valeu à pena, pois reinaremos ao lado do nosso Salvador, Aquele que padeceu dores muito maiores (Rm 8.28). Destarte, “Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas” (Cl 3.2), isso ajudará você a conseguir vencer o dia mau e perseverar mantendo-se firmemente aliançado com Deus! Persevere no dia mau! NÃO SEJA INDIFERENTE A DOR DO OUTRO “Lembrai-vos dos encarcerados, como se preso com eles; dos que sofrem maus tratos, como se, com efeito, vós mesmos em pessoa fosseis os maltratados.” (Hb 13.3) Anteriormente, fizemos uma breve exposição sobre o dia mau que advém sobre todos, apresentamos lições de como encará-lo e vencê-lo. Agora, porém, devemos recordar uma singela verdade: todos nós temos um dia mau, e isso indica que o dia mau de alguém próximo a você pode ser hoje. O escritor aos Hebreus, no citado capítulo, faz algumas exortações, no entanto um ensinamento que se destaca nesses primeiros versículos é em relação ao altruísmo, e não é qualquer um, é o genuíno, enraizado em Jesus. O escritor não pede apenas que nos compadeçamos dos encarcerados, suplica que sintamos as suas dores, também. Você já orou por alguém como se os problemas dele fossem seus?Como se a dor desse alguém fosse sua? É isso o que o autor requer de nós. Não basta somente orar, é preciso se doar às causas do outro. Uma mãe certamente sentiria na pele algum maltrato que sua filha sofresse, e nós? Estamos sendo capazes de sentir em nós os maus tratos e dificuldades que permeiam a vida do nosso próximo e estamos conseguindo reagir a isso com amor maternal? É exatamente este sentimento, compaixão, o solicitado pelo autor. É pedir em nome do meu próximo com a mesma intensidade que eu rogaria para mim mesmo, afinal, somos um só corpo em Cristo. Cuide de alguém nesta semana: em oração, com palavras, carinho, abraços... O modo pouco interessa, é necessário apenas que cuidemos uns dos outros! O AMOR SEM PENEIRA “Vá reunir todos os judeus que estão em Susã, e jejuem em meu favor. Não comam nem bebam durante três dias e três noites. Eu e minhas criadas jejuaremos como vocês. Depois disso irei ao rei, ainda que seja contra a lei. Se eu tiver que morrer, morrerei”. (Et 4.16) Obtemos há pouco lições preciosas a respeito da compaixão pelo próximo. O altruísmo que tem comofonte Jesus é o autêntico, pois nos leva a ajudar não através de nossa natureza bondosa, e sim por meio da ação do Espírito Santo em nós. Todavia, quando alguém nos machuca e nos fere, torna-se tão difícil sermos abnegados, não é? Vamos relembrar novas verdades a partir deste momento. Nesses escritos acerca da rainha Ester, percebemos claramente o amor que ela demonstra não somente pela sua vida, mas por toda a nação judaica. Hamã, um servo destaque do rei Assuero, rei da Pérsia, planejou um grande acontecimento a fim de se vingar de Mardoqueu, homem de bom coração que cuidou de Ester após ela ficar órfã. Mardoqueu, ao contrário dos demais naquele reino, não se curvava frente à autoridade de Hamã, e isso o deixava furioso! (Et 3.5) Este, então, decidiu que exterminaria todos os judeus para se vingar daquele. Quão triste destino de quem atenta contra a vida do seu próximo inocente! A palavra de Deus garante que o Senhor não toma o culpado por inocente (Na 1.3b), obviamente, nem o oposto. Os olhos do Senhor, segundo o livro de Provérbios, estão contemplando tanto o mau como o bom (Pv 15.3) e lhe dará a recompensa segundo suas obras (Jr 17.10). Hamã havia preparado, além do decreto que ordenava a matança do povo judeu — e que o rei assinou —, uma forca para assassinar Mardoqueu. Mas Ester, sendo avisada por seu pai adotivo, se assim podemos chamá-lo, tomou uma atitude de cristã sem sequer ter ouvido falar em Cristo! Voltou-se para Deus com jejuns, orações, e grande clamor. A nação inteira movimentou-se a favor das petições dela para que o povo fosse liberto de uma condenação tão injusta. Entre aquelas pessoas que estavam destinadas à morte, com certeza havia ladrões, estelionatários, filhos que agrediam seus pais, mulheres que eram espancadas por seus maridos e abandonadas sem ao menos o direito à carta de divórcio, no entanto Ester não fez distinção por quem sacrificaria. Ela não escolheu se jejuaria somente pelos bons ou pelos maus, com isso nos ensinou que devemos amar, também, quem “não merece”. O amor não tem peneira! Jesus Cristo nos deixou essa ordem muito explícita ao longo do Novo Testamento, sendo um grande pregador do amor ao próximo, deu, Ele mesmo, uma prova tão grande do mais sublime sentimento. Entregou-Se por nós quando merecíamos nada menos que a ira de Deus (Ef 2.1–5) para que hoje pudéssemos ter livre acesso ao Pai (Rm 5.1–2). Lembre-se sempre do que Jesus fez, já ressaltamos neste breve tempo que passamos juntos: quando olhamos para Jesus tudo se torna mais fácil. Ame quem não merece! Fazendo isso você cumprirá o mandamento de Cristo (Mt 5.47– 48). Sobretudo, recorde-se, você também não merecia, e mesmo assim Deus te amou!(Ef 2.3; Cl 1.21–23) O QUE VOCÊ FAZ NÃO ME DEIXA OUVIR O QUE VOCÊ FALA “Fiel é esta palavra, e quero que você afirme categoricamente essas coisas, para que os que creem em Deus se empenhem na prática de boas obras. Tais coisas são excelentes e úteis aos homens.” (Tt 3.8) Agora que já compreendemos a urgência de nos firmarem Deus para auxiliar a nós mesmos e aos outros, passamos para uma próxima fase: devemos estar sempre atentos à nossa conduta, pois muitas vezes as pessoas deixam de nos dar crédito por não enxergar coerência entre o que falamos e fazemos. Quando se trata do Evangelho, não podemos seguir o ditado “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”. Na passagem citada, o escritor expõe uma série de “afazeres” que precisamos, enquanto cristãos, praticar. Dentre eles, encontram-se ações permeadas pela mansidão e o sempre proceder de modo a revelar o nome de Deus aos homens. O escritor também alerta o fato de precisarmos submeter- nos com obediência às autoridades superiores (Rm 13.1–2), e isso o apóstolo Pedro também nos exorta (1Pe 2.17–18). O autor continua dizendo que, outrora, nós estávamos cegos, vivendo influenciados pelo poder do pecado, e hoje, não pelas nossas próprias forças, mas pela