Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ana Laura Octávio - TXXII ÓRGÃOS LINFÓIDES INTRODUÇÃO – SISTEMA IMUNITÁRIO - O sistema imunitário defende o organismo contra microrganismos e moléculas estranhas, como as toxinas produzidas por microrganismos invasores. - Ele é constituído, principalmente, por: ✓ Órgãos linfáticos – linfonodos, timo, baço etc. ✓ Células livre/isoladas – linfócitos, granulócitos, células do sistema mononuclear fagocitário etc. ÓRGÃOS LINFÁTICOS – ASPECTOS GERAIS - Os órgãos linfáticos apresentam como principais constituintes os linfócitos. - Eles estão espalhados por todo o corpo, além de se concentrarem no timo, baço, medula óssea hematopoiética, linfonodos e nódulos linfáticos. - Esses nódulos são agregados de tecido linfático, localizados na mucosa do aparelho digestivo, na mucosa do aparelho respiratório e na do aparelho urinário. - O extenso conjunto de tecido linfático das mucosas chama-se MALT (tecido linfoide associado a mucosa – linfócitos distribuídos entre outras células nos tecidos). DIVISÃO DOS ÓRGÃOS LINFÓIDES I) ÓRGÃOS LINFÓIDES CENTRAIS ou PRIMÁRIOS - Todos os linfócitos se originam na medula óssea, mas os linfócitos T completam sua maturação no timo, enquanto os linfócitos B saem da medula já como células maduras. - Por esse motivo, a medula óssea e o timo são chamados órgãos linfáticos centrais. II) ÓRGÃOS LINFÓIDES PERIFÉRICOS ou SECUNDÁRIOS - Baço, linfonodos, nódulos linfáticos isolados, tonsilas, apêndice, placas de Peyer do íleo), órgãos onde os linfócitos proliferam e completam a diferenciação. OBS.: Baço e timo possuem capacidade de aumento clonal (com centro germinativo). Ana Laura Octávio - TXXII TECIDO LINFOIDE - O tecido linfoide é uma forma especializada de tecido conjuntivo (mesma origem mesenquimal e características). - Ele apresenta: ✓ Grande número de linfócitos (B e T). ✓ Macrófagos. ✓ Células reticulares. - Responsáveis pela produção das fibras (fibroblastos modificados). OBS.: O timo é uma exceção. Ele contém células reticulares epiteliais. ✓ Fibras reticulares (colágeno tipo III – mais fino, é impregnado por prata). - As fibras formam uma rede/arcabouço que confere estrutura ao tecido. Os ramos escurecidos indicam as fibras reticulares (colágeno tipo III) Impregnação pela prata. TIPOS DE TECIDO LINFOIDE I) FROUXO - Acúmulos no tecido conjuntivo ou em órgãos linfoides sem limites bem demarcados. - Quando comparado com o denso, apresenta menor quantidade de linfócitos. - Além disso, seus linfócitos estão dispersos. II) DENSO - Acúmulos bem organizados e demarcados. Ana Laura Octávio - TXXII III) NODULAR - Acúmulos esféricos ou ovóides no tecido conjuntivo ou em órgãos linfoides. 1 – Nodular 2 – Denso 3 – Frouxo LINFONODOS - Os linfonodos ou gânglios linfáticos são órgãos encapsulados (revestimento que o limita) constituídos por tecido linfoide. - Aparecem espalhados pelo corpo, sempre no trajeto de vasos linfáticos. - São encontrados na axila, virilha, ao longo dos grandes vasos do pescoço e, em grande quantidade, no tórax e no abdome, especialmente no mesentério. OBS.: O termo popular ``íngua´´ refere-se ao linfonodo aumentado por hiperplasia (aumento no número de células). MORFOLOGIA - Os linfonodos em geral têm a forma de rim/feijão. - Apresentam um lado: ✓ Convexo – local de entrada dos vasos linfáticos (aferentes). ✓ Côncavo com reentrância (hilo) – local pelo qual penetram as artérias nutridoras e saem as veias. - Essa organização de entrada e saída de vasos, permite que o linfonodo exerça um fluxo unidirecional e filtre a linfa, removendo partículas estranhas. - Seu tamanho é muito variável; os menores têm 1 mm de comprimento, e os maiores chegam a 1 a 2 cm. - O parênquima do órgão é sustentado por um arcabouço de células reticulares e fibras reticulares, sintetiza das por essas