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Hormônios do córtex adrenal Glicocorticoides e mineralocorticoides Os glicocorticoides são secretados pelas glândulas adrenais (ou suprarrenais) A glândula adrenal possui duas partes – uma é o córtex adrenal (região periférica) e outra é a medula adrenal (região central) Hormônios da medula adrenal Fazem a mediação dos efeitos do sistema nervoso autônomo simpático por todo o corpo Adrenalina (epinefrina) – 80% da secreção Noradrenalina (norepinefrina) – 20% da secreção São as catecolaminas Córtex adrenal Divido em três camadas Glomerulosa (mais externa) – produtora de mineralocorticoides – ocupa 15% do córtex Fasciculada (intermediária) – produtora de glicocorticoides – ocupa 75% do córtex Reticular (mais interna) – produtora de androgênios – ocupa 10% do córtex Mineralocorticoides Produzidos pela camada granulosa (mais externa) do córtex adrenal – glomerulosa São hormônios que atuam sobre o metabolismo dos minerais (particularmente Na e K) Aldosterona – principal mineralocorticoide endógeno (natural) Glicocorticoides São hormônios que atuam sobre o metabolismo de acúcares, lipídeos, aminoácidos/proteínas – e, também, possuem importante efeito anti-inflamatório Produzidos na camada intermediária do córtex adrenal (fasciculada) Cortisol – principal glicocorticoide endógeno no homem e em alguns mamíferos O cortisol estimula a glicemia uma hora antes de despertarmos para conseguirmos acordar – ritmo circadiano Androgênios Os androgênios são hormônios produzidos na camada mais interna do córtex adrenal (camada reticular) São hormônios que possuem efeitos semelhantes à testosterona Possuem pouco efeito masculinizantes – exceto quando secretados em grandes quantidades Química dos corticoides Produzidos a partir do colesterol – são hormônios esteroides 80% do colesterol é proveniente do LDL e 20% é sintetizado novo na própria glândula Cada camada do córtex possui grupos de enzimas distintas, com atividades diferentes em cada camada, o que resulta na biossíntese de esteroides específicos em cada uma – enzimas diferentes, com atividades diferentes, em camadas diferentes, geram hormônios diferentes A primeira reação converte colesterol em pregnenolona – etapa comum na produção de todos os corticoides Transporte e metabolismo dos corticoides A maior parte do cortisol (90-95%) se liga às proteínas plasmáticas – em particular, à globulina ligadora de corticoesteroide (ou transcortina) – a aldosterona se liga com menor afinidade Meia-vida do cortisol é de 60-90 minutos // meia-vida da aldosterona é de 20 minutos Os corticoides sofrem metabolização hepática – no fígado, ocorre degradação e inativação, em que 25% é excretado na bile e 75% excretados na urina Regulação dos hormônios adrenocorticais Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal · O hipotálamo libera CRH, que estimula a secreção de ACTH pela hipófise · A hipófise libera ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) · O ACTH estimula a secreção de cortisol na camada fasciculada (intermediária) do córtex adrenal · O ACTH promove o crescimento da glândula adrenal (efeito trófico) · E o ACTH suprarregula seu próprio receptor – torna a adrenal mais sensível ao ACTH Retroalimentação (feedback) negativa pelo cortisol · à medida que aumenta a concentração de cortisol no sangue, diminui a concentração de CRH e de ACTH – pois não é mais necessário estimular a secreção Secreção de aldosterona · sofre pouca influência do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal · depende das concentrações de potássio no sangue · a hipercalemia (aumento de potássio no sangue) estimula a secreção de aldosterona – para aumentar a excreção de potássio · A hipocalemia (diminuição de potássio no sangue) diminui a secreção da aldosterona – não precisa aumentar a excreção de potássio · Depende da atividade da angiotensina II – a ATII estimula a produção e secreção de aldosterona Efeito dos mineralocorticoides (aldosterona) Aldosterona: 90% da atividade mineralocorticoide Aumento da reabsorção renal de Na+ (retenção de Na+) – possui pouco efeito na natremia – a reabsorção de H2O acompanha a de sódio Aumenta a secreção renal de K+ e a eliminação de K+. Por isso, a aldosterona aumenta quando o potássio aumenta O cortisol pode exibir efeito mineralocorticoide – ele diminui a atividade mineralocorticoide Aumento da concentração de cortisol – mais de duas mil vezes à da testosterona Nos rins, a enzima 11b-HSD2 converte cortisol em cortisona – não se liga bem aos receptores mineralocorticoides Deficiência da 11B-HSD2 = síndrome do excesso aparente de mineralocorticoide (AME) – hipocalemia a despeito de níveis normais de aldosterona Efeito dos glicocorticoides (cortisol) Se ligam a receptores de glicocorticoides (GR) citoplasmáticos Ativação do receptor o move para o núcleo Interação entre o receptor ativado e as regiões promotoras de genes Aumento da transcrição - ocorre síntese de proteínas e efeitos celulares Os glicocorticoides são essenciais para a resposta ao estresse Efeito anti-inflamatório dos glicocorticoides · Aumento da produção de lipocortina (inibidora da fosfolipase A2) · Inibe a produção de interleucina e a proliferação de linfócitos T · Inibe a produção de histamina e serotonina nos mastócitos e plaquetas – são eles que causam reação alérgica e inflamação · Os tecidos reagem à agressão sofrida por meio da inflamação · A inflamação pode ser mais lesiva ao tecido do que a própria agressão inicial Efeitos metabólicos · Aumento da gliconeogênese – formação de novas moléculas de glicose · Aumento do catabolismo proteico e da lipólise – quebra