misericórdia de Deus, fomos trazidos para sua maravilhosa luz, portanto como nascidos de novo pelo Espírito devemos testificar Aquele que agora habita em nós, fazendo isso por meio de nossas obras, pois como os escritos no livro de Tiago enfatizam: a fé sem obras está morta (Tg 2.17). Entretanto, é comum alguns pensarem que por sermos salvos pela graça não precisamos de obras. Nós diríamos que tais pessoas estão corretas e ao mesmo tempo equivocadas, pois a bíblia assevera que somos salvos pela graça (Ef 2.8), a questão é que as obras estão intimamente ligadas à natureza daquele que é nascido de novo e no mesmo texto no versículo 10 é enfatizado o fato de sermos “criados em Cristo para boas obras”, assim vemos que essa propensão às boas obras é nata do crente, uma vez que também é exposto: “Deus antes preparou para que andássemos nelas”— as boas obras (Ef 2.10). Deus fez a mim e a você para boas obras que glorifiquem a Ele e testifiquem Sua santidade. Mostre sua fé aos outros, mostre Aquele que se move em você, mostre que você é cheio do Espírito Santo!Pulando? Gritando? Não necessariamente, visto que já expomos aqui o real significado de ser cheio do Espírito, isso se faz com uma vida santa e íntegra diante de todos, principalmente diante de Deus. Apenas com a prática das boas obras, teremos êxito em nossa caminhada cristã, onde o respeito tanto da comunidade, quanto da sociedade é adquirido pelo exemplo. Sabemos que Jesus Cristo já fez todo o necessário e podemos nos apegar a isso, Ele nos possibilitou um novo encontro com Deus através da graça derramada em nós por seu intermédio. Desfrute disso de modo coerente. Que suas atitudes passem a gritar quão bom e fiel Deus tem sido. Dia após dia fale com ações quão grande é o Deus a quem você tem dedicado sua vida! DEUS QUER QUE VOCÊ SOFRA “Porque isto é agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, suporte tristezas, padecendo injustamente.” (I Pe 2.19) Depois do exposto, não podemos afirmar que ao agir de modo coerente teremos apenas respostas positivas, pois na prática não é o que ocorre. Isso não quer dizer, todavia, que falhamos. Em tantas feitas desprezamos os conselhos do Senhor explícitos em sua Palavra (Jr 2.21). Em variadas ocasiões nos deparamos com oportunidades para honrar o nome de Deus e acabamos por envergonhá-lo. Nós, como seres humanos, estamos sujeitos o tempo todo ao engano e ilusões. O mundo cristão vive, hoje, uma máxima falha e inverídica: venha para Deus e todos os seus problemas terminarão! Apresentam-No como se fosse uma fórmula mágica quando nada mais funciona. Na verdade, na prática não é bem assim, pois entregar nossos caminhos a Ele não nos garante uma vida sem sofrimento. Salientamos que existem, pelo menos, dois tipos de sofrimento: aquele que é consequência das atitudes errôneas tomadas por parte do indivíduo, e aquele que é “injusto”, esse vem para nos moldar e nos fazer cristãos melhores. É desse último que trataremos aqui. A palavra de Deus no livro de 1 Pedro, no capítulo 2 e no versículo 18, afirma que Deus tem prazer em que experimentemos injustiça e nos submetamos a autoridades que não nos favorece, por amor a Ele, pois isso O glorifica. Não fosse assim, todos os santos que viveram integralmente para o Evangelho teriam passado nesta Terra por uma vida cheia de gozo e tranquilidade. No versículo 20, o apóstolo interroga: que glória há em sofrermos quando fizermos por merecer? Mas há glória em que padeçamos injustamente e nos portemos com paciência, demonstrando que Deus é quem dirige nossos passos e vida por inteiro (Gl 5.22; Sl 17.5). Arthur Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX, em sua obra intitulada Dores do Mundo, escreveu o seguinte: “(...) Em todo o tempo, cada um precisa ter um certo número de cuidados, de dores ou de miséria, do mesmo modo que o navio carece de lastro para se manter em equilíbrio e andar direito”, e não faz sentido? Precisamos o tempo todo ser lembrados por Deus que dependemos dEle, pois em meioa tantos acontecimentos essa verdade escapa com grande facilidade. No evangelho de Mateus (5.41), Jesus, o Cristo, dá-nos uma ordem: se alguém pedir que vá com ele uma milha, ande duas. Por que isso? No livro “Estudos no Sermão do Monte”, D. Martyn Lloyd-Jones, expõe uma questão histórica, ele afirma que na antiguidade quando um povo conquistava outro, mantinha-o sob seu domínio, e tendo as autoridades necessidade de transportar algo, fazia-o através do povo subjugado. Na época de Jesus, Israel vivia sob domínio romano, e caso a situação descrita fosse necessária, o judeu que estivesse trabalhando em seus afazeres deveria abandonar tudo, mesmo que isso lhe custasse o dia todo de trabalho, para obedecer às ordens dos soldados. Quão difícil deveria ser isso, não?Todavia, além de nos exortar a seguir as ordens de um governo tirano, Jesus pede que façamos mais do que nos foi solicitado! Sofrimentos com a vida nos alinham com nossa realidade, ou seja, nossa incapacidade de resolver todas as coisas — mesmo possuindo todo o dinheiro do mundo —leva-nos a Deus. Os sofrimentos injustos, além de moldar nossa paciência, longanimidade, bondade e fé, mostram como sermos ou não sermos para agradar a Deus. Isto enaltece o Senhor: reagir de modo diferente de pessoas que não O conhece. Confie que o Senhor tem um propósito muito maior do que você é capaz de imaginar, pois os seus pensamentos não são os nossos (Is 55.8). Qualquer sofrimento que passemos aqui não é em vão se verdadeiramente estamos alicerçados em Deus! VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO “O Senhor lhe disse: ‘Saia e fique no monte, na presença do Senhor, pois o Senhor vai passar’. Então veio um vento fortíssimo que separou os montes e esmigalhou as rochas diante do Senhor, mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto. Depois do terremoto houve um fogo, mas o Senhor não estava nele. E depois do fogo houve o murmúrio de uma brisa suave. ”(I Re 19.11-12) Certa feita um profeta de Deus conhecido por Elias, viu-se envolto em grande angústia e solidão. Segundo os capítulos que se seguem, Elias acreditava que somente ele havia guardado os mandamentos do Senhor, e que somente ele estava, de