células. TECIDO LINFOIDE NODULAR Ana Laura Octávio - TXXII ESTRUTURA COMPLETA - A cápsula de tecido conjuntivo denso não modelado que envolve os linfonodos envia trabéculas para o seu interior, dividindo o parênquima em compartimentos/regiões incompletos: I) CORTICAL - Região localizada abaixo da cápsula, faz o contorno do órgão, sendo ausente apenas no hilo. - Constituída por tecido linfoide frouxo. - Apresenta nódulos linfáticos, os quais podem apresentar áreas centrais claras, os centros germinativos (aumento clonal). - Predomínio de linfócitos tipo B. - Presença de plasmócitos, macrófagos, células reticulares e células foliculares dendríticas. - Apresenta os seios subcapsulares e peritrabeculares, que são espaços irregulares delimitados de modo incompleto por células endoteliais. São contínuos e contornam estruturas: ▪ Seio subcapsular – embaixo da cápsula (trânsito entre as células). ▪ Seio peritrabecular – envolvendo/do lado das trabéculas. Além disso, os seios têm um aspecto de esponja e recebem a linfa trazida pelos vasos aferentes, encaminhando-a na direção da medular. O espaço irregular dos seios dos linfonodos é penetrado por prolongamentos das células reticulares e dos macrófagos. II) PARACORTICAL - Presente entre as duas regiões, também pode ser chamada de cortical profunda. - É semelhante a região cortical, porém não possui nódulos linfáticos, somente tecido linfoide nodular. - Predomínio de linfócitos T (área timodependente). OBS.: Pode aumentar de tamanho em casos de necessidade de linfócitos T (ex. íngua). - Presença de vênulas de endotélio alto (epitélio com células cúbicas ou cilíndricas ao invés de pavimentosas). - As vênulas são necessárias pois, nessa região, ocorre saída de linfócitos provenientes da medula/timo para povoar o linfonodo. Vênulas de endotélio alto Ana Laura Octávio - TXXII III) MEDULAR - Ocupa o centro do órgão e seu hilo (``contorna´´ o hilo). - Constituída por cordões medulares, formados principalmente por tecido linfoide denso, linfócitos B, fibras e células reticulares, macrófagos e células endoteliais. - Separando os cordões medulares, encontram-se os seios medulares, histologicamente semelhantes aos outros seios dos linfonodos (subcapsulares e peritrabeculares). Eles recebem a linfa que vem da região cortical e comunicam-se com os vasos linfáticos eferentes, pelos quais a linfa sai do linfonodo. A – Cápsula B – Trabécula C – Seio paratrabecular D – Seio subcapsular Ana Laura Octávio - TXXII REGIÃO MEDULAR Ana Laura Octávio - TXXII TIMO - O timo é um órgão linfoide central/primário, localizado no mediastino superior (atrás do esterno e na altura dos grandes vasos do coração). - É considerado um órgão linfoepitelial, pois sua origem embrionária é dupla: ✓ Esboço epitelial para sustentação. ✓ Células de defesa chegam da medula óssea. - É o local de maturação e proliferação dos linfócitos T. OBS.: Após os 60 anos, o timo apresenta involução (adipócitos substituindo o parênquima do órgão). Involução inicia-se na região cortical. - Não apresenta nódulos. - Não contém vasos linfáticos aferentes e não constitui um filtro para a linfa. Os poucos vasos linfáticos encontrados no timo são todos eferentes e se localizam nas paredes dos vasos sanguíneos e no tecido conjuntivo dos septos e da cápsula do órgão. MORFOLOGIA - O timo é um órgão bilobado: contém dois lobos, envoltos por umacápsula de tecido conjuntivo denso. - A cápsula origina septos, que dividem o parênquima em lóbulos contínuos uns com os outros. CÁPSULA → SEPTOS → LÓBULOS → REGIÃO CORTICAL REGIÃO MEDULAR I) REGIÃO CORTICAL - Porção mais externa. - Presença de células reticulares epiteliais, macrófagos e linfócitos T (predomínio de linfócitos T). REGIÃO CORTICAL REGIÃO MEDULAR Ana Laura Octávio - TXXII - Local de maturação dos linfócitos T (células prontas são encaminhadas