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FERIDAS Curso de Enfermagem para Residência Anatomia da Pele A pele é constituída por três camadas: a epiderme, derme e tecido subcutâneo Epiderme: composta por 5 camadas distintas ● Camada Basal (estrato germinativo) ● Camada Espinhosa ● Camada Granulosa ● Camada Lúcida ● Camada Córneoa Derme, constitui a maior parcela da pele, sendo divida em duas camadas: papilar e reticular. Tela Subcutânea: Gordura, Tecido conjuntivo Tipos de Cicatrização 1ª Intenção: tipo de cicatrização que ocorre em feridas cirúrgicas, feita de maneira asséptica, com o mínimo de destruição tecidual e devidamente fechadas com as duas bordas em junção . O tecido de granulação não é visível 2ª Intenção: perda tecidual que inviabiliza a junção das bordas teciduais, ou seja, a aproximação primária das bordas não é possível. Pode ter a presença ou não de infecção. 3º intenção: realizado um curativo cirúrgico em que houve deiscência, e a aproximação das margens da ferida ocorre após o tratamento aberto inicial. O processo de cicatrização de feridas consiste em uma série de estágios altamentecomplexos, interdependentes e sobrepostos. 1) Fase Inflamatória: Inicia-se no momento da lesão e a resposta inflamatória dura cerca de três dias. O sangue traz consigo plaquetas, hemácias e fibrina, os quais formam um coágulo que serve de barreira impermeabilizante contra contaminação. A lesão tecidual acarreta liberação local de histamina, serotonina e bradicinina com consequente vasodilatação, causando os sinais flogísticos de calor e rubor. A permeabilidade vascular aumentada propicia a exsudação plasmática e a passagem de elementos celulares, dentre eles, os neutrófilos e monócitos, os quais são os primeiros a chegarem ao sítio da lesão. Estas células tem importante papel de desbridamento, isto é, realizam a fagocitose de debris celulares, partículas antigênicas e corpos estranhos 2) Fase Proliferativa: 3 a 24 dias ➔ Neo-angiogênese: é o processo de formação de novos vasos sanguíneos para a manutenção da cicatrização da ferida. ➔ Fibroplasia: as células mesenquimais quiescentes são atraídas para o local inflamatório e são transformadas em fibroblastos. Estas células tem por função primordial a síntese de colágeno, uma proteína de alto peso molecular responsável pela força tênsil da cicatriz. ➔ Epitelização: as células epiteliais migram, a partir das bordas, sobre a área cruenta, da ferida e dos folículos pilosos próximos, induzindo a contração e a neoepitelização da ferida e, assim, reduzindo a sua superfície. 3) Fase de Maturação (remodelação) Essa fase a ferida sobre um processo de contração, reduzindo a quantidade e tamanho da cicatriz desordenada e a remodelação da ferida tem início durante a 3ª semana e caracteriza-se por um aumento da resistência, sem aumento na quantidade de colágeno. Há um equilíbrio de produção e destruição das fibras de colágeno neste período, por ação da colagenase. Lesão Por Pressão Conceito: Áreas de ulceração na pele e tecidos moles provocadas por isquemia tecidual decorrente de pressão externa prolongada. As lesões por pressão são causadas por uma combinação de fatores, tanto externos como internos ao paciente. Fatores Externos há três fatores externos que podem causar úlceras de decúbito, seja isoladamente ou combinados: Pressão, Cisalhamento e fricção. 1) Pressão: o fator mais importante. Quando o tecido mole do corpo é comprimido entre uma saliência óssea e uma superfície dura, causando pressões maiores que a pressão capilar, ocorre a isquemia localizada. A resposta normal do corpo a essa pressão é mudar de posição, para que a pressão seja redistribuída. Quando a pressão é aliviada, surge uma área vermelha sobre a saliência óssea. Isso se chama hiperemia reativa é o resultado do aumento temporário do fornecimento de sangue para aquela área, removendo dejetos tóxicos e trazendo oxigênio e nutrientes. Se a pressão persistir sem alívio pôr longo período de tempo, segue-se a necrose do tecido. A pressão prolongada causa distorção dos tecidos moles e resulta na destruição do tecido próximo ao osso. Cria-se uma úlcera crônica, com a parte mais longa do cone perto do osso e a mais estreita na superfície do corpo. 2) Cisalhamento: O cisalhamento ocorre quando o paciente desliza na cama, o esqueleto e os tecidos mais próximos se movimentam, mas a pele das nádegas permanece imóvel. 