fato, “defendendo a causa de Deus”. Este, por sua vez, manifesta-se para lembrá-lo de que não é bem dessa maneira. Em grande parte das situações de nossas vidas ministeriais, familiares, conjugais e afins, podemos pensar que estamos sozinhos. Isto é, aliás, algo bem corriqueiro. Anteriormente, expomos o fato de sermos atingidos por injustiças e o modo como devemos nos portar quando as mesmas baterem em nossa porta. Pavorosa mistura de sentimentos aflora em nossos corações que lutam para serem limpos. O velho homem — falaremos dele nas próximas páginas — quer, a todo custo, retornar ao posto perdido. Nesses momentos é comum pensarmos que estamos abandonados, que Deus nos esqueceu e que somos os únicos a fazer a vontade dEle sem receber nada em troca. No entanto, queremos afirmar que não é bem assim: Deus “preservou os seus sete mil que não se renderam a Baal” (1 Re 19.18). Fique tranquilo, ainda há pessoas para combater ao seu lado! Pensando apenas no contexto dos versículos citados, outra observação interessante é que Deus disse passar naquele local. Veio o vento forte, mas o Senhor não estava nele. Depois houve um terremoto, porém do mesmo modo, Deus não estava ali. Logo após o terremoto cessar, chegou o fogo, e novamente o Senhor não se manifestou nele, todavia, após tudo isso, veio uma suave brisa e ali Deus estava. Depreendemos disso que talvez Deus não se manifeste em nossas vidas ou ministérios enquanto o forte vento estiver soprando, enquanto o terremoto se aproximar ou o fogo ameaçar tudo consumir. Certamente Ele nos livrará em todas essas situações (Jó 5.19-20), assim como fez com inúmeros servos — os três jovens na fornalha, Paulo e Silas na prisão, e o caso dos discípulos no barco, são boas demonstrações (Dn 2.19-28; At 16.19-26; Mt 8.23-27). Entretanto, queremos que você saiba de uma verdade: Deus com certeza estará manifestado em sua vida, e nisso será glorificado, quando a suave brisa pairar. Mais uma vez o nosso devocional pende para uma mensagem de ânimo ao seu coração: Vale à pena! O vento passará, o terremoto também, o fogo queimará, e vai parecer que Deus não está contigo, mas tenha calma, quando tudo isso cessar a suave brisa chegará e você poderá ver com clareza as grandes coisas que o Senhor tem feito ao seu favor! Permita que Deus fale ao seu coração mesmo em meio ao apavorante desespero! A DISPUTA: O VELHO HOMEM QUER SURGIR “Antes, quando vocês não conheciam a Deus, eram escravos daqueles que, por natureza, não são deuses. Mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo por ele conhecidos, como é que estão voltando àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles outra vez?” (Gl 4.8–9) A essa altura o velho homem já tentou destruir o novo homem por muitas vezes. Depois de passarmos por todas essas etapas, é bem compreensível que nosso antigo eu queira ressurgir a qualquer momento a fim de usurpar o direito de Nova Criatura que somos (2 Co 5.17). Nosso ego, sempre voltado para a necessidade de se sobressair em qualquer situação, não suporta a ideia de perder o controle. E agora iniciamos mais uma etapa: a disputa! Há uma doutrina muito conhecida no meio evangélico a respeito da conversão e do batismo de alguém. Segundo muitos, no ato do batismo morre um homem — cheio de pecados e vindo de uma separação quase total de Deus — e nasce um novo homem, esse viverá para Cristo, uma vez que por meio dEle foi reconciliado com Deus (Cl 2.12; Rm 6.3–4).O grande problema reside no fato de que o velho homem não morre de uma só vez. Ele morre aos poucos. Lembra-se do apóstolo Paulo? Há uma frase conhecida, porém sem autoria definida que atesta: a maior luta de Paulo era não voltar a ser Saulo, pois Saulo foi um grande perseguidor da igreja, judeu legítimo que conhecia a Lei e vivia por ela, até que certo dia Deus o encontrou e Saulo experimentou a real libertação, tornando-se Paulo, excelente ministro do Evangelho. Agora, imagine quão difícil para Paulo não seria conviver, de início, com a graça se ele aprendeu que a salvação estava condicionada a Lei? O velho homem morre um pouco a cada dia, um pouco a cada abdicação, um pouco a cada embate com a depressão, o vício, a pornografia, a fofoca, etc. O velho homem está constantemente tentando se sobressair em detrimento do novo homem. Este é um entrave dificultoso e contínuo, mas queremos que você compreenda que outrora nós estávamos como ovelhas perdidas, desgarradas do Grande Pastor; estávamos escravizados pelo pecado sob influência do maligno e por causa dessas coisas estávamos condenados, hoje, porém, se confessamos a Cristo perante todos e se em nossos corações reina a certeza de que um dia Ele voltará, estamos livres dessa acusação que muitas vezes os poderes das trevas impunham sobre nossa consciência (Mt 10.32; Rm 10.9). Deus nos libertou de uma vez para toda a eternidade. Através de qualquer coisa que tenhamos feito? Não, e sim por meio do sacrifício de um Jesus santo e sem mácula. Foi através do Cordeiro Perfeito! E é esse mesmo cordeiro com o qual você poderá contar para vencer a agilidade que o velho homem tem de querer aparecer e sobrepor o seu novo eu. Ao fim desses versículos, o escritor questiona: querem ser escravizados outra vez? É bem verdade o que estamos falando. Existe uma luta linear entre o velho e o novo homem, e é você quem decide qual dos dois vencerá. Prova disso é que o povo de Israel tantas vezes se voltou para Deus e em seguida para outros deuses, porém, o resultado era desastroso. Batalhe contra essa tendência da carne de optar por coisas sem relevância enquanto deixa Deus de lado. “Ah, amanhã eu oro”, “amanhã eu vou à igreja”, “depois eu ajudo meu pastor”, “amanhã eu deixo a pornografia”, “outrodia irei ao ensaio”. Sempre o “amanhã” ou o “depois”... Guerreie contra isso! Mortifique sua carne, seus desejos e suas vontades que te afastam dos projetos de Deus. A receita para isso é muito simples e você já a conhece! Sobretudo, não pare nunca. Continue tentando, brevemente a luta finda e você sairá como vencedor!O embate é constante e só será vencido no Grande Dia de Jesus Cristo. E QUANDO A FOME CESSAR? “E disse Esaú: Eis que estou a ponto de morrer; para que me servirá a