para região medular). - Região mais escura que a medular (medular mais clara ``branca´´), cora-se mais fortemente pela hematoxilina, por ter maior concentração de linfócitos. II) REGIÃO MEDULAR - Porcão mais central. - Predomínio de células reticulares epiteliais. - Presença de linfócitos T prontos. - Na medula, encontram-se os corpúsculos de Hassall. CÉLULAS RETICULARES EPITELIAIS - Não produzem fibras reticulares. - Sustentam os linfócitos através de seus prolongamentos citoplasmáticos, os quais estão unidos por desmossomos. - Têm núcleos grandes, cromatina fina (frouxa) e citoplasma com numerosos prolongamentos. - Citoplasma acidófilo. - Endoderma como origem embriológica. - Formam: ✓ Uma camada por dentro do tecido conjuntivo da cápsula e septos. ✓ O retículo da cortical e da medular, onde se multiplicam e diferenciam os linfócitos T. ✓ Uma camada em tomo dos vasos sanguíneos do parênquima tímico. - Constituem os corpúsculos de Hassall, encontrados exclusivamente na medular do timo. Esquema da região cortical Ana Laura Octávio - TXXII CORPÚSCULOS DE HASSALL - Formados por células reticulares epiteliais, organizadas em camadas concêntricas unidas por numerosos desmossomos. - Têm diâmetro de 30 a 150 µm. - Algumas dessas células, principalmente as mais centrais, podem degenerar e morrer, deixando restos celulares que se podem calcificar (depósitos de queratina, áreas de calcificação). - Aumentam de tamanho com o tempo. VASCULARIZAÇÃO DO TIMO - As artérias penetram o timo pela cápsula, ramificam-se e aprofundam-se no órgão, seguindo os septos conjuntivos, onde originam arteríolas que penetram o parênquima, seguindo os limites entre a cortical e a medular. - Essas arteríolas formam capilares que entram na cortical, ramificam-se e se anastomosam. Depois descrevem um arco, dirigindo-se para a medular, onde desembocam em vênulas. - As vênulas da medular confluem para formar veias que penetram os septos conjuntivos e saem do timo pela cápsula do órgão. - A medular recebe outros capilares diretamente das arteríolas do limite corticomedular. OBS.: Os capilares do timo contêm endotélio sem poros e lâmina basal muito espessa. BARREIRA HEMATOTÍMICA - Só existe na região cortical, pois é lá que os linfócitos T encontram-se em maturação. - Ela dificulta que os antígenos contidos no sangue penetrem a camada cortical (onde se estão originando linfócitos T). - Lâmina basal dupla: uma contínua envolvendo os capilares e outra formada por células reticulares epiteliais. - Macrófagos próximos a essa região para auxiliar (medida de segurança). Ana Laura Octávio - TXXII BAÇO - Maior acúmulo de tecido linfoide do organismo - Único órgão linfoide interposto na circulação sanguínea. - Principais funções: ✓ Órgão de defesa contra microrganismos que penetram o sangue circulante. OBS.: Por sua localização na corrente sanguínea, o baço responde com rapidez aos antígenos que invadem o sangue, sendo um importante filtro fagocitário e imunológico para o sangue e grande produtor de anticorpos. ✓ Principal órgão destruidor de eritrócitos desgastados pelo uso (hemocaterese – diâmetro dos capilares do baço é inferior ao diâmetro das hemácias. Assim, a hemácia velha lisa ao tentar passar). MORFOLOGIA - O baço contém uma cápsula de tecido conjuntivo denso, a qual emite trabéculas que dividem o parênquima/polpa esplênica em compartimentos incompletos. - As trabéculas de tecido conjuntivo denso estruturam o órgão. OBS.: Podem aparecer células musculares lisas na cápsula, as quais auxiliam na contração para expulsão do sangue. - A superfície medial do baço apresenta um hilo, onde a cápsula mostra maior número de trabéculas, pelas quais penetram nervos e artérias. Saem pelo hilo as veias originadas no parênquima e vasos linfáticos originados nas trabéculas, uma vez que, no ser humano, a polpa esplênica