3) Fricção ocorre quando as superfícies são esfregadas uma na outra. A causa mais comum é "arrastar” o paciente no leito, em vez de levantá-lo. Isso remove as camadas superiores de células epiteliais. Estagiamento Lesão por Pressão Estágio 1: Pele íntegra com eritema que não embranquece Pele íntegra com área localizada de eritema que não embranquece e que pode parecer diferente em pele de cor escura. Presença de eritema que embranquece ou mudanças na sensibilidade, temperatura ou consistência (endurecimento) podem preceder as mudanças visuais. Mudanças na cor não incluem descoloração púrpura ou castanha; essas podem indicar dano tissular profundo. Lesão por Pressão Estágio 2: Perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme Perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme. O leito da ferida é viável, de coloração rosa ou vermelha, úmido e pode também apresentar-se como uma bolha intacta (preenchida com exsudato seroso) ou rompida. O tecido adiposo e tecidos profundos não são visíveis. Tecido de granulação, esfacelo e escara não estão presentes. Essas lesões geralmente resultam de microclima inadequado e cisalhamento da pele na região da pélvis e no calcâneo. Esse estágio não deve ser usado para descrever as lesões de pele associadas à umidade, incluindo a dermatite associada à incontinência (DAI), a dermatite intertriginosa, a lesão de pele associada a adesivos médicos ou as feridas traumáticas (lesões por fricção, queimaduras, abrasões). Lesão por Pressão Estágio 3: Perda da pele em sua espessura total Perda da pele em sua espessura total na qual a gordura é visível e, frequentemente, tecido de granulação e epíbole (lesão com bordas enroladas) estão presentes. Esfacelo e /ou escara pode estar visível. A profundidade do dano tissular varia conforme a localização anatômica; áreas com adiposidade significativa podem desenvolver lesões profundas. Podem ocorrer descolamento e túneis. Não há exposição de fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem e/ou osso. Quando o esfacelo ou escara prejudica a identificação da extensão da perda tissular, deve-se classificá-la como Lesão por Pressão Não Classificável. Lesão por pressão Estágio 4: Perda da pele em sua espessura total e perda tissular Perda da pele em sua espessura total e perda tissular com exposição ou palpação direta da fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem ou osso. Esfacelo e /ou escara pode estar visível. Epíbole (lesão com bordas enroladas), descolamento e/ou túneis ocorrem frequentemente. A profundidade varia conforme a localização anatômica. Quando o esfacelo ou escara prejudica a identificação da extensão da perda tissular, deve-se classificá-la como Lesão por Pressão Não Classificável. Lesão por Pressão Não Classificável: Perda da pele em sua espessura total e perda tissular não visível. Perda da pele em sua espessura total e perda tissular na qual a extensão do dano não pode ser confirmada porque está encoberta pelo esfacelo ou escara. Ao ser removido (esfacelo ou escara), Lesão por Pressão em Estágio 3 ou Estágio 4 ficará aparente. Escara estável (isto é, seca, aderente, sem eritema ou flutuação) em membro isquêmico ou no calcâneo não deve ser removida. Existem vários instrumentos para avaliação de pacientes que estão em risco de desenvolvimento de UP, dentre elas : Escala de Norton - primeira escala relatada na literatura. Marca cinco fatores de risco: condição física, condição mental, atividade, mobilidade e incontinência. A pontuação total varia de 5 a 20; uma baixa pontuação indica um risco mais alto de desenvolvimento de UP. Escala de Braden - composta por seis subescalas: percepção sensorial, umidade,atividade, mobilidade, nutrição, fricção e atrito. A pontuação total varia de 6 a 23, uma pontuação mais baixa indica um risco mais alto de desenvolvimento de UP. COBERTURAS Considera-se cobertura todo material, substância ou produto que se aplica sobre uma ferida, formando uma barreira física, com capacidade de proteção e regeneração celular. Critérios para uma cobertura eficaz: - Ser impermeável à água, a outros fluídos e a bactérias - Permitir as trocas gasosas - Ser de fácil aplicação e remoção sem traumas - Auxiliar na hemostasia - Promover desbridamento e um ambiente úmido - Absorção e remover excesso de exsudato - Tratar as