primogenitura?” (Gn 25.32) Outrora discorríamos sobre a persistência do velho homem em sobrepujar a nova criatura que somos em Cristo Jesus. Mas, inevitavelmente, em algum momento de nossa vida sucumbimos ao antigo eu. O que fazer diante disso? Se você está se questionando, a partir deste texto obterá a resposta. Essa passagem bíblica é muito conhecida entre nós, cristãos, de todas as denominações. A maioria conhece bem quem foi Esaú e quem foi Jacó. A história alcançou até mesmo parâmetros extra bíblicos dando corpo a obras de muitos autores, dentre eles, Machado de Assis na obra “Esaú e Jacó”, onde notamos similaridades muito enfáticas entre os escritos de Machado e do autor bíblico. Também podemos notar semelhanças entre o discurso que a bíblia nos traz e o apresentado por Milton Hatoum, na obra “Dois Irmãos”. Como notamos, tal acontecimento rendeu muita discussão. Entretanto, tencionamos direcionar o assunto para outro viés. De início deixamos um sábio conselho: cuidado com o desespero e a pressa! Esaú desperdiçou toda uma vida por causa de um simples prato de sopa de lentilha. Nos momentos de desespero e ansiedade é assim que grande parte das pessoas age. Movidas por emoções que são baseadas na fome de algo acontecer rapidamente, muitas vezes as pessoas acabam envolvidas em inúmeras enrascadas. É assim na nossa vida sentimental e profissional, especialmente quando estamos desempregados. Do mesmo modo na vida financeira, principalmente quando o dinheiro se torna escasso, e na vida espiritual quando Deus não quer fazer aquilo que queremos que Ele faça. Todo ser vivo passa por várias fases, e conosco não é diferente. Assim como borboleta não nasce borboleta e flor não nasce flor, nós também não nascemos “prontos”, o caminho e as situações nos forjam. Toda borboleta já foi uma lagarta, e já imaginou como ela poderia se encantar com o resultado? Toda flor já foi semente algum dia! Nossa consciência em relação às etapas da vida pode nos ajudar a lidarmos com os sentimentos que nos levam a praticar atitudes impensadas, como a que Esaú praticou. A ansiedade e a pressa são grandes males presentes no cotidiano das pessoas. Estamos, todos os dias, com muita pressa. Nunca temos tempo, a vida é muito corrida até mesmo para fazermos coisas simples, como tomar um café tranquilamente. Nessa correria não conseguimos nos atentar aos detalhes que são necessários. Quantos de nós nunca cometemos equívocos em decorrência da desatenção? Aqueles que já prestaram concurso ou participaram de seletivas e vestibulares compreendem bem como isso custa caro. Portanto, é o momento de olharmos para dentro de nós com cautela, enxergarmos as situações que têm nos afligido e analisar qual tem sido nossa atitude frente a elas. Nosso intuito não é torná-lo culpado por ter agido por impulso e ter arriscado sua vida com Deus, mas sim demonstrar que se a rota não estiver sendo corrigida a todo tempo durante o caminho, há grandes chances de ocorrer uma ruptura com Ele. Esaú arriscou muito e constantemente temos feito da mesma maneira. Depois que a fome cessar, valerá à pena? A resposta é fatal e ecoa dentro de nós. Volte-se para dentro neste momento, reveja ações e planos. Corrija o que for necessário e retorne para o centro da vontade de Deus, Ele te quer lá! DEUS NÃO QUEBRA ALIANÇAS “Contudo, eu me lembrarei da aliança que fiz com você nos dias da sua infância, e com você estabelecerei uma aliança eterna.” (Ez 16.60) Evidentemente, é compreensível o fato de errarmos e não aceitarmos ajuda ou mesmo o perdão de Deus. Sentimo-nos desesperados, pois além de errarmos contra nossos próprios princípios, pecamos, principalmente, contra Deus. E pensando nisso, buscamos alertá-lo para um fato outro: Ele não quebra alianças. Ainda há chances! O capítulo 16 do livro de Ezequiel é uma pequena narração para exemplificar a história de traições e transgressões que Israel cometeu contra Deus. Logo no início do texto, o Senhor começa falando sobre uma mocinha que nasceu e fora abandonada pelos pais sem ter qualquer preparação ou cuidado de higienização—característica de crianças que eram indesejadas, pois, do contrário, ela receberia todos os cuidados necessários —. Deus então continua expondo que a tomou, fez toda a preparação que era regra, limpou-a, lavou, vestiu, adornou, mas infelizmente como grande parte do Antigo Testamento relata, ela virou as costas para o Pai e praticou pecados terríveis, assim como Israel fizera. A sequência do capítulo citado será apenas a descrição das transgressões cometidas pela moça órfã — figura de Israel. No versículo 60, Deus dá a ela mais uma chance, por meio de seu único filho, e não pelos méritos de Israel, Ele redimiria tal nação, lembrando-se da aliança que outrora fizera com o povo, ainda por meio de Abraão (Gn 12). Aliança essa que não foi quebrada por Deus. Ele não quebra alianças! Ele não quebra seus princípios! Foi o homem, e exclusivamente ele, quem sempre quebrou o pacto feito com o Senhor. Foi assim na ida para Canaã (Ex 32); Foi assim no período de juízes (Vide livro de Juízes); Do mesmo modo na volta de Noemi para Belém de Judá — no que se refere à Orfa (Rt 1.14) —, foi desta maneira na escolha de Saul como rei e sucessivamente (Sm 8. 1-22). Todavia, Deus é compassivo e abundante em misericórdia, e isso nada tem a ver com o que somos, mas com quem Ele é. Nada tem a ver com o que podemos fazer, mas com o que Ele já fez por nós! Aceite o perdão de Deus e restabeleça hoje a aliança que um dia foi quebrada. Não se conforme com seu estado caído como se Deus tivesse te rejeitado, pois Ele deu seu único filho justamente para reconciliar os homens excluídos de Sua glória a fim de que tenham comunhão com Ele e até hoje usa Seus servos, conforme coríntios 5.18–20, para que seus filhos se apropriem dessa verdade. A aliança precisa ser refeita e você pode dar o primeiro passo acreditando que Jesus já fez tudo o que era necessário! AINDA HÁ ESPERANÇA “Quem está entre os vivos tem esperança; até um cachorro vivo é melhor do que um leão morto.” (Ec 9.4) Temos vivido dias nublados e turbulentos. Uma grande névoa se aproximou de nossas vidas e parece não querer ir embora. Vivemos uma crise política