não contém vasos linfáticos. PARÊNQUIMA ou POLPA ESPLÊNICA - Possui macrófagos, células linfáticas e outras células (dendríticas, hemácias etc.) em menor proporção. - Presença de tipos de tecido linfoide, predominando tecido linfoide nodular. - É dividido em duas polpas: branca e vermelha. I) POLPA BRANCA - Em comparação com a polpa vermelha, apresenta menor volume de sangue. - Predomínio de linfócitos T. - Presença de nódulos linfáticos (pontos esbranquiçados). OBS.: Sempre serão observadas artérias cruzando os nódulos. Ana Laura Octávio - TXXII - Produz linfócitos, que migram para a polpa vermelha e alcançam o lúmen dos sinusoides, incorporando-se ao sangue já contido. - Presença da artéria central (artéria que sai das trabéculas) revestida pela bainha periarteriolar. OBS.: A bainha periarteriolar sofre espessamentos. Nessas regiões há predomínio de linfócitos B. II) POLPA VERMELHA - Presente entre os nódulos, é rica em sangue. - Formada por estruturas alongadas, os cordões de Billroth, entre os quais se situam os sinusoides ou seios esplênicos. - Os cordões de Billroth são constituídos por uma rede frouxa de células reticulares e fibras reticulares (colágeno tipo III) que contêm outras células, como macrófagos, linfócitos B e T, plasmócitos, monócitos, leucócitos, granulócitos, além de plaquetas e eritrócitos. Cordões de Bilrolth Ana Laura Octávio - TXXII CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA - A artéria esplênica divide-se ao penetrar o hilo, originando ramos que seguem as trabéculas conjuntivas (artérias trabeculares). - Ao deixarem as trabéculas para penetrarem o parênquima, as artérias são imediatamente envolvidas por uma bainha de linfócitos, chamada de bainha linfática periarterial. Esses vasos são chamados de artérias centrais ou artérias da polpa branca. - Ao longo de seu trajeto na bainha linfocitária, a artéria sofre espessamentos, diversas vezes, formando nódulos linfáticos, nos quais o vaso (agora uma arteríola) ocupa posição excêntrica. - Durante seu trajeto na polpa branca, a arteríola origina numerosos ramos, que irão irrigar o tecido linfático que a envolve. - Depois de deixar a polpa branca, as arteríolas se subdividem, formando as arteríolas peniciladas. - As peniciladas levam o sangue para o sinusoides ou seios da polpa vermelha, situados entre os cordões de Billroth. OBS.: As evidências disponíveis atualmente favorecem a interpretação de que, na espécie humana, a circulação do baço é aberta. Ou seja, o sangue das peniciladas não vão diretamente para os sinusoides. - Dos sinusoides o sangue passa para as veias da polpa vermelha, que se reúnem umas às outras e penetram as trabéculas, formando as veias trabeculares. Estas dão origem à veia esplênica, que sai pelo hilo do baço. OBS.: As veias trabeculares não têm paredes próprias, isto é, suas paredes são formadas pelo tecido das trabéculas. Elas podem ser consideradas como canais escavados no conjuntivo trabecular e revestidos internamente por endotélio. Ana Laura Octávio - TXXII TONSILA - Antigas amidalas. - São órgãos constituídos por aglomerados de tecido linfático, incompletamente encapsulados,colocados abaixo e em contato com o epitélio de revestimento das porções iniciais do trato digestivo. - Estão localizadas em posição estratégica para defender o organismo contra antígenos transportados pelo ar e pelos alimentos, iniciando uma resposta imunitária. - São órgãos produtores de linfócitos, que podem infiltrar o epitélio. - Apresentam nódulos linfoides muito grandes. - Cada tonsila palatina tem 10 a 20 invaginações/reentrâncias epiteliais que penetram profundamente o parênquima, formando as criptas. As criptas contêm células epiteliais descamadas, linfócitos vivos e mortos e bactérias, podendo aparecer como pontos purulentos nas tonsilites (amidalites).
Compartilhar