cavidades existentes na úlcera - Aliviar a dor - Proteger a úlcera contra térmicos mecánicos - Fornecer isolamento térmico - Proporcionar condições favoráveis às atividades da vida diária do paciente Ácido Graxo Essencial Promove a quimiotaxia e a angiogênese, mantém o meio úmido e acelera o processo de granulação tecidual. A aplicação em pele íntegra tem grande absorção, forma uma película protetora na pele, previne escoriações devido à alta capacidade de hidratação e proporciona nutrição celular local. Indicado para pele íntegra, leito de feridas sem tecido desvitalizado, que precisam aumentar a granulação e estimular a epitelização. Filme Transparente Semi-Permeável Protege a pele, prevenindo as úlceras por pressão, feridas cirúrgicas sem complicações e áreas doadoras de enxerto. Atua na redução da dor, mantém o meio úmido e promove a cicatrização. Contra-indicada para feridas exsudativas ou infectadas Hidrocolóide As partículas de celulose se expandem ao absorverem o excesso de exsudato, conservando o meio úmido em torno de 37 graus, o que desencadeia a ação de enzimas na remoção do tecido necrótico. Ao manter as terminações nervosas úmidas, resulta no alívio da dor. Promove o desbridamento autolítico, sendo um debridamento mais leve. Pode prevenir LP (ex. estágio 1 ou 2), queimaduras com leve a moderado exsudato, contraindicada para feridas muito exsudativas ou infectadas. Fica de 3 a 5 dias, podendo ficar até 7 dias na pele íntegra. Carvão ativado com Prata Diminui o odor e absorve o exsudato, proporcionando conforto para o paciente. É usada como cobertura primária (no leito), sendo necessária uma cobertura secundária por cima. A prata tem a função bactericida. Feridas com moderado a muito exsudato, com forte odor, superficiais ou profundas, infectadas ou não, com ou sem tecido necrótico, de diversas etiologias, como úlceras venosas, diabéticas, por pressão, fúngicas ou neoplásicas. Espuma de Poliuretano Alta capacidade de absorção, indicada para feridas altamente exsudativas, feridas com retardo na cicatrização. feridas infectadas. Pode vir associada à prata, com ação bactericida, ou até com ibuprofeno. Pode ficar até 7 dias, dependendo da característica da ferida. Não necessita de cobertura secundária. Sulfadiazina de Prata O íon prata causa a precipitação de proteínas e age diretamente na membrana citoplasmática da célula bacteriana, exercendo ação bactericida imediata, e ação bacteriostática residual, pela liberação de pequenas quantidades de prata iônica. Indicada para feridas causadas por queimaduras ou que necessitem ação antibacteriana. Troca a cada 12-24 horas. Hidrogel Ao entrar em contato com o exsudato, aumenta seu volume, porém não se dissolve. Aplicado em 70-75% do leito da ferida, sendo ideal colocar em uma seringa sem agulha para ser colocada no leito. Indicada para feridas com perda tecidual superficial ou profunda parcial, feridas com tecido necrótico (faz desbridamento autolítico), áreas doadoras de pele, queimaduras de 1º e 2º graus, radiodermites e dermoabrasões. Contraindicada para feridas cirúrgicas fechadas, feridas com muito exsudato (pelo fato de não ter capacidade de absorção) ou feridas colonizadas por fungos e pele íntegra. Colagenase Age degradando o colágeno nativo da ferida, sendo colocada apenas em tecidos necróticos, pois promove o desbridamento enzimático. Deve ser utilizada com cobertura secundária, e trocada a cada 24 horas. Papaína Atua como desbridante químico de tecidos necrosados e de liquefação, através da digestão enzimática de restos teciduais, fibrina e material genético das células mortas. Remove exsudatos inflamatórios, estimula precocemente a cicatrização, sem afetar o tecido íntegro perilesional. Vem na concentração de 2 a 10%, sendo que quanto maior concentração, maior será sua ação para desbridamento. Alginato de cálcio É uma cobertura primária: ocorre uma troca iônica entre o sódio e cálcio do sangue e do exsudato da lesão e os mesmos íons presentes nos curativos, induzindo à hemostasia e ao desbridamento autolítico; absorve o exsudato e mantém o meio úmido com formação de um gel. Indicada para lesões cavitárias, úlceras por pressão, úlceras vasculogênicas e diabéticas, áreas doadoras da pele, lesões com sangramento de pouca intensidade. Contra-indicadas para feridas secas.
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