e humanitária. Estamos imersos numa ausência de valores reais. Nossa moral e ética estão entrando em colapso. No entanto, diante de tudo isso, queremos te recordar das sábias palavras de Salomão, provável escritor de Eclesiastes: ainda existe esperança! Em sua divina sabedoria ele garante que é melhor um cão vivo do que um leão morto. Em algumas culturas o cão é considerado um animal impuro, portanto desprezado. O leão, por sua vez, é tido como sinônimo de grande força, destreza, agilidade e realeza. No entanto, alguma destas suas características tem relevância se o animal estiver morto? Queremos que você compreenda: se ainda há vontade de lutar, existe esperança. Se os médicos dizem que não há possibilidade de cura, mas ainda há vida, existe esperança. Queremos que saiba que Deus tem em suas mãos o dom da vida, o dom da cura, o dom da felicidade, a libertação plena da depressão. Há vida? Há órgãos palpitando? Então há esperança! Ora, se mesmo quando esses requisitos não são cumpridos ela ainda existe, dirá então com todos eles! Não desanime e não enfraqueça! Deus abriu o mar para toda uma nação ser liberta (Ex 14). Deus fez Gideão dispensar 30 mil homens para lutar apenas com 300, a fim de mostrar que quemvence nossas guerras é Ele e não nós! Deus fez mortos ressuscitar, libertou homens e mulheres das garras demoníacas, transformou corvo em garçom para mostrar que é Ele quem cuida! Deus faz o que for necessário para que Seus filhos — andando em obediência — obtenham vitória quando Ele assim deseja. Lembre-se que a bíblia toda dá provas lindas de que houve esperança para aqueles que estavam vivos, contudo o agir de Deus vai muito além disso, pois Lázaro jazia morto. Deus não está restrito às nossas expectativas ou à nossa crença, todavia, você tem a opção de continuar acreditando que Ele pode agir ao seu favor ou não. Sabendo nós que ainda existe esperança aguardamos firmemente a promessa que Jesus nos fez. Brevemente estaremos em seu reino de justiça e paz, onde não há choro, lamento, dor ou qualquer mísero sofrimento terreno. Portanto não se deixe levar pelos diagnósticos do momento, sejam por parte dos médicos, psiquiatras, ou mesmo pelas circunstâncias, ainda que sua fé pareça insignificante ela pode transformar diagnósticos de morte em sentenças de vida! Porque para Deus todas as coisas são possíveis e a oração de um justo pode muito em seus efeitos! (Lc 1.37; Tg 5.16). NÃO SUBESTIME O OUTRO “(...) Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim.” (Ex 19.4) O cuidado de Deus é excelente! Israel estava vivendo um período difícil de passar. A vida toda estivera cativo como escravo, sem liberdade de expressão e mesmo de escolha, no entanto desde que a fiel promessa fora dada através de Deus as perspectivas mudaram e parece que tudo havia se feito novo, a esperança estava reinando. Porém, constantemente esquecemos as verdades ditas e promessas feitas pelo Senhor. O desânimo, medo, e a aparente impossibilidade lançam sobre o homem muitos sentimentos controversos. É neste contexto que essa frase é pronunciada, Deus estava lembrando o povo dEle de que como águia Ele mesmo havia cuidado de cada israelita. A águia, além de ser um animal veloz, tem também uma visão aguçada, pode ver muito longe. Deus vê o que somos hoje, e vê também o que podemos ser daqui a algum tempo. Não se preocupe com sua situação de agora, é Ele quem te colocará nos projetos que Ele mesmo preparou para sua vida. Contudo, não é sobre os olhos da águia que o Senhor fala, mas sobre as asas. Podemos notar com isso a proteção de Deus para com o seu povo. As asas das águias possuem um tipo de articulação que ajuda a enfrentar a turbulência enquanto voam. Como águia, Deus não queria dizer que não existiriam as turbulências, mas afirmou que enquanto elas ocorressem, Ele estaria nos firmando em suas asas para as vencermos. Não somente isso, uma afirmação nessa passagem chama a nossa atenção: “o que fiz aos egípcios”, essa consideração revela não somente o cuidado de Deus para com o seu povo, mas demonstra também uma virada na história israelita e egípcia, pois quando nós escolhemos alguma coisa, automaticamente não escolhemos outras, e contra todas as expectativas o Senhor escolheu Israel, uma nação que nem estava formada, e teria muitas batalhas a enfrentar. O Egito possuía já uma cultura sólida, avanços nas mais diversas áreas, desde a educação, ciência, arquitetura, engenharia. Israel ainda caminhava a passos lentos, pois estava cativo do governo egípcio. Tudo o que o povo israelita tinha era uma promessa de que um dia todo aquele pesadelo escravocrata teria fim para eles. Após ocorrências maravilhosas e miraculosas da parte de Deus, Israel experimentou a liberdade sob as cuidadosas asas do Senhor. Por isso, deixamos uma lição: Faraó muito subestimou o Deus que Moisés servia, mas também subestimou ao próprio Moisés (Ex 7.23), e em diversas vezes chamava seus magos e feiticeiros na tentativa de provar que seus deuses eram tão poderosos quanto o Deus de Moisés, faraó jamais poderia ter como verdadeiras as palavras daquele (Ex 7.11; 7.22; 8.7). No entanto, mesmo que Faraó agisse com tamanho desdém pelo povo, quem determina as escolhas é o próprio Senhor, não nós. E Deus escolheu Israel! Se você está pensando que Deus não o escolheu ou que frente a tantos “egípcios” você nada é ou nada pode, recorde-se dos feitos gloriosos que Deus tem realizado na sua vida, assim como o salmista, traga à memória tudo o que lhe traz esperança. Deus está cuidando de você, você está protegido nEle! Lance-se debaixo das asas da Grande Águia, e receberá o cuidado e confiança que você precisa, sobretudo jamais subestime o outro, pois ainda que não sejam nossos escolhidos, são os de Deus. Antes, apresente a todos o Senhor que lhe salvou, pois é Ele mesmo quem completa toda boa obra! SER DISCÍPULO DE JESUS “Então, Jesus aproximou-se deles e disse: ‘Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na Terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”’. (Mt 28. 