de proteína e de lipídeos · Diminuição da utilização de glicose pelas células – resistência à insulina · Diminui a produção de glicogênio hepático · Diminui a expressão de GLUT-4 e a utilização de glicose pelos músculos · Aumento da concentração de aminoácidos no sangue – devido ao catabolismo proteico · Diminui a captação extra-hepática dos aminoácidos · Aumenta os ácidos graxos livres no plasma – porque quebra lipídeos · O excesso de cortisol pode promover o acúmulo de gordura no tórax e na cabeça – mecanismos não compreendidos · Imunossupressão – inibe a produção de IL-2 e da proliferação de Linfócitos T – utilizados para reduzir a rejeição a transplantes ou tratamento de doenças imunomediadas · Manutenção da reatividade vascular – os glicocorticoides mantêm a responsividade vascular às catecolaminas – suprarregula os receptores alfa1 nas arteríolas · correlações clínicas – hipertensão no excesso de cortisol e hipotensão em sua deficiência · aplicação de hidrocortisona em pacientes com choque séptico refratário às catecolaminas Fisiopatologia do córtex adrenal Hipoadrenocorticismo (doença de Addison) Ocasionado por insuficiência adrenal - baixa produção e secreção de glicocorticoides e mineralocorticoides – camadas glomerulosa e fasciculada Atrofia ou lesão do córtex adrenal – falha na produção de ACTH hipofisário (hipoadreno secundário) Adrenalectomia (retirada da glândula) – hipoadrenocorticismo primário, em que o ACTH hipofisário é normal ou mais alto Consequências da deficiência de mineralocorticoides · hipercalemia – arritmias cardíacas importantes pelo excesso de K+ - sem mineralocorticoide na quantidade correta, não ocorre secreção e eliminação de potássio. Quando o potássio aumenta, a aldosterona aumenta junto para eliminar o excesso. · acidose metabólica · natremia normal ou discretamente reduzida – apesar da aldosterona não possuir tanto efeito na natremia, ela ajuda a aumentar a reabsorção de Na. Então, a queda de aldosterona proporciona discreta redução de Na sanguíneo. · hipovolemia / desidratação · choque circulatório · óbito entre poucos dias e duas semanas de tratamento Consequências da deficiência de glicocorticoides · hipoglicemia – o cortisol estimula a gliconeogênese. Logo, com menos cortisol, há menos síntese de novas moléculas de glicose e maior formação de glicogênio · diminuição da oferta de aminoácidos e ácidosgraxos – prejudica o metabolismo celular global – a falta de cortisol reduz o catabolismo proteico e a lipólise, fazendo com que haja menos aminoácidos e ácidos graxos disponíveis · potencialização da lesão tecidual – mesmo que seja por agressões leves – podem levar ao óbito – menos cortisol significa menos resposta anti-inflamatória, pois não há inibição da histamina e serotonina (agentes inflamatórios), nem de interleucinas e linfócitos T (agentes de ataque) Hiperadrenocorticismo (doença de Cushing) Aumento da produção de glicocorticoides e / ou mineralocorticoides Hipertrofia do córtex adrenal (bilateral) – excesso na produção de ACTH hipofisário (tumores hipofisários) – hiperadrenocorticismo secundário Tumores adrenais – hiperadrenocorticismo primário – aumento uni ou bilateral das adrenais – secreção de ACTH mais baixa Consequência do excesso de glicocorticoides na doença de Cushing · hiperglicemia – pelo aumento da gliconeogênese · diminuição das proteínas celulares (catabolismo em excesso) – gera fraqueza muscular, pele fina e frágil, teleangiectasia, estrias na pele (região abdominal) – pois tudo depende da presença de proteínas, que são quebradas no excesso de cortisol · Imunossupressão – aumento da suscetibilidade a infecções, pois diminui muito a proliferação de interleucinas e linfócitos T, que atacam. Também diminui a lipocortina, que suprime a fosfolipase A2, mecanismo pelo qual ocorre a inibição da inflamação. Não há resposta imune. · Retardo nos processos de cicatrização e reparo tecidual – devido à baixa resposta imune · Osteoporose – diminui a OPG e, consequentemente, aumenta a atividade de osteoclastos · Dislipidemia – aumento de TAG (triglicerídeos) no sangue · Hipertensão arterial · Obesidade central (tórax) e acúmulo de gordura na cabeça – mecanismos não explicados até hoje · O aumento de ACTH promove pigmentação da pele Consequências do excesso de mineralocorticoides (hiperaldosteronismo) · Hipocalemia – se aumenta muito, elimina muito potássio · Alcalose metabólica leve · Hipernatremia discreta – mesmo que não haja muita influência da aldosterona na natremia, ela participa da reabsorção de sódio, então seu aumento promove um discreto aumento da natremia. · Hipertensão arterial · Fraqueza e paralisia muscular – devido à falta de potássio, já não há mais o que sair da célula, fazendo com que não haja potencial de ação. · Diminuição da contratilidade do miocárdio – baixo potássio Hipo e hiperadrenocorticismo iatrogênicos Ocorre devido a tratamento prolongado e com altas doses de glicocorticoides, podendo induzir a a alterações clínicas semelhantes ao hiperadrenocorticismo Após a terapia prolongada com glicocorticoides sintéticos, a súbita remoção do fármaco induz a um quadro de hipoadrenocorticismo O glicocorticoide exerce o mesmo efeito do cortisol sobre o eixo HPA A redução de ACTH (devido à resposta do eixo) causa atrofia do córtex adrenal A retomada da secreção normal de ACTH estimula o córtex adrenal, mas demora de semanas a meses para responder e produzir cortisol novamente Desmame de corticoterapia crônica maior que 14 dias Síndrome androgenital Excesso na produção de androgênios, causando efeitos masculinizantes por todo o corpo
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