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Clínica médica Bruna Marques Dadona Monitorização Hemodinâmica 1. Monitorização hemodinâmica - O conhecimento da monitorização hemodinâmica básica é obrigação de todo intensivista. - Métodos básicos X Métodos avançados. - É preciso entender a fisiologia e a fisiopatologia. - A monitorização hemodinâmica isolada não muda o prognóstico do paciente. - O principal objetivo da monitorização hemodinâmica é avaliar a condição cardiovascular do paciente grave. - Permite identificar condições que possam comprometer a oferta tecidual de oxigênio. - As alterações identificadas durante o processo de monitorização hemodinâmica podem ser decorrentes da evolução da própria doença. - Acompanhar a resposta às medidas terapêuticas instituídas. 2. Componentes da monitorização hemodinâmica básica - Anamnese e exame físico: - A anamnese e dados do prontuário são muito importantes para auxiliar a interpretação da condição aguda que o paciente apresenta na Unidade de terapia Intensiva (UTI). - O exame físico geral, ainda que forneça dados bastante inespecíficos e comuns em diversas condições, quando empregado de modo sistematizado e com critério, fornece informações importantes. - É preciso examinar o nosso paciente! - Pressão arterial sistêmica: - Pode ser medida pelo método invasivo, oscilométrico ou auscultatório. - Os métodos oscilométrico ou auscultatório são os mais comumente utilizados em pacientes estáveis hemodinamicamente. - Quanto maior a distância da válvula aórtica, maior a distorção na estimativa da PA (vasos menos calibrosos). - Obs: Oscilométrico é realizado por aparelhos digitais, o invasivo depende do uso de um cateter conectado a um sensor de pressão e a um monitor demonstrando uma medicação constante da PA - Método oscilométrico: sua maior acurácia se deve à maior sensibilidade na detecção de valores mínimos de pressão onde a ausculta é muito limitada. - O cateterismo invasivo na aorta proximal é considerado como padrão ouro e o mais indicado em pacientes com hemodinâmica criticamente alterada ou próximo a condição de choque. - PAS < 90 mmHg ou queda de 30 mmHg por mais de 30 min pode ser indicativo de choque. - Pressão arterial média: - Representa a pressão média de perfusão dos tecidos na periferia durante um ciclo cardíaco completo. - Habitualmente a PAM alvo em condições de choque é em torno de 65mmHg. - Pressão arterial média: - Alterações regionais podem cursar mesmo com valores de PAM considerados normais. - A pressão de perfusão deve ser considerada, pois quanto maior seu valor maior será a massa de tecido oxigenado. → Curva da pressão arterial Clínica médica Bruna Marques Dadona - Índice de choque: - Em condições fisiológicas a elevação da frequência cardíaca é linear à queda da pressão arterial. - Possui um valor diagnóstico superior à medida isolada da PA ou FC na identificação de instabilidade hemodinâmica importante. - Valores elevados do índice de choque ou do índice de choque modificado diagnosticam precocemente a presença de choque hipovolêmico, cardiogênico e séptico. - Perfusão periférica: - Método simples e rápido. - Permite tomada de decisões rápidas. - A ação das catecolaminas, do metabolismo tecidual e a autorregulação determinam a perfusão nos diferentes tecidos. - Sudorese fria é facilmente percebida e tem boa sensibilidade. - Tempo de enchimento capilar tem boa sensibilidade, mas baixa especificidade. - Catecolaminas: livedo, tempo de enchimento capilar e sudorese. - O desaparecimento do livedo relaciona-se com melhora da pressão arterial e do débito cardíaco, mas não tem relação com a oxigenação tecidual. - Obs: Catecolaminas desviam o sangue das periferias para região central Livedo: Paciente ficando roxo - Pulso, temperatura e frequência respiratória: - O aumento do metabolismo promove elevação da temperatura, da frequência de pulso e da frequência respiratória de maneira linear. - Em adultos, a elevação de 1 grau Celsius associa-se com o aumento da frequência de pulso de 8-10 bpm e da frequência respiratória de 3-5 ipm, independente do estado hemodinâmico. - A medida da temperatura central é bastante adequada. - A temperatura central guarda relação direta com a taxa metabólica enquanto que a temperatura periférica com a vasoconstrição. - Gradiente de temperatura: temperatura central - temperatura periférica > 7 graus Celsius denota vasoconstrição e hipoperfusão cutânea, o que pode espelhar hipofluxo sanguíneo em outros órgãos. - Pressão venosa central: - É determinada pela soma dos seguintes fatores: volemia, retorno venoso, função cardíaca e resistência vascular pulmonar. - Elevação da PVC pode estar relacionada com a presença de estase jugular, porém não existe relação linear. - Pressão de perfusão sistêmica: PAM – PVCmédia. - Cateter da artéria pulmonar: - Começou a ser utilizado no paciente crítico em 1970. - É um cateter radiopaco e flexível com 11Ocm de comprimento que apresenta um pequeno balão inflável na ponta, um termistor localizado a 4 cm do balão e quatro vias. - Via proximal: medida da pressão do átrio direito. - Via distal: medida da pressão da artéria pulmonar e pressão de oclusão da artéria pulmonar. - Via para inflar o balão. Clínica médica Bruna Marques Dadona - Via ligada ao termistor para medir o débito cardíaco por termodiluição. - Cateter de Swan-Ganz – parâmetros hemodinâmicos: - PVC - Pressão na artéria pulmonar - Pressão de oclusão da artéria pulmonar - Débito cardíaco - Cálculo da resistência vascular sistêmica - Cálculo da resistência vascular pulmonar - Calculo do trabalho sistólico dos ventrículos direito e esquerdo. - Obs: Cateter impactam em um ramo da artéria pulmonar - Pressão de oclusão da artéria pulmonar (POAP): - Marcador indireto da pressão do átrio esquerdo, pressão diastólica do ventrículo esquerdo e volume diastólico final do ventrículo esquerdo. - Geralmente a POAP diminuída está relacionada à desidratação intravascular – hipovolemia. - POAP pode ser decorrente de disfunção do ventrículo esquerdo. - Cuidado na interpretação dos valores! -Débito cardíaco: - Utiliza o método de termodiluição. - Injeta-se líquido com temperatura conhecida na via proximal. - Ocorre alteração de temperatura que é detectada pelo termistor localizado a 4 cm da sua extremidade distal. - É traçada uma curva de termodiluição que permite o cálculo do débito cardíaco. - As medidas das pressões e do débito cardíaco fornecem informações para cálculo indireto da resistência vascular periférica e pulmonar. - Parâmetros oximétricos: - O cateter permite a coleta de amostra de sangue da artéria pulmonar. - Saturação venosa mista de oxigênio (SvO2 ) - Quando a SvO2 < 65% isso reflete extração aumentada de oxigênio pelos tecidos, o que pode ser decorrente da diminuição do debito cardíaco ou do conteúdo arterial de oxigênio. Clínica médica Bruna Marques Dadona 3. Swan-Ganz 4. Monitorização invasiva Cateter de Swan-Ganz - Complicações: - Acidentes decorrentes do implante do cateter como lesão vascular, pneumotórax, hemorragias, arritmias. - Infecção. 5. Componentes da monitorização hemodinâmica básica - Oximetria de pulso: - O valor da saturação arterial de oxigênio (SatO2 ) espelha o conteúdo arterial de oxigênio. - SatO2 > 90% reflete apenas que a troca gasosa está adequada. - A falência circulatória importante reflete o comprometimento da saturação da hemoglobina pelo oxigênio. Clínica médica Bruna Marques Dadona - Obs: Toda vezque há uma falência circulatória importante há reflexo na concentração e distribuição de hemoglobina - Diurese: - A oligúria é resultante da hipovolemia e/ou hipotensão. - É uma medida protetora. - O fluxo urinário depende da macro-hemodinâmica e da função do rim. - Nem sempre a queda da função renal é decorrente da hipovolemia, e sim da resposta inflamatória sistêmica. - A manutenção da diurese auxilia na manutenção do balanço hídrico, mas não melhora o prognóstico na insuficiência renal aguda. - Portanto o uso de diuréticos se justifica apenas para manter o balanço hídrico adequado. - Obs: o diurético de escolha é a Furosemida - Lactato: - Hiperlactatemia resultante do metabolismo anaeróbio ou aeróbio. - Lactato elevado está associado a maior mortalidade. - Lactato elevado gera suspeita de choque oculto. - A rapidez do clareamento do lactato é indicador prognóstico. - Idealmente deve ser dosado em sangue arterial. 6. Componentes da monitorização hemodinâmica - Ecocardiografia - Método não invasivo, intermitente que pode ser feito à beira-leito e é dependente do executor. - Também pode ser diagnóstico. - A integral velocidade tempo (VTI) permite a avaliação do volume sistólico, e identifica pacientes fluidorresponsivos durante o passive leg raising. - Variação do diâmetro da veia cava inferior. - A avaliação da contratilidade de ambos os ventrículos pode ser feita por analise subjetiva da movimentação e espessamento das paredes e pela medida da fração e ejeção (FE). - As pressões de enchimento e a função diastólica do VE também podem ser estimadas pelo Doppler, avaliando o fluxo transmitral - Ondas (E) e (A). - A relação dos diâmetros diastólicos finais (VD/VE) aumentadas sugerem sobrecarga do VD (0,6 a 1,0 = moderada e > 1,0 = grave). 7. Monitorização hemodinâmica Bioimpedância - Bioimpedância: - Método não invasivo de monitorização hemodinâmica em tempo real. - Eletrodos sobre o tórax e pescoço do paciente emitem uma corrente elétrica de baixa amplitude e alta frequência que atravessa o tórax e são captados por um segundo eletrodo, após um intervalo de tempo (deslocamento de fase), o qual é proporcional ao volume sistólico (relacionado com a variação do fluxo sanguíneo intratorácico em cada ciclo cardíaco). 8. Monitorização hemodinâmica funcional - Avaliação dos parâmetros cardiovasculares mediante condutas adotadas que modificam variáveis fisiológicas. - Administração de fluídos: - Melhorar a perfusão tecidual e a oferta de oxigênio. - Aumenta o retorno venoso, e consequentemente, o débito cardíaco. → ATENÇÃO: o excesso de líquidos pode ser deletério - Insuficiência cardíaca - Edema pulmonar - Problemas com a cicatrização Clínica médica Bruna Marques Dadona - Maior tempo de internação - Maior mortalidade - Ocorre variação dos volumes ventriculares durante os movimentos respiratórios. - Inspiração: aumenta o volume sistólico do ventrículo esquerdo e diminui do ventrículo direito. - Pacientes com hipovolemia apresentam maior comprometimento do volume sistólico do VE. - Devido a esse comportamento fisiológico é possível utilizar o ΔPP (variação da pressão de pulso). - ΔPP≥13% é indicativo que o paciente pode responder à reposição de volume. - ΔPP: variação da pressão de pulso. - Elevação passiva das pernas. - Durante a manobra cerca de 300 mL de sangue são deslocados para a circulação central. - Quando o débito cardíaco aumenta mais que 10% considera-se que o paciente é responsivo a volume. - Obs: Mede-se o débito cardíaco antes de elevar os membros → Eleva os membros, espera 1 minuto e mede novamente o debito cardíaco Faz reposição com cristaloide sempre
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