18–20) Se existisse uma frase que pudéssemos elencar como “a alma da grande comissão”, certamente seria a parte A do versículo 20. Mas, veja bem, o versículo 19 também explicita muito bem isto: o peso do discipulado. Infelizmente é onde mais se tem errado ou falhado, pois aí, no ensinar, reside uma enorme dificuldade. Podemos afirmar que há dois tipos de discipuladores: o indireto e o que gera discípulos diretamente. Como assim? O discipulador indireto consegue chegar acerto grau de independência, no entanto sempre será discipulador indireto. Como? Por meio das suas obras, do seu testemunho e do seu caráter cristão. Você já ouviu falar, com certeza, em algum cristão totalmente íntegro e de boa índole, e certamente se espelha nele como exemplo ou conhece alguém que assim o faz. Existe, ainda, o que chamamos de discipulador direto. Sobretudo, ele ensina pessoas a guardarem os mandamentos de Deus, conforme nos é ordenado no último versículo, ou seja, ele cumpre a ordem direta e efetivamente, em termos coloquiais, ele dá a cara à tapa. Assim, enfrenta de modo direto as consequências disto. E você? Tem discipulado indireta ou diretamente? Que tipo de discípulos você tem ajudado a gerar? Quer de uma maneira ou quer de outra saiba que Deus pode usá-lo como instrumento a fim de alcançar muitas vidas. É discipulador direto? Estude, dedique-se à leitura bíblica diária. É discipulador indireto? Continue sendo exemplo, continue desenvolvendo e aperfeiçoando cada vez mais o seu caráter cristão. Você é os dois em um só? Continue exercendo seu papel com firmeza e constância! COLHENDO PELA GRAÇA “E Rute, a moabita, disse a Noemi: Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas atrás daquele em cujos olhos eu achar graça. E ela disse: Vai, minha filha.” (Rt 2.2) Ao iniciarmos o discipulado quer seja ele direta ou indiretamente alguns encargos — aquela cobrança a respeito dos frutos já citada aqui, recorda-se? — começam a surgir. Eles se evidenciam em incontáveis situações. Se antes falávamos e depois pensávamos, agora pensamos muitas vezes antes de falar sabendo exatamente o preço que cada palavra custará, e esse é apenas um simples exemplo. Todavia, quando nós entendemos que até mesmo a colheita de todo esse trabalho enfadonho se dá por meio da graça, tudo se torna mais fácil. O livro de Rute é um dos mais encantadores da bíblia. De caráter ímpar, narra história de uma senhora por nome de Noemi e sua jornada entre Belém e Moabe, depois entre Moabe e Belém. Como boa parte das pessoas sabe, Rute é dona daquela famosa frase “O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1.16). De alma grandiosa e verdadeiramente convertida, Rute, mesmo após a morte do seu esposo e estando desobrigada de cuidar da sua sogra, preferiu assim o fazer. Abandonou todos os deuses a quem servira outrora, e foi para uma terra desconhecida, que apresentava usos e costumes completamente diferentes dos seus, fezisso a fim de honrar aquela que tanto depositou em si (Rt 2.11-12). Rute e Noemi não tinham perspectiva alguma de vida, principalmente essa última que já se encontrava em idade avançada. Sendo mais nova e cheia de vigor, Rute se dispôs a ir até algum campo colher espigas, pois já era época de ceifar. Ela, porém, faz uma observação que nos deixa maravilhados: atrás daquele em cujos olhos eu achar graça. Em outras palavras, ela só segaria se alguém o permitisse. Sabe a nossa vida e sucesso com Deus? É mais ou menos dessa forma, também. Só colhemos se Ele quiser que colhamos, e só colhemos porque Ele nos dá as condições para isso. Entendamos algo: nada do que temos é, de fato, nosso. Sabendo que só colhemos se Ele permitir, compreendemos que não precisamos de modo algum nos afobar ou ficarmos ansiosos. Ele é bom, e verá seu esforço e empenho, assim como Boaz o viu em Rute que trabalhou o dia inteiro sem parar (Rt 2.9; 2.14-16). Rute não queria visibilidade, ela queria honrar sua sogra porque a amava. Honrando a Deus por amor, a recompensa será consequência inevitável. Sobretudo, compreendamos que a maior recompensa já foi garantida, uma vida plena e eterna ao lado do nosso Salvador, porventura existe algo melhor que isto? EVANGELHO SIMPLES E ACESSÍVEL “Eu mesmo, irmãos, quando estive entre vocês, não fui com discurso eloquente, nem com muita sabedoria para lhes proclamar o mistério de Deus. Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado.” (I Co 2.1–2) Comumente ao grande chamado que Deus faz às nossas vidas, surgem dúvidas difíceis de serem sanadas em curto prazo. Uma delas é: será mesmo que eu sou capaz de cumprir tal desejo de Deus? Muitas pessoas imaginam que para ser um discipulador é necessário um vasto estudo teológico, conhecimento sobre várias áreas, e na verdade tudo o que precisamos é da Palavra de Deus. Obviamente, como estudantes de Teologia, prezamos pelo comprometimento com os estudos e a dedicação em combater ensinos falsos que surgem da ausência daqueles. Nesta parte da primeira carta direcionada à igreja de Corinto, o apóstolo Paulo remete aos seus seguidores que estavam entrando em dissensões por causa dos grandes homens de Deus que estavam sendo usados como ministros naquela época. Acontece que, conforme o próprio apóstolo relata, uns se diziam de Apolo, outros de Paulo, isso se refere ao fato de que uns se diziam seguidores dos tais (1 Co 1.12; 3.4–5). Paulo então indaga se, porventura, foi ele mesmo quem morreu na cruz por todas essas pessoas (1 Co 1.13). Certamente a resposta é negativa, e cada um deles sabia disso. No capítulo subsequente, o apóstolo afirma que mesmo sendo Corinto uma cidade de muitos filósofos e entendidos da sabedoria humana, ele estava ali para proclamar o Cristo que foi crucificado e ressuscitou, todavia isso não precisava ser feito de maneira culta ou letrada. Paulo, judeu legítimo e totalmente conhecedor da Lei, desfez-se de toda sua capa de sabedoria e não entrou em discussões a respeito dos assuntos debatidos na época, mais do que isso: o apóstolo afirmou que não somente ensinar sobre Jesus, ele estava disposto a ouvir sobre Jesus. Não interessava a ele nada mais do que o evangelho puro e simples. Talvez você imagine que em meio a tantos doutores e mestres não possa falar sobre o amor de Deus, e esse é um grave equívoco! Jesus Cristo selecionou não apenas doutores na Lei, mas homens comuns, como pescadores e cobradores de impostos para fazer parte da grande comissão (Lc 5.9–11; Mt 9.9–12), ou seja, daquele grupo de homens que serviriam a Ele. Você pode e deve! O próprio apóstolo Paulo em outros escritos nos diz que uns foram dados a apóstolos, outros a mestres, outros a diáconos e assim por diante (Ef 4.11). Seja um evangelista! Todos nós devemos ser (Mt 16.15). Fale de Deus, sim, mesmo que você não seja eloquente, mesmo na sua simplicidade. Porém queremos te deixar um alerta: não tome isso como desculpa para não se dedicar ao estudo das escrituras. Seja simples, contudo atenha-se, sempre e em qualquer circunstância, ao que Deus fala em sua Palavra, e certamente muitas pessoas darão crédito à sua pregação convertendo-se ao Senhor, pois, conforme já dito aqui, Ele mesmo é quem garante os resultados. Jesus conta com você para que o Evangelho seja anunciado! TRANSFORMANDO O LUGAR ONDE ESTAMOS “Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? Para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens.” (Mt 5.13) Segundo alguns historiadores, havia em Israel certo acontecimento: quando o sal era retirado do Mar Morto parte dele ficava imprópria para o consumo, e no inverno era usada nas ruas e calçadas em decorrência do chão muito liso e escorregadio, ou seja, era utilizada como antiderrapante, com isso muitos homens e mulheres pisoteavam o sal. Logo, Jesus faz menção ao sal que se tornou sem valor. Assim somos nós quando perdemos nossa essência diante de Deus ou dos homens. Nas páginas anteriores falávamos a respeito da importância de discipularmos as pessoas, quer direta ou indiretamente, sempre tendo em mente que o maior interessado nisso é o próprio Deus. Expomos que quem escolhe é somente Ele e por isso não devemos rotular as pessoas. No entanto, em meio a tantos obstáculos ao percorrermos essa estrada, pensamos em ceder e acabamos desistindo. Agora, porém, queremos trazer à memória algo que boa parte de nós esquece no caminho: o sal e a luz. Comecemos pelo primeiro. Entre suas funções está a de fornecer sabor, mas as propriedades do sal não se reduzem a apenas isso, uma vez que ele também tarda a podridão. Caso o sal perca sua qualidade primordial — capacidade de salgar, tornar ácido e afins —, os alimentos estarão sujeitos a mais bactérias por mais tempo. Nós somos sal. Se você chega a um local onde as pessoas estão se valendo de palavras de baixo calão e o vocabulário muda completamente: você está sendo sal! Se as pessoas passam a respeitar sua presença e mudam de comportamento para tanto, você está sendo sal. São apenas alguns exemplos tolos para entendermos que por mais insignificantes que pareçam ser essas atitudes cotidianas, acabam por demonstrar que estamos cumprindo a ordem dada por Jesus. Você sofre por ser sal? Temos um leve consolo: o sal não se engole, o sal se cospe!O mundo desejará te cuspir a qualquer custo. Outra breve realidade é a respeito da luz. Certa ocasião, Jesus disse que ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo da cama (Mt 5.15; Lc 11.33). Nos breves ensinamentos dEle há tanta glória e consolo! Obviamente Deus não nos fez luz para estarmos apenas em ambientes iluminados, esta, definitivamente, não é a função da lâmpada. Ela foi feita para irradiar luz, iluminar! Em outras palavras, não podemos ser luz apenas onde há claridade, seria desperdiçar energia, não é assim em nossas casas? Mas uma lâmpada bem colocada em locais escuros é capaz de dissipar as mais temerosas trevas. Anelamos, com todo o nosso coração, que você consiga compreender a magnitude disso. Discorremos várias vezes acerca dos nossos sofrimentos que agradam a Deus, e por mais que não queiramos estar em meio a pessoas que nos desprezam — O ego surge aqui, mais uma vez — devemos ter em mente que Jesus nos deu várias missões e aparatos suficientes para cumpri- las. Deus nos fez luz e sal e como os tais devemos desempenhar nosso papel. Irradie o brilho e o sabor do Espírito Santo por onde você passar. Faça as pessoas desejarem a amizade dEle, também! SOMOS APENAS INSTRUMENTOS “Eu plantei; Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. De modo que, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.” (I Co 3.6-7) No momento passado, compreendemos nossa função como sal da terra e luz do mundo. Hoje, retornaremos a falar sobre frutos e recompensas. No meio da caminhadaé comum pensarmos que, por fazer muito — nada mais do que nossa obrigação, é bom deixarmos claro —, somos os responsáveis pela frutificação e sucesso posteriores. No entanto, constantemente Deus usa meios para nos fazer voltar — ou para nos fazer ir — ao propósito. Existe uma escola a qual chamamos carinhosamente de “A escola de Deus”, onde seu povo é preparado, forjado, posto em ensinamentos e provas a fim de receber a aprovação para determinada obra ou propósito que o próprio Senhor tem em relação aos seus filhos. Vejamos Arão, por exemplo, que durante bastante tempo trabalhou ao lado daquele que foi escolhido para intermediar a libertação do povo de Israel, Moisés. Em alguns momentos Deus usou o caráter mais comunicativo de Arão para falar ao seu povo e também a faraó (Ex 7.1–2). Com Arão aprendemos preciosas lições: Deus nos usa como instrumentos e é nessa escola dEle que somos afinados e preparados para cumprir seus planos! Arão fazia o papel de intermediário entre Moisés que recebia as ordens diretamente de Deus, e faraó. Em Êxodo 28, no entanto, Arão passa a intermediar a relação de Deus com o povo, recebendo então um ministério magnífico de sacerdote. Talvez, neste momento, você esteja passando pela escola de Deus e não está compreendendo o processo. Saiba que o Senhor tem preparado para nós, seus filhos, bênçãos grandiosas as quais olho humano nenhum viu, ouvido nenhum ouviu e nem chegou ao coração do homem (1 Co 2.9), e na escola dEle conseguimos compreender coisas que longe dela seriam inalcançáveis para nós. Arão entendia que ele era apenas um instrumento nas mãos de Deus, e talvez sem o aprendizado anterior isso não seria possível. Através da escola, ele aprendeu a enfrentar situações medonhas. Como um simples escravo falaria à autoridade máxima do Egito com a propriedade com que Arão falou?Certamente não foi fácil para ele, assim como não tem sido fácil para muitos de nós sermos usados como instrumentos por Deus. Assim, entendemos ser um sentimento único estarmos fazendo a vontade de Deus. “Se alguém escreve um grande poema, as pessoas não vão ficar aplaudindo a caneta dizendo — Oh que grande caneta! Eu sou uma caneta nas mãos de Deus”, tal dizer atribuído a Keith Greene ilustra de modo exato nossa intenção ao expor o texto bíblico citado de início. Deixe-nos exemplificar de outra maneira... Pensemos agora em um instrumento musical qualquer: levemos em consideração que sem o devido manuseio por parte do músico, para nada servirá além de embelezar certos ambientes, e isso muito depende também do tipo de objeto a qual nos referimos, uma vez que um pandeiro jamais terá a formosura de um piano ou violino. O que queremos dizer é que sem a intervenção daquele que nos criou, não poderemos ser nada mais do que mera aparência, ainda que estejamos trabalhando e dando “frutos”. Jesus disse que “Pelos frutos conhecereis a árvore” (Mt 7.16), muitas plantas produzem frutos que não possuem qualidade, mas podem produzir em quantidade razoável. Jesus não afirmou que pela quantidade de frutos conheceríamos quem os produz. A Palavra De Deus também diz que todo o que não produzir bom fruto será lançado fora — já explicamos isso aqui, não é? — note que novamente não é mencionada a quantidade, mas a qualidade daquilo que se está produzindo (Mt 3.10; Mt 7.17–20), não bastasse isso, Cristo ainda ordena que esses mesmos frutos sejam permanentes, ou seja, além de serem bons, devem também durar, permanecer (Jo 15.16). De qualquer modo, toda obra que desempenharmos só poderá crescer — e não inchar, deixando bem clara a diferença — se Deus assim o quiser, e assim o fizer. A obra é de Deus e é Ele quem tudo realiza. Sem que tenhamos que trabalhar para isso? Não! Ele mesmo coloca em nossos corações o desejo de trabalhar para a glória dEle. Em Atos dos Apóstolos, é relatado que pouco a pouco Deus acrescentava as almas que havia de ser salvas (Atos 2.47), isto é, nunca veio da vontade de qualquer homem, mas do querer e efetuar do próprio Senhor, dono de tudo e de todos (Fp 2.13). Em outras palavras, se uma pessoa deseja engordar, ela tem dois caminhos: o bom, mas demorado. O ruim, porém imediato. Seguindo a primeira opção, deverá fazer uma dieta balanceada, provavelmente com a ajuda de um nutricionista. Caso opte pelo segundo caminho, poderá comer alimentos gordurosos e que lhe darão ganho rápido de peso. No primeiro caso ela cresce saudavelmente, com longa demora e com custo um tanto elevado. No segundo, incha e o preço é relativamente baixo, porém isso lhe causará dano e, possivelmente, a qualquer filho — pensemos aqui nos frutos — que vier a ter em caso de desenvolvimento de alguma doença. Percebe? Há muitas pessoas e muitas igrejas que pensam estar crescendo, no entanto estão apenas inchando. Quando crescemos é porque estamos agindo de acordo com a vontade de Deus. Devemos saber, portanto, que Deus é o agricultor, nós somos somente sua plantação. Ele é quem faz, nós somos usados segundo o seu propósito. Somos canetas em suas mãos! Oremos ao Senhor para que Ele nos ensine a obedecê-Lo com fidelidade em tudo, especialmente nas qualidades dos frutos que estamos produzindo. Que sejamos instrumentos usados para a manifestação da justiça de Deus. No fim, tudo será pesado na balança: Ele dará a cada um segundo as suas obras, mas o fará sondando todas as intenções (Mt 7.21–23). A questão que resta é: faço para meu ego ser suprido ou desejo verdadeiramente glorificar ao Senhor? A resposta sincera pode dar um novo rumo às nossas vidas e ao nosso relacionamento com Deus. SENDO CANETA “Semearam trigo, mas segaram espinhos; cansaram-se, mas de nada se aproveitaram; haveis de ser envergonhados das vossas colheitas, por causa do ardor da ira do Senhor.” (Jr 12.13) Depois do que foi dito até aqui, outra dúvida pode ter surgido: por que farei isso? E quase sempre a resposta vem em seguida: Deus é bondoso e não poderá me castigar por não fazer sua vontade. Além disso, não vejo consequência grave alguma. Jesus já fez tudo. Pois bem, nas próximas linhas discutiremos sobre esse assunto. Jeremias, profeta escolhido desde muito novo pelo Senhor, foi usado para profetizar num contexto bem difícil sobre o qual já falamos ao longo deste livro (Jr 1). Israel estava voltada para a idolatria e práticas que eram abomináveis aos olhos de Deus, incluímos nisso os sacrifícios de crianças ao deus Moloque, um deus pagão. Jeremias é conhecido como profeta chorão, pois ele anunciou acontecimentos terríveis que sobreviriam a Israel, e muito se lamentou por isso. Ele predisse a derrubada e destruição de Jerusalém, e pela “boca” do próprio Deus ouviu a proibição de que não poderia orar a esse respeito, pois Deus não o atenderia (Jr 7.16). Era chegado o tempo da primeira parte da ira do Senhor se fazer revelada. Neste versículo em especial, Deus enfatiza o fato de o povo ter plantado uma semente e ter colhido frutos diferentes. Para a nação seu cultivo era bom, assim como para nós, nossas ações também são. Os israelitas adoravam outros deuses, faziam para si imagens de pau e pedra e sacrificavam suas crianças. Em suma, prostituíam-se com as nações vizinhas. Porém, aos olhos deles, isso era bom e favorável, até porque “Deus só quer o nosso coração”, não é? Veja o modo tão tremendo como Deus estava vendo Seu povo escolhido: Ele mesmo o assemelha a uma jumenta selvagem, cujos machos não precisam nem procurá-la, uma vez que ela própria vai ao encontro deles (Jr 2.24). Oh, amados, que palavra horrenda! O povo de Deus estava desperdiçando o manancial de águas vivas para se deleitar nas fontes secas do deserto, cavou para si cisternas rotas que não retêm água (Jr 2.13). Isso não nos parece tão atual? Frequentemente vemos pessoas tão iludidas com os prazeres momentâneos que este mundo oferece. A idolatria não é só às imagens, mas às pessoas, dinheiro, fama, festas. Estão desprezando, todos os dias, o manancial de águas vivas, a única fonte capaz de matar toda a sede; A única fonte capaz de nos dar
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